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O nível que se ocupa com o como tornar a energia do ator cenicamente viva, isto é, com o como

o ator pode tornar-se uma presença que atrai imediatamente a atenção do espectador, é o nível
pré-expressivo e é o campo de estudo da Antropologia Teatral.

É neste nível que encontramos diferentes princípios que se configuram nas leis do trabalho do
ator, ou, melhor dizendo, nas bases fisiológicas sobre as quais o ator constrói seu conhecimento.

Na vida cotidiana, estamos constantemente reagrupando nossos músculos; micromovimentos


são realizados em camadas, às vezes, não perceptíveis de nosso corpo, com o intuito de poder
nos oferecer sustentação. É este movimento que nos dá energia para podermos estar no mundo.
Um ator aumenta consciente e controladamente este desequilíbrio para, justamente, dilatar sua
energia a fim de conseguir um corpo fictício. A noção de energia considerada aqui encontra
sustentação na própria raiz etimológica da palavra, sendo definida como “estar em ação, em
trabalho”.

No mundo cotidiano, desejo pegar um objeto que se encontra no chão, vou até o objeto, abaixo-
me e o pego. Esta pequena seqüência de ações não tem nada de dramático. Para usá-la no
teatro deveríamos impor-lhe uma negação. Eu quero mas não posso. Eu quero mas não devo.
Poderemos transformar em ação física, no sentido teatral, nossa esquemática seqüência, se
acrescentarmos nela, em todos os seus níveis, um caráter contraditório, opositor, de negação.

Esta “dança de oposições ” é na verdade o princípio do drama: agir com base em dois pólos. Um
deseja algo e outro deseja o contrário. Protagonista e antagonista. Herói e vilão. Força e
suavidade.

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