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Drogas e capitalismo - Quem são os verdadeiros criminosos


 Publicado em Segunda, 23 Fevereiro 2015

Se o leitor, acreditando na Rede Globo e similares, pensa que os verdadeiros e maiores culpados pelo inferno imposto ao
povo brasileiro pelo crack, cocaína e maconha são os traficantes das favelas e subúrbios das cidades, está enganado.
Essas gangues são apenas vendedoras varejistas, "funcionárias" de um patrão atacadista, e estão no degrau menos
poderoso e rico de um gigantesco business capitalista nacional e internacional.

Os donos, diretores e administradores dessa cadeia produtiva integrada à economia do imperialismo, embora se
escondam em luxuosos edifícios e debaixo de seus caros ternos de executivos, podem ser plenamente identificados. São
membros das classes dominantes. Financistas, empresários da alta burguesia e latifundiários.

No Brasil, "respeitáveis" fazendeiros e banqueiros são os mais citados (o HSBC, Unibanco, Bradesco, Real, Credit Suisse
e Bozano Simonsen já apareceram em denúncias).

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Na Colômbia e Peru, além do latifúndio e de bancos, também são apontados como "sócios" as Forças Armadas e políticos
de vários calibres, inclusive presidentes da República.
Porém, o comando do negócio é do USA. Foram seus governantes e suas classes ricas quem, a partir dos anos
1970/1980, implantaram e massificaram esse horrendo negócio, através principalmente da CIA (agência de espionagem/
inteligência), da DEA (agência de "combate" às drogas), do FBI (polícia federal) e do Pentágono (Forças Armadas).
Extrema ironia: no resumo da novela, a denunciante Globo e os denunciados traficantes possuem o mesmíssimo patrão.

COMO TUDO COMEÇOU


Hoje a droga movimenta cerca de 300 a 500 bilhões de dólares ao ano, é o 2 º ítem do comércio mundial, vencendo até o
petróleo, só sendo superado pelo das armas. Ao contrário do que divulga o monopólio da imprensa, essa economia não
nasceu e cresceu apenas como atividade de marginais, cartéis e máfias e sim foi algo planejado e montado pelo
imperialismo (principalmente do USA) como um business . Se isso mata ou destrói seres humanos (até em seu próprio
país) pouco importa.
"O tráfico de drogas foi sempre um negócio capitalista, por ser organizado como uma empresa, estimulada pelo lucro", diz
a enciclopédia Conteúdo Global (*).
A droga como gerador de renda para as classes dominantes e para o imperialismo vem desde séculos atrás, porém a
“narcoempresa”, nos moldes em que existe hoje, começou a surgir na década de 1960 e solidificou-se a partir de
1970/1980.
Foi nos anos 60 que os ianques enxergaram as mil vantagens políticas/ideológicas e econômicas que uma transnacional
da droga poderia dar ao sistema.
Sabe-se que desde 1963 os militares do USA e a CIA montaram "uma rede de produção e distribuição de narcóticos para
gerar uma fonte de financiamento para futuras ações de contrainsurgência (guerras populares e movimentos de libertação
na América Latina)", afirma a Folha da História (*).
E agrega: "No final de 1964, Philip Agee, agente da CIA, denunciou o começo da operação na Bolívia. Ali os generais
Barrientos e Banzer, também agentes da CIA, construíram uma primeira rede".
Pouco depois, para criar um mercado consumidor maior, o USA não teve nenhum melindre em viciar seus próprios
cidadãos: os soldados mandados ao Vietnã. Segundo Jansen (*) essa guerra (1964-1975) seria marcada pelo uso
generalizado de drogas. "Cerca de 30 mil soldados estadunidenses se tornaram dependentes de drogas (notadamente
maconha e heroína) para que continuassem estimulados no front ".

O FMI PARTICIPA
Perto dos anos 1980, com a elevação do número de consumidores/viciados no USA e outros lugares, era necessário
incentivar o crescimento das lavouras de folhas de coca e maconha, para sustentar o grande business . E isso foi feito com
a participação do FMI e do Banco Mundial, na década de 80.
Naquela época, suas medidas anti-povo em muitos países pobres resultaram na supressão de milhões de empregos.
Conforme Jansen, isso "provocou uma transferência maciça de mão de obra para a economia dita informal e em particular
para a produção de drogas, em países como Bolívia, Peru, Colômbia, Afeganistão".
Vejamos o caso da famosa Colômbia.
Hoje o país produz cerca de 80% da cocaína do mundo. Isso só foi possível porque com o empurrão do FMI e Banco
Mundial, na década de 1980 os fazendeiros deixaram de produzir café para produzir coca e cocaína. Ou seja, os
latifundiários colombianos foram convidados pelos ianques a entrar na empresa. Aceitaram com gosto.
Os gerentes do país passaram a autorizar empréstimos externos nos quais os dólares eram trocados por pesos, plano que
ficou conhecido como Ventanilla Siniestra (Janelinha Sinistra). Com tal plano, verdadeira oficialização da lavagem de

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dinheiro da droga, autoridades colombianas "deram anistias tributárias, por meio das quais foram incorporados e
legalizados os investimentos dos narcotraficantes", afirma Jansen.
Vejamos ainda o exemplo da Bolívia, onde o FMI e o presidente Paz Estenssoro também abriram as portas para o grande
narco-negócio na década de 1980.
Conforme Del Roio (*), em 1985 foi aplicado um plano econômico que levou os índices de desemprego a 30%. O FMI
aconselha e pressiona para a liberalização geral.
Então, "o presidente Paz Estenssoro, com o decreto DS 21.060 declara que todas as moedas cotadas podem ser
depositadas nos bancos bolivianos, em qualquer quantidade e sem controle nenhum, com respeito total ao sigilo bancário
em relação a sua proveniência. Os aplausos dos organismos econômicos internacionais foram generalizados. Significou o
sinal verde para os grandes investimentos na coca. (...) Aconteceu que em pouco tempo no planalto de Chapare, o melhor
terreno para a plantação, a população passou de 20 mil habitantes para 200 mil. Caso quase único de esvaziamento das
cidades e retorno ao campo".
Com o aumento da produção, o chefe de polícia do Panamá Manoel Antônio Noriega já conseguia, entre 1984 e 1986,
"exportar" ao USA 2 toneladas de cocaína e 500 toneladas de maconha do cartel colombiano de Medellín.
Noriega era agente da CIA desde 1967. Ele participou de esquema clandestino organizado pela CIA de financiamento dos
bandos paramilitares chamados de "os Contras" que atacavam o governo sandinista da Nicarágua, relata Jansen. Tal
operação ficou conhecida em 1986 como o escândalo "Irã-Contras" (compra de armas no Irã para financiar os bandos na
tentativa de derrubar os sandinistas).
Em 1989, Noriega se proclamou chefe de Estado do Panamá, declarando-se em estado de guerra contra o USA.
Resultado: 13 mil marines invadiram o país e o prenderam. O pretexto foi "combate ao narcotráfico". Mas muita gente não
acreditou. Para a CIA, ele era um perigoso arquivo.

COMO FUNCIONA
No Afeganistão, a produção de drogas foi retomada depois da invasão militar do USA em 2001. Após a invasão, o país
superou a Colômbia e se tornou o maior produtor mundial de drogas (principalmente ópio e heroína) e, em 2003, o negócio
faturou 2,3 bilhões de dólares, mais da metade do PIB do país.
Embora o comando da narcoeconomia seja dos ianques, sua estrutura é similar à uma transnacional e funciona em rede.
Na América do Sul, na ponta da produção está o latifúndio, que planta coca e maconha.
No Brasil, fazendeiros e camponeses pobres do sertão de Pernambuco ("polígono da maconha"), Maranhão, Tocantins e
Mato Grosso são os mais citados.
Os produtores latinoamericanos têm como sócios e protetores um numeroso segmento de políticos (até presidentes da
República, como no Peru e Colômbia), militares, juízes, etc.
A distribuição atacadista internacional costuma contar com empresários do chamado crime organizado (cartéis, máfias,
etc).
Todos esses departamentos do “narco-negócio”, embora poderosos, ficam com apenas 10% dos lucros totais. A
distribuição varejista, a dos traficantes dos morros e periferias do Brasil, aquela que a Globo e o resto do monopólio ataca,
é a raia mais miúda do business, não recebendo mais que uma parcela mínima desses 10%.
O maior lucro do empreendimento, 90% do total, é dos bancos. "Respeitáveis" banqueiros, frequentadores das colunas
sociais, deveriam estar nas páginas policiais.
Diz a enciclopédia Conteúdo Global que o papel central da narcoeconomia como parte integrante do capitalismo é
detectado no peso que a lavagem do dinheiro da droga possui hoje no sistema bancário internacional.
No Brasil, os mais apontados em denúncias são o HSBC, Unibanco, Bradesco, Real, Credit Suisse e Bozano Simonsen.

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Há alguns anos, para facilitar a vida dos seus clientes da “narcoeconomia”, vários bancos criaram filiais em alguns países,
nos quais vale tudo, e que são chamadas de paraísos fiscais.
Conforme José Moreira Chumbinho (*), as drogas são uma das principais armas criadas pelo imperialismo em decadência.
"O processo de domesticação econômica, ideológica e política, associada ao uso ‘voluntário' e permanente de drogas
completa o ciclo necessário para incapacitar os setores mais combativos da população".

O surgimento do crack
Reproduzimos aqui alguns trechos de artigo de Ney Jansen, bastante esclarecedores:

"Na década de 1980 jovens do bairro pobre de South Central de Los Angeles, Califórnia, foram devastados pelo crack. Em
18/08/1996 o jornal local San José Mercury News, publicou uma série de artigos sobre como a droga se apoderou daquele
território.
O que esteve por trás de tudo: o escândalo Irã-Contras e as ligações entre a CIA, DEA e os cartéis colombianos,
protegendo a entrada de drogas no USA para financiar os "Contras" na Nicarágua. A citação (de Del Roio) é longa, mas
merece ser reproduzida por extenso:
"Os que possuem boa memória se recordarão do processo contra o coronel Oliver North, que terminou com sua
condenação. Os autos desse processo demonstraram com nomes e fatos que por vários anos a CIA e a DEA estiveram em
contato com os chamados cartéis colombianos, protegendo a entrada de drogas nos Estados Unidos. Tal operação servia
para encontrar fundos ilegais para financiar as forças opositoras ao governo sandinista da Nicarágua.
Através dos cristais que restam da fabricação da cocaína, é possível fabricar uma droga muito mais barata e mortal,
adequada aos pobres, que será chamada de crack.
Eis que os guetos negros de Los Angeles, onde o desemprego juvenil chega a 45%, pode ser inundado com o novo
produto. Por cinco anos, de 1982 a 1987, os Contras nicaraguenses, com a cobertura de organismos oficiais (do USA),
despeja 100 quilos de cristais de coca semanais sobre South Central (Obs: Total de 27 mil quilos).
(...)A partir dessa atividade criminosa exercida contra os negros de Los Angeles, o crack espalhou-se pelas metrópoles dos
Estados Unidos e de vários países latino-americanos.
Esta é uma história para recordarmos quando vemos nas ruas de São Paulo (Obs: E muitíssimas outras cidades) as
nossas crianças agonizando ou cometendo crimes porque viciadas em crack. Agora sabemos quem são os primeiros
responsáveis".
O surgimento do crack na década de 1980 tem por antecedência o papel político que as drogas desempenharam no USA
nas décadas de 1960 e 70.
É nesse período que surge em 1966 o Partido dos Panteras Negras, organização da classe operária e da juventude negra
do USA.
(…) Além de destruir as sedes, prender e assassinar os militantes Panteras Negras, a CIA e o FBI passarão, em
associação com narcotraficantes da América latina, a despejar toneladas de cocaína, maconha, heroína nos bairros negros
visando a desarticulação política, levando à dissolução do Partido.
Mumia Abu Jamal (2001), ex-militante dos Panteras Negras, comentou o papel do crack nas comunidades negras no USA:
"Um espectro assombra as comunidades negras da América. Como vampiro, suga a alma das vidas negras, não deixando
nada senão esqueletos que se movem fisicamente mas que estão afetiva e espiritualmente mortos.
É o resultado direto da rapinagem planetária, das manipulações dos governos e da eterna aspiração dos pobres a fugir,
aliviar-se, ainda que brevemente, dos paralisantes grilhões da miséria extrema.
A sua procura de alívio se soletra C-R-A-C-K. Crack. Pedra. Chame como quiser, pouco importa; ele é na verdade, uma
outra palavra para "morte".

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Fonte: Rosana Bond (A Nova Democracia: apoie a imprensa popular e democrática). Disponível aqui.

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