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ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO
DA OBRA LITERÁRIA
(INTRODUÇÃO À ClrNCIA DA LITERATURA)
*
3." EDIÇ,\O PORTUGU1~SA TOTALi\IEN'l'E REVISTA
PIU,A 4.' ALR1\L\
POR
PAULO QUINTELA
VOL. I
1963
,
INDICE
INTRODUÇÃO
1. Entusiasmo e Estudo. . . . . . . . 3
2. O objecto da Ciência da Literatura . . . 5
3. Conceito e História da Ciência da Literatura. 14
PREPARAÇÃO
CAPÍTULO I
PRIMEIRA PARTE
1. O assunto .. 73
2. O motivo " • 80
Excutso , O motivo da noite em quatro poemas
líricos . . . . . . . . 89
3. «Leítrnotív», Topos, Emblemas 100
4. A fábula . . . . . . . . 109
CAPÍTULO IJI
CAPÍTULO IV
I. A sonoridade. . . 153
2. O estrato da palavra 159
3. Figuras retóricas 167
Excurso . Imagem, Comparação, Metáfora, Sínes-
tesia. . . . . . . . . 183
4. A ordem «usual» das palavras. 196
Excurso: Sintaxe e Verso 202
5. Formas sintácticas. . . . . 209
íNDICE
Págs.
6. Formas superiores à Frase. . . . . . . . . 229
Excurso: Formas superiores à frase estudadas atra-
vés da análise de um texto em prosa 231
7. Modos e formas do discurso . . . . . . .. 234
CAPÍTULO V
PARTE INTERMÉDIA
CAPÍTULO VI
PAULO QUlNTELA
PREFACIO À t » EDIÇÃO PORTUGUESA
WOLPGANG KAYSER
PREFACIO A z» EDIÇÃO PORTUGUESA
WOLFGANG KAYSER
PREFACIO A l.a EDIÇJl.O ALEMJl.
W. K.
INTRODUÇÃO
I. Entusiasmo e Estudo
Poéticas do Humanismo:
G. J. Vossius (1647);
a mais importante é a de Julius Caesar Scaliger:
Poetices libri septem (1561).
Obras expositivas da poética humanística:
K. Borinski, Dte Poetik der Renaissance, 1886;
J. E. Spingarn, A Historsj o] Litererq Criticism in
the Renaissance, Nova Iorque, 1925.
C. Trabalsa, La Critica Letteraria nel Rinascimento
(Storia dei generi letterari). Milão.
Poéticas italianas:
Poéticas francesas:
Poéticas espanholas:
Poéticas alemãs:
Poéticas inglesas:
Poéticas portuguesas:
PRESSUPOSTOS FILOLÓGICOS
2. Determinação do Autor
BARCA BELA
3. Determinação da Data
4. Meios auxiliares
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA ANÁLISE LITERÁRIA
Cada obra literária, em si, apresenta ao estudioso a
tarefa da sua exacta compreensão. Para tal, é necessário
o conhecimento de algumas noções elementares. Os
termos técnicos que as designam referem-se a factos
inerentes à obra como obra literária. Esta parte do
nosso trabalho tem, pois, como finalidade explicar o
significado de tais conceitos elementares e, ao mesmo
tempo, ensinar o seu manejo. Como se trata de con-
ceitos elementares, isolados, cada um dos quais abrange
somente aspectos especiais da obra mas não a obra
como um todo, podemos desíqná-Ios como noções Iun-
damentais da análise. Nas outras partes, mais tarde,
aparecer-nos-ão de novo, quando se trate de discutir
formas sintéticas de trabalho. A maioria das designa-
ções para os conceitos elementares não pertencem
apenas à linguagem técnica da ciência da literatura,
mas sim à linguagem de todos os dias. Ora aqui, pre~
cisamente, reside para o principiante uma dificuldade,
pois, na qualidade de expressão científica, o seu síqní-
ficado muitas vezes difere sensivelmente da acepção
vulgar.
Enquanto se não abranger a obra sinteticamente,
como um todo, podem-se distinguir nela, provisôrta-
mente, dois aspectos principais: forma e conteúdo. Os
conceitos fundamentais dividem-se assim em dois gran~
des grupos: conceitos fundamentais quanto ao conteúdo,
e conceitos fundamentais quanto à forma.
CAPíTULO II
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
QUANTO AO CONTEÚDO
I. O Assunto
2. O Motivo
Addison : HYMN
[HINO
Os ventos adormeceram;
das frescas águas do rio
interrompe o murmurio
de longe o som de um clarim.
[NOITE DE LUAR
Baudelaire: RECUEILLEMENT
1M WALDE
[NO BOSQUE
(Trad. de P. Quintela I
106 ANALISE E INTERPRETAÇÃO
ABENDROT 1M W ALDE
o leitor
sabe agora tratar-se de um animal, acossado
de morte, e que se esvai junto da fonte, na floresta.
Mas há ainda muita coisa obscura, sobretudo o impulso
que levou a modelar o motivo: somente pela história
do topo é que se descobre o núcleo íntimo da poesia,
isto é, a secreta referência ao martírio de um eu
solitário.
DA OBRA LITERÁRIA 107
...... mentis
qui constantis erít, preemia digna Feret.
4. A Fábula
I. Sistemas de Verso
3. O Verso
Was frag ich nach der WeltI Síe wird in Flammen stehn:
Was acht ích reíche Pracht? Der Tod reisst alies hin!
Was hilft die Wíssenschaft, der rnehr denn Falsche Dunst?
Der Liebe Zauberwerk ist tolle Phantasíe:
Díe Wollust ist Iürwahr nichts ais ein schneller Traum;
Díe Schonheít ist wie Schnee: dies Leben ist der Tod.
4. A Estrofe
Ode alcaica:
v-v-v-vv-v-
v-v-v-vv-v-
v-v-v- v -v
-vv-vv-v-v
(T1!NNYSON)
Ode esclepiédics :
-V-vv- -vv-v-
-v-vu_ -vv-u-
-u-vu-v
-u-vu-v __
Ode sáfica:
-v-v-vv_v_V
-v-v-vv-v-v
-v-v-vv-v-v
-vv-v
5. Formas de Poesia
[Fácil é o Tnoleto,
Se bem se aprende a fazerl
Com um bom refrão completo.
Pãcil é o Tríoleto.
Como vêeml - C'um selecto
Novo rimar~'Stão a ver?-,
Fácil é o Tríoleto,
Se bem se aprende a Iazerl]
I Trad. de P. Quintela)
á Ia segunda embajada
va Ia glosa de Ia bella7
Pregúntoos, decid, sefiores:
L no tomará qran fatiga
con tan maios trovadores
Ia que fuere vuestra amiga,
si hebéis de tomar amores?
6. A Rima
E há nevoentos desencantos
Dos encantos dos pensamentos
Nos santos lentos dos recantos
Dos bentos cantos dos conventos ...
Prantos de Intentos, lentos, tantos
Que encantam os atentos ventos.
O sapo-tanoeiro,
Pamasiano aguado,
Diz: - «Meu cancioneiro
!e bem martelado.
148 ANALISE E INTERPRETAÇÃO
8. J\niJise do Som
1. A Sonoridade
Águas de cristal
Que na loura areia
Fabricais espelho
Em que o Sol se veja;
Que, cortando o prado.
Is polindo as pedras, ..
Barbaramente destronadas,
As grandes árvores magoadas
Choram hirtas, despenteadas ...
Estalam no chão suas raizes,
Cortam-lhe a alma sete espadas ...
2. O Estrato da Palavra
o
mesmo traço estílístico (embora nem sempre com
a mesma função) observa-se em muitas obras; baste
DA OBRA LITERARIA 161
Alles Verqãnqlíche
1st nur ein Gleichnis;
Das Llnzulãnqlíche,
Hier wirds Ereignis;
Das Llnbeschreibliche,
Híer íst es getan;
Das Ervtq-Wetblíche
Zíeht uns hínan,
( Coro final de Fausl 11)
3. Figuras Retóricas
Francisco de Vasconcelos:
A FRAGILIDADE DA VIDA HUMANA
Baixei de confusão em mares de ânsia.
Edifício caduco em vil terreno.
Rosa murchada já no campo ameno,
Berço trocado em tumba desd'a infância;
194 ANALISE E INTERPRET AÇAO
Baudeleire,
LA CLOCHE FÊLÉE
Díe Sonn, der Pfeil, der Wínd, verbrennt, verwundt, weht hín,
Mit Feuer, Schãrfe, Sturm, mein Auge, Herze, Sinn,
Do espanhol:
Em italiano:
Tu de l'ínutíl vita
Estrerno unico fior ...
Di giganti un esercito ...
s. Formas sintácticas
Foi-se o namorado,
madre, e non o vejo
e vivo eu coitado,
DA OBRA LITERARIA 219
Convalescença afectuosa
Num hospital branco de paz ...
A dor magoada e duvidosa
De um outro tempo mais lilás ...
A CONSTRUÇÃO
(a) Um exemplo.
o bien-aimée,
DA OBRA LITERARIA 239
L'étanq reflete,
Profond rníroír,
La silhouette
Du saule noir
Ou le vent pleure ...
Un vaste et tendre
Apaisement
Sernble descendre
Ou firmament
Que l'astre írise ...
Se a borboleta vaidosa
A desdém te vai beijar.
O mais que lhe fazes, rosa.
e sorrir e é corar.
250 ANALISE E INTERPRET AÇAO
Se da lástima rendida,
De maldita compaixão,
Tu à súplica atrevida
Sabes tu dizer que não?
ECO
Ya se ha abierto
La flor de Ia aurora.
(l Recuerdas
el fondo de Ia tarde?)
EI nardo de Ia Iuna
derrama su olor frio.
( t Recuerdas
Ia mirada de agosto?)
\
nestes casos, será capaz de construir devidamente esse
mundo da fantasia. Sobre a tensão que, nos últimos
cem anos, existiu entre o drama «poético» e o palco,
informa-nos duma maneira notável Ronald Peacock no
seu esplêndido livro The Poet in the Theatre. (O titulo
dá ocasião a uma observação terminológica. Sepa-
ram-se, nas línguas germânicas, rigorosamente os dois
conceitos «drama» e «teatro», relacionando-se o primeiro
com todos os aspectos duma obra como «literária», e o
segundo, exclusivamente, com tudo o que faz parte
da representação. Os termos respectivamente inglês
e alemão «Theetre» e «Theeter», devem, pois, ser tra-
duzidos para português por «representação cénica» ou
mais simplesmente por «palco».)
O uso vulgar de cena e acto é determinado pelo
Humanismo. Se a Celestine abrange 21 «actos», não
se pode pensar nos actos segundo a concepção mais
recente, mas, talvez, em cenas. Pelo contrário, Gil
Vícente usa uma vez «cena» no sentido dos nossos
actos. No frontispício do segundo livro das Comédias
de 1521, fazia-se especial menção do facto de a Comédia
de Rubena ser dividida em três «cenas». De igual
modo, o seu contemporâneo alemão Hans Sachs, com-
parado com ele tantas vezes duma maneira demasiado
irreflectida, usa só a divisão em actos, hábito também
vulgar entre os grandes dramaturgos espanhóis como
Lope, Tirso. Calderón (jornadas).
Assim como o drama clássico dos espanhóis, tam-
bém o drama português e, na verdade, desde o prin-
cípio até à actualídade, usa na sua maioria três actos,
enquanto que o drama francês, inglês e alemão (trata-se
aqui do drama sério) dá a preferência à divisão em
cinco actos.
264 ANALISE E INTERPRETAÇÃO
3. Problemas de construção
na arte narrativa (épica)
FORMAS DE APRESENTAÇÃO
I. Problemas de apresentação
do género lírico (Técnica da Lírica)
«Vá de intermédio
o
segundo exemplo é tirado do conto intitulado
O Barão, da autoria de António Madeira.
GRÁFICA DE COIMBRA
BAIRRO DE s. JOSÉ, 2-COIMBRA