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A arte Pop

Na Grã-Bretanha do pós-guerra, influenciada pelo estilo de vida americano divulgado através


dos meios de comunicação, dois artistas, Francis Bacon e Eduardo Palozzi começaram a
utilizar imagens produzidas pela mass media para a feitura de suas obras. Bacon inspirou-se
em obras do passado, como o Retrato do “Papa Inocêncio X”, de Velázquez, veiculado pelos
livros de arte, assim como em fotografias contemporâneas.

Eduardo Paulozzi, inglês, filho de italianos, apesar do desagrado de seus professores


utilizava, nos anos 40, colagem de imagens veiculadas nos anúncios de revistas: aviões, pin-
ups, eletrodomésticos, garrafas de Coca-Cola e imagens de ficção científica.
Desde seu nascimento, a arte Pop “foi um movimento de resistência, um comando sem
classes, contra o establishment em geral, e contra a arte estabelecida, em particular.” (RUSSEL
apud WILSON, 1975 p. 34).
Foi uma atitude antielitista dos jovens artistas ingleses atentos à nova cultura urbana – a
publicidade.
Artistas ligados a essa nova visão do mundo formaram o Independent Group (IG). De 1950 em
diante, o IG realizou debates no Instituto de Arte Contemporânea, em Londres, onde se discutia
arte e tecnologia, arte e sociedade e, em especial, as imagens produzidas por revistas
consideradas de segunda classe, não somente como fontes de uma nova arte, mas como arte
em si mesmas.

Richard Hamilton foi um dos primeiros a participar do grupo. Organizou uma mostra chamada
“Isto é Amanhã”, que tentava integrar diversas artes visuais. Para a capa do catálogo e cartaz
da mostra, Hamilton fez uma colagem: “O que é que Torna os Lares de Hoje tão Diferentes e
tão Atraentes”. Um verdadeiro manifesto do que seria daí em diante a produção Pop. Na obra,
encontravam-se colados: eletrodomésticos, uma revista em quadrinhos, uma lata de presunto,
pin-ups, e um homem malhado segurando numa das mãos um anúncio onde estava escrita a
palavra POP. Acompanhava o convite uma lista de palavras que explicava a nova arte, embora
ainda não denominada Pop Art, pop significando popular, destinada às massas, e também:
 passageira
 descartável
 de baixo custo
 produzida em massa
 jovem, espirituosa
 sexy
 evasiva
 glamourosa
 alta finança

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Conforme a opinião dos críticos, a Hamilton se deve a primeira obra-prima da Pop Art inglesa:
“$he” (She=Ela). Representa o sonho do consumidor – o produto vendido através de um
chamariz, a imagem feminina.
Como o próprio título anuncia, a obra faz ironia com o uso do sexo no mercado de bens de
consumo. Hamilton pinta o nu feminino não de forma tradicional, mas como é visto pela
publicidade. No entanto, a obra se apresenta no limite da abstração, sem uma descrição
pormenorizada dos elementos que a formam, mas com uma clara intenção de colocar em

pauta o valor da pintura.


$he – R. Hamilton
Na porta da geladeira, um rosa-carne conduz o olhar à figura do primeiro plano, uma torradeira
de onde saltam pontinhos, uma referência bem humorada à torrada que pulou. A torradeira é
também um aspirador cuja mangueira (?) se enfia sob um tapete com conotação erótica. A
geladeira guarda alimentos, entre eles uma garrafa de Coca-Cola pintada de forma tradicional,
ao estilo natureza morta. Os ombros e os seios da mulher foram realizados com aerógrafo,
para dar à pele sensualidade de anúncio de revista. Outro elemento humorístico surpreende:
no lugar da cabeça da mulher, a colagem de um piscante olho de brinquedo. A saia branca é
também colagem, feita de madeira balsa muito fina, e trabalhada para elevar a massa de cor. O
trabalho é muito delicado, quase imperceptível ao olhar, um apelo à experiência tátil. A foto de
um sistema de descongelamento automático está colada ao fundo. O avental da dona de casa
é transparente – uma promessa para quem quiser desvendar o resto do corpo da mulher.

Peter Blake, também inglês, envereda pelo terreno nostálgico do folk pop mostrando
brinquedos de crianças, palhaços de circo, histórias em quadrinhos, contos infantís e uma
expressiva quantidade de elementos vitorianos, lembranças da infância do artista.
Nos anos 60, Blake cria uma série de obras baseadas nas decorações das barracas de feiras
de diversões.
David Hockney e Allen Jones pertencem à segunda fase da Arte Pop britânica.

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Foi na Inglaterra, em 1954, que o termo Pop Art foi empregado pela primeira vez, pelo crítico
Lawrence Alloway, para designar os produtos da cultura popular da civilização de consumo, em
especial os provenientes dos Estados Unidos.

Nos Estados Unidos

O fim dos movimentos culturais da década de 60 e o começo do neoliberalismo na economia


deram início à sociedade pós-moderna.
Nos grandes centros urbanos os homens perderam o contato entre eles, ou esse contato se
realizou de forma precária. Massas e homens alheios uns aos outros. É o niilismo pós
moderno.
A partir da década de 60 essa crise ideológica afetou
as ciências humanas em geral. A produção artística, a crítica e a história da arte, tanto no seu
âmbito teórico, prático e na sua função social, sofreram o mesmo impacto.

Nos anos 60, o respeitado crítico de arte americano, Clement Greenberg, declarava que a
pintura abstrata da segunda metade do século XX era a grande arte do século, e ia além: via os
EUA como o guardião da alta cultura frente ao mundo do pós guerra. Propunha que a Action
Painting, de J. Pollock, fosse utilizada como base para exercícios de propaganda cultural.
Nos anos 60, pensar numa arte realista era considerado uma heresia. No entanto, diante da
excessiva tendência decorativa da segunda geração abstracionista, e de um novo way of life
dos Estados Unidos, baseado no consumismo e na tecnologia, ocorre uma ruptura que custou
a queda de Greenberg como profeta das artes e a de seus seguidores.
"O que a mídia faz conosco?", perguntava-se Richard Hamilton, em Londres, já nas décadas
de 40 e 50. "De que se compõe nosso mundo, que processos o estruturam, como o
percebemos e compreendemos?" (HAMILTON apud WUNDERLICH, 2008, s/p)
Nesse clima nasce a Pop Art exigindo um exercício de aguda observação da realidade.
“Realidade”, uma palavra esquecida desde os tempos em que Courbet publicou o Manifesto
Realista (1861), onde só se concebia um artista que fosse capaz de traduzir seu tempo da
forma mais real possível.
Cem anos tinham se passado e os jovens artistas ingleses e norte-americanos retomavam a
questão retratando um mundo onde o lucro era o valor mais alto. Um mundo feito de desejos
de consumo de eletrodomésticos, cinema, TV, HQs, alimentos enlatados, gasolina. Um mundo
essencialmente urbano.
Para os artistas Pop, os elementos da sociedade de consumo são tão importantes quanto
foram os da anatomia humana para Michelangelo. Um cachorro-quente seria um motivo de
criação, assim como a maçã o foi para Cézanne, ou o cachimbo, para Ernst.
A novidade não era somente o tema, mas a forma de tratá-lo, tão ou mais real do que o real.

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Vale lembrar que Marcel Duchamp, por essa ocasião, estava morando nos Estados Unidos,
onde teorizava sobre os readymades.
“... a criação de arte não precisa ser necessariamente uma atividade manual, mas
simplesmente uma questão de opções” (DUCHAMP apud WILSON, 1975, p.6)

Robert Rauschemberg e Jasper Jones deram seguimento a essas teorias, embora inseridas
num novo momento sócio-econômico.
Em 1955, Rauschemberg “pinta” seu quadro “A Cama”, realizado com roupas e lençóis
tangíveis manchados com tinta. Os “Conjugados”, como chama as obras subsequentes
construídas com a mesma linguagem, misturavam objetos reais a imagens criadas, como as
produzidas por Jasper Jones.

Roy Lichtenstein se iniciou como pintor dentro do expressionismo abstrato, mas escondia,
dentro das manchas, imagens de personagens de HQs: Mickey, Pato Donald, Tarzan, que
vinham dentro das embalagens de chicletes. Um dia, resolveu ampliar essas imagens. O
resultado lhe pareceu satisfatório. Ampliou cenas de gibis e de cartazes de propaganda, temas
que o consagraram como um dos mais representativos artistas dos anos 60. Acusado de
utilizar ou meramente transformar linguagens baratas e degradadas, ele responde que essas
imagens estavam aí cotidianamente digeridas pela população, então por que não usá-las?
Apropria-se das técnicas utilizadas pelas editoras na impressão de HQs, aproveitando os
pontos por elas produzidos sobre as páginas das revistas, assim como o estêncil.
Pinta áreas chapadas eliminando as marcas das pinceladas, dando à obra um aspecto
impessoal.

Nos anos 50, Andy Warhol acumulava vários prêmios como desenhista publicitário, o que lhe
permitia levar uma vida luxuosa e, inclusive, se delinear como um respeitável colecionador de
arte. Inicia sua caminhada Pop com o quadro “Dick Tracy” (1960), utilizando a linha dura dos
personagens de HQs acrescida de manchas de tinta com reminiscências abstratas.
Abandona os gibis e começa suas séries de personagens consumíveis: “Marilyn”, “Monalisa”,
“Coca-Cola”, “Elizabeth Taylor”, “Sopa Campbell”, “Elvis”. As imagens de pessoas e objetos
seriados refletem a dimensão do desejo de consumo das massas.
Para suas imagens massificadas utiliza a serigrafia, um processo mecânico de impressão, até
então só utilizado de forma comercial. A cor mostra-se vívida e expressiva com toques de
pincel sobre a serigrafia e erros de impressão intencionais.

Assim como todos os artistas Pop, Claes Oldenburg é um homem enraizado no ambiente
urbano. Em suas entrevistas declara insistentemente o seu fascínio pelas ruas:
As ruas, particularmente, me fascinavam. Pareciam possuir
existência própria. Nelas descobri todo um mundo novo de objetos.
Embrulhos comuns viraram esculturas a meus olhos e o lixo das ruas,

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eram como elaboradas composições acidentais. (OLDENBURG apud
WILSON, 1975, p. 19).

“The Street” (A Rua) foi a mostra que o consagrou. Nela, a sucata, letreiros, sacaria, papelão e
cordões adquiriam novas formas. Foi aí que apresentou as “Ray Guns”, pistolas de raios como
as das HQs de ficção científica. Para ele, esse objeto era um símbolo da cidade, uma espécie
de mascote que aparece em muitas de suas obras posteriores. (Ray Gun lido ao contrário
resulta em Nug Yar, que soa como New York).
As lojas de departamentos com suas gôndolas entulhadas de objetos também fascinam o
artista, que dá o nome “The Store” a seu ateliê e a uma nova mostra de esculturas realizadas
com engradados, sacos submergidos em gesso e roupas. Tudo em cores brilhantes. “Calças
Gigantes”, “Mesa de Café” e “Fogão de Cozinha”, são algumas obras desse período.
Em 1962, Oldenburg começa a trabalhar em escala monumental e inicia uma produção inédita
no mundo da escultura – as esculturas moles, algumas infláveis. O conceito de escultura mole
é totalmente novo. Ela não mantém fielmente a forma do objeto, se rende obediente à força da
gravidade alterando suas formas. Entrega-se ao tempo, nunca será a mesma.
A partir de 1965, Oldenburg projeta monumentos gigantes como “Pá de Pedreiro”, “Hidrante
Gigante” e uma variedade de “Pizzas”, “Hamburguers” e “Bitucas de Cigarros”.
Quero uma arte político-erótica-mística, que faça algo mais que sentar a bunda num museu.
Quero uma arte que se misture com a merda cotidiana e que saia, apesar disso, na primeira
linha. Quero uma arte que copie suas formas das linhas da própria vida, que torça e estenda e
acumule e cuspa e jorre e que seja pesada e vulgar e doce e estúpida como a própria vida.
(OLDENBURG apud WILSON, 1975 p. 23)

Claes Oldenburg casou com Coosje Van Bruggen, com quem trabalha em vários projetos de
instalações, performances e esculturas, como “Colher, Ponte e Cereja”, de 1988, situada num
jardim público de Minneapolis, Minnesota, e “Binóculo”, de 1991, um edifício construído em
colaboração com o arquiteto Frank O. Ghery, em Venice, Califórnia, que tem como peça
central um binóculo gigante. O “Grampeador de Roupa”, uma escultura de cinco metros de
altura, ergue-se com a dignidade de uma Torre Eiffel, numa praça da Filadélfia.

James Rosenquist
Dedicou-se à decoração industrial e à feitura de letreiros e painéis de propaganda. O contato
com o espaço urbano moldou sua linguagem. Em
“I Love You With My Ford” (Eu Amo Você com meu Ford) (1961), uma das obras que o
consagraram, a parte da frente de um Ford destroçado como símbolo fálico avança sobre o
rosto de uma moça. Os olhos dela se fecham e a boca se abre delicadamente como num gesto
de prazer sensual. Na base do quadro, espaguetes submersos num molho vermelho
completam o teor erótico da cena. Apesar da ironia e do caráter erótico da obra, molho de

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tomate, espaguetes, rosto de olhos fechados e destroços de carros nos transportam,
igualmente, a um cenário de violência urbana.
Experiência visual fragmentada da cidade, pedaços de edifícios, letreiros e cartazes apenas
percebidos na velocidade da cidade são o motivo central de seus quadros – dentro de um carro
em movimento, é difícil ver a totalidade das formas da rua.

Tom Wesselman
Iniciou-se como caricaturista. Pesquisou as possibilidades das colagens, até que em 1960 a
colagem se autorrepresenta. O pintor não mais cola recortes de revistas, como no começo de
suas pesquisas visuais, agora opta por pintá-los tratando a natureza morta e o nu de forma
inovadora. Na série “Grandes Nus Americanos” (1963), nota-se a influência de Matisse, artista
que ele admira. Os nus, inspirados em revistas como a Playboy, são claramente eróticos e
inseridos em ambientes pautados por imagens midiáticas.

Robert Indiana
Sua obra é uma crítica frontal ao Sonho Americano. Pinta palavras, slogans com colorido
vibrante; criou e ainda cria obras concebidas como anúncios de rua, como “Coma, Morra,
Agarre e Erre”.
A arte Pop chega à costa leste dos Estados Unidos. Em Los Angeles triunfa Andy Warhol. A
cidade mais inserida nos aspectos urbanos modernos o aceita sem titubear. Seus
representantes mais incisivos são Al Bengston e Ed Ruscha.

No Brasil
A Pop Art chegou ao Brasil em plena ditadura militar. É fácil imaginar que a adesão à nova
tendência, por artistas brasileiros, tenha sido diferente da que ocorreu na Inglaterra e nos
Estados Unidos. Aqui, aderiram apenas às propostas formais da Pop Art. Era difícil discutir o
vazio, a alienação e a sociedade de massas, quando artistas, intelectuais, estudantes e
trabalhadores eram perseguidos pela censura, estando então em jogo a própria vida.

Em 1960, nasce o movimento chamado de Nova Figuração, que ocorre na Argentina com o
nome de Figuração Nova, e na França com a denominação de Figuração Narrativa. Esses
movimentos são contrários à já desgastada Arte Construtivista. Apropriaram-se das cores
fortes e dos temas urbanos, caros aos popistas americanos e ingleses. A necessidade temática
exigia uma retomada da figuração, por tanto tempo deixada de lado. A Arte Pop brasileira foi
um instrumento de denúncias sociais e políticas, abordando a violência exercida pelas
autoridades, o caos urbano e, empunhando a bandeira da liberdade, fez do sexo um de seus
temas recorrentes.

A exposição “Opinião 65”, realizada no MAM do Rio de Janeiro, mostrou a virada acontecida
nas artes plásticas, com a presença de 17 artistas brasileiros e 13 estrangeiros. Pela primeira

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vez no panorama artístico nacional, a crítica política vinha aliada a propostas formais
revolucionárias. Dentre os principais artistas estão Duke Lee, Antonio Dias, com “Querida,
Você Está Bem?” (1964), “Nota Sobre a Morte Imprevista” (1965), e “Mamãe, Quebrei o Vidro”
(1967); Claudio Tozzi, com “Eu Bebo Chop, Ela Pensa em Casamento” (1968); Rubens
Gerchman, com “Não Há Vagas” (1965), e “O Rei do Mau Gosto” (1966); Aguilar, Baravelli,
Fajardo, e Antonio Henrique Amaral.

Wesley Duke Lee


A gestualidade solta e técnicas como assemblage, frottage, fotografia e fotocópia são os
elementos que marcam sua obra, que vai de assuntos eróticos, filosóficos ou políticos, à
mitologia grega; de Da Vinci à Idade Média; da Renascença à Pop Art. O talento de Duke Lee
está nesse amplo repertório e no domínio de muitas técnicas, inclusive das do passado.

Em 1963, com Pedro Manuel Gismondi, Duke Lee criou o movimento Realismo Mágico, que
discorria sobre os elementos mágicos que povoam a realidade. Subjetividade ou Objetividade?
Essas questões dão origem à exposição “Liga”, em 1963, no João Sebastião Bar, em São
Paulo, num protesto contra as galerias e as autoridades que censuraram sua obra, por
considerá-la demasiado erótica. Nessa mostra acontecerá o primeiro happening brasileiro.

Um ano mais tarde será preso por razões políticas. Consciente do negro futuro que se perfilava
cria a obra “Da Formação de um Povo”; logo depois declara, no jornal O Estado de São Paulo,
sua indignação contra o mercado de arte do país, e ainda se oferece como voluntário para
experiências com LSD, numa clínica da Vila Mariana. Sai da reclusão com uma nova série:
“Lisérgicas”.

Apesar de se mostrar sempre polêmico, em épocas em que essa postura era altamente
perigosa, Duke Lee ganha prêmios de importância nacional, como o da Associação Paulista de
Críticos de Arte, como Melhor Pintor Paulista do Ano, em 1976, e mais tarde, reinstalada a
democracia, o prêmio de Melhor Exposição Retrospectiva, em 1993.

Nelson Leirner
Leirner é outro artista polêmico que representa o espírito vanguardista dos anos 60 e 70.
Um artista que não teme criticar abertamente o mercado de arte: em 1966 envia ao 4º Salão de
Arte Moderna de Brasília um porco empalhado e questiona, pelo Jornal da Tarde, os critérios
que levaram o júri a aceitar a obra.
Ainda em 1966 funda o Grupo Rex, com Wesley Duke Lee, Geraldo de Barros, Carlos
Fajardo, José Resende e Frederico Nasser. No mesmo ano é premiado na Bienal de Tóquio.
Realiza a “Exposição-Não-Exposição”, happening de encerramento das atividades do grupo,
em que oferece ao público, gratuitamente, obras de sua autoria.

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Engajado nas lutas pela liberdade de expressão, Leirner é convidado para as bienais de 1969
e 1971, mas se recusa a participar, para não compactuar com o Governo Militar, que censurava
as artes.

Nos anos 70, depois de trabalhar com múltiplos realizados em lona e zíperes e utilizar
outdoors como suporte para suas obras, trabalha em alegorias realizadas em gravura e
desenho. Pela série “Rebelião dos Animais”, em que faz ferozes críticas ao governo, é
premiado pela Associação Paulista de Críticos de Arte. A mesma Associação lhe encomenda
um trabalho para entregar aos premiados, mas a obra não é aceita por ter sido realizada em
xerox (1977). Em protesto, os artistas não comparecem ao evento.

No Brasil, Leirner é reconhecido e premiado, mas o reconhecimento internacional só viria em


1999, quando representa o Brasil na Bienal de Veneza, o que lhe as portas para uma carreira
no exterior. Participa das mais importantes feiras de arte expondo na Suíça, Alemanha,
Espanha, Portugal, Inglaterra, França e Estados Unidos.

Em 2003, expôs “Fora de Moda”, em que utiliza objetos vendidos nas lojas de 1,99 dispostos
em procissões, casamentos, e um incontável número de festas populares, dando às
instalações a sua marca registrada de ironia.
Em 2005 participou do projeto da Absolut Vodka, que propunha a artistas de renome
internacional costumizar a garrafa.

Rubens Gerchman
Sua arte apresenta marcada tendência expressionista, apesar de suas incursões formais pela
Pop, se valendo de palavras, frases e números para enfatizar a intenção do tema, como no
quadro “Não Há Vagas”, com poesia escrita por Ferreira Gullar.

Em 1965 fez parte da exposição Opinião 65, no MAM do Rio de Janeiro, onde foi apontado
como um dos mais legítimos representantes da vanguarda carioca. Ganhou o prêmio do Salão
Nacional de Arte Moderna de São Paulo, em 1968, e partiu para Nova York onde ficou por
quatro anos. Lá, participou com uma série de “Casas-Roupas” do “Fashion Show Poetry Event”
junto com Andy Warholl, Les Levine e Robert Plate.

Volta ao Brasil, funda a revista Malas Artes e dirige a Escola de Artes Visuais do Parque Laje,
no Rio de Janeiro. Ganha uma bolsa da Fundação Guggenheim e volta aos Estados Unidos,
onde fica por mais um ano.
Nos anos 80, é convidado a expor no México, Guatemala e Alemanha. Em 1989 expõe a série
“Beijos”.

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Morto em 2008, deixa uma extensa obra que guarda a força, os traços expressionistas e sua
paixão pelos temas urbanos das primeiras composições, e que desmente o adjetivo
“popularesco” dado por alguns críticos.

Claudio Tozzi
Artista ligado aos temas urbanos, mostra sua preferência pela arte Pop numa de suas
primeiras obras, “Bandido da Luz Vermelha” (1967), em que adere à linguagem das HQs e às
técnicas de impressão para reprodução em série, como a serigrafia.
Comunga, como seus companheiros, da mesma indignação pelos atos da ditadura militar, o
que tem um alto preço; seu painel “Guevara Vivo ou Morto”, exposto no Salão Nacional de Arte
Contemporânea, é destruído a machadadas por um grupo de extrema direita.

Nos anos 70, abandona os temas políticos para pesquisar soluções técnicas.
Cria painéis para espaços públicos de São Paulo, como Zebra, colocado na lateral de um
prédio da Praça da República e na Estação Sé do Metrô, em 1979; na Estação Barra Funda do
Metrô, em 1989; no edifício da Cultura Inglesa, em 1995; e no Rio de Janeiro, na Estação
Maracanã, do Metrô, em 1998.

Bibliografia
HONNEF, Klaus. Pop-Art. São Paulo: Taschen do Brasil, 1994.
JAMESON, Fredric. Pós-modernidade e sociedade de consumo. In: Revista Novos Estudos
CEBRAP. São Paulo, nº12, 1985.
WILSON, Simon. El Arte Pop. Barcelona: Ferré Olsina, 1975
WUNDERLICH, Daniel. Catálogo de exposição de Richard Hamilton. Colônia, Alemanha,
2008.
www.nelsonleirner.com.br/
www.art-bonobo.com/claudiotozzi/textos02.htm -
www.itaucultural.org.br/...ic/index.cfm?...biografia... -

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