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ANIIGO
INTRODUÇÅOHERMENENUTCA AO
3. Amós
Dos profetas que nos legaram um livro, Amos eo mais antigo da Bi
Mesmo que a redação final se completasse seculos mais tarde, seus Biblia.
cscritos são de meados do século VIlI a.C. pouco tempo eiros
e antecedem por
Miqueias e Oscias. O texto atual formou-Se ao longo de vários anos e inc Isaías,
inclui u un
epilogo cuja data de composição parece
ser o final do exiílio na Babilônia (
antes de 539 a.C.) ou os primeiros anos da restauração. Am
mós anuncia a destr
ção de Samaria que ocorrerá no ano 722 a.C. , e embora não mencione
s
assirios, faz alusão ao exilio (5.5,27), que era o metodo utilizado por aquela
para enfraquecer os povos subjugados. A forma do texto que hoje possuimosação
di
preservada em Judá depois da queda de Samaria e mostra as características da
ter sido uma obra antiga, relida no contexto da realidadee dos desafios
da nova
comunidade pós-exílica em Jerusalém (cf. Collins, p. 287).
300
OLIVRO DOS Doze PRoFETAS: UM LIVR0 OU DOZE LIVROS?
O texto dá-nos algumas pistas sobre a vida de Amós. Seu nome significa 'o
uma carga"; em 2Cr 17.16, encontra-se uma forma teofórica
desse nome,
l e leva
Sa-
Jue
que
traduzimos como "o Senhor leva uma carga" (cf. Martin-Achard, p. 15).
bemos que
nasceu em lecoa, uma aldeia de Judá, e que era boiadeiro (1.1;7.15).
se essa condição o coloca entre os pobres ou entre os pequenos ou
Não sabemos
grandes proprietarios de gado, porém está claro que em sua mensagem opta por
defender a dignidade dos oprimidos e denuncia a hipocrisia dos ricos. Por alguma
razão que desconhecemos, é oriundo do sul,desenvolve seu ministério no
mas
01
INTRODUÇÅO HERMENÉNUTICA AO ANIGO TESTAMENTO
mântico: é Deus quem falacentral, que ao mesmo tempo Ihe confere formam uma na
um valor
gata e renova a vida de Israel. destrói, porém também é Deus quem, no final,
e se.
res
a-As profecias contra as
nações
A seção das
modelo literário profecias contra as nações (1.3-2.16) é construída
que repete oito vezes a frase
"Por três sobre um
tro". As seis
-se a Judá e a
primeiras correspondem a nações transgressões... e
vizinhas, enquanto a sétimapor qua-
oitava a Israel. Esse dirige.
um limite de
tolerância tivesse sidoesquema indica uma força
crescente,
derrubado e a ira de Deus se como se
sobre os
pecadores. Não está
ausente descarregasse
primeiras anunciamo castigo às nações elemento surpresa, pois, enquanto
o
as seis
vizinhas em geral
provavelmente
-
e não estão ditos ou escritos para que sejam lidos pelos inimigos, que poucose
textos estão
que.
Uma vez que foi estabelecida a questão do juízo de Deus sobre lsracl, a
segunda seção (3.1-6.14) é uma coletânea de profecias em que prevalece a critica
religiosos hipócritas recorrem aos templose clamam por paz, quando são
a causa
encontramos
similares. Para entender a figura literária, é preciso levar
conceitos
de vacas de Basã é compará-las aos mais aprecia-
em consideração que chamá-las
aos quais se dedicavam mais cuidado e proteção
dos animais da época e a seres
Por outro lado, a comparação da mulher
do que à própria vida das pessoas pobres.
como vemos em Ex 1.19, onde
com animais não era
estranha à literatura biblica,
traduzimos
são chamadas literalmente, em
hebraico, de "animais selvagens", que
Cântico dos Cänticos 1.9, onde se compara a jovem com
por "vigorosas", ou em
de forma elogiosa. No
caso de Amós, a intenção
ambos os textos
uma égua, em
chamá-las desse modo, mostrar que
mas, ao
também não é denegrir as mulheres, dos pobres. En-
esse luxo e estilo de vida graças åà opressão
puderam chegar a o restante da população
sofre
festas com seus maridos,
quanto elas celebram suas
98-100).
e maus-tratos (cf. Sanderson, p. 208; Limburg, p.
injustiças aquele
Nesta seção, encontramos a
referência ao Dia do Senhor (5.18-20),
dos doze
E um tema próprio
nações e as pessoas.
qual Deus julgará
as
Lempo no Sf 1.14-18 e em Ob 15,
encontramos em JI 1.15; 2.1-2;
profetas, pois também o Ezequiel (13.5 e 30.3), em
303
TESTAMENTO
INTRODUÇÃO HERMENËNUTICA AO ANTIGO
d-O epilogo
As profecias finais (7.11-15) são dedicadas a
dade
anunciar um
tempo de felici-
e
restauração. Seu caráter literário revela que foram acrescentadas a textos
mais antigos, e por isso muitos autores relativizam sua
erro importância. Porem e u
pressupor que a importância teológica de um texto deve-se
Ou por
à sua antiguidade
pertencer a um conjunto que é assumido como mais
da obra, esse final original. Na estrutura
modifica a teologia de todo o livro e dá-lhe um
Cindivel para entender a matiz impres
mensagem da obra
Sao contraditórios
com o restante do
em seu
conjunto. De forma isolada,
como final de uma
livro, mas lidos como epílogo quer dizel,
-
304
OLIVRO DOS DozE PRoFETas: UM LIVROOUDOZE LIVROS?
desprotegidas.
3-A expressão "juízo e justiça" aparece três vezes (5.7,24; 6.12) e lembra
as palavras de Deus a Abraão quando analisa a situação de Sodoma (Gn 18.19).
Uma hermenêutica de Amós tem que levar em consideração o lugar privilegiado
que esses conceitos têm na avaliação da fé de Israel. A escolha do povo de srael
inclui a responsabilidade pela sorte de seus irmãos, de modo que a bênção e a
a busca da justiça e a rejeição a toda forma de
promessa a Abraão pressupõem
opressão aos semelhantes (cf. Roston Maderna, p. 501).
4 Na obra final, a mensagem é uma exortação - talvez desesperada a
voltar para Deus. Em 5.4-6 e 14-15, convida-se para reconsiderar os caminhos
e encontrar a vida. A profecia final em 9.I l-15 expressa a promessa e é o apoio
BIBLIOGRAFIA
ALONSO SCHÖKEL, Luis e SICRE, José L. Profetas II. Madri, 1980. p. 951-
993.
305
INTRODUÇÀO HERMENÊNUTICA AO ANTIGO TESTAMENTO
306
SAGA Palavra a ser evitada ou pelo menos a ser usada com ex-
trema prudência. O termo é de origem escandinava ("dito",
conto", "lenda") e designa um tipo particular de tradições
familiares e guerreiras próprias da Islândia e da Noruega
da alta ldade Média. Ås vezes, é aplicado erroneamen-
te-a alguns relatos populares de passagens lendárias que
encontramos na Bíblia, particularmente no livro do Gênesis
e no livro dos Juízes.
O termo alemão Sage, usado por H. Gunkel (1901, 1910),
nao pode ser traduzido por "saga". Significa "relato popu-
lar", "lenda", "relato heroico". Ås vezes, o termo "saga éë
usado anacronicamente- com o sentido utilizado por
J. Galsworthy em seu romance A saga dos Forsyte (1932)
para designar, por analogia, uma série de relatos populares
e lendários referentes a uma família ou a um personagem
famoso.
sÚPLICA Lamentação.
TALIÃO Do latim talis, "tal (qualy". Termo jurídico que caracteriza
as leis bíblicas que introduzem um estreito princípio de
proporcionalidade entre a pena e a ofensa: "olho por olho,
dente por dente". Cf. Ex 21,24-25; Lv 24,15-22; Dt 19,16-
21; ef. Mt 5,38-42.
redo, teologia.
Esta parte está subdividida em vários capítulos, e cada um deles trata de
ABORDAGENS SINCRONICAS 79
seu sistema de valores, sua evolução interior, moral,
psicológica.
as ações, designadas por verbos de desejo (querer, bus-
car), por verbos de conhecimento (saber, conhecer, assustar-
se), por palavras (perguntas, ordens, votos, juízos, críticas,
hostilidade, apreço...) e, enfim, por verbos de ação.
-0 enredo, que se refere:
por prolepse.
Analepse, Prolepse.
"recognição", m o m e n t o
ANAGNORESE Do greg0 anagnórisis, que significa
no qual, em um enredo
de revelação, acontece a passagem
conhecimento. Ver Gn 22,12;
45,2-3;
da ignorância ao
2Rs 5,15; Tb 12,11-15;
ISm 24,17-22; 1Rs 17,24; 18,39;
no NT, ver Le 24,31; Jo 20,16;
21,7.
Enredo, Peripécia, Pivó.
anteriIor
situado no tempo
um acontecimento
ANALEPSE Toda evocação de ser:
em se dá o relato. Uma analepse pode
ao ponto que
acontecimento situado
interna: trata-se da evocação de um
Moisés, no
no tempo da história
narrada (ex.: o Dt, no qual
a Israel principais acon os
ültimo dia de sua vida, recorda
no qual
tecimentos da peregrinação no
deserto; Lc 22,61,
Pedro se recorda das palavras do Senhor);
situa-se fora do
passado evocado
externa: o acontecimento
os irmãos
da história narrada (ex.: Gn 42,21, no qual
tempo
Le 1,13, no qual o anjo
de José se recordam da sua súplica;
faz alusão à prece de Zacarias);
- mista: quando o acontecimento evocado teve início antes
Prolepse.
Em análise narrativa, o termo ator é equivalente ao termo
ATOR
personagem.
ABORDAGENS SINCRONICAS-
81
CENA Unidade mínima de um episódio e de um enredo
isolável graças às mudanças de
episódico0,
personagens, de lugar e de
tempo, graças também à progressão do enredo.
Episódio, Enredo.
CENA TÍPCA Conceito que provém dos estudos sobre
Homero. Uma cena
tipica é um relato que segue um esquema conhecido: a cena
contém certo número de elementos fixos e tais elementos
seguem determinada ordem. Alguns elementos podem ser
modificados ou mesmo eliminados, a ordem pode ser mu-
dada, mas o número dos elementos presentes é suficiente e
tais elementos são suficientemente característicos
para que
aquela cena tipica seja reconhecível.
Cf. a cena do encontro junto ao poço (Gn 24,1-66; 29,1-14-
[15-30]; Ex 2,15-22; Jo 4,1-42); as cenas de hospitalidade
(Gn 18,1-16; 19,1-16; Jz 19,1-10; Le 7,36-50)...
As típicas são muito semelhantes aos "gêneros literá-
cenas
rios" da história das formas, mas não têm nenhuma ligação
particular com um Sitz im Leben.
Gênero literário, História das formas, Sitz im Leben.
CLIMAX Em um relato, diz-se que há clímax (do klímax, "es-
grego
cada") quando a tensão (ou o suspense) subiu e chegou ao
seu máximo.
particular de diegese.
Narratio (retórica).
ENLACE (OU NÓ) Nos episódios narrativos, após uma cena de apresentação (cha-
mada também exposição), geralmente vem aquela em que se
fecham as relações, o Conflito é declarado e se inicia a tensão
narrativa. Em inglës, Inciting Moment. Antönimo: desenlace.
ABORDAGENS SINCRONICAS 83
Há vários tipos de enredo:
de G. Genette (ver
EPITEXTo Termo proveniente da distinção herdada
do texto não
paratexto) e que designa as apresentações
ou contíguas ao
texto (por exemplo as
fisicamente ligadas Do
as suas recensões).
apresentações publicitárias,
suas
EXTRADIEGËTICO
É extradiegético o que é externo ao relato, como o autor
e o leitor, os quais, por isso, são chamados de instâncias
extradiegéticas.
TEXTO
graças a indicadores espaço-temporais, à entrada e å saída
ABORDAGENS SINCRONICAS - 85
dos personagens, à mudança da temática. Esses indicadores
operam o fechamento do texto.
um episódio ou
Jogo de relações entre vários textos, quando
um relato no seu conjunto remete explícita ou implicitamente
em particular aqueles
do
a outros textos. Os textos bíblicos,
direta (mediante
NI, são bons exemplos de intertextualidade,
remetem conti-
citações) e indireta (alusões, ecos), porque
nuamente uns aos outros.
MACRORRELATO
Um relato tomado na sua totalidade (evangelho, Atos dos
Apóstolos, livro de Rute, livro de Tobias, livro de Josué etc.).
MICRORRELATO
Apelativo com o qual geralmente se designam os episódios
que são microrrelatos com enredo próprio, como, por Exem-
plo, nos evangelhos, as parábolas, os relatos de cura etc.
MONTAGEM
A montagem narrativa não considera os acontecimentos
NARRATIVNA em seu desenvolvimento cronológico (a história ou story)
e sim no modo em que são agrupados (o como, how). Outro
apelativo, ingles, para montagem narrativa é discourse, que
não deve ser confundido com o termo discurso (ver este
termo na seção retórica).
História.
ABORDAGENS SIINCRONICAS- 87
NARRADOR O narrador é pessoa que conta (é também chamado
a
de vista deles.
uma vez
Os narratólogos distinguem entre autor e narrador,
longe do autor.
que a voz narrativa está sempre, ou quase,
Autor, Narratário.
POLISSEMIA,
Uma palavra que tem vários significados diferentes é po-
POLISSËMICO lissemica. Normalmente, a acepção etimológica da palavra
é chamada sentido primitivo. Os sentidos secundários são
obtidos, na maioria das vezes, mediante derivação figurada
(por exemplo: metafórica, metonímica etc.).
PONTO DE VISTA
Trata-se do ponto de vista do autor (e não dos personagens)
e a maior parte dos narratólogos designa com esse termo
a concepção do mundo que o autor tem, seus valores, sua
ABORDAGENS SINCRONICAS 89
Caso
não expressa explicitamente).
ideologia (muitas vezes
Focalização.
estuda os textos levando
PRAGMÁTICA A leitura pragmática é aquela que
(LEITURA) conta o efeito que eles visam provocar no leitor, efeito
em
também e sobretudo
que não é somente cognitivo, mas
ético.
é utilizado também
PROGRAMA Este termo, de uso corrente em semiótica,
NARRATIVO
por alguns narratólogos pode
e designar:
diversas fases, que
-o enredo (episódico e geral), nas suas
PROTAGONISTA
O protagonista (do grego prôtos, "primeiro"; + agonistés,
combatente") é o ator ou o personagem principal de uma
obra teatral ou de um relato.
ABORDAGENS SINCRONICAS 91
TELLING Otelling (literalmente, contando) consiste em expor os fatos,
mencionando-os sucintamente, sem descrevë-los longamente,
sem mostrá-los diálogos nem longas descrições dos
(sem
personagens, sem suas palavras nem gestos etc.). Alguns
seus
e agir os personagens.
Showing.
alemão erzählte Zeit.
TEMPO NARRADO Tempo narrado é a tradução do
descritos no
Duração suposta ou real dos acontecimentos
relato. Tal duração é medida em minutos, horas, dias,
se-
VAZIO DO TEXTO Ocorre um vazio quando o relato omite ao leitor uma in-
2Sm 14,3).
Elipse narrativa.
VOCABULÀRIO PONDERADO DA EXEGESE BIBUCA
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