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CONSIDERAÇÕES SOBRE A BIOSSEGURANÇA EM


ARQUITETURA DE BIOTÉRIOS

Telma Abdalla de Oliveira Cardoso


Fundação Oswaldo Cruz
Av. Brasil 4036, sala 709, 22041-361, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Este trabalho visa a reflexão do desenvolvimento da pesquisa científica brasileira, relativa


à programação arquitetônica de biotérios e de laboratórios de experimentação animal,
tendo como premissa que o ambiente físico é um aspecto importante, que contribui para
a confiabilidade e repetibilidade dos resultados experimentais.
Para a discussão das variáveis que caracterizam a ciência de animais de laboratório, a
equipe multidisciplinar envolvida, necessita lançar mão de diretrizes para fundamentar
o processo de planejamento das edificações.
A programação arquitetônica representa uma das formas de pensar da própria atividade
de pesquisa, propondo-se a definir as condições adequadas, espacial e ambientalmente, para
que o trabalho do pesquisador possa se desenvolver.

A complexidade e diversidade das adicional para os profissionais de saúde sob


atividades do setor saúde vão desde o dois aspectos. Primeiro, no que diz respeito à
atendimento primário, que expõe o profissional definição de mecanismos eficazes de contenção
a uma gama de agentes de risco por vezes do processo epidêmico e, segundo, na
desconhecidos, até sofisticados estudos com identificação de medidas que assegurem o
DNA recombinante, que colocam o profissional controle do risco ao qual estão sujeitos esses
diante de uma tecnologia avançada de terapia profissionais.
gênica, cuja dimensão de risco constitui em Biossegurança pode ser definida como
desafio a ser mensurado. sendo um conjunto de ações voltadas para a
Além do enfrentamento com agentes prevenção, minimização ou eliminação de riscos
patogênicos tradicionais, as doenças emergentes inerentes a estas atividades e que podem
e reemergentes representam um problema comprometer a saúde do homem, dos animais,
do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos
Solicitar separatas ao:
desenvolvidos. Neste contexto está inserida a
Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (OPAS/OMS). atuação do médico veterinário, que é essencial

Bol. Centr. Panam.


Bol. Centr. FiebreFiebre
Panam. Aftosa,Aftosa,
64-67:64-67,
3-17, 1998-2001
1998-2001
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para o estabelecimento e manutenção das de maior importância assegurando a eficácia de seu


condições adequadas em uma unidade de criação funcionamento e, consequentemente, o cuidado e
ou de experimentação animal. a vigilância adequados à manutenção dos animais
ali alojados.
A classificação do nível de biossegurança,
nos laboratórios de experimentação animal, é Inicialmente, temos que estabelecer
norteada por diversos fatores. Dentre eles alguns conceitos relativos à organização e critérios
destaca-se a patogenicidade do microrganismo de programação, objetivando subsidiar a
infectante, virulência, via de inoculação, elaboração e avaliação dos projetos. Discuti-
endemicidade, conseqüências epidemiológicas, remos aspectos referentes à qualificação e
disponibilidade de tratamento eficaz e de quantificação dos animais de laboratórios,
medidas profiláticas (2). localização e edificação do biotério,
Em 1997, a Comissão Técnica Nacional dimensionamento interno, organização espacial e
de Biossegurança estabeleceu a “Classificação funcional, entre outros. A estruturação da área
de agentes etiológicos humanos e animais com deve estar relacionada ao tipo de atividade a ser
base no risco apresentado”, em sua Instrução desenvolvida. A relação entre espaço e atividades
Normativa n 0 7 (1). Como forma de são caracterizadas por requisitos ambientais,
exemplificação, observa-se que: Leishmania, morfológicos e funcionais.
Toxocara canis, Lepstopira interrogans,
CARACTERIZAÇÃO DE BIOTÉRIOS
Clostridium botulinum e o vírus rábico
pertencem à classe de risco 2. Brucella, Biotérios são instalações capazes de produzir
Mycobacterium bovis, vírus rábico urbano e e manter espécies animais destinadas a servir
vírus da Varíola Símia pertencem à classe de como reagentes biológicos em diversos tipos de
risco 3. Os agentes da Febre Hemorrágica ensaios controlados, para atender as necessidades
(Junin, Sabiá, Lassa e outros), vírus da Peste dos programas de pesquisa, ensino, produção e
Suína, Vírus da Febre Aftosa e o vírus da Peste controle de qualidade nas áreas biomédicas, ciências
Equina Africana pertencem à classe de risco 4. humanas e tecnológicas segundo a finalidade da
Portanto, o tipo de projeto de edificação dos instituição.
laboratórios de experimentação animal será Cada situação é específica, devendo o
determinado por esta classificação. projeto ser estabelecido em função do plano de
O presente trabalho visa contribuir com produção ou de necessidades de utilização de
a equipe multidisciplinar envolvida no animais.
planejamento de um projeto arquitetônico, no Necessitamos estabelecer requisitos quanto
momento em que discute a maioria das variáveis à organização funcional, espacial e construtiva que
que caracterizam a ciência de animais de permitam a criação ou a experimentação animal
laboratório. dentro de padrões de higiene, assepsia e segu-
O desenho das instalações que compõem rança necessários à obtenção ou utilização de
um biotério ou um laboratório de diferentes espécies animais segundo seu padrão
experimentação animal, constitui um dos fatores sanitário. Os animais criados serão usados como

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reativos biológicos. Portanto a sua pureza deverá ambientais desfavoráveis. Neste caso, é importante
ser fiscalizada ainda dentro do biotério, de forma que sejam observadas as normas para o transporte
a apresentar reações uniformes propiciando a dos animais.
repetibilidade e a reprodutibilidade de resultados
CRITÉRIOS GERAIS DE PROGRAMAÇÃO
experimentais.
A obtenção de determinadas informações a
Tanto os animais de criação, que serão respeito das necessidades irão orientar o
utilizados como reativos, quanto os animais planejamento da edificação. Sugerimos que seja
infectados requerem uma permanente obedecido o seguinte roteiro demonstrativo:
vigilância ambiental, higiênica, profilática, espécie animal; definição do padrão sanitário;
epidemiológica, nutricional e genética. Isto densidade de ocupação animal; tipo de caixas e
demostra, uma estrita disciplina operacional. de estantes; tipo de separação por sala (espécie
Também significa que deverá haver uma animal, tipo de ensaio ou nível de biossegurança);
contrapartida, em termos espaciais e necessidade de isolamento; espaços auxiliares;
construtivos, que responda a esta organização definição do fluxograma das operações; tamanho
funcional. da sala incluindo altura, largura e comprimento;
arranjo interno dos espaços; informações a
TIPOS DE BIOTÉRIOS
respeito da circulação ou tráfego, incluindo
Um dos pontos a ser analisado para a atividades operacionais tais como entrada de
instalação de um biotério é a localização, que caixas, ração, saída do lixo, lavagem de materiais
está diretamente relacionada à sua finalidade. A (caixas e bebedouros), quarentena, dentre outras;
localização deverá apresentar, certas características tipos de linhas de serviços (água, gases, energia
tais como, facilidade de estacionamento, e interfonia); circulação vertical (escadas e
local para carga e descarga de animais e elevadores) e rotas ( rotas de acesso e de saída) (10).
suprimentos (18).
IMPLANTAÇÃO DO BIOTÉRIO
No biotério de experimentação, onde os
animais ficarão alojados durante um Os biotérios podem ser implantados de
determinado período experimental, a prática duas formas: pavilhonar ou em bloco único.
tem demostrado a conveniência de que esta
O sistema pavilhonar possui áreas destinadas
construção seja próxima à do laboratório de
aos animais independentes da área de controle de
pesquisa. Ter-se-á, portanto, uma construção
serviços. Nas áreas dos animais encontram-se os
em torno da qual existam laboratórios. Assim,
equipamentos mecânicos, bem como o depósito de
deverão ser previstos espaços para a instalação
ração e suprimentos. Nas áreas de serviço
de barreiras sanitárias de proteção, tanto para o
encontram-se a recepção dos suprimentos,
trabalhador quanto para o meio ambiente.
escritórios e equipamentos para lavagem e
Preconiza-se a instalação do biotério de desinfecção. Esta forma é bastante favorecida por
criação em áreas isoladas, distantes de centros limitar o acesso. Os animais são facilmente separados
urbanos, em locais onde possa ser mais por espécie e por categoria, em edificações específicas,
facilmente evitada a introdução de fatores contendo anexos comuns. Além disto, a construção

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pavilhonar facilita a expansão quando necessária. No segundo tipo o acesso e a saída das
Porém, para este tipo de edificação, são elevados os salas são separados, ou seja, passam a ocorrer por
custos de construção e de manutenção. Os espaços dois corredores independentes, havendo, portanto,
de apoio comuns deverão estar localizados maior nível de contenção. Este biotério possui
centralmente em relação às áreas de produção a fim melhor padrão sanitário porém requer maior
de que sejam facilitados os fluxos operacionais área física. Temos dois corredores separados. O
(figura 1). primeiro, denominado corredor de acesso (de
distribuição ou corredor “limpo”), é destinado ao
O sistema construção em bloco único
tráfego de pessoal técnico e de material a ser
está disposto num só piso, situado ao nível
enviado às salas. O segundo, denominado corredor
térreo, para facilitar o controle sanitário, as
de retorno (ou corredor “contaminado” ou “sujo”)
rotinas de trabalho, o acesso de pessoal, de
é destinado à saída de todos os materiais a serem
suprimentos e a evacuação de lixo. Neste tipo
encaminhados à esterilização, lavagem e incineração
de implantação os acessos ao biotério se dão
(figura 2b).
através de barreiras. São independentes dos
acessos às outras áreas ocupadas. Pode possuir Com o intuito de aumentar a área
um único corredor ou um sistema de dois laboratorial e de manutenção de animais, podemos
corredores (figura 2). obter biotérios de altos padrões sanitários com
No sistema mais simples, que constitui um só corredor se houver um controle rígido das
o biotério convencional, a circulação de boas práticas laboratoriais. Neste tipo de biotério
pessoas, de material limpo, de lixo teríamos a entrada e saída de materiais sendo feita
contaminado e de outros materiais, são feitos através de autoclaves de porta dupla. (Figura 3).
através de um único corredor, o que pode Tanto para a forma pavilhonar quanto
propiciar contaminação. para a de bloco único, o biotério deverá ser

Unidades de criação ou de
experimentação

Área de
controle FIGURA 1.
Sistema pavilhonar de
construção.

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Sala de Armazenamento
de Resíduos Recepção
Sala de Equipamentos
Sala de Áreas de
Área de Depósito Sala de Preparo Lavagem Depósito
Recepção Depósito
de Ração Quarentena
Quarentena Sala de Lavagem "Air Lock"
Sala de Pós
Sala de Animais Operatório
Sala de
Sala de Cirurgia
Armazenamento de
Sala de Animais
Fluxo de Pessoas e Materiais
Resíduos

Corredor "Sujo"

Corredor "Limpo"
Sala de Animais
Sala de Animais

Sala de Animais

Sala de Animais
"Air Lock"
Sala de Animais
Sala de Pós
Operatório
Sala de Vestiários
Cirurgias

Sala de
Reuniões Vestiários Áreas de Escritório
Área de Escritórios Convívio
2a 2b

FIGURA 2. Biotério de corredor único e biotério com dois


corredores (National Research Council).

implantado em áreas dotadas de todos os tipos de estímulo experimental. Meio ambiente e espaços
serviços públicos necessários ao seu perfeito mal planejados podem propiciar situações
funcionamento (8). dramáticas como a super-aglomeração que leva à
asfixia ou ao canibalismo. O ambiente artificial
Recomenda-se que a área total construída
transtorna, por vezes, aspectos comportamentais
para instalação do biotério corresponda a,
essenciais. Price, em 1976, observou tal
aproximadamente, 10% da área total da
transformação em espécies que praticam a
instituição à qual irá atender.
territorialidade mas que, em cativeiro, passam
CONDIÇÕES AMBIENTAIS - ASPECTOS a estabelecer hierarquias sociais, desde que os
RELEVANTES indivíduos menos fortes não têm como evitar
Em termos de resposta biológica, todo os indivíduos dominantes (12).
experimento animal é a composição de efeitos
1. Temperatura e umidade
genéticos e ambientais. Muitos fatores físicos,
químicos e microbiológicos do ambiente, Estas condições estão associadas aos níveis
acrescidos aos fatores genéticos, podem, de de metabolismo e comportamento animal. Para
alguma forma, influenciar a resposta do animal ao cada espécie animal existe uma faixa requerida de

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2. Luminosidade

Recepção
Na definição das condições ambientais de
Sala de
Sala de Lavagem e
Armazenamento
Preparo de Materiais
luz, deverão ser considerados a duração do
Depósito de Resíduos

fotoperíodo (horas/luz X horas/escuro), a


Câmera de Transferencia
Área de Armazenamento
intensidade expressa em Lux (lumens/m2) e o
Prov isório de Resíduos
Auto Clave
comprimento de onda, expressa em Angstrons.
A luz visível estimula fotorreceptores e é
Sala de Animais

responsável pela fotoperiodicidade que regula


Sala de Animais

os ritmos circadianos, ciclos reprodutivos,


Perímetro de Barreiras

Acesso Controlado
atividade locomotora, consumo de água e
Depósito de Suprimentos
alimentos, temperatura corpórea, toxicidade e
Escr itório Vestiários efetividade de drogas, níveis séricos de lipídeos
do
Laboratório
e de outros elementos.
"Air Lock" de Suprimento
Sala
O fotoperíodo deverá ser controlado. A
de Área Administrativa
Reuniões luz é um fator sincronizador que origina o
sistema circadiano, que é uma adaptação
filogenética quase sincrônica com a rotação da
FIGURA 3. Planta para áreas de
Terra. A duração do fotoperíodo é um assunto
isolamento em biotérios (National
ainda em discussão.
Research Council).
Temos ainda alguns fatores interferentes,
tais como a localização das caixas nas estantes e
temperatura e umidade ambiental, na qual a o material usado na confecção das caixas, dentre
temperatura corporal pode ser mantida constante outros. É um engano achar que a iluminação
através de mecanismos termorreguladores. obtida através das janelas ou vidraças é natural.
Para estabelecer as condições ambientais A luz obtida desta forma, apresenta um espectro
de temperatura e umidade deverá ser mais vermelho, para o qual os animais de
considerada a transferência de calor por laboratórios são insensíveis, e menos violeta,
irradiação do animal para o ambiente, a perda que, além de elevar a carga térmica do recinto,
de calor livre ou forçado devido ao movimento aumenta o custo dos equipamentos de
do ar e a perda de calor por condução desde o climatização (22).
corpo do animal aos materiais que entram em
3. Gradiente de pressão
contato com ele. Além disto, para ajuste das
condições térmicas, deverão ser considerados O fluxo de ar de áreas sujas para áreas
ainda aqueles fatores que foram impostos aos limpas deve ser banido e as pressões de ar
animais para fins de sua adaptação, tais como deverão ser sempre maiores nas áreas limpas ou
tamanho e material da gaiola, a presença ou estéreis, nas quais é requerido menor
ausência de material de cama, densidade contaminação ou maior assepsia. Já nas salas de
populacional e outros. experimentação animal as pressões de ar devem

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ser sempre menores que nos corredores de naturalmente devido à necessidade de se


acesso, para que seja evitada a contaminação padronizarem as condições físicas do animal,
ambiental por microrganismos patogênicos. permitindo a realização de experimentos que
Os gradientes de pressão, além do diferencial possam ser repetidos a qualquer momento.
de pressão, deverão também ser assegurados. Micro-ambiente é o ambiente imediato da
Por exemplo: os gradientes de pressões em áreas gaiola. Este ambiente é fundamental para o projeto
estéreis ou limpas para as áreas sujas devem ser: e o planejamento de biotérios.
depósito de suprimentos esterilizados e corredor
Os componentes mais importantes, a nível
limpo: tripla positiva; salas de animais devem possuir
do micro-ambiente, são os materiais usados na
pressão dupla positiva; corredor sujo pressão
confecção de gaiolas, o projeto da gaiola, a
positiva simples e o exterior pressão normal (21).
distribuição espacial das gaiolas e o material da
4. Ruído cama.
O som é uma das variáveis mais As correntes convectivas, provocadas pelo
importantes do meio ambiente em biotérios. calor dos animais, associadas ao número de
Nestes ambientes os ruídos originam-se de diversos animais por gaiola, de gaiola por estante e de
fatores, tais como vocalização de pessoas e dos gaiolas por sala, são fatores que poderão
próprios animais, operações de limpeza e de contribuir para a contaminação cruzada. O
alimentação, funcionamento de equipamentos, movimento de ar resultante em cada sala
bater de portas, dentre outros. depende da interação entre as correntes de ar
que se originam das gaiolas com animais, de
Avaliam-se os ruídos pela intensidade, que
outras fontes de calor (equipamentos, lâmpadas
é medida em decibéis (dB) e, pela freqüência, que
e janelas), de movimento, bem como do próprio
é medida em Hertz. As freqüências inaudíveis ao
sistema de insuflamento e de exaustão.
homem são chamadas de infra-som (baixas) (sons
graves) e ultra-som (altas) (sons agudos). RISCOS PROVENIENTES DO MANEJO
A maioria dos animais, incluindo os DE ANIMAIS
animais de laboratório, ouvem sons de O manejo de animais oferece aos humanos,
freqüências superiores àquelas audíveis pelo basicamente, dois tipos de risco: o de infecção e o
homem (13). Tanto o homem quanto os animais traumático (por agressão), que muitas vezes poderá
apresentam, dentro de suas faixas de freqüências levar ao infeccioso.
de audição, as chamadas faixas de sensibilidade,
Os animais podem excretar microrga-
ou seja, um ou mais intervalos de freqüência nos
nismos nas fezes, urina, saliva ou aerolizá-los,
quais é maior a percepção da intensidade
originando, consequentemente, infeccões.
do som.
Existe ainda a possibilidade de inoculação de
CONSIDERAÇÕES SOBRE O patógenos por mordeduras ou arranhaduras,
MICRO-AMBIENTE assim como a transmissão direta, por contato
A importância do controle ambiental, seja com o animal, seu sangue ou tecidos coletados
do macro-ambiente ou do micro-ambiente, se dá em necrópsias e autópsias, e indireta, por inalação

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de poeira originada das gaiolas e camas dos O laboratório de experimentação animal


animais (19). de contenção, nível de biossegurança 3, requer
Considerando, ainda, que animais infectados desenho e construção mais especializados que
podem apresentar infecções subclínicas, não aqueles de níveis 1 e 2. Neste nível de
apresentando os sintomas da doença, todos os biossegurança, os técnicos deverão receber
animais deverão ser considerados potencialmente treinamentos específicos quanto ao manuseio
infectados (11). Além disto é bom lembrar que, seguro destes microrganismos.
geralmente, as infecções naturais oferecem maior No laboratório de experimentação animal
risco que as induzidas. Isto porque não são de contenção máxima, nível de biossegurança 4, as
geralmente sintomáticas e não serão detectadas atividades estão diretamente relacionadas às
antes das primeiras manifestações (4). atividades do laboratório de contenção máxima.
Só deverão funcionar sob o controle direto das
NÍVEIS DE CONTENÇÃO FÍSICA autoridades sanitárias e, devido ao alto grau de
Os níveis de contenção física estão complexidade de atividades, recomenda-se a
relacionados aos requisitos de segurança para o elaboração de manual de procedimento de trabalho
manuseio de agentes infecciosos. São pormenorizado devendo ser previamente testado
classificados em quatro classes de risco (20). por exercícios de treinamento.
Estes agentes estarão presentes naturalmente
ou inoculados experimentalmente em animais
BARREIRAS PRIMÁRIAS
nos biotérios de experimentação e irão
estabelecer os níveis de biossegurança. Barreira é um sistema que combina
aspectos construtivos, equipamentos e
Laboratórios de experimentação animal
métodos operacionais que buscam o controle
de nível de biossegurança 1 são aqueles utilizados
das condições ambientais das áreas fechadas e
no ensino básico. Nestes não é necessário
a minimização das probabilidades de
nenhum tipo de desenho especial além do
contaminações (20).
atendimento às boas práticas laboratoriais e de um
planejamento eficaz. Se refere aos tipos de equipamentos
utilizados dentro da sala para evitar a
Os laboratórios de experimentação
contaminação e a liberação de contaminantes
animal de nível de biossegurança 2 são
biológicos, químicos ou radiológicos. São
aqueles que manipulam animais infectados
constituídas pelas caixas com sistemas de
com microrganismos da classe de risco 2.
ventilação-exaustão próprios e pelas cabines
Nestes, o atendimento às boas práticas
de segurança biológica (14).
laboratoriais estão somadas alguns requisitos
físicos de construção. - Caixas ventiladas
Os laboratórios níveis 1 e 2 são Estas caixas podem ser: caixas com filtros
considerados laboratórios básicos de no topo, caixas de isolamento e cubículos para
experimentação animal. isolamento de caixas (figura 4).

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- Cabines de Segurança Biológica EQUIPAMENTOS ESPECIAIS


PARA CONTROLE DE CONTAMINAÇÃO
Estes tipos de equipamentos têm como AMBIENTAL
objetivo principal conter quaisquer aerossóis
gerados durante os ensaios com animais, tais Sistema de contenção animal de ar limpo
como: necrópsias de animais infectados, manuseio Este é um sistema de contenção parcial
de fluidos ou tecidos; ovos de animais infectados; (figura 6). Necessita de equipamentos de
inoculação intranasal de animais e manipulação de proteção individual para os técnicos. Previne a
altas concentrações ou grandes volumes de material propagação de infecções entre os animais nos
infeccioso. cubículos adjacentes. Minimiza tanto as
Estes equipamentos devem ser ligados ao infecções cruzadas dentro dos cubículos quanto
sistema de emergência no caso de falhas no a exposição dos animais aos contaminantes do
fornecimento de energia (17). São eles (figura 5): ar da sala. Caixas convencionais são mantidas
cabine de segurança biológica classe I, classe II, em cubículos com frente aberta, colocados
classe II A, classe II B 1, classe II B 2, classe II B verticalmente dos dois lados da sala. O ar
3 e classe III. (22). insuflado passa por filtros absolutos (HEPA),

Filtro de Filtro de Poliester Filtros


Fibra de Vidro Prensado Hepa
CAIXAS COM FILTROS NO TOPO

Filtro Hepa

Filtro de Alta Eficiência

Cúbiculos para Isolamento de Caixas

Filtros
Hepa

Caixa de Contenção Total

FIGURA 4. Tipos de caixas (National Research


Council).

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de cima para baixo, por entre as passagens dos - Incineradores


cubículos, e é retirado de dentro das caixas sendo
A incineração é um método útil para o
exaurido pela parte inferior dos cubículos. O ar é
descarte dos resíduos dos laboratórios de
recirculado através de filtros HEPA (23).
experimentação animal. Este processo só será
- Autoclaves indicado em substituição ao da autoclavação nos
Os métodos mais eficazes de esterilização casos de existência de um incinerador sob o
de materiais oriundos dos laboratórios de controle do próprio laboratório e se houver a
experimentação animal são aqueles que utilizam existência de câmara secundária de combustão
a aplicação de calor úmido por pressão. Para a (5). São desenhadas de forma a permitir ótima-
execução destas atividades são utilizadas três combustão e o mínimo de emissão de poluentes
tipos de autoclaves: com deslocamento por no ar. Os resíduos são incinerados na câmara
gravidade, à vácuo e do tipo panela de pressão primária, onde a temperatura atinge pelo menos
aquecida com combustível. 8000 C. Os gases combustíveis e partículas que
deixam a câmara primária são totalmente
oxidados na câmara secundária por adição de
calor onde a temperatura deve atingir no mínimo
1000 0 C. Os materiais que se destinam à
Filtro Hepa incineração, mesmo após serem autoclavados,
na Exaustão
Abertura para
Trabalho Fluxo de Ar
devem ser transportados até o incinerador, dentro
de sacos plásticos fechados totalmente, de forma
Filtro Hepa
a não permitir o derramamento de seu conteúdo
Visão Frontal Visão
na Exaustão
Filtro Hepa no Ar Cabine de Lateral mesmo se virados para baixo. Os sacos contendo
de Fornecimento Segurança
Biológica Classe os resíduos deverão ser enviados dentro de um
I
recipiente fechado e com tampa. As lixeiras para
Visão Frontal Visão Lateral Filtro resíduos deste tipo deverão ser providas de
Hepa
Difusor do na tampas (3).
Cabine de Segurança Ar de Exaustão
Biológica Classe II Fornecimento Espaço de
(Tipo1) Exaustão O tamanho do incinerador será
com
Filtro Hepa Pressão determinado pelo tipo, volume, peso do resíduo
Negativa
Visão Frontal Visão Lateral e tempo gasto na operação de incineração. Além
Exaustão
Exaustão Fornecimento Cabine de Segurança destes fatores sempre, no projeto deste
Filtro Hepa
Biológica Classe II (Tipo 2)
equipamento, deverá ser lembrado que durante
a vida útil do mesmo haverá mudanças ou
Visão Frontal Visão Lateral
decaimentos na capacidade de carga. Os
Cabine de Segurança incineradores podem produzir fumaça, gases,
Biológica Classe III
cinzas e odores. A cinza é um fator dependente
FIGURA 5. Tipos de cabines de segurança do tipo de incinerador. O odor é um
biológica (National Research Council). fator presente em todos os tipos.

Cardoso
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Filtros Hepa

Pré Filtro
Cubículos

Passagem de
Trabalho
Visão Lateral Visão Lateral

Filtros Hepa Filtros de


Carvão

Cubículos Difusão do
Ar de
Fornecimento
Passagem de
Trabalho
Visão Lateral Visão Frontal

FIGURA6. Sistema de contenção animal de ar


limpo (National Research Council)

- Barreiras secundárias d) Portas - confeccionadas em material


retardante a fogo, a prova de insetos e roedores,
São componentes de edificação que incluem:
nas dimensões de 1,00 X 2,00m (no mínimo) e,
piso, paredes, teto, portas, air-locks, guichês de
com dispositivo de abertura sem a utilização
transferência, sistema de ar, dentre outros.
das mãos. Deverão possuir uma placa de
a) Paredes em alvenaria estrutural reforçada, proteção, com altura mínima de 0,40m em relação
com acabamentos sem juntas nem reentrâncias, ao piso, para evitar fuga de roedores.
com cantos arredondados, impermeáveis a líquidos
e) Janelas - não é recomendável a
e resistentes a desinfetantes químicos e gasosos.
instalação de janelas com projeção ao exterior,
b) Pisos antiderrapante, em resina epoxi, pois podem alterar as condições climáticas.
de alta resistência, com acabamento sem juntas,
sem reentrâncias, com cantos arredondados, - Sistemas de Barreiras
impermeável a líquidos e resistentes a desinfetantes
químicos e gasosos. Suas principais variáveis são:
c) Tetos em estrutura lisa, sem juntas e a) Entrada e saída de materiais
reentrâncias, com cantos arredondados e com feitos através de barreiras tipo câmaras
acabamentos resistentes a desinfetantes químicos e pressurizadas (air-lock), autoclaves, tanques de
gasosos. imersão, guichês de transferências e outros.

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O guichê de transferência é, normalmente, trouxeram um vírus desconhecido da África


um túnel de dupla porta com abertura controlada Central (9).
e com sistema de desinfecção prévia por lâmpada A relevância do paradigma
ultravioleta, óxido de etileno ou qualquer outro biotecnocientífico no mundo contemporâneo
desinfetante químico, que é utilizado enquanto os decorre do fato de que, a princípio, todos nós
animais não o estão atravessando (7). estamos envolvidos nos seus efeitos. Dentre eles
O tanque de imersão (dip-tank) é um tanque podemos citar a fecundação in vitro; transferência
de passagem por imersão em que o animal passa de embriões; fármacos obtidos através das
devidamente acondicionado. biotecnologias; modificações de plantas e animais
A câmara de transferência é um guichê mais pela manipulação e reprogramação dos seus
sofisticado que apresenta adaptação para genes; combate às grandes endemias e à fome,
isoladores. tratamento do câncer e da Aids, e até
características meramente indesejáveis, dentre
b) Entrada e/ou saída de técnicos através
outras. Todas estas atividades envolvem uso de
de vestiário com sistema de dupla porta,
técnicas de biologia molecular, uso de novas
pressurizadas (air lock) e outros.
terapêuticas que utilizam medicamentos ou
c) Sistema de condicionamento do meio células vivas de animais, manipulação de
ambiente, em especial o ar condicionado, microrganismos e a produção de animais
quando obedecer a padrões pré estabelecidos geneticamente definidos para diversos fins, que
tais como filtragem, não recirculação do ar, expõem o trabalhador de saúde a riscos de
equilíbrio e outros. origem biológica, se constituindo, portanto em
um dos maiores desafios atuais (15). Os animais
CONCLUSÃO
utilizados nestas técnicas geralmente são
A atual era tecnológica, em que a interferência imunocomprometidos e, por esta razão,
do homem no meio ambiente e o encurtamento devemos repensar os ensaios de alto risco e o
das distâncias concorrem para o surgimento e desenvolvimento dos agentes infecciosos que
agravamento do risco da introdução ou são administrados aos animais. Uma publicação
reincidência de doenças zoonóticas, alerta para a do ASM News em 1990, há o questionamento da
discussão das condições de biossegurança nas replicação do HIV em camundongos SCID
instituições de pesquisa, ensino, desenvolvimento e as interações entre as viroses endógenas do
tecnológico e prestação de serviços. animal e o vírus HIV que poderiam produzir
Em 1967 o mundo se espantou com o pseudo tipos. Avaliam também, o risco da
aparecimento de uma nova doença. Era transmissão por aerossóis. Este tipo de
trazida pelos macacos verdes importados transmissão amplifica o potencial de exposição
para experiências de laboratório num instituto em uma área de experimentação animal. Os
de pesquisa em Marburg, na Alemanha pesquisadores aconselham, portanto, que se
Ocidental. Sete seres humanos morreram, utilizem recomendações para laboratório de
entre o pessoal do laboratório e as experimentação animal do nível 3 ao invés do
enfermeiras que trataram deles. Os macacos laboratório de nível 2, neste tipo de modelo

Cardoso
15

animal (16). Isto exemplifica claramente que cada Profissionais com qualificação adequada e
atividade de risco deve ser bem avaliada quanto suportes laboratoriais adequados podem
às aplicações de biossegurança, e que poderá ocasionar uma queda acentuada nos custos da
haver situações em que níveis de biossegurança pesquisa. Os suportes laboratoriais são
maiores do que o recomendado sejam dependentes do projeto de edificação. Para a
necessários, devido à natureza da atividade ou à elaboração deste projeto há a necessidade de
proximidade do laboratório de experimentação intercâmbio, contínuo e intenso, entre os
com locais de riscos. Da mesma forma, um pesquisadores e usuários com os engenheiros e
determinado nível de biossegurança poderá ser arquitetos, especialmente na escolha de tipos de
adaptado para compensar a ausência de acabamento, finalização de linhas de serviço,
determinadas práticas e recomendações. Os níveis de iluminação, diferenciais de pressão,
procedimentos de diagnóstico, envolvendo dentre outros detalhes evitando, assim, a
propagação de um agente para a identificação, disseminação ou a contaminação ambiental,
tipagem ou teste de susceptibilidade, podem ser infeções cruzadas e assegurando a saúde dos
realizados em instalações de nível de trabalhadores.
biossegurança 2, desde que as práticas operativas
recomendadas para o nível 3 sejam
REFERÊNCIAS
rigorosamente observadas. Por exemplo, no
trabalho com vírus rábico, os procedimentos de 1. Brasil. Ministério da Ciência e Tecnologia.
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança.
rotina com tecidos ou fluidos de animais
Instrução Normativa nº 7. In: Cadernos de
infectados podem ser realizados em instalações
Biossegurança. Lex. Coletânea de Legislação. Brasília,
de nível de biossegurança 2, porém usando as DF; março 2000.
práticas operativas de nível 3, enquanto os estudos 2. Boulter EA. Infectious hazards in safety in the
de replicação viral e a manipulação de animal house. Londres: Laboratory Animals
concentrados de vírus somente podem ser Ltda; 1981.
realizados em instalações e com práticas operativas 3. Canadian Council on Animal Care. Guide to
para o nível 3. the care and use of experimental animals.
Ontario: CCAC; 1984. 2 vol.
A biossegurança é demonstrada mediante 4. Cardoso TAO, Soares BEC, Oda LM.
a determinação dos níveis de contenção física, de Biossegurança no manejo de animais em
seus requisitos e da utilização de procedimentos experimentação. Cad Téc Esc Vet UFMG
de boas práticas laboratoriais, que são objetos 1997;(20):43-58.
da derivação dos julgamentos dos pesquisadores 5. Cardoso TAO. Resíduos em serviços de saúde.
In: Oda LM, Ávila SM, orgs. Biossegurança em
baseados no conhecimento atual e que têm por
laboratórios de saúde pública. Rio de Janeiro,RJ:
objetivo o desenvolvimento de um trabalho
FIOCRUZ; 1998.
seguro (6). Ao determinarmos que os ensaios 6. Centers for Disease Control. Laboratory safety.
com animais são uma extensão da pesquisa Atlanta, US: Dep. Health, Education and
laboratorial, os requisitos de qualidade e de Welfare/Public Health Service; 1979. (HEW
controle das variáveis são os mesmos. Publication, CDC79-818).

Bol. Centr. Panam. Fiebre Aftosa, 64-67, 1998-2001


16

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Symposium on Biosafety; 1996. INSERM; 1991.
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Cardoso
17

ABSTRACT RESUMEN

Considerations on biosafety in architecture Consideraciones a respecto de la


of laboratory animal housing. bioseguridad en arquitectura de bioterios.

This work seeks the reflection of the Este trabajo busca la reflexión del desarrollo de la
development of the Brazilian scientific research, investigación científica brasileña, relativa a la
relative to the architectural programming of programación arquitectónica de biotérios y de
laboratory animal housing and of laboratories laboratorios de experimentación animal, tiene
of animal experimentation, tends as premise como premisa que la atmósfera física es un
that the design criteria is an important aspect, aspecto importante que contribuye a la
that contributes to the reliability of the confiabilidad y repetibilidad de los resultados
experimental results. For the discussion of the experimentales. Para la discusión de las variables
variables that characterize the science of que caracterizan la ciencia de animales del
laboratory animals, the diversity team involved, laboratorio, el equipo multidisciplinar
needs to throw hand of guidelines to base the envuelto necesita usar diretrizes para basar el
process of planning of the constructions. The proceso de planificación de las construcciones. La
architectural programming represents one in programación arquitectónica representa una de
the ways of thinking of the own research activity, las maneras de pensamiento de la propia actividad
intending to define the appropriate, space and de la investigación y piensa definir las condiciones
design conditions, so that the researcher’s work apropiadas, espaciales y ambientales, para que el
can be developed. trabajo del investigador pueda desarrollarse.

Bol. Centr. Panam. Fiebre Aftosa, 64-67, 1998-2001

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