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EXEMPLO DE PETIÇÃO INICIAL

Elaborada em aulas de prática jurídica por estudantes com o auxílio do Prof. Marcus Vinícius Rodrigues. Trata-se de um exercício
de redação de petição em conjunto. É possível que haja partes truncadas. O compartilhamento para alunos de Linguagem tem o
objetivo único de promover uma visualização panorâmica de uma petição e de suas diversas partes.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO


ESPECIAL CÍVEL DE CAUSAS COMUNS DE SALVADOR

RAILANE DE SOUZA, brasileira, solteira, profissão, RG, CPF, filha de Josefa de


Almeida Souza e Jerônimo de Souza, com endereço à Rua Ivanildes, nº 13, 1º andar
Saboeiro, Salvador, Bahia, por seu advogado infra firmado, legalmente constituído
através do instrumento de mandato em anexo, atuando através do Núcleo de Prática
Jurídica da Faculdade ......................., com endereço na Avenida ...................., vem
respeitosamente perante V. Exa. propor

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER CUMULADA COM REPARAÇÃO


DE DANOS, com pedido de tutela antecipada,

em face de LENILTON OLIVEIRA PASSOS, com endereço à Rua Ivanildes, nº 13,


térreo, bairro Saboeiro, Salvador, Bahia, pelos fatos e fundamentos jurídicos que a
seguir expõe:
EXEMPLO DE PETIÇÃO INICIAL
Elaborada em aulas de prática jurídica por estudantes com o auxílio do Prof. Marcus Vinícius Rodrigues. Trata-se de um exercício
de redação de petição em conjunto. É possível que haja partes truncadas. O compartilhamento para alunos de Linguagem tem o
objetivo único de promover uma visualização panorâmica de uma petição e de suas diversas partes.

PRELIMINARMENTE,

DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

A autora pleiteia os benefícios da justiça gratuita assegurada pela lei 1.060/50 tendo em
vista não poder arcar com as despesas processuais e honorários advocatícios sem
prejuízo do sustento próprio e de sua família, estando inclusive assistida pelo Núcleo de
Prática Jurídica da Faculdade ..............., conforme documentos anexos.

DOS FATOS

A autora adquiriu do réu um imóvel com 2/4, sala, cozinha, banheiro, uma área na
frente, coberta de telha eternit, situado na Rua Ivanildes, nº 13, Saboeiro Salvador,
Bahia, no valor de R$ 10.000,00, em 11/10/2010. Desde essa data, lá reside com sua
filha de 08 anos.

O imóvel se situa em um 1º andar, em um prédio de dois pavimentos, construção típica


de bairros populares de Salvador. O réu, em novembro de 2011, passou a residir no
pavimento inferior, o térreo, exatamente abaixo do imóvel da autora. A partir dessa
data, o réu passou a praticar vários atos contra o direito de propriedade da autora.

Sem aviso prévio o réu obstruiu a rede hidráulica de água e esgoto do imóvel da autora,
que passou a ser tolhida do uso da pia da cozinha. Para não brigar com seu vizinho,
construiu uma rede de escoamento individualizada, passando pela parte externa do
imóvel. Para tanto, arcou com os custos do profissional. A obra causou-lhe um ônus de
R$ 324,24.

Não satisfeito com os atos já praticados, o réu passou a ameaçá-la de obstruir sua rede
de esgotamento sanitário. Caso essas ameaças sejam consumadas, o prejuízo para a
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Elaborada em aulas de prática jurídica por estudantes com o auxílio do Prof. Marcus Vinícius Rodrigues. Trata-se de um exercício
de redação de petição em conjunto. É possível que haja partes truncadas. O compartilhamento para alunos de Linguagem tem o
objetivo único de promover uma visualização panorâmica de uma petição e de suas diversas partes.

autora será irreparável. Ficará sem poder usar seu banheiro e sem poder satisfazer suas
necessidades mais básicas.

Convém esclarecer que a obstrução feita e aquela que se ameaça fazer não trarão
benefício algum para o réu. Não são necessárias para a utilização de seu imóvel. O réu é
movido apenas pelo desejo de atingir a autora na intimidade de seu lar.

DO DIREITO

Conforme acima demonstrado, o réu praticou atos que vieram atingir o direito de
propriedade da autora. É evidente que as tubulações de água e esgoto do imóvel da
autora precisam passar pelo imóvel do réu e originalmente foram assim construídas pelo
próprio réu.

Nesse sentido, o artigo 1.286 é taxativo ao afirmar o seguinte:

Art. 1.286. Mediante recebimento de indenização que atenda, também, à


desvalorização da área remanescente, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem,
através de seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de
serviços de utilidade pública, em proveito de proprietários vizinhos, quando de outro
modo for impossível ou excessivamente onerosa.

Como “tubulações” deve-se entender que se tratam de esgotamento sanitário e da rede


de transmissão de água. Não é preciso dizer da natureza vital desses equipamentos, o que
justifica o comando do dispositivo no sentido de obrigar à tolerância dos mesmos. Essa
tolerância não prejudica o réu de maneira alguma.

Vale ressaltar que o imóvel é vertical e a passagem de águas é necessária e a criação de


uma rede alternativa é inviável uma vez que não há infraestrutura que comporte tal instalação.

O réu efetuou um bloqueio e ameaça repetir o ato, desta vez de modo mais grave. A
pretensão da autora em impedi-lo encontra fundamento no quanto dispõe o artigo 1.277 do CC
que diz expressamente:

Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer


cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos
que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha.
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Elaborada em aulas de prática jurídica por estudantes com o auxílio do Prof. Marcus Vinícius Rodrigues. Trata-se de um exercício
de redação de petição em conjunto. É possível que haja partes truncadas. O compartilhamento para alunos de Linguagem tem o
objetivo único de promover uma visualização panorâmica de uma petição e de suas diversas partes.

Assim sendo, é devido o direito de obter a condenação do réu na obrigação de


não fazer para que se abstenha de bloquear a rede de esgotamento sanitário do imóvel
da autora.

DOS DANOS MATERIAIS E MORAIS

Nesse sentido, restou comprovado que o réu agiu de forma intencional contra a autora,
provocando-lhe danos materiais e morais. Seu ato se constitui, pois, em “ação
voluntária” nos termos do artigo 186 do CC e que causou dano. Logo, o réu praticou ato
ilícito.

Ainda que se alegue que a obstrução efetuada foi perpetrada com fim de benfeitorias
necessárias ao imóvel do réu, fica evidente que o ato de bloqueio em nada favorece ao
réu, o faz concluir que seu ânimo é meramente de prejudicar a autora. Sua ação
provocou dano. Assim, mesmo que lhe fosse de direito, houve um excesso no seu
exercício, o que se constitui em ato ilícito, segundo o art. 187 do CC.

Ora, havendo ato ilícito, haverá a obrigação de reparar o dano. Esta é a


inteligência do artigo 927 do mesmo diploma legal. Deste modo cabe o ressarcimento
do valor de R$ 324,24 gasto para a instalação de uma rede hidráulica individualizada.

A autora e sua filha ficaram cerceadas de poder usar, primeiro, a pia da cozinha,
ou seja, não puderam preparar alimentos ou fazer a higiene dos utensílios domésticos.
Não é preciso fazer uma exercício de imaginação muito elaborado para perceber que
esse estado de coisas constitui-se em grande transtorno e causa de sofrimento. A autora
e sua filha tiveram de passar alguns dias se alimentando fora de casa ou com produtos
industrializados. Além disso, tiveram o dissabor de conviver com os inconvenientes de
uma obra não planejada ou escolhida.

Como se não bastassem esses transtornos já sofridos, a autora se vê ameaçada de


passar por um novo constrangimento, desta vez mais grave. Todos os dias, teme chegar
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em casa e encontrar seu banheiro bloqueado e não poder utilizá-lo para suas
necessidades mais básicas. Essa será uma situação degradante, sub-humana e poderá
resultar em danos a sua saúde.

Perante o exposto, é devida a indenização por danos morais no valor de R$


3.000,00.

DA TUTELA ANTECIPADA

Da leitura da fundamentação supra se pode depreender que o direito da autora se


encontra robustamente fundamentado na legislação. Por outro lado, também se pode
perceber que caso a prestação jurisdicional demore, a autora viverá situação de
constrangimento irreparável. Ainda que o provável bloqueio que pretende o réu possa
ser desfeito, jamais se poderá devolver á autora e sua filha menor os dias em que
passarão reduzidas a condição vexatória de não poder satisfazer suas necessidades mais
primordiais.

Estão presentes, pois, os requisitos de verossimilhança da alegação — o fumus


boni iuris — e dano irreparável — o periculum in mora, exigidos pelo artigo 273, I do
CPC para a concessão da tutela antecipada.

PEDIDOS

Isso posto, requer:

a) Deferimento da tutela antecipada , liminarmente e inaudita altera pars para que


o réu se abstenha de bloquear a rede de esgotamento sanitária do imóvel da
autora, sob pena de multa diária R$ 100,00;
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de redação de petição em conjunto. É possível que haja partes truncadas. O compartilhamento para alunos de Linguagem tem o
objetivo único de promover uma visualização panorâmica de uma petição e de suas diversas partes.

b) A citação do réu para comparecer à audiência de conciliação, instrução e


julgamento a ser designada por V. Exa., para conciliar, ou, querendo, apresentar
sua defesa, sob pena de revelia, julgando, ao final, procedente a presente ação;
c) Manutenção da tutela antecipada em caráter definitivo;
d) Ressarcimento do valor de R 324,24, acrescidos de juros de mora de 1% ao mês;
e) Indenização por danos morais no valor de R$ 3.000,00;
f) A produção de todo gênero de prova em direito admitidos: documental,
testemunhal, pericial, bem como depoimento pessoal do representante legal da
acionada, sob pena de confissão.

Valor da causa: R$ 3.324,24.

Nestes termos
Pede deferimento.

Salvador, .... de..... de ......

Estudantes da Faculdade .....


OAB/BA: a conquistar

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