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A INFLAÇÃO define-se como a subida contínua e generalizada dos preços dos

bens e serviços.
Quais serão as causas deste aumento dos preços? E as consequências?

Causas
Normalmente, são apontadas como principais causas da inflação o excesso de
moeda em circulação, o aumento dos custos de produção e as expectativas dos
agentes económicos.
• Excesso da moeda em circulação:
Quando a quantidade da moeda em circulação aumenta sem o correspondente
aumento da produção de bens e serviços, os preços têm tendência a subir em
virtude do aumento da procura.
• Aumento dos custos de produção:
Este aumento surge quer pelo aumento dos salários sem o correspondente
aumento da produtividade dos mesmos, quer pelo aumento dos preços das
matérias-primas.
Quando esse aumento se verifica nas matérias-primas essenciais ao processo
produtivo, acaba por se estender à generalidade dos bens e serviços.
• Expectativas dos agentes económicos:
As previsões relativas ao aumento dos preços provocam nos agentes económicos
um conjunto de comportamentos que contribuem para o agravamento do próprio
processo inflacionário:
- Os consumidores antecipam o seu consumo;
- Os trabalhadores reivindicam aumentos salariais;
- Os bancos aumentam as taxas de juro; etc.

Consequências
Relativamente às consequências da inflação, destacam-se a desvalorização da
moeda e a deterioração do poder de compra da população.
• Desvalorização da moeda:
O aumento dos preços provoca a depreciação do valor da moeda pois os
consumidores, com a mesma quantidade de moeda, compram cada vez menos
bens e serviços.
• Deterioração do poder de compra:
Quando os preços sobem, se não se verificar um aumento proporcional dos
rendimentos das famílias, verificar-se-á uma deterioração do seu poder de compra.
De uma forma geral, a inflação provoca a deterioração das condições de vida dos
cidadãos, em especial daqueles que auferem rendimentos fixos, como pensões e
reformas.

MERCADOS DE CAPITAIS
O mercado de capitais é um sistema de distribuição de valores mobiliários, que tem o
objetivo de proporcionar liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabilizar seu
processo de capitalização. Isso quer dizer que o objetivo é direcionar os recursos financeiros
da sociedade (poupança) para o comércio, a indústria e outras atividades econômicas, assim
remunerando melhor o investidor e contribuindo para o desenvolvimento econômico do país.

O mercado de capitais é composto por bolsas de valores, sociedades corretoras e outras


instituições financeiras autorizadas. Estas instituições negociam os principais ativos mobiliários
do mercado de capitais, que são:
Ações - Títulos emitidos por sociedades anônimas.

Debêntures - Títulos emitidos também por sociedades anônimas. Seus recursos são destinados
principalmente para capital fixo das empresas e são remunerados em juros, participações nos
lucros, etc. As debêntures são títulos de longo prazo.

Commercial Papers - Notas promissórias de curto prazo, utilizados pelas empresas para
financiar seu capital de giro.

O Mercado de Capitais é classificado em:

Qualquer ativo financeiro tem sua primeira negociação. Ou seja, quando uma Ação, Letra de
Cambio ou Certificado de Depósito Bancário (CDB) é negociado pela primeira vez. Essa
transação é realizada no mercado primário.

Quando o primeiro comprador revende este ativo a uma terceira pessoa, esta pessoa para
outra e assim por diante, desencadeando um processo de circulação do ativo, estas operações
ocorrem no mercado secundário.

1. Mercado primário
No Mercado Primário é onde se negocia a subscrição de novas ações ao público, isto é,
onde os valores mobiliários circulam pela primeira vez e onde a empresa obtém o capital
para seus empreendimentos, pois o dinheiro da venda vai para a empresa. é também onde
os bancos obtêm capital para financiar as empresas. O patrimônio financeiro obtido é
direcionado para a empresa ou banco que lançou o ativo financeiro.

Também é onde ações de uma empresa são vendidas ao público na Bolsa de Valores pela
primeira vez. Esta operação também é realizada com intuito de captar recursos para financiar
os seus projetos.

2. Mercado secundário

É onde os títulos mobiliários emitidos no mercado primário são negociados de um proprietário


para outro. Sua função é gerar liquidez aos ativos financeiros.

O mercado secundário é tão importante quanto o primário, uma vez que o funcionamento de
um depende do outro. Os ativos financeiros não seriam negociados no mercado primário se
não contassem com a capacidade do secundário de gerar liquidez a estes papéis.

Neste momento os valores resultantes das transações não são mais direcionados para a
empresa ou banco emissor do ativo, mas sim para os investidores que participam das novas
negociações.

É quando, em busca de maior rentabilidade para os seus investimentos, compradores e


vendedores negociam suas ações, contratos futuros, títulos públicos, entre outros ativos
financeiros.

Como exemplos de mercados secundários podem ser citados:

Bolsa de Valores - onde são negociadas as ações - como a PETR4, VALE5, OIBR4, CIEL3, USIM5 -
e os contratos em Mercado Futuro de Dólar, Índice, Boi Gordo, Milho, Café e S&P 500.

Open Market (mercado aberto) - onde são negociados os títulos do Tesouro


Nacional, os CDBs, as LCA, Letras de cambio, etc.
MERCADOS DE CÂMBIOS:
O Mercado Cambial, conhecido pela sigla FOREX, ou FX (que significa Foreign Exchange), é o
mercado no qual se transacionam divisas mundiais através da seleção de pares de moedas e
da medição dos lucros ou perdas que resultam das flutuações de atividade de uma
determinada divisa no mercado, em relação a outra. O mercado cambial é o “lugar” onde as
moedas são negociadas. A necessidade de trocar moedas é a principal razão pela qual o
mercado cambial é o maior mercado financeiro, e com maior liquidez e resulta das atividades
de diversos participantes, como os bancos centrais, bancos de investimento e comerciais,
gestores de ativos, brokers, e outros investidores públicos e particulares. Apesar das diferentes
motivações associadas à atuação nos mercados cambiais, como a manutenção de
determinados níveis que preservem a competitividade dos produtos produzidos num país ou a
rentabilidade em determinado investimento.

O Mercado Cambial tem como principais centros financeiros o Reino Unido, os EUA e o Japão e
os principais pares de moedas transacionadas constroem-se em torno de divisas como o euro,
o dólar americano, a libra esterlina, o iene japonês e o franco suíço.

Um turista francês no Egito não pode pagar em euros para ver as pirâmides porque não é a
moeda localmente aceite. Como tal, o turista tem de trocar os seus euros pela moeda local,
neste caso a libra egípcia, à atual taxa de câmbio.

Em que consiste o mercado à vista? É onde as moedas são compradas e vendidas de acordo
com o preço atual. Esse preço, determinado pela oferta e pela procura, é um reflexo de
diversos aspetos:

 atuais taxas de juro


 desempenho económico
 sentimento em relação a situações políticas em curso
 perceção de desempenho futuro de uma moeda em relação a outra

Trata-se de uma transação bilateral através da qual uma das partes entrega uma quantia
acordada de moeda à outra parte e recebe uma quantia específica de outra moeda à taxa de
câmbio acordada.

Nos mercados a prazo e futuro negoceiam contratos com especificações quanto à moeda, ao
preço específico por unidade e à data futura para a liquidação. No mercado a prazo, os
contratos são comprados e vendidos over-the-counter entre duas partes, que determinam os
termos do acordo entre si. No mercado de futuros, os contratos são comprados e vendidos
com base numa dimensão padrão e data de liquidação. Os contratos de futuros têm detalhes
específicos, incluindo o número de unidades a serem negociadas, datas de liquidação e
incrementos mínimos de preço que não podem ser personalizados. O câmbio atua como
contrapartida para o trader, proporcionando liquidação. Ambos os tipos de contratos são
vinculativos e são normalmente liquidados após expiração – embora os contratos também
possam ser comprados e vendidos antes de expirarem. Os mercados a prazo e de futuros
podem oferecer proteção contra o risco quando se negociam moedas. Normalmente, as
grandes empresas internacionais utilizam estes mercados para se protegerem de flutuações
cambiais no futuro. No entanto, os especuladores também participam nestes mercados. Em
inglês, os termos FX, forex, foreign-exchange market e currency market são todos sinónimos e
referem-se todos ao mercado cambial.

SMI
Finda a guerra mundial tornava-se premente regularizar o comércio mundial, os pagamentos e
a circulação de capitais, evitando o circulo vicioso de desvalorizações monetárias e a
instabilidade das taxas de câmbio os anos 20 e 30.

Criação de um novo SMII que garantisse a estabilidade das moedas indispensáveis ao


incremento das trocas. O sistema assentou no dólar como moeda-chave. As restantes moedas
passaram a ter uma paridade fixa relativamente ao ouro e à moeda americana. Dólar as good
as gold.

FMI
Organização internacional criada na conferência de bretton woods, que visava ajudar na
reconstrução do SMI no pós IIGM, ao qual acorriam os bancos centrais dos países com
dificuldades em manter a paridade fixa da moeda ou equilibrar a sua balança de pagamentos.

Objetivos:

 fomentar a cooperação monetária internacional e a colaboração e m matéria de


problemas monetários internacionais
 facilitar a expansão e o crescimento harmonioso do comércio internacional
 favorecer a estabilidade dos câmbios, manter entre os estados-membros acordos de
câmbios regulares e evitar a tendência da depreciação dos câmbios
 eliminação de restrições comerciais que obstruem o desenvolvimento do comércio
mundial

os estados-membros contribuem com uma quota que é calculada consoante o rendimento


nacional, trocas comerciais e reservas monetárias.

Na sequência do «Plano Barre» e do «Plano Werner» é aprovada uma resolução do


Conselho de Ministros da CEE e dos representantes dos governos dos Estados-Membros
estabelecendo um conjunto de medidas e decisões visando a realização por etapas da união
económica e monetária e criando igualmente um grupo do Conselho de Ministros encarregado
de acompanhar a harmonização das políticas económicas e financeiras a curto prazo.

O plano Barre propunha a harmonização das políticas económicas e medidas de entreajuda


monetária, nomeadamente a criação de um mecanismo para apoiar as moedas em dificuldade.

O plano Werner propunha a criação de uma UEM tendente a uma união política, a partir de
uma primeira etapa, o plano Barre, com início a 1 de janeiro de 1971 e deveriam seguir-se
progressivamente a criação de um fundo europeu de cooperação monetária, o mais tardar até
à segunda fase, a livre circulação de capitais, a limitação da flutuação de moedas, com o apoio
de fundos de reserva. Concluir-se-ia pelo congelamento das paridades monetárias e pela
introdução de uma moeda única prevista para 1980. Pelo caminho ficavam, por exemplo,
orientações comunitárias de politica económica e medidas destinadas à coesão económica e
social, da realização de um mercado interno unificado à liberalização do comércio mundial.

O FRACASSO DA SERPENTE MONETÁRIA


Em 1973, o Conselho cria um fundo europeu de cooperação monetária para apoiar as
paridades. A tempestade monetária de 1971, iniciada com a especulação do mercado de
câmbios contra o dólar e atingindo o paroxismo no verão subsequente com a suspensão da
convertibilidade do dólar em ouro (fim de BW). Por conseguinte, os alemães queriam a
flutuação concertada, implicando a reavaliação das moedas europeias, inclusive o franco
francês, e por isso, a frança opunha-se pois pretendia evitar a sobrevalorização da sua moeda,
prejudicial às exportações, preferindo continuar ligada ao SMI.

Os seis estão divididos quanto a uma solução a adotar e as repercussões nefastas da


instabilidade das taxas de câmbio nos mercados europeus compromete o funcionamento do
mercado comum. Em 1971 estabelece-se um mecanismo de flutuação das moedas dos seis
dentro de determinadas margens nas margens do sistema internacional, que será serpente
monetária.

Assinatura de acordos monetários em Washington em 1971 que previam a fixação de novas


paridades das moedas europeias em relação ao dólar e fixava-se como desvio máximo
permitido entre duas moedas europeias o valor de 4.5%, ou seja, margens de flutuação de +/-
2.25% centradas no valor do dólar americano (o túnel).

Os seis em 1972, em Basileia, decidiram reduzir a margem de flutuação intra-comunitária, ou


seja, um desvio máximo entre as duas moedas europeias, de metade daquela que foi
estabelecida em Washington. Tratava-se de um mecanismo de flutuação concertada das
moedas europeias no interior de margens de flutuação em relação ao dólar.

Previa-se a intervenção dos bancos centrais europeus assim que os limites máximos de
flutuação fossem atingidos. Visava-se uma zona de estabilidade relativa.

A serpente monetária teve resultados benéficos mas de curta duração.

Crise internacional de 1973: desvalorização do dólar, flutuações incontroláveis, choque


petrolífero de 1973, desequilíbrios nos pagamentos externos, frança recusa continuar a apoiar
a divisa americana, os seis deixam flutuar as suas moedas em relação ao dólar, este passa a
circular livremente, o sistema de BW morre e o mecanismo europeu tenta sobreviver-
serpente sem túnel.

A fraqueza de várias moedas (libra, lira, coroa) saíram da serpente pois não eram capazes de
manter as margens e as restantes saem sucessivamente, não resistindo.

A serpente monetária foi a primeira tentativa de concertação monetária no seio da CEE.


Tímido esboço da UEM.

SISTEMA MONETÁRIO EUROPEU


Roy Jenkins laça uma proposta tendente à união monetária. Era importante sair da hegemonia
monetária americana, estabilizar as moedas comunitárias e fazer convergir a economia
europeia. Na cimeira de Copenhaga, em 1978, relança-se a criação de um novo SME aberto a
todos os Estados comunitários e é acordada uma estratégia comum para se conseguir obter
uma mais elevada taxa de crescimento económico visando reduzir o desemprego através da
planificação de uma zona europeia de estabilidade monetária, nascendo SME em 1979 assente
em 3 caraterísticas:

 mecanismo de câmbio: os participantes devem respeitar as margens de flutuação


definidas em torno do valor de referência
 uma unidade de conta europeia- ECU- a unidade de referência entre os bancos
centrais participantes, cujo valor é estabelecido a partir de um cabaz de moedas
europeias cujas partes são consideradas em função da riqueza de cada estado emissor
 mecanismo de crédito: os participantes põem à disposição do Fundo Europeu de
Cooperação Monetária 20% das suas reservas em ouro e 20% em dólares e recebem
ecus, cujo valor se destina a constituir o suporte de uma solidariedade entre bancos
centrais sob forma de créditos a curto prazo.

 Sucesso:

o Estabilidade económica
o Disciplina financeira
o Resistiu ao 2º choque petrolífero 1979-80
o Resistiu à alta do dólar e taxas de juro de 1980-85
o Funcionou como mecanismo de pressão sobre os governos para estes
alterarem as suas politicas económicas e se comprometerem nas obrigações
resultantes do sistema monetário comum.

Não se correlacionava com uma divisa externa.

ZONA MONETÁRIA
Uma Zona Monetária (ou Área Monetária) é um conjunto de países ou territórios, criado na
sequência de um acordo formal ou em consequência de um estado de facto, e no qual são
observadas determinadas regras particulares relativamente às suas políticas e relações
monetárias. Geralmente, no âmbito deste tipo de acordos, é conferido à moeda do principal
destes países um papel fulcral nos pagamentos das transações internas da zona das transações
entre os países ou territórios da zona e o resto do mundo.

A criação de uma Zona Monetária é geralmente um passo natural nos processos de integração
económica, podendo evoluir para Uniões Monetárias como é o caso da Zona Euro.

ZONA MONETÁRIA ÓTIMA


Mundell (1961: 659) afirma que numa área monetária que compreende diferentes países com
moedas nacionais, o nível de emprego nos países deficitários depende do desejo dos países
com superavit em inflacionar. Mas, numa área monetária que compreende várias regiões e
uma só moeda (ou várias com paridade fixa), a taxa de inflação depende do desejo das
autoridades centrais de permitirem desemprego nas regiões deficitárias. Sendo certo que em
qualquer tipo de área monetária é impossível evitar simultaneamente a inflação e o
desemprego no conjunto dos seus membros.

Uma área monetária óptima (id.: 657 – 65) é uma zona geográfica dentro da qual se podem
manter fixas as taxas de câmbio, mantendo-se o equilíbrio externo sem criar desemprego,
sendo, normalmente, menos caro usar uma única moeda.

Entende-se área monetária óptima, como área económica onde a mobilidade dos factores de
produção é perfeita, particularmente do factor trabalho. O autor parte do princípio que preços
e salários são rígidos à baixa e, daí, a importância que atribui à mobilidade do trabalho como
factor de ajustamento. Numa situação em que um desvio da procura de produtos de uma
hipotética região A para produtos de uma hipotética região B provocasse desemprego na
região A (considera-se a existência de um choque externo sobre a procura de um produto
provocado pela concorrência de preços ou pela mudança dos gostos dos consumidores, ou
choque exógeno que afecte a oferta de factores de produção), o ajustamento só poderia ser
conseguido, ou pela deslocação de trabalhadores de A para B, dada a impossibilidade de
ajustar salários e por essa via preços (sustenta-se o princípio de que preços e salários são
rígidos à baixa), ou pela desvalorização cambial, que não é possível por definição, numa zona
de integração monetária.

UNIÃO EONÓMICA E MONETÁRIA


A UEM é mais um passo no processo de construção europeia: a integração económica, no
sentido da aproximação das políticas económicas e orçamentais dos Estados-membros.

A União Económica e Monetária (UEM) consiste no processo de harmonização das políticas


económicas e monetárias dos Estados-Membros da UE, com vista à instituição de uma moeda
única. A UEM combina duas vertentes:

monetária - com o objetivo da manutenção da estabilidade dos preços, traduz-se pela


definição de uma política monetária única

económica - procura assegurar um crescimento económico sustentado, a médio e longo prazo,


e a coordenação das políticas económicas dos Estados-Membros.

As disposições de coordenação económica da UEM aplicam-se a todos os Estados-Membros da


UE, incluindo os que não pertencem à zona euro e os que gozam de derrogações especiais.

As normas e objetivos referentes à UEM e ao seu funcionamento estão definidos no Tratado da


União Europeia, tendo entrado em vigor a 1 de novembro de 1993.

Na sequência da crise financeira de 2008, que atingiu com especial intensidade a economia
europeia e, em particular, os países da zona do euro, a UEM iniciou a segunda década da sua
existência sujeita a um importante processo de ajustamento nas suas regras de funcionamento e
governação que, nomeadamente, visa garantir o aprofundamento da sua dimensão económica.

Objetivos

Coordenação a nível das políticas económicas entre os Estados-Membros

Organização das políticas orçamentais, definindo limites para a dívida e o défice públicos

Estabelecimento de uma política monetária independente, gerida pelo BCE

Introdução de uma moeda única e criação da zona euro

Embora presente desde o início do processo de integração europeia, só a partir da década de 1980 é que se reuniram
as condições necessárias para a concretização do ideal de uma União Económica e Monetária. De salientar:

 o estabelecimento do Sistema Monetário Europeu (SME)


 a concretização do mercado único
 e a apresentação das conclusões do "Comité para o estudo da União Económica e Monetária", liderado por
Jacques Delors

O relatório Delors apontava para um faseamento na prossecução da UEMe estabelecia directrizes em termos de política
económica e monetária.

Objeto de uma Conferência Intergovernamental (CIG) em dezembro de 1991, é no Conselho Europeu de Maastricht, em
dezembro de 1991, que se efetiva a vontade dos Estados-Membros de concretizar a UEM, nomeadamente através do
compromisso com processo de convergência económica consagrado no Tratado da União Europeia.
O Pacto de Estabilidade e Crescimento
O Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) constitui um sistema regulamentar de
coordenação das politicas orçamentais, de forma a garantir a solidez das finanças públicas dos
Estados-Membros. Definido no contexto do Conselho Europeu de Amesterdão, em junho de
1997 como complemento das disposições do Tratado da União Europeia referentes à UEM, foi
já sujeito a revisão.
O Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) é o conjunto de regras e instrumentos
estabelecidos a nível europeu com o objetivo de coordenar as políticas orçamentais e, por essa
via, garantir o saneamento das finanças públicas, corrigir défices excessivos, combater o
endividamento público e manter um nível de execução orçamental responsável.
Inscreve-se no contexto da terceira fase da União Económica e Monetária (UEM), que teve
início em 1 de janeiro de 1999, com o objetivo de garantir o prosseguimento do esforço de
disciplina orçamental dos Estados-Membros após o lançamento da moeda única, assegurando
uma convergência duradoura da UE.
Os Estados-Membros comprometeram-se a respeitar o objetivo de uma posição próxima do
equilíbrio. Os Estados-Membros comprometeram-se a tomar as medidas de correção orçamental
que considerem necessárias para alcançar os objetivos dos seus programas de estabilidade ou
de convergência.
Possibilidade de sancionar um Estado-Membro participante que não tome as medidas
necessárias para pôr termo a uma situação de défice excessivo. A sanção começará por assumir
a forma de um depósito sem juros junto da Comunidade, mas poderá evoluir para uma multa se
o défice excessivo não for corrigido nos dois anos seguintes.
Rígido. Alemanha e França desrespeitaram temporariamente e adotaram medidas próprias.
O Pacto de Estabilidade e Crescimento foi revisto em março de 2005 no sentido de tornar o
PEC num instrumento mais flexível, mais racional. Optou-se por valorizar mais o «C» de tendo
em conta o período de recessão económica que a UE atravessava em 2005.
As principais alterações assentam essencialmente no seguinte:
• O prolongamento dos prazos concedidos aos Estados-Membros com défice superior aos
3% para corrigir a situação. 4-5 anos
• O reforço das medidas de prevenção em caso de défice excessivo. Foram redefinidos
objetivos mais precisos de médio prazo para atingir uma situação orçamental equilibrada.
• O fim da automaticidade das sanções, que serão doravante aplicadas de acordo com a
situação económica e financeira de cada Estado-Membro.
• circunstâncias atenuantes que permita aos Estados-Membros justificarem o
incumprimento dos critérios, nomeadamente os custos da unificação alemã, as despesas
militares, os investimentos na investigação científica, as despesas ligadas às reformas das
pensões, as ajudas aos países em vias de desenvolvimento e as contribuições para o
orçamento comunitário.

A crise económica e financeira mundial de 2008-2010 voltou a questionar a pertinência deste


PEC; alguns Estados-Membros por terem aproveitado a segurança propiciada pelo euro
(impossibilidade de deflação) para intervir no resgate de algumas instituições bancárias e
financeiras e relançar as suas economias moribundas, cavando assim os seus défices públicos
em total desrespeito pelos critérios do PEC.
Em maio de 2010, criação de um fundo de intervenção de 750 mil milhões de euros para
estabilizar a zona euro e dar um sinal positivo aos mercados financeiros internacionais.
Assim, a Comissão Europeia apresentou em julho de 2010 um conjunto de regras que alteram
o PEC, designadamente:
• a criação de uma componente preventiva do PEC, nomeadamente ao obrigar os Estados-
Membros a fornecer à Comissão Europeia não só os programas nacionais de estabilidade e
crescimento mas também projetos de orçamentos nacionais, logo no primeiro semestre do ano,
permitindo que eventuais recomendações da Comissão Europeia possam ser tidas em conta
antes da aprovação nacional do orçamento que ocorre tradicionalmente na segunda parte do
ano. Esta medida ficou celebrizada pela expressão "semestre europeu";
• a extensão do escrutínio do PEC aos desequilíbrios macroeconómicos e divergências
de competitividade, através da criação de um scoreboard com indicadores económicos e
financeiros. Em caso de desequilíbrios sérios, a Comissão Europeia poderá emitir
recomendações ao Estado-Membro afetado e deverá informar os seus parceiros no ECOFIN;
• o reforço das sanções através da constituição de um fundo de garantia alimentados pelos
Estados-Membros incumpridores de um montante de 0.2 do seu PIB cujos depósitos
obrigatórios ficam congelados até que as contas públicas voltem à normalidade. Se o país em
causa corrigir a situação orçamental, recupera o valor do depósito e os respetivos juros. Se
não o fizer, perde numa primeira fase os juros e a seguir o valor do depósito que se transforma
em multa por incumprimento. Outra sanção possível consiste no congelamento dos fundos
comunitários que os Estados-Membros em falta usufruem e que podem vir a ser
definitivamente perdidos caso o país não reduza o seu défice e a sua dívida pública dentro do
prazo que lhe é atribuído. Esta segunda opção permite castigar o Estado-Membro incumpridor
sem obrigá-lo a disponibilizar fundos do seu próprio orçamento de Estado;
• a estrita aplicação das regras de infração nos casos de uma dívida pública superior a
60% do PIB (um dos critérios de Maastricht), possibilidade que já existia mas que não tinha
sido aplicada de forma consistente.

Embora houvesse unanimidade para reforçar o PEC com sanções, os Estados-Membros


dividiram-se quanto à aplicação das mesmas. Alguns, como a Alemanha, Holanda, Finlândia,
apoiados pelo Banco Central Europeu, defenderam um regime sancionatório automático. Outros,
liderados pela França, Itália e Bélgica quiseram deixar ao Conselho de Ministros uma margem
de apreciação política de cada caso. Estas regras, que entraram em vigor em 2011, designam-
se por "Six Pack”, no seu conjunto. Além dos pontos explorados em cima, este conjunto de
medidas inaugurou a realização do "Semestre Europeu” e a instituição do Código de Conduta.
Em 2013, o Pacto de Estabilidade e Crescimento conheceu a sua principal reforma
institucional, com a aprovação do Tratado sobre Estabilidade, Coordenação e Governação
(TECG), que ficou conhecido como "Tratado Orçamental”, constituindo-se como um tratado
intergovernamental celebrado entre os países da zona Euro. Importa ter presente que não se
trata de um tratado europeu, pelo que apenas vincula as partes contratantes no que diz respeito
à sua participação na União Económica e Monetária. A celebração deste tratado foi motivada
pela necessidade de reforçar a vertente preventiva do PEC. No mesmo ano foram aprovados
novos instrumentos de coordenação económica e de acompanhamento, que ficaram conhecidos
como "Two Pack”.

Atualmente, com a estrutura baseada no tratado orçamental e nas disposições "Six Pack” e
"Two Pack”, o PEC assume uma vertente tripartida essencial:
• De prevenção (a vertente positiva): os países assumem o compromisso de cumprimento de
políticas orçamentais sólidas e responsáveis, assegurando a sua boa execução e a
coordenação efetiva a nível europeu. Cada um dos países tem um objetivo orçamental de
médio prazo (OMP), relativo ao défice, que é definido em termos estruturais. Na zona euro, os
países indicam as formas de prosseguir estes objetivos orçamentais no quadro de programas
de estabilidade ou de programas de convergência, cuja execução é avaliada no quadro do
Semestre Europeu.
• De correção (vertente corretiva): no procedimento por défices excessivos (PDE), pretende-
se a correção gradual dos défices públicos excessivos (3% do PIB) e das dívidas públicas
excessivas (60% do PIB).
• De execução: aplica-se no caso do desrespeito pelas regras das vertentes positiva e
corretiva, isto é, se os Estados violarem as disposições a que estão comprometidos no quadro
da UEM. No caso dos países da zona Euro, eventuais sanções podem assumir a forma de
advertências ou mesmo de coimas no valor de 0,2% ou 0,5% do PIB, além de ser possível
suspender autorizações ou pagamentos dos fundos estruturais e de investimento da UE.

O PEC prossegue um conjunto de objetivos de convergência real, de estabilidade financeira e


de promoção do crescimento económico que, adaptado à realidade de cada Estado-Membro,
procura garantir uma União Económica e Monetária mais coesa e coordenada. Contudo, a
violação sistemática das suas regras positivas e preventivas gera, sistematicamente, um aceso
debate político entre os que defendem o respeito absoluto pelas normas do PEC e do tratado
orçamental e aqueles que combatem estes instrumentos, encarando-os como intromissões na
vida política interna dos Estados, vetores federalistas ou ataques à soberania nacional.

Na sequência do debate realizado sobre o funcionamento do PEC, os regulamentos foram


modificados em 2005. Contudo, a execução foi fraca, resultando em graves desequilíbrios
orçamentais em alguns países da UE, expostos quando estalou a crise económica e
financeira em 2008.

Desde a crise, as regras de governação económica da UE foram reforçadas através de oito


regulamentos da UE e de um tratado internacional:

 o «6-pack» (que introduziu um sistema para monitorizar as políticas económicas em sentido lato, de
modo a detetar problemas como as «bolhas» no mercado imobiliário ou a queda precoce da
competitividade);
 o «2-pack» (um novo ciclo de monitorização para a área do euro, com a apresentação, por parte dos
países, exceto aqueles com programas de ajustamento macroeconómico, dos seus projetos de planos
orçamentais à Comissão Europeia no outono de cada ano);
 o Tratado de 2012 sobre Estabilidade, Coordenação e Governação (Pacto Orçamental) que introduz
disposições de natureza orçamental mais rigorosas do que o PEC.

Este conjunto de medidas é agora parte integrante do Semestre Europeu, que é o


mecanismo de coordenação das políticas económicas da UE.

Em janeiro de 2015, na sequência de uma revisão, a Comissão Europeia emitiu orientações


pormenorizadas sobre como irá aplicar as regras existentes do PEC de modo a fortalecer a
ligação entre as reformas estruturais, os investimentos (tendo em conta nomeadamente o
recém-criado Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos) e a responsabilidade
orçamental em prol do emprego e do crescimento.

Responsabilidade institucional
A responsabilidade pela política económica em decurso na UEM depende da articulação entre as instituições europeias e
os Estados-Membros. Deste modo:

 Conselho Europeu - define da direção geral da política económica


 Conselho da UE - ECOFIN - coordena a política económica da UE, detendo poder de decisão sobre a adesão
de um E-M ao euro
 Eurogrupo - coordena, a nível informal, das políticas de interesse comum para a zona euro
 Estados Membros - elaboram orçamentos dentro dos limites acordados, definem as suas próprias políticas em
matéria de emprego, pensões e mercado de capitais
 Comissão Europeia - supervisiona os resultados obtidos e a situação económica, prepara as decisões do
Conselho da UE
 Banco Central Europeu - define a política monetária, procurando assegurar a estabilidade dos preços.

A estas competências somam-se aquelas atribuídas na sequência da adoção de medidas de reforço da agenda
económica comum dos países da zona do euro, nomeadamente no âmbito da condução do Semestre Europeu.

Desafios a superar a longo-prazo:


• uma coordenação mais estreita das políticas económicas dos Estados-Membros, ou
seja alcançar uma verdadeira UEM em todas as suas vertentes, Económicas e Monetária,
através da criação de mecanismos de governação económica. Ficou patente que a União
Económica e Monetária não se pode limitar a regras monetárias e orçamentais e carece de
maior coordenação das políticas económicas e financeiras nacionais;
• mais esforços na prossecução da consolidação orçamental através de um maior
cumprimento do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), criado em 1999 precisamente
como contrapartida à criação da moeda única. Após uma reforma em 2005, o PEC tornou-se
num instrumento mais flexível, mais racional que valorizou mais o «C» de crescimento do que
o «E» de estabilidade, tendo em conta o período de recessão económica que a UE atravessava
em 2005. Voluntariamente ignorado por parte de alguns Estados-Membros, a crise económica
e financeira impôs em 2010 uma revisão do PEC no sentido de reforçar os mecanismos
sancionatórios nos casos de incumprimento e criar mecanismos preventivos de intervenção.

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