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O Reino

de Deus
De volta à vida abundante

Enéas Ribeiro

São Paulo, Junho de 2015


Copyright © 2015, Enéas Ribeiro

Ribeiro, Enéas
O reino de Deus: de volta à vida abundante

Itapira, 2015
(19) 3843-6389
144 páginas
(19) 99698-8223
www.upbooks.net.br
Os textos bíblicos foram extraídos das versões VRC,
contato@upbooks.net.br
Nova Versão Internacional e Bíblia Viva

Coordenação editorial Eneas Francisco


Revisão Patrick Dias
Preparação e diagramação UPBOOKS
Capa Charles dos Santos (Iddeia Simples)

2015
Todos os direitos reservados à
Capa Publicadora Bereana Ltda ME
cpbereana@gmail.com

1ª Edição: 2015

Dados internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Ribeiro, Enéas
O reino de Deus : de volta à vida abundante /
Enéas Ribeiro. -- Itapira, SP : UPBooks, 2015.

Bibliografia

ISBN 978-85-66941-09-8

1. Reino de Deus 2. Reino de Deus - Doutrina


bíblica 3. Vida cristã I. Título

15-06071 CDD-231.72

Índice para catálogo sistemático:

1. Reino de Deus : Doutrina cristã 231.72


À minha preciosa esposa, Pastora Gisele Sprocatti,
que ao longo dos últimos quinze anos de minha vida
tem sido a companheira ideal para dar suporte
ao meu ministério como pregador, pastor e, hoje,
escritor. Por sua abnegação e paciência incondicional
em tolerar minhas horas de estudos e escrita, privando-se
muitas vezes de minha presença e atenção.
Meu amor e carinho a esta pérola divina.
Aos amados irmãos e amigos Gilvan e Márcio
que graciosamente acreditaram
e patrocinaram este projeto
Agradecimentos

Certamente quero deixar aqui minha expressão de gratidão


ao Deus Trino na Pessoa do Senhor Jesus Cristo, que achou graça
em mim pondo-me no ministério. A minha esposa e filhos, que
se constituem como o sustentáculo de meu sucesso; a meus pais,
Enos Ribeiro e Maria Silveira, que deixaram em meu caráter uma
marca de conduta indelével; a meu irmão de sangue, Esdras Ri-
beiro, que é meu melhor amigo na terra; aos pastores Deiró de
Andrade, Ivo Mariano e Paulo Lopes, que tiveram participação
singular nos últimos dez anos de meu ministério; aos saudosos
Doutores T.L. Osborn e Myles Munroe, que foram grandes fontes
de inspiração para o meu ministério como pregador e pastor; aos
membros a amigos da Igreja Missão da Fé Apostólica, que presido
e pastoreio há cinco anos; e a todos os amigos que de forma direta
ou indireta cooperaram para que esse texto emanasse de dentro
da pessoa que sou hoje pela graça de Deus.
Sumário

Prefácio........................................................................................ 9

Introdução geral .......................................................................... 11

Capítulo I O propósito original do Reino de Deus ................. 13

Capítulo II As duas espécies de reis ........................................... 19

Capítulo III O Rei como espécie redentora ............................. 27

Capítulo IV A redenção completa do Rei ................................. 35

Capítulo V A obra substitutiva do Rei ...................................... 41

Capítulo VI Estágios da restauração completa do homem .... 49

Capítulo VII O Reino dos céus e as autoridades da terra ....... 55

Capítulo VIII Reinando em vida ................................................ 61

Capítulo IX Criando a mentalidade real .................................. 69


Capítulo X O Reino de Deus e o mundo ................................... 77

Capítulo XI O Reino em minha casa ......................................... 85

Capítulo XII Os familiares e o Reino ......................................... 93

Capítulo XIII Os recursos do Reino para a família .................. 97

Capítulo XIV A seletividade de entrada no Reino .................... 103

Capítulo XV O propósito da liderança no Reino ...................... 107

Capítulo XVI O princípio de autoridade e o Reino .................. 111

Capítulo XVII O Reino de Deus e a Igreja.................................. 115

Capítulo XVIII A unidade do Reino de Deus ............................ 119

Capítulo XIX Cura, libertação e o Reino de Deus .................... 125

Conclusão .................................................................................. 131

Bibliografia ................................................................................ 133

Sobre o autor ............................................................................. 135


Prefácio

C
reio que todo cristão precisa ler esse livro! O pastor Enéas
Ribeiro foi muito feliz em escrevê-lo - e o fez com maes-
tria.
Podemos dizer que aqui se encontra um tesouro que é reve-
lado a cada página. Cada linha nos revela uma porção antes des-
conhecida do Reino do qual fazemos parte e no qual o Senhor é o
Rei dos reis.
Com comparativos de antigas monarquias e exemplos sim-
plesmente maravilhosos, o pastor Enéas deixa bem fácil o enten-
dimento sobre o assunto. Além de um alto conhecimento teoló-
gico, ele também não deixa de mostrar o romantismo que existe
na narração da primeira criação e toda a glória da Nova Criação
em Cristo.
Aqui você irá descobrir o seu verdadeiro valor, redescobrirá
a grandeza de pertencer ao Reino do Amor, recobrará sua Fé e
esperança a respeito do seu futuro e não mais temerá o amanhã.
Haverá um grande poder disponível para sua vida ao adquirir
o conhecimento sobre sua filiação e ouvir a respeito da herança
que o Rei Jesus passou para todos nós que agora somos a Família
de Deus e fazemos parte da Realeza a ponto de nEle, o Cristo,
Deus em carne, hoje estarmos assentados nas regiões celestiais,
ou seja, devemos assumir a nossa parte do governo que é trazer a
vontade de Deus para a nossa vida aqui na terra.
Portanto, caro leitor, desfrute e valide suas promessas basea-
das nos fatos da sua redenção e se levante por dentro e por fora a
cada nova descoberta para o avanço do Reino que faz de nós os
seus representantes máximos aqui na terra!
Que o Senhor Jesus seja exaltado com o conhecimento adqui-
rido por você que está lendo esse precioso livro: O Reino de Deus
- de volta à vida abundante.

Janio Cesar
Janio Cesar World Evangelism
Introdução Geral

I
ndubitavelmente, estamos contemplando em nossos dias um
despertar para o estabelecimento do Reino de Deus na terra.
Ao redor da Terra, igrejas locais e ministérios estão redesco-
brindo seu eterno propósito em Deus. Há uma nova ênfase esca-
tológica caracterizada por mais otimismo e senso de triunfo final.
Antigos mitos de um profetismo escatológico catastrófico estão
dando lugar a uma renovada mentalidade de glória e vitória, e
velhos ideais de escapismo e fuga dando lugar a uma mentalidade
de conquista e expansão do Reino de Deus na Terra. Em suma,
a única mensagem que Jesus Cristo nos outorgou propagar está,
agora, recebendo nova atenção e sendo difundida como nunca: o
Evangelho do Reino.
Emerge neste tempo a necessidade de iluminação e infor-
mação sobre o que e como Deus está restaurando todas as coisas
antes da Segunda Vinda do Rei Jesus Cristo (Atos 3:19-21) para
aniquilar toda a oposição ao Reino e entregá-lo ao Pai (I Coríntios
15:24-26). Fazem parte desta Restauração, o princípio do relacio-
namento pais e filhos espirituais, a unidade real do Corpo de Cris-
to, o soerguer da visão e do mover apostólico, a vigência dos cinco
ministérios bíblicos (Efésios 4:11), e a renovação da pregação do
Evangelho do Reino (Mateus 24:14).
O Reino de Deus - de volta à vida abundante

O leitor tem em mãos uma síntese prática e clara do que con-


cerne aos aspectos fundamentais da Redenção e da Nova Criação
em Cristo Jesus.
Neste texto, não faremos uso excessivo de linguagem teológi-
ca e rebuscada, mas o leitor apercebido e basicamente instruído
nos fundamentos da teologia sistemática perceberá como pano de
fundo de cada capítulo uma ênfase soteriológica, cristológica e es-
catológica restaurada. Digo restaurada, pois resgata a crença unâ-
nime da cristandade ao longo de seus primeiros mil e oitocentos
anos, fornecendo a verdade límpida de uma consumação dos sé-
culos marcada pelo triunfo final da Igreja de Deus na Terra, como
criam os puritanos primitivos, o avivalista Jonathan Edwards, o
missionário Guilherme Carey, o renomado teólogo Mathew Hen-
ry e outros.
Esta, que gosto de chamar de compêndio, é uma obra de dis-
cipulado tanto para novos convertidos quanto para ministros ex-
perientes. Abordo aqui, numa forma progressiva e simples desde
a Criação Original até o destino final desta Criação, revelando
nossa posição de Realeza na família de Deus. Ao final de cada
capítulo, elaborei um questionário fundamental para ajudar no
aprendizado e na retenção das informações expressas.
Na esperança e na convicção de que o predomínio da men-
talidade institucional da igreja moderna dê lugar à mentalidade
plena do Reino de Deus e de seus eternos propósitos, ofereço a
você esta leitura que certamente trará luz e entendimento trans-
formadores à sua vida.
Bom estudo!

12
I
O PROPÓSITO ORIGINAL
DO REINO DE DEUS

P
or séculos, o supremo propósito de Deus tem sido subjuga-
do pelos empreendimentos alternativos da Igreja. A Igreja,
destituída da plenitude do ministério profético se privou de
uma visão ampla da revelação redentora de Jesus Cristo. Esse eter-
no e grandioso propósito divino é a vinda de seu Reino à Terra em
sua totalidade e glória visível. A institucionalização da Igreja a os-
tentou acima deste imensurável propósito, assim, ela assumiu pro-
porções maiores do que o próprio Reino de Deus na mentalidade
e no ideal da cristandade. Mas agora, a revelação deste supremo
propósito está sendo gloriosamente dada à sua Igreja em todas
as partes do globo. Em todos os ambientes, encontramos cristãos
do Reino compartilhando essa revelação em todos os níveis da
sociedade; ainda não ocorrem grandes cruzadas e conferências de
pregação do Evangelho do Reino, mas há uma difusão discreta,
porém crescente, desta mensagem, que nada mais é do que a reno-
vação da mensagem dos primeiros discípulos e do próprio JESUS.
É literalmente o cumprimento das parábolas do Reino:
O Reino de Deus - de volta à vida abundante

“E dizia: A que é semelhante o Reino de Deus, e a que o


compararei? É semelhante ao grão de mostarda que um ho-
mem, tomando-o, lançou na sua horta; e cresceu e fez-se
grande árvore, e em seus ramos se aninharam as aves do
céu. E disse outra vez: A que compararei o Reino de Deus?
É semelhante ao fermento que uma mulher, tomando-o, es-
condeu em três medidas de farinha, até que tudo levedou.”.

Entendamos este eterno propósito divino.

A TERRA COMO EXTENSÃO DO CÉU

É na Criação original que Deus revela o supremo propósito de


seu Reino. Esse propósito sempre foi a Terra criada ser uma exten-
são do Céu, ou seja, Deus criou a Terra e colocou o homem aqui
para trazer o governo do Céu para a Terra. Este propósito não foi
alterado, na Terra será estabelecido o Reino de Deus e sua von-
tade. “Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra
como no céu.” (Mt 6:10). O governo do céu já está sendo restaura-
do na terra em nossos dias, e o homem nascido de novo e recriado
à imagem do Filho de Deus, Jesus Cristo, está reassumindo sua
autoridade e domínio perdidos no Éden. Este estado de restaura-
ção da obra e da criação divina culminará na Vinda em glória do
Rei dos reis, o Senhor Jesus (At 3:19-21). A Terra será totalmente
restaurada a uma condição de paz, igualdade e fraternidade, sob o
governo piedoso e o cetro de equidade do Senhor.

A TERRA COMO COLÔNIA REAL DO CÉU

Um príncipe não pode se tornar rei no território de seu pai


(o rei) antes de sua morte. Por exemplo, o príncipe Charles não

14
O propósito original do Reino de Deus

poderá reinar sobre a Inglaterra enquanto a Rainha Elizabeth não


morrer. A única forma política de um príncipe tornar-se rei é o
rei lhe conceder um território fora do reino para governar. Por
exemplo, o príncipe Dom Pedro não podia ser rei em Portugal,
pois seu pai rei Dom João estava vivo, então, Dom João concedeu
ao filho uma terra conquistada para reinar, o Brasil; assim, o Brasil
era uma colônia de Portugal governada por príncipe regente que
reinava sobre todo o território brasileiro. Embora Deus seja, de
fato, o Rei de toda a Terra, Ele nos presenteou com ela, como ex-
pressa o Salmo 115:16: “Os céus são céus do Senhor; mas a terra,
deu-a ele aos filhos dos homens”. Perceba: Deus nunca morrerá, e
os homens jamais poderão reinar nos céus, então, Deus estabele-
ceu o gênero humano na Terra para ser senhor e reinar sobre ela
(Gênesis 1:26-30; 2:7-9), por isso Deus é chamado O Rei dos reis e
Senhor dos senhores (Apocalipse 19:16). Assim como o Reino de
Deus se tornou realidade entre nós por ocasião da manifestação
do Rei Jesus, nós, como Igreja, tivemos nosso governo restaurado
desde então. Nós reinamos e reinaremos (Romanos 5:17; Apoca-
lipse 5:10).

O HOMEM COMO PROMOTOR DA VONTADE DE DEUS

Não nos enganemos, porém, pois assim como Dom Pedro era
representante dos interesses do reino de Portugal na colônia bra-
sileira, o homem deve ser representante dos interesses do Reino
dos Céus na Terra. E foi aí que começou o problema: assim como
Dom Pedro, às margens do rio Ipiranga, “proclamou a indepen-
dência” de Portugal, Adão, às margens dos rios Pisom, Gion, Hi-
déquel e Eufrates proclamou a independência do Reino dos Céus
com o grito silencioso diante do fruto proibido (Gênesis 3:1-7).
O homem foi criado para ser a expressão personificada da von-

15
O Reino de Deus - de volta à vida abundante

tade de Deus aqui na Terra, o supremo promotor dessa soberana


vontade. Assim, o afastamento do homem de seu Criador, Deus,
é uma rebelião de proporções cósmicas. A oração ensinada pelo
Senhor roga: “Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na
terra como no céu.” (Mateus 6:10). O processo pelo qual o homem
caído deve passar para voltar a compreender a vontade de Deus é
a renovação da mente, e o prefixo re da palavra renovação fala de
tornar à origem, começar do princípio. Que princípio? O estado
edênico, ou seja, a condição do homem criado no Éden antes de
sua pavorosa queda. Mas esse processo de renovação só pode ter
início na mente daqueles que não se moldam aos padrões do atual
sistema mundial, que é contra tudo que diz respeito ao Reino de
Deus.

“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-


-vos pela renovação do vosso entendimento, para que expe-
rimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de
Deus.” (Romanos 12:2).

O HOMEM COMO REI DA COLÔNIA REAL

Por muitos anos, os teólogos ultraortodoxos refutaram com


veemência e até certa intemperança os professores do movimento
chamado Palavra da Fé, e é bem verdade que seus ensinos pos-
suem alguns extremos (mas quem de nós não possui extremos
teológicos), porém aquilo que soou em alguns “ouvidos apologé-
ticos” como triunfalismo e ganhou o nome de “teologia da pros-
peridade”, renovou a compreensão da cristandade em aspectos
cruciais da vida. Acreditamos na realidade de uma Teologia do
Contentamento, mas não podemos mais viver aprisionados a uma
Teologia da Miséria. Precisamos sempre reconhecer nosso estado
antes de sermos aceitos na família real de Deus, mas precisamos

16
O propósito original do Reino de Deus

também, agora como filhos, reconhecer nosso estado restaurado e


renovado. “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, con-
forme a nossa semelhança; e domine...” A palavra domine, do grego
radah, significa “reine”; “governe”; “seja soberano”. Esse estado de
governo do primeiro Adão antes da Queda foi restaurado pelo úl-
timo Adão na Redenção (I Coríntios 15:45; Romanos 5:12-16), e é
em Jesus Cristo que nossa condição de autoridade foi restaurada,
agora, em vida, reinaremos por Ele; mas estas verdades devem nas-
cer em nosso espírito recriado, e não apenas em nossa mente.

“Porque, se, pela ofensa de um só, a morte reinou por esse,


muito mais os que recebem a abundância da graça e do dom
da justiça reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.” (Roma-
nos 5:17).

Somos reis, sim.

CONCLUSÃO

A Igreja não gozará de sua plena eficácia e da plenitude da


operação do Espírito Santo sem conhecer seu real propósito, e este
propósito é o propósito original do Reino de Deus. Enquanto nós,
como Igreja, continuarmos estabelecendo nossas metas pessoais e
objetivos denominacionais acima dos propósitos eternos do Rei-
no, continuaremos vivendo aquém do perfeito plano de Deus para
a humanidade. Enquanto estiverem se digladiando por diferenças
triviais, pregadores e pastores, tradicionais e pentecostais, teólogos
e evangelistas, calvinistas e arminianistas, enfim, os chamados fi-
lhos de Deus se engalfinhando em seu orgulho dogmático, não ve-
remos o glorioso desfecho do plano redentor de Deus para o gênero
humano. Coloquemos os propósitos do Reino de Deus acima de
todos os nossos anseios pessoais e institucionais.

17
O Reino de Deus - de volta à vida abundante

QUESTIONÁRIO

1 - DEFINA O PROPÓSITO ORIGINAL DO REINO DE


DEUS.
2 - QUE PARTE DA ORAÇÃO ENSINADA PELO SENHOR
REVELA ESTE PROPÓSITO?
3 - LEGALMENTE, A QUEM PERTENCE A TERRA? CITE
UM VERSÍCULO.
4 - COMO SE DEU A “PROCLAMAÇÃO DE INDEPEN-
DÊNCIA” DO PRIMEIRO ADÃO?
5 - QUE PALAVRA REVELA O REINADO HUMANO OU-
TORGADO POR DEUS?

18
II
AS DUAS ESPÉCIES DE REIS

É
importante considerar, no que tange ao gênero humano,
que Deus gerou apenas dois homens em todas as gerações,
ou duas espécies, cada um deles chamado Adão. Na ver-
dade, tanto um quanto outro receberam uma incumbência real,
ou seja, a responsabilidade de governo ou principado. Cada uma
dessas espécies deu origem a gerações de homens à sua imagem.
O primeiro Adão foi feito alma vivente (Gênesis 2:7), e embora
possuísse atributos intelectuais, morais, físicos e espirituais ab-
solutamente puros, ele era incapaz de transmitir esta perfeição
da criação original à sua descendência, o que ficou provado por
sua queda; Adão, como alma vivente, apenas vivia, mas não po-
dia transmitir vida. Já o último Adão, Jesus Cristo, foi enviado no
mesmo nível de perfeição, porém dotado do poder de vivificar
o estado de Morte contraído por Adão. “Assim está também es-
crito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente; o último
Adão, em espírito vivificante.” (I Coríntios 15:45) Note, esta era a
composição do ser de Adão: Uma alma corruptível em um corpo
O Reino de Deus - de volta à vida abundante

incorruptível. Já a composição do ser de Cristo era: Um Espí-


rito incorruptível em um corpo corruptível. Porém, somente
Jesus Cristo ressuscitou, assim, Ele continuou a ser um Espí-
rito incorruptível, e agora com um corpo incorruptível; e Jesus
foi o primeiro a passar por essa gloriosa metamorfose, e assim,
transmitiu à toda espécie segundo a sua imagem que desfrutem
desta glória na eternidade futura.

“Porque, assim como todos morrem em Adão, assim tam-


bém todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por
sua ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de
Cristo, na sua vinda.” (I Coríntios 15:22-23).

Hoje, em Cristo, nosso ser consiste em: um espírito incor-


ruptível, que possui uma alma eterna e habita dentro de um
corpo temporariamente corruptível.

UM REI QUE DESEJOU SE IGUALAR AO REI DOS REIS

Deus impôs ao seu primeiro rei representante, Adão, um


limite de obediência através da árvore chamada “do conheci-
mento do bem e do mal” sob pena de morte; O Inimigo de Deus
e dos homens seduziu o primeiro casal a crer no contrário: “...
certamente não morrereis. Porque Deus sabe que, no dia em
que dele comerdes, se abrirão os vossos olhos, e sereis como
Deus, sabendo o bem e o mal.” (Gênesis 3:4-5). A sedução não
foi de conhecer o bem e o mal, e sim, de ser igual a Deus. O que
os reis Adão e Eva não entenderam é que eles já eram iguais a
Deus (Gênesis 1:26-27). Adão possuía a natureza de Deus no

20
As duas espécies de reis

que tange à imagem e à semelhança, espiritual e moralmente,


porém, fora privado de conhecer a Lei Moral, ou seja, o conhe-
cimento e a opção entre certo e errado, bem e mal. E desde o
início, o plano do Diabo é relativizar o conceito do bem e do
mal, mas na concepção divina estes conceitos são sempre abso-
lutos (Isaías 5:20). O rei Adão perdeu a sua glória, pois desejou
uma glória sublime e única, a de Deus, como estrelas ostentan-
do a glória do Sol (I Coríntios 15:41).

UM REI QUE PROCLAMOU SUA INDEPENDÊNCIA

Como já dissemos, o primeiro rei enviado por Deus, desejou


sua independência e deu início a “República do Governo Hu-
mano”. O gênero humano passou a viver e andar sob a égide de
seus próprios sentidos corrompidos pela ação degenerativa do
Pecado. Adão transmitiu ao Diabo a procuração de autoridade,
principado e pseudodivindade sobre a Terra e a raça humana
(II Coríntios 4:4; Efésios 2:2; João 14:30; 16:11). O homem não
foi criado para ser independente de Deus e de Sua graça. Há um
vazio intrínseco à natureza humana, afastada de seu Criador, e
o homem, por sua vez, busca inconscientemente preencher este
vazio com a autossatisfação de seus desejos e sentidos, mas

“...tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne,


a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do
Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupis-
cência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece
para sempre.” (I João 2:16-17).

21
O Reino de Deus - de volta à vida abundante

Não existe de fato independência humana, pois, os falsos


mestres que prometem essa falsa liberdade,

“...falando coisas mui arrogantes de vaidades, engodam


com as concupiscências da carne e com dissoluções aque-
les que se estavam afastando dos que andam em erro, pro-
metendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da cor-
rupção. Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se
também servo” (II Pedro 2:18-19).

Jesus, o Rei dos reis, declarou a suprema verdade: “...sem


mim nada podereis fazer.” (João 15:5b). O velho Adão, que ha-
bita o homem não regenerado, sente-se independente e por isso
perece; o novo homem, habitado por Cristo, é dependente dEle
e, por isso, reina em vida (Romanos 5:17).

UM REI IGUAL AO REI DOS REIS

O primeiro rei foi dotado da imagem e semelhança de Deus,


mas não essencialmente de sua natureza divina, pois como já es-
tudamos, ele era apenas alma vivente. Diferente de Adão, o Últi-
mo Rei, Jesus Cristo, foi uma corporificação do Criador, ou seja,
Deus feito homem. Jesus nunca foi criado, Ele é o Filho de Deus
que nos foi dado como dádiva redentora (Isaías 9:6); Jesus foi
gerado superior aos anjos,na concepção e natureza divina (He-
breus 1:5), e introduzido no mundo como digno de adoração até
mesmo dos anjos (Hebreus 1:6). E a Escritura ratifica a divinda-
de e a realeza de Jesus Cristo em Hebreus 1:8: “Mas, do Filho diz:

Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro

22
As duas espécies de reis

de equidade é o cetro do teu reino.”. Ao ser indagado por Fi-


lipe sobre a imagem visível de Deus Pai, o Rei Jesus declara:
“...Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conheci-
do, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai...” (João 14:6).

Jesus é a Palavra, o Verbo eterno e divino que coexiste com


o Pai (Deus Todo-Poderoso) e que encarnou. “No princípio, era
o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João
1:1). Tudo que diz respeito a Deus, seus atributos, seu caráter,
sua obra, está em Cristo. A plenitude de Deus é revelada em Jesus
Cristo, “porque nele habita corporalmente toda a plenitude da
divindade” (Colossenses 2:9). Jesus Cristo, o Rei semelhante ao
Rei dos reis.

UM REI QUE RESTABELECEU O GOVERNO DO CÉU

Jesus jamais intentou trazer uma nova religião a Terra. Ele


jamais planejou estabelecer o que conhecemos e denominamos
cristianismo. O conceito de cristianismo hoje consiste em mais
um ideal religioso que compete com outras religiões antigas como
hinduísmo, budismo, e islamismo. Os fundadores dessas religiões
eram considerados seus “profetas”, assim, empreenderam seus es-
forços na disseminação de meras doutrinas. Jesus, embora dotado
de credenciais proféticas, era mais do que um profeta. Sua missão
era mais política do que religiosa, pois não se lê em parte alguma
das Escrituras que veio trazendo em seus ombros um grande per-
gaminho de novos dogmas religiosos, nem tampouco, uma nova
divindade. A Bíblia diz: “Porque um menino nos nasceu, um filho
se nos deu; o governo está sobre os seus ombros...” (Isaías 9:6a).
Jesus inicia o seu ministério proclamando: “...Arrependei-vos,

23
O Reino de Deus - de volta à vida abundante

porque é chegado o Reino dos céus.” (Mateus 4:17), e a narrativa


do mesmo Evangelho declara o tríplice ministério de Jesus:

“E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas si-


nagogas, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas
as enfermidades e moléstias entre o povo.” (Mateus 4:23).

Seu poder sobre o império das trevas revelou a manifestação


prévia do Reino de Deus entre os homens (Mateus 12:28). O Rei-
no de Deus foi trazido por ocasião da primeira vinda de Cristo,
de forma espiritual, mas culminará em sua manifestação literal
e visível nos últimos dias, antes do governo definitivo do Senhor
sobre a Terra (Atos 3:19-21). Até o momento da estada humana
de Jesus entre nós, este Reino veio invisivelmente (Lucas 17:20-
21). Indagado por Pilatos acerca de sua realeza, Jesus disse: “...o
meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mun-
do, lutariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos
judeus, mas, agora, meu Reino não é daqui.” (João 18:36). Note o
termo em negrito, “agora”. Com este advérbio de tempo, Jesus está
dizendo: “por enquanto meu Reino não é daqui”. Jesus em breve
estabelecerá seu governo literal com sede em Jerusalém e reinará
sobre toda a Terra (Miqueias 4:1-4). O governo do céu renegado
no Éden foi restaurado no Gólgota. Aleluia!

CONCLUSÃO

Nós, nascidos de novo e regenerados pela obra do Espírito,


somos parte da nova “linha de produção da segunda espécie”. So-
mos a geração do Último Adão. Somos reis com a natureza do
Rei dos reis (II Pedro 1:3-4). Neste tempo derradeiro da Igreja, há
uma manifestação poderosa do Espírito de sabedoria e revelação,

24
As duas espécies de reis

que nos fará vislumbrar a glória de nossa posição em Cristo Jesus


(Efésios 1:17-23). O primeiro rei está morto em nós, mas o último
Rei nos habita (Gálatas 2:19-20).

QUESTIONÁRIO

1 - EXPLIQUE A COMPOSIÇÃO DE SER DAS DUAS ESPÉ-


CIES DE ADÃO.
2 - QUEM, DE MANEIRA ILEGÍTIMA, DETÉM O GO-
VERNO DA TERRA? PROVE.
3 - POR QUE O PRIMEIRO REI, ADÃO, PERDEU A SUA
GLÓRIA?
4 - PROVE À LUZ DAS ESCRITURAS A NATUREZA DIVI-
NA DO SEGUNDO REI.
5 - QUAL O PROPÓSITO PRINCIPAL DA PRIMEIRA VIN-
DA DE JESUS CRISTO?

25
III
O REI COMO ESPÉCIE REDENTORA

A
declaração de André ao seu irmão Simão Pedro “acha-
mos o Messias” foi no mínimo bombástica considerando
o contexto histórico, religioso e político daqueles dias. O
messianismo é mais do que uma questão de religiosidade judai-
ca, é um ideal humano, um conceito que está encubado no in-
consciente coletivo. Sim, o gênero humano tem em sua própria
natureza o sentimento de uma necessidade inerente e latente de
Redenção. Simplificando este conceito, o ser humano sente que
em algum momento de sua existência como espécie, tudo esta-
va bem e perfeito, mas que algo aconteceu que desestruturou e
desestabilizou essa harmonia vital, e a gora, suas almas clamam
inconscientemente por essa redenção que, na verdade, só pode ser
efetuada por um Redentor.
Este ideal messiânico está arraigado nas culturas sociais,
exemplo disso é o messianismo norte-americano revelado na cria-
ção de personagens mitológicos que trazem salvação para o seu
O Reino de Deus - de volta à vida abundante

povo, exaltando sua identidade nacionalista: Rambo, Rock Bal-


boa, Superman, Capitão América, além da filmografia moderna
que apresenta novos “messias”: Neo, o salvador de Matrix e Ava-
tar. Na candidatura do presidente Barack Obama, a nação, em es-
pecial a grande comunidade afro-americana, depositou nele essa
esperança messiânica: o negro eleito presidente quarenta anos de-
pois da morte de outro negro: Martin Luther King Jr., o mártir dos
direitos civis dos negros em uma América segregada. No Brasil, o
ideal messiânico aspira a um líder que saia “do meio do povão” e
governe para o povo resolvendo todos os problemas do país. Mal
sabe a humanidade que sua espécie já foi redimida, e a espécie
redentora foi singular, única, e sua obra redentora foi definitiva. O
Rei dos reis (Deus Filho) assumiu a forma humana para satisfazer
a perfeita justiça divina.

O PRIMEIRO REI SUBMETEU A CRIAÇÃO AO CAOS

A indagação que não cala no coração da humanidade é o


porquê de tanta destruição, dor, enfermidade, morte, sofrimento,
guerras, poluição... Ignorantemente, o homem tende a atribuir a
Deus toda esta condição caótica, mas é na rebelião do homem
contra Deus que se encontra a resposta, pois o homem entregou
“o documento” de propriedade ao príncipe usurpador, o Diabo,
sujeitando a criação ao caos. “Porque a criação ficou sujeita à vai-
dade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou.” (Ro-
manos 8:20). O primeiro rei, Adão, colocou toda a terra, a criação
original, à mercê de Satanás, que desde então tem legalidade para
fazer sua obra, matar, roubar e destruir (João 10:10a). O plano
original do Reino de Deus na Terra não incluía o Pecado e suas
consequências: morte, doenças, injustiça, depressão e condena-

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O Rei como espécie redentora

ção. Deus criou o homem para que reinasse continuamente sobre


a Terra. E a Terra por sua vez não sofreria alterações em seu meio
ambiente, no equilíbrio do ecossistema nem na natureza dos ani-
mais. A partir do Pecado Original, o solo recebeu a maldição (Gê-
nesis 3:17), assim como o céu atmosférico, os mares, os seres vivos,
a natureza humana, tudo foi contaminado e iniciou sua deteriora-
ção total. Eis a origem de todos os males globais que sociólogos,
ecologistas, filósofos, psicólogos, antropólogos e outros cientistas
não puderam encontrar. O problema deve ser sanado na fonte.

O PRIMEIRO REI SUBMETEU A TERRA AO PRÍNCIPE


USURPADOR

Utilizando o corpo da serpente, o anjo caído, Satanás, seduziu


e enganou a primeira mulher, Eva, com sua sagacidade e astúcia
(Gênesis 3:1-7; II Coríntios 11:3), assim, como já dissemos, ele as-
sumiu o governo de toda a Criação, da Terra e dos homens. Porém,
o Diabo sabia desde o início, que seu império satânico seria desfeito
pela manifestação da semente da mulher: “E porei inimizade entre
ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te feri-
rá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” (Gênesis 3:15). Enquanto
a poderosa Semente de Deus não se manifestava, Satanás reinava
absoluto, oprimindo, escravizando, matando e estendendo seu pro-
jeto nefasto de morte, roubo e destruição por toda a Terra. Ele é o
príncipe das potestades do ar e tem autoridade sobre todos os que
são desobedientes ao Evangelho (Efésios 2:2; 5:6). Antes da obra
do Calvário ele tinha livre curso sobre a Terra que lhe pertencia
(João 14:30). Tendo ostentado a posição de pseudodivindade sobre
a Terra, o Diabo tem, juntamente com suas hostes demoníacas, em-
preendido esforços para impedir qualquer tipo de esclarecimento

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O Reino de Deus - de volta à vida abundante

ou iluminação espiritual por parte do gênero humano; luz esta que


somente pode vir através do Evangelho da glória de Cristo, que é o
Evangelho do Reino:

“Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os


que se perdem está encoberto, nos quais o deus deste século
cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a
imagem de Deus.” (II Coríntios 4:3-4).

Até a Redenção, a Criação estava sob a autoridade usurpada


de Satanás, o príncipe regente da humanidade até então.

O SEGUNDO REI INICIOU A RESTAURAÇÃO TOTAL

Por causa da decadência do primeiro rei, a Criação ficou com-


pletamente sujeita às obras de um novo príncipe, o Diabo. E suas
obras tiveram livre curso, por causa da realidade do Pecado no
homem, até a chegada do segundo e último Rei, Jesus Cristo, pois,
“Quem comete o pecado [vive no pecado] é do Diabo, porque o
Diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se mani-
festou: para desfazer as obras do Diabo” (I João 3:8). O Pecado e
suas consequências foram removidos pela Obra restauradora do
Rei Jesus, pois Ele é “...o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo” (João 1:29; Apocalipse 5:12). “Porque, como, pela deso-
bediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, as-
sim, pela obediência de um, muitos serão feitos justos.” (Romanos
5:19).
Toda a Criação ficou sob maldição por sua separação do Cria-
dor, mas em Cristo todas as coisas são reconciliadas com Deus

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