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CONVERSAÇÕES SOBRE A “BOA MORTE”: O DEBATE BIOÉTICO

ACERCA DA EUTANÁSIA
Autores: Rodrigo Siqueira-Batista e Fermin Roland Schramm
Eutanásia, entendida desde a antiguidade como a “boa morte”, passamento sem
dor e sem sofrimento. Contudo, com a ascensão do nazismo o termo exauriu de
bons fundamentos e tornou-se um dos alicerces do programa Aktion-T4,
eliminação de “vidas que não valiam a pena ser vividas”. Diante do movimento
histórico, derivaram-se muitas ideias conexas ao homicídio, suicídio influenciado
ou genocídio. Doravante, será empregado o conceito de Listre: “boa morte, morte
suave e sem sofrimento”, mas na sociedade atual pode-se conceder uma
acepção mais concisa como “uma antecipação voluntária do passamento,
imbuída por um télos humanitário”.
Far-se-á distinção a respeito dos modos de cessação da vida conforme dispõem
os atos: Eutanásia Ativa: ato deliberado de provocar a morte sem o sofrimento
do paciente, por fins humanitários; Eutanásia Passiva: morte derivada da
omissão proposital na ação médica na busca da sobrevida; Eutanásia de Duplo
Efeito: É a morte acelerada oriunda de ações médicas, porém essas buscavam
alívio para as aflições;
Distinções quando a permissão do enfermo: Eutanásia voluntária: vontade
expressa do paciente; Eutanásia involuntária: contra a vontade, pode ser
igualado ao suicídio, porém é distinguível para Kushe “que se pratica a uma
pessoa que havia sido capaz de outorgar ou não o consentimento à sua própria
morte, mas não o fez, seja por não ter sido solicitado, seja por ter rechaçado a
solicitação, devido ao desejo de seguir vivendo.”; Eutanásia não voluntaria: É
desconhecida a vontade do paciente.
Tem-se o Suicídio assistido, sendo representado por pedido do agente ao auxílio
de outrem para alcançar o óbito. Na situação referida, o paciente sempre se
encontra em cônscio.
Distinguindo-se aos métodos citados, tem se a distanásia que é a manutenção
da vida por meio de tratamentos desproporcionais, levando o enfermo a uma
moléstia prolongada.
Ademais, há de se lembrar da ortotanásia que é o passamento mais costumeiro
e pode ser designada como a morte no seu tempo certo, sem intervenção
desproporcional.
Por fim, a mistanásia, termo pouco conhecido, que pressupõe a morte miserável
e dolorosa fora de seu tempo.

PARTE 1 - CONVERSAÇÕES SOBRE A “BOA MORTE”: O DEBATE BIOÉTICO


ACERCA DA EUTANÁSIA

AUTORES: RODRIGO SIQUEIRA BATISTA E FERMIN ROLAND SCHRAMM

Argumentos Contra:
Os dois argumentos principais baseiam-se no Princípio da Sacralidade e no
Princípio “Slippery Slope”, ou melhor, “ladeira escorregadia”.
O Princípio da Sacralidade fundamenta-se na religião afirmando que a vida
consiste em um bem e é uma concessão divina, logo não podendo ser
interrompida, peremptoriamente, pela vontade do titular. Pois, estar vivo é
sempre um bem, independente das condições em que a existência se apresente.
O segundo argumento constrói-se com alicerces de que uma concessão inócua,
pode engendrar precedente para atitudes maléficas. Ademais, expõe a relação
de uma paciente-médico que, por uma razão exterior, ocasionaria determinadas
ações não inspiradas em salutar o paciente.
Argumentos Pró
Os argumentos a favor dividem-se em dois: Princípio da Qualidade de vida e o
da Autonomia Pessoal.
O princípio da qualidade de vida argumenta que uma existência deve ser
pautada na vida que vale a pena ser vivida e que o titular é quem tem a
incumbência para decidir, no que se relaciona com a herança kantiana, na qual
um ato moral deve ser realizado no livre exercício de direito. Tal acepção
concedida à qualidade de vida relaciona-se diretamente com a Autonomia
pessoal. A qual poder-se definir como” a autonomia pressupõe que cada
indivíduo tem o direito de dispor de sua vida da maneira que melhor lhe aprouver
optando pela morte no exaurir de suas forças quando sua própria existência se
tornar subjetivamente insuportável.”

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