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Resumo
O tênis de campo é uma modalidade individual com grande complexidade de exigências físicas. A
presente revisão pretende apresentar aspectos fisiológicos do treinamento da modalidade e algumas tendências
recentes quanto às caracterizações dos atletas, partidas e valências físicas requeridas para a performance. Para
tal, buscamos estudos da modalidade de tênis de campo publicados nos periódicos de maior relevância das
ciências do esporte. Os estudos sugerem a prescrição de treinamento de acordo com as ações específicas e
respostas fisiológicas durante a partida e intervalos de recuperação. Além disso, valências como a força devem
ser trabalhadas para melhora da performance e redução do risco de lesões.
Unitermos: Tênis de campo. Aspectos fisiológicos. Treinamento
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 136 - Septiembre de 2009
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Introdução
Embora o tênis seja uma das modalidades mais populares do mundo, poucos estudos de
revisão em língua portuguesa foram feitos para fornecer a cientistas do tênis, treinadores e
jogadores um resumo das pesquisas recentes realizadas no contexto da modalidade. Esses
estudos podem auxiliar na criação de programas de treinamento com o intuito de otimizar a
performance e reduzir o risco de lesões.
No presente trabalho utilizamos como base para o referencial teórico, artigos publicados em
revistas internacionais com grande repercussão no meio do esporte. Abordamos separadamente
as capacidades físicas exigidas, respostas fisiológicas e aspectos que influenciam tais respostas.
A maioria dos tenistas compete na forma onde o primeiro jogador a vencer dois sets vence a
partida. No entanto, a duração desses sets é variável sendo em média 1 hora e meia. O tempo
médio de duração dos rallies também varia substancialmente dependendo de vários fatores
como: superfície da quadra, estratégia, estilo de jogo, ambiente, nível do jogo, velocidade do
golpe e motivação. Os intervalos de recuperação durante partidas de alto nível têm sido
analisados e mostraram grande variação (KOVACS, 2004)
A maioria das partidas de alto nível apresenta razão entre trabalho e intervalo de
recuperação de 1:2 e 1:5, com os pontos tendo duração média de 8 segundos e valores
variando entre 3 e 15s nas superfícies mais rápidas como a
grama, carpet e indoor (CHRISTMASS et al. 1998; HUGHES e CLARK, 1995). Para os autores
esses valores podem ajudar na prescrição de treinamento dentro e fora de quadra para os
tenistas.
O estilo de jogo do tenista pode ter um grande impacto na duração dos pontos no tênis. O
estudo de Bernardi, Devito e Falvo (1998) caracteriza os jogadores e fornece dados
interessantes. Quando o jogador que tem o controle do rally for um atacante (bate forte na
bola e tenta subir à rede consistentemente), a duração média dos pontos foi 4,8s. A duração
do rally variou entre 6 e 11 segundos quando o jogador no controle do rally era um jogador de
quadra inteira (que joga na linha de base mas vai à rede constantemente). Os pontos
terminaram em media dentro de 15,7s quando o jogador controlador do rally era jogador de
linha de base (joga a maioria dos pontos na linha de base e prefere não ir à rede). O percentual
de tempo de bola em jogo em relação ao tempo total de jogo foi de aproximadamente 21%
para os atacantes, 28,6% para os de quadra inteira e 38,5% para os de linha de base. Em um
estudo mais recente, o percentual de tempo jogado durante a partida, em quadras pesadas, foi
aproximadamente 20% (DOCHERTY, 1982). Os dados de Konig et al.(2001) e Faff et al. (2000)
indicam que o tempo total jogado está somente entre 20% e 30% do tempo total da partida na
maioria das ocasiões.
Velocidade e agilidade
O tênis tem sido descrito como um jogo de emergências contínuas, pois com todas as
batidas do oponente a bola pode ter velocidades diferentes, diferentes tipos de efeitos e ser
colocada em vários locais da quadra. Essas complexidades requerem que o tenista tenha tempo
de reação rápido e velocidade explosiva para o primeiro passo. Esses atletas necessitam ter
deslocamento excepcional de direção linear, lateral e em movimentos multidirecionais. Uma
pesquisa prática testou a relação entre aceleração, velocidade máxima e agilidade em
jogadores de futebol. Essas três variáveis parecem ser individuais e cada qualidade específica é
dependente da outra (LITTLE e WILLIANS, 2005). Então, é importante treinar os tenistas em
padrões de movimento específicos que são realizados durante os jogos. Se os princípios de
especificidade são usados para delinear programas de treinamento seria sensato treinar os
tenistas usando atividades de sprint que não seriam mais longas que a distância percorrida em
cada golpe durante o ponto. Kovacs (2005) recomenda a realização de sprints de não mais que
20 metros em sessões de treinamento.
Força
No saque, tem sido mostrado que a maior contribuição para a velocidade final da raquete foi
em ordem de importância: rotação interna do braço, flexão do punho, adução horizontal do
braço, pronação do braço e movimento do ombro para frente (ELLIOT et al., 1995). Dessa
forma, o treinamento de força específico deve ser prescrito com base nas ações articulares e
musculares hierárquica e harmonicamente para otimizar a performance e diminuir o risco de
lesões agudas e crônicas.
Fadiga e performance
Como os jogadores de tênis praticam e disputam partidas que duram horas, a fadiga é a
maior consideração no delineamento de programas de treinamento. Estudos mostraram que a
fadiga afeta os mecanismos do tenista reduzindo a velocidade da bola, possivelmente como um
mecanismo de proteção contra lesões limitando largos alcances de movimento e forças numa
posição biomecânica comprometida. A fadiga diminui a habilidade proprioceptiva podendo
induzir a ação de mecanismos de proteção muito lentos em resposta à prevenção de lesões. A
fadiga também afeta a sensação de movimento articular, diminui a performance atlética e
aumenta a fadiga relacionada à disfunção no ombro (CARPENTER et al. 1998).
A qualidade dos padrões de movimento e coordenação motora das ações específicas no tênis
é dependente do stress fisiológico produzido durante curtos períodos de exercício intermitente.
Pequenas mudanças no tempo de recuperação podem produzir grandes mudanças na
performance. Ferrauti et al (2001) sugeriram que uma redução na velocidade de corrida resulta
em uma má preparação do golpe levando a uma diminuição da velocidade do golpe
(performance) assim como mudanças nas possíveis intenções de golpe. Portanto, é importante
quando se está trabalhando a técnica aplicar a recuperação apropriada sendo essencial utilizar
razão trabalho/recuperação que forneça ao atleta e ao treinador o ambiente certo e resultado
ótimo. Quando se trabalha a habilidade técnica é importante ter recuperação maior que quando
trabalhando movimentos específicos do tênis ou treinamento de sistemas energéticos
específicos.
Conclusão
A prescrição de atividades para o treinamento específico de tenistas deve levar em
consideração aspectos como a duração das partidas, o tempo de bola em jogo, intensidade das
ações específicas e respostas fisiológicas e perceptivas em determinadas situações tanto de
jogo quanto de intervalo. Valências físicas como a força devem ser otimizadas para a melhora
da performance com o retardo da fadiga e provável redução do risco de lesões.
Referências