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mediadores de leitura
MEDIAÇÃO
DA LEITURA E
Formação
do leitor
Lidia Eugenia Cavalcante
Gra
tui
to!
1
FASCÍCULO
Copyright © 2018 by Fundação Demócrito Rocha
2018-1825
CDD 372.41
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CDU 372.41
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PARA ALÉM
preensão crítica do ato de ler, que não se que são fundamentais para a compreensão
esgota na decodificação pura da palavra da realidade apresentada nas argumenta-
DO TEXTO
escrita ou da linguagem escrita, mas que ções, nos exemplos e nas linguagens do
se antecipa e se alonga na inteligência do texto lido mediado.
mundo.” (FREIRE, 1989, p.9) A leitura, portanto, faz parte do processo
A leitura, em suas diferentes linguagens, de comunicação cotidiana que ocorre entre
verbais e não verbais, é fundamental para A importância do ato de ler, os sujeitos e que envolve interações sociais
a construção do conhecimento, desde que de Paulo Freire: e trocas, fomentadas em situações diversas,
seja valorizada a compreensão crítica do https://educacaointegral.org. expressas pela memória, cultura, tradições
leitor e o seu conhecimento de mundo, br/wp-content/uploads/2014/10/ e contextos sociais.
podendo ser visto em uma das afirmações importancia_ato_ler.pdf No desafio de mediar a leitura, não
mais conhecidas e citadas de Freire: podemos esquecer a importância das lin-
A leitura de mundo precede a leitura guagens, pois a mediação é um ato de co-
da palavra, daí que a posterior leitura desta municação entre os sujeitos e de partilha
não possa prescindir da continuidade da entre interlocutores.
DESTACAMOS QUE
A mediação da leitura
é um ato dialógico
A leitura é plural
A leitura é libertária
A leitura é emancipatória
A leitura não deve ser imposta
A leitura é provocação
Ler é um ato inacabado:
estamos sempre
acrescentando algo
O conhecimento está
sempre em construção
O leitor se constrói a cada momento
É necessário apropriar-se do que é lido
3.
exposição direta à leitura por meio da me-
diação apresenta estímulos humanizadores verbais, é mote para desvelar o ato vivido.
das práticas sociais e culturais, ampliando o Por isso, a leitura precisa ser atrativa, pois
campo de compreensão do que é lido e de ela deve ser reconhecida e (re)siginificada
suas linguagens. no sentido mais amplo que esses termos
A leitura, se bem entendida, é sedutora, possam ter. Com esse pensamento, pode-
FORMANDO OS pois se alia às experiências do viver para mos concluir que a leitura é uma prática
social exercitada no cotidiano, da solida-
além do tempo e do espaço. Isso explica,
FORMADORES: por exemplo, a atemporalidade e as paixões riedade, do compartilhamento ou mesmo
em momentos de solidão como um direito
AFINAL, O QUE É SER que despertam Dom Quixote de La Mancha,
de Miguel de Cervantes, cuja primeira edi- do(a) leitor(a).
UM “MEDIADOR DE ção é datada do ano de 1605 e continua
sendo uma das obras mais lidas da atuali-
LEITURA”? dade. Lembramos também de outra obra,
Vamos refletir um pouco sobre a segunda Romeu e Julieta, tragédia amorosa datada
questão apresentada no começo deste do século XVI, de Willian Shakespeare, que
módulo: O que podem fazer os media- já recebeu diversas adaptações para o ci-
dores de leitura para contribuir na nema. Ou mesmo os contos de fadas e as
formação de leitores críticos? Aqui ou- fábulas que tanto encantam o universo in-
saríamos dizer que não há modelos para fantil. Somente ressignificada, a leitura fará
formar leitores ou para formar mediadores sentido e conquistará leitores, pois ela não
de leitura, pois os modelos certamente se existe isolada ou fora de contexto, sempre
esgotariam. O que nós queremos propor revelará outros textos e contextos, encon-
em nosso curso, é a possibilidade da me- trando eco nas vozes plurais dos leitores.
diação sensível que se constrói no coti- Sobre o que caracteriza o mediador de
diano de professores, bibliotecários, pais,
agentes de leitura e outros indivíduos que
leitura, temos algumas pistas:
a) Inicialmente, deve tratar-se de um(a) PUXANDO
se dedicam a provocante missão de contri-
buir com o ato da leitura.
Quando nos referimos ao que chama-
leitor(a), alguém que gosta de ler. É
um(a) leitor(a) crítico(a), cujas expe-
riências são partilhadas no processo
PROSA
mos aqui de formação do leitor, preci- de interação com o outro;
samos deixar claro tratar-se de uma ação b) Além da experiência de leitura, é ne- Baseado(a) nessas “pistas”,
educativa, e não de gerar formas ou mol- cessário gostar de comunicar-se, de
características de um mediador de
des. Pensamos nas práticas dialógicas do falar do que lê, compartilhar seus re-
pertórios e afetividade; leitura, você se vê assim? O que falta
ato de ler, do leitor como elemento prin-
cipal dessa prática pedagógica, visto no c) Percebe na mediação a possibilida- para você? Que outras características
seu todo como ser que pensa, age, reflete, de de mudança a ser realizada no você acresceria?
analisa e decide. Estamos falando de uma cotidiano das pessoas, de modo que
ação de protagonismos, tanto do mediador compreendam o espaço que a leitura
quanto do leitor. ocupa em suas vidas;
PUXANDO
PROSA
E com você, quem foi o seu
primeiro mediador? Ou quem foi
o seu melhor mediador?
IMPORTANTE
A mediação da leitura não se encerra
na prática desenvolvida. Ela deve ir
ao encontro dos interesses do leitor
como passaporte para novas leituras,
interpretações e desdobramentos.
Tem que gerar inquietação, pois ao
compartilhar a leitura, cada indivíduo
irá experimentar um sentimento de
pertença, de apropriação, possibilitando
abrir-se para o outro, introduzindo-o
no mundo (PETIT, 2008), de modo
autônomo, exercendo o direito da crítica
e da liberdade.
A ação mediacional é um processo
de interação entre o leitor, o texto, o
mediador e o outro. Tal ação ocorre (ou
deve ocorrer) permeada pela circulação
de ideias entre os sujeitos, em meio à
troca de experiências e opiniões.
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