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DIREITO DO TRABALHO I

Aula 01

1) NOÇÕES HISTÓRICAS DO DIREITO DO TRABALHO:

É impossível compreender o Direito do Trabalho sem conhecer seu


passado. Esse ramo do Direito é muito dinâmico, mudando as condições de
trabalho com muita freqüência, pois é intimamente relacionado com as
questões econômicas.

Inicialmente, o trabalho foi considerado na Bíblia como castigo. Ex. Adão


que teve que trabalhar para comer em razão de ter comido o fruto proibido.

O trabalho vem do latim tripalium, que era uma espécie de instrumento de


tortura de três paus ou uma canga que pesava sobre os animais. Era usado por
agricultores para bater, rasgar e esfiapar o trigo e a espiga de milho.

A primeira forma de trabalho foi a escravidão, em que o escravo era


considerado apenas uma coisa, não tendo qualquer direito, muito menos
trabalhista.

Na Grécia, Platão e Aristóteles entendiam que o trabalho tinha sentido


pejorativo, compreendia apenas a força física. A dignidade do homem consistia
em participar dos negócios da cidade por meio da palavra. Os escravos faziam
o trabalho duro. O trabalho era uma atividade indigna do homem livre.

Em Roma o trabalho era feito pelos ESCRAVOS. O trabalho era visto como
desonroso. A locatio conductio (contrato consensual) tinha por objetivo regular
a atividade de quem se comprometesse a locar suas energias ou resultado de
trabalho em troca de pagamento. Estabelecia uma organização do trabalho do
homem livre, e era dividida em três formas: a) locatio condctio rei: era o
arrendamento de uma coisa; b) locatio conductio operarum: eram locados
serviços mediante pagamento; c) locatio conductio operis, que era a entrega de
uma obra ou resultado mediante pagamento (empreitada).
Num segundo momento, há a SERVIDÃO, época do feudalismo, em que os
senhores feudais davam proteção militar e política aos seus servos, que tinham
que prestar serviços na terra do senhor feudal. (os servos tinham de entregar
parte da produção rural aos senhores feudais em troca de proteção e do uso da
terra).

Num terceiro plano, surgem as CORPORAÇÕES DE OFÍCIO, em que


existiam três personagens: os mestres, os companheiros e os aprendizes.

Os mestres eram os proprietários das oficinas; os companheiros eram


trabalhadores que percebiam salários dos mestres; e os aprendizes eram os
menores que recebiam dos mestres o ensino metódico do oficio.

Havia nessa fase um pouco de liberdade ao trabalhador. As corporações de


ofício tinham como características:

a) Estabelecer uma estrutura hierárquica;


b) Regular a capacidade produtiva; e,
c) Regulamentar as técnicas de produção.

As corporações de ofício foram suprimidas com a Revolução Francesa em


1789, pois foram consideradas incompatíveis com o ideal de liberdade do
homem.

Com a segunda Revolução Industrial, entre fins do século XIX e inicio do


século XX, surgem novos métodos de produção, acarretando a dispensa de
centenas de trabalhadores.

O descontentamento dos obreiros dá inicio aos primeiros movimentos


sociais, quando começam as greves, violentamente reprimidas pelo Poder
Público.

A principal causa econômica foi a Revolução Industrial do século XVIII,


conjunto de transformações decorrentes da descoberta do vapor como fonte de
energia e da sua aplicação nas fábricas e meios de transportes. Com a
expansão da indústria e do comércio, houve a substituição do trabalho escravo,
servo e corporativo pelo trabalho assalariado em larga escala, do mesmo modo
que a manufatura cedeu lugar a fábrica e, mais tarde, à linha de produção.
Daí nasce uma causa jurídica, pois os trabalhadores começaram a reunir-
se, a associar-se, para reivindicar melhores condições de trabalho e de
salários, diminuição da jornada excessiva, e contra a exploração de menores e
mulheres.

Bem retrata o trabalho abusivo a que eram submetidos os trabalhadores


nas minas Émile Zola, em Germinal. O trabalhador prestava serviços em
condições insalubres, sujeitos a explosão, intoxicação, inundações,
desmoronamento, prestando serviços por baixos salários e sujeitos a varias
horas de labor.

A Encíclica Rerum novarum (coisas novas), de 1891, do Papa Leão XIII,


pontifica uma fase de transição para a justiça social, traçando regras para a
intervenção estatal na relação entre trabalhador e patrão. Dizia o referido Papa
que “não pode haver capital sem trabalho, nem trabalho sem capital”. Leão XIII
defendia a propriedade particular por ser um princípio do Direito Natural. Quem
não tinha propriedade, supria-a com o trabalho, meio universal de prover as
necessidades da vida.

O Direito do Trabalho surge para limitar os abusos dos empregador em


explorar o trabalho e para modificar condições de trabalho.

A partir do termino da Primeira Guerra Mundial, surge o que pode ser


chamado de constitucionalismo social, que é a inclusão nas constituições de
preceitos relativos à defesa social da pessoa, de normas de interesse social e
de garantia de certos direitos fundamentais, incluindo o Direito do Trabalho.

A primeira Constituição que tratou do tema foi a do México, em 1917,


na qual estabelecia jornada de trabalho de oito horas, proibição de trabalho de
menores de 12 anos, descanso semanal, salário mínimo, direito de
sindicalização e de greve, indenização de dispensa, seguro social e proteção
contra acidentes.

A segunda constituição a versar sobre o assunto foi a de Weimar, em


1919, disciplinava a participação dos trabalhadores nas empresas; colocando o
trabalho sob proteção do Estado, o que levaria a criação da OIT.
Na Itália, aparece a Carta Del Lavoro, de 1927, um documento que
apresentava as linhas de orientação que deveriam guiar as relações de
trabalho na sociedade. Surge o corporativismo, visava organizar a economia
em torno do Estado, promovendo o interesse nacional, além de impor regras a
todas as pessoas. Nada escapava à vigilância do Estado, nem a seu poder.

Mais recentemente, há também uma classificação que divide os direitos em


gerações. Os direitos de primeira geração são aqueles que pretendem
valorizar o homem, assegurar liberdades abstratas, que formariam a sociedade
civil. Os direitos de segunda geração são os direitos econômicos, sociais e
culturais, bem como os direitos coletivos e das coletividades. Os direitos de
terceira geração são os que pretendem proteger, além do interesse do
individuo, os relativos ao meio ambiente, ao patrimônio comum da humanidade,
à comunicação, à paz.

EVOLUÇÃO NO BRASIL

A Constituição de 1824 apenas tratou de abolir as corporações de ofício,


pois deveria haver liberdade do exercício de ofícios e profissões.

A Lei do Ventre Livre dispôs que, a partir de 1871, os filhos de escravos


nasceriam livres. O menor ficaria sob a tutela do senhor ou de sua mãe até
completar 8 anos, quando o senhor poderia optar em receber uma indenização
do governo ou usar do trabalho do menor até completar 21 anos. Em 1888, a
Princesa Isabel assina a Lei Áurea abolindo a escravatura.

A Constituição de 1891 reconheceu a liberdade de associação, que tinha na


época caráter genérico, em que era licita a associação e reunião de forma
pacifica, sem armas.

Em 1930, começa surgir uma política trabalhista idealizada por Getulio


Vargas.
Getulio Vargas editou a legislação trabalhista em tese para organizar o
mercado de trabalho em decorrência da expansão da indústria.

A Constituição de 1934 é a primeira constituição brasileira a tratar


especificamente do Direito do Trabalho, garantia a liberdade sindical, isonomia
salarial, salário mínimo, etc.

No dia 1º de maio de 1943 era promulgada a Consolidação das Leis do


Trabalho, conjunto de leis disciplinando as relações individuais e coletivas do
trabalho. O objetivo da CLT foi apenas o de reunir as leis esparsas existentes
na época, consolidando-as.

Com a Constituição Federal de 1946, a Justiça do Trabalho passa a integrar


o Poder Judiciário.

A Constituição vigente mantém tais conquistas sociais, situando o Brasil


entre os países que vêem, no trabalho e no capital, forças que se conjugam,
voltadas para o bem comum.

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