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Ana Cláudia Ferigato Choukr – Advocacia e consultoria empresarial

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA VARA


TRABALHISTA DE MATÃO, ESTADO DE SÃO PAULO – TRT15a REGIÃO

Processo n. 0000635-70.2012.5.15.0081

EDUARDO BOECHAT ALBERNAZ, brasileiro,


casado, portador da cédula de identidade RG. N. 30.755.253-6 e do CPF. N,
266.427.148-22, residente e domiciliado à Av. Cassiano Ricardo, 1411, apto. 263A,
na cidade de São José dos Campos/SP, vem, respeitosamente, devidamente
qualificada nos autos da reclamação trabalhista movida por ALEX ARMINDO
ANACRETO DE SOUZA, ora em fase de execução, inconformado com a decisão
proferida em embargos à execução, na fase de liquidação dos autos, por esse
Douto Juízo, vem interpor o presente AGRAVO DE PETIÇÃO para o
egrégio TRT da 15ª Região.

Posto isto, requer sejam remetidos os autos à instância


superior com as razões anexas, para que possam ser apreciadas e ao fim
reformado o decisum à luz das considerações aqui lançadas.

Nos Termos do artigo 789-A, da CLT, deixa o


agravante de recolher as custas no valor de R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e
vinte e seis centavos), quando então poderão ser devidamente recolhidas ao final
da execução.

Pede deferimento.

De Jundiaí p Matão/SP., 18 de março de 2019

Ana Cláudia Ferigato Choukr


Advogada – OAB/SP. 131.7878

Rua Major Gustavo Adolfo Storch, 123, V. Virgínia, 4º andar, cj. 401
Centro Empresarial Villa Jobim Tel.: +55(11) 9.9965-0285
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR DO TRIBUNAL


REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO

Processo nº 0000635-70.2012.5.15.0081 - Origem Vara do Trabalho de Matão

Agravante: EDUARDO BOECHAT ALBERNAZ.


Agravado: ALEX ARMINDO ANACRETO DE SOUZA

RAZÕES DO AGRAVANTE

Colenda Turma,
Nobres Julgadores

Não obstante ao zelo e a inteligência que caracterizam


o douto Juízo a quo, não pode o agravante concordar com a sua decisão, sob
6878a5f, pois nulidade instransponíveis e afronta aos princípios constitucionais
básicos maculam a execução, em especial a inclusão do mesmo como responsável
pelo débito social e a indisponibilização de seus bens, em especial verbas de
natureza salarial constritas.

DA TEMPESTIVIDADE

Primeiramente, importante salientar que o presente


Agravo de Petição é tempestivo, haja vista que a decisão dos embargos foi
DISPONIBILIZADA no Diário eletrônico em 07 de março de 2019, estão no prazo
legal seu protocolo.

DA DELIMITAÇÃO DA MATÉRIA

Serve o presente Agravo de Petição para postular a


reforma da sentença proferida em Embargos à Execução (id6878a5f), que decidiu
pela improcedência dos mesmos, sob a fundamentação de que:

... Impenhorabilidade de Bens.


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O § 2º do artigo 833 do CPC/2015 alterou a redação do § 2º do artigo 649


do CPC/73, ao instituir como exceção à impenhorabilidade prevista no
inciso X do artigo 833 do Diploma Processual Civil em vigência, a
constrição realizada para pagamento de prestação alimentícia,
independentemente de sua origem, tendo o C. TST, inclusive, revisado
o enunciado da OJ 153 emitida pela SBDI II da mesma Corte,
adequando-o novo regramento.

In verbis:

Ofende direito líquido e certo decisão que determina o bloqueio de numerário


existente em conta salário, para satisfação de crédito trabalhista, ainda que seja
limitado a determinado percentual dos valores recebidos ou a valor revertido
para fundo de aplicação ou poupança, visto que o art. 649, IV, do CPC de 1973
contém norma imperativa que não admite interpretação ampliativa, sendo a
exceção prevista no art. 649, § 2º, do CPC de 1973 espécie e não gênero de
crédito de natureza alimentícia, não englobando o crédito trabalhista.

No caso, o bloqueio levado contra o qual a parte se insurge foi realizado


em 20/9/2018, portanto, já sob a vigência da Lei 13.1015 de 2015.
Improcede, pois, a alegação de que o valor constrito, ainda que
originado em verbas rescisórias pagas ao devedor, seja impenhorável,
já que a realização do ato ocorreu para quitação de crédito trabalhista,
cuja natureza é alimentar.

DISPOSITIVO:

Posto isso, no mérito, julgo IMPROCEDENTES os Embargos à


Execução opostos por Eduardo Boechat Albernaz, nos autos da
reclamação trabalhista que lhe move Alex Armindo Anacleto De Souza,
pelas razões expostas na fundamentação supra, parte integrante deste
dispositivo.

...

Desta feita, não se conforma o agravante com sua


responsabilidade e legitimidade passiva, além do afastamento da nulidade de
citação sob fundamento explicitado na sentença recorrida, mesmo porque não foi
objetivo tal fundamentação especificamente com relação à ausência de citação da
pessoa física, como se as pessoas físicas e jurídicas se confundissem, vez que o
considerado suprimento da citação não é suficiente para restabelecer o
contraditório perdido no momento oportuno, com a então possibilidade de seus
argumentos influenciar na delimitação do título executivo, em especial quando
considerado grupo econômico de empresa da qual fez parte outrora, tornando
então a presente execução e constrição dos bens da parte um ato de surpresa
totalmente inconstitucional.

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A sentença recorrida foi superficial ao afirmar que a


citação do sócio da reclamada não é necessária, pois:

No processo do trabalho adota-se a teoria objetiva da desconsideração da


personalidade jurídica (ou teoria menor), de modo que o simples
inadimplemento da empresa devedora já é suficiente para autorizar o
redirecionamento da execução em face dos seus sócios, o que se dá
inclusive de ofício pelo juízo da execução.

Ou seja, a inclusão de sócio de direito na fase de conhecimento não é


medida necessária ou mesmo útil à reclamante (a par de contrária à
celeridade processual), ante a viabilidade da sua participação no processo
diretamente na fase de execução, em caso de inadimplemento da empregadora.

Chega a ser constitucionalmente questionável dizer


que a citação do sócio na fase de conhecimento não é necessária ou mesmo útil
ao reclamante, quando o que se vê é justamente o contrário desta afirmação.

Contraditoriamente, afasta argumentos apresentados


pelo ex-sócio neste momento – como a contestação da existência de grupo
econômico, sob alegação de não ser momento oportuno, vez que transitou em
julgado a sentença que o reconheceu.

Questiona-se então tamanha ilegalidade e


inconstitucionalidade contra o agravante, pois como considerar uma citação
desnecessária na fase de instrução e ao mesmo tempo dizer que por ter sido
incluído na ação na fase de execução, precluso o direito à apresentação e análise
de provas ??? Quando então o ex-sócio teria a oportunidade de questionar uma
decisão de império que diz que ele fez parte de um grupo econômico, sem que
tal situação fosse flagrante cerceamento de defesa da parte???

O juízo, equivocadamente, afasta os princípios


constitucionais da garantia do devido processo legal e contraditório com a
necessária citação da parte já no processo de conhecimento, para o exercício, por
este da única oportunidade de fazer prova de seus argumentos, pois apenas neste
momento se possibilita toda instrução do processo, para dizer que basta sua
inclusão apenas na execução, quando então é surpreendido muitas vezes pela
penhora direta de bens e direitos em favor da reclamatória que nem tinha
conhecimento de existir.

De sorte, em nome da Garantia de um processo legal


e Justo, necessário o reconhecimento do cerceamento da defesa e Nulidade da
citação, pois inexistente.

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1. DA NULIDADE DA CITAÇÃO e CERCEAMENTO DE DEFESA

A execução contra o embargante é nula de pleno


direito, tendo sido seu direito à Ampla defesa cerceado.

A sentença decidiu que o simples inadimplemento da


empresa devedora já é suficiente para autorizar o redirecionamento da execução em face dos seus
sócios.

Não obstante o i. magistrado na origem sequer tenha


se manifestado pela ausência da citação da parte ora agravante, pois esta é pessoa
física distinta da pessoa jurídica da reclamada, o próprio TST já considerou que
é para considerar nula a execução do ex-sócio, incluído na relação processual apenas na
fase de execução, sem sua prévia citação.

Neste sentido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO. EMBARGOS DE


TERCEIRO. PENHORA. BACEN-JUD. EX-SÓCIO. NECESSIDADE DE
CITAÇÃO VÁLIDA COMO PRESSUPOSTO ESSENCIAL. ARTIGO 5º,
LV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. AUSÊNCIA DE CITAÇÃO DO EX-
SÓCIO. PROVIMENTO. Diante da aparente ofensa ao artigo 5º, LV, da
Constituição Federal dou provimento ao agravo de instrumento, para
determinar o processamento do recurso de revista. Agravo de instrumento a
que se dá provimento. RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO.
EMBARGOS DE TERCEIRO. PENHORA. BACEN-JUD. EX-SÓCIO.
NECESSIDADE DE CITAÇÃO VÁLIDA COMO PRESSUPOSTO
ESSENCIAL. ARTIGO 5º, LV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
AUSÊNCIA DE CITAÇÃO DO EX-SÓCIO. PROVIMENTO. Discute-se
nos autos a possibilidade da penhora de bem de ex-sócio, incluído na relação
processual apenas na fase de execução, sem sua prévia citação. O bloqueio das
disponibilidades financeiras do ex-sócio, através do BACEN-JUD, antes de sua
citação, ofende o devido processo legal, pois a citação válida é requisito essencial
para o deferimento do referido bloqueio. Precedentes: RR-154940-
24.2006.5.02.0262, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos,
DEJT 21/05/2010; RR-58740-96.2002.5.02.0034, Relator Ministro:
Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT 18/12/2009. Com efeito, é assente
na jurisprudência tanto do STJ quanto dos Tribunais Regionais Federais que,
para a utilização da penhora eletrônica autorizada pelo artigo 655-A do CPC,
é necessária a citação válida do ex-sócio, sobretudo quando a reclamação foi
ajuizada somente contra a pessoa jurídica e apenas, em sede de execução, foi
requerido o redirecionamento da execução aos sócios. O Tribunal Regional,
contudo, manteve a decisão do Juízo de primeiro grau que determinara o
bloqueio das disponibilidades financeiras do ex-sócio, sem sua prévia citação.
Impõe-se, portanto, o reconhecimento de ofensa ao artigo 5º, LV, da
Constituição Federal, para considerar nula a execução, em face do recorrente,
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em razão da falta de citação válida . Recurso de revista de que se conhece e a


que se dá provimento.1

Há que considerar que a citação é ato primordial para


garantia do Devido Processo Legal e Contraditório, questão esta que se revela
um pilar do Estado Democrático de Direito, sendo sua afronta, um dos
princípios do Estado de Exceção que não devemos deixar retornar ao nosso
Ordenamento nacional, em especial num momento político tão conturbado.

Entender que a citação empresarial da pessoa jurídica,


em endereço constante de seu cadastro social poderia eventualmente suprir a
citação pessoal de ex-sócio que no mesmo cadastro consta como retirante e que
não possui mais qualquer ato de gestão ou administração ou conhecimento sobre
a sociedade é retroceder no tempo inquisitivo de um Estado acusador e punitivo
ao mesmo tempo, sem se preocupar com a vós daquele acusado, garantindo-lhe
o direito de Acesso aos termos de sua acusação e de Ser Ouvido em seus
argumentos.

Em suma, suprimir a citação válida da pessoa física,


por “confundir” esta com a sociedade da qual não faz parte é flagrante retrocesso
ao Estado Democrático. É pura Ditadura!

Com efeito, é assente na jurisprudência tanto do STJ


quanto dos Tribunais Regionais Federais que, para a utilização da penhora
eletrônica autorizada pelo próprio Código de Processo Civil Brasileiro, é
necessária a citação válida do ex-sócio, sobretudo quando a reclamação foi
ajuizada somente contra a pessoa jurídica e apenas, em sede de execução, foi
requerido o redirecionamento da execução aos sócios.

Esta situação é base da Garantia Constitucional do


Contraditório e Ampla defesa previstos na Carta Constitucional de 1.988 como
forma de estabelecimento de direito indisponível de cada cidadão.

Neste sentido, foi o agravante prejudicado porque não


foi citado no processo de conhecimento e somente teve ciência do feito quando
do bloqueio do numerário em sua conta corrente.

Num primeiro momento, revela-se sem respaldo a


decisão da origem, pois há comando legal prevendo a citação prévia do
executado (artigo 880 da CLT). O bloqueio das disponibilidades financeiras do ex-

1 (TST - RR: 8681120125020443, Relator: Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de Julgamento:
17/06/2015, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 26/06/2015)
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sócio, através do BACEN-JUD, antes de sua citação, ofende o devido processo


legal, pois a citação válida é requisito essencial para o deferimento do referido
bloqueio.

Então, de fato, a sentença proferida na origem carece


de legalidade, porquanto as alegações e garantias constitucionais ora trazidas à
necessária análise deste E. Tribunal dão suporte ao entendimento de que o ato de
constrição, consistente no bloqueio de valores, deve ser considerado nulo pela
falta de citação válida, em nome do ex-sócio como pessoa física, para compor a
relação processual.

Jamais o agravante foi chamado a integrar a relação


processual como parte.

O exercício do Amplo contraditório é compatível com


a necessária observância, pelo juízo, de que as razões da parte sejam, em todas
as fases processuais, apresentadas e possam, de forma legítima, terem a
oportunidade processual de influenciarem no decisum do magistrado, pois caso
contrário, com a supressão de instância, estaria sendo suprimida claramente a
garantia constitucional da defesa à parte, tornando o processo um ato de
autoridade unilateral, similar aos modelos Ditatoriais.

2. DA NULIDADE DO GRUPO ECONÔMICO E SUA EXTENÇÃO


AO AGRAVANTE

No mesmo sentido e decorrente do cerceamento de


defesa ao agravante, foi este trazido à execução pela consideração do grupo
econômico, integrando a lide empresa da qual participava em momento passado.

O reclamante agravado protocolou a reclamação


trabalhista alegando vinculo de trabalho com a empresa CONSTRUTORA E
ENGENHARIA MODULUS LTDA, empresa na qual o agravante nunca foi sócio.

Todavia, parte do quadro social desta empresa


CONSTRUTORA E ENGENHARIA MODULUS LTDA, também fez parte da
sociedade com o agravante na 2ª Reclamada, MODULUS PARTICIPAÇÕES.

Por tal situação, sem qualquer defesa técnica que


pudesse contestar a afirmação de grupo econômico, considerando meramente a
similaridade de parte do quadro social de ambas as reclamadas
(CONSTRUTORA E ENGENHARIA MODULUS LTDA e MODULUS
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PARTICIPAÇÕES), o juízo a quo declarou a existência da responsabilidade


secundária entre as empresas, integrando, posteriormente o agravante na
execução dos autos.

Desta forma, patente a nulidade perpetrada contra o


agravante.

Primeiro há que considerar que, não obstante com seu


desligamento da sociedade MODULUS PARTICIPAÇÕES, tenha o agravante
sido beneficiado com um acordo de rescisão que previu o recebimento de valores
financeiros consideráveis, efetivamente não os recebeu, diante do
inadimplemento da obrigação pela MODULUS, comprovado pelos documentos
anexos (boletim de ocorrência).

De outro lado, mesmo que considere o juízo que o valor


pago pela cessão das cotas pertencentes ao executado, supera, em muito, o débito em
execução, de maneira a estar este último integralmente inserido na cota participativa
daquele, esta situação considerada não tem qualquer relação ao proveito social
do mesmo ao trabalho desenvolvido pelo reclamante, ora agravado,
caracterizando, de outra forma, negociação social civil pelo valor agregado da
empresa e não por seus contratos de trabalho e proveito financeiro específico com
a contratação do empregado-Agravado (até mesmo porque a contratação do
reclamante seu deu pela primeira reclamada ENGENHARIA e não pela sociedade
MOLULUS PARTICIPAÇÕES).

Se outra fosse a causa que justificasse o que considera


o juízo da origem para fundamentar esta sua decisão, deveria ter sido a situação
objeto de prova concreta dos autos e não mera suposição, diante do princípio
inegociável da fundamentação das decisões.

No sentido de afastar a responsabilização do ex-sócio


pelo débito trabalhista quando não há a constatação e a prova do aproveitamento
econômico do trabalho do reclamante, o TRT da 2ª. Região já decidiu:

A responsabilidade trabalhista é estabelecida através da constatação de que


houve aproveitamento do trabalho de outrem, sendo esse o motivo
jurídico para a configuração da responsabilidade legal.2 (grifamos)

De outro lado, considerando especificamente a


assunção do Grupo Econômico existente entre as reclamadas e, por tal razão,

2 (TRT-2 - AP: 974200902102000 SP 00974-2009-021-02-00-0, Relator: PAULO AUGUSTO


CAMARA, Data de Julgamento: 15/12/2009, 4ª TURMA, Data de Publicação: 12/02/2010)
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trazido o agravante à responsabilidade pelas verbas do agravado, se não


considerada a nulidade pelas razões acima, que se considere então a nulidade no
mérito de tal decisão, visto que não se escoou integralmente a necessária prova
da sucessão fraudulenta das empresas e comunhão de objetivos e lucros.

A propósito, há que se esclarecer que a prova da


sucessão fraudulenta é necessária de forma robusta e inequívoca, sendo ônus
do exequente agravado sua produção. Nos autos não há qualquer prova da
sucessão fraudulenta e da própria existência de grupo econômico, permanecendo
meras alegações pela identidade de PARTE dos sócios da empresa MODULUS
PARTICIPAÇÕES, sendo certo, neste sentido, que jamais o embargante foi sócio
da primeira reclamada.

Desta feita, valemo-nos, de uma jurisprudência do


Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, que demonstra de forma
didática quais os critérios relevantes para configuração de um grupo econômico
de fato:

GRUPO ECONÔMICO. COMUNHÃO SOCIETÁRIA. CRITÉRIO


INSUFICIENTE PARA CARACTERIZAÇÃO. A simples comunhão societária
não é suficiente para configurar o grupo de fato, a presença de sócios em
comum em entidades distintas não é suficiente para caracterizar grupo
econômico, pois o que caracteriza é que uma das empresas controle a outra;
fato que não restou evidenciado nos autos, a demonstração da existência de
grupo econômico depende de prova contábil, como empréstimos de uma
sociedade a outra, assunção de despesas por uma das empresas, investimos
na coligada ou controlada.

Na decisão acima, restou assente que a simples


comunhão societária ou a presença de sócios em comum em entidades distintas
não são suficientes para configurar grupo econômico ou de fato. E com muito
mais razão com relação à alegação de fraude societária e comercial.

A decisão é clara ao considerar que mesmo que


TODOS os sócios de ambas as empresas fossem os mesmos, não seria suficiente
para a caracterização de grupo econômico. Quem dera com mais razão afastar a
consideração de Grupo econômico quando um dos sócios é integrante apenas de
uma sociedade.

De modo complementar, essencial ao objetivo de


definir os grupos econômicos de fato, segue jurisprudência do Tribunal Regional
Federal da Terceira Região:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL.


GRUPO ECONÔMICO FATO. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS DE CONFUSÃO
PATRIMONIAL E DE ABUSO DE PODER A JUSTIFICAR O
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REDIRECIONAMNTO DO FEITO PARA SOCIEDADE DIVERSA DA


EXECUTADA. CC. ART. 50.
(…) 3. Não se pode aceitar, indiscriminadamente, quer a inclusão quer a
exclusão do sócio-gerente no pólo passivo da execução fiscal. Para a
exequente requerer a inclusão, deve, ao menos, diligenciar início de prova das
situações cogitadas no art. 135, III, do CTN, conjugando-as a outros
elementos, como inadimplemento da obrigação tributária, inexistência de bens
penhoráveis da executada, ou dissolução irregular da sociedade. 4. A teoria
da desconsideração da pessoa jurídica, cuja aplicação encontra terreno no
direito brasileiro, em princípio, tem lugar quando há um desvirtuamento da
função econômico-social da pessoa jurídica. Admite-se a desconsideração nas
hipóteses em que configurado o mau uso da sociedade pelos sócios, os quais,
desviando-a de suas finalidades, fazem dela instrumento para fraudar a lei ou
subtrair-se de obrigação definida contratualmente, com o intuito de obter
vantagens, em detrimento de terceiro (CC, art. 50). 5. (…) 6. Na espécie, não
se está discutindo o redirecionamento do feito para os sócios da executada
diante de sua eventual dissolução irregular; o que a exequente pretende é o
redirecionamento do feito para sociedade diversa da executada, no caso, a
Damapel Indústria Comércio e Distribuição de Papéis Ltda, ao argumento da
existência de grupo econômico de fato. 7. É certo que a simples existência de
grupo econômico não autoriza a constrição de bens de empresa diversa
daquela executada, conforme entendimento esposado pelo E. Superior
Tribunal de Justiça (ERESP nº 859616, 1ª Seção, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, Dje 18/02/1011). 8. Não restou evidenciada, ante a documentação
acostada aos autos, a ocorrência de abuso de personalidade jurídica, a
confusão patrimonial ou o desvio de finalidade entre a executada e a empresa
Damapel Indústria Comércio e Distribuição de Papéis Ltda a justificar o
redirecionamento da execução, nos termos do art. 50, do CC, NÃO
BASTANDO PARA TANTO, A ALEGAÇÃO DE INADIMPLÊNCIA DOS
DÉBITOS EM MONTANTES ELEVADOS, A INEXISTÊNCIA DE BENS
PENHORÁVEIS, OU, AINDA, POSSUÍREM O MESMO OBJETO SOCIAL,
ALÉM DE TEREM SIDO ADMINISTRADAS, EM ALGUM MOMENTO, POR
MEMBROS DA MESMA FAMÍLIA. 9. (…). 10. Agravo de Instrumento
improvido.

Assim sendo, duas sociedades administradas por


mesmos sócios não pressupõem sucessão, nem fraude, muito menos confusão ou
comunhão patrimonial com fim delituoso. A prova do fato deve ser robusta e
condizente com práticas ilegais e ilegítimas de mercado, no intuito de desvirtuar
e abusar da personalidade jurídica da cada uma delas.

E mesmo se por absurdo seja considerado grupo


econômico, que os sócios atingidos pela extensão da responsabilidade social
sejam apenas aqueles COMUNS a ambas as sociedades e não o agravante, que de
qualquer forma jamais participou ou obteve proveito da sociedade contratante
(ENGENHARIA) ou mesmo dos frutos do trabalho do agravado.

Desta forma, resta clara a nulidade da execução contra


o AGRAVANTE, devendo esta ser extinta e seu nome excluído da lide,
REFORMANDO parcialmente a decisão ora recorrida como medida de Justiça.

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3. DA NULIDADE DE PENHORA SOBRE VERBAS RESCISÓRIAS –


VERBAS DE NATUREZA SALARIAL

E uma última questão que afronta uma questão de


ordem pública e garantia constitucional é a situação das verbas penhoradas
serem de natureza salarial, correspondente à verbas rescisórias recebidas pelo ex-
sócio, ora executado, além de verbas de origem fundiária por ele recebidas, em
razão do termino de seu contrato de trabalho.

Não obstante tenha o i. Magistrado a quo entendido


que:

Improcede, pois, a alegação de que o valor constrito, ainda que originado em


verbas rescisórias pagas ao devedor, seja impenhorável, já que a realização do
ato ocorreu para quitação de crédito trabalhista, cuja natureza é alimentar.

Entendemos que tal situação não é correta, pois tendo


o bloqueio judicial ocorrido em 17/agosto/2018 no valor encontrado em conta no
montante de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) e tendo o Agravante recebido suas
verbas 4 meses antes, num total de R$ 97.745,14 (noventa e sete mil, setecentos e
quarenta e cinco reais e quatorze centavos), sem que neste período tenha outro
vínculo empregatício registrado em sua CTPS, está perfeitamente demonstrado
que o dinheiro bloqueado é saldo daquele valor salarial recebido, do qual nestes
meses que se passaram o titular utilizou uma parte para cumprimento de suas
obrigações mensais como escola das 5 filhas menores, despesas de alimentação,
transporte, higiene e todas as demais necessidades básicas da família,
considerando também que sua esposa foi demitida, conforme documento de id
2f239d9.

Assim, demonstrou o agravante que ele e sua esposa


foram demitidos e que a única fonte de renda da família –, cujo saldo foi
totalmente penhorado pelo juízo da origem – foi a verba rescisória e FGTS
recebidos em razão da rescisão trabalhista do mesmo, pois mesmo tendo passado
4 meses de sua rescisão, procurava o mesmo poupar o valor levantado com sua
demissão, para as necessidades básicas.

Demonstrou o agravante que não possui outra fonte


de renda, não está empregado e sobrevivia do valor recebido, não tendo, tais
verbas, perdido a natureza salarial de sua origem.

Ao contrário ao decidido, para afastar a natureza


salarial da verba penhorada, necessário que houvesse nos autos a prova

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inequívoca ou elementos de convicção que demonstrasse tal perda da natureza


alimentar das verbas trabalhistas, sob pena de estar utilizando a execução da
forma mais gravosa e prejudicial ao devedor, o que é vedado pela legislação
vigente

Mesmo tendo decorrido 4 meses do recebimento das


verbas, demonstrou o agravante que as mesmas não perderam o caráter
alimentar, haja visto também que por ser questão de ordem pública, a natureza
alimentar da verba rescisória não possui prazo de validade e continua sendo
utilizada para sustento básico de sua família.

Além do mais, a penhora se ateve a um valor que


corresponde a menos de 40 salários mínimos vigentes, valor este considerado
eminentemente impenhorável e de natureza salarial para provimento da família
do executado, ora agravante.

Neste sentido é o precedente do Tribunal Paranaense:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO -


FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - PENHORA ON
LINE - BLOQUEIO DE 30% DO VALOR DEPOSITADO EM
CONTA POUPANÇA DO DEVEDOR - VERBAS
RESCISÓRIAS E SALDO DO FGTS - NATUREZA SALARIAL
- ARTIGO 649, INCISO IV, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
- POSSIBILIDADE DE PENHORA DO VALOR QUE EXCEDER
O LIMITE DE 40 SALÁRIOS MÍNIMOS - ARTIGO 649,
INCISO X, DA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL CIVIL.RECURSO
PROVIDO."1. A regra de impenhorabilidade absoluta, prevista
no art. 649, inciso IV, do CPC, visa pôr a salvo de quaisquer
constrições os valores percebidos a título de "vencimentos,
subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de
aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias
recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do
devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os
honorários de profissional liberal,(...)" em virtude da natureza
alimentar de referidas verbas.2. Por outro lado, nos termos do
inciso X do mesmo dispositivo legal, com a redação dada pela
Lei nº 11.382, de 2006, o saldo de poupança somente não será

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Ana Cláudia Ferigato Choukr – Advocacia e consultoria empresarial

objeto de penhora até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos.


" (In: STJ, Resp. nº 1.154.989/MS, j. 30/03/2012).3

Desta forma, mesmo que depositado em conta ou


aplicação financeira, saldos abaixo de 40% salários mínimos são valores
considerados para sustento da família do devedor, estando acobertados pela
impenhorabilidade absoluta da lei.

Além do mais, a verba penhorada é sim considerada


IMPENHORÁVEL, mesmo que para quitação de verbas rescisórias, pois não
obstante ambas tenham natureza alimentar, o valor constrito ficou abaixo do
limite mínimo que permite penhora, vez que de utilização exclusiva para a
manutenção da vida do alegado devedor.

CONCLUSÃO

Pelo exposto, confia que o presente recurso será


conhecido e posteriormente PROVIDO, para reformar integralmente e a decisão
atacada, nos termos da fundamentação, excluindo o agravante da Lide por
considera NULA a execução contra ele perpetrada, pelo cerceamento de defesa,
pela NULIDADE do Grupo Econômico e da CITAÇÃO e pela falta de
responsabilidade do agravante às verbas do agravado.

Não acolhendo a tese da NULIDADE DA CITAÇÃO,


deverá então ser considerada TOTALMENTE e ABSOLUTAMENTE
IMPENHORÁVEL as verbas outrora constritas do Agravante, determinando-se
a liberação em seu favor.

Termos em que,
Pede deferimento.
De Jundiaí p Matão/SP., 18 de março de 2019.

Ana Cláudia Ferigato Choukr


Advogada – OAB/SP. 131.7878

3(TJ-PR - Ação Civil de Improbidade Administrativa: 10164666 PR 1016466-6 (Acórdão), Relator:


Luiz Lopes, Data de Julgamento: 23/05/2013, 10ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 1140
14/07/2013)

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