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Análise Funcional (MAT513)

Separabilidade. Teorema de Hahn-Banach e alguns corolários.

Teorema da Limitação Uniforme. Teorema da Aplicação Aberta.

Teorema do Gráfico Fechado. Exemplos de aplicação. Suplementar

topológico e complemento ortogonal.

V. Araújo

Mestrado/Doutorado em Matemática, UFBA, 2016

Conteúdo
1 Separabilidade 1
1.1 Bases Hamel/Schauder . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Operadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2 Fundamentais 7
2.1 Hahn-Banach . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2 Lim. Uniforme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3 Apl. Aberta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.4 Graf. Fechado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

3 Suplementar 19
3.1 Somas diretas, complementos e fechos de subespaços . 19

4 Ortogonalidade 22
4.1 Complementos ortogonais generalizados . . . . . . . . . . 22

1 Separabilidade
1.1 Bases Hamel/Schauder
Base de Hamel
Dado um espaço vetorial V sobre K, uma base de Hamel B de V
é um subconjunto linearmente independente maximal, isto é, B

1
é família linearmente independente em V e todo conjunto V ⊃ C ⊃ B
não é linearmente independente.
Em particular, o espaço vetorial gerado por B, a família de todas as
combinações lineares de subconjuntos finitos de B, denotado ger(B),
tem que ser V e assim uma base de Hamel naturalmente é também
um gerador para V.
Porém estas bases frequentemente são não enumeráveis.
Se existe base finita de V com n elementos, dizemos que a dimen-
são algébrica de V é finita e igual a dim V = n.

Base de Schauder
Um subconjunto A de um espaço normado (X, k·k) diz-se total em
X se ger(A) é denso em X, ou seja, ger(A) = X, onde U representa o
fecho de U ⊂ X com respeito à topologia induzida pela norma.
Uma base de Schauder de um espaço normado (X, k · k) é uma
sequência (n )n≥1 em X tal que cada vetor  ∈ X admite única sequên-
cia (αn )n≥1 ⊂ K que satisfaz

X n
X
= αj j = lim αj j .
n→+∞
j=1 j=1

Note que a unicidade dos escalares (αn )n≥1 para cada  ∈ X garante
que os (n )n≥1 são linearmente independentes. O caso dim X = N ∈
Z+ está incluso nesta definição fazendo αn = 0, ∀n > N.

Separabilidade
Um espaço métrico é separável se existe subconjunto enumerá-
vel denso nesse espaço.
Exercício
Um espaço métrico discreto é separável se, e só se, o espaço é enu-
merável.

Lema
(1) Todo espaço normado com base de Schauder é separável; e (2)
um espaço normado é separável se, e só se, existe subconjunto enu-
merável total linearmente independente.
Pn
De fato, se (n )n é base de Schauder, então a família =1 q  , n ≥
1, (q1 , . . . , qn ) ∈ Qn é enumerável e densa em X. Logo X é separável.
Isto prova a primeira afirmação.
De maneira análoga, se (yn )n é família P enumerável e total em X,
n
então o conjunto de todas as combinações =1 q y , n ≥ 1, (q1 , . . . , qn ) ∈
Qn é enumerável e denso em X; e assim X é separável.

2
Se X é separável, seja (n )n família enumerável densa em X e defi-
nimos uma sequência total por indução como segue. Seja y1 primeiro
elemento não nulo de (n )n ; escolhidos y1 , . . . , ym , ym+1 é o primeiro
elemento de (n )n>m tal que y1 , . . . , ym , ym+1 seja linearmente inde-
pendente. Se não existir tal elemento, a sequência termina.
Por construção, o espaço gerado por (n )n e por (ym )m é o mesmo
e esta última família é enumerável. Como ger{ym } contém todos os
elementos de (n )n , então (ym )m é total e linearmente independente
e numerável.

Exemplos

ˆ Existe espaço de Banach separável que não admite base de


Schauder;
ˆ Como Q é denso em R (normal euclidiana), então Km é separável
(K = R ou C e todo m ≥ 1);
ˆ ℓp (N) é separável para 1 ≤ p < ∞: uma base de Schauder é a
base usual en = (δn (j))j≥1 (δ de Kronecker); ou consideramos a
família dos elementos de ℓp (N) com coordenadas racionais;
ˆ ℓ∞ (N) não é separável: a família Y ⊂ ℓ∞ (N) formada por todas
as possíveis sequências de zeros e uns, não é enumerável (tem
a potência do contínuo, a mesma cardinalidade que [0, 1]) mas
a distância entre dois elementos distintos de Y é pelo menos 1
(se y, y 0 ∈ Y com y 6= y 0 , então alguma coordenada é diferente,
logo ky − y 0 k∞ ≥ 1). Portanto todo subconjunto denso de ℓ∞ (N)
é não enumerável.

Base de Schauder que não é de Hamel


Seja N subespaço de ℓ∞ (N) dado pelas sequências com número
finito de entradas não nulas. A base canônica de Schauder é também
uma base de Hamel de N, pois N = ger({e }≥1 ). Mas a sequência
ek ek+1
ƒk = − , k≥1
k k+1

P Hamel de N, pois a única representação de e1 nesta


não é base de
base é e1 = k≥1 ƒk não é soma finita. Mas (ƒk )k é base de Schauder
de N, pois cada  = (1 , 2 . . . . , n , 0, 0, . . . ) de N pode ser escrito
n
X X
= αk ƒk + αn ƒk
k=1 k>n

com αk tal que α1 = 1 , (αj − αj−1 ) = jj , 2 ≤ j ≤ n.

3
Mais exemplos
Assim, mesmo se as bases de Hamel sejam enumeráveis, pode
existir uma base de Schauder que não é de Hamel.
ˆ C([, b], R) é separável, pois a sequência ƒn () = n é total pelo
Teorema de Stone-Weierstrass; mais geralmente, C(Ω, R) é se-
parável se Ω é espaço métrico compacto. Vale também para
funções contínuas nos mesmos espaços com valores R complexos.
Segue daqui que Lp ([, b], R) = {ƒ : [, b] → R : [,b] |ƒ |p dλ <
∞} com a norma k · kp é separável, onde λ é a medida de Le-
besgue, pois as funções contínuas C([ , b], R) são densas em
(Lp ([, b], R), k · kp ), para 1 ≤ p < ∞.

1.2 Operadores Lineares


Operadores Lineares
Um operador linear entre espaços vetoriais X, Y é uma aplicação
T : Dom(T) ⊂ X → Y cujo domínio Dom(T) é subespaço vetorial de X
e satisfaz T( + αy) = T() + αT(y), ∀, y ∈ Dom(T), ∀α ∈ K.
Temos T(0) = 0 e que a família de todos os operadores lineares
com o mesmo domínio forma um espaço vetorial com as operações
(T + S)() = T+ S e (αT)() = αT, ∀ ∈ Dom(T) = Dom(S), ∀α ∈ K.
Exemplos básicos são o operador identidade 1 : X → X, 1 =  e o
operador nulo T = 0, ∀ ∈ X.
A Análise Funcional se concentra em analisar o comporta-
mento de classes tão amplas quanto possível de operadores
lineares entre espaços vetorias normados ou espaços mais
gerais.

Exemplos de operadores lineares


ˆ Seja ϕ ∈ L∞ (Ω, μ) e μ medida σ-finita. Então Mϕ : Lp (Ω, μ) ‰
(Mϕ ψ)(t) = ϕ(t)ψ(t), ∀ψ ∈ Lp (Ω, μ)
é um operador linear para 1 ≤ p ≤ ∞.
ˆ Seja X, Y espaços métricos compactos e  : Y → X contínua.
Então T : C(X, K) → C(Y, K) dada por
(T ψ)(y) = ψ((y)), y ∈ Y, ∀ψ ∈ C(X, K)
é um operador linear.
A teoria dos operadores lineares em espaços vetoriais normados
é enriquecida quando introduzimos a topologia natural dada pela
norma de operadores lineares.

4
Operadores lineares contínuous
Proposição
Seja T : (X, | · |) → (Y, k · k) operador linear entre espaços normados.
São equivalentes
1. sp||≤1 kTk < ∞ (a imagem da bola unitária é limitada);
2. ∃C > 0 : kTk ≤ C||, ∀ ∈ X;
3. T é uniformemente contínuo;
4. T é contínuo;
5. T é contínuo em 0.

~ 6=  ∈ X
Para (1) =⇒ (2): seja C = sp||≤1 kTk. Para 0

 

T ≤ C ⇐⇒ kTk ≤ C||

||
~.
e a última desigualdade vale também para  = 0
Para (2) =⇒ (3): se , y ∈ X, então
kT − Tyk = kT( − y)k ≤ Ck − yk
e T é realmente C-Lipschitz.
É óbvio que (3) =⇒ (4) e que (4) =⇒ (5).
Para (5) =⇒ (1): como T é contínuo em 0 existe δ > 0 tal que
kT − T0k = kTk ≤ 1 sempre que k − 0k = kk < δ.
1
Portanto, se kzk ≤ 1, então kδzk ≤ δ e kT(δz)k ≤ 1, logo kTzk ≤ δ
para todo z na bola unitária.
Isto mostra que vale (1) e termina a prova da proposição.

Operadores limitados/contínuos
Um operador linear contínuo é também chamado de limi-
tado.
O conjunto de todos os operadores contínuous entre dois espa-
ços normados X, Y é denotado por B(X, Y). Escreveremos B(X) para
abreviar B(X, X).
Exemplo
O operador T : C(X, K) → C(Y, K) é contínuo com as normas da con-
vergência uniforme, pois
kT ψk∞ = sp |ψ((y))| ≤ sp |ψ()| = kψk∞
y∈Y ∈X

para toda ψ ∈ C(X, K).

5
Exemplos norma | . |_p

ˆ Seja T : {(n ) ∈ ℓp : n |n2 n |p < ∞} → ℓp com 1 ≤ p < ∞ dado


P

por T((n )n = (n2 n )n . Este é um operador linear que não é


Te_n/n contínuo: se (en )n é a basa canônica de ℓ , então en / n → 0 mas
p

Ten não converge para zero quando n → ∞. Ou notamos que


kTen kp = n2 com ken kp = 1, ∀n ≥ 1 e T não é limitado.

ˆ O deslocamento à direita (shift) Sd : ℓp (Z) ‰ é dado por y = Sd 


com  = (n )n∈Z ∈ ℓp e y = (yn )n , yn = n−1 , n ∈ Z. Este operador
é uma isometria bijetiva (note que estamos usando sequências
bilaterais) e portanto limitado. Analogamente se define o des-
locamento à direita em ℓp (N) (com sequências unilaterais) mas
para y = Sd  se define y1 = 0. que é injetivo e não sobrejetor.
ˆ Temos também o deslocamento à esquerda Se definido de ma-
neira análoga.

Dimensão finita do domínio


Como consequência do resultado de que todas as normas são
equivalentes em dimensão finita, obtemos o seguinte resultado muito
útil.
Lema
Se T : (X, | · |) → (Y, k · k) é linear e dim X < ∞, então T é contínuo.
Demonstração. Tome a norma |||||| = || + kTk em X. Como dim X <
∞ existe C > 0 tal que |||||| ≤ C||, ∀ ∈ X, logo kTk ≤ |||||| ≤ C|| e T
é limitado.

Aplicação destes resultados


Lema
Se todo operador linear T : (X, k · k) ‰ de um espaço normado é con-
tínuo, então esse espaço tem dimensão finita.
Provamos isto assumindo que a dimensão de X é infinita e consi-
deramos uma base de Hamel (hα )α∈ , onde  é um conjunto infinito
de índices, possivelmente não enumerável, e assumimos sem perda
de generalidade que khα k = 1, ∀α ∈ .
Seja β : N →  uma injeção e considere a única aplicação linear L
que satisfaz L(hβ(n) ) = n · hβ(n) , ∀n ∈ N e L(hα ) = hα , ∀α ∈  \ β(N).
Então kL(hβ(n) )k = nkhβ(n) k, ∀n ≥ 1 o que mostra que L não é con-
tínuo e conclui a prova.

6
O espaço dos operadores lineares contínuos
Teorema
Se (X, | · |) é espaço normado e (Y, k · k) é espaço de Banach, então
B(X, Y) é um espaço de Banach com a norma de operador kTk :=
kTk
sp∈X || .

De fato, se (Tn )n≥1 é de Cauchy em (B(X, Y), k·k) segue que kTn −
Tm k ≤ kTn − Tm k · ||, m, n ≥ 1 e portanto (Tn )n≥1 é de Cauchy em
Y e converge para algum y ∈ Y.
Definimos T = y. É fácil ver que T é linear (verifique!) e vamos
provar que T ∈ B(X, Y). Dado ϵ > 0 existe N ≥ 1 tal que m, n ≥ N =⇒
kTn − Tm k < ϵ e, porque normas são contínuas

kTn  − Tk = lim kTn  − Tm k ≤ ϵ||, ∀n ≥ N.


m→∞

Portanto Tn − T ∈ B(X, Y) e kTn − Tk ≤ ϵ, ∀n ≥ N.


Como B(X, Y) é um espaço vetorial, concluímos que T = Tn + (T −
Tn ) ∈ B(X, Y). Além disto, como para cada ϵ > 0 achamos N tal que
kTn − Tk ≤ ϵ para n ≥ N, mostramos que Tn → T em (B(X, Y), k · k),
concluindo a prova.
Exercício
(tT)k
Para T ∈ B(X) e todo t ∈ K o operador etT dado por etT = k≥0
P
k!
está em B(X) e ketT k ≤ e|t|kTk .

Exercício
Seja T ∈ B(X) com kTk < 1. Então o operador S = k≥0 T k está em
P

B(X) e S = ( − T)−1 , onde  : X ‰ é a identidade.

O dual de um espaço normado


Escrevemos X 0 = B(X, K) para K o corpo R ou C dos escalares do
espaço vetorial X com a norma | · | usual (norma de um número real
ou complexo).
Pelo teorema anterior, sempre se tem que X 0 é Banach para todo
espaço normado (X, k · k). Este é chamado o (espaço) dual de X e
seus elementos também são chamados de funcionais (lineares) de
X.
O espaço dual tem uma grande importância na Análise Funcional:
de fato, um dos resultados fundamentais da teoria garante a existên-
cia de certos tipos de funcionais.

7
2 Teoremas Fundamentais
2.1 Teorema de Hahn-Banach
Funcionais sublineares
Um funcional sublinear p : X → R é uma aplicação de um espaço
vetorial real X no seu corpo que satisfaz
ˆ p( + y) ≤ p() + p(y), ∀, y ∈ X (subaditividade);
ˆ p(λ) = λp(), ∀λ ≥ 0, ∀ ∈ X (é positivamente homogêneo).
No caso geral, p : X → [0, +∞) é funcional sublinear num espaço
vetorial X (real ou complexo) se é, além da subaditivo, positivamente
homogêneo como segue
p(ω) = |ω|p(), ∀ω ∈ K, ∀ ∈ X.
Uma norma satisfaz estas relações e esta noção de sublinea-
ridade foi feita para generalizar a definição de norma.

Teorema de Hahn-Banach
Teorema de Hahn-Banach
Seja X espaço vetorial real, Y subespaço de X e p : X → R funcional
sublinear. Seja ƒ : Y → R aplicação linear dominada por p, isto é,
ƒ (y) ≤ p(y), ∀y ∈ Y. Então existe F : X → R linear tal que F() ≤
p(), ∀ ∈ X e F | Y ≡ ƒ (ou seja, F estende ƒ mantendo a linearidade
e a dominação).

Teorema de Hahn-Banach (caso complexo)


Seja X um K-espaço vetorial (K = R ou C), Z subespaço de X e p :
X → [0, +∞) funcional sublinear. Seja ƒ : Z → K linear tal que |ƒ (z)| ≤
p(z), ∀z ∈ Z (i.e. ƒ é dominado por p). Então existe extensão linear
F : X → K de ƒ também dominada por p: F | Z ≡ ƒ e |F()| ≤ p(), ∀ ∈
X.

Demonstrações do Teorema de Hahn-Banach


Não apresentarei prova do Teorema de Hahn-Banach neste curso,
pois os argumentos da demonstração são específicos deste resultado
e não são usados em outros argumentos durante o curso.
Observo que o Teorema de Hahn-Banach usa o Lema de Zorn na
sua prova, ou outro resultado equivalente ao Axioma da Escolha,
e podemos provar que o próprio enunciado do Teorema de Hahn-
é mais Banach equivale ao Axioma da Escolha.
fraco que Nas referências bibliográficas podem se encontrar várias demons-
trações pormenorizadas de ambas as versões (real/complexa) do enun-
ciado deste teorema.

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Corolários do Teorema de Hahn-Banach
Corolário (extensão de funcional linear)
Seja (X, k · k) espaço normado e Y ≤ X (i.e., Y é subespaço de X).
Dado g ∈ Y 0 = B(Y, K) (ou seja, g é funcional linear em Y) existe
ƒ ∈ X 0 = B(X, K) com ƒ | Y ≡ g e kƒ k = kgk.
Demonstração. No caso real ou complexo, seja p() = kgk · kk. Por
Hahn-Banach existe ƒ linear tal que |ƒ ()| ≤ p() = kgk · kk, ∀ ∈ X e
estende g, logo ƒ é continuo e kƒ k = kgk.

Corolário
Seja (X, k · k) espaço normado. Então para todo 0 ∈ X existe ƒ ∈ X 0
tal que kƒ k = k0 k e ƒ (0 ) = k0 k2 .
Demonstração. Seja Y = K · {0 } e g : Y → K dada por t · 0 7→ t ·
k0 k2 , ∀t ∈ K. Então kgk = 1 e g está nas condições do corolário
anterior.
||x_0||

Corolário
Seja (X, k · k) espaço normado. Então para todo 0 ∈ X existe ƒ ∈ X 0
tal que kƒ k = 1 e ƒ (0 ) = k0 k.
Demonstração. Basta tomar g : t · 0 7→ t · k0 k na prova do corolário
acima.
Aqui introduzimos a notação útil < ƒ ,  >= ƒ () para ƒ ∈ X 0 ,  ∈ X.
Corolário
Seja (X, k · k) espaço normado. Então para todo 0 ∈ X temos que
k0 k = spƒ ∈X 0 ,kƒ k=1 | < ƒ , 0 > |.

Demonstração. Por um lado | < ƒ , 0 > | ≤ kƒ k · k0 k ≤ k0 k para


ƒ ∈ X 0 , kƒ k = 1, por definição. Por outro lado, o último corolário mostra
que k0 k ≥< ƒ , 0 > para algum ƒ ∈ X 0 , kƒ k = 1.

Separação entre ponto e subespaço fechado


Lema
Seja F subespaço fechado do espaço vetorial normado (N, k · k) e  ∈
N \ F. Se δ = inf{k − yk : y ∈ F}, então existe ƒ ∈ N0 tal que kƒ k = 1,
< ƒ ,  >= δ e ƒ | F ≡ 0.
Observemos primeiro que δ > 0 pois F é fechado. Para o subes-
paço W = {F, } gerado por F e  defina

g(λ + y) =< g, λ + y >= λδ, ∀y ∈ F∀λ ∈ K

9
que é um funcional linear com g | F ≡ 0. Além disso

| < g, λ + y > | ≤ |λ|δ ≤ |λ|k + y/ λk = kλ + yk

logo kgk ≤ 1. Mas para cada y ∈ F temos

|g( − y)| δ δ
kgk ≥ sp = sp = = 1.
y∈F k − yk y∈F k − yk infy∈F k − yk

Portanto kgk = 1 e agora achamos extensão ƒ de g : W → K para


N com |g()| ≤ kk, ∀ ∈ W via Teo. de Hahn-Banach.
Obtemos assim ƒ () = g() = δ, ƒ | F ≡ g | F ≡ 0 e kƒ k = kgk = 1,
como enunciado.
Corolário
Um subespaço F ≤ N de um espaço normado é denso em N se, e só
se, o único elemento de N0 que se anula em F é o funcional nulo.
Demonstração. Exercício!

Separabilidade do dual implica separabilidade


Proposição
Se N0 é separável, então N é separável.
De fato, se N0 é separável, existe sequência (ƒn )n≥1 densa em N0
e seja n ∈ N tal que kn k = 1 e < ƒn , n >≥ kƒn k/ 2 para todo n ≥ 1.
Seja F = {n } que é separável. Vamos ver que F é denso em N.
Tome ƒ ∈ N0 tal que ƒ | F ≡ 0 e vamos mostrar que ƒ ≡ 0. Seja
k·k
ƒnj −−→ ƒ e note que
j→∞

kƒnj k
kƒ − ƒnj k ≥ |(ƒ − ƒnj )(nj )| = |ƒnj (nj )| ≥ .
2
Portanto kƒ k ≤ kƒ − ƒnj k + kƒnj k ≤ 3kƒ − ƒnj k → 0, como queríamos mos-
trar.

Versões geométricas do Teo. de Hahn-Banach


Teorema fraco de Separação de Hahn-Banach
Seja X um espaço vetorial real e C aberto convexo de X que contém
0. Se 0 ∈ X não pertence a C, então existe ƒ : X → R linear tal que
ƒ (0 ) = 1 e ƒ () < 1, ∀ ∈ C.
Dizemos que ƒ “separa” 0 de C. Podemos melhorar este resul-
tado.

10
Teorema de Separação de Hahn-Banach
Seja X espaço vetorial topológico, com corpo K = R ou C, e A, B ⊂ X
convexos não vazios, com A aberto e A∩B = ∅. Então existe aplicação
ƒ : X → K linear e contínua e existe α ∈ R tais que ℜƒ () < α ≤ ℑƒ (b),
∀ ∈ A, b ∈ B.
Agora podemos dizer que ƒ separa A de B.
(salta provas)

Espaços vetoriais topológicos


Dizemos que X é um espaço vetorial topológico sobre K se X é um
espaço vetorial sobre K = R ou C e as operações

X × X → X, (, y) 7→  + y e K × X → X, (λ, ) 7→ λ

são contínuas.
Note que um espaço vetorial normado (X, k · k) é sempre um es-
paço vetorial topológico.
Para deduzir os teoremas de separação do Teorema de Hahn-Banach,
vamos primeiro estudar uma maneira de construir norma a partir de
um conjunto convexo.

Convexos e construção de aplicações sublineares


Proposição
Seja X espaço vetorial real e C ⊂ X convexo que contém 0 e satisfaz
t>0 tC = X. Defina
S

QC () = inf{t > 0 : t −1  ∈ C}.

Então QC : X → R é uma aplicação sublinear.


A função QC é conhecida como o funcional de Minkowski do
convexo C.
Note que a suposição t>0 tC = X garante que QC () é sempre
S

bem definido e finito, pois para cada  ∈ X sempre existe algum t > 0
tal que  ∈ tC.

Prova da proposição
De fato, seja TC () = {t > 0 : t −1  ∈ C}. Como 0 ∈ C é claro que
TC (0) = (0, ∞) e QC (0) = 0.
Vamos verificar que QC é positivamente homogêneo: para isso
basta provar que TC (λ) = λTC () para todo λ ≥ 0. Isto é óbvio para
λ = 0. Suponhamos que λ > 0.

11
Temos que TC (λ) ⊂ λTC () porque

t ∈ TC (λ) =⇒ t −1 λ ∈ C =⇒ λ−1 t ∈ TC () =⇒ t ∈ λTC ().

Por outro lado, temos que

s ∈ λTC () =⇒ ∃t ∈ TC () : s = λt =⇒ t = λ−1 s ∈ TC ()

e portanto (λ−1 s)−1  ∈ C, ou seja s−1 (λ) ∈ C, o que é o mesmo


que s ∈ TC (λ) e provamos a afirmação. Logo QC (λ) = λQC () para
 ∈ X, λ ≥ 0 e QC é positivamente homogêneo.

Usar a convexidade para terminar a prova


Para a subaditividade, começamos por afirmar que

TC ( + y) ⊃ TC () + TC (y)

onde, para dois subconjuntos A, B ⊂ X, escrevemos A + B para { + b :


 ∈ A, b ∈ B}.
Tome t ∈ TC (), s ∈ TC (y). Então  = t −1  e  = s−1 y estão em C
que é convexo, logo

t s 1
+ = ( + y) ∈ C
t+s t+s t+s
e assim (t + s) ∈ TC ( + y), provando a afirmação.
Segue desta última afirmação que QC ( + y) ≤ QC () + QC (y) e
concluimos a prova da proposição.

Consequência em espaços vetoriais topológicos


Notemos que sempre vale

{ ∈ X : QC () < 1} ⊂ C ⊂ { ∈ X : QC () ≤ 1}.

De fato, se  ∈ C então 1 ∈ TC () e portanto QC () ≤ 1, logo temos


sempre a segunda inclusão acima.
Seja agora  ∈ X com QC () < 1. Então existe t ∈ (0, 1) tal que
t −1  ∈ C e, por convexidade, t(t −1 ) + (1 − t)0 =  ∈ C, provando a
primeira inclusão acima.

Lema
Num espaço vetorial topológico X todo C aberto convexo que conte-
nha 0 satisfaz t≥0 tC = X e C = { ∈ X : QC () < 1}.
S

12
Prova do lema
Para  ∈ X seja F : R → X, t 7→ t que é uma coleção de aplicações
lineares contínuas de R em X. Como C é vizinhança de 0, existe ρ > 0
tal que F (t) ∈ C, ∀t ∈ [−ρ, ρ]. Logo ρ ∈ C e assim  ∈ ρ−1 C, ou seja,
como  ∈ X é arbitrário, obtemos X = ∪t>0 tC.
Para a igualdade de conjuntos, para  ∈ C, como F é contínua em
1 e F (1) =  ∈ C, existe ϵ > 0 tal que F (t) ∈ C, ∀t ∈ [1 − ϵ, 1 + ϵ].
Então F (1 + ϵ) ∈ C ou seja (1 + ϵ) ∈ C, logo QC () ≤ (1 + ϵ)−1 < 1.
Isto mostra que QC () < 1 para todo  ∈ C como queríamos mos-
trar para concluir a prova do lema.

Prova dos Teoremas de Separação


Consideremos Y = R · 0 e ψ : Y → R : t · 0 7→ t, t ∈ R, que é
aplicação linear com ψ(0 ) = 1.
Afirmamos que ψ ≤ QC .
Se y = t · 0 com t ≤ 0, então ψ(y) ≤ QC (y) pois QC ≥ 0.
Se t > 0, então QC (y) = t · QC (0 ) ≥ t = ψ(y) pois 0 ∈
/ C garantindo
que QC (0 ) ≥ 1, provando a afirmação.
O Teorema de Hahn-Banach garante que existe ƒ : X → R tal que
ƒ | Y ≡ ψ e ƒ () ≤ QC (), ∀ ∈ X. É claro que ƒ (0 ) = ψ(0 ) = 1 e que
∈ / C ⇐⇒ QC () ≥ 1 (pelo lema), logo ƒ () < 1, ∀ ∈ C. Resta mostrar
que ƒ é contínua: basta mostrar que ƒ é contínua em 0.
Para ϵ > 0 seja Uϵ = (ϵC) ∪ (−ϵC) e note que  ∈ Uϵ ⇐⇒ ± ∈
ϵC ⇐⇒ ϵ−1 (±) ∈ C. Portanto temos QC (ϵ−1 (±)) < 1, ou seja,
QC (±) ≤ ϵ e isto garante que |ƒ ()| = ƒ (±) ≤ ϵ, completando a
prova da versão fraca.

Prova da versão forte do Teorema de Separação


Vamos começar pelo caso real.
Teorema de Separação de Hahn-Banach (real)
Seja X espaço vetorial topológico, com corpo K = R e A, B ⊂ X con-
vexos não vazios, com A aberto e A ∩ B = ∅. Então existem aplica-
ção ϕ : X → R linear e contínua e α ∈ R tais que ϕ() < α ≤ ϕ(b),
∀ ∈ A, b ∈ B.
Primeiro fixamos pontos 0 ∈ A, b0 ∈ B e definimos C = A − B + b0 −
0 que é um convexo que contém 0. Mais ainda, podemos escrever
[
C= (A − b + b0 − 0 )
b∈B

13
e portanto C é aberto, por ser união de abertos, já que A é aberto e
a translação  7→  − c é um homeomorfismo, para qualquer c ∈ X
fixado.
Observe que 0 = b0 − 0 não está em C, pois A ∩ B = ∅ (caso
contrário, se 0 ∈ C, então pela definição de C viria que A − B conteria
0, e portanto A e B teriam algum ponto em comum).
Pela versão fraca do Teorema de Separação, obtemos ƒ ∈ X 0 tal
que < ƒ , 0 >= 1 e < ƒ ,  >< 1, ∀ ∈ C.
Por definição de 0 e de C obtemos ƒ (b0 ) = ƒ (0 ) + 1 e

ƒ ( − b + b0 − 0 ) = ƒ () − ƒ (b) + ƒ (b0 ) − ƒ (0 ) < 1, ∀ ∈ A, b ∈ B

ou seja, ƒ () < ƒ (b) para todos os  ∈ A, b ∈ B. Se definirmos α =


infb∈B ƒ (b) obtemos

ƒ () ≤ α ≤ ƒ (b), ∀ ∈ A, b ∈ B.

Para concluir, basta provar que ƒ () < α, ∀ ∈ A.


Vamos provar a última afirmação por contradição: suponha que
existe 1 ∈ A tal que ƒ (1 ) = α.
Por continuidade de R 3 t 7→ 1 + t0 ∈ X e porque A é aberto,
existe ϵ > 0 tal que 1 + t0 ∈ A para t ∈ [−ϵ, ϵ] e, em particular,
ƒ (1 + ϵ0 ) ≤ α.
Mas ƒ (1 + ϵ0 ) = ƒ (1 ) + ϵƒ (0 ) = α + ϵ que não pode ser menor
que α com ϵ > 0.
Esta contradição prova a afirmação e conclui a prova do caso real
do Teorema de Separação de Hahn-Banach.

Prova do caso complexo do Teorema de Separação


Teorema de Separação de Hahn-Banach
Seja X espaço vetorial topológico, com corpo K = C e A, B ⊂ X con-
vexos não vazios, com A aberto e A ∩ B = ∅. Então existe aplicação
ϕ : X → C, C-linear e contínua, e existe α ∈ R tais que ℜϕ() < α ≤
ℑϕ(b), ∀ ∈ A, b ∈ B.
O espaço X é também espaço vetorial topológico real e, aplicando
a versão real deste resultado, obtemos ƒ : X → R e α ∈ R tais que

< ƒ ,  >< α ≤< ƒ , b >, ∀ ∈ A, b ∈ B.

Então a função ϕ : X → C,  7→< ƒ ,  > + < ƒ ,  > vai satisfazer todas


as propriedades do enunciado (exercício).

14
2.2 Teorema/Princípio da Limitação Uniforme (de
Banach-Steinhaus)
Teorema da Limitação Uniforme (volta)
Teorema/Princípio da Limitação Uniforme (de Banach-Steinhaus)
Sejam (X, k · k) espaço de Banach, (N, | · |) espaço normado não ne-
cessariamente completo, e {Tα }α∈A família de aplicações lineares
contínuas de (X, k · k) em (N, | · |). Se esta família é pontualmente
limitada

sp |Tα ()| < ∞, ∀ ∈ X,


α∈A

então ela é uniformemente limitada, ou seja, temos

sp kTα k < ∞.


α∈A

Espaços de Baire
O Teorema da Limitação Uniforme é um corolário do Teorema de
Baire em topologia.
Proposição (espaço de Baire)
Para um espaço topológico X são equivalentes
1. toda união enumerável de fechados com interior vazio em X tem
interior vazio;
2. toda interseção enumerável de abertos densos em X é também
densa em X;
3. todo conjunto magro (contido em união enumerável de conjun-
tos com interior vazio) tem interior vazio;
4. o complementar de um conjunto magro é denso;
5. todo aberto não vazio de X não é magro.

Um espaço topológico satisfazendo uma das propriedades acima


diz-se um espaço de Baire.

O Teorema de Baire e uma prova do Teorema da Limitação


Uniforme
Teorema (Baire, 1899)
Todo espaço métrico completo é um espaço de Baire.
Prova do Teo. da Lim. Uniforme: para k ≥ 1, seja Ek = { ∈
X : |Tα ()| ≤ k, ∀α ∈ A} que é um fechado, pois toda Tα é contínua.

15
Assumimos que X = ∪k Ek e portanto pelo Teorema de Baire (porque
(X, k·k) é espaço métrico completo) temos que algum Em tem interior
não vazio.
Seja B(0 , r) ⊂ Em para alguns 0 ∈ X, r > 0. Assim |Tα ()| ≤
m, ∀α ∈ A, ∀ ∈ B(0 , r). Portanto, se y ∈ X com kyk = 1, então
 = 0 + 2r · y ∈ B(0 , r) e temos

2 2 4m
|Tα (y)| = |Tα () − Tα (0 )| ≤ (|Tα ()| + |Tα (0 )|) ≤
r r r
logo kTα k ≤ 4m/ r, ∀α ∈ A, terminando a prova.

Corolários do Teorema da Limitação Uniforme


Corolário
Sejam (X, k · k) espaço de Banach, (N, | · |) espaço normado não neces-
sariamente completo e (Tn )n≥1 sequência em B(X, Y) tal que Tn () −−−→
n→∞
T(), ∀ ∈ X para alguma função T : X → Y. Então T ∈ B(X, Y),
spn≥1 kTn k < ∞ e kTk ≤ lim infn→∞ kTn k.

Demonstração. É fácil ver que T é linear e que valem as hipóteses


do Teorema da Limitação Uniforme, logo temos as conclusões to co-
rolário, pois para cada  ∈ X

|T()| = | lim Tn ()| = lim |Tn ()| ≤ lim inf kTn k kk.

n→∞ n→∞ n→∞

Limitação fraca implica limitação


Corolário
Seja (X, k · k) espaço de Banach e B ⊂ X tal que ƒ (B) = ∪∈B < ƒ ,  >=
∪∈B ƒ () é limitado para toda ƒ ∈ X 0 = B(X, K) (isto é, B é conjunto
“fracamente limitado”). Então B é limitado.
Tomamos Y = K e (X 0 , k · k) no lugar dos espaços no Teorema
da Limitação Uniforme. Desta maneira {Tb : X 0 → K, ƒ →< ƒ , b >=
ƒ (b)}b∈B é família de funcionais lineares de X 0 , ou seja, elementos de
X 00 (o bidual de X). De fato |ƒ (b)| ≤ kƒ k · kbk = kbk · kƒ k, ∀ƒ ∈ X 0 e
assim kTb k ≤ kbk. Por um dos corolário do Teorema de Hahn-Banach,
temos de fato kTb k = kbk (exercício).
Pelo Teorema da Limitação Uniforme, obtemos spb∈B kTb k = spb∈B kbk <
∞, ou seja, B é um subconjunto limitado de (X, k · k).

16
Limitação “fraca no dual” implica limitação
Usando um “argumento dual” ao da prova deste corolário, pode-
mos provar (deixo como exercício):
Corolário
Seja (X, k · k) espaço de Banach e B0 ⊂ X 0 satisfaz que < B0 ,  >=
∪ƒ ∈B0 < ƒ ,  >= ∪ƒ ∈B0 ƒ () é limitado para todo  ∈ X. Então B0 é
limitado em (X 0 , k · k).

2.3 Teorema da Aplicação Aberta


Teorema da Aplicação Aberta
Teorema (Aplicação Aberta)
Seja X, Y espaços de Banach e T ∈ B(X, Y) sobrejetivo. Então T é uma
aplicação aberta, ou seja, a imagem de um aberto é aberta.

Corolário (bijeção linear contínua é homeomorfismo)


Se T ∈ B(X, Y) é bijeção entre espaços de Banach, então T é um
homeomorfismo linear.

Prova do Corolário. Pelo Teo. da Aplic. Aberta T tem inversa con-


tínua. Como a aplicação inversa de uma aplicação linear é linear,
então T é linear contínuo com inversa linear e contínua.

Prova do Teorema da Aplicação Aberta


Basta mostrar que existe c > 0 tal que T(BX ) ⊃ BY (0, c), onde
B (0, r) é a bola aberta centrada em 0 no espaço métrico Z
Z

com raio r e BZ = BZ (0, 1) se Z é espaço normado.


De fato, se U ⊂ X é aberto, 0 ∈ U e y0 = ƒ (0 ), então existe γ > 0
tal que BX (0 , γ) ⊂ U. Escrevendo

BX (0 , γ) = 0 + γ · BX

e usando T(BX ) ⊃ BY (0, c) com a linearidade de T, obtemos

T BX (0 , γ) = T(0 ) + γ · T BX ⊃ y0 + γ · BY (0, c)


 

= BY (y0 , γc), .

Como 0 é arbitrário e T é sobrejetiva, isto mostra que todo y0 ∈ ƒ (U)


é centro de uma bola contida em ƒ (U). Logo ƒ (U) é aberto.
Lema
Para T ∈ B(X, Y) sobrejetivo entre espaços de Banach, existe c > 0 tal
que T BX ⊃ BY (0, 2c).


17
Demonstração. Temos Y = ∪n≥1 n · T BX pois T é sobrejetiva. Então


existe n0 ∈ Z+ tq. int(n0 · T BX ) 6= ∅, pelo Teorema de Baire. Como




h : Y → Y, y 7→ n0 ·y é homeomorfismo (exercício), vem int(T BX ) 6= ∅.



 
Logo ∃y0 ∈ Y, c > 0 tq. B(y0 , 4c) ⊂ T BX e −y0 ∈ T BX . Assim temos
n ∈ BX tal que ±y0 = lim T(±n ). Portanto

−y0 + BY (y0 , 4c) ⊂ T BX + T BX = 2 · T BX .


  

e segue que BY (y0 , 2c) ⊂ T BX .




Lemma (final da prova do Teorema da Aplic. Aberta) 


Para T ∈ B(X, Y) sobrejetivo entre espaços de Banach temos T BX ⊃
B(0, c/ 2) para c > 0 dado pelo lema anterior.
Para y ∈ Y, kyk < c/ 2 vamos achar  ∈ X, kk < 1 tal que y = T.
Pelo lema anterior, dado n ≥ 1 e  ∈ Y, kk < c/ 2n , existe z ∈ X, kzk <
2−n−1 tq. k − Tzk < c/ 2n+1 . Fazemos agora indutivamente: comece
com n = 1, kyk < c/ 2 e ache kz1 k < 1/ 22 em X com ky − Tz1 k <
c/ 22 . Recomeçamos com y − Tz1 e obtemos kz2 k < 1/ 23 em X com
ky − Tz1 − TzP2 k < c/ 23 . Desta maneira obtemos sequência zn em BX
n
tal que ky − =1 Tz k < c/ 2n+1 e kz k < 2−(n+1) para todo n ≥ 1.
Pn
Agora  = lim =1 z é tal que T = y por construção, já que am-
P∞
bos os espaços X e Y são Banach, e  ∈ BX pois kk ≤ =1 2−(+1) =
1
2
.

2.4 Teorema do Gráfico Fechado


Teorema do Gráfico Fechado
Teorema (gráfico fechado e continuidade)
Um operador linear T entre espaços de Banach (X, k · kX ) e (Y, k · kY )
é contínuo se, e só se, seu gráfico grf(T) ⊂ X × Y é fechado, onde
no espaço vetorial X × Y se introduz a norma da soma |||(, y)||| =
kkX + kykY .
Supondo primeiro que T é contínuo, seja (n , Tn ) n≥1 sequên-


cia de Cauchy em grf(T). Então (n )n≥1 e (Tn )n≥1 são de Cau-
chy em X, Y que são espaços de Banach, logo existem  = lim n e
y = lim Tn . Por continuidade de T, concluímos y = T e segue que
(n , Tn ) −−−→ (, T) ∈ grf(T). Isto mostra que grf(T) é fechado.
n→∞

18
Prova do Teorema do Gráfico Fechado
Reciprocamente, se grf(T) é fechado em (X × Y, |||·|||), como T é
linear, temos grf(T) subespaço de X × Y; portanto, (grf(T), |||·|||) é
subespaço vetorial completo, ou seja, um espaço de Banach.
Seja pX : grf(T) → X a projeção natural (, y) 7→  que é linear
e contínua e tem norma ≤ 1, pois kkX ≤ |||(, y)|||. Mais ainda, pX é
bijetiva: a injetividade é imediata pX (, y) = pX (0 , y 0 ) =⇒  = 0 e
portanto y = T = T0 = y 0 ; a sobrejetividade segue de que T : X → Y
está definida em todo ponto de X. Então existe p−1 X : X → grf(T) que
é linear e contínua (corolário do Teo. da Aplic. Aberta).
Mas p−1 −1
X () = (, T) logo T = (pY ◦ pX )() onde pY : grf(T) →
Y é a projeção natural em Y, que é também contínua. Logo T é
contínua.

Exemplos
ˆ Operador linear limitado mas não fechado.
Seja X espaço de Banach, D subespaço vetorial próprio denso em
X e dD : D → X a identidade em D. Claro que este operador é con-
tínuo de (D, k · k) em (X, k · k). Tomando  ∈ X \ D e n ∈ D tais que
n → , vem que dD (n ) →  ∈ / D e portanto este operador não é
fechado.
Note que (D, k · k) não é espaço de Banach.
ˆ Operador linear fechado mas não limitado.
Seja D : (C1 ([0, π]), k · k0 ) → (C0 ([0, π]), k · k0 ), ψ 7→ Dψ = ψ0 o
operador de derivação. Este operador não é contínuo pois ψn (t) =
sin(nt)/ n −−−→ 0 mas (Dψn )(t) = cos(nt) não converge uniforme-
n→∞
mente para 0.
Mas ele é fechado: se ψn → ψ e Dψn = ψ0n → φ, então como a
convergência é uniforme
Zt Zt Zt
φ(s) ds = lim ψ0n (s) ds = lim ψ0 (s) ds = ψ(t) − ψ(0)
0 0 0

logo ψ ∈ C1 ([0, π]) e (Dψ)(t) = φ(t) para todo t ∈ [0, π]. Portanto D é
fechado.
Note que (C1 ([0, π]), k · k0 ) não é espaço de Banach.
ˆ Operador nem fechado nem limitado.
Seja T : (C0 ([−1, 1], k · k1 ) → (L1 ([ −1, 1]), k · k1 ) dado por T(ψ)(t) =
k·k1
ψ(0), ∀t ∈ [−1, 1]. Temos ψn (t) = e−n|t| −−−→ 0 mas (Tψn )(t) ≡ 1.
n→∞

Note que (C0 ([0, π]), k · k1 ) não é espaço de Banach.

19
3 Suplementar Topológico
3.1 Somas diretas, complementos e fechos de su-
bespaços
Somas diretas de subespaços
Teorema
Sejam (X, k·k) espaço de Banach e G, L subespaços vetoriais fechados
de X tais que G + L também é fechado. Então existe c > 0 tal que
todo z ∈ G + L admite  ∈ X, y ∈ Y tais que z =  + y e kk ≤ ckzk e
kyk ≤ ckzk.
Para provar, seja em G × L a norma |||(, y)||| = kk + kyk e T :
G × L → G + L, (, y) 7→  + y, que é linear, sobrejetiva e contínua (pois
k + yk ≤ kk + kyk = |||(, y)|||). Além disto, (G × L, |||·||| e (G + L, k · k) são
espaços de Banach pela suposição de que G, L e G + L são fechados
em (, k · k).
O Teo. da Aplic. Aberta garante que existe δ > 0 tal que para todo
z 0 ∈ G + L com kz k ≤ δ podemos achar ( , y ) ∈ G × L satisfazendo
0 0 0

z =  + y e ( , y ) < 1.
0 0 0 0 0
δ
Portanto, para todo z ∈ G + L temos kzk z com norma < δ e existem
δ

( , y ) ∈ G × L com  + y = kzk z e ( , y 0 ) < 1; ou seja, podemos
0 0 0 0 0

escrever
kzk kzk
z= 0 + y0 =  + y
δ δ
kzk kzk 0 kzk

com kk = δ
k0 k ≤ δ
( , y 0 ) ≤ δ
e analogamente para y.
Mostramos que o enunciado vale se tomarmos c = 1/ δ.
Corolário
Sejam (X, k·k) espaço de Banach e G, L subespaços vetoriais fechados
de X tais que G + L também é fechado. Então existe C > 0 tal que

d(, G ∩ L) ≤ C d(, G) + d(, L) , ∀ ∈ X.




Como habitualmente em espaços métricos, a distância entre um


ponto  e um conjunto B é por definição

d(, B) = inf{d(, b) : b ∈ B}.

Para deduzir o corolário, fixe  ∈ X e ϵ > 0. Existem  ∈ G, b ∈ L tais


que k − k ≤ d(, G) + ϵ e k − bk ≤ d(, L) + ϵ e temos c > 0 (pelo

20
teorema anterior) tal que para z =  − b ∈ G + L existem (0 , b0 ) ∈ G × L
com z = 0 +b0 e k0 k ≤ ck−bk, kb0 k ≤ ck−bk e −0 = b+b0 ∈ G∩L.
Então segue que

d(, G ∩ L) ≤ k − ( − 0 )k ≤ k − k + k0 k ≤ k − k + ck − bk


≤ k − k + c k − k + k − bk


≤ (1 + c) k − k + k − bk


≤ (1 + c) d(, G) + d(, L) + 2ϵ


com ϵ > 0 arbitrariamente pequeno.


Concluímos que podemos tomar C = 1 + c para obter o enunciado
do corolário.

Suplementar topológico
Dado um subespaço fechado G de um espaço de Banach (X, k · k),
dizemos que um subespaço vetorial L de X é suplementar topoló-
gico de G se tivermos que (i) L é fechado em (X, k · k) e (ii) G ⊕ L = X
~ }).
(ou seja, G + L = X e G ∩ L = {0
Notemos que pela definição acima, se L é suplementar topológico
de G, então todo z ∈ G + L se escreve z =  + y com  ∈ G, y ∈ L de
maneira única. Portanto, se pG : X → G, pL : X → L forem as projeções
sobre G e L associadas à decomposição em soma direta G⊕L, elas são
contínuas e satisfazem kpG k ≤ c e kpL k ≤ c pelo teorema anterior.

Exemplos de suplementares topológicos

ˆ Todo subespaço G de dimensão finita admite suplemen-


tar topológico (via Teorema de Hahn-Banach).

Note que G é automaticamente fechado em (X, k · k) mesmo que


(X, k·k) não seja de Banach (exercício); logo G é subespaço de Banach
com a mesma norma. Seja {e1 , . . . , en } base de G e {e∗ 1
, . . . , e∗
n
}a
respectiva base dual. (Isto é, e ∈ G e e (ej ) = δj para , j = 1, . . . , n,
∗ 0 ∗

onde δj é o delta de Kronecker:


¨
1 ⇐=  = j
δj = .)
0 ⇐=  6= j

Podemos assumir sem perda de generalidade que a base é normada:


ke k = 1 e assim ke∗

k = 1 também, para  = 1, . . . , n.
Pelo Teorema de Hahn-Banach, existem extensões e∗ 
: X → K de
e∗

com a mesma norma.

21
~ } = n N(e∗ ), que é um
Tn
Consideremos agora L = =1 (e∗ )−1 {0
T
 =1 
subespaço fechado de X, pois cada e∗
: X → K é funcional linear.

Note que L ∩ G = {0~ }, pois  ∈ G ∩ L satisfaz


Pn
ˆ  = =1 α e para algum (α )n=1 ∈ Kn e

ˆ e∗

() = α = 0 para  = 1, . . . , n;
~ . Finalmente, temos para todo  ∈ X
portanto  = 0
n n
‚ Œ
X X

= − e ()e + e∗

()e
=1 =1

com a expressão em parêntesis em L e o resto em G, portanto X =


L + G.

ˆ Todo subespaço de codimensão finita admite suplemen-


tar topológico.

Por definição, um subespaço vetorial G dado tem codimensão


finita se seu suplementar algébrico é um subespaço L de dimensão
finita, isto é, existe L ≤ X tal que G ⊕ L = X e dim L < ∞.
Portanto, se G tem codimensão finita, existe L fechado tal que
G ⊕ L = X e portanto G tem suplementar topológico.

4 Relações de ortogonalidade
4.1 Complementos ortogonais generalizados
Relações de ortogonalidade
Dados (X, k · k) espaço normado e M subespaço vetorial de X, de-
finimos

M⊥ = {ƒ ∈ X 0 :< ƒ ,  >= 0, ∀ ∈ M}

e dizemos que é o complemento ortogonal de M (observe que


nesta definição não fizemos uso de qualquer produto escalar, apesar
de usarmos o adjetivo “ortogonal” na definição).
Dualmente, para N subespaço vetorial de X 0 , definimos

N⊥ = { ∈ X :< ƒ ,  >= 0, ∀ƒ ∈ N}

o complemento ortogonal de N.
Mostramos agora que (M⊥ )⊥ = M (o fecho de M em (X, k · k)) e que
sempre se tem (N⊥ )⊥ ⊃ N para todo subespaço vetorial N de X 0 .

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Duplo fecho ortogonal e fecho topológico
De fato, N⊥ e M⊥ sempre são fechados porque
k·k
ˆ se (ƒn )n≥1 ⊂ M⊥ com M ≤ X e ƒn −−−→ ƒ ∈ X 0 . então
n→∞

< ƒn ,  >= 0, ∀ ∈ M =⇒ < ƒ ,  >= 0, ∀ ∈ M

e segue que ƒ ∈ M⊥ ;

ˆ dualmente, como as ƒ ∈ X 0 são sempre contínuas, temos que


N = ƒ ∈N N(ƒ ) é fechado.

T

Portanto, é claro que (M⊥ )⊥ ⊃ M pois M ⊂ (M⊥ )⊥ (verifique!) e este


último conjunto é fechado. Analogamente (N⊥ )⊥ ⊃ N.
Por redução ao absurdo, suponhamos que exista 0 ∈ (M⊥ )⊥ \ M.
Como corolário do Teo. de Hahn-Banach, existem ƒ ∈ X 0 , α ∈ K que
separam 0 do convexo M

< ƒ ,  >< α ≤< ƒ , 0 >, ∀ ∈ M.

Como M é subespaço, a única forma de um funcional ƒ | M : M → K


ser limitado é ƒ | M ≡ 0, logo ƒ ∈ M⊥ .
Portanto, como 0 ∈ (M⊥ )⊥ , temos também < ƒ , 0 >= ƒ (0 ) = 0.
Esta contradição com a desigualdade anterior garante que 0 ∈ M.
Isto conclui a prova de que (M⊥ )⊥ = M.
Ao argumentar da mesma maneira no caso dual, teríamos que
considerar ƒ0 ∈ (N⊥ )⊥ \ N e usar o Teorema de Separação de Hahn-
Banach para obter um funcional g ∈ X 00 (no dual de X 0 , ou bidual de
X) que admite α ∈ R tal que < g, ƒ >< α ≤< g, ƒ0 >, ∀ƒ ∈ N.
Como N é subespaço, deduzimos que g | N ≡ 0 e portanto g ∈ N⊥
se este g ∈ X 00 correspondesse a algum  ∈ X de maneira que
< g, ƒ >=< ƒ ,  >= ƒ (), ∀ƒ ∈ X 0 . Mas isto não é verdade em geral,
e quando ocorre X diz-se “reflexivo” e tem propriedades especiais.

Mais propriedades de “ortogonalidade dual”


Proposição
Se G, L são subespaços fechados do espaço normado (X, k · k), então
⊥
1. (a) G ∩ L = G⊥ + L⊥ ; (b) G⊥ ∩ L⊥ = (G + L)⊥ ;

2. (a) (G ∩ L)⊥ ⊃ G⊥ + L⊥ ; (b) (G⊥ ∩ L⊥ )⊥ = G + L.

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Para provar (1a), seja  ∈ G ∩ L e ƒ ∈ G⊥ + L⊥ . Então ƒ = g + ℓ com
g ∈ G⊥ , ℓ ∈ L⊥ e segue que < ƒ ,  >=< g,  > + < ℓ,  >= 0 + 0 = 0 e
⊥
 ∈ G⊥ + L⊥ .
⊥
Reciprocamente, se  ∈ G⊥ + L⊥ , então ∀g ∈ G⊥ ∀ℓ ∈ L⊥ , (g +
ℓ)() = 0. Portanto g() = 0 = ℓ() (senão g() = −ℓ() 6= 0 para
todo g ∈ L⊥ e ℓ fixado, ou viceversa). Segue que  ∈ (G⊥ )⊥ = G e
 ∈ (L⊥ )⊥ = L, logo  ∈ G ∩ L.
Para provar (1b), observe que, por um lado

G ⊂ G + L =⇒ G⊥ ⊃ (G + L)⊥

=⇒ (G + L)⊥ ⊂ G⊥ ∩ L⊥ .
L ⊂ G + L =⇒ L⊥ ⊃ (G + L)⊥

Por outro lado, se ƒ ∈ G⊥ ∩ L⊥ , então < ƒ ,  >= 0 =< ƒ , y >, ∀ ∈ G∀y ∈


L. Logo temos também < ƒ ,  + y >= 0, ∀ ∈ G∀y ∈ L e concluímos
ƒ ∈ (G + L)⊥ .
Para (2a) note que (1a) garante G ∩ L = (G⊥ + L⊥ )⊥ e portanto
(G ∩ L)⊥ = [ (G⊥ + L⊥ )⊥ ] ⊥ ⊃ G⊥ + L⊥ .
⊥
Para (2b), note que G⊥ ∩ L⊥ = (G + L)⊥ por (1b), logo G⊥ ∩ L⊥ =
[(G + L)⊥ ] ⊥ = G + L, terminando a prova da proposição.
Teorema
Seja X espaço da Banach e G, L subespaços fechados de X. Então são
equivalentes:
1. G + L fechado em X;
2. G⊥ + L⊥ fechado em X 0 ;
3. G + L = (G⊥ + L⊥ )⊥ ;
4. G⊥ + L⊥ = (G ∩ L)⊥ .

Pela proposição anterior é óbvio que (1) ⇐⇒ (3), e também que


(4) =⇒ (2). Vamos ver que (1) =⇒ (4).

Temos (G ∩ L)⊥ ⊃ G⊥ + L⊥ ⊃ G⊥ + L⊥ pela proposição anterior. Seja


ƒ ∈ (G ∩ L)⊥ e defina

φ ƒ : G + L → K,  7→< ƒ ,  >

para  tal que  =  + b,  ∈ G, b ∈ L. (salta prova)


Esta aplicação está bem definida, porque se  = 0 + b0 com 0 ∈
G, b0 ∈ L então < ƒ ,  − 0 >= 0 uma vez que  − 0 = b0 − b ∈ G ∩ L e
ƒ ∈ (G ∩ L)⊥ .
Note que φƒ é linear e para algum c > 0

|φƒ ()| = | < ƒ ,  > | =≤ kƒ k · kk ≤ ckƒ k · k + bk = ckƒ k · kk

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porque por (1) temos G + L fechado (recorde teorema anterior sobre
somas diretas de subespaços). Então φƒ ∈ (G + L)0 e pelo Teo. de
Hahn-Banach admite extensão contínua φ : X → K com a mesma
norma.
Mas temos φƒ (b) = 0, ∀b ∈ L portanto φ(b) = 0, ∀b ∈ L e segue que
φ ∈ L⊥ . Também temos (ƒ − φ) | G ≡ 0 pois se  =  ∈ G, então

< ƒ − φ,  >=< ƒ ,  > − < φ,  >=< ƒ ,  > −φƒ () = 0.

Segue que ƒ − φ ∈ G⊥ , logo ƒ = (ƒ − φ) + φ ∈ G⊥ + L⊥ , e provamos


(1) =⇒ (4).
Neste ponto temos

(1) =⇒ (4) =⇒ (2) e (1) ⇐⇒ (3).

A prova de que (2) =⇒ (1) pode ser encontrada na referência


“Analyse Functionelle” de Haim Brézis, páginas 25-26.
A prova é longa, usa conceitos que não vão ser usados noutros
pontos do curso, e não vou apresentar aqui.
Brezis, H. Analyse Functionnelle – Théorie et applications. DUNOD,
1999. Paris.

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