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O que é custeio por absorção?

O método de custeio por absorção, também chamado de custeio integral,


é utilizado pelas empresas de forma a considerar todos os custos de produção,
sejam eles diretos ou indiretos, fixos ou variáveis.
Além de considerar os custos diretamente relacionados aos produtos, como as
matérias-primas, o custeio por absorção também faz o rateio de outros gastos
com a produção – como o aluguel do imóvel onde os produtos são fabricados e a
manutenção das máquinas, por exemplo. Isso permite estabelecer o custo
unitário total dos produtos.
Por considerar também os custos fixos, o custeio por absorção permite verificar
o impacto da produtividade sobre o custo de um produto ou serviço. Isso
significa que, quanto maior for a produção, menor deverá ser o custo unitário de
um produto calculado por este método.
Uma característica do custeio por absorção é que ele está alinhado com os
princípios da contabilidade. Por isso, ele é o único sistema de custeio
aceito pela legislação brasileira para a produção de relatórios contábeis,
como o Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE), e para o cálculo de
impostos.
Esse método de custeio deriva de um sistema alemão conhecido por RKW
(Reichskuratorium für Wirtschaftlichkeit).
Como calcular o custeio por absorção?
Para saber como calcular o custeio por absorção, é preciso conhecer a diferença
entre custos e despesas. Em linhas gerais, custos são os gastos que têm relação
direta com a produção ou a aquisição de estoques. Já as despesas não estão
vinculadas à atividade-fim, reunindo os gastos decorrentes de atividades
secundárias da empresa, como a venda, a administração e a promoção.
Assim, o conceito de custo engloba, por exemplo, a matéria-prima, as
mercadorias compradas para revenda, os salários dos trabalhadores de uma
linha de produção, a energia gasta para fazer o maquinário funcionar no chão de
fábrica, a depreciação das máquinas e equipamentos, entre outros.
Alguns desses custos são fixos, ou seja, permanecem no mesmo nível
independemente do volume de produção. Já os custos variáveis correspondem
aos gastos que aumentam ou diminuem de forma proporcional ao nível de
atividade – como é o caso da matéria-prima, já que, quanto maior for a
quantidade produzida, mais insumos serão necessários.
Exemplos
Vamos supor que uma fábrica de calçados gaste R$ 10 em matérias-primas por
par de sapatos produzido. Esta indústria tem um custo fixo mensal de R$ 100
mil – entre mão-de-obra, energia e outras contas – e consegue produzir 20 mil
pares de sapatos por mês. Utilizando o método do custeio por absorção, seu
custo unitário fica assim:
 Matéria-prima por unidade = R$ 10
 Rateio do custo fixo = R$ 100.000 ÷ 20.000 = R$ 5
 Custo unitário = R$ 10 + R$ 5 = R$ 15
Se essa empresa aumentar sua produção para 25 mil pares por mês sem alterar
o seu custo fixo, o cálculo do seu custeio ficará:
 Matéria-prima por unidade = R$ 10
 Rateio do custo fixo = R$ 100.000 ÷ 25.000 = R$ 4
 Custo unitário = R$ 10 + R$ 4 = R$ 14
Esse exemplo é um cálculo simplificado, pois considera que essa empresa
produz apenas um modelo de par de sapatos. No entanto, se estivéssemos
falando de uma indústria com uma gama variada de produtos, o ideal seria que
o rateio do custo fixo utilizasse algum critério de ponderação, um “driver” de
custeio. O critério mais comum para ponderar o custo fixo é o tempo
de produção.
Voltando ao caso da fábrica de sapatos, vamos imaginar que ela possua dois
modelos. O sapato de salto alta gasta R$ 10 de matéria-prima por unidade e
demora 30 minutos para ser produzido. Já a sandália gasta R$ 8 de matéria-
prima e demora 20 minutos para ser produzida. Vamos considerar que a
empresa produza 10.000 unidades de cada um dos modelos por mês e que seu
custo fixo mensal ainda seja de R$ 100 mil.
Antes de fazer o cálculo do custeio, é preciso saber como ponderar a diferença
de tempo de produção desses itens para poder distribuir o custo fixo da empresa
de uma forma mais justa.
Sapato
 Tempo de produção unitário = 30 minutos
 Tempo de produção total = 10.000 pares x 30 minutos = 300.000 minutos
Sandália
 Tempo de produção unitário = 20 minutos
 Tempo de produção total = 10.000 pares x 20 minutos = 200.000 minutos
Tempo total de produção da fábrica = 300.000 minutos (sapato) +
200.000 minutos (sandália) = 500.000 minutos
Após aplicar a regra de três, sabemos que o tempo de fabricação do sapato
representa 60% da atividade da fábrica, e o da sandália, 40%.
O custo fixo da empresa deverá respeitar essas proporções ao calcular o custo
unitário de cada um desses produtos, assim:
 Custo fixo total = R$ 100.000
 Custo fixo a atribuir aos sapatos = R$ 60.000
 Custo fixo a atribuir para as sandálias = R$ 40.000
Assim, o custo unitário de cada um dos produtos será:
Sapato
 Matéria-prima por unidade = R$ 10
 Rateio do custo fixo = R$ 60.000 ÷ 10.000 = R$ 6
 Custo unitário = R$ 10 + R$ 6 = R$ 16
Sandália
 Matéria-prima por unidade = R$ 8
 Rateio do custo fixo = R$ 40.000 ÷ 10.000 = R$ 4
 Custo unitário = R$ 8 + R$ 4 = R$ 12

Vantagens e desvantagens do custeio por


absorção
A principal vantagem de adotar o custeio por absorção, em vez de outros
métodos de custeio, é que ele está de acordo com a legislação. Ele também é
mais simples de implementar, porque não exige a separação dos custos de
produção por tipo, uma vez que engloba todos eles.
Entre as desvantagens está o fato de, por este método, os custos fixos serem
distribuídos à base de um rateio que pode ser arbitrário. Ele não permite
conhecer a margem real dos produtos e, como o custo fixo da empresa depende
do volume de produção, o custo de um produto poderá ser afetado pela redução
da produção de outro item.
Diferença entre custeio por absorção e custeio
variável
Apesar de o custeio por absorção ser o único método aceito pela legislação, para
fins gerenciais, a contabilidade da empresa pode utilizar outros sistemas de
custeio.
Entre os métodos complementares está o de custeio variável, também chamado
de custo direto ou custeio direto. Ao contrário do custeio por absorção, o custeio
variável considera apenas os custos variáveis de um produto, ou seja, aqueles
cujo total aumenta proporcionalmente em caso de crescimento da produção ou
das vendas.
No método de custeio direto, os custos dos produtos são medidos mais
objetivamente, sem uma distribuição arbitrária do custo fixo. Esse sistema
também permite calcular a margem de contribuição de cada produto. No
entanto, ele mostra apenas o custo parcial do produto, por não considerar os
custos fixos.

Os custos fixos de uma empresa são aqueles que são menos suscetíveis a
apresentar variações de acordo com o volume de produção ou de vendas. Já os
custos variáveis correspondem aos gastos que aumentam ou diminuem de
forma proporcional ao nível de atividade.
Em geral, os custos fixos são gastos como o aluguel do imóvel ou os planos
fechados de telefonia e internet. Esses itens possuem valores que se
mantêm estáveis todos os meses, independentemente do fato de a
empresa produzir ou vender mais ou menos. Também são exemplos de
custos fixos os gastos com limpeza, segurança e manutenção de máquinas.
Já a matéria-prima é um exemplo típico de custo variável. Quanto mais
produtos forem fabricados por uma indústria, maior será seu
consumo de matéria-prima e, portanto, o gasto com ela.
Como diferenciar custos fixos e variáveis?
Não existe uma fórmula genérica, que se aplique a todos os casos, para saber
quais custos são fixos e quais são variáveis. Isso porque a classificação dos
custos varia muito de acordo com a atividade da empresa. No entanto, é fácil de
entender o significado desses conceitos por meio de exemplos.
Tomando o caso de um restaurante que possui o mesmo número de
funcionários ao longo do ano, independentemente do movimento, ele terá os
salários como um custo fixo. No entanto, uma construtora que contrata
trabalhadores por empreitada terá de colocar os salários desses temporários
como custo variável, já que, quanto mais serviço ela tiver, maior será sua
necessidade de mão de obra e, por isso, o custo total desse item.
Alguns custos são considerados híbridos, porque possuem uma
parte fixa e outra variável. Em uma indústria cuja produção gasta muita
energia elétrica, seu custo aumentará se ela produzir mais. No entanto, uma
parte da energia consumida por essa empresa – por exemplo, no seu setor
administrativo – será um gasto constante e, portanto, um custo fixo. A mesma
lógica se aplica ao consumo de água.
Já em uma empresas de serviços, onde o uso de água e luz não tem essa
particularidade, em geral essas contas de consumo possuem valores fixos e,
portanto, podem ser consideradas custos fixos.
Como identificar os custos fixos e variáveis de
uma empresa?
Para poder separar os custos fixos dos variáveis na contabilidade da empresa, o
primeiro passo é levantar todos os gastos de um determinado período de
tempo. Com eles, é possível montar uma planilha para observar a sua variação
mensal. O ideal é que essa tabela contenha também a produção ou o
faturamento com vendas. Assim é possível perceber a relação entre o nível de
atividade da empresa e o impacto nos seus custos.
Usando a série história para separar os custos por tipo, fica fácil
calcular os custos fixos e variáveis nos relatórios mensais: basta
somar os valores de cada um desses grupos para alcançar seu total.
Importância de se conhecer custos fixos e
variáveis
No caso das empresas que possuem uma atividade sazonal, conhecer os custos
fixos e variáveis é importante para um melhor planejamento financeiro ao longo
do ano. Mas todos os tipos de empresas podem ser beneficiadas por esse
conhecimento, já que a estrutura de custos de um produto ou serviço
possui impacto direto no seu preço e condiciona a possibilidade de o
empresário fazer promoções.
Se a maior parte do custo de uma empresa for fixo, quanto mais ela vender,
maior será o seu lucro. Isso porque, como o seu custo é sempre o mesmo, esse
gasto se diluirá de forma proporcional se a produção aumentar. A empresa cuja
produção é mais baseada em custos fixos possui, por isso, mais vantagem ao
fazer promoções, já que ganha no volume de vendas.
Por outro lado, no caso de uma empresa em que a maior parcela do
custo é variável, é necessário fazer lucro a cada venda. Isso porque, se a
empresa vender mais, o aumento da produtividade não terá grandes impactos
no custo unitário do produto ou serviço que ela oferece.
Exemplo
Uma fábrica de sapatos tem um custo fixo de R$ 10.000. Além disso, a empresa
possui um custo variável de R$ 5 por cada par de sapato produzido. Se essa
indústria produzir 1.000 pares de sapato em um mês, seu custo será o seguinte:
Custo total = R$ 10.000 (custo fixo) + R$ 5 x 1.000 (custo variável) =
R$ 15.000
Custo por unidade = R$ 15 (para uma produção de 1.000 pares de
sapato)
Se essa mesma indústria dobrar sua produção, o impacto desse aumento no
custo fica assim:
Custo total = R$ 10.000 (custo fixo) + R$ 5 x 2.000 (custo variável) =
R$ 20.000
Custo por unidade = R$ 10 (para uma produção de 2.000 pares de
sapato)
Diferença entre custo e despesa
Para compreender melhor os conceitos de custo fixo e de custo variável, é
preciso também saber diferenciar custos de despesas. Os custos são os gastos
que uma empresa têm em atividades diretamente relacionadas à produção. Já
as despesas são indiretas. Em uma fábrica, o que está ligado diretamente à linha
de produção costuma ser custo, enquanto os gastos administrativos, por
exemplo, são despesas.
Você também pode ter interesse em CMV, margem de contribuição e ponto de
equilíbrio financeiro.
Saiba, ainda, sobre o método de custeio por absorção.

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