Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Jean-Jacques Rousseau
"Liberdade e igualdade" é o que pregava o filósofo Russeau (1717-1778), o que o
ligava diretamente à essência da ideologia da Revolução Francesa. Seu principal
pensamento é de que o homem é livre e bom por natureza, mas a sociedade tem o
poder de corrompê-lo, ou seja, conduzi-lo a ações excêntricas ou perversas. Sua
obra se define pela crítica sócio-política e à educação elitista de sua época, da qual
podemos destacar o livro "Emílio", que exibe a educação de um jovem, do seu
nascimento até seus 25 anos. O autor descreve como a educação pode ser muito
mais eficiente quando há poucas influências externas, se fazendo valer,
basicamente, do convívio com a natureza e de experiências cotidianas.
A partir de seus estudos, Rousseau sistematizou uma concepção de educação
diferente, chamada posteriormente de "Escola Nova" e que influenciaria diversos
pedagogos, incluindo Maria Montessori. Para ele, a educação de crianças deveria
incentivar a liberdade, de forma que elas vivam cada fase da infância entregues a
seus sentidos e suas emoções.
Maria Montessori
Como falamos, Montessori (1870-1952) foi uma das "discípulas" de Rousseau, e
seu nome é tão conhecido quanto, principalmente no que se trata de Educação
Infantil. A italiana é pioneira da "autoeducação", conceito que retira
a responsabilidade do professor como única forma de obter conhecimentos: nele, a
criança busca seu próprio aprendizado e o educador acompanha todo o processo
de perto, oferecendo sempre sua ajuda. Quando vemos uma sala de aula que segue
essa prática, encontramos estudantes em grupos ou sozinhos, buscando saberes em
livros ou na internet e os professores espalhados pela classe com o intuito de
oferecer o apoio necessário.
As didáticas sensoriais de Montessori são largamente utilizadas hoje em dia na
educação, começando pelas séries iniciais (reconhecimento de cores, cheiros,
texturas e formas, por exemplo). A estudiosa conseguiu comprovar que as crianças
podem aprender a partir de suas próprias experiências de procura e descoberta. E
para levar seu método adiante, criou materiais pedagógicos exclusivos que
facilitariam o raciocínio, abrangendo as formas de conhecimento. Pioneira na
adequação de educação especial (adequação, mobiliário etc.)
Jean Piaget
Outro suíço entre os pensadores da educação mais seguidos da atualidade, Jean
Piaget (1896-1980) é considerado o criador do construtivismo: ele acredita que o
aluno constrói o seu próprio aprendizado. Assim como outros teóricos, ele
também não achava que os conteúdos podem ser transmitidos com total
excelência por professores. Isso por que as crianças só conseguem aprender aquilo
que elas têm condições de absorver e mesmo se tiverem tais condições, só se
interessam por temas que instiguem sua cognição.
Por ser biólogo, Piaget fez diversos estudos acerca da mente infantil, visando
enxergar como elas aprendem e como se desenvolvem. Desta forma, foram
determinados quatro estágios fundamentais do desenvolvimento das crianças: o
sensório-motor; o pré-operacional; das operações concretas; e das operações
formais. Essas fases vão de zero a 12 anos, quando o indivíduo entra para a
adolescência e já consegue ter um pensamento lógico e dedutivo sobre diversos
âmbitos.
Emília Ferreiro
Psicóloga e pesquisadora argentina, radicada no México, fez seu doutorado na
Universidade de Genebra, sob a orientação de Jean Piaget.
A criança tem a sua frente uma estrada longa, até chegar à leitura e a escrita da
maneira que nós, adultos, a concebemos, percebendo que a cada som corresponde
uma determinada forma; que há grupos de letras separada por espaços em branco,
grupos estes que correspondem a cada uma das palavras escritas.
A Hipótese da Criança e as Cartilhas
Segundo as pesquisas a que vimos nos referindo, para que alguma coisa sirva para
ler é preciso que contenha um certo número de letras, variável entre dois e quatro.
Letra sozinha não representa nada escrito. De nada servem, também, conjuntos
com letras repetidas, pois elas entendem que só podem ser lidas palavras que
contenham letras diferentes. Uma explicação para tal, seria que no em seu dia a
dia, observam que o comum é encontrar palavras formadas por uma variedade de
letras.
Telma WEISZ.
AS IDEIAS, CONCEPÇÕES E TEORIAS QUE SUSTENTAM A PRÁTICA DE
QUALQUER PROFESSOR, MESMO QUANDO ELE NÃO TEM
CONSCIÊNCIA DELAS.
A prática pedagógica do professor é sempre orientada por um conjunto de ideias,
concepções e teorias, mesmo que nem sempre tenha consciência disso. Para que
possamos compreender a ação do professor, é preciso verificar de que forma seus
atos expressam sua concepção sobre:
• o conteúdo que ele espera que o aluno aprenda;
• o processo de aprendizagem (os caminhos pelo quais a aprendizagem acontece);
• como deve ser o ensino.
Historicamente, a teoria empirista é a teoria que mais vem impregnando as
representações sobre o que é ensinar, quem é o aluno, como ele aprende e o que e
como se deve ensinar (modelo de ensino e aprendizagem conhecido como
estímulo-resposta). Essa teoria define a aprendizagem como 'a substituição de
respostas erradas por respostas certas', partindo da concepção de que o aluno
precisa memorizar e fixar informações, as mais simples e parciais possíveis e ir
acumulando com o tempo.
A cartilha está fundamentada nesse modelo (palavras-chaves, famílias silábicas
usadas exaustivamente, frases desconectadas, textos com mínimo de coerência e
coesão).
Como a metodologia de ensino expressa nas cartilhas concebe os caminhos pelas
quais a aprendizagem acontece. Na concepção empirista, o conhecimento está
'fora' do sujeito (a fonte do conhecimento é externa ao sujeito - é o meio físico e
social) e, é interiorizado através dos sentidos, ativado pela ação física e
perceptual.
O sujeito é concebido como uma tábula rasa – ‘vazio’ na sua origem, sendo
'preenchido' pelas experiências que tem com o mundo (conceito de 'educação
bancária' criticada por Paulo Freire). O aprendiz é alguém que vai juntando
informações.
O processo de ensino fundamentado nessa teoria caracteriza-se pela: cópia, ditado,
memorização pura e simples, utilização da memória de curto prazo para
reconhecimentos das famílias silábicas, leitura mecânica para posterior leitura
compreensiva.
Para mudar é preciso reconstruir toda a prática a partir de um novo paradigma
teórico. Em uma concepção construtivista, o conhecimento não é concebido como
cópia do real, incorporado diretamente pelo sujeito. A teoria construtivista
pressupõe uma atividade, por parte do aprendiz, que organiza e integra os novos
conhecimentos aos já existentes. Isso acontece com alunos e professores em
processo de transformação.
Uma preocupação, bastante pertinente, diz respeito ao fato do professor querer
inovar a sua prática, adotando um modelo de construção de conhecimento sem
compreender, suficientemente, as questões que lhe dão sustentação, correndo o
risco de se deslocar de um modelo que lhe é familiar para o outro meio conhecido,
mesclando teorias, como se costuma afirmar.
Outra preocupação diz respeito ao entendimento destorcido por parte de
professores, que acreditando ser o sujeito sozinho quem constrói o conhecimento,
veem a intervenção pedagógica como desnecessária.
Tais concepções não fazem nenhum sentido num modelo construtivista.
Conteúdos escolares são objetos de conhecimento complexos, que devem ser
dados a conhecer, aos alunos, por inteiro.
Para o referencial construtivista, a aprendizagem da leitura e da escrita é complexa
e, portanto, deve ser apresentada / oferecida por inteiro ao aprendiz e de forma
funcional. Para os construtivistas, o aprendiz é um sujeito, protagonista do seu
próprio processo de aprendizagem, alguém que vai produzir a transformação,
convertendo informação em conhecimento próprio.
Essa construção pelo aprendiz não se dá por si mesma e no vazio, mas a partir de
situações nas quais age sobre o que é o objeto do seu conhecimento, pensa sobre
ele, recebendo ajuda, sendo desafiado a refletir, interagindo com outras pessoas. A
diferença entre o modelo empirista e o modelo construtivista é que no primeiro a
informação é introjetada ou não; enquanto que no segundo, o aprendiz tem de
transformar a informação para poder assimilá-la. Isso resulta em práticas
pedagógicas muito diferentes. Afirmar que o conhecimento prévio é a base da
aprendizagem não é defender pré-requisitos.
No modelo construtivista, o conhecimento não é gerado do nada, é uma
permanente transformação a partir do conhecimento que já existe. Essa afirmação
de que conhecimentos prévios constituem a base de novas aprendizagens não
significa a crença ou a defesa de pré-requisitos e muito menos significa matéria
ensinada anteriormente pelo professor.
Não informar nem corrigir significa abandonar o aluno à própria sorte.
A crença espontaneista de que o aluno constrói o conhecimento, não sendo
necessário ensinar-lhe, faz com que o professor passe a não informar, a não
corrigir e a se satisfazer com que o aluno faz ' do seu jeito'; isso significa
abandonar o aluno à sua própria sorte.
Cabe ao professor organizar a situação de aprendizagem de forma a oferecer
informação adequada. A função do professor é observar a ação da criança, acolher
ou problematizar / desestabilizar suas produções, intervindo sempre que achar que
pode contribuir para que a concepção da criança sobre o objeto de conhecimento
avance. É papel do professor apoiar a construção do conhecimento pelo aprendiz.