Você está na página 1de 5

INFLUÊNCIA DE ADJUVANTE E TEMPO DE PREPARO NA QUALIDADE DE

CALDAS DE PULVERIZAÇÃO

RODRIGUES-COSTA, A. C. P. (UNIOESTE/CCA, Marechal Candido Rondon/PR –


andreiacpr@hotmail.com), COSTA, N. V. (UNIOESTE/CCA, Marechal Candido Rondon/P –
neumarciovc@hotmail.com), LUIZ JUNIOR, J. B. (FAG, Cascavel/PR –
jukkacipo@hotmail.com), MOREIRA, G. C. (FAG, Cascavel/PR –
gc_moreira@hotmail.com), PRIOR, M. (UNIOESTE/CCA, Marechal Candido Rondon/PR –
maritanep@yahoo.com.br).

RESUMO: O presente trabalho teve por objetivo avaliar a influencia de adjuvante


mostra a influência na qualidade da calda de pulverização com o herbicida glyphosate com e
sem adição de adjuvantes em diferentes tipos de água. O experimento foi realizado no ano
de 2010, nas dependências da Faculdade Assis Gurgacz (FAG), município de Cascavel
(PR). O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado com cinco
repetições. Os tratamentos foram constituídos por 4 fontes de água (destilada, deionizada,
de açude e de poço artesiano) e 4 situações de misturas. Após 24 horas do preparo da
calda de pulverização foram avaliados a condutividade elétrica (ce) e o potencial
hidrogeniônico (pH). Independente da água coletada e a utilização de adjuvante, quando se
adiciona glyphosate promove acidificação e elevação da condutividade elétrica da calda de
pulverização.

Palavras-chave: Glyphosate, Tecnologia de aplicação, Agrotóxicos.

INTRODUÇÃO
A qualidade da água pode influenciar, de forma negativa, a eficiência biológica dos
herbicidas, reduzindo sua meia-vida, como do glifosate, pois são adsorvidos aos colóides
orgânicos e inorgânicos, devido à presença do ácido fosfônico na molécula (SPRANKLE et
al., 1975; DUKE, 1988; BELTRAN et al., 1998).
As moléculas herbicidas possuem características químicas que lhes conferem
capacidade de reação com íons presentes na água de aspersão, os quais podem imobilizá-
las, reduzindo sua atividade nas plantas (Vargas e Roman 2006).

XXVIII CBCPD, 3 a 6 de setembro de 2012, Campo Grande, MS / Área 1 - Biologia das plantas daninhas 78
Segundo (McCornick, 1990), as propriedades físicas – químicas dos herbicidas
podem ser alteradas coma a redução do pH da calda e com o tipo de íon presente na
solução.
O pH da água, segundo Kissmann (1997), pode influir no resultado da aplicação,
pelas seguintes razões: quando o pH da água está alto, pode acelerar a degradação do
herbicida por hidrólise alcalina; sendo que a constante de dissociação de muitas moléculas
de herbicidas depende do pH, e a sua absorção pelos tecidos vegetais varia, dependendo
da molécula ser íntegra ou dissociada em cátions e ânions.
Diante do exposto o presente trabalho tem como objetivo estudar a influência do
tempo de preparo e adição de adjuvante na qualidade da calda de pulverização em
diferentes tipos de água.

MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no laboratório de Bioquímica da Faculdade Assis
Gurgacz – FAG, Cascavel – PR. No dia anterior à montagem dos tratamentos, foram
coletados quatro tipos de água (destilada, deionizada, de açude e de poço artesiano), e
armazenadas em condições adequadas. Foram utilizados o herbicida glyphosate na dose de
1680 g e.a. ha-1 e, um adjuvante composto por 305 g/l de P2O5 solúvel em água, na dose de
0,025% v/v, este adjuvante age como redutor de pH e surfactante.
As propriedades das soluções aquosas avaliadas foram a condutividade elétrica
(ce) e o potencial hidrogeniônico (pH), através de pHmetro e condutivímetro,
respectivamente. A leitura foi realizada após 24 horas do preparo da calda.
Os tratamentos foram constituídos por 4 fontes de água (destilada, deionizada, de
açude e de poço artesiano), e quatro situações de misturas: 1) água pura; 2) água com
glyphosate; 3) água com adjuvante e; 4) água com glyphosate e adjuvante. Essas
combinações foram propostas paraverificar o efeito da adição glyphosate e adjuvante nas
diferentes águas.
Os tratamentos foram instalados em delineamento experimental inteiramente
casualizados com cinco repetições dispostos em um esquema fatorial 4 x 4 (quatro fontes
de água, 4 situações misturas). Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo
Teste “F” e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Tukey a 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1, estão apresentados os valores médios de pH para os tipos de água e
misturas em uso, 24 horas após a preparo da calda.
Observa-se que a água de poço artesiano foi a que se mostrou mais alcalina (8,1) em
relação as demais fontes de água. Independente da fonte de água analisada, quando se

79
adicionou o adjuvante, o glyphosate ou ambos em mistura, ocorreu significativo efeito
acidificante dos produtos sobre a água.
Segundo McCormick (1990), produtos que tem como característica a diminuição do pH
são bastante desejáveis quando se trata de aplicação de herbicidas e que alguns herbicidas
têm sua eficiência elevada na planta com a redução do pH. Wolf (2000) relata que a adição
de redutores à calda de pulverização pode aumentar o diâmetro das gotas pulverizadas e
reduzir o risco potencial de deriva, melhorando o controle de plantas daninhas mesmo em
doses reduzidas.

Tabela 1 - Valores médios de pH de águas de poço artesiano, açude, destilada e deionizada


com diferentes misturas de Glyphosate e adjuvante após 24 horas de preparo
da calda. Cascavel - PR, 2010.

Tipos de misturas
Tipos de água
Água pura Água + gly. Água + adj. Água + gly. + adj.
Poço artesiano 8,10 aA 4,77 bC 3,38 aD 5,00 aB
Açude 7,01 bcA 4,94 aB 3,00 bC 5,00 aB
Destilada 7,10 bA 5,00 aB 2,84 cD 4,42 cC
Deionizada 6,96 cA 4,78 bB 2,93 cD 4,57 bC
Fágua 323,93**
Fmistura 18734,13**
Fágua x Fmistura 121,490**
C. V. 1,15
d.m.s. 0,0477
** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.
Médias seguidas de mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem
estatisticamente entre si, pelo teste de tukey (P>0,05).

Na Tabela 2, estão apresentados os valores médios de condutividade elétrica (ce)


para os tipos de água em uso, 24 horas após o preparo da calda.
Verifica-se que quando se adiciona glyphosate na água independente se adiciona
adjuvante ou não, os valores de condutividade elétrica apresenta valores elevados.
Quando os valores de condutividade elétrica de uma calda são bastante elevados,
indicam a presença de grandes quantidades de íons, os quais podem diminuir a eficiência
biológica dos herbicidas e diminuir a quantidade de ingrediente ativo disponível, como no
caso da reação dos íons de 2,4-D com Ca+2 e Mg+2 e da quelação desses íons pelo
glyphosate (Carlson e Burnside (1984); Rheinheimer e Souza (2000)).
De uma forma geral a água provinda do poço artesiano apresentou as maiores CE, por
causa da maior concentração de íons.
Segundo Rheinheimer e Souza (2000), águas com baixas CE, praticamente, não
requerem correção de pH por ocasião da pulverização dos herbicidas, uma vez que os
próprios herbicidas com caráter ácido, certamente, quando colocados no tanque de
pulverização, diminuem o pH da calda.
80
Tabela 2 - Valores médios de condutividade elétrica (dS/m) de águas de poço artesiano,
açude, destilada e deionizada com diferentes misturas de Glyphosate e
adjuvante após 24 horas de preparo da calda de pulverização. Cascavel - PR,
2010.

Tipos de misturas
Tipos de água
Água pura Água + gly. Água + adj. Água + gly. + adj.
Poço artesiano 0,112 aC 1,783 aA 0,017 dD 1,752 aB
Açude 0,029 bD 1,701 bA 0,279 cC 1,590 dB
Destilada 0,007 cD 1,636 cB 0,565 aC 1,696 bA
Deionizada 0,005 dD 1,598 dB 0,353 bC 1,653 cA
Fágua 450,908**
Fmistura 271405,338**
Fágua x Fmistura 1765,289,75**
C.V. 0,81
d.m.s. 0,0063
** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.
Médias seguidas de mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem
estatisticamente entre si, pelo teste de tukey (P>0,05).

CONCLUSÕES
Independente da água coletada e a utilização de adjuvante, quando se adiciona
glyphosate promove acidificação e elevação da condutividade elétrica da calda de
pulverização.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRAN, J., GERRITSE, R.G., HERNANDEZ, F. Effect to flow rate on the adsorption and
desorption of ghyphosate, simazine and atrazine in columns of sandy soils. Eur J Soil Sci,
Oxford, v.49, n.1, p.149-156, 1998.
CARLSON, K. L.; BURNSIDE, O. C. Comparative phytotoxicity of ghyphosate, SC-0224, SC-
0545, and HOE-00661. Weed Science, Champaign, v. 32, n. 6, p. 841-884, 1984.
DUKE, S.O. Glyphosate. In: KAUFMAN, D.D., KEARNEY, P.C. Herbicides: chemistry,
degradation, and mode of action. New York: Marcel Dekker, 1988. Cap. 1. p.1-59.
Embrapa Trigo, 2006. 10p.
KISSMANN, K. G. Adjuvantes para caldas de produtos agrotóxicos. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS, 21., 1997, Caxambu. Palestras e
mesas redondas... Viçosa: Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas, 1997. p.
61-77.
McCORMICK, R. W. Effects of C02, N2, air and nitrogen salts on spray solution pH. Weed
Technology, Champaign, v. 4, n. 4 , p. 910-912, 1990.

81
RHEINHEIMER, D. S; SOUZA .R. O. Condutividade elétrica e acidificação de águas usadas
na aplicação de herbicidas no Rio grande do sul. Ciência Rural, Santa Maria. v. 30, n. 1, p.
97-104, 2000.
SPRANKLE, P., MEGGIT, W.F., PENNER, D. Adsorption, mobility, and microbial
degradation of glyphosate in the soil. Weed Science, Champaign, v.23, n.2, p.229-234,
1975.
VARGAS, L.; ROMAN, E. S. Conceitos e aplicações dos adjuvantes. Passo Fundo:
WOLF, R. E. Strategies to reduce spray drift. Kansas: Kansas State University, 2000. 4p.
(Application Technology Series).

82

Você também pode gostar