Você está na página 1de 20

Adequação de salas de aula ao conforto ambiental e integração com as novas

tecnologias multimídia

Marcelle Silva, Patrícia Takamatsu e Tiago Pereira

Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Amapá


Rod. Juscelino Kubitschek, KM-02 Jardim Marco Zero Macapá - AP CEP 68.903-419
cellevilar86@yahoo.com.br, patritak@gmail.com, tiago_vp12@hotmail.com

Resumo
Ao observar as condições de conforto ambiental dentro das salas de aula, referente às questões acústicas, térmicas
e luminosas, nota-se a falta de qualidade da iluminação natural e na acústica, com uso desnecessário da luz artificial
durante o período diurno e a interferência de diversos ruídos como os aparelhos de ar condicionado, devido ao seu
superdimensionamento aliado a falta de sistemas de ventilação adequados e a própria cultura do uso do ar
condicionado. Visando solucionar essa demanda existente, este artigo baseia-se na verificação das condições de
conforto ambiental em uma sala de aula do campus universitário Marco Zero da UNIFAP –, como forma de subsidio
para licitação de retrofit da edificação analisada dentro do Projeto “Sala 2.0”, inserindo a problemática da melhoria
na qualidade das salas, observando o medições de ruído e iluminação, subsidiou-se dados de projeto arquitetônico
para além da necessidade das variáveis normativas da área do conforto. Assim, concluiu-se que o exercício projetual
considerando o conforto ambiental não serve só para rever e propor retrofits as edificações existentes, mas poderá
se mostrar como alternativa a emoldurar formas de se pensar a gestão pública da produção destas edificações, para
além de propor novos projetos.

Palavras-chave
Desempenho térmico, acústico, iluminação natural; Conforto ambiental; arquitetura escolar, tecnologia da construção.

Abstract
Observing the environmental comfort conditions within the classroom, related to acoustic, thermal and light issues,
there is a lack of quality of natural lighting and acoustics, with unnecessary use of artificial light during the daytime
and interference various noises such as some air conditioners because of its over-sizing combined with lacks an
adequate ventilation and the use of air conditioning own culture. Aiming to solve this existing demand, this article is
based on the verification of environmental comfort conditions in a classroom University Campus Marco Zero UNIFAP
- as a form of subsidy for retrofit the bidding of the building analyzed within the project "Room 2.0" by inserting the
improvement of quality problems in the rooms, noting the measurements of noise and lighting, is subsidized-
architectural design data beyond the need of regulatory variables of the comfort area. Thus, it was concluded that the
architectural design exercise considering the environmental comfort serves not only to review and propose retrofits
existing buildings, but may prove as an alternative to frame ways of thinking about public management of production
of these buildings, in addition to proposing new projects.
Keywords
thermal performance, acoustic, natural lighting; Environmental comfort; school architecture; construction technology.

1
Introdução
A abordagem das edificações concernentes a vida acadêmica é comum e fundamentalmente na graduação
dos cursos de Arquitetura e Urbanismo pela especial proximidade com os objetos de estudos a que se pode
analisar. Assim, não é essencialmente novo a abordagem da avaliação das condições de Conforto de Salas
de Aula, entretanto, observa-se que infelizmente ainda é paradigmático a baixa qualidade construtiva dos
espaços edificados para estes fins, seja eles destinados a uso público ou privado.

O tripé convencional das cadeiras de conforto (luminoso, térmico e acústico) é ainda estruturado de maneira
que não se observa contundentemente na formação dos profissionais graduados a produção de espaços
que serão destinados ao ensino. Assim, muitas vezes quando os projetos são pensados solidamente sob
o ponto de vista programático, estrutural, acabamentos e interiores, sistemas prediais, etc., quiçá são
elencados a qualidade visando uma integração com desenvolvimento sustentável, análise de ciclos de vida,
bioclimatismo e, mais recentemente, adoção de normas de desempenho e eficiência energética. De acordo
com Kowaltowski (2013, p.139),
“A aplicação de princípios para obter um ambiente saudável, no qual o ser humano
encontre conforto sensorial, deve ser coerente com a atividade a ser realizada, para
proporcionar o bem-estar desejado. A adequação da arquitetura ao clima beneficia o
ser humano em diversos aspectos, proporcionando-lhe conforto térmico, saúde e
melhor desempenho das atividades cotidianas, diminuição do consumo de energia
para a obtenção de conforto térmico por meios ativos. ”

O conceito de conforto abrange à avaliação das exigências humanas, ao princípio de que quanto maior for
o esforço de adaptação do indivíduo, maior será sua sensação de desconforto. O esforço de adaptação
está relacionado, por exemplo, ao esforço físico do olho para se adaptar as condições de luminosidade e
desenvolver de forma adequada sua atividade, ou ao esforço do organismo para poder dormir ou trabalhar
na presença de ruídos ou ainda capacidade de suar ou tremer devido a temperaturas quentes ou frias.
Segundo Gonçalves e Vianna (2001) e o desconforto faz com que o indivíduo demande sua concentração
e energia para que seu organismo fique em equilíbrio, ou seja, sem conforto, não utilizando todo o seu
potencial para a atividade a ser exercida no ambiente o que é fundamental neste caso nos estudos em
salas de aula, dar condições para que o aluno desempenhe seus estudos com qualidade.

Ao observar as condições de conforto ambiental dentro das salas de aula, referente às questões acústicas,
térmicas e lumínicas, nota-se a falta de qualidade principalmente da iluminação natural e da acústica das
salas, com uso desnecessário da luz artificial durante o período diurno e a interferência de diversos ruídos
como os aparelhos de ar condicionado, devido ao seu superdimensionamento aliado a falta de sistemas de
ventilação adequados e a própria cultura do uso do ar condicionado. Verifica-se ainda à falta de adaptação
desses espaços às novas tecnologias, e a inserção de equipamentos que demandam para este ambiente
a liberação de calor, o aparecimento de novos ruídos e a necessidade de maior controle da luz natural,

2
como os computadores, equipamentos de refrigeração e projeção multimídia que surgiram dentro contexto
da utilização das salas de aula ao longo do tempo.

Este estudo baseia-se na verificação das condições de conforto ambiental em uma sala de aula do campus
universitário Marco Zero da UNIFAP – Universidade Federal do Amapá, inserindo a problemática da
melhoria na qualidade acústica das salas, observando principalmente o ruído gerado pelo equipamento de
refrigeração, nível de ruído e condicionamento acústico e a necessidade de vários níveis de controle da luz
natural, sem comprometer a ventilação natural, integrando a luz natural aos sistemas de projeção multimídia
e a utilização dos computadores em sala de aula, evitando o ofuscamento na utilização dos mesmos e
permitindo o acesso aos níveis mínimos de iluminação para as salas de aula estipulados pelas normas.

O projeto inicial ao qual a equipe do colegiado de Arquitetura e Urbanismo ingressou a convite da Pró-
reitora de Administração e Planejamento PROAD-UNIFAP visa a busca de criação de uma “Sala 2.0”,
objetivando rever e aperfeiçoar os padrões de sala de aula da Universidade Federal do Amapá. Este projeto,
de uma iniciativa multidisciplinar para reforma e melhoria das salas de aula da Unifap, bem como da criação
de um projeto básico que norteie a construção de salas novas, envolverá critérios de configuração de áudio
e vídeo, acústica, conexões (áudio/vídeo/internet), rede elétrica/consumo de energia, arquitetura,
acessibilidade, ergonomia e relação custo-benefício dentro do processo de licitação de reforma. Este
projeto na sua totalidade visa dotar as salas de aula da UNIFAP de condições tecnológicas favoráveis à
relação ensino/aprendizagem e melhorar as condições de trabalho de professores e alunos; garantir a
acessibilidade aos alunos portadores de necessidades especiais; possibilitar a economia de recursos em
um cenário de crise econômica; reduzir o consumo de energia; orientar os projetos de novas salas de aula;
promover a integração da gestão da universidade com o corpo docente dos colegiados acadêmicos,
aproveitando o know-how existente na casa.

Assim, para o objeto deste estudo inicial, deu-se a escolha de uma demanda induzida da PROAD da adoção
do edifício do Departamento de FCH que abriga os cursos de Jornalismo, Letras e Artes, ao qual, até o
início dos estudos, tratava-se da edificação da Universidade mais recentemente construída com
aproximadamente apenas 4(quatro) anos de uso efetivo e ao qual severamente se apresenta com diversos
problemas de uso relatados pela própria comunidade acadêmica, para além da diversidade das deficiências
projetuais que os objetivos do projeto norteia-se.

O objetivo do estudo é propor um retrofit na sala de aula observando as problemáticas anteriores, mas
também outras demandas como as limitações do processo de licitação para a reforma da sala e de
orçamento, voltando-se assim para a definição de materiais internos e de configuração do janelamento que
visem a facilitação da aquisição, manutenção, execução e instalação dos mesmos. Verificou-se na sala de
aula através de medições dos níveis de iluminação com o luxímetro e observações no modo de utilização
das salas pelos alunos (bloqueio interno da luz natural proveniente das janelas) que o ambiente possui
3
problemas de contraste causados pelo tipo de janela utilizado e ofuscamento devido à falta de sistemas de
controle da luz natural nessas janelas, porém está inserida como base desta proposta de retrofit visar à
durabilidade do sistema proposto e a preocupação com a configuração das janelas em relação à alteração
na leitura da fachada, objetivando o menor impacto visual possível.

A metodologia científica adotada foi a revisão de literatura sobre o conforto em salas de aula, análise
descritiva e experimental com abordagem quantitativa e qualitativa, com levantamento fotográfico e
arquitetônico do local; medições dos níveis de luz natural e artificial baseados na metodologia da
NBR15215; estudos de mascaramento para as proteções solares existentes e proposta; adequação das
aberturas para ventilação conforme NBR 15220; medições de níveis sonoros e análise do tratamento
acústico do ambiente existente através do tempo de reverberação.

Este artigo, portanto, concentra resultados preliminares da pesquisa desenvolvida para licitação e
integração dos preceitos de conforto ambiental (térmica, iluminação natural e acústica) com o sistema
multimídia.

Caracterização da sala de aula


A sala de aula estudada localiza-se no Campus Marco Zero da Universidade Federal do Amapá, área
caraterizada pela presença de vegetação do entorno imediato à edificação (destacada em vermelho na
Figura 1) e ausência de verticalização no entorno.

Figura 1. Campus Marco Zero da Universidade Federal do Amapá, em Macapá (destaque para o prédio estudado
em vermelho). Fonte: Goolge earth

A edificação tem planta retangular, caracterizada por salas distribuídas nas fachadas norte e sul através de
um corredor central com esquadrias em suas extremidades que fazer contato com o exterior (fachadas
oeste e leste), externamente suas fachadas possuem um certo ritmo conferido pelas próprias janelas e pela
repetição modular dos pilares e marquises que se sobressaem na fachada da edificação e ganham
destaque através de correr vibrantes (ver Figura 2). A sala estudada fica no segundo pavimento superior e
tem sua fachada externa voltada para o norte (ver Figura 3).

4
Figura 2. Edifício onde localiza-se a sala de aula estudada.

Figura 3. Planta do pavimento superior onde localiza-se sala de aula (destacada com rachura)

Como subsidio inicial do projeto identificou-se que apesar de a universidade possuir as plantas
arquitetônicas e corte longitudinal da sala com as cotas. Não possui projeto as built, sendo realizado in loco
um levantamento para a verificação do ambiente (ver Figura 4). O edifício possui as seguintes
características: cobertura de duas águas em aço galvanizado com laje de concreto de aproximadamente
10 cm, sistema estrutural convencional (concreto), sendo o teto é de laje revestida com argamassa comum,
lisa e pintadas tinta acrílica comum na cor branca; as paredes são de alvenaria de tijolos comuns, revestidas
com argamassa comum, lisa e pintada com tinta acrílica comum na cor branca; as janelas são de vidro
simples (4mm), liso e transparente, em esquadrias em alumínio, as folhas das janelas superiores voltas
para o exterior são fixas e folhas da parte inferior do tipo maxim-ar, as folhas das janelas superiores
voltadas para o corredor são do tipo maxim-ar. As janelas permanecem fechadas a maior parte do tempo,
devido ao baixo aproveitamento da ventilação natural, e foram cobertas com papel kraft pelos acadêmicos
em algumas salas decorrente da incidência direta de radiação solar; próximo a janela existe beiral avançado
de 1,73 m. Laje e balanço de sacada sem acesso, 1,13 m inferior (ver Figura 5) ; a porta é de madeira
compensada, pintada a óleo na cor bege e possui pequeno visor em vidro, a iluminação artificial é dividida
em dois circuitos que ligam em linha perpendicular (4 luminárias por fileira ). Iluminação com oito luminárias
tubular de reator para lâmpadas com duas lâmpadas fluorescentes cada (T8 40W); dois ar-condicionado
de janela marca Springer Silencia 21.000 BTUs frio mecânico aparentemente ligado a 220v; o layout possui
aproximadamente 60 cadeiras do tipo escolar universitária com acento plástico cor azul, tampo para
escrever em MDF revestido na cor branca, e base em aço pintado epóxi preto; um quadro branco não
magnético confeccionado com laminado melamínico (fórmica) branco brilhante. (3,00 x 1,20m); o duto

5
metálico para cabeamento lógico transpassa a sala com dimensões aproximadas de 15cm; o piso é de
granilite e a ocupação de 50 pessoas mais professor, em 50 cadeiras.

Figura 4. Levantamento preliminar as built arquitetônico da sala de aula

Figura 5. Corte da sala de aula

Segundo Kowaltowski (2013, p.141) “Situações de desconforto causadas seja por temperaturas extremas,
falta de ventilação adequada, umidade excessiva combinada com temperaturas elevadas ou por radiação
térmica de superfícies muito aquecidas podem ser prejudiciais e causar sonolência, alteração nos batimentos
cardíacos, aumentando a sudação. Psicologicamente, provoca apatia e desinteresse pelo trabalho. Essas
situações são extremamente desfavoráveis num ambiente escolar”.

Verificou-se a partir do levantamento in loco que a sala de aula possui problemas que depreciam a
qualidade do ambiente: fiação de rede lógica e elétrica com tubulações expostas; incidência de radiação
solar direta internamente no ambiente; quadro magnético com problemas não só de limpeza, mas de reflexo
da luz no mesmo, dificultando a visualização do conteúdo escrito pelos alunos; uso de equipamentos de
dois ar condicionado tipo janela de Eficiência Procel - C que provocam ruídos excessivos dificultando a
inelegibilidade da aula; uso de aberturas de janela tipo maxim – ar com abertura de aproximadamente 30º
que dificultam a entrada da ventilação, sendo pouco eficientes para o conforto térmico, como mostra a
Figura 6.

6
Figura 6. Imagens internas da sala estudada

Análise do conforto térmico e das proteções solares


Para Steemers, Baker e Fanchiotti (1993), a janela como uma fonte de luz, não é necessariamente um
componente eficiente na estrutura do edifício. Sendo a parte transparente na envoltória do edifício
estabelece contato com o mundo exterior, mas também produz ofuscamentos e problemas térmicos, por
isso o estudo em questão visa uma proposta de proteção solar eficiente que impeça a penetração direta da
radiação e permita a entrada de luz natural indireta que possa ser controlada manualmente em vários de
maneira a integrar-se com o uso de equipamento multimídia de projeção.

Foi definido para este estudo que a proteção solar implantada seria externa devido a sua comprovada
eficiência, maior resistência ao manuseio e consequentemente maior durabilidade um dos preceitos para o
projeto, diferentemente das usualmente utilizadas nos edifícios do campos, sendo venezianas internas e
cortinas, uma vez que de acordo com Kim et al. (2012), o dispositivo de sombreamento externo é muito
mais eficaz que qualquer outra forma de dispositivos internos, pois interno absorve o calor solar e irradia
para o interior, por isso é necessário atentar não somente para do desempenho luminoso, mas também
para o desempenho térmico dos sistemas de proteção solar.

Como já citado anteriormente existe incidência direta de radiação na fachada externa da sala, durante o
período de março à setembro de 6h às 18h, pois trata-se de uma fachada norte (ver Figura 7) e está radiação
penetra nas aberturas pois a “proteção solar” existente gerada pela marquise de contrato, que na verdade
nota-se que tem mais função estética, provavelmente não calculada para este fim, mas que gera uma
proteção efetiva das janelas, no o período definido para este estudo, solstício de verão, 22 de junho, com um
ângulo de 48º de 8h às 16h, ficando desprotegida no início da manhã e fim da tarde (ver Figura 8). Segundo
Frota e Schiffer (2001). Pode-se utilizar dispositivos de proteção solar para impedir que a radiação solar
direta atinja em demasia principalmente as superfícies transparentes ou translúcidas e as aberturas o que
não é recomendado para o clima quente e úmido e pois deve-se sombrear as aberturas também de acordo
com as diretrizes para a zona bioclimática a qual Macapá está inserida na NBR 15220- 3 (2005) e uma vez

7
que o vidro comum transparente utilizado nas janelas possui um fator solar de 0,87 de acordo com Lambert,
Dutra e Pereira (2014) .

Figura 6. Carta Solar para latitude 0º. Fonte: programa SOL-Ar

Há a necessidade de que as aberturas estejam sombreada durante todo o dia pois as salas funcionam diurno
e noturno não sendo eficaz a proteção gerada pela marquise pois segundo Frota e Schiffer (2001) um
dispositivo de proteção solar será eficaz quando for capaz de barrar a radiação solar direta sobre uma dada
superfície ou abertura no período que se julgar conveniente.

Para atingir a eficácia desejada foi realizada uma primeira proposta baseada nos estudos de mascaramento
onde seria necessário a criação de proteções externas verticais fixas pois segundo Bittencourt (2004) os
protetores verticais fixos são mais eficientes nas fachadas norte, sul, sudeste, nordeste e sudoeste
especialmente nas horas próximas a aurora e ao alvorecer, justamente o período em que a marquise não
protege, sendo necessária para barrar a radiação no início da manhã (6h às 8h) e fim da tarde (16 às 18h),
essas placas seriam inicialmente de concreto fixadas a marquise de acordo com as figuras 8 e 9.

A proteção externa inicialmente proposta é eficaz o sentido de proteger a abertura contra a radiação solar
direta ao longo de todo o dia me todo o período em que a fachada norte recebe insolação, março à setembro
(ver figura 10), porém este brise seria adotado apenas na sala estudada o que provocaria um impacto visual
muito grande na fachada externa ao prédio o que não foi bem visto pelos demais componentes do projeto
sala 2.0 pois descaracterizaria o padrão de edificação já reproduzido no campus da universidade e também
sabe-se que este tipo de intervenção não é adequado arquitetonicamente pois altera a linguagem do edifício,
também devido as suas grandes dimensões e influenciaria de forma direta no contato visual externo e na
ventilação impedindo que ela chegue de forma mais facilitada na janela, levou-se em consideração ainda o
custo elevado para execução do mesmo. Levando em consideração todos os quesitos citados anteriormente
a este proposta não foi aprovada para o retrofit da sala de aula.

8
Figura 7. Mascaramento da janela

Figura 8. Corte com a proposta de placa vertical externa fixa.

Figura 9. Vista externa com a proposta de placa vertical externa fixa.

9
Figura 10. Mascaramento da janela com a placa vertical externa fixa.

Numa segunda aproximação dos estudos das proteções solares foi levada em consideração como ponto
decisivo que a proteção deveria permitir um controle em vários níveis da entrada de luz natural para integrar-
se a projeção multimídia, pois necessita garantir os níveis de luz mínimos necessários para que os alunos
não sejam induzidos uma situação de repouso total, levando ao sono, por isso também foi definido que a
bandeira de vidro das janelas não seriam protegidas pelo brise a ser proposto permitindo que esta área esteja
sempre livre para luz natural, sendo inserida na mesma uma película jateada para reduzir de maneira
sensível a luz direta, que também está protegida pela marquise, evitando o ofuscamento no quadro branco
e na projeção verificado in loco, garantindo um nível de luz ideal por exemplo para projeções em vídeos que
requer certo grau escurecimento e contrates necessários um pouco diferentes de uma projeção de slides,
mas que também necessita de escurecimento e contrates em um nível menor que o vídeo, o que demanda
um controle em vários níveis para a entrada de luz que possa ser facilmente realizado manualmente pelos
usuários sem danificar a proteção.

Para melhorar o conforto térmico existe ainda uma demanda para que se aumenta a área da abertura para
ventilação, para tanto as janelas maxim -ar , seriam substituída por janelas de três folhas móveis de correr,
mantendo o padrão do desenho da esquadria, e as bandeiras que eram fixas, propõem-se que sejam de
basculantes permitindo a abertura total de sua área e inserindo película jateada, aumentando a área de
abertura para ventilação e também substituindo as aberturas para o corredor de maxim-ar para basculantes,
permitindo a ventilação cruzada.

Considerando todos os itens anteriores a nova proposta para a proteção solar externa é a inserção de uma
caixa de concreto em volta da janela média para instalação de uma janela-veneziana de alumínio com três
folha móveis de correr e venezianos móveis através de acionamento manual (ver Figuras 11 e 12). A
proposta foi aprovada e considerada ideal para o fim do projeto, pois é de fácil execução e manutenção,

10
utiliza materiais resistentes promovendo maior durabilidade e resistência ao manuseio, altera de forma pouco
agressiva a fachada externa, até pela própria transparência visual que a veneziana confere, permitindo a
ventilação e a entrada de luz natural e barrando a radiação solar direta na janela.

Figura 11. Corte com a proposta de janela-veneziana.

Figura 12. Vista externa com a proposta de janela-veneziana.

Análise da iluminação

Como já citado anteriormente existe na sala die aula a incidência direta de radiação solar internamente no
ambiente, provocando problemas de ofuscamento nas superfícies de trabalho das carteiras que estão
próximas à janela, e contraste devido ao excesso de luz natural próximo as a aberturas e pouco iluminação
na parede (ver figura 6) e ainda muitas área de luz e sombra dentro do ambiente pela própria configuração
da duas janelas separadas por uma parede opaca no meio que é muito comum segundo Alves et. al.(2008)
na evolução das janelas ao longo da história da arquitetura, com o aumento dos vãos das janelas e/ou da
quantidade de janelas no ambiente, contribui para gerar maior luminosidade. A configuração das janelas
pode influenciar na luminosidade do ambiente gerando espaços de luz e de sombra, isto pode provocar
sensações, valorizar formas, cores e texturas e dependendo da atividade desenvolvida em cada ambiente,
pode ser necessário um controle da direcionalidade e da intensidade de luz, por isso optou-se pela utilização
das venezianas externas que promovem esse controle.

11
O que verificou-se nas visitas às salas de aulas do edifício foi que houve alteração do uso das janelas pelos
usuários as mesmas foram bloqueadas com papel para controlar o excesso de luz que incomoda os alunos
(ver figura 13)

Figura 13. Vista externa com a proposta de janela-veneziana.

Nos gráficos da figura 15 as medições foram realizadas em 16 pontos da sala de acordo com os cálculos e
a malha nos padrões da NBR15215 (ver figura 14) a escala vai de 0 à 1400 lux, e a linha azul representa as
medições hora-a-hora sem nenhum bloqueio nas janelas, numa segunda aproximação foi bloqueada a janela
média onde funcionará a proteção solar proposta para simular seu funcionamento numa situação exterma
quando veneziana estiver fechada e apenas a bandeira superior estiver livre para iluminação, representada
pela linha vermelha dos gráficos (ver figura 16).

Figura 14. Malha de medição da dos níveis de iluminação

Figura 15. Configurações das janelas nas medições da dos níveis de iluminação

12
Figura 16. Gráficos das medições da dos níveis de iluminação

O que verifica-se nas medições é que é muito discrepante a diferença entre os níveis nos pontos próximos
a janela (p13 à p16) e dos pontos mais distantes das janelas (p1 à p4) com níveis na sua maioria abaixo
de 200lux, e próximos a janela entre 400 e 600 lux, chegando até a 1200 lux no pico e os níveis com a
janela bloqueada como é usado sempre as salas pelos alunos com níveis sempre abaixo doa 200 lux ,
sendo que recomenda-se pela ISO/CIE 8995 (2013) que pra salas de aula a iluminância média seja de 300
lux de acordo com, logo é necessário que haja um controle da luz natural para que ela seja bloqueda
(veneziana fechada e bandeira livre) apenas em momentos necessários pontuais (projeção de vídeos) e que

13
ela seja controlada nas demais situações pela veneziana proposta para reduzir os níveis excessivos
próximos a janelas que prejudica as atividades mas permitindo ainda luz natural e ventilação.

Nosta-se ainda pela própria projeção da luz na parede lateral da sala que as janela alta tem um alance maior
na profundidade da sala, o que pode ser um indicativo para futuras propostas de soluções para o janelamento
na continuidade dos estudos para a sala 2.0 , evitando o excesso de luz próximo a janela, ver figura 17.

Figura 17. Alcance da luz natural na sala devido a configuração da janela

O grande problema da configuração das janelas é que elas geram pontos de excesso de luz e outros de
sombra, para evitar isso segundo Alves et. al.(2008) para projetos escolares recomenda-se o uso de janelas
ao longo de toda a extensão da parede, tomando-se cuidado para evitar ofuscamento e incidência direta
dos raios solares, causando ganho excessivo de calor outro indicativo importante para soluções a serem
propostas

Análise da acústica

Conforme observa-se no Zoneamento Bioclimático Brasileiro, a NBR 15220-3 (2005), ao qual Macapá se
encontra inserida dentro da classificação Z8, se tem como fundamental a previsão nas construções, durante
os meses de setembro/outubro e novembro, o uso de climatização artificial para se chegar a níveis do
conforto humano. A difusão e popularização de equipamentos a preço acessíveis a maior parte da
população, não veio acompanhado pelo adequado entendimento do seu uso, ao qual vias de exceção para
a cidade de Macapá é comum a difusão dos sistemas de ar-condicionado de janela e os chamados
populares “centrais de ar” que se tratam do sistema Split Hi-wall de parede.

As popularizações destes sistemas de ar não imbuíram ao senso comum o entendimento de que se tratam
de sistemas fechados de bomba-de-calor invertidas (Lamberts et al, 1997), ao qual também ora são
superdimensionados ora são subdimensionados nas características de eficiência de troca de calor (BTUs),
como consequência direta para além da falta de eficiência climática do ponto de vista energético.

A análise acústica dos ambientes escolares deveria ser premissa fundamental para os projetos,
considerando que “os danos causados pela acústica precária em uma sala de aula são grandes e os

14
professores sofrem: e ficam menos dispostos a falar ou falam por períodos mais curtos quando os níveis
de ruídos são altos.(...)” Kowaltowski (2013, p.137)

Conforme levantamento realizado no dia 15 de junho de 2016, realizado durante o primeiro semestre letivo,
se deu realização das aferições acústicas efetuadas de acordo com a NBR 10151 (2000), NBR 10152
(1987), por meio de medidor de nível sonoro decibelímetro calibrado. Para análise dos níveis de ruído
interno em db(A), metodologicamente foram realizadas duas medições durante o período de 6 minutos
iniciando as 16:00 e as 18:00hs, com medições instantâneas a cada 5 segundos. As medições foram
realizadas no ponto localizado equivalente ao posicionamento da mesa do professor com o medidor a 1,20m
de altura do piso, registrando-se uso regular das salas vizinhas e janelas e portas fechadas com o sistema
de ar-condicionado ligado. Obteve-se os seguintes níveis de ruído, conforme Tabela abaixo:

Tabela 01 – Resumo das medições de níveis de ruído


16:00 18:00 MEDIA
LMIN 48 63 60
L90 49 64 61
LEQ 52 63 52
L10 55 65 63
LMAX 64 74 67

Conforme Bistafa (2011) e Murgel (2007), são utilizados alguns parâmetros estatísticos para facilitar a
interpretação dos valores medidos. Os mais empregados são: nível equivalente contínuo, , e níveis
estatísticos, e O , por representar o ruído médio, é o mais versátil desses parâmetros. Por
isso, é o adotado normativamente tanto pela NBR 10.151 (2000) e NBR 10.152 (1992). Para tal, a
nomenclatura de faz jus a ( corrigido). Como não foram registrados componentes tonais
durante as medições, para aplicação da NBR 10151 (2000), a título de avaliação do nível de ruído acústico
visando o conforto da comunidade, tem-se que o , equivale, portanto ao a ser considerado. Assim
confrontando este dado com o NCA – Nível de Critério de Avaliação para ambientes externos, para Área
Mista com vocação comercial e administrativa tem-se o NCA igual a 60 dB (diurno) e 55dB (noturno).

Faz-se destacar que a inserção urbana da edificação, por localizar-se dentro de um campus universitário e
afastada de outras edificações, em uma das áreas mais remotas da UNIFAP, tem-se que as interferências
de ruídos medidos externos são em sua maioria decorrentes apenas do uso interno da edificação e sistema
de ar-condicionado. Observa-se que o nível de ruído da sala que não estava sendo utilizado para o seu fim
no momento da medição, estando desocupada, e estando apenas com o sistema de ar-condicionado ligado;
que na média das duas medições não ultrapassa NCA, entretanto, na medição isolada das 18:00 ultrapassa
o NCA estipulado pelo acrescimento de ruídos de fundo, decorrente do acréscimo de ruídos dos usos das
demais salas, confluindo mudança de entrada e saída de turnos de uso.

15
Considerando os dados da medição realizada perante avaliação do Níveis de Conforto Acústico
estabelecidos na NBR 10152/1987, tem-se como recomendação para o uso de Escola – Salas de
Aula/Laboratórios valores que deveriam se encontrar entre 40-50 db(A) ou um NC - Nível de Critério 35-45
(para as diversas curvas de frequências possíveis). Observando-se valores das duas medições de ,

tem-se claramente valores que ultrapassam a normativa de maneira que, coaduna com a informação
anterior. Os níveis de , assemelha-se significativamente ao , ambos fora da faixa normativa e legal.

Análise das condições acústica existente da sala.


Anteriormente e ao mesmo tempo em que foi realizado o estudo de medição acústica, foi avaliado também
a qualidade do condicionamento acústico existente atualmente na sala de aula. Assim, conforme Norma
12179/92 deu-se cálculo do tempo de reverberação da sala de aula, conforme Tabela 2 abaixo através dos
dados da metragem das superfícies reflectantes, a propriedade através dos coeficientes de absorção para
o cálculo da Absorção.
Tabela 02 – Especificação dos acabamentos, coeficientes de absorção e Sabines
LOCAL M² Coeficiente da Absorção
Absorção (500Hz) (Sabine)
Piso (granilite) 62,30 0,02 1,246
Teto (concreto rebocado pintado a cal) 62,30 0,05 3,115
Parede 01 (alvenaria de tijolos cerâmicos sem reboco, pintada) 27,49 0,02 0,5498
Parede 02 (alvenaria de tijolos cerâmicos sem reboco, pintada) 11,95 0,02 0,239
Parede 03 (alvenaria de tijolos cerâmicos sem reboco, pintada) 27,49 0,02 0,5498
Parede 04 (alvenaria de tijolos cerâmicos sem reboco, pintada) 13,18 0,02 0,2636
Quadro Branco (quadro plastico vinilico sobre parede) 3,70 0,04 0,148
Janela Aluminio 01 (janelas com vidros de 4mm) 4,32 0,1 0,432
Janela Aluminio 02 (janelas com vidros de 4mm) 4,32 0,1 0,432
Janela Alumínio 03 (janelas com vidros de 4mm) 2,18 0,1 0,218
Janela Alumínio 04 (janelas com vidros de 4mm) 2,18 0,1 0,218
Porta (porta de madeira compensada pintada a óleo) 1,81 0,03 0,0543
Cadeira (50 cadeiras+1professor) 51,00 0,05
Ocupação menos cadeiras com alunos assentados** 17,00 0,05 0,85
Ocupação 2/3 menos a absorção da cadeira 34,00 0,44 14,96
TOTAL 23,2755

Foram desconsiderados na análise da absorção algumas superfícies a título de simplificação do cálculo


devido à dificuldade referencial de coeficientes de absorção medidos em laboratório, como por exemplo, a
superfície de plástico do acabamento do ar-condicionado ou a calha metálica. Pode-se observar, entretanto,
que se por ventura se viesse a considerar tais materiais só viriam a colaborar em aumentar o tempo de
reverberação do recinto.

Conforme medição da planta As Built tem-se que o volume da área é de 243,29 m³ de maneira que o TR(60)
encontrado foi de 1,67 s. Conforme consulta da Norma o Tempo Ótimo de Reverberação para a tipologia
16
de sala de aula, com este volume, dever-se-ia enquadrar como ideal um TOR(60) de 0,6s admitindo-se
máximo 1,3 s e mínimo de 0,5 s. Considerando-se o valor mínimo como referencial, tem-se uma diferença
de até 1,07s de reverberação que ocorre no recinto.

A nível estudo de projeto de retrofit foi refeito os cálculos buscando-se mercadologicamente alternativas, e
avalizando as consequências para o condicionamento acústico de soluções arquitetônicas que
respeitassem outros aspectos projetuais, como estética, pouco impacto orçamentário ou/e alternativas mais
racionais a uma mais fácil adoção e reprodução da ideia. Adotou-se a análise resumidamente com duas
abordagens s a serem resumidas como: 1) Substituição de meia parede lateral com material mais
absorvente; 2) Substituição/ colocação de forro de material mais absorvente. Ao se confrontar com a equipe,
observou-se majorar-se sempre a resolução do isolamento acústico como sendo salvo pela adoção de
forros acústicos, comercialmente vendidos de alta-performance. Assim, escolheu-se vários tipos de
materiais para ver o impacto de tais soluções sem que as soluções plásticas fossem parciais.
Foram especificados os seguintes materiais e conseguiu-se obter os consequentes tempos de reverberação
pelo recalculo, com soluções entre 0,56s a 1,78s (não recomendado). Ao se observar o catálogo das opções
pode-se constatar que a escolha dos materiais, considerando a proporção da área do teto para instalação
pela sua relação com o volume é a alternativa mais vantajosa, ao qual a escolha do material (desde que
este tenha coeficientes de absorção entre 0,4 e 0,8), conseguira se ajustar o TR(60) ao TOR(60) – Ver
Tabela 3. .
Tabela 3- Proposições de projeto
Local de alteração Material TR(60)
Meia Parede H=1,10 MDF (Α=0,7) 1,14
Meia Parede H=1,10 CHAPA ACÚSTICA (Α=0,4) 1,55
Forro ISOVER FORROVID BASIC 15MM(Α=0,51) 0,75
Forro ISOVER FORROVID BOREAL 15MM(Α=0,61) 0.67
Forro ISOVER FORROVID MISTRAL 15MM(Α=0,37) 0,90
Forro ISOVER PRIMA DECOR) (Α=0,66) 0,64
Forro ISOVER ALTA PERFOMANCE(Α=0,79) 0,56
Forro GESSO ACARTONADO EM PLACAS 12,5MM 1,69
(Α=0,60)
Forro GESSO COMUM (Α=0,30) 1,78

A importância da análise do tempo de reverberação é ratificado no uso do espaço da sala de aula, conforme
Kowaltowski (2013, p. 135) “ o tempo de reverberação está relacionado a inteligibilidade da palavra no
ambiente, e existem tempos ótimos de reverberação indicados para cada uso, os quais dependem do
volume e da absorção do ambiente e podem ser medidos ou estimados”.

Conforme observado nas medições experimentais de ruído, o isolamento acústico apesar de fazer parte
das prescrições de um adequado tratamento acústico não compuseram ainda o escopo da pesquisa por se
buscar primeiramente a correção do TR(60) e considerando as análises de medições já avaliarem a
abordagem da inserção urbana isolada da edificação, integra-se a uma boa avaliação de acústica do ponto
de vista urbano.
17
Resultados preliminares
Considerando-se que as medições acústicas visavam analisar estritamente o uso do ar-condicionado
confirma-se a suspeita de que não só o ruído é acima do admitido como se tem produção de ruídos para a
área externa acima do permitindo. Assim, apesar da edificação estar isolada, num futuro incremento do
adensamento das edificações da UNIFAP as salas de aula apenas pelo uso do ar-condicionado são
potencialmente poluidoras sonoras para o ambiente externo e para os demais espaços internos de uso da
edificação.

O ruído de fundo, para além do prejuízo a saúde auditiva dos usuários dos espaços, é tão elevado que se
tem suspeitas que é potencializador de doenças para as cordas vocais dos professores em caso de
exposição continua, visto que para se fazer ser ouvido pelos acadêmicos os professores devem, sem uso de
equipamentos complementares produzir sons constantemente a intensidade superior a 50 dBs
(desconsiderando os ruídos gerados pelos acadêmicos decorrentes da tipologia de uso). Assim, o uso do ar-
condicionado (alarmante fonte de poluição sonora ao ambiente interno) tem de ser compensado com uso de
equipamento de sonorização específico, que na sua utilização também eleva a intensidade dos sons do
ambiente, expondo os acadêmicos ao longo dos anos a potencial perda auditiva.

Sob o ponto de vista da acústica a integração com as novas mídias, deve passar em termos de acabamento,
com uma essencial redução do tempo de reverberação do recinto, para comportar um adequado uso de
sistemas eletrônicos de som além das propostas para uso dos novos sistemas de projeção devem também
não ultrapassar o limite de intensidade sonora confortável, mas também deve ser mensurado a também não
contribuir com esse aumento de reverberação.

Considerando as abordagens da substituição e análise dos materiais para correção do tempo de


reverberação, tem-se considerável ruptura do paradigma do senso comum de que soluções acústicas devem
passar pela aquisição de materiais complexos e caros. Para o forro acústico não necessariamente deve se
ter o entendimento de forros acústicos de alto desempenho, sendo que fatores como disponibilidade locais
da compra de materiais, flexibilidade para licitação dentre outros parâmetros devem ser considerados. Ao
se verificar diversos materiais de forro pode-se observar que a gama que se enquadra no parâmetro de 0,4
já se encontra comercialmente em diversidade não sendo necessário adotar uma alta eficiência acústica
sob judice de se majorar e super dimensionar a eficiência acústica da edificação, com parâmetros de 0,8
ou superior, deixando tais situações e materiais ainda a encargo de grandes espaços acústicos como
teatros ou auditórios, mas não se pode deixar de relevar o impacto que as escolhas de tantos materiais
reflexivos causam a gestão do condicionamento acústico.

18
A título de pré-pesquisa comercial conseguiu-se localizar placas da ISOVER FORROVID BASIC 15MM a
R$37,00 a unidade, de maneira (que apenas considerando este valor de elemento da arquitetura) ter-se-ia
uma faixa de R$ 3.500,00 (sem outros custos ou mão de obra para instalação)

Quanto a luz natural verifica-se que é necessário bloquear a entrada da radiação direta para não obter campo
de luz e sombra no ambiente, o que poderia ser resolvido com janelas em toda a extensão da fachada,
propiciando a melhor distribuição da luz indireta no ambiente, evitando o ofuscamento e o contraste.

Considerações Finais
Deve-se, considerando as análises acústicas e luminosas abordadas, observar atentamente que o uso do
ar-condicionado apesar de recomendado normativamente para os meses de setembro, outubro e novembro,
no padrão atual adotado pela UNIFAP é veementemente ultrapassado, estando a situação das salas de
aulas atuais do campus, sendo concebidas e construídas ainda sobre este sistema, como o recém
inaugurado edifício do DCET – Elétrica/ Computação (que adota a mesma planta arquitetônica da edificação
aqui analisada. Assim, se tem uma edificação nova com roupagem já ultrapassada da década de 60 do
século passado, onde o uso do ar-condicionado de janela era inovador.

Às arquiteturas escolares tem-se asseverado o uso predominante do condicionamento térmico artificial na


região Norte e omitindo-se o uso de climatização natural, das quais as alternativas ao invés da integração
para flexibilização de uso entre as duas formas (natural e artificial), vem relevando uma alternativa a outra e
coadunando com a baixa qualidade das edificações. Para além da perda obvia do conforto térmico que
poderia ser racionalizado na medida a utilizar alternativas naturais, se mensurou nas análises aqui
demostradas as perdas luminicas e acústicas.

Por consequência, é distante ainda se falar em desempenho do conforto ambiental e ainda mais premente
a distância em anos luz de desempenho global da edificação em termos de eficiência energética, certificação
ou desenvolvimento sustentável. A proposta de Sala 2.0 não só serve para rever e propor retrofits as
edificações existentes, mas poderá se mostrar como alternativa a emoldurar formas de se pensar a gestão
pública da produção destas edificações, para além de propor novos projetos.

Por se tratar de resultados parciais, apesar de fundamentados do ponto de vista cientifico, ainda falta
subsídios para fins do projeto a que se vem desenvolvendo ainda será efetuado o aprofundamento das
especificações dos equipamentos, consonantes com as conclusões aqui descritas.

Referências bibliográficas

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. .NBR 10151(2003): Acústica - Avaliação


do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade -Procedimento. Rio de Janeiro, Brasil.
__________________. NBR 10152(1992): Níveis de ruído para conforto acústico. Rio de Janeiro, Brasil.
19
__________________. NBR 13.369(1995) : Cálculo simplificado do nível de ruído equivalente contínuo
(Leq) Rio de Janeiro, Brasil.
__________________.NBR 15215-4 (2005): Iluminação Natural – Parte 4: Verificação experimental das
condições de iluminação interna de edificações, Rio de Janeiro.
__________________. NBR 15220-3(2005): Desempenho térmico de edificações. Parte 3: Zoneamento
Bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social, Rio de
Janeiro.

Alves S A, Kowaltowski D C CK, Silva M E S, Rafacho A M, Sorrigotto R E (2008) Comparação entre a


configuração das janelas em resposta a luz natural em salas de aula , XII Encontro Nacional de Tecnologia
do Ambiente Construído, Fortaleza.

Bittencourt L (2004) Uso das cartas solares. Diretrizes para Arquitetos, 4ª edição revisada, EDUFAL,
Maceió.

Bistafa S R (2011)Acústica aplicada ao controle de ruído, 2ª edição, São Paulo, Edgar Blücher.

Carvalho R P (2010) Acústica arquitetônica, Brasília, Thesaurus.

Dutra L, Lamberts R, Pereira F O R (2014) Eficiência Energética na Arquitetura, 3ª edição, revisada. São
Paulo

Frota A B, Schiffer S R (2003) Manual de Conforto Térmico: arquitetura, urbanismo, 6a. ed., Studio Nobel,
São Paulo.

Goncalves J C S, Vianna, Nelson S, Moura N C S (2011) Iluminação Natural e Artificial, PROCEL


EDIFICA/ELETROBRÁS, Rio de Janeiro.

Krause C B (2011) Desempenho Térmico e Eficiência Energética em Edificações, Rio de Janeiro.

Kim G, Lim H S, LIM T S, Schaefer L , Kim J T (2012) Comparative advantage of an exterior shading device
in thermal performance for residencial buildings. Energy and Buldings.

Kowaltowski D C(2013) Arquitetura escolar: o projeto do ambiente de ensino, Ofcina de textos, São Paulo.

Murgel E (2007) Fundamentos de Acústica Ambiental, Editora Senac, São Paulo.

Santos U P (org.). (1999) Ruído: riscos e prevenção, 3ª edição, Editora HICTEC, São Paulo.

Steemers K, Baker N V, Fanchiotti A (1993) Daylighting in Architecture: an European reference book, James
& James, London.

20

Você também pode gostar