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Cuidado à Criança com

Febre

Cecília Helena de Siqueira Sigaud


Febre
 Uma das principais queixas em
atendimentos pediátricos
 Sinal inespecífico de adoecimento
 Discutível quando e como deve ser
combatida
 Em menores de 2 meses, é pouco comum e
indica necessidade de avaliação médica
imediata
Mecanismo de regulação
da temperatura corporal
 Hipotálamo anterior controla o mecanismo
que regula a temperatura corporal central em
37oC +/- 1oC, e reage à variação da
temperatura ambiente enviando comandos
nervosos que levam à perda ou conservação
do calor.
 Mecanismo de perda de calor: dilatação de
pequenos vasos e suor.
 Mecanismo de conservação e produção de
calor: vasoconstrição, piloereção e tremores.
Fisiologia da febre

 É um ajuste para cima da temperatura


corporal, decorrente de distúrbio no
mecanismo de regulação térmica
 Resulta do contato com microrganismos
infecciosos, complexos imunológicos e
outras fontes de inflamação, produzindo
liberação de substâncias que funcionam
como “pirogênios endógenos”, causando
aumento do mecanismo de regulação
térmica entre 38 e 41oC
Hipertermia

 Ocorre quando os mecanismos de


perda de calor não são suficientes
para compensar o calor e a
temperatura corporal se torna superior
à do mecanismo de regulação térmica
 Manifesta-se devido à atividade física
extrema, excesso de roupa, ambiente
quente
Mitos relativos à febre

Antes vista como benéfica para o


organismo e, ao final do sec. XIX, como
ameaça à saúde (“fobia da febre”)
Mitos:
 Febre considerada como doença em si mesma
 “Quanto maior a febre, mais grave a doença”
– infecções virais benignas podem cursar
acompanhadas de febre elevada
Mitos relativos à febre

 “Febre elevada causa convulsão” - evento raro


(3-4%), que ocorre em crianças susceptíveis
 “Febre acima de 39oC lesa o cérebro e pode
causar retardo mental” – acima de 41oC a
febre é danosa ao organismo
 Dipirona é mais eficaz para supressão da febre
 Paracetamol em dose terapêutica pode estar
associado a lesões hepáticas
Efeitos da febre

Benéficos
 Aumento moderado da febre pode
melhorar desempenho das respostas
imunológicas do organismo para
eliminação de vírus e bactérias e inibir
o crescimento de microrganismos
Efeitos da febre
Prejudiciais
 Crianças muito debilitadas ou com doença
pulmonar e cardiovascular grave podem ser
afetadas pelo aumento do consumo de O2 e
do débito cardíaco na vigência da febre
 Temperatura muito alta, a partir de 42oC,
pode causar lesão neurológica
 Em algumas crianças, febre pode estar
associada com risco de recidivas de
convulsões
Manual técnico de Enfermagem -
Abordagem da criança com febre

Criança com febre


(T≥37,3ºC)

Cr < 3 meses Cr ≥ 3 meses


ou ou
T ≥ 39ºC T < 39ºC
Consulta Consulta
médica Enfermagem
Medida da temperatura

Segundo Manual técnico de enfermagem:


Saúde da Criança e do Adolescente, da
Prefeitura de São Paulo (2012, publ. 2015)
 Febre Taxilar ≥ 37,3oC

Segundo Ministério da Saúde


 Febre alta Taxilar≥38,5oC

Clínica médica pediátrica


 Tratamento medicamentoso para febre T
≥37,8oC
Avaliação da criança com
febre
 Acompanhar a evolução da febre e o estado de saúde geral
da criança. Perguntar:

- Quando a febre da criança teve início? Quantos


episódios de febre apresentou ao dia?
- Mediu a temperatura da criança durante a febre? Qual
o valor da T?
- Qual foi o estado geral da criança durante a febre?
- Realizou medidas para redução da T?
- Utilizou medicamento para tratar a febre? Qual? Qual o
efeito encontrado?
- Qual foi o estado geral a criança no pós-febre?
Diagnósticos de
Enfermagem - CIPESC

Sinal ou Diagnóstico de
Característica Enfermagem - CIPESC
definidora
Taxilar ≥ 37,3oC* Hipertermia ou
Presença de Hipertermia
* Fonte: São Paulo. Secretaria da Saúde. Coordenação da Atenção
Básica. Manual técnico de enfermagem: Saúde da Criança e do
Adolescente nas Unidades Básicas de Saúde. São Paulo: SMS; 2012.
Avaliação da criança com
febre
Consulta de Enfermagem
Observar:
 Letargia ou irritabilidade  Palidez ou cianose
 Mucosa seca  Olhos encovados
 Desconforto respiratório  Atividade convulsiva
 Vômito em jato  Exantema
 Rigidez de nuca  Petéquias
 Abaulamento de  Não consegue beber,
fontanela mamar, ou se alimentar

Se algum sinal presente Avaliação Médica


Sinais

Abaulamento
Petéquias da fontanela
Sinais

Rigidez de nuca

Pedir para a criança olhar para o umbigo ou os pés


Tratamento da criança
com febre
 Quando é manifestação isolada, tratamento
da febre é controverso porque pode ser
mecanismo de defesa orgânica contra
infecções
 Controle da febre quando: compromete o
estado geral ou provoca desconforto
 Alívio da febre:
– Medidas de resfriamento corporal
– Medicamentos antitérmicos
Tratamento da criança
com febre
 Tratamento medicamentoso para controle
da febre, em caso de estado geral ruim ou
desconforto
Antitérmicos estão entre os
medicamentos mais utilizados em
crianças e são frequente causa de
intoxicações, por erro na administração
ou por interação medicamentosa
Tratamento da criança
com febre
Em caso de sinais ausentes
Medidas para redução da temperatura:
 Ambiente fresco e arejado

 Vestimentas leves de acordo com a


temperatura ambiente
 Compressas frias e banho morno

Aumentar a oferta de líquidos


Tratamento da criança com
febre
Se T ≥ 39oC, prescrição medicamentosa pelo enfermeiro:
Checar alergia da criança antes da escolha do medicamento
 Paracetamol 200mg/ml: 1gota/Kg, de 6 em 6 horas
 Ibuprofeno 50mg/ml : 1gota/Kg, de 6 em 6 horas
 Dipirona 500mg/ml: 1gota/Kg ou 10 a 15mg/Kg, para
crianças com 3 meses ou mais, intervalo mínimo de 6h
Explicar riscos de intoxicação se administração do
medicamento em intervalo menor
Se história de Convulsão Febril, medicar com T=37,8 º C ou
mais
Retorno da criança para
avaliação na UBS (AIDPI)
 Caso a febre persista, retorno em 2
dias para reavaliação na UBS (indique
a data de retorno)
 Retorno para reavaliação
imediatamente se:
– Não consegue beber nem mamar
– Piora do estado geral
– Piora da febre
Referências
complementares
 Wannmacher L, Ferreira MBC. Febre: mitos
que determinam condutas. Brasília; 2004.
Disponível on line:
http://www.ibilce.unesp.br/Home/Administr
acao456/CCI/Febre_ministeriodasaude.pdf
 Bricks LF. Tratamento da febre em crianças.
Pediatria (São Paulo). 2006;28(3):155-158.

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