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Decisão TCU 877654-2012
Decisão TCU 877654-2012
276/2010-3
TC-000.276/2010-3
Natureza: Relatório de Auditoria.
Órgãos e Entidades: Secretaria Executiva do Ministério das
Cidades – Mici, Caixa Econômica Federal – Caixa e Governo do
Estado do Paraná.
RELATÓRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 000.276/2010-3
casas, 379m de galerias de águas pluviais no Jardim Contorno (área 1), 226m de galerias de águas
pluviais no Jardim Contorno (área 2), um parque com recuperação de mata ciliar e obras de dissipador
de energia, relativo ao Contrato n. 5772/CONT/2009; e o Lote 03, com 188 casas no Jardim
Marambaia, concernente ao Contrato n. 5771/CONT/2009.
4. Dos três Lotes, apenas o Lote 03 teve suas obras iniciadas. Os outros dois aguardam a
imissão provisória na posse para a expedição das Ordens de Serviços.
5. O objeto da presente auditoria se insere no programa de trabalho Urbanização,
Regularização Fundiária e Integração de assentamentos precários (PT 15.451.1128.10S3.0053) – e,
mais especificamente, na ação Apoio à Urbanização de Assentamentos Precários no Estado do Paraná.
6. Anota a unidade especializada que o volume de recursos fiscalizados alcançou o montante
de R$ 13.475.506,00, correspondente ao valor total empenhado para o Contrato de Repasse n.
0226007-49, que inclui outras ações além dos três contratos de obra objeto desta auditoria (Contratos
ns. 5771/CONT/2009, 5772/CONT/2009 e 5774/CONT/2009).
7. A importância socioeconômica do empreendimento consiste em beneficiar famílias de
baixa renda que vivem em assentamentos precários na região de Colombo/PR, por meio de ações
integradas de habitação, saneamento e inclusão social.
8. Trago, a seguir, os principais registros do relatório produzido pela 3ª Secob, atinentes a
cada achado de auditoria, reproduzindo, em parte e com os ajustes de forma pertinentes, o texto
elaborado pela equipe de fiscalização, as medidas corretivas e o encaminhamento sugerido para cada
item (fls. 27/56):
“3.1 - Ausência de termo aditivo formalizando alterações das condições inicialmente
pactuadas.
3.1.1 - Tipificação do achado:
Classificação - grave com recomendação de continuidade
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de irregularidade grave da LDO - Os
valores envolvidos na alteração contratual não são materialmente relevantes frente ao valor total
do contrato. Sendo assim, o achado não se enquadra nos requisitos do art. 94, § 1º, inc. IV, da Lei
12.017/2009 – LDO 2010.
3.1.2 - Situação encontrada:
O contrato original do Lote 03, Contrato nº 5771/CONT/2009, previa a execução de
fundação utilizando-se estacas-broca para 28 casas do tipo R CF 40 (geminadas 2 unidades), 56
casas do tipo R CF 40 (geminadas 4 unidades) e 6 casas do tipo R3/R3A; e estacas pré-moldadas
para 26 casas do tipo R CF 40 (geminadas 2 unidades) e 72 casas do tipo R CF 40 (geminadas 4
unidades). A Doria Construções Civis Ltda. requereu à COHAPAR a alteração de método
construtivo para radier em substituição aos dois tipos de fundação inicialmente previstos.
Em vistoria in loco, constatou-se a execução das fundações em radier na área do terreno
em que eram previstas fundações do tipo estaca-broca (Vide foto anexa). Isso importa alteração
do objeto contratual, entretanto, tal alteração do método construtivo não foi formalizada por
meio de termo aditivo ao Contrato. Tanto o engenheiro residente da obra, quanto o gestor do
contrato da COHAPAR informaram à equipe de auditoria que a substituição do tipo de fundação
na área em execução já havia sido aprovada, com base em estudos de obra similar anteriormente
executada pela mesma contratada. Diferentemente, a substituição do tipo de fundação na área de
estacas pré-moldadas ainda estava sob análise da administração. Todavia não foi apresentado
nenhum documento que atestasse a aprovação da administração.
Vale ressaltar que a substituição por fundação radier só se mostrará financeiramente
vantajosa em relação à solução original do Contrato nº 5771/CONT/2009 se for tecnicamente
viável tanto na área onde estavam previstas estacas brocas, quanto na área de estacas pré-
moldadas, o que não foi comprovado até o momento da auditoria.
Nesse sentido, a Decisão 965/2002-TCU-Plenário sintetiza esse entendimento:
‘[RELATÓRIO]
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Nestes autos, o que se verifica é uma sucessão de ajustes informais e paralelos ao disposto
no instrumento contratual, que, embora não tenham dado causa a prejuízo, contrariam
frontalmente o ordenamento em vigor e as cláusulas pactuadas, além de retirar dos órgãos de
controle, quase que por completo, a possibilidade de se certificarem da efetiva regularidade dos
procedimentos adotados.
[VOTO]
Observo que não há dúvidas quanto à ocorrência efetiva de infração à norma legal, vez que
a conduta adequada sob o prisma da legalidade seria a realização de termo aditivo prorrogando a
data aprazada para a entrega dos equipamentos.
[ACÓRDÃO]
8.3. determinar ao Superior Tribunal de Justiça que:
8.3.1. somente efetue alterações contratuais devidamente formalizadas por meio de termos
aditivos, com vistas a salvaguardar o interesse da administração e em respeito ao artigo 60 e seu
parágrafo único da Lei nº 8.666/93.’
Desse modo, a execução da fundação em radier antes da celebração do correspondente
termo aditivo caracteriza afronta aos dispositivos legais vigentes e deve ser considerada irregular.
Ressalte-se que o ajuste informal oferece riscos à Administração, pois não se tem a comprovação
de que a alteração pretendida é técnica e economicamente viável ou de que se enquadra em um
dos casos admitidos no art. 65 da Lei nº 8.666/93.
Além disso, a análise dos documentos referentes ao estudo econômico feito pela
contratante para quantificar as alterações revelou o emprego de metodologia inadequada. Nesse
estudo, os preços dos serviços a serem glosados foram retirados do orçamento da contratada. No
entanto, os preços dos serviços a serem incluídos foram baseados no orçamento-base da
Administração, não considerando o desconto obtido após a licitação. Ademais, as composições
dos novos serviços também foram elaboradas pela COHAPAR. A adoção dessa metodologia,
com comparações em bases diferentes, tende a superavaliar os preços dos serviços a serem
incluídos em detrimento dos preços dos serviços retirados, podendo resultar em desequilíbrio
desfavorável à Administração.
Assim, caberia à COHAPAR formalizar o termo aditivo do Contrato nº 5771/CONT/2009
previamente à execução dos serviços.
3.1.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Contrato 5771/CONT/2009, 24/08/2009, Contratação de empresa para execução de obras
de construção de 188 unidades habitacionais, na Área de Realocação, situada na Rua das Olarias,
s/n, incluindo: fundações, estrutura, alvenaria, cobertura, pisos, esquadrias, acabamentos,
conforme os projetos padrões de habitação da COHAPAR, Doria Construções Civis Ltda.
3.1.6 - Conclusão da equipe:
Em visita à obra referente ao Lote 03 da Concorrência 04/2009, único dos três em
execução, constatou-se a execução de tipo de fundação diverso do previsto em contrato sem
qualquer termo aditivo formalizado.
Dessa forma, propõe-se determinação à contratante para que, apresente o termo aditivo do
Contrato nº 5771/CONT/2009 devidamente formalizado, comprovando que não houve redução
da vantagem inicialmente obtida pela Administração, bem como efetue audiência dos
responsáveis, a fim de justificarem a execução de serviços sem cobertura contratual, em afronta
ao art. 60 da Lei 8.666/93, sem a devida comprovação de que a nova solução de projeto seria
técnica e economicamente viável e que resultaria em alterações contratuais dentro dos limites
legais, nos termos do art. 65 da Lei 8.666/93, sem implicar redução do desconto inicial do
contrato, em conformidade com o art. 112, §6º, da Lei 12.071/2009 (LDO 2010).
3.1.7 - Responsáveis:
Nome: Telésforo Lis de Oliveira - CPF: 246.200.339-87 - Cargo: Gestor e fiscal titular do
contrato (desde 24/08/2009)
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serviços, não se encontrava disponível nos autos, tampouco constava entre os anexos do edital. A
planilha disponibilizada apresentava os custos unitários de forma sintética.
Em entrevista com os gestores do contrato e de orçamento da COHAPAR, constatou-se
que as composições analíticas, apresentadas no curso da auditoria, haviam sido consideradas
quando da elaboração das planilhas de custos sintéticos.
No entanto, o julgamento das propostas foi realizado com base em planilhas sintéticas, que
possuíam inclusive itens orçados como verba, prejudicando o critério de aceitabilidade de preço
unitário.
Visando a garantir maior transparência ao orçamento-base que serviu de parâmetro para a
elaboração das propostas das concorrentes e em observância à jurisprudência do TCU, caberia à
COHAPAR ter incluído no edital o orçamento-base detalhado em planilhas que constassem da
composição de todos os seus custos unitários, inclusive do BDI.
CONTRATO
No edital da Concorrência nº 04/2009, em seu anexo X-a, consta exigência para que apenas
a proponente vencedora apresente suas composições de custos unitários após a celebração do
contrato, 5 dias após a emissão da ordem de serviço.
Por ocasião da auditoria, em função de pendências com desapropriações/titularidade das
áreas, apenas o Lote 03, contratado junto à empresa Doria Construções Civis Ltda., encontrava-
se com Ordem de Serviço emitida, desde 24/08/2009.
Apesar de decorridos cerca de 5 meses desde a emissão da Ordem de Serviço, por ocasião
da auditoria, verificou-se que as composições de custos da Contratada não se encontravam no
processo, só sendo disponibilizadas mediante solicitação da equipe.
Em análise detida a essa documentação, foram identificadas as seguintes inconsistências na
planilha orçamentária da proposta vencedora do Lote 03:
a) a planilha contratada apresenta preços unitários correspondentes aos do orçamento-base,
com desconto linear de 1%;
b) as composições foram elaboradas posteriormente à apresentação da proposta,
evidenciando que não houve apropriação de custos segundo preços de mercado;
c) para ajustar os preços obtidos a partir das composições aos preços propostos, foram
adotados BDIs variáveis por serviço e não detalhados, assumindo valores desde 2,10% (vidros
comuns) até 17,69% (cinta de amarração de 20 MPa; verga de 20 MPa), evidenciando a prática
de ‘conta de chegada’;
d) o BDI detalhado totaliza 10,55%, valor não coincidente com quaisquer dos BDIs
anteriormente relacionados aos serviços;
e) contrariando a jurisprudência do Tribunal de Contas da União, a composição do BDI
apresenta parcelas de IRPJ e CSLL, tributos personalíssimos que não devem ser repassados ao
contratante;
f) não constam composições de custos unitários para todos os serviços contratados.
A prática da construtora não reflete a boa técnica orçamentária, prejudicando a
transparência da apropriação de seus custos. Com isso, a celebração de um eventual termo
aditivo ao Contrato n. 5771/CONT/2009 (Lote 03) oferece risco para a administração, pois não é
clara a formação dos preços, especialmente no caso de contratação de serviços novos. Entende-se
que tais falhas foram possíveis porque as composições foram exigidas em momento posterior à
contratação, e não na fase de análise das propostas.
Ressalta-se que apenas o menor preço global não assegura a proposta mais vantajosa. A
análise de preços unitários é muito importante a fim de evitar problemas futuros, seja por
antecipação de pagamentos, seja por pagamentos de aditivos superfaturados. A preocupação
básica é evitar a contratação de preços acima dos parâmetros de mercado ou, então, a de preços
inicialmente vantajosos mas que, pela distribuição de seus valores unitários, se convertam em
prejuízo da Administração no decorrer de eventuais aditivos.
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Diante do exposto, caberia à COHAPAR ter incluído no edital exigência para que os
proponentes disponibilizassem a composições de todos os seus custos unitários por ocasião da
apresentação das propostas, inclusive do BDI, observando que o IRPJ e o CSLL são tributos
personalíssimos que não deveriam compor essa taxa.
3.4.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Contrato 5771/CONT/2009, Contrato 5772/CONT/2009 e Contrato 5774/CONT/2009.
(...)
3.4.6 - Conclusão da equipe:
A planilha analítica com a composição dos custos unitários estimados pela Administração
não se encontrava disponível nos autos do processo da Concorrência nº 04/2009. Tal ausência
prejudica o processo de elaboração das propostas das concorrentes, visto que o orçamento da
Administração deve servir de base para cálculos constantes nas propostas apresentadas. Além
disso, dessa maneira, a comparação de preços das propostas dos licitantes com os do orçamento-
base pode passar a ser feita em parâmetros diferenciados, pois não se sabe exatamente a
composição dos serviços confrontados. Visando a garantir maior transparência ao orçamento-
base e melhoria no processo de seleção da proposta mais vantajosa, propõe-se alertar a
COHAPAR sobre a impropriedade constatada, a fim de evitar sua reincidência em futuras
licitações realizadas com recursos públicos federais.
Nos autos do mesmo processo também não foram encontradas as planilhas analíticas das
contratadas, embora um dos Lotes já se encontrasse em execução. Em eventuais aditivos, tal
situação gera insegurança à Administração, visto que o processo de apropriação dos custos da
contratada não é transparente. Assim, propõe-se, também, determinação à COHAPAR para que
inclua no Contrato nº 5771/CONT/2009 cláusula estabelecendo que, no caso de aditamentos com
acréscimos, nos termos do art. 65 da Lei 8.666/93, sejam adotados os preços unitários contratuais
para os serviços preexistentes e os custos unitários do SINAPI acrescidos do BDI de referência
do orçamento-base da Administração e com o desconto da proposta original para os serviços
novos, visando ao atendimento do disposto no art. 112, §6º, da Lei 12.017/2009 (LDO 2010). Na
ausência de referência de custo unitário para determinado serviço no SINAPI, poderão ser
adotados aqueles disponíveis em tabela de referência formalmente aprovada por órgão ou
entidade da administração pública federal, incorporando-se às composições de custos dessas
tabelas, sempre que possível, os custos de insumos constantes do SINAPI.
3.5 - Itens instalação/manutenção de canteiros e mobilização/desmobilização não se
encontram detalhados no custo direto da obra.
3.5.1 - Tipificação do achado:
Classificação - outras irregularidades.
3.5.2 - Situação encontrada:
No item 12 do edital da Concorrência nº 04/2009, tem-se que as despesas de
instalação/manutenção de canteiros e mobilização/desmobilização não previstas nas planilhas
orçamentárias devem compor o BDI, com percentual informado em observação separada.
Esse comando do edital contraria a jurisprudência do Tribunal de Contas da União que
recomenda que despesas desse tipo devam ser detalhadas no custo direto da obra.
No caso em análise, essas despesas não constavam das planilhas de custos diretos e não se
teve acesso ao percentual a elas referente no BDI dos proponentes no momento de apreciação
das propostas dos Lotes 01, 02 e 03. Logo, além de contrariar o entendimento do Tribunal de
Contas da União, as propostas também não foram elaboradas de acordo com o estabelecido no
Edital, prejudicando a transparência do processo licitatório e o julgamento objetivo das
propostas.
Ante o exposto, caberia à COHAPAR exigir que os itens instalação/manutenção de
canteiros e mobilização/desmobilização constassem na planilha orçamentária como custo direto,
e não no BDI.
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PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO
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1. Processo TC-000.276/2010-3.
2. Grupo: I – Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Órgãos e Entidades: Secretaria Executiva do Ministério das Cidades – Mici, Caixa Econômica
Federal – Caixa e Governo do Estado do Paraná.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: 3ª Secob.
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos do Relatório de Auditoria realizada pela 3ª Secretaria
de Fiscalização de Obras – 3ª Secob, que faz parte da Fiscalização de Orientação Centralizada – FOC
de que trata o Acórdão n. 2.490/2009 – Plenário, com o objetivo de avaliar a execução das obras de
construção de unidades habitacionais no Município de Colombo/PR, executadas pelo Governo do
Estado do Paraná, vinculadas ao Contrato de Repasse CR n. 226007-49/2007, previstas no Programa
de Aceleração do Crescimento – PAC.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso IV, do
Regimento Interno/TCU, promover a audiência do Sr. Telésforo Lis de Oliveira, gestor e fiscal titular
do Contrato n. 5771/CONT/2009, e do Sr. Waldemiro de Toledo Piza, engenheiro e fiscal substituto
desse ajuste, para que, no prazo de quinze dias, a contar da ciência desta Deliberação, encaminhem ao
Tribunal razões de justificativa, por terem permitido a execução de serviços sem cobertura contratual,
em afronta ao art. 60 da Lei n. 8.666/1993, sem a devida comprovação de que a nova solução de
projeto seria técnica e economicamente viável e que resultaria em alterações contratuais dentro dos
limites legais, nos termos do art. 65 da Lei n. 8.666/1993, sem implicar redução do desconto inicial do
contrato, em conformidade com o art. 112, § 6º, da Lei n. 12.071/2009 (Lei de Diretrizes
Orçamentárias – 2010);
9.2. determinar, com fundamento no art. 45 da Lei n. 8.443/1992, à Companhia de Habitação do
Paraná – COHAPAR que, em cumprimento aos arts. 3º e 65 da Lei n. 8.666/1993, apresente ao TCU,
no prazo de 30 dias, termo aditivo que contemple:
9.2.1. formalização de todas as alterações de planilha decorrentes de modificações
implementadas pelo novo projeto da obra, em especial, àquelas já verificadas pela equipe de auditoria
na visita in loco, ou seja, a troca de fundações de estacas brocas e pré-moldadas para radier,
juntamente com:
9.2.1.1. as respectivas justificativas técnicas, memórias de cálculo, atos e pareceres autorizativos;
9.2.1.2. planilha orçamentária atualizada, com a identificação dos itens suprimidos e acrescidos
em função da alteração contratual (impressa e planilha eletrônica em meio magnético);
9.2.1.3. demonstrativo de que o ajuste não implicou redução do desconto inicial do contrato
(0,9%), em relação aos custos referenciais estabelecidos na Lei n. 12.017/2009 (art. 112, caput, §§ 2º e
3º), acrescidos do BDI de referência adotado no orçamento-base da Administração (20%), de forma a
garantir o cumprimento do art. 112, § 6º, da referida Lei (Lei de Diretrizes Orçamentárias – 2010),
acompanhado das justificativas, análises técnicas e documentos de aprovação dos preços unitários
adotados para os serviços novos, não previstos no contrato original;
9.2.1.4. cláusula prevendo que, caso seja necessária no futuro a celebração de novos aditivos,
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além daquele determinado nessa proposta, os preços unitários de serviços novos ou com quantidades
aumentadas, com vistas a garantir o cumprimento do art. 112, § 6º, Lei n. 12.017/2009, devem:
9.2.1.4.1. no caso de serviços novos, estar limitados aos custos referenciais estabelecidos na
referida Lei (art. 112, caput, §§ 2º e 3º), acrescidos de BDI de referência adotado no orçamento-base
da Administração (20%), aplicando-se o desconto inicialmente obtido (0,9%);
9.2.1.4.2. no caso de serviços preexistentes, utilizar os preços unitários contratuais, observando o
desconto da proposta inicial;
9.3. promover a oitiva da empresa Doria Construções Civis Ltda., signatária do Contrato n.
5771/CONT/2009, para que, se for do seu interesse, encaminhe a este Tribunal, no prazo de 15
(quinze) dias, a contar da ciência deste Acórdão, manifestação quanto às ocorrências apontadas nos
subitens 9.1 e 9.2 deste Acórdão, haja vista que podem ocorrer eventuais reflexos no aludido Contrato;
9.4. determinar à Companhia de Habitação do Paraná – COHAPAR que, em futuros
procedimentos licitatórios para contratações custeadas com recursos públicos federais, especialmente
naqueles que envolvam obras, adote providências no sentido de não mais incorrer nas seguintes
irregularidades:
9.4.1. exigência de comprovação de acervo técnico especificamente em construção habitacional,
como a que foi inserida no subitem 8.4 do edital da Concorrência n. 04/2009 – COHAPAR, a qual
impôs indevida restrição à competitividade do certame, em descumprimento ao disposto nos arts. 3º,
30 e 44 da Lei n. 8.666/1993 e no art. 37, inc. XXI, da Constituição Federal;
9.4.2. ausência, no edital de licitação, do orçamento-base detalhado em planilhas que
expressassem a composição de todos os seus custos unitários, inclusive a do BDI, bem como a falta da
exigência da apresentação dessas planilhas pelos licitantes quando da entrega de suas propostas,
trazendo prejuízo à transparência, às condições de controle e à gestão contratual, contrariando o art. 7º,
§ 2°, inciso II, da Lei n. 8.666/1993;
9.4.3. inclusão indevida dos itens instalação/manutenção de canteiros e
mobilização/desmobilização no BDI, e não na planilha orçamentária como custo direto, o que vai de
encontro ao subitem 9.1.2 do Acórdão n. 325/2007 – Plenário e ao princípio da transparência do
processo licitatório;
9.4.4. falta de adequado registro das ocorrências no Diário de Obras e omissão dos fiscais quanto
à exigência prevista em edital de apresentação do plano de trabalho e das composições de custos
unitários pela contratada no prazo de 05 (cinco dias úteis) após a emissão da ordem de serviço,
inobservando o art. 67 da Lei n. 8.666/1993;
9.5. esclarecer que a reincidência nas falhas acima registradas poderá ensejar aplicação de
sanções aos responsáveis pelos atos praticados, inclusive de multa, nos termos do art. 58, inciso II, da
Lei n. 8.443/1992;
9.6. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional, informando-a de que não foram detectados indícios de irregularidades que se enquadram no
disposto no inciso IV do § 1º do art. 94 da Lei n. 12.017/2009 (Lei de Diretrizes Orçamentárias –
2010) nos Contratos ns. 5771/CONT/2009, 5772/CONT/2009 e 5774/CONT/2009, a serem realizados
com recursos provenientes do Contrato de Repasse n. 226007-49/2007, relativo à execução das obras
de construção de 484 unidades habitacionais nas áreas denominadas Jardim Liberdade, Jardim
Contorno e Jardim Marambaia em Colombo-PR (Melhoria da habitabilidade – formadores do Rio
Iguaçu).
9.7. encaminhar da cópia deste Acórdão, do Relatório e da Proposta de Deliberação que o
fundamentam, ao Ministério das Cidades e à Caixa Econômica Federal;
9.8. arquivar o presente processo.
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Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
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