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Voluntariado e terceiro setor

Introdução

No inicio das civilizações sempre se buscou por ajudar os mais

necessitados, mesmo que pequenas, as ações eram realizadas de forma voluntária

e sempre esteve envolto com questões religiosas, de forma que a caridade sempre

esteve unida a questões da igreja, que por sua vez sempre realizava suas ações

visando suprir os carentes. O cristianismo foi de fundamental importância em

cenário de calamidade sempre impulsionando a assistência social com seus

voluntários. No entanto com o aumento das vilas e cidades e o surgimento de

grandes centros urbanos, fez aumentar o número de pessoas que precisam de

apoio e esse assunto já não era mais só uma questão para a igreja e buscou-se

estudo que ampliasse e possibilitasse uma solução mais concreta, foi então que

começaram a surgir organizações de trabalho voluntário que acreditavam em um

auxílio mais amplo do que a simples caridade.

Já no século XX os governos começaram a investir no bem-estar social

criando Hospitais, escolas e instituições para combater a pobreza das grandes

cidades e amparar a população carente. Nos anos 70, com a crise econômica

mundial, observou-se tendência inversa. Governos cortaram gastos, abrindo

espaço para que o voluntariado voltasse a prover necessidades básicas não

supridas pelo Estado. Data desta época a popularização das Organizações Não

Governamentais (ONGs), instituições civis criadas na década de 50. Ocupando

espaços deixados por governos e empresas, as organizações do terceiro setor não

têm fins lucrativos e buscam potencializar o impacto social a partir de trabalho

voluntário e de doações.
O terceiro setor foi se desenvolvendo com o propósito de supri a falta de

credibilidade do estado no que tange a assistência social, estando sempre ligado

a idéia do voluntariado sem fins lucrativos exercendo a caridade, ainda que exista

discordância entre estudiosos do assunto sobre sua finalidade e importância,

tem-se em comum a ideia de que no Brasil o terceiro setor está em fase de

fortalecimento contínuo e pode ser definido como aquele composto por entidades

privadas da sociedade civil, que prestam atividade de interesse público, por

iniciativa privada, sem fins lucrativos. O Terceiro Setor coexiste com o Primeiro

Setor, que é o próprio Estado, e com o Segundo Setor, que é o mercado.

3. O Voluntariado na atualidade.

Carmelita (2015) corrobora que o protagonismo do Terceiro Setor na

solidariedade social resulta em grande parte do trabalho voluntário, uma vez que

agrega valores na prestação dos serviços sociais com vistas a eficiência nos

resultados.

Para Camargos (2008, apud Nunes, 2009) ratifica que a importância

dessa modalidade de trabalho para o terceiro setor por garantir a prestação de

serviços independentemente do volume de arrecadação de recursos e o

crescimento da ação voluntária vem gerando iniciativas diversas para a formação

de agentes voltados à intervenção e gestão dessas organizações.

De acordo com o disposto no art. 1º da Lei 9.608/98:

[...] a atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade


pública de qualquer natureza ou a instituição privada de fins não
lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais,
científicos, recreativos ou de assistência à pessoa. (BRASIL, 1998).
Neste sentido, o trabalho voluntario caracteriza-se pelo

desenvolvimento de uma atividade sem gerar ônus para a organização, pois não

há uma recompensa financeira e em contrapartida a ação voluntaria proporciona

o desenvolvimento de competências e realização pessoal em decorrência da

doação de conhecimento, do talento e da dedicação que requer o esforço físico ou

intelectual ao executar as atividades.

Segundo Mestriner (2001, apud Holanda, 2006) o trabalho voluntario

em sentido restrito constitui-se no sentimento de preocupação com o outro, não

há a intenção de obter lucro ou de apropriação de qualquer bem material. Já em

sentido amplo há um sentimento humanitário a intenção de o ser humano tenha

garantido a condição digna de vida, bem-estar público.

Já para Coelho (2002, apud Nunes, 2009) atualmente outro motivo

orienta a prática da ação voluntaria: o de interesse próprio. Segundo ele a razão

está ligada ao profissional e ao desenvolvimento de habilidades valorizadas pelo

mercado de trabalho, visto que na atualidade algumas empresas passaram a ter

interesse por pessoas que exerçam algum tipo de trabalho voluntário em virtude

do desenvolvimento da criatividade, das técnicas de gerenciamento, e da

flexibilidade para cumprir mais de uma função.

Assim, a pratica do voluntariado na atualidade está relacionado com a

capacitação dos indivíduos que atuam em sintonia com demandas reais da

comunidade o que proporciona melhoria das condições de vida. Por outro lado, a

organização também ganha em valor ao abrir espaço para profissionais que estão

preocupados com a responsabilidade social, pois tem motivação e interesse pela

causa.

Segundo Coelho (2002, apud Nunes, 2009) o trabalho voluntário é

fundamental para que os serviços da instituição tenham qualidade igual ou


melhor do que o oferecido pelas empresas privadas e a preços mais acessíveis ou

até mesmo gratuitos.

De acordo com Ribas (2005) é a partir do trabalho voluntário que o

Terceiro Setor ajudar a desenvolve em indivíduos de uma comunidade a

consciência da realidade, assim como a competência para a auto sustentação e

empreendedorismo. Fortalecendo a autonomia das comunidades para resolver

seus próprios problemas.

3.1 Voluntariado e a classe contábil

A Contabilidade do Terceiro Setor é normatizada pelo Conselho

Federal de Contabilidade através da Resolução CFC N. º 1.409/12 que aprova a

ITG 2002 e dispõe sobre as entidades sem fins lucrativos e no que tange o

trabalho voluntário, este deve ser reconhecido pelo valor justo da prestação do

serviço como se tivesse ocorrido o desembolso financeiro e divulgadas em notas

explicativas por tipo de atividade. Em outras palavras, ocorre a mensuração do

trabalho caso ele tivesse que ser pago.

Embora o trabalho voluntário seja feito sem cobrança financeira por

parte do voluntário, é preciso dar atenção aos passos para se fazer o

reconhecimento correto deste trabalho na Contabilidade da entidade.

O objetivo é estimular a participação do profissional contador em

ações de voluntariado para difundir o espirito de responsabilidade social, assim

como o comprometimento com questões sociais e relevantes para o pais, além de

honorificar a classe contábil junto a sociedade.

De acordo com o Portal do CFC muitas são funções do profissional

contador e uma das atividades mais honorificas é a de ator social, por isso, há 10
anos o Programa de Voluntariado da Classe Contábil (PVCC) tem contribuído

com a população, disponibilizando o conhecimento da classe em diversas

vertentes a partir da colaboração de mais de sete mil profissionais da

contabilidade.

Os voluntários contadores contribuem na orientação da contabilidade,

prestação de contas, orçamentos e controles para aumenta a sustentabilidade

financeira baseada no entendimento da legislação própria e no planejamento das

atividades. O trabalho embora não remunerado possibilita ao contador a

orientação de gestores do Terceiro Setor que necessitam de apoio técnico para

uma eficiente administração dos recursos, orientação contábil e fiscal, apoio aos

eventos, entre outras atividades troca de conhecimentos e experiências.

Referencias

BRASIL, LEI Nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre o serviço


voluntário e dá outras providências. Brasília- DF, 18 de fevereiro de 1998.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/LEIS/L9608.htm.
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https://periodicos.pucpr.br/index.php/psicologiaargumento/article/view/2022
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HOLANDA, Cristiane carvalho de. Voluntariado e terceiro Setor. Mestrado em


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sociedade mais justa e solidária. 25 de abril de 2018. Disponível em:
https://cfc.org.br/sem-categoria/profissional-da-contabilidade-sempre-em-
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http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/RES_1409.pdf. Acesso em: 14, dez.
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