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Referência: FARIAS, Cristiano Chaves de & ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil:
contratos – 7. ed. rev., e atual. – Salvador: Ed. JusPodivim, 2017. 1136 p.
“[...] ‘aquele que se apropriava do depósito que lhe fora confiado era estigmatizado pela
opinião pública irritada contra sua vilania e, a cada momento, devia esperar um rude golpe
vibrado pela cólera divina’, como relata Clóvis Beviláquia, em obra histórica.1” (p. 931)
“[...] o contrato era, exclusivamente, gratuito, não possuindo o depositário qualquer direito
à remuneração, tratando-se de uma espécie de favor prestado a um amigo [...].” (p.932)
“De regra, é possível pensar que o depositante tem de ser o proprietário do bem. Todavia,
observando que ordinariamente, haverá a necessidade de restituição da mesma coisa
entregue, os administradores em geral (como o usufrutário e o locatário) também podem
celebrar o depósito.” (p. 934)
“[...] consideramos que o depositário passa a ser o possuidor direto do bem – e não um
mero detentor – na medida em que o desdobramento da posse decorre, exatamente, de
uma relação jurídica base, de direito real ou obrigacional, como aqui no depósito. [...] O
fato de não usar ou fruir da coisa, mas apenas conservá-la, não afasta a prática de atos
possessórios [...]” (p. 938)
“No tocante a forma do contrato de depósito, a redação do artigo 646 do Texto Codificado
não deixa dúvidas: a forma escrita é necessária ad probationem (ou seja, para sua prova),
mas não é solenidade essencial, a ponto de influir na validade do contrato de depósito
voluntário. Por isso cuida-se de negócio informal, não solene. Melhor explicando: o
depósito é válido seja por escrito ou verbalmente.” (p. 940)
“[...] para fins probatórios, o contrato pode ser celebrado de forma pública e de forma
particular, independente do seu valor.” (p. 940)
“Nada impede que o depósito tenha como objetos bens incorpóreos, materializados, por
exemplo, em títulos representativos, como ações de empresas e apólices.” (p. 941)
“No mais das vezes o depósito é irregular quando traz consigo uma destinação econômica,
na medidade em que, em se tratando de bens fungíveis, há transferência de domínio ao
depositário, como sucede no mútuo.” (p. 942)
“Tradicional exemplo irregular pode ser lembrado com o depósito bancário, na qual a
Instituição Financeira é depositária de quantia em dinheiro (bem fungível), utilizando-a
em suas transações, podendo o depositante retirar ou movimentar os valores depositados a
qualquer tempo.” (p. 942)
“Duas categorias de depósito estão tratadas em nosso ordenamento jurídico: (i) o depósito
voluntário ou convencional; (ii) o depósito necessário ou obrigatório, que, por seu turno,
se subdivide em (ii.1) depósito legal; (ii.2) depósito miserável e (ii.3) depósito hoteleiro
ou do hospedeiro” (p. 945)
“Por sua vez, o depósito miserável resulta de situações extraordinárias que justificam a
necessidade de uma pessoa socorrer a quem se encontra em perigo, diligenciando a guarda
de bens que estão na iminência de serem destruídos por uma calamidade.” (p. 947)
“Por outro lado, o conceito de bagagem, [...] deve abranger ‘todas as coisas que um
hóspede, normalmente, porta consigo, seja ou não o proprietário, levando em
consideração o tipo de viagem, o nível do hotel e a situação econômica do consumidor’,
[...].” (p. 948)
“Apesar do silêncio da norma, lembramos que no Código Civil (Art. 932, IV) vem
estabelecida a responsabilidade objetiva do hospedeiro pelos danos causados aos seus
hóspedes (ou ao patrimônio deles), inclusive, decorrentes de atos praticados por outros
hóspedes ou por frequentadores que transitam pelo local”. (p. 949)
“Vale frisar que, se por um lado, o hoteleiro assume a posição jurídica de depositário, com
diversas responsabilidades; de outra banda, é compensado pelo próprio sistema, que lhe
defere o direito de penhor legal (CC, art. 1.467) sobre as bagagens, os bens móveis, as
joias e o dinheiro de propriedade de seus consumidores inadimplentes, em função das
despesas da pessoa do devedor e dos seus familiares.” (p. 951)