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OPC-UA NA AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL


O Padrão de Comunicação para Interconexão e Convergência de Dados na Indústria

Márcio Venturelli

OPC-UA NA AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL


O Padrão de Comunicação para Interconexão e
Convergência de Dados na Indústria

1 MÁRCIO VENTURELLI
OPC-UA NA AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
O Padrão de Comunicação para Interconexão e Convergência de Dados na Indústria

A evolução nas conexões de dados industriais, é foco de nosso


texto, grandes esforços e investimentos dos departamentos de
pesquisa e desenvolvimento tecnológico estão criando novos
padrões, equipamentos e softwares, permitindo pavimentar o
caminho da Indústria 4.0.

Disponibilizamos três textos correlacionados, onde mostramos


as novas tecnologias, o OPC-UA (OPC UA - Unified
Architecture) , o TSN (Time-Sensitive Network) e o FDI (Field
Device Integration), formando os novos padrões da
conectividade industrial.

A transformação digital permitirá uma indústria mais inteligente,


portanto mais eficiente, barata e segura, para que isso ocorra,
a automação industrial tem grande papel nesta transformação,
onde a Indústria 3.0, baseada na Pirâmide da Automação, se
transforma nos Pilares da Automação, uma vez que
Convergência, Padronização e Velocidade de dados,
possibilitará que a Indústria 4.0 se torne uma realidade,
rompendo as barreiras de interface, que hoje existem no
modelo atual da indústria.

Em nosso texto de OPC-UA, vamos falar sobre:

• Comunicação de Dados na Indústria;


• Padronização de Tecnologias;
• Evolução da Conectividade;
• Conectividade para Indústria 4.0.

Para entender como chegamos ao OPC-UA, que é a tecnologia


mais moderna hoje na padronização de comunicação,
precisamos entender que para se fazer uma comunicação de
dados digitais, antes de meados de 1990, eram necessários
“drives” proprietários, isto é, cada fabricante desenvolvia o seu,
com suas particularidades e características.

Com o advento do Windows da Microsoft, e a adoção desta


plataforma na automação industrial, surge a tecnologia OPC
(Clássica), onde através de um modelo de coleta de dados
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padronizados, utilizando os recursos do próprio sistema


operacional, podemos comunicar entre sistemas e hardwares
industriais, portanto, as limitações e novas demandas, levaram
ao desenvolvimento do OPC-UA, onde vamos entender um
pouco melhor.

Antes, vamos entender o que é o OPC – OLE for Process


Controle, é um conjunto de padrões de comunicação de dados
para indústria que se utiliza do OLE - Object Linking and
Embedding, tecnologia da Microsoft (Windows), que permite a
conexão entre objetos de dados, utilizando-se da interface
COM/DCOM - Distributed Component Object Model, também
do Windows, permitindo troca de dados entre aplicativos e
dispositivos, por exemplo, um PLC e um sistema SCADA
conectado com um OPC.

O OPC Clássico possui três especificações, DA – Data Access,


para troca de dados em tempo real, o A&E – Alarm and Events,
dados e mensagens de eventos de estados e HDA – Historical
Data Access, dados para análise histórica de eventos.

O OPC Clássico, se mostrou limitado para alguns desafios do


seu tempo, os principais abaixo:

• Problemas frequentes de configuração com o DCOM;


• Não há timeouts configuráveis;
• Apenas Microsoft Windows;
• Segurança muito simples;
• Nenhum controle sobre DCOM.

Então, surge o OPC UA - Unified Architecture (Arquitetura


Unificada), é um padrão aberto de comunicação de dados
industriais, e ao contrário do OPC Classic, o OPC UA utiliza um
modelo de informação orientado a objetos, que suporta
estruturas, objetos, máquinas de estado, base legada, além de
ser independe de sistema operacional (Windows), onde este:

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• Suporta arquitetura orientada a serviços (SOA) que


permite a fácil personalização do OPC UA, para diversos
tipos de dispositivos e aplicativos;
• O OPC UA possibilita a troca de dados brutos e
informações pré-processadas entre os sistemas
incorporados nos sensores e nos dispositivos de campo
e os sistemas de ERP, MES e de visualização de
processos (IHM);
• Possui segurança Robusta de dados.

As principais características do OPC-UA, são listadas abaixo:

• Para trocar dados, o OPC UA usa um protocolo binário


otimizado baseado em TCP. Basta abrir uma única porta
no firewall;
• Os usuários podem combinar livremente os diferentes
recursos de segurança de acordo com suas
necessidades específicas, para que possam criar
soluções escaláveis;
• OPC UA utiliza uma arquitetura robusta com mecanismos
de comunicação confiáveis, monitoramento de tempo
configurável e detecção automática de falhas;
• Os mecanismos de correção de falha restabelecem
automaticamente o link de comunicação entre o OPC UA
Client e o OPC UA Server sem perda de dados;
• O OPC UA fornece funcionalidade de redundância que
pode ser integrada a aplicações Client e Server a fim de
proporcionar alta disponibilidade do sistema e máxima
confiabilidade;
• O OPC-UA permite ainda, como recursos adicionais,
redundância de conexão, monitoramento da conexão
(interrupções) e buffer de dados e confirmação,
conexões perdidas não levam a perda de dados.

Quanto aos principais benefícios do uso do OPC-UA, temos:

• Fácil e rápida instalação e partida;


• Implementação multiplataforma, incluindo
implementações portáveis ANSI C , Java e .NET;

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• Escalabilidade: de sensores inteligentes e atuadores e


dentro de equipamentos;
• Operação multithread (múltiplas Threads – tarefas), bem
como single-threaded / single-task - necessária
comunicação de dispositivos embarcados IoT;
• Segurança, baseada em novos padrões;
• Tempos limite configuráveis para cada serviço;
• Chunking (organizar dados em pacotes menores) de
grandes datagramas;
• A arquitetura OPC UA é uma arquitetura orientada a
serviços (SOA).

Podemos montar diversos arranjos de arquitetura de conexão


com o OPC-UA, lembrando que seu conceito de comunicação
básico é baseado em cliente-servidor, logo podemos ter,
conexão de um sistema com um hardware, conexão de um ou
mais hardwares, com diversos sistemas, como um Scada e um
banco de dados, como cliente OPC e até mesmo, externar
dados para Cloud, onde o OPC-UA, suporta estes tipos de
conexão via Internet.

Quanto ao funcionamento, o OPC-UA, tem as seguintes


principais características:

A comunicação OPC-UA suporta dois formatos, UA Binário e


XML, o remetente codifica os dados para o formato relevante e
o receptor deve ser capaz de decodificar o conteúdo (com
todas premissas de integridade e segurança) de forma a
reconstruir o dado original.

Formato UA Binário

O formato UA Binário é um conjunto de dados seriados


em formato de array (conjunto ou estrutura de dados) de
bytes, este é um método simples e de baixo custo,
normalmente aplicado no nível de dispositivo, é de
processamento limitado, mas de alta prioridade, deve
ser interpretado somente por clientes compatíveis com
OPC-UA.
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Formato XML - Extensible Markup Language

O formato XML é uma linguagem de dados de


marcação, isso facilita a interpretação por parte de
diversos dispositivos, independe da plataforma e pode-
se utilizar-se de esquemas de SOA.

Este formato normalmente está aplicado no nível mais


alto de comunicação da planta e suporta clientes
genéricos de XML (impressora, por exemplo), como
codificar e decodificar XML é mais caro, normalmente
esta solução se aplicação no nível de informação e
gestão.

O OPC UA suporta dois protocolos de comunicação, o


OPC/TCP e o SOA/HTTP(S):

Protocolo OPC/TCP – OLE for Process Control / Transmission


Control Protocol

Este protocolo de baseia no TCP para transporte do


dado, permitindo um canal full-dulplex entre o Server e o
Client, no modelo Socket (soquete), o canal se
comunica com pacotes Binários, permitindo canal
seguro (soquete seguro), somente clientes OPC são
capazes de receber informações de OPC-TCP.

Protocolo SOAP/HTTP (S) - Simple Object Access Protocol /


Hypertext Transfer Protocol (Secure)

Este protocolo trabalha com mensagens estruturadas no


modelo SOAP (XML), que são transmitidas via HTTP(S),
normalmente são chamados de envelopes de
mensagem. Estas mensagens são conjuntos de dados
que são utilizados no nível de informação entre diversos
tipos dispositivos que suportam XML, podendo trabalhar
com modo seguro, criptografia e certificados digitais.

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O OPC-UA utiliza as tecnologias SSL - Secure Sockets Layer,


TLS - Transport Layer Security e AES - Advanced Encrypton
Standard, que permitindo os seguintes controles de segurança:

• Proteção contra o acesso não autorizado, modificações


de valores de processo, sabotagem e falhas causadas
por uso negligente;
• Os recursos de segurança são uma parte obrigatória do
padrão e incluem autenticação de usuário e de
aplicativo, assinaturas digitais de mensagem e
criptografia de dados transmitidos;
• A troca de dados entre dispositivos OPC-UA é segura,
com controle de confidencialidade, integridade e
autenticação;
• Os mecanismos de dados de transporte de OPC-UA são
acessíveis por Firewall e Internet, permitindo controles de
acesso local e via Internet;

A nova tecnologia PUBLISHER / SUBSCRIBER:

A estrutura de aplicação do OPC-UA é baseada em Cliente-


Servidor, este tipo de aplicação não é o modelo ideal quando
consideramos soluções para IoT – Internet das Coisas aderente
a Indústria 4.0, com isso, surge a solução baseada em
Publisher / Subscriber, onde o “publicador” emite os dados
para seus “inscritos” e os inscritos também podem enviar
dados para o publicado, este conceito permite redes digitais de
alta densidade, velocidade e performance.

Quanto as aplicações do OPC-UA, tanto em soluções quanto


em descrições de produto, são importantes definir as entradas
de dados e seus respectivos protocolos, definir as saídas da
mesma forma, orientada as aplicações dos sistemas que vão
“consumir” estes dados, inclusive com foco com Cloud, se for
o caso, com os protocolos exigidos para tal, exemplo, MQTT.

Softwares de OPC-UA, normalmente são chamados se Suites,


pois permitem uma série de funções adicionais, tais como,

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troca de dados entre protocolos e equipamentos diferentes,


acesso a base de dados, tunelamento de dados, entre outros.

O OPC-UA tem total aderências as demandas da Indústria 4.0,


podemos destacar alguns pontos:

• Suporta convergência de padrões e unifica o conector


(Protocolo) de saída;
• Suporta MQTT Message Queuing Telemetry Transport e
AMQP Advanced Message Queuing Protocol;
• Permite comunicação direta em Cloud Computing
(Azure, AWS, Google, MindSphere – Siemens…).

Como continuidade do desenvolvimento tecnológico, podemos


descrever algumas tendências, baseado em indicares reais de
desenvolvimento técnico em curso:

• OPC-UA incorporado em qualquer dispositivo (coisa)


IoT;
• OPC-UA trabalhar com TSN - Time-Sensitive
Networking;
• OPC-UA conectar dispositivos de campo, independente
de protocolos FDI - Field Device Integration.

Concluímos que a evolução da digitalização e a realidade da


Indústria 4.0, passam por desafios técnicos de comunicação
de dados de toda a cadeia de valor, as novas soluções devem
permitir convergência, padronização e velocidade, o OPC-UA é
uma proposta concreta e já aplicável.

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SOBRE O AUTOR

• Márcio Venturelli trabalha há 25


anos no mercado de Automação
Industrial, desenvolveu sua carreira
ao longo do tempo com foco em
Edge Technology, sendo que
atualmente especializou-se e atua no
desenvolvimento de Arquiteturas de
Sistemas para Indústria 4.0, com
soluções orientadas para
Convergência e Conectividade
Industrial.

• Professor universitário de cursos de


pós-graduação nas áreas de
automação industrial e gestão
ATUALIZADO JUN/2018 industrial, além de disciplinas da
Indústria 4.0.
www.marcioventurelli.com

• Graduado em Ciência da
Computação com especialização em
Controle e Automação Industrial,
possui pós-graduação em Gestão
Industrial e Tecnologia do Petróleo e
Gás e MBA em Estratégica de
Negócios, é membro Sênior da ISA
Sociedade Internacional de
Automação.

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