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Presentes:
Membros do Copom
Henrique de Campos Meirelles – Presidente
Alexandre Antonio Tombini
Antonio Gustavo Matos do Vale
Mário Magalhães Carvalho Mesquita
Paulo Sérgio Cavalheiro
Paulo Vieira da Cunha
Rodrigo Telles da Rocha Azevedo
2. O recuo da inflação plena em março foi acompanhado pelo movimento do núcleo por
exclusão de monitorados e de alimentos no domicílio, que se deslocou de 0,52% em
fevereiro para 0,23% em março. Já outras medidas de inflação subjacente calculadas
pelo Banco Central mostraram pequenas elevações: o núcleo por médias aparadas com
suavização de itens preestabelecidos elevou-se de 0,24% em fevereiro para 0,29% em
março e mostra maior rigidez entre as três medidas de núcleo, ao passo que o núcleo
por médias aparadas sem suavização de itens preestabelecidos deslocou-se de 0,22%
para 0,24%. No primeiro trimestre, o núcleo por exclusão registrou inflação de 1,16%,
a menor para o período desde 2002, enquanto os núcleos por médias aparadas com e
sem suavização registraram inflações de 0,92% e 0,81%, respectivamente, os menores
níveis desde o início das séries nos dois casos. Esse cenário se repete ao se analisar a
variação acumulada em doze meses até março, com taxas de 2,59%, 3,97% e 2,23%
para os três núcleos, respectivamente.
7. Após recuar de agosto a dezembro do ano passado, quando alcançou 8,4%, a taxa
de desemprego elevou-se para 9,3% em janeiro e para 9,9% em fevereiro, seguindo
comportamento sazonal típico de início de ano. Não obstante, ao se comparar com o
mesmo mês de 2006, houve estabilidade. O número de ocupados cresceu 2,5%, em
doze meses até fevereiro, indicando ritmo forte de geração de empregos. Por sua vez, o
poder de compra dos trabalhadores subiu 2,5% em fevereiro ante o mês anterior, e
6,1% frente ao mesmo mês de 2006. Esse dinamismo se reflete também na massa
salarial real, que apresentou elevação de 8,8% em fevereiro de 2007 (8,1% no ano),
em comparação a fevereiro de 2006, mantendo a tendência de alta e constituindo
suporte importante ao crescimento da demanda agregada. O nível de emprego na
indústria de transformação, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria
(CNI), dessazonalizados pelo Banco Central, cresceu 0,2% em fevereiro, na comparação
mês a mês, a décima quinta expansão consecutiva. No confronto com fevereiro de
2006, o emprego na indústria se elevou 3,3%. Dados divulgados pelo Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE) indicam que o emprego formal celetista continuou se
expandindo em fevereiro, com a criação de 148 mil novos postos, um incremento de
0,4% em relação ao mês anterior, na série com ajuste sazonal. No primeiro bimestre, a
expansão alcançou 4,7%, enquanto em doze meses atingiu 4,8%.
8. Após o pequeno recuo de 0,1% observado em dezembro, que interrompeu uma série
de quatro meses seguidos de significativa expansão, as vendas no comércio varejista
aumentaram fortemente no primeiro bimestre do ano, segundo dados dessazonalizados
pelo IBGE. De fato, em janeiro e fevereiro houve, respectivamente, expansão de 1,9%
e de 0,4%, na comparação mês a mês. Quando a comparação é feita com o mesmo
mês do ano anterior, verificam-se expansões bastante robustas: de 8,5% em janeiro e
de 9,4% em fevereiro. Nessa base de comparação, em ambos os períodos as expansões
foram as maiores, para o respectivo mês, da série histórica com início em janeiro de
2000. Em termos acumulados, as vendas no varejo expandiram significativos 8,9% no
primeiro bimestre de 2007, ante o mesmo período de 2006, a maior expansão para
esses meses desde o início da série histórica. Nota-se, além da forte expansão nas
vendas de itens ligados ao crédito, o desempenho favorável dos itens mais sensíveis à
renda e ao emprego. Por exemplo, as vendas nos hiper e supermercados avançaram
6,8% no primeiro bimestre. O indicador ampliado de comércio, que incorpora também
as vendas de automóveis, motocicletas, partes e peças, bem como de material de
construção, apresentou elevação de 11,0% no primeiro bimestre, em comparação ao
mesmo período de 2006. Espera-se, para o resto do ano, a continuidade do
fortalecimento do comércio varejista, que deverá ser impulsionado pela expansão dos
níveis de emprego e da renda, pelo crescimento do crédito e pelo processo de
flexibilização da política monetária, aliados à própria recuperação da confiança do
consumidor.
11. Com relação ao cenário externo, persistem as dúvidas quanto aos próximos passos
da política monetária norte-americana. Não se podem descartar por completo novas
elevações de taxas de juros nos Estados Unidos (EUA), ainda que a avaliação dominante
nos mercados seja a de que um ciclo de flexibilização monetária poderia ter início ainda
neste ano. Similarmente, não se pode descartar a possibilidade de desaceleração mais
forte do que o esperado da economia dos EUA, e tampouco os potenciais
desdobramentos sobre a economia global. Por outro lado, a economia e os preços de
ativos brasileiros têm mostrado notável resistência frente às oscilações de sentimento
nos mercados financeiros internacionais, graças à melhora de fundamentos observada
nos últimos anos, e ao comportamento bastante benigno dos preços de exportações.
Nesse sentido, além de se apresentar mais resistente a mudanças de sentimento nos
mercados internacionais, a economia brasileira encontra-se em um ciclo de crescimento
com estabilidade de preços. Dessa forma, o Copom continua avaliando que o cenário
internacional é favorável.
12. O preço do petróleo, outra fonte sistemática de incerteza advinda do cenário
internacional, segue mostrando alta volatilidade, e apresentou ligeira elevação desde a
última reunião do Comitê. Essa tendência altista no curto prazo está ligada, sobretudo,
a novos episódios de incerteza geopolítica. A despeito da considerável incerteza inerente
às previsões sobre a trajetória futura dos preços do petróleo, permanece plausível o
cenário central de trabalho adotado pelo Copom, que prevê preços domésticos da
gasolina inalterados em 2007.
e) O modelo VAR, baseado nos níveis da taxa Selic e do swap de 180 dias, estima um
spread, no cenário de referência, de 38 p.b. no quarto trimestre de 2007. A trajetória
do swap indica, ainda, que o spread atinge 71 p.b. no último trimestre de 2008.
15. Desde a reunião de março do Copom, houve redução na mediana das expectativas
coletadas pela Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin) para a
variação do IPCA em 2007, que passou de 3,88% para 3,80%. Essa redução deve-se,
basicamente, à diminuição das expectativas de inflação para o segundo e terceiro
trimestres de 2007. As expectativas para doze meses à frente diminuíram de 3,80%
para 3,64%. Para 2008, as expectativas de inflação permaneceram em 4%. Como
mencionado em Notas de reuniões anteriores do Copom, esses desenvolvimentos
continuam sugerindo a consolidação de um ambiente macroeconômico cada vez mais
favorável, para horizontes mais longos.
17. O Copom reafirma o diagnóstico, expresso nas Notas das últimas reuniões, de que,
além de conter as pressões inflacionárias de curto prazo, a política monetária tem
contribuído de maneira importante para a consolidação de um ambiente
macroeconômico favorável em horizontes mais longos. Os dados referentes à atividade
econômica ainda não sugerem uma probabilidade elevada de que observemos pressões
significativas sobre a inflação no curto prazo. A expansão das importações tem
contribuído de forma relevante para esse processo, complementando a produção
doméstica e assim permitindo que os efeitos inflacionários do crescimento sustentado
da demanda agregada continuem sendo limitados. Além disso, a despeito da
perspectiva de consolidação de um ambiente de menor liquidez global, em virtude dos
efeitos dos processos de elevação das taxas de juros nas economias industrializadas, e
de certo aumento de volatilidade nos mercados globais, o cenário externo continua
favorável. Particularmente no que diz respeito às perspectivas de financiamento externo
para a economia brasileira, o Copom continua atribuindo baixa probabilidade a um
cenário de deterioração significativa nos mercados financeiros internacionais. Assim, as
perspectivas para a trajetória da inflação permanecem benignas. Tal como nas reuniões
recentes, o Copom enfatiza que o principal desafio da política monetária nesse contexto
é garantir a consolidação dos desenvolvimentos favoráveis que se antecipam para o
futuro.
18. O Copom avalia que as taxas mensais relativamente elevadas que vêm persistindo
desde o final de 2006 ainda não apresentam riscos para a trajetória de médio prazo da
inflação. Parte da elevação da inflação no início deste ano pode ser atribuída a fatores
pontuais, como a elevação dos preços de alimentos, e sazonais, como a temporada de
reajustes de mensalidades escolares, aos quais se somam certas pressões sobre preços
de serviços. Dada a natureza de tais desenvolvimentos, espera-se que sofram
arrefecimento ao longo do tempo, sem que necessariamente observemos contaminação
para horizontes mais longos. Entretanto, o Copom continuará conduzindo suas ações de
forma a assegurar que os ganhos obtidos no combate à inflação em anos recentes
sejam permanentes. Para tanto, continuará acompanhando atentamente a evolução da
inflação e das diferentes medidas do seu núcleo, discriminando entre reajustes pontuais
e reajustes persistentes ou generalizados de preços e adequando prontamente a
postura de política monetária às circunstâncias.
20. O Copom considera relevante ressaltar, mais uma vez, que há defasagens
importantes entre a implementação da política monetária e seus efeitos sobre o nível de
atividade e sobre a inflação. Desde o início do ciclo de flexibilização da política
monetária, em setembro de 2005, a taxa de juros básica já foi reduzida em 700 p.b.,
sendo que parcela substancial da redução ocorreu nos últimos nove meses. Assim, parte
importante dos efeitos dos cortes de juros ainda não se refletiu no nível de atividade, e
tampouco os efeitos da atividade sobre a inflação tiveram tempo de se materializar.
Dessa forma, a avaliação de decisões alternativas de política monetária deve
concentrar-se necessariamente na análise do cenário prospectivo para a inflação e nos
riscos a ele associados, em vez de privilegiar os valores correntes observados para essa
variável.
26. No regime de metas para a inflação, a Autoridade Monetária orienta suas decisões
de acordo com os valores futuros projetados para a inflação, e analisa diversos cenários
alternativos para a evolução das principais variáveis que determinam a dinâmica dos
preços, e o balanço dos riscos associado às suas projeções. Ainda que persistam
incertezas quanto ao desempenho da economia norte-americana, a conjuntura
internacional permanece positiva, favorecendo a contribuição do setor externo para um
cenário inflacionário benigno. Por outro lado, pressões de preços, a princípio isoladas e
transitórias, atingem a economia em um momento em que a demanda doméstica se
expande a taxas robustas, sustentando a recuperação da atividade econômica, inclusive
em setores pouco expostos à competição externa, quando os efeitos de importantes
fatores de estímulo, como a flexibilização monetária já implementada, ainda estão por
se fazer sentir em sua plenitude. Nesse ambiente, cabe à política monetária manter-se
especialmente vigilante para evitar que a maior incerteza detectada em horizontes mais
curtos se propague para horizontes mais longos.
27. Ao final da reunião, foi registrado que o Comitê voltaria a se reunir em 05 de junho
de 2007, para as apresentações técnicas, e no dia seguinte, para deliberar sobre a
política monetária, conforme estabelecido pelo Comunicado 15.011, de 31/10/2006.
Inflação
28. O IPCA variou 0,37% em março, ante 0,44% em fevereiro. A pequena queda da
taxa deveu-se, principalmente, ao esgotamento do impacto dos reajustes no item
educação, após a alta sazonal que influenciou a variação do IPCA em fevereiro. Os
preços do grupo alimentação e bebidas mostraram aceleração, com alta de 0,98%, ante
0,78% no mês anterior, e respondem por 0,2 p.p. do resultado mensal do IPCA,
sobretudo pela maior elevação dos preços dos produtos in natura. Com o resultado, o
IPCA manteve a trajetória de desaceleração, acumulando variações de 2,96% em doze
meses e de 1,26% no primeiro trimestre do ano.
29. A variação dos preços livres passou de 0,59% em fevereiro para 0,44% em março,
enquanto a dos preços monitorados aumentou de 0,12% para 0,21%, no mesmo
período. Em doze meses, os preços livres acumularam crescimento de 2,82%, e os
preços monitorados, de 3,15%. Entre os livres, os preços dos produtos não
comercializáveis subiram 4,51%, principalmente pela elevação de 5,09% nos serviços,
enquanto os preços dos produtos comercializáveis evoluíram 1,1%.
32. A menor variação do IPA em março refletiu a queda dos preços agrícolas, cujo efeito
se sobrepôs ao impacto da aceleração dos preços industriais. O IPA-agrícola recuou
0,18% no período, ante a elevação de 1,08% em fevereiro, enquanto o IPA-industrial
cresceu 0,2%, após variação negativa de 0,1% no mês anterior. Considerando o IPA
segundo os três estágios de processamento, apenas as matérias-primas brutas
registraram variação negativa de preços em março, -0,8%, após elevação de 0,42% no
mês anterior. Os preços dos bens finais subiram 0,55%, acelerando ante a alta de
0,42% em fevereiro, e a variação dos preços dos bens intermediários passou de -0,08%
para 0,31%, no mesmo período. Em doze meses, os preços das matérias-primas brutas
aumentaram 15,28%, exercendo a maior pressão sobre o resultado do IPA no período.
Os preços dos bens intermediários cresceram 3,21% e dos bens finais, 0,69%.
Atividade econômica
33. O PIB cresceu 3,7% em 2006, segundo a nova metodologia divulgada pelo IBGE,
ante 2,9% na versão anterior. A expansão do produto foi generalizada entre todos os
seus componentes. Pela ótica da produção, a agropecuária expandiu 4,1%, a indústria
2,8% e os serviços 3,7%. Considerando a ótica da demanda, houve crescimento de
8,7% na FBCF, de 4,3% no consumo das famílias, de 3,6% no consumo do governo, de
4,6% nas exportações e de 18,1% nas importações. A contribuição do setor externo
para o crescimento do PIB foi negativa em 1,4 p.p., enquanto a demanda interna
(consumo mais FBCF) respondeu com 4,8 p.p. para a expansão do produto, o que
resultou em 0,3 p.p. para o ajuste de estoque.
34. De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE, o volume de vendas
no segmento varejista do País registrou alta de 0,4% em fevereiro, em relação ao do
mês anterior, considerados dados dessazonalizados. Entre as atividades que compõem o
indicador geral, apresentaram crescimento, na comparação mensal, combustíveis e
lubrificantes, 1,3%, e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e
fumo 0,1%. Entre os segmentos que apresentaram retração no período estão tecidos,
vestuário e calçados, -2,5%, e móveis e eletrodomésticos, -4,2%. O item veículos e
motos partes e peças, que integra o indicador de comércio varejista ampliado, registrou
crescimento de 5,3% no mês. Regionalmente, 26 das 27 unidades da Federação
obtiveram resultados positivos em fevereiro deste ano, comparativamente a fevereiro
de 2006 – a exceção foi o Piauí (-0,1%).
37. Segundo dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), referentes à capital
paulista e dessazonalizados pelo Banco Central, as consultas ao Serviço Central de
Proteção ao Crédito (SCPC) e ao Usecheque aumentaram, respectivamente, 1,8% e
2,2% em março, em relação às do mês anterior. Comparativamente às consultas
realizadas em março de 2006, registraram-se acréscimos de 4,5% e 5,5%, na mesma
ordem.
40. A produção mensal da indústria brasileira cresceu 0,3% em fevereiro, após ajuste
sazonal. Com esse resultado, o patamar de produção retornou ao nível recorde histórico
registrado em dezembro de 2006. Em relação a fevereiro de 2006, a produção industrial
expandiu 3%, acumulando altas de 3,7% no primeiro bimestre do ano e de 2,8% em
doze meses.
43. Ainda no setor industrial, conforme estatísticas da CNI, dessazonalizadas pelo Banco
Central, observaram-se acréscimo de 2,2% nas horas trabalhadas na produção e
estabilidade nas vendas industriais reais em fevereiro, comparativamente ao mês
anterior. No bimestre, esses indicadores registraram respectivamente elevações de 3%
e 4,9%, comparativamente aos correspondentes no mesmo período de 2006. O nível de
UCI atingiu 81,8% em fevereiro, ante 81,7% em janeiro, após ajuste sazonal.
Considerando os dados observados, o nível de utilização atingiu 80,3% no mês, 1,3 p.p.
acima do patamar de fevereiro de 2006.
44. A produção de autoveículos alcançou recorde mensal em março de 2007: 246,5 mil
unidades, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
(Anfavea). O total produzido representa aumento de 7,4% em relação ao mesmo mês
de 2006 e de 5,5% sobre a produção do mês anterior, conforme dados
dessazonalizados pelo Banco Central. Ainda considerando a série com ajuste sazonal, as
vendas internas cresceram 6,7%, enquanto as externas diminuíram 2,5%.
Comparativamente às estatísticas do primeiro trimestre de 2006, a produção de
autoveículos cresceu 4%, e as vendas internas, 11,4%, enquanto as exportações
recuaram 9,5%. Ainda segundo a Anfavea, a produção de máquinas agrícolas cresceu
8,3% no primeiro trimestre do ano, ante a do mesmo período do ano anterior,
refletindo a recuperação do setor agrícola na atual safra.
Expectativas e sondagens
48. Ainda segundo a FGV, o Índice de Confiança da Indústria (ICI), composto por seis
quesitos contidos na Sondagem da Indústria de Transformação, cresceu 4,7% em
março, comparativamente ao observado em fevereiro, acumulando expansão de 8,1%
no primeiro trimestre de 2007, relativamente a igual trimestre de 2006. Na comparação
mensal, registraram-se acréscimos de 2,4% nas avaliações sobre a situação presente e
de 7,4% no índice que mede as expectativas em relação aos próximos meses.
Mercado de trabalho
50. De acordo com a PME, realizada pelo IBGE nas seis principais regiões
metropolitanas, a taxa de desemprego aberto atingiu 9,9% da População
Economicamente Ativa (PEA) em fevereiro de 2007, ante 9,3% no mês anterior e
10,1% em fevereiro de 2006. A variação da taxa de desemprego entre fevereiro e
janeiro refletiu, principalmente, o aumento de 6,5% da população desocupada, tendo
em vista que a PEA se manteve praticamente estável (aumento de 0,2%) no período. O
número de trabalhadores ocupados recuou 0,4% em fevereiro, cerca de 91 mil pessoas.
Destaque-se, todavia, que o número de empregados com carteira assinada no setor
privado cresceu 0,2%, enquanto o de empregados sem carteira diminuiu 2,8%,
evidenciando a continuidade do aumento da formalidade no mercado de trabalho, com
resultados positivos sobre a produtividade e as condições de trabalho. No primeiro
bimestre de 2007, observou-se queda de 3% no número de empregados sem carteira
de trabalho assinada e aumento de 4,1% no número de empregados com carteira.
51. De acordo com a mesma pesquisa, o rendimento médio real habitual das pessoas
ocupadas alcançou R$1.096,30 em fevereiro, com elevações de 2,5% em relação ao de
janeiro e de 6,1% ante o observado em fevereiro de 2006. A massa salarial real cresceu
2% em fevereiro, comparativamente à observada em janeiro, mantendo a tendência de
alta na comparação anual, com aumento de 8,8% em relação à de fevereiro de 2006.
Crédito e inadimplência
54. As operações de crédito referencial para taxas de juros com recursos livres
aumentaram 2,1% em março e 20,1% em doze meses. O saldo das operações com
pessoas físicas cresceu 2% no mês, acumulando expansão de 21,7% em doze meses.
Em relação às carteiras de pessoas jurídicas, as operações com recursos domésticos
evoluíram 2% em março e 20,8% em doze meses, enquanto naquelas referenciadas em
moeda estrangeira, os acréscimos atingiram 3,1% e 12,3%, na mesma ordem.
55. A taxa média ativa de juros incidente sobre as operações de crédito referencial
atingiu 38,5% a.a. em março, a menor da série histórica, 1,2 p.p. abaixo da praticada
em fevereiro e 7,2 p.p. inferior ao patamar verificado em março de 2006. Nas
operações com pessoas físicas, a taxa média de juros atingiu 49,9% a.a., ante 59% a.a.
no mesmo mês de 2006. Nos empréstimos contratados com as pessoas jurídicas, a taxa
média de juros registrou redução de 5,3 p.p. em doze meses, ao atingir 25,4% a.a.
56. O prazo médio das operações de crédito referencial realizadas com pessoas físicas,
excetuando-se cheque especial, atingiu, em março, 410 dias corridos, ante 347 no
mesmo mês de 2006. Na carteira de crédito pessoal, o prazo médio situou-se em 402
dias, com alongamento de 76 dias na comparação interanual, refletindo o crescente
aumento do peso do crédito consignado nessa carteira. Adicionalmente, ressalte-se a
ampliação dos prazos negociados nos contratos de aquisição de veículos, elevando-se
de 500 dias para 549 dias nos últimos doze meses.
57. A taxa de inadimplência das operações de crédito referencial com atraso superior a
noventa dias alcançou 4,9% em fevereiro, registrando queda de 0,1 p.p. no mês e
aumento de 0,3 p.p. em doze meses. Por segmentos, a taxa relativa às pessoas
jurídicas manteve-se estável no mês e subiu 0,6 p.p. em relação à de fevereiro de
2006, atingindo 2,8%. Nas operações com pessoas físicas, a taxa de inadimplência
situou-se em 7,1%, com decréscimo de 0,2 p.p. em termos mensais e em doze meses.
58. A taxa líquida de inadimplência no comércio, calculada pela ACSP, atingiu 7,1% em
março, ante 7,3% no mesmo mês do ano anterior e 5,3% na média de 2006.
Ambiente externo
62. Em março as exportações alcançaram US$12,9 bilhões, cifra recorde para esse
período do ano, registrando valor médio diário de US$584,3 milhões, 18,2% superior ao
observado no mês corresponde de 2006. As exportações de produtos manufaturados
atingiram US$7,3 bilhões, com aumento anual de 18,3%, considerada a média diária.
As vendas de produtos básicos totalizaram US$3,7 bilhões, e as de semimanufaturados,
US$1,6 bilhões, com acréscimos respectivos de 23,6% e 10,6%, na mesma base de
comparação. Além do aumento das quantidades embarcadas, importantes produtos da
pauta de exportação continuaram apresentando elevação de preços na comparação
interanual, destacando-se: suco de laranja, 75,5%; laminados planos, 40,3%; óleo de
soja em bruto, 35,7%; álcool, 29,5%; e semimanufaturados de ferro/aço, 28,9%.
Mantiveram-se, ainda, ao longo do trimestre, o processo em curso de diversificação da
pauta, particularmente de itens manufaturados com pequena participação, e a
ampliação de mercados de destino para as vendas de produtos brasileiros.
65. No período que se seguiu à reunião do Copom de março, até meados do mês, a
curva de juros se manteve estável, devido à cautela com o cenário externo em parte
associada aos problemas enfrentados pelas empresas norte-americanas do setor de
hipotecas de alto risco. A partir de então, as taxas futuras decaíram continuamente,
reduzidas as preocupações com o desempenho da economia dos Estados Unidos diante
de resultados positivos referentes ao mercado de trabalho e ao nível de atividade. O
comunicado do FOMC de 21 de março de 2007, por seus reflexos positivos nas bolsas
internacionais e no fluxo de recursos para países emergentes, ajudou a disparar esse
movimento de queda. A melhora de diversos indicadores macroeconômicos – inclusive
das taxas recentes de crescimento e da relação dívida/PIB - resultante da nova
metodologia do IBGE de aferição do produto interno bruto aumentou o otimismo dos
investidores e contribuiu para o recuo do risco-país, que atingiu mínimos históricos, e
das taxas de juros, especialmente as de mais longo prazo. Entre 5 de março e 16 de
abril, as taxas de 1, de 2 e de 3 anos recuaram, respectivamente, 0,41 p.p., 0,73 p.p. e
0,92 p.p. Influenciadas pela trajetória favorável dos índices de inflação corrente e das
expectativas inflacionárias, as taxas de 1, de 3 e de 6 meses caíram 0,27 p.p., 0,29 p.p.
e 0,26 p.p., respectivamente. A taxa real de juros medida pelo quociente entre a taxa
nominal de um ano e a expectativa de inflação (suavizada) para os próximos doze
meses deslocou-se de 8,00%, em 5 de março de 2007, para 7,79%, em 16 de abril de
2007.