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Posto isto, resta convidar o leitor a viajar através da evolução nacional deste
universo fascinante (microcosmos que espelha e representa um macrocosmos
ainda mais excelso) que é a Fraternidade Maçónica, egrégora ou família espiritual
em demanda continua de um ideal de Construção permanente do Cosmos e da
Humanidade
Da operatividade à especulatividade
As primeiras lojas:
Ingleses e Franceses
Esta loja – designada pelos maçons católicos irlandeses como a loja dos
mercadores hereges – era essencialmente composta de empresários ingleses
anglicanos e escoceses presbiterianos nos, sobrevivendo apenas ate 1755,
aquando da destruição maciça de Lisboa pelo terramoto de 1 de Novembro,
eventualmente também devido a problemas logístico - funcionais de ausência de
quórum mínimo para o funcionamento, o que lhe retirou o apoio e o
reconhecimento maçónico de Londres, já que muito difícil e raramente admitiria
candidatos não - britânicos no seio do seu comunitarismo etnoculural fortemente
concentrado.
Por outro lado, uma outra loja existia – a já mencionada Casa Real dos
pedreiros-livres da Lusitânia – estritamente integrada por clérigos regulares
dominicanos, militares e empresários católicos irlandeses (além do engenheiro
militar húngaro Carlos Mardel, interveniente directo na planificação urbanístico -
volumétrica da reconstrução pombalina de Lisboa, posteriormente ao terramoto
de 1755), reunindo mensalmente num restaurante junto ao Cais do Sodre,
reflectindo sobre temas instrutivos, recreativos e económicos nos graus de
aprendiz, companheiro, mestre, mestre excelente e grão-mestre ( sendo este
último um cargo eleito anualmente no dia 24 de Junho, comemorativo de S. João
Baptista, patrono da fundação da Maçonaria especulativa).
Após a proclamação da bula papal In Eminenti, de Clemente XII. em 24
de Abril de 1738, excomungando todos os católicos pertencentes a quaisquer
sociedades secretas externas a autoridade espiritual da Igreja Romana, a Inquisição
portuguesa investiu fortemente contra as lojas maçónicas, nomeada- mente as
protestantes, já que a Casa Real se extinguiu obedientemente naquele mesmo ano.
O estrangeirismo não latino da ) Maçonaria culturalmente britânica instalada em
Lisboa foi então considerado potencialmente ateu e subversivo pelas autoridades
políticas e religiosas portuguesas, que procuravam fortemente reprimir o seu
ecumenismo fraterno.
Do Pombalismo à Viradeira:
continuidade e perseguição
Obediências e Potências:
génese, diversidade e unificação
Da Republica a actualidade
E OS DIRIGENTES EXTERNOS
Grão-mestres da Grande
Loja Provincial de Portugal
Sebastiao Jose de Sampaio da Grande Loja da Irlanda
Melo e Castro (1842-1872)
Lusignan (1802-1809). Marcos Pinto Soares Vaz
Jose Aleixo Falcao de Preto (1842 – 1851).
Gamboa Fragoso Wanzeler Joaquim Possidonio Narciso Marcelino Maximo de
(1809?). da Silva (1851 – 1853). Azevedo e Melo (1849 –
Fernando Romao da Costa Frederico Guilherme da 1853).
de Ataide e Teive Sousa Silva Pereira 1853 – Jose Joaquim de Almeida
Coutinho (1809-1814?). 1871). Moura Coutinho (1854--
Fernando Luis Pereira de Joaquim Jose Gonçalves de 1861).
Sousa Barradas Matos Correia (1871 – Frederico Leão Cabreira
(interino) (1814? – 1872). (interino) (1861 – 1863).
1816?). Caetano Gaspar de Almeida
Gomes Freire de Andrade Grão-mestres do Grande Noronha Portugal Camoes de
(1816 – 1817). Oriente do Rito Escoces Albuquerque Moniz e Sousa
Joao Vicente Pimentel (1840-1885). (1863 – 1867).
Maldonado (interino, (1820 Jose da Silva Carvalho Joaquim Brito de Carvalho
– 1821). (1840 – 1856). (1897 – 1902).
Joao da Cunha Souto Maior Rodrigo da Fonseca Antonio Gomes da Silva
(1821 – 1823). Magalhaes (1856 – 1858). Pinto (interinoj (1902 –
Jose da Silva Carvalho (l823 Domingos Correia Arouca 1903).
– 1839). (1858? – 1861). Custodio Miguel de Borja
Manuel Gonçalves de Joao Maria Feijó (1861 – (1903 – 1904).
Miranda (1839 – 1841). 1884).
Antonio Bernardo da Costa Francisco Soares Franco
Cabral (1841 – 1846). (1884 – 1885).
Grão-mestres dissidentes da
Joao de Deus Antunes Pinto Grão-mestres da Maqonaria do Norte (1834-
(interino) (1846). Confederação Maçónica 1850)
Marcelino Maximo de Portuguesa (1849-1867)
Azevedo Melo (interino)
(1846 – 1847).
Antonio Bernardo da Costa
Cabral (1847 – 1849).
Marcelino Maximo de
Azevedo e Melo (interino)
(1849).
Grão-mestres do Grande
Oriente Lusitano Manuel da Silva Passos
Joao Gualberto de Pina
(1834 – 1850).
Cabral (1849 – 1851).
Unido (1869) Francisco Xavier da Silva Grão-mestres dissidentes da
Pereira (1851 – 1852). Maqonaria do Sul (1828-
Nuno Severo de Mendoça 1849).
Rolim de Moura Barreto Joao Carlos Gregorio
(1852). Domingos Vicente Francisco
Antonio Rodrigues Sampaio de Saldanha de Oliveira Daun
(1852 – 1853). (1828 – 1837).
Jose Antonio do Jose Liberato Freire de
Nascimento Morais Mantas Carvalho (interino) (1834 –
João Inacio Francisco de Paula (1853). 1835).
de Noronha (1869 - 1881). Nuno Severo de Mendonça Jose Manuel Inácio da Cunha
Miguel Baptista Maciel Rolim de Moura Barreto Faro Meneses Portugal da
(interino, efectivo) (1881 (1853 – 1862. Gama Carneiro e Sousa
José Elias Garcia (interino) António de Sousa de (1835 – 1836).
(1884 – 1886). Meneses (interino) (1862 – Luís Ribeiro Saraiva (interino)
António Augusto de Aguiar 1863). (1836 1040).
(1886 – 1887). Joaquim Tomas Lobo de Francisco António de
José Elias Garcia (interino, Avila (1863). Campos (1840 – 1849).
efectivo) (1887 – 1889). José Joaquim de Abreu
Carlos Ramiro Coutinho Viana (interino) (1864 –
(1889 – 1895j. 1866). Grão-mestres do Grande
Bernardino Luis Machado José da Silva Mendes Leal Oriente Lusitano
Guimarães (1895 – 1899). (1866 – 1867). (1859-1869)
Luis Augusto Ferreira de Grão-Mestres da Federaçao
Castro (1899 – 1906. Maçónica Portuguesa Joao Inacio Francisco de
Francisco Gomes da Silva (1863-1869) Noronha (1859 – 1869).
(interino) (1906-1907). José Elias Garcia (interino,
Grão-mestres da Grande Loja
Sebastiao de Magalhães Lima efectivo) (1863 – 1869). de Portugal
(1907 – 1928).
António Augusto Curson Grão-mestres do Grande (1893-1894, 1985-1986)
(interino) (1928 – 1929). Oriente Portugues
António José de Almeida (1867-1869)
(eleito) (1929). José da Silva Mendes Leal
Joaquim Maria de Oliveira (1867 – 1869).
Simões (interino) (1929 – Grão-mestres do Grande
1930). Oriente da Maçonaria
José Mendes Ribeiro Norton Eclectica Lusitana (1853 -
de Matos (1950 – 1935. 1896)e
Mauricio Costa (interino) Miguel António Dias (1853
(1935 – 1937). – 1875).
Filipe Ferreira (interino) Abilio Roque de Sá Barreto
(1937). (1875 – 1896). José Salgueiro de Almeida
Luis Gonçalves Rebordao (1893 – 1894).
Grão-mestres da Grande Fernão Vicente (1985 –
(interino, efectivo) (1937 –
Loja da Maçónaria 1986).
1975).
Luis Hernani Dias Amado Portuguesa do Norte Grão-mestres do Grande
(interino, efectivo) (1975- (1871?-1878?). Oriente Portugues
1981). "Gama" (1894-1895, 1908-1911)
Armando Adão e Silva «Correia Teles» (1894 –
Grão-mestres da Grande
(1981-1984) 1895).
Loja dos Maçõns
José Eduardo Simões Coimbra Francisco José Fernandes da
Antigos Livres e Aceites de
(1984 – 1988). Costa (1908-1911).
Portugal (1882-1885)
Raul da Assunção Pimenta
José Dias Ferreira (1882 –
Rego (1988-1990).
1885).
Ramon de La Feria (1990-
1994). Grão-mestres da Grande
João Rosado Correia (1994- Loja Fortaleza
1996) (1884-1886)
Eugénio de Oliveira (1996) César Augusto Falcao (?)
(1884 – 1886).
Grão-mestras da Grande
Loja Feminina de Portugal
(1997-)
Maria Manuela Cruzeiro
(1997 – ).
Grão-mestres da Grande
Loja Regular de Portugal
(1991-)
POTENCIAS SUPERIORES
É assim que aos três graus simbólicos universais de aprendiz, companheiro e mestre
(complementado pelo de Arco Real) são sequentemente adicionados outros (no futuro
geridos por organismos soberanos a parte das lojas), constituindo ritos ou sistemas litúrgicos
distintos, veiculando tradições iniciáticas de origens diferentes, quer relacionadas com a
Historia e mitologia das Ordens medievais de cavalaria, quer com as antigas corporações de
artífices, quer ainda com outras confrarias herméticas ocidentais ou orientais, como a
Ordem Rosa+Cruz. Desta forma, a Maçonaria inglesa introduz em Portugal o seu Rito de
Iorque (surgido nas Ilhas Britânicas na primeira metade do século XVIII e aludindo
especificamente à mitologia arquitectónica da génese e funcionamento litúrgicos do Templo
de Salomão) e, no final do século, surge o Rito de Adopção, para funcionamento nas lojas
maçónicas femininas portuguesas (também de origem francesa setecentista e vigente até à
primeira metade do século XX). Com a aproximação civilizacional face a França e o
consequente afastamento progressivo do colonialismo britânico no inicio do século XIX, a
Maçonaria portuguesa introduz o Rito Adoniramita (criado no fim do século XVIII em
França pelo barão de Tschoudy e baseando-se na mitologia construtiva do Templo de
Salomão), que, aquando da génese do Grande Oriente Lusitano em 1802, e substituído
pela adopção oficial do Rito Francês ou )Moderno (igualmente surgido na mesma época,
sob o patrocínio oficial do Grande Oriente de França). Nas décadas de 1830 e 1840,
introduz-se em Portugal o Rito Escocês Antigo e Aceite (fundado nos Estados Unidos da
América em 1801, com base na pretensa organização do rei Frederico II o Grande da
Prússia, de síntese litúrgica da diversidade de altos graus arquitectónicos e cavalheirescos
dirigentes no Ocidente no fim do século XVIII, que adquire uma clara predominância
hegemónica sobre os outros desde meados do século XIX – radicando, de certa forma, no
funcionamento em Lisboa de um antecessor directo, o Rito de Heredom e Kilwinning
(originado em França na mesma época), de 25 graus, apenas durante alguns anos ainda
antes da fundação do Grande Oriente Lusitano. Na segunda metade do século, surge o Rito
Ecléctico Lusitano (criado com elementos comuns sintetizados do Rito Francês ou Moderno
e do Rito Escocês Antigo e Aceite, baseados nos valores simbólicos do Cristianismo
hermético e no liberalismo social – representado na cruel execução do general Gomes Freire
de Andrade, grão-mestre do Grande Oriente Lusitano em 1817), em sete graus e com total
independência institucional nacional.