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TSTAMENTo

ANIIGO
INTRODUÇÅOHERMENENUTCA AO

3. Amós
Dos profetas que nos legaram um livro, Amos eo mais antigo da Bi
Mesmo que a redação final se completasse seculos mais tarde, seus Biblia.
cscritos são de meados do século VIlI a.C. pouco tempo eiros
e antecedem por

Miqueias e Oscias. O texto atual formou-Se ao longo de vários anos e inc Isaías,
inclui u un
epilogo cuja data de composição parece
ser o final do exiílio na Babilônia (
antes de 539 a.C.) ou os primeiros anos da restauração. Am
mós anuncia a destr
ção de Samaria que ocorrerá no ano 722 a.C. , e embora não mencione
s
assirios, faz alusão ao exilio (5.5,27), que era o metodo utilizado por aquela
para enfraquecer os povos subjugados. A forma do texto que hoje possuimosação
di
preservada em Judá depois da queda de Samaria e mostra as características da
ter sido uma obra antiga, relida no contexto da realidadee dos desafios
da nova
comunidade pós-exílica em Jerusalém (cf. Collins, p. 287).

3.1. Lugar e época


A mensagem de Amós situa-se em um lugar e numa época. Em 1.1, lemos
que ele anuncia sua mensagem nos tempos do reinado de Jeroboão em Israel (786-
746 a.C.) e de Uzias em Judá (783-742 a.C.), o que nos
permite calcular que o fez
entre os anos 760 e 750 a.C. Acrescenta-se que atuou "dois anos antes do
terremo-
to". Esse terremoto é mencionado também em Zc 14.5, mesmo que essa
menção
também não nos permita precisar sua data. Sob o ponto de vista
hermenêutico, a
referência do terremoto deve ser entendida em seu valor simbólico. A
destruição
que sem dúvida produziu foi entendida como uma confirmação dos anúncios do
profeta e como uma amostra do juízo final que Amós proclamava. Mais ainda
quando a época em que esse profeta transmitiu sua mensagem era de expansão
da economia e prosperidade na sociedade israelita. Em suas páginas são mencio-
nadas casas luxuosas e moradias de verão, festas com esbanjamento e vestidos
suntuosos (3.15; 5.21), nas quais se deixa em evidência que esse estilo de vida
é construído sobre a opressão de muitos e sobre a distorção da justiça. Amós faz
dessa distância entre o prazer de alguns e o sofrimento de outros seu tema
central,
porque ve nisso a demonstração da infidelidade ao projeto de Deus. As relações
sociais estão quebradas, porém essa ruptura é
acompanhada de uma religiosidade
distorcida. Amós introduz, como nenhum outro profeta, a suspeita de que, se as
relações humanas estão manchadas pela injustiça, também a relação com Deus
está em crise. Por mais ortodoxa e correta que pareça a adoração no templo, se
essa sustenta é
ou indiferente aos desequilíbrios sociais, não se pode ocultar que
algo está falho nessa prática da fë (cf. Schwantes, p. 12-19).

300
OLIVRO DOS Doze PRoFETAS: UM LIVR0 OU DOZE LIVROS?

0profeta e sua mensagem

O texto dá-nos algumas pistas sobre a vida de Amós. Seu nome significa 'o
uma carga"; em 2Cr 17.16, encontra-se uma forma teofórica
desse nome,
l e leva
Sa-
Jue
que
traduzimos como "o Senhor leva uma carga" (cf. Martin-Achard, p. 15).
bemos que
nasceu em lecoa, uma aldeia de Judá, e que era boiadeiro (1.1;7.15).
se essa condição o coloca entre os pobres ou entre os pequenos ou
Não sabemos
grandes proprietarios de gado, porém está claro que em sua mensagem opta por
defender a dignidade dos oprimidos e denuncia a hipocrisia dos ricos. Por alguma
razão que desconhecemos, é oriundo do sul,desenvolve seu ministério no
mas

Reino do Norte (Samaria), em especial nas proximidades do templo Betel, duran-


te um breve periodo, talvez não mais do que um ano. E uma espécie de imigran-
te, pois ambas as nações (Judá e Israel), embora compartilhassem a mesma fe,
estavam divididas e respondiam a coroas diferentes. Ali enfrenta as autoridades
religiosas e politicasdeixa em evidência o estreito vínculo entre os lideres de
e
ambos os Estados. Sua preocupação central surge da constatação das injustiças as
quais os pobres e camponeses são submetidos e da hipocrisia dos govermantes que
exploram o povo, porém, ao mesmo tempo, mostram-se generosos em suas festas
religiosas e em seu louvor nos templos. Por isso enfrenta o sacerdote Amazias - e
O
por seu intermédio o rei Jeroboão -, o que parece ter custado sua deportação.
que se quis foi simplesmente passar a mensagem de sua vida, coisa que
não nos
deve assustar, mas sim conduzir a uma reflexão hermenêutica: a intenção da obra
não é biográfica, mas teológica e, portanto, não se detém em detalhes sobre a vida
do profeta (cf. Martin-Achard, p. 45).
De sua mensagem extraímos três elementos que marcarão um rumo na lite-
ratura profética posterior. O primeiro é que suas palavras são interpretadas como
palavra do Senhor. Não é o talento do profeta nem sua condição de bom orador
que estão em jogo, mas sim a veracidade da palavra do Deus de Israel. Deus
envia uma mensagem a seu poVo para corrigi-lo e resgatá-lo ("buscai ao Senhor
e vivei" 5.6,14,16), porém Israel não escuta essas palavras. Em segundo lugar,
determina-se que Deus fala por intermédio de seu profeta. Chama a atenção que
não o faz por meio de um sacerdote nem do rei. Pelo contrário, convoca um pastor
desconhecido e envia-o para falar de sua parte (Wolfi, 1984, p. 18). A identidade
entre o profeta e a palavra de Deus é tão íntima, que não se pode separá-los sem
distoreer a mensagem. Rejeitar o profeta é ofender a Deus (2.11-12). Em último
lugar, deixa-se claro que o Senhor vem para julgar os opressores. A visita de Deus
não é para parabenizar Israel por suas festas religiosas, mas para mostrar-lhe seu
Juizo pelos maus-tratos a seus irmãos. A banalidade de suas festas e sacrificios
rituais é desmascarada pela palavra do profetae será submetida a juízo.

01
INTRODUÇÅO HERMENÉNUTICA AO ANIGO TESTAMENTO

3.3. A estrutura literaria e a


articulação do sentido
Distinguimos as seguintes partes na obra de Amós:
Prólogo 1.1-2
Profecia contra as nações 1.3-2.16
Profecias de ameaças 3.1-6.14
Visões
7.1-9.10
Epilogo: Profecias de bênção 9.11-15
A obra está
organizada
moldura para o conteúdo
três
seções. O prólogo e o epílogo
em

mântico: é Deus quem falacentral, que ao mesmo tempo Ihe confere formam uma na
um valor
gata e renova a vida de Israel. destrói, porém também é Deus quem, no final,
e se.

res
a-As profecias contra as
nações
A seção das
modelo literário profecias contra as nações (1.3-2.16) é construída
que repete oito vezes a frase
"Por três sobre um
tro". As seis
-se a Judá e a
primeiras correspondem a nações transgressões... e
vizinhas, enquanto a sétimapor qua-
oitava a Israel. Esse dirige.
um limite de
tolerância tivesse sidoesquema indica uma força
crescente,
derrubado e a ira de Deus se como se
sobre os
pecadores. Não está
ausente descarregasse
primeiras anunciamo castigo às nações elemento surpresa, pois, enquanto
o
as seis
vizinhas em geral
provavelmente
-

suscitaria alegria a e a inimigas coisa que -,


cia
surpreende dirigir-se a Judá e a última a
ao dos comemoração
israelitas, sétima profe- a
o
castigo outras nações volta-se contra os
das Samaria. Assim, que começa com o
a
mudança das denúncias. Enquanto as próprios Judá e Israel. E
relevante
cometidas no contexto das demais nações são julgadas por falhas
tos), Judá é condenada por guerras (deportações, redução a escravidão, assassina-
os desprezar
pobres (2.6) e as falhas rituais:
a Lei
(2.4) Israel pelas
e

esquecer as obras de Deus profanar o nome de Deus injustiças para com


-2.9-10; desconhecer os -2.7; idolatria 2.8, -

Sugeriu-se (cf. Soggin, p. 243-244) profetas -2.11-12.


ções é uma
forma verbal dos gênero "profecias contra as na-
que o

XIX a.C. Esses chamados"*textos


consistiam em pedaços de de
execração" egípcios do século
nome e os dados do cerâmica nos quais se
ato agia de povo inimigoe depois eram escrev1am
-0
maneira negativa quebrados.
sobre a sorte eo destino do Entendia-se que ess
para a batalha. Do mesmo inimigo,
OS
povos mencionados. modo,
E dificil
as
profecias teriam um efeitoenfraquecenuo
nefasto
que separam a prática avaliar essa sou
sugestão por causa dos dez Secu
tura
profética egípcia de nossos
textos, porém sua recorrência na
(cf. Is 13-23; Jr
ines iosse atribuído 46-51; Ez 25-32) leva a pensar que é nie
SODre os
povos
um valor mágico e certa eficácia prova
em transmitir uma
mencionados. Sob o ponto de vista malaga
hermenêutico, podem0s u r
OLIVRO DOS DozE PRoFETAS: UM LIVRO OU DOZE LIVROS?

e não estão ditos ou escritos para que sejam lidos pelos inimigos, que poucose
textos estão
que.

ortariam com a opinião do Deus de seu adversário sobre eles. Os


impor

eritos para produzir um efeito no ouvinte de Israel, e nesse sentido pode-se


como para funcionar
atender que serviram tanto para dar valor perante a guerra
ente

surpresa literana: o leitor é distraído com a condenação dos inimigos, depois


e
de
de
é reveladoo verdadeiro interesse do profeta: anunciar a própria condenaçao
Israel.

b-As profecias de ameaças

Uma vez que foi estabelecida a questão do juízo de Deus sobre lsracl, a
segunda seção (3.1-6.14) é uma coletânea de profecias em que prevalece a critica

sobre a opressao que os relação aos pobres de Israel. A escolha


ricos exercem em
de Israel (3.1-2) toma-o mais responsável e, portanto, passível de ser castigado
(cf. Roston Maderna, p. 502). Os palácios estão cheios de roubo e violência, e
os

templos foram transformados em locais de desonra. O profeta coloca as casas dos


ricos e o templo em Betel no mesmo nível (3.13-15) e estabelece um vinculo que
marcara sua compreensão do problema que afeta Israel: a religião transtormou-se

sustentação ideológica da opressão aos pobres. Comerciantes inescrupulosos


e
na

religiosos hipócritas recorrem aos templose clamam por paz, quando são
a causa

Berseba (4.4; 5.5) são


dos infortúnios dos pobres. Os templos de Betel, Gilgal e
mencionados como lugares onde a fé de Israel é distorcida pela situação de injus-

tiça a que povo é submetido.


o
4.1-3 não deve ser entendida como uma
A menço das mulheres ricas em
ofensa ou como uma alusão ao volume de seu corpo. Sua vida indolente e pala-
símbolo da insensibilidade social. Talvez
ciana irrita o profeta, que vê nelas um
essas palavras, pois também em Is
3.16-24 e 32.9-14
o exibicionismo provocou

encontramos
similares. Para entender a figura literária, é preciso levar
conceitos
de vacas de Basã é compará-las aos mais aprecia-
em consideração que chamá-las
aos quais se dedicavam mais cuidado e proteção
dos animais da época e a seres
Por outro lado, a comparação da mulher
do que à própria vida das pessoas pobres.
como vemos em Ex 1.19, onde
com animais não era
estranha à literatura biblica,
traduzimos
são chamadas literalmente, em
hebraico, de "animais selvagens", que
Cântico dos Cänticos 1.9, onde se compara a jovem com
por "vigorosas", ou em
de forma elogiosa. No
caso de Amós, a intenção
ambos os textos
uma égua, em
chamá-las desse modo, mostrar que
mas, ao
também não é denegrir as mulheres, dos pobres. En-
esse luxo e estilo de vida graças åà opressão
puderam chegar a o restante da população
sofre
festas com seus maridos,
quanto elas celebram suas
98-100).
e maus-tratos (cf. Sanderson, p. 208; Limburg, p.
injustiças aquele
Nesta seção, encontramos a
referência ao Dia do Senhor (5.18-20),
dos doze
E um tema próprio
nações e as pessoas.
qual Deus julgará
as
Lempo no Sf 1.14-18 e em Ob 15,
encontramos em JI 1.15; 2.1-2;
profetas, pois também o Ezequiel (13.5 e 30.3), em

é mencionado por Isaías (2.12; 13.6) e


porem também

303
TESTAMENTO
INTRODUÇÃO HERMENËNUTICA AO ANTIGO

todos os casos no contexto de denúncias de injustiça ou idolatria. Entre a


dirigente se acreditava que seria um dia de bênção para Israel, no qual seria o classe
mado conmo povo eleito e vencedor sobre seus inimigos (9.10).
Entretanto, Am.
confir
qualifica-o como um dia de desgraça para os opressores, no qual mós
descobrirão
quue
a proteção de Deus não
será para eles, mas para aqueles que estão oprimindo
c-As visôes e a discussão com Amazias
Os capítulos 7.1-9.10
apresentam cinco visðes de forte caráter simbólico
As três primeiras ocorrem sem
interrupção, ao passo que as duas seguintes são
sucedidas por profecias ou narrativas
que ampliam a mensagem de castigo. A
primeira visão mostra uma praga de
gafanhotos que devora as plantas, porém,
diante do clamor do profeta, Deus se
acontece com a segunda visão,
arrepende e perdoa Israel. A mesma coisa
que descreve uma seca. A terceira mostra um
mo de pru-
pedreiro (símbolo de retidão e justiça), e nesse caso o profeta não intercede
e anuncia-se o
juízo final de Deus sobre seu povo. Em seguida, é intercalado um
texto de forma
biográfica, que é central na mensagem do livro e merece especial
atenção por romper uma estrutura literária repetitiva.
Em 7.10-17, o sacerdote de
Betel, Amazias, comunica ao rei que a prega-
ção de Amós induz as pessoas à revolta e depois se dirige ao
-lo do país. Chama-o de "vidente" profeta para expulsá-
(uma forma alternativa a
"profeta") para ridicu-
larizá-lo e acusa-o de pregar por dinheiro e
provocar distúrbios no templo onde o
rei faz suas orações e sacrificios. Amós contesta
com dureza ao
anunciar-lhe que
sua
pregação corresponde chamado de Deus e que não é um
ao
sim um profeta convocado pelo Senhor especulador, mas
(cf. Soggin, p. 244). Depois proclama a
destruição da cidade e a desgraça sobre a família do sacerdote. Em sua
declara que "não é profeta nem discípulo de resposta
diversas interpretações. A nosso juizo, Amós não
profeta" (v. 14), o que
provocou
de fato a cria - , mas quer
deprecia a atividade
profética -

distinguir-se daqueles que se chamam profetas, porém


trabalham por um salário, geralmente pago
pela coroa. Esses profetas não anun
ciavam a vontade de Deus, porém a do rei.

d-O epilogo
As profecias finais (7.11-15) são dedicadas a
dade
anunciar um
tempo de felici-
e
restauração. Seu caráter literário revela que foram acrescentadas a textos
mais antigos, e por isso muitos autores relativizam sua
erro importância. Porem e u
pressupor que a importância teológica de um texto deve-se
Ou por
à sua antiguidade
pertencer a um conjunto que é assumido como mais
da obra, esse final original. Na estrutura
modifica a teologia de todo o livro e dá-lhe um
Cindivel para entender a matiz impres
mensagem da obra
Sao contraditórios
com o restante do
em seu
conjunto. De forma isolada,
como final de uma
livro, mas lidos como epílogo quer dizel,
-

obra da qual fazem


parte tem-se a compreensão bioia de
-

304
OLIVRO DOS DozE PRoFETas: UM LIVROOUDOZE LIVROS?

em última instância, a justiça divina triunfará c haverá um tempo em que


que,
todos poderão desfrutar das bènçãos de Deus.
poderão
3.4. Pistas hermenéuticas

1-Amós prega em Samaria, mas a obra final se situa no Israel do período


is-exilico, quando o Reino do Norte já não existia e Judá era apenas uma entida-
pos-
de politica. Isso se observa em 1.2, onde Deus fala "de Sião e de Jerusalém", e no
epilogo, que trata da restauração da "casa de Davi" (9.11). Assim, o mesmo texto
leva-nos a superar o primeiro contexto da pregação em Samaria e impulsiona-no
a pensar sobre a pertinência de sua palavra para outros momentos da história (ci.
Brueggemann, p. 226).
2-Sua teologia busca compatibilizar a fé com a prática social e comba-
te a realidade das injustiças legitimadas religiosamente. O templo como espaço
religioso aliou-se ao palácio o espaço político para justificar a opressao dos
-
-

pobres e levar tranquilidade às consciências dos opressores. Esses cumprem as


normas rituais e acreditam que isso os livra da ira divina. Nesse caso, a fë não
liberta, mas escraviza e coloca Deus como um instrumento contra as pessoas mais

desprotegidas.
3-A expressão "juízo e justiça" aparece três vezes (5.7,24; 6.12) e lembra
as palavras de Deus a Abraão quando analisa a situação de Sodoma (Gn 18.19).
Uma hermenêutica de Amós tem que levar em consideração o lugar privilegiado
que esses conceitos têm na avaliação da fé de Israel. A escolha do povo de srael
inclui a responsabilidade pela sorte de seus irmãos, de modo que a bênção e a
a busca da justiça e a rejeição a toda forma de
promessa a Abraão pressupõem
opressão aos semelhantes (cf. Roston Maderna, p. 501).
4 Na obra final, a mensagem é uma exortação - talvez desesperada a
voltar para Deus. Em 5.4-6 e 14-15, convida-se para reconsiderar os caminhos
e encontrar a vida. A profecia final em 9.I l-15 expressa a promessa e é o apoio

teológico a esse convite ao arrependimento.


5-Faríamos mal se acreditássemos que suas denuncias falam apenas a
Ao contrårio, o texto transcende seu
quem padeceu as injustiças de seu tempo.
primeiro círculo de referencia e vai em busca de põr em dúvida a opressão e as
injustiças inerentes à história humana. Lë-lo hoje é confrontar-nos com nossa pró-
pria sociedade. O desejo de Amós éo de muitos em nosso tempo ao dizer: "Antes,
Corra o juizo como as águas; e a justiça, como ribeiro perene" (5.24).

BIBLIOGRAFIA

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305
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306
SAGA Palavra a ser evitada ou pelo menos a ser usada com ex-
trema prudência. O termo é de origem escandinava ("dito",
conto", "lenda") e designa um tipo particular de tradições
familiares e guerreiras próprias da Islândia e da Noruega
da alta ldade Média. Ås vezes, é aplicado erroneamen-
te-a alguns relatos populares de passagens lendárias que
encontramos na Bíblia, particularmente no livro do Gênesis
e no livro dos Juízes.
O termo alemão Sage, usado por H. Gunkel (1901, 1910),
nao pode ser traduzido por "saga". Significa "relato popu-
lar", "lenda", "relato heroico". Ås vezes, o termo "saga éë
usado anacronicamente- com o sentido utilizado por
J. Galsworthy em seu romance A saga dos Forsyte (1932)
para designar, por analogia, uma série de relatos populares
e lendários referentes a uma família ou a um personagem
famoso.

SEMIOLOGIA, Palavras formadas com a raiz grega sêma, "signo". Esses


SEMIÓTICA
termos designam diversas teorias gerais sobre 0s "Signos,
sobre os sistemas de signos ou "códigos" que estão na base
da comunicação (U. Eco). Portanto, o escopo da crítica lite-
rária é, fundamentalmente, o de "decodificar" os textos. Em
exegese bíblica, a semiótica é parente do estruturalismo.
Estruturalism0.

SITZ IM LEBEN Expressão cunhada por H. Gunkel (1906: Sitz im Volksleben)


para descrever o contexto concreto, muitas vezes institu-
cional, em que é transmitida determinada tradição oral (fa-
milia, culto, celebrações litúrgicas, corte de justiça, corte
real...).
Genero literário, Tradição oral.

sÚPLICA Lamentação.
TALIÃO Do latim talis, "tal (qualy". Termo jurídico que caracteriza
as leis bíblicas que introduzem um estreito princípio de
proporcionalidade entre a pena e a ofensa: "olho por olho,
dente por dente". Cf. Ex 21,24-25; Lv 24,15-22; Dt 19,16-
21; ef. Mt 5,38-42.

ABORDAGEM DIACRONICA OU HISTORICO-CRITICA


75
A lei existe também no direito mesopotâmico, bem como

direito Ainterpretação dos textos é dis-


no antigo romano.

cutida, mas é muito improvável que algum dia a lei tenha


sido aplicada à letra.

Palavra de origem grega que significa "quatro rolos" e que


TETRATEUCO
Lv e
designa quatro primeiros livros da Biblia: Gn, Ex,
os
seria desta-
Nm, isto e, o Pentateuco sem o livro do Dt, que
constituía a introdução
cado, sobretudo porque, a princípio,
da história deuteronomista (Js--2Rs).
História deutero-
Pentateuco, Hexateuco, Eneateuco,
nomista.

TOLEDOT Palavra que quer dizer gerações.


Fórmula de toledot.
maioria das
TRADIÇÃo Em exegese bíblica, o termo tradição designa na
orais e
vezes uma tradição oral. O interesse pelas tradições

o seu estudo sistemático remonta a H.


Gunkel (1862-1932).
Para o NT, os nomes principais são os de M. Dibelius (1883-
1947) e de R. Bultmann (1884-1976).
literatura
Segundo esses autores, muitas particularidades da
bíblica são explicadas caso se suponha a existência de uma
longa tradição oral por trás dos textos atuais. Os relatos, por
exemplo, são transmitidos segundo esquemas fixos ("gêneros
literários") e recitados em determinados contextos (Sitze im
Leben, tais como festas populares, celebrações litúrgicas
ou outras ocasiðes particulares). Já Richard Simon (1678)
tinha suposto a existência de uma tradição oral subjacente
ao texto bíblico atual.

Hoje, estudos sobre a tradição oral fora da Bíblia têm


os
demonstrado que essa tradição é muito flexível. Gênero li-
terário e Sitz im Leben, por exemplo, são tudo, menos fixos
e estáveis (P. S. Kirkpatrick, 1988).
Formgeschichte, Gênero literário, História da tradição,
Sitz im Leben.

TRATAD0 DE Tratados utilizados sobretudo pelo império neo-hitita (Anatólia,


VASSALAGEM 1450-1090 antes de nossa era), para estabelecer as relações
aliados ou
entre o soberano do império (suserano) e os seus

VOCABULARIO PONDERADO DA EXEGESE BIBICA


76
os reinos submissos à sua dominação (vassalos). Os tratados
de vassalagem foram a seguir muito utilizados, principalmente
pelo império neoassírio (934-606 antes de nossa era).
Um tratado de vassalagem comporta, gross0 modo, os
seguintes elementos: os titulos do soberano; um prólogo
histórico que resume os beneficios do suserano em favor
de seu vassalo; a descrição das relações entre o suserano e
o seu vassalo; estipulações (deveres do vassalo para com seu
suserano); menção das divindades que são testemunhas do
tratado; bênçãos divinas (se o vassalo for fiel) e maldições
divinas (se o vassalo for infiel). Alguns tratados contêm
também uma cláusula referente à conservação do documento
que contém o texto do tratado.
Foi o exegeta americano G. Mendenhall (1955) quem cha-
mou a atenção para as semelhanças entre esses tratados e
os textos bíblicos sobre a aliança, em particular a aliança
do Sinai. A seguir, a hipótese foi retomada e profunda-
mente modificada (L. Perlitt, 1969; D. J. McCarthy, 1963,
1978). Para esses exegetas e para muitos outros, o modelo
do tratado de vassalagem foi aplicado pelo Deuteronômio
às relações entre Deus e o seu povo, donde a teologia da
aliança daquele livro.
Aliança.
TRITO-ISAÍAS Terceira parte do livro de Isaías (Is 56-66), que muitos
(TERCEIRO ISAIAS)
exegetas atribuem a um ünico autor ou a diversos autores
pós-exílicos, diferentes do Dêutero-Isaías (Is 40-55) e pro-
venientes do mesmo ambiente hierosolimitano. Deve-se a
B. Duhm (1892) a identificação de um Trito-Isaías.
Dêutero-Isaias.

VISÃO Termo genérico que designa um relato no qual a divindade


se faz Visivel a um personagem ou a um grupo determi-
nado. Há muitos tipos de relatos de visão. Para as visðes
proféticas, cf. Is 6,1-13; Jr 1,11-14; Ez 1,1-3,15; Am 7,1-9;
8,1-3; 9,1-4.

VOCAÇO Gênero literário que descreve em geral o chamado de um


(RELATO DE)
profeta ou de um chefe carismático. Na maioria das vezes,

ABORDAGEM DIACRONICA OLU HISTORICO-CRITICA


77
é composto de cinco elementos: introdução (muitas vezes
uma aparição); missão; objeção; respostaàobjeção; conclu-
são. Exemplos no AT: vocação de Moisés (Ex 3,1-4,18);
de Gedeão dz 6,11-24); de Isaías (Is 6,1-13); de Jeremias
(Jr 1,4-10). No NT, o gênero literário é encontrado, com
notáveis variantes, por exemplo, no chamado de Pedro (Lc
5,1-11) e no de Paulo (At 9,1-19).
Gênero literário.
WIRKUNGS- Termo alemão que significa: história do efeito (de um
GESCHICHTE
texto)", "história do impacto (de um texto em seus diversos
leitores)". Esse termo geralmente é usado para descrever as
diversas interpretações que um texto pôde receber ao longo
da história e corresponde à história da exegese daquele
texto.

78 VOCABULARIO PONDERADO DA EXEGESE BIBUICA


TERCEIRA PARTE
ABORDAGENS SINCRÖNICAS

As abordagens sincrônicas estudam os textos em sua unidade, sem levar


Conta, em um primeiro momento, a história ou as etapas de sua redaçao.
Procuram identificar o que neles é típico: composição, figuras de estilo, en-

redo, teologia.
Esta parte está subdividida em vários capítulos, e cada um deles trata de

um vocabulário específico. Assim, são apresentados os vocabulrios da analise


narrativa, depois o da análise retórica, os vocabulários da análise epistolar da
exegese de Paulo e da exegese judaica e cristã.

I. VOCABULÁRIO DA ANÁLISE NARRATIVA

RELATO Um relato é a exposição de uma série de acontecimentos


cuja concatenação constitui a história ou o enredo, que segue
várias etapas, segundo um esquema chamado "narrativo",
para pôr em cena os personagens.
A análise narrativa buscará colher as relações que os per-
sonagens tëm entre si, bem como as forças que agem no
desenrolar da ação.
As principais intervenções da anáise narrativa serão expostas
em ordem alfabética. Elas se referem:

A decomposição do relato em episódios, segundo os atores,


os tempos, 0 espaço, a temática.

As instâncias intradiegéticas, que são:


-OS personagens. São coletivos ou individuais ese
subdividem novamente em protagonistas ou personagens
secundários. A análise se interessará por sua identidade,

ABORDAGENS SINCRONICAS 79
seu sistema de valores, sua evolução interior, moral,
psicológica.
as ações, designadas por verbos de desejo (querer, bus-
car), por verbos de conhecimento (saber, conhecer, assustar-
se), por palavras (perguntas, ordens, votos, juízos, críticas,
hostilidade, apreço...) e, enfim, por verbos de ação.
-0 enredo, que se refere:

aos personagens: o enredo então tem como base a evo-


lução, a transformação social, econômica, psicológica,
moral, religiosa.
aos valores: a questão é: quem prevalece, o bom ou
o malvado, o verdadeiro ou o falso?
à situação que concerne às aventuras, os novos de-
senvolvimentos. O interesse recai sobre o que está para
acontecer.
o conhecimento, e então se diz enredo de revelação.
Nesse caso, a ênfase não recai sobre o que acontece,
mas sobre o modo da revelação.
- as transformações espaciais e temporais. A análise se

interessa pelo tempo e pelo lugar do relato e pela evolu-


ção deles.

As instâncias extradiegéticas, que dão informações sobre:


-

o narrador e o autor, o modo de narrar ( Telling e


Showing), a focalização, o ponto de vista.
-

o leitor. Que tipo de leitor prevê o texto, um leitor com-

petente ou não? Qual efeito o texto quer produzir no leitor:


identificação com um ou mais atores, efeitos literários..

Ao episódio em seu contexto, que mostra relações entre


a narração e uma composição mais ampla, na qual ela tem
seu lugar e sua função.

AÇÃO Em um episódio (ou mesmo no todo do macrorrelato), ação


TRANSFORMADORA
que faz passar da situação inicial (nos evangelhos, muitas
ezes negativa, de falta etc.) à situação final (muitas vezes
positiva, o contrário daquela inicial).

ANACRONIA A anacronia é o desacordo entre a ordem do relato e a


ordem na qual os acontecimentos realmente aconteceram.

VOCABULARIO PONDERADO DA EXEGESE BIBLICA


80
ou
as anacronias acontecem por analepse
Normalmente,

por prolepse.
Analepse, Prolepse.
"recognição", m o m e n t o
ANAGNORESE Do greg0 anagnórisis, que significa
no qual, em um enredo
de revelação, acontece a passagem
conhecimento. Ver Gn 22,12;
45,2-3;
da ignorância ao
2Rs 5,15; Tb 12,11-15;
ISm 24,17-22; 1Rs 17,24; 18,39;
no NT, ver Le 24,31; Jo 20,16;
21,7.
Enredo, Peripécia, Pivó.
anteriIor
situado no tempo
um acontecimento
ANALEPSE Toda evocação de ser:
em se dá o relato. Uma analepse pode
ao ponto que
acontecimento situado
interna: trata-se da evocação de um
Moisés, no
no tempo da história
narrada (ex.: o Dt, no qual
a Israel principais acon os
ültimo dia de sua vida, recorda
no qual
tecimentos da peregrinação no
deserto; Lc 22,61,
Pedro se recorda das palavras do Senhor);
situa-se fora do
passado evocado
externa: o acontecimento
os irmãos
da história narrada (ex.: Gn 42,21, no qual
tempo
Le 1,13, no qual o anjo
de José se recordam da sua súplica;
faz alusão à prece de Zacarias);
- mista: quando o acontecimento evocado teve início antes

continua durante o relato.


do tempo do relato e

Prolepse.
Em análise narrativa, o termo ator é equivalente ao termo
ATOR

personagem.

Alguns narratólogos distinguem o autor real (personagem


AUTOR
responsável pela escrita do relato, o Lucas ou o Mateus de
carne e osso) do autor implicito (em ingls, implied author: a
ideia queo leitor faz do autor, baseando-se no que ele diz).
Narrador.
Conjunto dos traços por meio dos quais é descrito um per-
CARACTERIZAÇÃO
cultura, moralidade
sonagem do relato (seu físic0, sua sua

etc.). Se à medida que um relato (micro ou macrorrelato)


progride os traços do personagem se acumulam, diz-se então
acontece uma construço do personagem.
que
Construção.

ABORDAGENS SINCRONICAS-
81
CENA Unidade mínima de um episódio e de um enredo
isolável graças às mudanças de
episódico0,
personagens, de lugar e de
tempo, graças também à progressão do enredo.
Episódio, Enredo.
CENA TÍPCA Conceito que provém dos estudos sobre
Homero. Uma cena
tipica é um relato que segue um esquema conhecido: a cena
contém certo número de elementos fixos e tais elementos
seguem determinada ordem. Alguns elementos podem ser
modificados ou mesmo eliminados, a ordem pode ser mu-
dada, mas o número dos elementos presentes é suficiente e
tais elementos são suficientemente característicos
para que
aquela cena tipica seja reconhecível.
Cf. a cena do encontro junto ao poço (Gn 24,1-66; 29,1-14-
[15-30]; Ex 2,15-22; Jo 4,1-42); as cenas de hospitalidade
(Gn 18,1-16; 19,1-16; Jz 19,1-10; Le 7,36-50)...
As típicas são muito semelhantes aos "gêneros literá-
cenas
rios" da história das formas, mas não têm nenhuma ligação
particular com um Sitz im Leben.
Gênero literário, História das formas, Sitz im Leben.
CLIMAX Em um relato, diz-se que há clímax (do klímax, "es-
grego
cada") quando a tensão (ou o suspense) subiu e chegou ao
seu máximo.

COMPARSA O personagem comparsa equivale ao figurante no tea-


tro. Alguns manuais chamam assim os
personagens que
desempenham um papel menor no desenrolar do enredo
narrativ0.

COMPLICAÇÕES Em um enredo, entre o momento


que se inicia a tensão
em
(o enlace) e aquele em que esta chega ao seu climnax, o re-
lato passa por uma série de
complicações ou de etapas de
tensão crescente (com possíveis insucessos, dificuldades,
aventuras, armadilhas, personagens que vêm em socorro
etc.) que podem retardar ou acelerar a tensão. São chamadas
complicações.
CONSTRUÇÃO A construção de um personagemé o conjunto de seus traços
(DO PERSONAGEM)
quanto refletem a progressão do relato (a construção pode

82 VOCABULARIO PONDERADO DA EXEGESE BIBLICA


obscuro para
proceder positivo ou em negativo, do mais
em
mais claro, do mais superficial para o mais interior etc.).
é characterization.
O termo inglês correspondente
Caracterização, Personagem.
circunstâncias da
CONTEXTO Conjunto dos dados que constituem as
história narrada (contexto temporal, espacial, social, religioso
compreender um
etc.) e muitas vezes são úteis para melhor
relato (o qual reflete sempre uma época determinada).

DESENLACE, O desenlace é o momento que cessa a tensão0,


do relato em
RESOLUÇÃO da situação inicial
muitas vezes graças à transformação

(aquela que provocou o drama ou a tensão).


DIEGESE
Do grego diégesis (ver Le 1,1). 0 termo designa toda espé-
Cie de relato. Nas argumentações retóricas, a diégesis (em
os fatos discutidos
latim, narratio) consiste em apresentar
dos dis-
(por exemplo, diante de um tribunal). A diégesis
cursos retóricos não é, portanto, nada
mais do que um caso

particular de diegese.
Narratio (retórica).

ELIPSE NARRATIVA A elipse narrativa é a velocidade acelerada da narração que


omite uma porção de tempo maior ou menor da história
narrada, como, por exemplo, a narrativa lucana que omite
tudo o que acontece entre os treze anos de Jesus até o início
de seu ministério. No AT, a narrativa salta do nascimento
de José para o que acontece quando ele tem dezessete anos
(Gn 30,22-24; 37,2). A elipse nem sempre equivale a um
vazio do texto.
Vazio do texto.

ENLACE (OU NÓ) Nos episódios narrativos, após uma cena de apresentação (cha-
mada também exposição), geralmente vem aquela em que se
fecham as relações, o Conflito é declarado e se inicia a tensão
narrativa. Em inglës, Inciting Moment. Antönimo: desenlace.

ENREDO O desenvolvimento da ação que parte de um estado inicial


e, por meio de tensões sucessivas, chega à resolução. As
grandes etapas do enredo (em inglês, plot) geralmente são
o enlace, as complicações, o climax e o desenlace.

ABORDAGENS SINCRONICAS 83
Há vários tipos de enredo:

ENREDO DE O enredo de revelação, que consiste em um processo de


REVELAÇÃO
revelação ou de conhecimento de um personagem (muitas
vezes o protagonista).

ENREDO DE O enredo de situaço, que corresponde à pergunta: "O que


SITUAÇ
vai acontecer ou se passar?".

ENREDO EPISÓDICO Se os episódios de um mesmo relato são unidos por vín-


culos bastante frágeis, o enredo é também chamado enredo
episódico, uma vez que cada episódio forma uma unidade à
parte (como no ciclo de Abraão ou na história de Sansão).

ENREDO EPISÓDICo Dependendo de se microrrelato ou de um


tratar de um
E ENREDO GLOBAL
macrorrelato, o enredo é episódico (aquele que percorre
um episódio ou um microrrelato) ou global (aquele que
cobre todo o macrorrelato, por exemplo, um evangelho na
sua totalidade).

ENREDO Ao contrário, enredo unificado consiste em episódios


o
UNIFICADO
estritamente ligados; cada qual continua imediatamente o
precedente e prepara o sucessivo (como na história de José,
na história de Rute ou na história de Jonas).

ENREDO Os momentos ou os componentes do enredo são frequente-


(COMPONENTES)
mente os seguintes:
um início (apresentação da situação, dos
personagens,
espaço e tempo), também chamado "exposição";
-

algumas complicações, com uma crescente tensão;


-

uma reviravolta, que permite ao relato tomar uma direçäão


ou outra
-

um clímax, o momento mais alto da tensão


(entre pers0
nagens, nas modalidades, nas ações e nos
valores);
um desenlace.

EPISÓDIO Um episódio (do grego epi, "sobre, em acréscimo"; + eisó-


dios, "que chega, que acontece a mais") era originariamente,
na tragédia grega, o elemento de ação encerrado entre dois
cantos do coro (cfr. Aristóteles, Poética 1452b,20). Em uma
obra narrativa, episódio é
um um conjunto relativamente

84 VOCABULARIO PONDERADO DA EXEGESE BIBUCA


desde a apresentação
autónomo, formado por cenas que vão
dos personagens até a conclusão da ação empreendida.

de G. Genette (ver
EPITEXTo Termo proveniente da distinção herdada
do texto não
paratexto) e que designa as apresentações
ou contíguas ao
texto (por exemplo as
fisicamente ligadas Do
as suas recensões).
apresentações publicitárias,
suas

momento em que um epitexto


é anexado ao texto (ime-
torna-se um
diatamente antes ou imediatamente depois),
peritexto.
Peritexto, Paratexto.

leitura narrativa, que de-


ESQUEMA O esquena quinário é a grade de
QUINÀRI0 ou global, em cinco
momentos
compöe um enredo, episódico
transformadora,
Sucessivos: situação inicial, enlace, ação
desenlace e situação final.
evangélicos não
Não se pode esquecer que muitos episódios
obedecem a esta "cama de Procuste", e é necessário descon-
manuais
fiar dos exemplos errôneos oferecidos por certos
a melhor
para ilustrar esse esquema. Para os principiantes,
coisa a fazer é abandoná-lo.
Enredo.

Parte do relato que fornece ao leitor as informações indis-


EXPOSIÇÃO
pensáveiS para a compreensão que é narrado e
de tudo o

relativasà situação que precede o início da ação: onde e


quando acontece a ação, quais os personagens principais,
quais os vinculos que unem esses personagens, qual seu
ambiente de vida... Essas informações podem ser dadas em
bloco no início do relato (1 Sm 9,1-2; Jó 1,1-5) ou mesmo
durante o relato que inicia in medias res (com0 a lliada ou
a Odisseia) ou ainda pouco a pouco durante o desenrolar
do relato (como no livro de Rute).

EXTRADIEGËTICO
É extradiegético o que é externo ao relato, como o autor
e o leitor, os quais, por isso, são chamados de instâncias
extradiegéticas.

FECHAMENTO DOO O relato tem um inicio e fim, que são identificáveis


um

TEXTO
graças a indicadores espaço-temporais, à entrada e å saída

ABORDAGENS SINCRONICAS - 85
dos personagens, à mudança da temática. Esses indicadores
operam o fechamento do texto.

FOCALIZAÇÃO Chama-se focalização o ângulo (como para uma câmera)


do qual o autor apresenta os personagens, suas palavras e
suas ações:
Ocorre focalização zero quando o campo visual ou a in-
1ormação vem de um informante onisciente (que sabe e diz
mais do que os personagens); fala-se também que o relato
não é focalizado.
- Ocorre focalização interna se o narrador sabe (e diz) tanto
quanto os personagens ou um deles.
Ocorre focalização externa quando ele sabe (ou finge
saber) menos do que os personagens.
FREQUÊNCIA Relação entre o número de vezes em que um acontecimento
Ocorreue o número de vezes em que ele é narrado. Há dois
tipos principais de frequência: um relato narra uma única
vez um acontecimento ocorido uma vez (relato singulativo,
o caso mais comum); um relato narra uma única vez um
acontecimento verificado várias vezes (relato iterativo: cir.
Jz 1,1-6; 1Sm 1,3-7; Jó 1,4-5).
Relato iterativo, Relato repetitivo.

HETERODIEGÉTICO E chamado heterodiegético tudo o que não está na história


narrada. O adjetivo é aplicado sobretudo aos narradores que
em nenhum momento falam de si mesmos.
Homodiegético (antônimo).
HISTÓRIA Em narratologia, o termo história (em inglês, story) designa
os eventos como podem ter acontecido (o significado, 0
what) e não tal qual são (ou como são) narrados (porque o
narrador faz escolhas, acentua um ou outro particular, narra
lentamente ou vai diretamente ao essencial, muda a ordem
dos eventos etc.); 0 como se narra (o significante, o how) é
chamado montagem narrativa.
Montagem narrativa.

HOMODIEGÉTICO E chamado homodiegético o narrador presente na história


narrada (por exemplo, Lucas a partir de At 16,10, ou, no
AT, Neemias no livro que leva seu nome).

86 VOCABULÀRIO PONDERADO DA EXEGESE BIBUICA


início a
INCIPT Chama-se incipit o enunciado (ou a frase) que dá
um texto, seja narrativo (por ex., Mc 1,), seja epistolar
(por ex., ICor 1,1-3).
Praescriptum.
INSTANCIA Chamam-se instâncias os polos das relações intradiegéticas
(OS personagensdo relato) e extradiegéticas (autor e leitor).
Intradiegético, Extradiegético.
INTERTEXTUALIDADE O termo intertextualidade é, como o próprio nome diz, um

um episódio ou
Jogo de relações entre vários textos, quando
um relato no seu conjunto remete explícita ou implicitamente
em particular aqueles
do
a outros textos. Os textos bíblicos,
direta (mediante
NI, são bons exemplos de intertextualidade,
remetem conti-
citações) e indireta (alusões, ecos), porque
nuamente uns aos outros.

INTRADIEGÉTICO Chama-se intradiegético o que é interno relato, ao como

OS personagens e os tipos de relações que os ligam e que

estruturam o desenrolar do enredo.


Extradiegético (antônimo).
Os narratólogos distinguem vários tipos de leitor: o leitor
LEITOR

real, leitor ideal (competente em todos os níveis), o lei-


o
tor implícito (o implied reader dos anglófonos). Este último

é aquele que o relato torna progressivamente competente,


capaz de fazer sua a perspectiva assumida pelo
autor.

MACRORRELATO
Um relato tomado na sua totalidade (evangelho, Atos dos
Apóstolos, livro de Rute, livro de Tobias, livro de Josué etc.).

MICRORRELATO
Apelativo com o qual geralmente se designam os episódios
que são microrrelatos com enredo próprio, como, por Exem-
plo, nos evangelhos, as parábolas, os relatos de cura etc.
MONTAGEM
A montagem narrativa não considera os acontecimentos
NARRATIVNA em seu desenvolvimento cronológico (a história ou story)
e sim no modo em que são agrupados (o como, how). Outro
apelativo, ingles, para montagem narrativa é discourse, que
não deve ser confundido com o termo discurso (ver este
termo na seção retórica).
História.

ABORDAGENS SIINCRONICAS- 87
NARRADOR O narrador é pessoa que conta (é também chamado
a

voz narrativa). Como no caso do narratário, é necessårio


distinguir:
- o narrador intradiegético, que faz parte do relato, como

um de seus personagens (por exemplo, o narrador de Atos


dos Apóstolos a partir de At 16,10; ou o profeta Nat, que
conta a parábola do rico e do pobre, em 2Sm 12,1-4);
- o narrador extradiegético, que não é personagem do re-
sobre
lato, mas pode intervir para fazer suas observações
além de
a situação ou sobreo que pensa dos personagens,
assinalar eventualmente se concorda ou não com o ponto

de vista deles.
uma vez
Os narratólogos distinguem entre autor e narrador,
longe do autor.
que a voz narrativa está sempre, ou quase,
Autor, Narratário.

NARRATÁRIO O narratário é a qual o narrador conta ou


instância para a

à qual se dirige. Normalmente, distinguem-se pelo menos


dois tipos de narratário:
- um narratário intradiegétic0, que faz parte do relato e é

um dos personagens, como, nos evangelhos, as multidões e

os discípulos a quem Jesus narra as suas parábolas;


- um narratário extradiegético, que não é personagem do re-
lato (pode ser nominado, como Teófilo, em Le 1,3 e At 1,1).
Muitas vezes, narratário e leitor são usados sinonimicamente,
mas às vezes se impõe uma distinção, como no caso citado,
no qual o narrador se dirige tambéma numerosos leitores p0
tenciais e reais (se possível, competentes) do relato lucano.
Narrador.

PARATEXTO Alguns manuais de narratologia, seguindo G. Genette, dão


ao epitextoe ao peritexto o nome genérico de paratexto.
Epitexto, Peritexto.

PERIPÉCIA Da palavra grega peripéteia, que significa "reviravolta",


vicissitude". Em um enredo que descreve uma mudança
de situação, a peripécia é o momento em que acontece a
principal mudança de situação, por exemplo a passagem
da felicidade à infelicidade, ou o contrário. Cf. Rt 4,13-16;

VOCABULARIO PONDERADO DA EXEGESE BIBUCA


88
IRs 23-24: 2Rs 5,14; Mt 9,25; Lc 10,33-34; Jo 9,35-38;
1141-44. Em numerosos casos, a peripécia coincide com
uma anagnorese. Cf. Gn 22,11-12; 45,2-3; IRs 17,23-24;
2Rs 5,14-15; Le 24,31; Jo 20,16; 21,7.
Anagnorese, Enredo, Pivo.

PERITEXTO Como o nome diz, o peritexto éo que circunda o texto, antes


Ou depois: titulo, prólogo, seja ou não do autor: Mc 1,1;
Le 1,1-4; At 1,1-5; Jo 1,1-18; conclusão Jo 20,30-31; 21,24-
AT, ver os títulos de certos livros proféticos,
como
25, no
salmos
Os de Is 1,1; Jr 1,1-2; Os 1,1; os títulos de muitos
ou o colofão (assinatura) de Sir 51,30.

PERSONAGEM igura que desempenha um papel no enredo. Alguns per-


coletivos; outros
Sonagens são grupos, são os personagens
agem individualmente. Ao redor do ou dos personagenS
intermediários
principais, o relato apresenta personagens
ou secundários.
monolítico conserva um papel invariável
personagem
durante todo o desenrolar da história. O personagem plano
se resume em um único traço de caráter. O personagem
esfërico é uma figura que apresenta variados traços de cará-
ter; pode ser um protagonista no interior de um (macro- ou
micro-) relato.

PERSPECTIVA Ponto de vista, Focalização.


PIVO OU MOMENT0 O pivo é o momento de guinada do enredo, seu ponto de
DECISIVO
não retorno (muitas vezes coincide com a ação transforma-
dora). E chamado também de momento decisivo do relato;
em inglês, turning point.

POLISSEMIA,
Uma palavra que tem vários significados diferentes é po-
POLISSËMICO lissemica. Normalmente, a acepção etimológica da palavra
é chamada sentido primitivo. Os sentidos secundários são
obtidos, na maioria das vezes, mediante derivação figurada
(por exemplo: metafórica, metonímica etc.).

PONTO DE VISTA
Trata-se do ponto de vista do autor (e não dos personagens)
e a maior parte dos narratólogos designa com esse termo
a concepção do mundo que o autor tem, seus valores, sua

ABORDAGENS SINCRONICAS 89
Caso
não expressa explicitamente).
ideologia (muitas vezes

definição, é necessário distinguir entre ponto de


se siga essa

vista e focalização, que designa


a perspectiva na qual são
descritos personagens e ações.

Focalização.
estuda os textos levando
PRAGMÁTICA A leitura pragmática é aquela que
(LEITURA) conta o efeito que eles visam provocar no leitor, efeito
em
também e sobretudo
que não é somente cognitivo, mas

ético.
é utilizado também
PROGRAMA Este termo, de uso corrente em semiótica,
NARRATIVO
por alguns narratólogos pode
e designar:
diversas fases, que
-o enredo (episódico e geral), nas suas

fazem passar de uma situaço inicial a uma situação final;

uma ação inicial


-em sentido mais amplo, tudo o que vai de
à sua resolução (de entrar a sair, de tomar uma barca a chegar
fim etc.).
à outra margem, do início da cena ao seu

PROLEPSSE Uma prolepse é o relato ou a evocação antecipada de um

mais acontecimentos se desenrolarão mais tarde.


ou que
Pode ser
- interna, e então evoca um acontecimento futuro interior
ao tempo da história narrada, como os anúncios que Jesus
faz da sua paixão nos evangelhos;

- externa, e evoca um evento futuro exterior ao tempo da


história narrada (por ex., o anúncio que Jesus faz da des-
truição de Jerusalém nos relatos; no AT, a maior parte das
promessas feitas aos patriarcas no livro do Gênesis);

mista, quando evoca acontecimentos futuros iniciados du


rante o relato e que continuarão depois (por ex., o modo
que Jesus anuncia a vida em comunidade dos discípulos).

PROTAGONISTA
O protagonista (do grego prôtos, "primeiro"; + agonistés,
combatente") é o ator ou o personagem principal de uma
obra teatral ou de um relato.

VOCABULARIO PONDERADO DA EXEGESE BIBUICA


90
RELATO ITERATIVO Orelato iterativo menciona uma única vez o que se repeiu

várias vezes na realidade.


Relato repetitivo.
RELATO NO Operação com a qual um episódio, por suas semelhanças
RELATO
com o macrorrelato, apresenta-se como um resumo e uma

reflexão sobre o que o macrorrelato expõe. Assim acontece


em várias parábolas dos evangelhos. Ver também a cura do
Mc 8,22-26, que é um relato inserido
cego de Betsaida, em
no itinerário dos discípulos em Mc. No AT, a leitura do livro
da aliança por Moisés, em Ex 24,3-8, é um resumo e uma

povo de Israel no que se


reflexão sobre o compromisso do
refere à Lei; ver também Ne 8.

RELATO O relato repetitivo menciona ou retoma várias vezes o que


REPETITIvo aconteceu uma única vez. Ver, por exemplo, a visão de Pedro
(ou a de Cornélio) em At 10-11; assim também a vocação
de Saulo, nos capítulos 9, 22 e 26 dos Atos.
Relato iterativo.
RELATO O relato singulativo narra uma única vez um acontecimento
SINGULATIVO
que ocorreu uma única vez.
Frequência, Relato iterativo, Relato repetitivo.

SEQUÉNCIA Sequência narrativa é uma série mais ou menos longa de


NARRATIVA
episódios ligados entre si por um personagem (o protago-
nista da sequência) ou por uma temática (como a sequência
dos pães no evangelho de Marcos, os relatos da paix o; os
relatos da ressurreição ou os relatos da infância etc.; no AT,
as disputas de Jacó com o sogro Labão [Gn 29-32] ou as
pragas do Egito [Ex 7-11]..).

SHOWING O showing (literalmente, mostrando) consiste em mostrar os


fatos, em outras palavras, em deixar falar os personagens,
em descrever suas ações detalhadamente, para que o leitor
tenha, de algum modo, a impressão de assisti-las.
Telling.
SUMÁRIO Aceleração da narraço, que consiste em narrar em poucas
palavras longos períodos (meses, anos e até mesmo séculos).
O livro dos Atos dos Apóstolos é conhecido por seus sumá-
rios (por ex., At 2,42-47; 4,32-35; 5,12-16; 8,4-8).

ABORDAGENS SINCRONICAS 91
TELLING Otelling (literalmente, contando) consiste em expor os fatos,
mencionando-os sucintamente, sem descrevë-los longamente,
sem mostrá-los diálogos nem longas descrições dos
(sem
personagens, sem suas palavras nem gestos etc.). Alguns
seus

autores usam esse termo também para um tipo de narração

ação, em vez de deixar falar


em que o narrador ""explica" a

e agir os personagens.
Showing.
alemão erzählte Zeit.
TEMPO NARRADO Tempo narrado é a tradução do
descritos no
Duração suposta ou real dos acontecimentos
relato. Tal duração é medida em minutos, horas, dias,
se-

manas, meses, a n o s . . . E um tempo


invariável, enquanto
pode variar segundo as escolhas e
as
o tempo narrativo

estratégias do narrador. Por exemplo, em Gn 29,20, quan-


do se diz que "Jacó serviu sete anos por Raquel (para
se

c a s a r com ela), mas Ihe pareceram dias, porque


ela a m a v a
a do
Raquel", a duração do tempo narrado é de sete anos,
hebraico.
tempo narrativo é de onze palavras em
Cena, Sumário, Tempo narrativo, Velocidade.

TEMPO NARRATIvo Tempo narrativo é tradução aproximativa do alemão


a

Erziählzeit ("tempo interno ao relato"). Tempo empregado


efetivamente pelo narrador para narrar os acontecimentos
descritos no relato. Concretamente, trata-se do tempo neces-
sário para narrar (ou ler) um relato e suas várias partes. E
medido em palavras, linhas, versículos, parágrafos, páginas,
capítulos etc. Um narrador consagra um tempo mais ou
menos longo å descrição de determinados acontecimentos
em função da importância que Ihes atribui.
Cena, Sumário, Tempo narrado, Velocidade

VAZIO DO TEXTO Ocorre um vazio quando o relato omite ao leitor uma in-

formação importante da qual se beneficiam alguns atores,


como, por exemplo, a lição de exegese que o
Ressuscitado
dá aos dois discípulos sobre todas as passagens biblicas
que a ele se referiam (Lc 24,27; também 24,45;
no AT, ver

2Sm 14,3).
Elipse narrativa.
VOCABULÀRIO PONDERADO DA EXEGESE BIBUCA
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