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PODER JUDICIÁRIO

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RECURSO ESPECIAL

REsp 1344860/MG (2012/0198643-1)


Volumes : 8 Apensos: 5 Autuado em 17/09/2012
Assunto : DIREITO PROCESSUAL PENAL - Habeas Corpus -
Cabimento
RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS
GERAIS
RECORRIDO : ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÃES
RECORRIDO : RENATO ALVES DA SILVA
ADVOGADO : RAFAEL FREITAS MACHADO
Processo registrado em 27/05/2015
RELATOR : MINISTRA VICE-PRESIDENTE DO STJ
Índice
Nº Nº Qtd.
Descrição da Peça Folha Pág. Págs.
e-STJ PDF
Processo 201201986431 3096
Capa 1 1
Índice 2 3
Volume 1 202
Íntegra do processo 1 5 202
Petição Inicial 1 5 20
Volume 2 250
Íntegra do processo 203 207 250
Volume 3 210
Íntegra do processo 453 457 210
Volume 4 207
Íntegra do processo 663 667 207
Volume 5 206
Íntegra do processo 870 874 206
Volume 6 205
Íntegra do processo 1076 1080 205
Volume 7 181
Íntegra do processo 1281 1285 181
Volume 8 661
Íntegra do processo 1462 1466 430
Acórdão/Decisão Monocrática 1641 1645 29
Certidão de Publicação do Acórdão/Decisão Monocrática 1670 1674 1
Petição dos Embargos de Declaração 1676 1680 10
Acórdão/Decisão Monocrática dos Embargos de Declaração 1688 1692 4
Certidão de publicação do Acórdão/Decisão dos Embargos de Declaração 1692 1696 1
Petição de Recurso Ordinário em Habeas Corpus 1697 1701 16
Petição de Contrarrazões no Recurso Ordinário 1719 1723 1
Petição do MP/MG 1723 1727 2
Petição de Recurso Especial 1726 1730 25
Petição de Recurso Especial 1802 1806 24
Petição de Recurso Extraordinário 1827 1831 21
Petição de contrarrazões do Recurso Especial 1851 1855 15
Decisão de admissibilidade do Recurso Especial 1882 1886 3
Certidão de publicação da Decisão de Admissibilidade do Recurso Especial 1885 1889 1
Decisão de admissibilidade do Recurso Extraordinário 1886 1890 1
Certidão de publicação da Decisão de Admissibilidade do Recurso 1887 1891 1
Extraordinário
Certidão de Página Ilegível 1892 1896 1
Certidão de falta de páginas 1893 1897 1
Certidão de Protocolo de Processo Eletrônico 1894 1898 1
Termo de Recebimento e Autuação 1895 1899 2
Termo de Distribuição e Encaminhamento 1897 1901 1
Vista ao Ministério Público Federal 1898 1902 1
Termo de Recebimento 1899 1903 1
Certidão de Juntada de Petição ParMPF 00358778/2012 1900 1904 1
Petição ParMPF 00358778/2012 1901 1905 10
Certidão de Conclusão 1911 1915 1
Certidão 1912 1916 1
DESPACHO / DECISÃO 1913 1917 12
Termo de Recebimento 1925 1929 1
Índice
Nº Nº Qtd.
Descrição da Peça Folha Pág. Págs.
e-STJ PDF
Certidão de Juntada do Telegrama 1926 1930 1
Telegrama Judicial 1927 1931 1
Certidão de Encaminhamento à Publicação 1928 1932 1
Certidão de Publicação 1929 1933 1
Certidão 1930 1934 1
Certidão 1931 1935 1
Certidão 1932 1936 1
Certidão de Intimação 1933 1937 1
Certidão de Juntada de Petição EDcl 00467299/2012 1934 1938 1
Petição EDcl 00467299/2012 1935 1939 12
Petição PET 00467424/2012 1947 1951 1
Petição CieMPF 00469125/2012 1948 1952 1
Certidão de Conclusão 1949 1953 1
DESPACHO / DECISÃO PET 00467424/2012 1950 1954 1
Termo de Recebimento 1951 1955 1
Certidão 1952 1956 1
Certidão de Conclusão 1953 1957 1
DESPACHO / DECISÃO EDcl 00467299/2012 1954 1958 18
Certidão de Encaminhamento à Publicação 1972 1976 1
Certidão de Publicação 1973 1977 1
Certidão 1974 1978 1
Certidão de Intimação 1975 1979 1
Certidão de Juntada de Petição EDcl 00145933/2013 1976 1980 1
Petição EDcl 00145933/2013 1977 1981 4
Petição CieMPF 00148274/2013 1981 1985 1
Certidão de Conclusão 1982 1986 1
DESPACHO / DECISÃO EDcl 00145933/2013 1983 1987 2
Certidão de Publicação 1985 1989 1
Certidão 1986 1990 1
Certidão de Juntada de Petição CieMPF 00084415/2014 1987 1991 1
Petição CieMPF 00084415/2014 1988 1992 1
Certidão de Intimação 1989 1993 1
Certidão de Juntada de Petição AgRg 00087426/2014 1990 1994 1
Petição AgRg 00087426/2014 1991 1995 22
Certidão de Conclusão 2013 2017 1
CERTIDÃO DE JULGAMENTO AgRg 00087426/2014 2014 2018 1
EMENTA / ACORDÃO AgRg 00087426/2014 2015 2019 1
RELATÓRIO E VOTO AgRg 00087426/2014 2016 2020 10
Certidão de Publicação de Acórdão AgRg 00087426/2014 2026 2030 1
Certidão 2027 2031 1
Certidão de Juntada de Petição Adia 00132069/2014 - FAX 2028 2032 1
Petição Adia 00132069/2014 - FAX 2029 2033 1
Petição CieMPF 00144490/2014 2030 2034 1
Certidão de Intimação 2031 2035 1
Certidão de Juntada de Petição EDcl 00147066/2014 2032 2036 1
Petição EDcl 00147066/2014 2033 2037 10
Certidão de Conclusão 2043 2047 1
Termo de Recebimento 2044 2048 1
CERTIDÃO DE JULGAMENTO EDcl 00147066/2014 2045 2049 1
EMENTA / ACORDÃO EDcl 00147066/2014 2046 2050 1
Índice
Nº Nº Qtd.
Descrição da Peça Folha Pág. Págs.
e-STJ PDF
RELATÓRIO E VOTO EDcl 00147066/2014 2047 2051 8
Certidão de Publicação de Acórdão EDcl 00147066/2014 2055 2059 1
Certidão 2056 2060 1
Certidão de Intimação 2057 2061 1
Certidão de Juntada de Petição CieMPF 00220639/2014 2059 2062 1
Petição CieMPF 00220639/2014 2060 2063 1
Certidão da petição CieMPF 00220639/2014 2061 2064 1
Termo de Remessa 2062 2065 1
Termo de Recebimento 2063 2066 1
Certidão de Juntada de Petição RE 00215482/2014 2064 2067 1
Petição RE 00215482/2014 2065 2068 24
Certidão de Publicação 2089 2092 1
Certidão 2090 2093 1
Certidão de Juntada de Petição CRR 00294622/2014 2091 2094 1
Petição CRR 00294622/2014 2092 2095 4
Certidão de Intimação 2096 2099 1
Certidão de Conclusão 2097 2100 1
Termo de Recebimento 2098 2101 1
DESPACHO / DECISÃO RE 00215482/2014 2099 2102 2
Termo de Distribuição e Encaminhamento 2101 2104 1
Certidão de Juntada de Petição PET 00574734/2015 2102 2105 1
Petição PET 00574734/2015 2103 2106 6
Certidão de Conclusão 2109 2112 1
Termo de Recebimento 2110 2113 1
DESPACHO / DECISÃO PET 00574734/2015 2111 2114 1
Certidão de Conclusão 2112 2115 1
Termo de Recebimento 2113 2116 1
DESPACHO / DECISÃO RE 00215482/2014 2114 2117 4
Certidão de Publicação 2118 2121 1
Petição ParMPF 00061176/2018 2119 2122 1
Certidão de Trânsito 2120 2123 1
Termo de Ciência 2121 2124 1
Termo de Ciência 2122 2125 1
Termo de Remessa 2123 2126 1
Apenso 1 197
Íntegra do processo - Proc. 1.0000.11.023123-0/000 1 2127 197
Apenso 2 248
Íntegra do processo - Proc. 1.0000.11.023123-0/000 1 2324 248
Apenso 3 210
Íntegra do processo - Proc. 1.0000.11.023123-0/000 1 2572 210
Apenso 4 200
Íntegra do processo - Proc. 1.0000.11.023123-0/000 1 2782 200
Apenso 5 117
Íntegra do processo - Proc. 1.0000.11.023123-0/000 1 2982 116
Certidão de Página Ilegível 117 3098 1
(e-STJ Fl.1)

Cario 232238-71.2011.8.13.0000
Rodriý
Leon
José 1 111

1.0000.11.023223-81000

Justiça do Estado de Minas Gerais. jjJMÃGI íjti!

-o p re se n te w i d e rá ser
d istri 0o
prevnçã aoEminente Desembargador Ni
Carlos Crvnl('CACRI), haja vist a .11
ter sido distribuída, por sorteio, a ipetraç "-i.
(de no 023 1230-59.201 1.8.13.0000) relacionada
aos mesmos pacientes e relativos ao mesmo
deereto de prisão, no âmbito do Procedimento
Investigatório Criminal do MP: de no
0 567.09.000.046-2.

há pedido de LIMINAR no intuito de que seja


-
determinada a imediata suspensão das
investigações levadas a cabo pelo Ministério
Público Estadual, bem como seja suspensa a
execução de todas as medidas constritivas
levadas a efeito desde a última semana quando
da deflagração da "6Operação Panacéja"',
inclusive a prisão tenp'orúria dos pacientes
(decretada e prorrogada pelo MM. Juiz da 2V
Vara da Comarca de Sabará/MG), em relação
à qual deve ser expedido alvará de soltura em
favor dos pacientes, notadamente porque
preenehidos os requisitos dlofumais bani juris e
do periculumn in mora necessários à sua
concessão.

JOSÉ BERNARDO DE ASSIS JUNIOR, MAURÍCIO DE


OLIVEIRA CAMPOS JÚNIOR e CARLOS FREDERICO VELOSO
PIRES, todos brasileiros, advogados, inscritos na OAB/MG sob os n0
Documento recebido eletronicamente da origem

88.459, 49.369 e 48.866, com escritório profissional localizado na


Avenida do Contorno, no 9155, 10 andar, Bairro Prado, Belo
I-orizonte/MG, vêm perante V. Exa., respeitosamente, impetrar a
presente

ORDEM DE HABEAS CORPUS

- M
oC..-,ro 9155, IMa-Td
Mlo Honzate, MG 1CEP3D0110 063
(e-STJ Fl.2)

em favor dos pacientes ILDEU) DE OLIVEIRA MAGAL}IAES,


brasileiro, empresário, casado, portador do RO no MG 570996, filho de
José Maria Magalhães e de Carmem Magalhães, residente na Rua Tomnaz
Gonzaga, n0 530, apto 2600, Lourdes, Belo Hlorizonte/MO e RENATO
ALVES DA SILVA, brasileiro, farmacêutico, casado, portador do RO
n0 M 4332539, filho de Onofre Alves da Silva e de MariaZaro
Silva, residente na José Ferreira Cascão, n0 30, apto 600,:e»de4 Y?
Belo Horizonte/MG, ambos atualmente recolhidos nas dep n~ca
CERESP/São Cristóvão, fazendo-o com fundamento no art. ~ L
da Constituição Federal de 1988, e/e art. 648, 1, do Código de Processo
Penal, e apontando como autoridade coatora o MM. Juiz da 2a Vara da
Comarca de Sabará/MO. pelo que passam a narrar:

1. Breve histórico

Foi a partir de uma denúncia anômnma que o Ministério


Público Estadual se investiu da condição de "autoridade policial" e
iniciou aquilo que denominou de "Procedimento Investigatório
Criminal", verdadeiro procedimento inquisitorial, discricionário e
unilateral, tendo por objeto apurar a prática de "crimes fiscais
perpetrados pela empresa HIPOLABOR FARMACÊUTICA LTDA e por
seu socio, ILDEU DE OLIVEIRA MAGALILÃES'> (fI. 03 da petição
inicial da medida cautelar de prisão temporária).
Documento recebido eletronicamente da origem

Após a realização de algumas diligências, segundo expressa o


Órgão Acusatório, "evidenciam-se indícios da existência de quadrilha
organizada, de forma estável e permanente, para a prática de diversos
crimes de extrema gravidade, dentre eles crimes de sonegação fiscal,
fraude à licitação, formação de cartel e comércio de mnedicamen
(e-STJ Fl.3)

adulterado" (fl. 03 da petição inicial da medida cautelar de prisão


temporária).

E foi com base nesses elementos indiciários colhidos


unilateralmente em procedimento interno que em 24 de março o Parquet
apresentou ao Juízo da Comarca de Sabará/MG requerimentos de prisão
temporária de ambos os pacientes (autos de n0 0021 63-
78.2011.8.13.0567) e de busca e apreensão em domicílios empe ria* g,..

e residenciais e/e medida cautelar de seqüestro de bens imóveis ÉauPo@OO4


n0 0021571-55.2011.8.13.0567), constrições que foram deferidas ccv.
MM. Juiz da 2' Vara da Comarca de Sabará/MG no dia 1' de abril de
2011.

Em 12 de abril de 2011 foi deflagrada a operação denominada


"Panacéia", ocasião em que foram cumpridos os mandados de prisão
temporária e realizadas as demais medidas cautelares.

Já em 15 de abril, por sua vez, a prisão temporária de ambos


os pacientes foi prorrogada por mais 5 (cinco) dias, contados a partir de
16.04.11, com término previsto para o próximo dia 21 de abril, quinta-
feira próxima (feriado nacional).

Registre-se, por oportuno, que no mesmo dia 15, ambos os


pacientes ainda foram presos em "flagrante" por suposta incursão na
figura típica do art. 33. § U~, 1 da Lei n0 11.343/06 (ter em depósito
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medicamentos sujeitos a controle especial sem a devida escrituração e


acondicionamento), muito embora a empresa Hipolabor Farmacêutica
Ltda. estivesse interditada desde o dia 14 e eles próprios já estivessem
detidos temporariamente desde o dia 12 de abril, ilustrando mais um
inusitado absurdo que retrata a arbitrariedade, o exagero e abuso que os
pacientes estão a suportar nesse instante.
(e-STJ Fl.4)

2. Do primeiro constrangimento ilegal - Investigações baseadas em


denúncia anônima - Inconstitucionalidade (art. 50, IV da CF/88)

É de curial conhecimento que a Constituição Federal de 1988,


em seu art. 50, IV, assegurou a todos os cidadãos a livre manifestação
do pensamento, cuidando de fazer apenas uma ressalva naquele me: o
dispositivo legal quando dispõe ser "vedado o anonimato".

Certamente o legislador constituinte teve em mente que ~ i

maiores atrocidades da história humana se valeram do anonimato não só


para proliferarem, mas também para que os seus autores escapassem das
devidas punições. A ordem democrática não se coaduna com o
anonimato, sobretudo quando desprovidas de lastro probatório e atraves
das quais pessoas são expostas a constrangimento de toda ordem sem a
mínima oportunidade de contra-argumentar seus acusadores.

Na esteira da lição de Alexandre de Moraes:

"A proibição ao anonimato é ampla, abrangendo


todos os meios de comunicação (cartas, matérias
jornalísticas, informes publicitários, mensagens na
Internet, notícias radiofônicas ou televisivas, por
exemplo). Vedam-se, portanto, mensagens apócrifas,
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injuriosas, difamatórias ou caluniosas. A finalidade


constitucional é destinada a evitar manifestações de
opiniões fúteis, infundadas, somente com o intuito de
desrespeito à vida privada, à intimidade, à honra de
outrem; ou ainda, com a intenção de subverter a
ordem jurídica, o regime democrático e o bem-est
social" (in Constituição do Brasil interpreta1
(e-STJ Fl.5)

legislação constitucional. 5 ed. São Paulo: Atlas,


2005, p. 207).

No presente caso, não restam dúvidas de que a investigação


que culminou na prisão temporária dos pacientes (bem como na
decretação de outras tantas medidas constritivas) teve início com base
em perniciosa denúncia anônima (fi. 05 do Procedimento
Investigatório Criminal do MPMvG n0 0567.09.000046-2). Veja-se, 10
a propósito, que o próprio Ministério Público admite tal fat e",oo6
diversos momentos, a saber: 06asc

- quando requer medida cautelar de interceptação telefônica e


telemática (autos de no 0050424-11.2010.8.13.0567), diz:

"Motivou a investigação interna promovida pelo


Parquet a missiva anônima (lS. 05/08)
originalmente encaminhada à Promotoria de Justiça
de Defesa da Ordem Econômica e Tributária.
No ventre da delação, revelada a prática de crimes
fiscais perpetrados pela empresa HIPOLABOR
FARMACÊUTICA LTDA e por seu sócio, ILDEU DE
OLIVEIRA MAGALHÃES, bem como reunidos
indícios concretos de lavagem de dinheiro mediante
ocultação de valores em contas tituladas no exterior"
(fi. 02 Grifos nossos).
Documento recebido eletronicamente da origem

-quando formula requerimento de prisão temporária em


desfavor dos pacientes (autos de no 002 1563-
78.2011.8.13.0567), diz:
(e-STJ Fl.6)

"Foi instaurado Procedimento Investigatório


Criminal, no âmbito do Ministério Público do
Estado de Minas Gerais, em virtude de notícia
apócrifa (fls. 05/08) originalmente encaminhada
à Promotoria de Justiça de Defesa da Ordem
Econômica e Tributária, informando a prática de
crimes
fiscais
perpetrados
HIPOLABOR
FARMACÊUTICA pela emprs
seu sócio, LIDA e
ILDEU DE OLI V ÇRO
MAGALHÃES.
Em razão da gravidade e da relevância do caso -

atuação de poderosa quadrilha, com provável


prejuízo de milhões de reais aos cofres públicos
- a investigação prosseguiu com a atuação
conjunta do órgão de execução ministerial em
Sabará e do Centro de Apoio Operacional às
Promotorias de Justiça de Defesa da Ordem
Econômica e Tributária (CAOET) do Ministério
Público, procedendo-se a diversas diligências no
intuito de apurar as acusações lançadas na
notícia anónima" (fi. 03 - Grifos nossos).

Ou seja, resta incontroverso que os pacientes tiveram suas


intimidades devassadas e liberdades cerceadas com a decretação de
Documento recebido eletronicamente da origem

diversas medidas cautelares (interceptação telefônica, busca e


apreensão, seqúestro e prisão temporária) com base numa investigação
ministerial que teve como ponto de partida uma irresponsável
correspondência anônima.

Em tais situações, valiosa


a lição de Celso Ribeiro
Bastos4:
(e-STJ Fl.7)

"Sampaio Dória define a liberdade de pensamento


como sendo 'o direito de exprimir por qualquer
forma o que se pense em ciência, religião, arte ou o
que for'. (Direito Constitucional, p. 232)
E fácil imaginar que, exercido irresponsavelmente,
este direito tornar-se-ia uma fonte de tormento aos
indivíduos na sociedade. A todo instante poderiam
ser objeto de informações inverídicas, de exp
valorativas de conteúdo negativo, tudo isto fei
qualquer benefício social, mas
a mne itýYe1lcom
conseqüência de causar danos morais e patrimoniais
às pessoas referidas.
Ainda, sobre o anonimato, a Constituição cuida de
estabelecer um sistema de responsabilidade: 'Proibe-
se o anonimato'. Com efeito, esta é a forma mais
torpe e vil de emitir-se o pensamento. A pessoa que
o exprime não o assume. Isto revela terrível vício
moral consistente na falta de coragem. Este
fenômeno estimula as opiniões fúteis, as meras
sancadilhas, sem que o colhido por estas maldades
tenha possibilidade de insurgir-se contra o seu autor
e responsabilizá-lo".

E nesse mesmo sentido se colhe importante precedente oriundo


do Supremo Tribunal Federal:
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"ANONIMATO - NOTÍCIA DE PRÁTICA


CRIMINOSA - PERSECUÇÃO CRIMINAL -

IMPROPRIEDADE. Não serve à persecução criminal


notícia de prática criminosa sem identificação d
autoria, consideradas a vedação constitucional d
(e-STJ Fl.8)

anonimato e a necessidade de haver parâmetros


próprios à responsabilidade, nos campos cível e
penal, de quem a implemente" (HC n0 84.827/TO - 1a
Turma - ReI. Min. Marco Aurélio - DJe 22.11.2007).

E nem se diga que os documentos que acompanharam a


"denúncia anônima" (fls. 06/08 do Procedimento Investigatório
Criminal do MPMG no 0567.09.000.046-2) constituiriam 1atnr
probatório válido a justificar qualquer tipo de investigação co i
empresa Hipolabor Farmacêutica Ltda. e seu sócio Ildeu de Oý_Q
Magalhães. Afinal, ainda que fossem verdadeiros (o que se admite só
por argumentar), sabe-se lá a maneira como foram obtidos (se produto
de furto, por exemplo), o que acabaria por impingi-los com a marca da
ilicitude (tornando-o s igualmente inadmissíveis para o processo,
segundo dispõe o art. 50, LVI da CF188).

A jurisprudência dos mais diversos tribunais não destoa do


raciocínio esposado ao longo da presente impetração, repelindo com
veemência as denúncias anônimas:

STJ - EMENTA: Competência do Superior Tribunal


(originária). Notícia-Crime (delação anônima).
Anonimato (vedação). Relator (competência).
1. Compete ao Superior Tribunal processar e julgar,
originariamente, nos crimes comuns, entre outras
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pessoas, os membros dos Tribunais de Contas dos


Estados.
2. o ordenamento jurídico brasileiro.
inquestionavelmente, requer ~ e é bom qlue assim
requleira - que também o processo reliniar
preparatório da a ~oea nce-se sem ruácul
(e-STJ Fl.9)

3. Se as investigações preliminares foram iniciadas


a partir de correspondência anônima, as aqui
feitas tiveram início. então. repletas de nódoas.
melhor dizendo, nasceram mortas ou, tendo vindo
à luz com sinais de vida. logfo morreram.
4. Cabe ao Ministério Público. entre outras
funções. a defesa da ordem jurídica, ordem Que.
entre nós, repele o anonimato (Constitui âào %-'f-
5-,0IV).
5. Questão de ordem que, submetida pelo Rei
Corte Especial (Regimento, art. 34, IV), foi pela
Corte acolhida a fi m de se determinar o
arquivamento dos autos. Votos vencidos.
(QO na Notícia-Crime no 280/T0 - DJ 05/09/2005 p.
194 - Grifos nossos)

TRF da 2' Re gião - EMENTA: PROCESSO PENAL


- IJABEAS CORPUS - AUTORIDADE COATORA -

COMPETÊNCIA - PEDIDO DE TRANCAMENTO


DE INQUÉRITO POLICIAL - JUSTA CAUSA -

CONSTRANGIMENTO ILEGAL - CONCESSÃO


DA ORDEM.
I- No presente caso é o Juízo de primeiro grau a
autoridade coatora competente para figurar no babeas
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corpus. Segundo a Jurisprudência, verificado o


constrangimento ilegal a que a parte esta sendo
submetida, deve o Juiz de ofício conceder Habeas
Corpos. Desta maneira, ao não conceder, de ofício, o
writ of mandamus aos, ora pacientes, tornou-se
coator o Juízo a quo.
(e-STJ Fl.10)

11- No sistema constitucional vigente, os


indiciados. devemn ter o direito a poder pleitear e a
produzir todos os tipos de provas, e nesse caso
estio impedidos nor não poderem identificar os
autores das aludidas revelações anônimas.
111- Nesta linha, o inquérito policial foi iniciado
com inegável constrangimento il1egal ,as
indiciados e ora pacientes, unia vez ue, Lnao
Podemn combater eventuais máculas ori inár' s da 01
denunciacio anônima.
IV- Desta maneira, confirmo a liminar e concedo a
ordem Para trancar o inquérito policial.
V- Devendo ser remetidas cópias do relatório, voto e
respectiva ementa ao Exmo. Sr. Procurador Geral da
República para ciência e providências que julgar
pertinentes.
(HC n0 2002.02.01.006.435-O - Rei. Des. Fed.
Raldênio Bonifácio Costa - Grifos nossos)

Pelo exposto, com fincas nos baluartes do Estado Democrático


de Direito, pede-se a CONCESSÃO da presente ORDEM de HABEAS
CORPUS, no intuito de que seja reconhecida a impossibilidade de se
dar início à persecução penal a partir de inominável, abjeta e
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incontroversa denúncia anônima, mormente quando acompanhada de


papéis de conteúdo estéril, forjados ou obtidos de forma desconhecida,
salvo a certeza da ilicitude de sua produção ou obtenção.
(e-STJ Fl.11)

3. Do segundo constrangimento ilegal - Investigação realizada


unilateralmente pelo Ministério Público Estadual

Aduza-se ao primeiro argumento de imprestabilidade do


procedimento investigatório instaurado a partir de denúncia anônima
acompanhada de documentos ilicitamente forjados ou obtidos, um
segundo argumento que também corrobora a imprestabilidade do
"Procedimento Investigatório Criminal" de no 0567.09.000046-2, e
como todos os procedimentos e medidas que dele se originaram o queO
A 2
venham a se originar: Mic,

Hlá um gravissimo vício na origem e na natureza da


investigação, e por isso mesmo será nulo tudo quanto tenha sido obtido
em procedimento investigatório levado a cabo unilateralmente pelo
Ministério Público, ao qual não foram conferidos poderes de
investigação, e cuja atuação está a revelar um caráter autoritário, de
precedente tão antigo quanto incompatível com o Estado Democrático
de Direito.

O Poder Constituinte originário dispôs expressamente (art.


144, § 40, CF/88) que "às policiais civis, dirigidas por delegados de
policia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as
funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto
militares". Ao Ministério Público, por sua vez, foi dada a titularidade
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da ação penal pública (art. 129, 1, da CF188), mas jamais a atribuição


concorrente de investigar eventuais práticas de infrações penais.

Ini casu, verificada pelo Ministério Público a mera


possibilidade do cometimento de crimes no âmbito da administração da
empresa Hipolabor Farmacêutica Ltda (e diga-se que a denúncia
anônima apresentada à Procuradoria-Geral de Justiça do Estado*
(e-STJ Fl.12)

Minas Gerais seria pouco para adoção de providências), cumpriria ao d.


Promotor de Justiça, quando muito, requisitar diligências
investigatórias e/ou a instauração de inquérito policial, tal como dispõe
o inciso VIII do art. 129 da CF/88, e não promover um "Procedimento
Investigatório Criminal" próprio, tal como revelam as mais de 600
páginas de documentos e depoimento amealhados, tudo isso alheio aos
princípios mais comezinhos do Direito Constitucional e do Proce ual
Penal, em especial às máximas do devido processo legal do4 JUý-
contraditório e da ampla defesa (art. 50, LIV e LV, da CFIS8). D07

O Parquet, aliás, que é parte processual e, por isso mesmo,


de quem nâo se exige imparcialidade, no presente caso rotulou-se de
autoridade policial e promoveu, por sua conta e risco, uma afoita e
desarrazoada investigação quando, 2 nro veritate, os fatos recomendavam
uma apuração serena e isenta a ser realizada por quem de direito, vale
dizer, a Polícia Civil (ou Federal, conforme o entendimento).

No presente caso, o "Procedimento Jnvestigatório Criminal"


realizado pelo MPMG culminou nos pedidos (todos deferidos pelo MM.
Juiz da 2a Vara da Comarca de Sabará/MG) de interceptação telefônica
(violação ao direito à intimidade), de busca e apreensão (violação à
inviolabilidade do domicílio), de seqüestro de bens imóveis (violação
ao direito de propriedade) e de prisão temporária (violação ao direito de
locomoção), providências invasivas que exigiam fosse delegada a tarefa
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de investigação à instituição constitucionalmente competente para tanto,


vale dizer, a Policia Judiciária.

Tudo isso está a revelar uma incômoda onipotência, que só o


controle judicial poderá evitar.
(e-STJ Fl.13)

Afinal, o Ministerio Público - que seria parte na futura ação


penal pública - recebeu a "denúncia anônima"; instaurou procedimento
interno e sigiloso em seu próprio âmbito; requisitou documentos
(inclusive os protegidos por sigilo bancário); convocou (e ainda
convoca) pessoas ao seu gabinete, inquirindo-as diretamente e segundo
o interesse da investigação; requereu e promoveu, também em seu
ambiente, escutas telefônicas, orientando e dirigindo seus anali #84u
selecionar os temas e os trechos para degravação;
e, final en% 1
0p
requereu e obteve prisão temporária (sem inquérito policial), becwi Gr,

medidas cautelares de busca e apreensão e seqüestro de bens.

Para completar, numa técnica que parece muito familiar ao


fascismo, divulgou tudo, de forma precipitada e com costumeiro
estardalhaço, através da mídia igualmente convocada para as entrevistas
coletivas, formando a opinião pública e condenando pessoas físicas e
jurídicas à "morte" pela desonra, posto que a reparação jamais ocorrera,
nem mesmo pela futura absolvição.

Sob qualquer ângulo, não é dado ao Ministério Público


promover a investigação criminal, tal como já concluiu a insigne jurista
Ada Peilegrini Grinover em artigo publicado no Boletim n0 12 do
11BCCRIM (dezembro de 2004), Na ocasião, asseverou que embora
pudessem "ser confieridas funções investigativas criminais" ao
Ministério Público, é certo que somente através de lei complementar
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tais funções poderiam ser atribuidas, de acordo com a imposição do


princípio da reserva legal (art. 128, § 50, da CF), de modo a estabelecer
mínimas regras de atuação em tais procedimentos, tais como:

",a) a indicação das infrações penais em que caberia


ao MP investigar, deixando-se claro que, em tod
elas, a investigação lhe competirá. Afasta-se, ass
(e-STJ Fl.14)

a preocupante seleção de casos a que o órgão


ministerial tem procedido, fixando-se os crimes em
que a investigação do MP poderia ser mais eficaz do
que a da Polícia;

b) o estabelecimento de regras procedimentais, com


controles pelo juiz (comno acontece com o inqu
policial);F7005

e) a abertura de espaço para a defesa, que deve poder


acompanhar as investigações, com a previsão da
presença do defensor antes e durante o
interrogatório, nos termos dos dispostos nos novos
arts. 185 a 196 do Código de Processo Penal - CPP,
segundo a Lei n0 10.792/03, os quais são
inquestionavelmente aplicáveis ao inquérito policial
e, consequentemente, às eventuais investigações
ministeriais" (p. 05).

Desse modo, conclui a autora:

"Sem a lei complementar acima referida, o MP? não


pode exercer funções investigativas penais" (p. 05).

É bem verdade que o Supremo Tribunal Federal finalizou o


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julgamento do Inquérito 1968 sem uma posição definitiva sobre o tema,


cuja discussão está sendo travada agora no âmbito do Habeas Corpus n0
84.548, da relatoria do Eminente Ministro Marco Aurélio, o qual se
encontra sobrestado em razão de um pedido de vista do d.M
Cezar Peluso.
(e-STJ Fl.15)

Independente de tais considerações, porém, o que se tem no


presente caso é uma afoita investigação promovida unilateralmente pelo
Ministério Público Estadual, situação que este Tribunal de Justiça já
cansou de repelir, verbis:TRB,,r

"1PCO - CRIME CONTRA PREFEI&O 01 )

INSTAURAÇÃO DE PROCESSO CRIMINALI-


PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E
INVESTIGACOES PROMOVIDAS PELO
MINISTÉRIO PÚBLICO - ILEGITIMIDADE.
Tendo em vista que não há no ordenamento
jurídico norma expressa que atribua ao 'Parpuet'

compnetência para promover investigações


prelimiinares na área criminal, e ante os
inconvenientes que esse procedimento acarreta,
impõe-se o reconhecimento da ilegitimidade do
Ministério Público para deflagrar o processo criminal
com base em expedientes produzidos pelo referido
órgão no âmbito administrativo" (PCO de no
1.0000.05.421343-4/000 - 3a CACRI - Rei. Des.
Paulo Cézar Dias - j. 22.1 1.2005 - Grifos nossos).

E assim, não podendo prosperar tamanha onipotência,


desigualdade e injustiça, pede-se o reconhecimento da impossibilidade
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do Ministério Público apurar diretamente o cometimento de crimes por


intermédio de procedimento investigatório unilateral, com o que haverá
de ser declarada, quando do julgamento do mérito da presente
impetraçâo, a ilegalidade de medidas cautelares como a prisão
temporária, bem como a imnrestabilidade de todos os elementos
produzidos e até aqui colacionados,
notadamente porque manifest
a
(e-STJ Fl.16)

ilicitude de todos eles e, consequentemente, sua inadmissibilidade em


sede processual (cf. art. 50, LVI, da CF/88).

4. Da necessidade de concessão da liminar Ttu:

Como bem salientou o Eminente Min. do STF Gonçal @ kO1


Oliveira, quando do julgamento do histórico HC n0 41.296, > Guí

concessão da medida extrema, como é de rigor, devem estar patentes os


pressupostos das cautelares, isto é, o periculum in mora e o fumnus boni
iuris.

No presente caso, ambos se revelam inexoravelmente


presentes. Senão, veja-se.

O fumus bani luris advém da constatação de que o próprio


Ministério Público, em seus pedidos judiciais de decretação de medidas
cautelares, se refere à existência de uma denúncia anónima que teria
motivado as investigações e de que as diligências são imprescindíveis
para 'viabilizar as investigações no Procedimento Investigatório
Criminal no ámbito do Ministério Público" (fi. 09 do requerimento de
prisão temporária), excluindo de forma discricionária, arbitrária e ilegal
a instauração de inquérito policial.

A necessidade e a urgência da medida liminar, por sua vez,


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saltam aos olhos, com sói acontecer em casos de privação de


liberdade, ainda mais quando foram várias as providências constritivas
decretadas em desfavor dos pacientes e das empresas das quais são
súcios, medidas que arruinam a vida de pessoas físicas e jurídicas,
repercutindo nos 600 empregados diretos e em milhares ou milhões de
pessoas beneficiadas com
os medicamentos produzidos
há década sâp
HIPOLABOR.
(e-STJ Fl.17)

De mais a mais, o respeito à ordem constitucional vigente e ao


sistema acusatório de persecuçâo penal reclamam uma pronta
intervenção do Poder Judiciário, para evitar a concentração totalitária
de atribuições de uma das partes, que sufoca o cidadão, r?~' t.~~<

advocacia à insignificância, trata com desprezo a típica at idWIO18


policial e põe o Poder Judiciário a reboque e a serviço dos interA" Goraís.

acusação, restando pautados, todos, pela midia especialmente convocada


para formar a opinião pública.

E inquietante a assertiva do eminente Ministro José Delgado,


do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento da Questão de Ordem na
Notícia-Crime n0 280. Disse:

"Sr. Presidente, entendo que não há denúncia


anônima em um regime democrático de direito".

Diga-se mais: não há casuismo, não há onipotência, não há


concentração de atividades e poderes numa só instituição, não há
desequilíbrio de partes, nada disso há num Estado Democrático de
Direito. E nada justificará exceção tão perigosa às liberdades
democráticas, nem mesmo o pretexto de defesa de interesses públicos
por aqueles que se lançam a uma espécie de cruzada, intitulando-se
bastiôes da moralidade.
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S. Pedido

Ex positis, e consignando expressamente que o objeto da


presente impetração não se confunde com o objeto da impetralfÍ
anterior (de no 023 1230-59.201 1.8.13.0000, cujo pedido se limitjý&
(e-STJ Fl.18)

reconhecimento da ilegalidade que constituiu a decretação de prisão


temporária no curso de investigação promovida unilateralmente pelo
Parquet, notadamente quando a Lei no 7.960/89 exige a existência de
inquérito policial, com a conseqüente revogação da decisão que
decretou/prorrogou aquela modalidade de prisão), pede-se, nesta
impetração: A, e.Jt!STi

- a concessão da presente ordem em caráter


LIMINAR, demonstrados os pressupostos
necessários à sua concessão (fumus boni luris e o
periculum in mora), no intuito de que seja
determinada a imediata suspensão das investigações
levadas a cabo pelo Ministério Público Estadual no
âmbito de seu "Procedimento Investigatório
Criminal" de n0 0567.09.000.046-2, bem como seja
suspensa a execução de todas as medidas constritivas
levadas a efeito desde a última semana quando da
deflagração da "Operação Panacéia", inclusive a
prisão temporária dos pacientes (decretada e
prorrogada pelo MM. Juiz da 2a Vara da Comarca de
Sabará/MG, cujo vencimento está previsto para o dia
21 de abril, próxima quinta-feira, feriado nacional),
expedindo-se alvará de soltura e determinando-se o
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acautelamento de todos os respectivos autos na


Secretaria do Juizo da 2V Vara da Comarca de
Sabará/MO, até o julgamento de mérito do writ;

M1
(e-STJ Fl.19)

-posteriormente, acaso V. Exa. julgue necessaria, a


requisição das informações junto à d. autoridade
coatora;

- a colheita do parecer da douta ProcuradC fpWU


ýe
Justiça; t002

-ao final, a concessão definitiva da presente


ORDEM DE HABEAS CORPUS, a fim de que seja
reconhecida a ilicitude de todos os elementos de
prova colacionados aos autos do procedimento
investigatório e das medidas cautelares que dele se
originaram, seja porque (a) a origem da investigação
teve como base denúncia apócrifa, seja porque (b) a
investigação foi realizada unilateralmente pelo
Ministério Público em procedimento investigatório
estranho à Lei e à Constituição Federal, com o que
deverá ser determinada a restituição de todos
documentos e/ou objetos apreendidos, bem como a
liberação de todos os imóveis sequestrados.
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No intuito de comprovar todas as alegações constantes da


presente impetração, anexa-se (a) COPIA COMPLETA daquilo que o
Ministério Público denominou de "Procedimento Investigatório
Criminal (autos de n0 0567.09.000.046), (b) CÓPIA COMPLETA dos
autos da medida cautelar de prisão temporária (autos de n0 002 1563-
78.2011.8.13.0567), (c) COPIA COMPLETA dos autos da medida
cautelar de busca e apreensão e seqüestro de bens imóveis (autos de
(e-STJ Fl.20)

0021571-55.201 1.8.13.0567), e (d) COPIA COMPLETA dos autos da


medida cautelar de interceptação de comunicações telefônicas e
telemáticas (autos de n0 0050.424-11.20 10.8.1 3.0567).

CAROS FRNA E V SO PR
Advogado - OAR/MO 48.866
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Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1636)
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1637)
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1638)
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1639)
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1640)
(e-STJ Fl.1641)

11ç

HAREAS CORPUS N.0 1.0000.11.023223-81000

.111111111111111
II1lii11111 iiMI111111111
1
EMENTA: 'HABEAS CORPUS"' - PRISÃO TEMPORÁRIA - PRAZO EXPIRADO E PACI-
ENTES EM LIBERDADE - PERDA DO OBJETO - INVESTIGAÇÕES PROMOVIDAS
PELO MINISTÉRIO PÚBLICO E ORIGINADAS DE DENÚNCIA APÓCRIFA - TRANCA-
MENTO DO PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO - ORDEM PARCIALMENTE CONCE-
DIDA. O simples impulso de investigação dado por denúncia anônima não é vedado,
sendo, Inclusive, garantia ao exercício da democracia a possibilidade do o cidadão
comunicar-se comnos setores públicos responsáveis a fim de informara ocorrência
de ilícitos sem ser identificado, na mais legitima participação popular na proteção da
"res" pública. Contudo, claramente defesa a imposição de medidas restritivas ou
formações cognitivas somente com base em anúncios apócrifos, o que não é o
caso. O inquérito policial presidido pelo Promotor de Justiça, rotulado de procedi-
mento administrativo, exorbita às suas funções, além de coriflitarcom as normas de
competência expressa nos dispositivos normativos acima mencionados, segundo
os quais a investigação criminal deve ficar a cargo da autoridade policial com-
petente. O que não se admite, contudo, é o oferecimento da denúncia com base em
peças investigatórias produzidas unilateralmente pelo órgão incumbido da acusação
no procedimento judicial criminal, o que não é o caso, pois, além de existirem outros
instrumentos de prova, estamos falando da fase meramente investigatória. Contudo,
não podem ser mantidas as investigações criminais sob presidência do Ministério
Público, devendo prosseguir pela autoridade policial competente.
HABEAS CORPIJS 1.0000,11.023223-8/000 CONEXÃO COM fl231230-59.201 18.13.
0000 e 0235678-752011.8.13.0000 - COMARCA DE SABARÁ - PACIENTES: ILDEU DE
OLIVEIRA MAGALHAES, RENATO ALVES DA SILVA - AUTORID, COATORA: ROGERIO
FILLIPETO P,1 2.' CiVEL!L12153/09 DA COMARCA DE SABARA, RENATO FROES A.
FERREIRA PJ 2.- CiVEL/L.12153/09 DA COMARCA DE SABARÁ, ANA CAROLINA
ZAMBOM PINTO COELHO PJ1 2. CIVELIL.12153/09 DA COMARCA DE SABRA, JD 2V
CV CR EXECUÇÕES PENAIS COMARCA SABARA, CH-RISTIANO LEONARDO
GONZAGA GOMES PO JUSTIÇA- RELATOR: EXMO. SR, DES. PAULO CÉZAR DIAS

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 3.a CÂMARA


CRIMINAL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, sob a
Presidência do Desembargador PAULO CÉZAR DIAS, na conformidade da
ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, CONCEDER O 'HABEAS
CORPUS" EM PARTE, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR,
VENCIDA PARCIALMENTE A VOGAL, PREJUDICADO O PEDIDO
FORMULADO EM CONEXAO.
Documento recebido eletronicamente da origem

Belo Horizonte, 05 de julho de 2011.

DES. PAULO CÉZAR DIAS - Relator

FI. 1/29
(e-STJ Fl.1642)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GEIRAIS

F-ABEAS CORPUS N.0 1.0000O11.023223-81000

NOTAS TAQUIGRÁFICAS

Proferiram sustentação oral, pelo Ministério


Público, o Sr. Procurador de Justiça Dr. Antônio de Pádova Marchi
Júnior e, pelos Pacientes, o Dr. Mauricio de Oliveira Campos Júnior.

O SR. DES. PAULO CÉZAR DIAS:

Ouviatentamente, as sustentações orais feitas da


tribuna pelos cultos Dr. Antônio Pádova Marchi Júnior, pelo Ministério
Público, e Dr. Mauricio de Oliveira Campos Júnior, pelos Pacientes.
Trago voto escrito e passo à sua leitura.

VOTO

Trata-se de Habeas Corpus 1.0000. 11.023223-


8/000 com pedido liminar, impetrado em favor de ILDEU DE OLIVEIRA
MAGALHAES e RENATO ALVES DA SILVA, no qual é apontado como
autoridade coatora o MM. Juiz de Direito da 2.a Vara Cível da Comarca
de Sabará, requerendo a revogação da prisão temporária dos paci-
entes, sob o argumento de ilegitimidade do Ministério Público para
requisição de prisão temporária.
Cuida-se, também, do Habeas Corpus 1.0000.11.
023123-8/000, no qual figuram os mesmos pacientes, requerendo o
trancamento do inquérito criminal e a cassação de todas as medidas
cautelares advindas do procedimento investigatôrio, no qual se apura a
prática dos crimes de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, formação
de cartel e venda de medicamentos especiais sem a devida
Documento recebido eletronicamente da origem

autorização.
Argumenta o impetrante ser ilícita a origem da
investigação, pois, teria sido originada de denúncia anônima. Aduz,
ainda, a ilegitimidade do Ministério Público para promover inquéito
criminal e requerer prisão temporária.

FI. 2729
(e-STJ Fl.1643)

RIBUNAL DEJUSTIÇA DO ESTADO DEMINS GERAIS

HABEAS CORPUS N.0 1.0000.11.023223-8/000

Deferido o pedido liminar (fis. 1.247-1.250), as


Autoridades apontadas coataras prestaram as informações que lhe
foram requisitadas, juntando os documentos pertinentes (fís. 1.318-
1.335), (1.362-1.363>, (1.364-1.462).
A Procuradoria de'Justiça em seu parecer de fís.
1.501-1.516 opinou pela denegação da ordem.
Primeiramente, vejo que o pedido de revogação da
prisão temporária, objeto do Habeas Corpus 1.0000. 11.023123-0/000,
restou prejudicado, vez que a medida já teve seu prazo expirado na
data de 21 de abril do corrente ano e determinou o Juiz de primeiro
grau que, "findo o prazo da prorrogação deverão os referidos serem
postos em liberdade independente de alvará de soltura se por outro
motivo não estiverem presas" (fl. 848>.
Assim, passo ao exame do wflt 1.0000.11.023123-
8/000.
Com a devida vénia, entendo que inexiste ilega-
lidade no fato de as investigações iniciarem-se por noticia anônima.
Com efeito, a denúncia apócrifa pode servir como
impulso para investigações preliminares, com o fulcro de averiguar os
fatos ante a gravidade e verossimilhança dos mesmos, o que, de
acordo com entendimento pacifico e por mim adotado não constitui
qualquer ilegalidade.
O que não se admite é a imposição de medidas
restritivas unicamente com base na insólida denúncia anônima, im-
pondo-se a existência de veementes indícios para justificar-se a
sacrifício de garantias individuais em prol do interesse público.
Contudo, não é demais reafirmar que o simples
impulso de investigação dado por denúncia anônima não é vedado,
sendo, inclusive, uma garantia ao exercício da democracia, a possibi-
lidade de o cidadão comunicar-se com os setores públicos respon-
Documento recebido eletronicamente da origem

sáveis a fim de informara ocorrência de ilícitos sem ser identificado, na


mais legítima participação popular na proteção da res pública.
Nesse sentido, reiterada a jurisprudência do
Pretório Excelso:

FI. 3129
(e-STJ Fl.1644)

Z TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

HABEAS CORPLJS N,' 1,0000.11 023223-8I000

HABEAS CORPUS. "D3ENÚNCIAANÔNIMA" SEGUI-


DA DE INVESTIGAÇÕES EM INQUÉRITO POLICIAL.
INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS E AÇÕES PE-
NAIS NÃO DECORRENTES DE "DENÚNCIA ANÔ-
NIMA". LICITUDE DA PROVA COLHIDA E DAS
AÇÕES PENAIS INICIADAS. ORDEM DENEGADA.
Segundo precedentes do Supremo Tribunal Fede-
ral, nada impede a deflagração da nersecução Pe-
nal nela chamada "denúncia anônima", desde que
esta sela seguida de diligências realizadas para
averiguar os fatos nela noticiados (86.082, rei. min.
Ellen Gradie, DJe de 22.08.2008; 90.178, rei. min.
Cezar Peluso, DJe de 26.03.2010; e HO 95.244, rei.
min. Dias Toifoli, DJe de 30.04.2010>. No caso, tanto
as interceptações telefônicas, quanto as ações
penais que se pretende trancar decorreram não da
alegada "noticia anônima", mas de investigações
levadas a efeito pela autoridade policial. A alegação
de que o deferimento da interceptação telefônica
teria violado o disposto no art. 2.0, 1 e li, da Lei
9.29611996 não se sustenta, uma vez que a decisão
da magistrada de primeiro grau refere-se â exis-
tência de indícios razoáveis de autoria e à impres-
cindibilidade do monitoramento telefônico. Ordem
denegada.
(HC 994901 SP - São Paulo, Relator Joaquim Barbosa,
DJe-020 Divulg 31-01-2.011 PublicOl1-02-2.011, grifo
meu.)

DIREITO PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS.


Documento recebido eletronicamente da origem

NULIDADE DO PROCESSO. ALEGAÇÃO DE PROVA


ILíCITA E DE VIOLAÇÃO AO DOMICILIO. INEXIS-
TÊNCIA. ESTADO DE FLAGRÁNCIA. CRIME PER-
MANENTE. 1. A questão controvertida consiste /na
possível existência de prova
ilícita ("denúncia7
(e-STJ Fl.1645)

HABEAS CORPUS N.0 1.0000.11ý023223-8/000

nima' e prova colhida sem observância da garantia


da inviolabilidade do domicilio), o que contaminaria
o processo que resultou na sua condenação. 2.
Legitimidade e validade do processo que se ori-
ginou de investigações baseadas, no primeiro
momento, de "denúncia anônima' dando conta de
possíveis práticas ilícitas relacionadas ao tráfico de
substância entorpecente. Entendeu-se não haver
flagrante forjado o resultante de diligências poli-
ciais após denúncia anônima sobre tráfico de
entorpecentes (HC 74.195, relator Min. Sidney
Sanches, 1 .a Turma, DJ 13.09.1996). 3. Elementos
indiciários acerca da prática de ilícito penal. Não
houve emprego ou utilização de provas obtidas por
meios ilícitos no âmbito do processo instaurado
contra o recorrente, não incidindo, na espécie, o
disposto no art. 5.0, inciso LVI, da Constituição
Federal. 4. Garantia da inviolabilidade do domicílio
é a regra, mas constitucionalmente excepcionada
quando houver flagrante delito, desastre, for o caso
de prestar socorro, ou, ainda, por determinação
judicial. 5. Outras questões levantadas nas razões
recursais envolvem o revolver de substrato fático-
probatório, o que se mostra inviável em sede de
habeas corpus. 6. Recurso ordinário em Habeas
Corpus desprovido.
(RHC 86082 1 RS, DJe-157 DIVULO 21-08-2.008
PUBLIC 22-08-2.008.)

In casu, conforme observado dos autos e infor-


mado pelo MM. Juiz de Direito da Vara de Execuções de Sabará, há
Documento recebido eletronicamente da origem

ind[cios do crime em apuração, que ensejaram o pedido das medidas


constritivas.
Assim informou o magistrado:

"F 5129
(e-STJ Fl.1646)

A TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

HAREAS CORPUS N.' 1.0000.11.023223-81000

"Após colheita de farta documentação, inclusive


processos judiciais de natureza penal movidos
contra os investigados e oitiva de informantes, uma
das quais ex-integrante do quadro societário da
empresa investigada, o Ministério Público pleiteou
em julho de 2010 (autos 50424-11-2010) a intercep-
tação das ligações telefônicas de Ideu de Oliveira
Magalhães e Renato Alves Silva, o que foi deferido.
Em 2810312.011, no curso das investigações, reque-
reu-se busca e apreensão (autos 21 57-112.011) e a
prisão temporária dos investigados (autos 2156-
312.011>, tendo sido deferidos ambos os pedidos.
Feitos tais apontamentos, observa-se que ao con-
trário do que sustentam os pacientes, as medidas
drásticas de interceptação telefônica, busca e apre-
ensão e prisão temporária não tiveram por funda-
mento denúncia anônima, mas farta documentação
indiciária da materialidade e autoria dos delitos de
adulteração de medicamentos, formação de cartel,
sonegação fiscal evasão de divisas e outros. Vale
repetir, o pleito ministerial não se funda em notícia
anônima é elemento apto a dar inicio a inves-
tigações criminais não servindo, apenas de sustert-
táculo a condenações" (fl. 1.362).

Portanto, refuto o argumento de irregularidade da


investigação e das medidas coercitivas por advirem supostamente de
noticia anônima.
Quanto ao poder investigatório criminal do
Documento recebido eletronicamente da origem

Ministério Público, tema assente na jurisprudência e doutrina pátrias, e,


contudo, controverso, entendo que necessário expor certas consi-
de rações.
A instrução preliminar a cargo do Ministério Público
tem sido adotada nos países europeus, tal como na Alemanha, Itália-

1.,12
(e-STJ Fl.1647)

GERAIS
6 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS
HABEAS CORPUS N.' 1.0000,11023223-8000

Portugal, como substitutivo ao modelo de instrução judicial, que prati-


camente outorgava a uma só pessoa as tarefas de investigar, acusar e
inclusive defender, o que culminou em eliminar a posição de impar-
cialidade do órgão judicial, dando ensejo à substituição da figura do
juiz-instrutor.
Como ensina Aury Lopes Júnior:

"No sistema de investigação preliminar a cargo do


MP, o promotor é o diretor da investigação, caben-
do-lhe receber diretamente a noticia-crime ou indi-
retamente (através da polícia) e investigar os fatos
nela constantes. Para isso poderá dispor e dirigir a
atividade da Policia Judiciária (dependência funci-
onal) ou praticarpor si mesmo os atos que julgue
necessários para formar sua convicção e decidir
entre formular a acusação ou solicitar o arquiva-
mento (visto como não-processo em sentido lato).

Em regra (e assim é aconselhável que seja>, o MP


dependerá de autorização judicial para realizar de-
terminadas medidas limitativas de direitos funda-
mentais, como as medidas cautelares, buscas do-
miciliares, intervenções telefônicas etc. Caberá ao
juiz da instrução (que não se confunde com a
anterior figura do juiz instrutor> decidir sobre essas
medidas. Esse juiz atua como um verdadeiro órgão
suprapartes, pois não investiga, senão que inter-
vém quando solicitado como um controlador da
legalidade (e não da conveniência) dos atos de
investigação levados a cabo pelo promotor [...j".
Documento recebido eletronicamente da origem

Segundo pondera o citado autor, as principais


criticas feitas ao modelo de investigação preliminar a cargo do
Ministério Público são as seguintes:

YL7/29
(e-STJ Fl.1648)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS©

HABEAS CORPUS N,' 1.0000.11ý023223-8/000

"'a) Historicamente, o modelo está relacionado ao


utilitarismo judicial e às reformas que, em momen-
tos de crise, buscavam o combate do crime a qual-
quer custo.

b) Levada ao extremo, a transferência de poderes


faz com que ojuiz instrutor deixe de ser o temivel, e
passe a sê-lo o promotor, gerando a não menos
criticável inquisição do próprio acusador.

c) O argumento da imparcialidade do MP é uma


frágil construção técnica facilmente criticável, pois
é contrário à lógica pretender a imparcialidade de
uma parte. Ademais, é absolutamente inconciliável
que uma mesma pessoa investigue e acuse e ainda
seja defendida sua imparcialidade.

d) Somente um Ministério Público institucional-


mente calcado na independência em relação ao
Poder Executivo e sem que exista hierarquia fun-
cional interna pode ser o titular da investigação
preliminar, sob pena de contaminar politicamente o
processo penal com os mandos e desmando do
governo. E isso nos leva a um questionamento: se
para atribuir a instrução preliminar ao MVP é neces-
sário dolá-lo das garantias de um autêntico juiz,
por que não encarregar logo um juiz instrutor?
e) Na prática, o promotor atua de forma parcial e
não vê mais que uma direção. Ao transformar a
investigação preliminar numa via de mão única,
está-se acentuando a desigualdade das futuras
partes com graves prejuizos para o sujeito passivo.
Documento recebido eletronicamente da origem

É convertê-la em uma simples e unilateral prepara-


ção da acusação, uma atividade minimalista e re-
provável, com inequívocos prejuízos para a defesa.

91819
(e-STJ Fl.1649)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS Õ"


HAB3EAS CORPLJS N.0 1.000011.023223-810QO

f) Por fim, o fato de atribuir normativamente a


investigação preliminar ao MP não significa que ela
será efetivamente levada a cabo pelo parquet
(eterna luta entre normatividade e efetividade) e o
sistema poderá se transformar de fato na ainda pior
investigação policial."
(In "Sistemas de Investigação Preliminar no Processo
Penaltý Ed. Lumen Juris, 2.a. ed., págs. 85/86 e 97.)

No tocante à legislação pátria, não se tem uma


regra específica atribuindo ao Ministério Público competência para
proceder à investigação criminal.
O art. 129, lii, da CF, elenca entre as funções
institucionais do órgão Ministerial, a de "promover o inquérito civil e a
ação civil pública, para a proteção do patrimônio público", sendo que o
item Vi deste mesmo artigo faculta-lhe a expedição de "notificações
nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando
informações e documentos para instrui-los, na forma da lei comple-
mentar respectiva", delineando o inciso VIII sua competência no
âmbito penal, limitada ao poder de "requisitar diligências investigatórias
e a instauração de inquérito policiar".
Assim, a instauração de inquéritos civis e outras
medidas administrativas, constitucionalmente autorizadas a serem inici-
adas pelo Parquet poderão embasar a interposição de ulterior ação
civil, mas não servem de fundamento à propositura de ação criminal.
O adt. 26, IV, da Lei Orgânica Nacional do
Ministério Público, por outro lado, autoriza ao órgão Ministerial somente
a requisição de diligéncias investigatórias e a instauração de inquérito
policial e militar. In verbis:
Documento recebido eletronicamente da origem

Art. 26. No exercicio de suas funções, o Ministério


Público poderá:
IV - requisitar diligências investigatôrias e a instau-
ração de inquérito policial e de
inquérito p c
(e-STJ Fl.1650)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

HABEAS CORPUS N.0 1.0000.l1.023223-8fOOO

militar, observado o disposto no art. 129, inciso VIII,


da Constituição Federal, podendo acompanhá-los.

O artigo 144 da Constituição Federal dispõe, por


sua vez, com clareza solar que, ás policias federal e civil, incumbem às
funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto
as militares. Confira-se:

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado,


direito e responsabilidade de todos, é exercida para
a preservação da ordem pública e da incolumidade
das pessoas e do patrimônio, através dos seguin-
tes órgãos:
- policia federal;

[E...]1
IV - polícias civis;
V - policias militares e corpos de bombeiros mili-
taras.
§ 1.0 A polícia federal, instituida por lei como órgão
permanente, organizado e mantido pela União e
estruturado em carreira, destina-se a: (Redacão
dada nela Emenda Constitucional n.O 19. de 1998>
apurar infrações penais contra a ordem política e
-
social ou em detrimento de bens, serviços e inte-
resses da União ou de suas entidades autárquicas
e empresas públicas, assim como outras infrações
cuja prática tenha repercussão interestadual ou
internacional e exija repressão uniforme, segundo
Documento recebido eletronicamente da origem

se dispuser em lei;
11- prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpe-
centes e drogas afins, o contrabando e o desca-
(e-STJ Fl.1651)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAI

HABEAS CORPUS N.Y 1.0000.11.023223-8/000

órgãos públicos nas respectivas áreas de com-


petência;
]V exercer, com exclusividade, as funções de
-

policia judiciária da União.

§ 4.0 - às polícias civis, dirigidas por delegados de


policia de carreira, incu~mbem, ressalvada a compe-
tência da União, as funcões de policia judiciária e a
apuração de infrações penais, exceto as militares.

Também o artigo 4.0, do Código de Processo


Penal, prevê que a polícia judiciária será exercida pelas autoridades
policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá porfim a
apuração das infrações penais e da sua autoria.
Destarte, nesta límpida linha de raciocínio emba-
sada por esclarecedores dispositivos constitucionais e legais, o
inquérito policial presidido pelo Promotor de Justiça, rotulado de proce-
dimento administrativo, exorbita ás suas funções, além de conflitar com
as normas de competência expressa nos dispositivos normativos acima
mencionados, segundo os quais a investigação criminal deve ficar a
cargo da autoridade policial competente.
Assim, tendo em vista que não há no ordenamento
juridico, norma expressa que atribua ao Parquet competência para
promover investigações preliminares na área criminal, como ocorre
com a autorização direcionada á autoridade policial, impõe-se o
reconhecimento da ilegitimidade do Ministério Público para deflagrar o
processo criminal com base em expedientes produzidos por referido
órgão no âmbito administrativo.
Nada impede, todavia, que o Ministério Público
Documento recebido eletronicamente da origem

requisite e acompanhe as diligências investigatórias realizadas pelas


autoridades policiais, o que é inclusive seu dever como promotor da
(e-STJ Fl.1652)

HABEAS CORPUS N.P 1.0000.11l023223-fOOO

A Suprema Corte de Justiça ja decidiu que o


Ministério Público não tem competência para produzir inquérito penal,
senão vejamos:
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MINISTÉRIO PÚBLI-
CO. INQUÉRITO ADMINISTRATIVO. INQUÉRITO PE-
NAL. LEGITIMIDADE. O Ministério Público (1) não
tem competência para promover inquérito adminis-
trativo em relação a conduta de servidores públi-
cos; (2) nem competência para produzir inquérito
penal sob o argumento de que tem possibilidade de
expedir notificações nos procedimentos adminis-
trativos; (3) pode propor ação penal sem o inqué-
rito policial, desde que disponha de elementos sufi-
cientes. Recurso não conhecido. (REX 233072, rei.
Min. Néri Da Silveira, rei, para o acórdão Min. Nelson
Joibim, publicado do CD, de 031 0512002.)
CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. MINIS-
TÉRIO PÚBLICO: ATRIBUIÇÕES. INQUÉRITO. RE-
QUISIÇÃO DE INVESTIGAÇÕES. CRIME DE DESO-
BEDIÊNCIA. C.F., art. 129, Viii; art. 144, §§ 1.0 e 4..1.
Inocorrência de ofensa ao art. 129, VIII, C.F., no fa-
to de a autoridade administrativa deixar de atender
requisição de membro do Ministério Público no
sentido da realização de investigações tendentes à
apuração de infrações penais, mesmo porque não
cabe ao membro do Ministério Público realizar,
diretamente, tais investigações, mas requisitá-las à
autoridade policial, competente para tal (C.F., art.
144, §§ 1.0 e 4.0). Ademais, a hipótese envolvia fatos
que estavam sendo investigados em instância
Documento recebido eletronicamente da origem

superior. li. R. E. não conhecido. (Rec. Ext. 205473-9


- publicado no DiU de 19/03199.)

Por fim, trago a bail[a elucidativo trecho do voto de»

F1 9
relatoria do Min. Nelson Jobim:
(e-STJ Fl.1653)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAlIS

HAREAS CORPUS N.- 1.0000.11.023223-5/000

"...o artigo 129, inciso VIIU, da Constituição Federal,


dotou o Ministério Público do poder de requisitar
diligências investigatárias e instauração de Inqué-
rito Policial, não o contemplando, todavia, com a
possibilidade de realizá-lo e presidi-lo, por si
mesmo. '[.. 2- Inquirição de Autoridade Adminis-
trativa. Ilegitimidade. A Constituição Federal dotou
o Ministério Público do poder de requisitar dili-
gências investigatârias e a instauração de inquérito
policial (C.F., art. 129, VIII). A norma constitucional
não contemplou a possibilidade do parquet realizar
e presidir inquérito policial. Não cabe, portanto, aos
seus membros inquirir diretamente pessoas sus-
peitas de autoria de crime. Mas requisitar diligência
nesse sentido à autoridade policial. Precedientes'.
(RHC 81326 - Rei. Min. NeJson Jobim - 06/05/2.003 -
DJ 01/0812.003 pp-00l142.)

Imperioso asseverar que reconheço a nova ten-


dência juriprudencial em admitir a investigação criminal promovida pelo
Paquet
Contudo, trata-se de recente modificação no posi-
cionamento pretoriano, que ainda não _restou pacificada, eis que exist
inclusive Acão Direta de Inconstitucionalidade em face da Lei Comple-
mentar 75193, cuio tema obfieto é ffustament o Poder inves-tipatá5rio
criminal do Ministério Público. (ADI 3309/04, autos conclusos ao relator
desde 16/04/2009 - fonte: http://www.stf.jus.br/portal/ processo/ver
ProcessoAndamento.asp?incidente=2245981 - acesso 04/07/2011l.>
E, não há como se olvidar da notária oscilação da
aplicação do Direito, haja vista o seu peculiar e necessário dinamismo,
Documento recebido eletronicamente da origem

especialmente no Brasil.
Ademais, conforme argumentação aqui tecida,
não compartilho da mencionada tendência, pois, ao meu ver, um tanto
(e-STJ Fl.1654)

~\TRIBUNAL DEJUSTIA DOESTADO DEMINAS GERAS 49


HABEAS CORPIJS N.0 1.OOO.1lý023223-8/OO

E nem se há falar em competência expressa legal


valida para condução do inquérito criminal, pois as diligência auto-
rizadas pela LC 75/93 a serem realizadas pelo membro do Ministério
Público são somente "Para o exercício de suas atribuições". ('Para o
exercício de suas atribuições o Ministério Público da União.poderá, nos
procedimentos de sua competência":, LOC 75/93, artigo 8.0, caput)
In casu, todavia, é de se notar que diversos atos
diligenciados pelo Ministério Público foram praticados dentro de sua
competência legal, judicialmente autorizados, conforme estabelecem
os parâmetros delimitadores do ordenamento jurídico pátrio, como pe-
dido de quebra de sigilo telefônico (fís. 1.104/1.136) e inclusive requi-
sição à policia civil de instauração de inquérito (fis. 1521153).
Contudo, o Parquet, em impeto de justiça atro-
pelou as funções dos demais órgãos tomando frente de funções inves-
tigatórias próprias da autoridade policial, como a tomada de depoi-
mentos e requisição de documentos, o que somente seria aceito no
âmbito investigatório civil.
Ora, a necessidade de promoção da justiça não
pode servir como argumento para o desrespeito das funções constitu-
cionalmente determinadas, tão essenciais à prosperidade do Estado
Democrático de Direito quanto à própria justiça, pois, torna-se inócua
sem os instrumentos necessários a ponderação dos poderes.
Lado outro, insta salientar que tal ação exorbitante
dos Promotores de Justiça, não impõe o trancamento do inquérito, eis
que sequer obsta-se o prosseguimento de ação penal cujas inves-
tigações tenham sido iniciadas por membro do Parquet, conforme
inclusive já me manifestei claramente:

"HABEAS CORPIJS - INVESTIGAÇÕES PROMO-


VIDAS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO - TRANCA-
Documento recebido eletronicamente da origem

MENTO DA AÇÃO PENAL. Embora não seja função


própria do Ministério Público promover investi-
gação criminal, tal fato não justifica o trancamento
(e-STJ Fl.1655)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

HABEAS CORPUS N.o 1ý0000.11023223-8/000

elementos probatórios, além daqueles produzidos


pelo órgão acusatório, servindo de subsídios à
denúncia.
Sendo o inquérito policial mero procedimento infor-
mativo e não ato dejurisdiçâo, os vícios nele acaso
existentes não afetam a ação penal a que deu
origem."
(TJMG, 3,2 C.Crim, Habeas Corpus n.O 1.0000.07.
449358-6/000, Rei. Des. Paulo Cézar Dias, DJ
2810312,007.)

O que não se admite é o oferecimento da denúncia


com base em peças investigatôrias produzidas unilateralmente pelo
órgão incumbido da acusação no procedimento judicial criminal, o que
não é o caso, pois além de existirem outros instrumentos de prova,
estamos falando da fase meramente investigatoria.
Contudo, não podem ser mantidas as investiga-
ções criminais sob presidência do Ministério Público, devendo ser
prosseguidas pela autoridade policial competente.
Abro aqui um parênteses. À primeira vista, pelas
incursões feitas no processo de ações existentes fora do Estado de
Minas Gerais, das manifestações relativamente a crimes contra a
ordem econômica, contra lavagem de dinheiro, entendi que este
procedimento seria do âmbito da Justiça Federal. Tive a intenção de
remetê-lo para aá, mas, posteriormente, pensei de forma diversa, ao
fundamento de que a investigação estava restrita ao Estado de Minas
Gerais e à Comarca de Sabará, na sede da própria empresa dos
Pacientes.
Deixei, então, essa circunstância para ser discu-
Documento recebido eletronicamente da origem

tida posteriormente, caso assim o queiram, até mesmo porque, se


assim procedesse, teria que cassar a liminar que foi concedida pelo
IDes. Antônio Carlos Cruvinel e tornar tudo sem efeito, remetendo o
processo para o seu devido lugar. Mas isso era um entendimento
preliminar, que acabei não seguindo. ~j
(e-STJ Fl.1656)

41S TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

HABEAS CORPLJS N.' 1ý0000.11.023223-8/000

Por fim, impende salientar que, ratificando a limi-


nar, entendo que os pacientes devem permanecer soltos no presente
momento, pois nos presentes autos não restou demonstrada a neces-
sidade da segregação cautelar.
Ante o exposto, concedo parcialmente a ordem
no HC 1.0000.11.023223-81000, para que seja remetidos os autos
que sie encontram lacrados na comarca de Sabrçá, à autoridade
policial competente para prosseguimento do inquérito, conforme
estabelecido pelo ordenamento juridico pátrio, com o autorizado acom-
panhamento do Ministério Público, e julgo prejfudicado o HC 1.0000.
11.023123-01000, pela perda
do objeto.d1

O SR. DES. ANTONIO ARMANDO DOS ANJOS:

Sr. Presidente.
Inicialmente, cumprimento o Dr. Antônio Pádova
Marchi Júnior pela brilhante sustentação oral feita da tribuna em prol
da Instituição que defende e representa.
Da mesma forma, cumprimento o ilustre Advo-
gado, Dr. Mauricio de Oliveira Campos Júnior, brilhante tribuno dessas
Minas Gerais, a quem rendo minhas homenagens pela sua inteligência.
Quanto à questão em julgamento, coerente com o
posicionamento que venho adotando nesta Cãmara, em que pese a
divergência doutrinária e jurisprudencial, tenho para mim que o
Ministério Público não tem competência para investigar e, ao mesmo
tempo, denunciar. De há muito tempo, venho sustentando esta posi-
ção, não obstante reconheça que há entendimento em contrário, mas o
meu pensamento, na oportunidade, é de que o Ministério Público não
tem competência para investigar e denunciar.
Documento recebido eletronicamente da origem

Em razão disso, Sr. Presidente, coloco-me intei-


ramente de acordo com o voto proferido por V. Ex.a., para ratificar a
liminar que concedeu a liberdade provisória aos Pacientes e, em rela-
ção ao trancamento, para determinar que se remetam s p
(e-STJ Fl.1657)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

HABEAS CORPUS N.o 1.0000.11.023223-8/000

guardadas à autoridade judiciária, para que prossiga nas investi-


gações.
Sempre entendemos, nesta Câmara, que, se há
crime, seja contra a ordem tributária, contra a ordem econômica, ou
qualquer tipo de infração, que se investigue , que se apure e que se
punam as condutas que exorbitam, mas continuo com o meu
entendimento de que o Ministério Público não tem atribuições para
investigar e, ao mesmo tempo, denunciar.
Com este adminiculo, coloco-me interm d
acordo com o voto de V. Ex,.

A SR.a DES.a MARIA LUIZA DE MARILAÇ:

Sr. Presidente.
Também cumprimento o Dr. Antônio Pádova
Marchi Júnior e o Dr. Maurício de Oliveira Campos Júnior, registrando
que ouvi, atentamente, as sustentações orais de ambos. Tive acesso
aos autos, rapidamente, pela manhã, fiz um voto escrito, cuja leitura
passo a fazer.

VOTO

Acompanho o eminente Relator em relação à


prejudicialidade do Habeas Corpus 1.0000.11.023123-0/000, vez que
foi relaxada a prisão temporária dos pacientes. Entretanto, dele ouso
divergir no que concerne ao poder investigatório do Ministério Público,
discussão enfrentada no Habeas Carpus 1.0000.11.023,123-81000,
Analisando a controvertida questão, com o devido
respeito àqueles que entendem de modo distinto, filio-me à corrente
Documento recebido eletronicamente da origem

dos que reconhecem a titularidade do Ministério Público para o exer-


cício de investigações preliminares.
Passo a esposar os argumentos
que justificam,
posicionamento.

FI. 17/29
(e-STJ Fl.1658)

/lTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS 2

HABEAS CORPUS N.0 1ý0000.11.023223-8/000

De inicio, reporto-me a mais simples forma de


interpretação, qual seja, a sintática, da qual é possível extrair o con-
teúdo e o sentido das próprias palavras empregadas pela Constituição
Federal.
O artigo 144, § 4.0, da CR, determina que às
policias civis, dirigidas por delegados de policia de carreira, incumbem,
ressalvada a competência da União, as funções de policia judiciária e a
apura ção de infrações penais, exceto as Militares.
Lado outro, este mesmo artigo, em seu § l.0, IV,
dispõe que a polícia federal, instituida portlei como órgão permanente,
organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se
a exercer, com exclusividade, as funções de policia judiciária da
Unaão.
Pois bem.
A expressão "com exclusividade" demonstra, por
si só, que não há, de forma inequívoca, privatividade na investigação
criminal por parte da Policia Estadual, já que, se tal atividade fosse, de
fato, exclusiva, teria o legislador constituinte se manifestado expressa-
mente, como o fez em relação à Policia Federal.
Sobre o tema, imprescindível acrescentar a eluci-
dativa conclusão alcançada por Eugénio Paceli de Oliveira:

Concluindo: não há regra de interp reta ção possível


que não recorra às exigências da lógica e da não-
contradição. Não há como conceber uma leitura
constitucional que permita a investigação ao MP dos
Estados e a vede ao Ministério Público Federal; am-
bos pertencem a uma mesma e vocacionada institui-
ção, a quem cumpre zelar pela defesa da ordem jurí-
dica (ad. 127, 0F). A palavra exclusivamente, que se
Documento recebido eletronicamente da origem

encontra no citado ad. 144, § 1.0 CF, nada mais faz


que esclarecer que, no âmbito das polícias da União
-Polícia Federal, Policia Rodoviária Federal, Policia
Militar e Polícia Rodoviária Federal-, caberia apena

FI. 18129
(e-STJ Fl.1659)

ÉTRIUA DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

HAREAS CORPUS N.O 1.0000.11.023223-81000

a primeira ( a Policia Federal) a função de Policia


Judiciária. Nada mais.

Na mesma linha, entendo que o artigo 129 da


Carta Magna, que prevê como funções institucionais do Ministério
Público, expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua
competência, requisitando informações e documentos para instrui-los,
bem como, requisitar diligências investigatérias e a instauração de
inquérito policial, corrobora tal posicionamento.
Ora, seria desarrazoado concluir que a quem se
atribui tarefas, não se possibilita os meios adequados para seu
cumprimento efetivo.
Como bem pontuou o Ministro Celso de Mello, em
importantissimo julgado, a teoria dos poderes implícitos decorrente de
doutrina que apresenta como precedente o célebre caso McCUL11LOCH
v. MAIRYLAND (1819), da Suprema Corte dos Estados Unidos, assim
estabelece:
...a outorga de competência expressa a determinado
órgão estatal importa em deferimento implícito, a
esse mesmo ôrgão, dos meios necessários â integral
realização dos fins que lhe foram atribuidos' (MIS
26.547-MC/DF, Rei. Min. Celso de Mello, j. 23.05.07,
DJ1 de 29.05.2.07>.

Dessa forma, é forçoso reconhecer, com base na


teoria dos poderes implícitos, a ampliação dos poderes investigatôrios
do Ministério Público e a desnecessidade de prévio inquérito policial.
Destaco, neste sentido, as seguintes decisões da
2 .a Turma do Supremo Tribunal Federal:
Documento recebido eletronicamente da origem

'1-ABEAS CORPUIS" - CRIME DE TORTURA A TRI-


BUIDO A POLICIAL CIVIL - POSSIBILIDADE DE 0
MINISTÉRIO PÚBLICO, FUNDADO
EM INVES
TIGAÇÁO POR ELEPRÓPRIO PROMOVIDA, FOR

FI. 19/29
(e-STJ Fl.1660)

BUNALDE JUSTIÇA DOESTADO DE MINSGERAIS


TRTR

HABEAS CORPUS N.0 1.0000.11.023223-81000

MULAR DENÚNCIA CONTRA REFERIDO AGENTE


POLICIAL - VALIDADE JURÍDICA DESSA ATI VIDA-
DE INVESTIGA TÓRIA - CONDENAÇÃO PENAL
IMPOSTA AO POLICIAL TORTURADOR - LEGITI-
MIDADE JURÍDICA DO PODER INVESTIGATÓRIO
DO MINISTÉRIO PÚBLICO - MONOPÓLIO CONS-
TITUCIONAL DA TITULARIDADEDA AÇÃO PENAL
PÚBLICA PELO "PARQUET' - TEORIA DOS PO-
DERES IMPLÍCITOS - CASO McCULLOCH v,
MARYLAND" (1819) - MAGISTÉRIO DA DOUTRINA
(RUI BARBOSA, JOI-N MARSHALL, JOÃO
BARBALHQ, MARCELLO CAETANO, CASTRO
NUNES, OSWALDO TRIGUEIRO, vg.) - OUTORGA,
AO MINISTÉRIO PUJBLICO, PELA PRÓPRIA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA, DO PODER DE
CONTROLE EXTERNO SOBRE A ATI VIDADE PO-
LICIAL - LIMITA ÇÔES DE ORDEM JURÍDICA AO
PODER INVESTIGA TÓRIO DO MINISTÉRIO PÚ-
BLICO - "HABEAS CORPUS" INDEFERIDO. NAS
HIPÓTESES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA, O IN-
QUÉRITO POLICIAL, QUE CONSTITUI UM DOS
DIVERSOS INSTRUMENTOS ESTATAIS DE IN-
VESTIGAÇÃO PENAL, TEM POR DESTINA TÁRIO
PREC(PUIO O MINISTÉRIO PÚBLICO. O inquérito
policial qualifica-se como procedimento adminis-
trativo, de caráter pré-processuat, ordinariamente
vocacionado a subsidiar, nos casos de infrações
perseguíveis mediante ação penal de iniciativa pú-
blca, a atuação persecutória do Ministério Público,
que é o verdade iro destinatário dos elementos que
Documento recebido eletronicamente da origem

compõem a "informatio delicti'. Precedentes. A


investigação penal, quando realizada por organismos
policiais, será sempre dirigida por autoridade policial,
a quem igualmente competirá exercer, com exclusi-
vidade, a presidência do respectivo
inquéritoY

FIA
(e-STJ Fl.1661)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS ("(ý

HAREAS CORPUS N.' 1,0000.1l023223-8000

outorga constitucional de funções de polícia judiciária


à instituição policial não impede nem exclui a possi-
bilidade de o Ministério Público, que é o 'dominus
litis'ý determinar a abertura de inquéritos policiais,
requisitar esclarecimentos e diligências investigatá-
rias, estar presente e acompanhar, junto a ôrgãos e
agentes policiais, quaisquer atos de investigação
penal mesmo aqueles sob regime de sigilo, sem
prejuízo de outras medidas que lhe pareçam indis-
pensáveis à formação da sua "opinio delicWi, sendo-
lhe vedado, no entanto, assumir a presidência do
inquérito policial, que traduz atribuição privativa da
autoridade policial. Preoedentes. A ACUSAÇÃO
PENAL, PARA SER FORMULADA, NÃO DEPENDE,
NECESSARIAMENTE, DE PRÉ VIA INSTAURAÇÃO
DE INQUÉRITO POLICIAL. Ainda que inexista qual-
quer investigação penal promovida pela Policia
Judiciária, o Ministério Público, mesmo assim, pode
fazer instaurar, validamen te, a pertinente 'persecutio
criminis in judicio'1 desde que disponha, para tanto,
de elementos mínimos de informação, fundados em
base empírica idônea, que o habilitem a deduzir,
perante juizes e Tribunais, a acusação penal. Dou-
trina. Precedentes. A QUESTÃO DA CLÃÁUSULA
CONSTITUCIONAL DE EXCLUSIVIDADE E A
ATIVIDADE INVESTIGA TÓRIA. A cláusula de
exclusividade inscrita no art. 144, § 1.ý inciso IV/, da
Constituição da República - que não inibe a ativi-
dade de investigação criminal do Ministério Público -
tem por única finalidade conferir á Polícia Federal,
dentre os diversos organismos policiais que com-
Documento recebido eletronicamente da origem

põem o aparato repressivo da União Federal (polícia


federal, polícia rodoviária federal e polícia ferro viária
federal), primazia investigatória na apuração dos
crimes previstos no próprio texto da Lei Fundamental

F1
(e-STJ Fl.1662)

~~TRIBUNAL DEJUSTIÇA DOESTADO DE MINSGERAIS

HAREAS CORPUS WP 1.0000,11.023223-8fO0O

ou, ainda, em tratados ou convenções internacionais.


- Incumbe, à Policia Civil dos Estados-membros e do
Distrito Federal, ressalvada a competência da União
Federal e excetuada a apuração dos crimes mili-
tares, a função de proceder à investigação dos ilí-
citos penais (crimes e contravenções), sem prejuízo
do poder investigatório de que dispõe, como ativi-
dade subsidiária, o Ministério Público. - Função de
policia judiciária e função de investigação penal: uma
distinção conceitual relevante, que também justifica o
reconhecimento, ao Ministério Público, do poder
investigatório em matéria penal. Doutrina. É PLENA
A LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO PODER
DE INVESTIGAR DO MINISTÉRIO PÚBLICO, POIS
OS ORGANISMOS POLICIAIS (EMBORA DE-
TENTORES DA FUNÇÃO DE POLICIA JUDICIÁRIA)
NÃO TÊM, NO SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO,
O MONOPÓLIO DA COMPETÊNCIA PENAL
INVESTIGA TÓRIA. 0 poder de investigar compõe,
em sede penal, o complexo de funções institucionais
do Ministério Público, que dispõe, na condição de
"dominus litis" e, também, como expressão de sua
competência para exercer o controle externo da
atividade policial, da atribuição de fazer instaurar,
ainda que em caráter subsidiário, mas por autoridade
própria e sob sua direção, procedimentos de inves-
tigação penal destinados a viabilizar a obtenção de
dados informativos, de subsídios probatórios e de
elementos de convicção que lhe permitam formar a
'opinio delicti' em ordem a propiciar eventual ajuiza-
mento da ação penal de iniciativa pública. Doutrina.
Documento recebido eletronicamente da origem

Precedentes. CONTROLE JURISDICIONAL DA ATI-


VIDADE INVESTIGA TÓRIA DOS MEMBROS DO MI-
NISTÉRIO PÚBLICO: OPONIBILIDADE, A ESTES
(e-STJ Fl.1663)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIP

HABEAS CORPUS N.' 1.0000.11.023223-81O0O

VIDUA IS, QUANDO EXERCIDO, PELO 'PARQUET'l


O PODER DE INVES TIGA ÇÃO PENAL. O Ministério
Público, sem prejuízo da fiscalização intra--orgânica
e daquela desempenhada pelo Conselho Nacional
do Ministério Público, está permanentemente sujeito
ao controle jurisdicional dos atos que pratique no
âmbito das investiga ções penais que promova "ex
propria auctoritate'1 não podendo, dentre outras limi-
tações de ordem jurídica, desrespeitar o direito do
investigado ao silêncio ("noe teneturse detegere'q,
nem lhe ordenar a condução coercitiva, nem cons-
trangê-lo a produzir prova contra si próprio, nem lhe
recusar o conhecimento das razões motivadoras do
procedimento investigatório, nem submetê-lo a me-
didas sujeitas à reserva constitucional de jurisdição,
nem impedi-lo de fazer-se acompanhar de Advo-
gado, nem impor, a este, indevidas restrições ao
regular desempenho de suas prerrogativas profis-
sionais (Lei 8,906194, an. 7.0 v.g.)}. 0 procedimento
investigatório instaurado pelo Ministério Público
deverá conter todas as peças, termos de declara-
ções ou depoimentos, laudos periciais e demais
subsídios probatórios coligidos no curso da inves-
tigação, não podendo, o 'Parqueti, sonegar sele-
cionar ou deixar de juntar, aos autos, quaisquer des-
ses elementos de informação, cujo conteúdo, por
referir-se ao objeto da apuração penal, deve ser tor-
nado acessível tanto à pessoa sob investigação
quanto ao seu Advogado. 0 regime de sigilo, sempre
excepcional, eventualmente prevalecente no con-
texto de investigação penal promovida pelo MP, não
Documento recebido eletronicamente da origem

se revelará oponível ao investigado e ao Advogado


por este constituído, que terão direito de acesso -
considerado o princípio da comunhão das provas - a
todos os elementos de informação que já tenha
(e-STJ Fl.1664)

AlTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

HASEAS CORPUS NP 1.0000.11.023223-81000

sido forma/mente incorporados aos autos do respec-


tivo procedimento investigatório.
(H4C 89.837 /DF, Rei. Ministro Celso de Mello, 2.ý
Turma, julgado em 20.10.2009, DJ 2011.2009).

Relativamente á possibilidade de o Ministério Público


promover procedimento administrativo de cunho
investigatório, asseverou-se, não obstante a inexis-
tência de um posicionamento do Pleno do STF a
esse respeito, ser perfeitamente possível que o
órgão ministerial promova a colheita de determi-
nados elementos de prova que demonstrem a exis-
tência da autoria e da materialidade de determinado
delito. Entendeu-se que tal conduta não significaria
retirar da Policia Judiciária as atribuições previstas
constitucionalmente, mas apenas harmonizar as nor-
mas constitucionais (artigos 129 e 144), de modo a
compatibilizá-las para permitir não apenas a correta
e regular apuração dos fatos, mas também a for-
mação da «opinio delicti0 Ressaltou-se que o ar.
129, 1,da CF atribui ao 'parquet" a privatividade na
promoção da ação penal pública, bem como, a seu
turno o Código de Processo Penal estabelece que o
inquérito policial é dispensável, já que o Ministério
Público pode embasar seu pedido em peças de infor-
mação que concretizem justa causa para a denúncia.
Aduziu-se que é princí(pio basilar da hermenêutica
constitucional o dos poderes implícitos, segundo
o qual, quando a Constituição Federal concede os
fins, dá os meios. Destarte, se a atividade-fim -
promo-ção da ação penal pública - foi outorgada ao
Documento recebido eletronicamente da origem

'parquet" em foro de privatividade, é inconcebível


não lhe oportunizar a colheita de prova para tanto, já
que o CPP autoriza que peças de informação
em-/
basem a denúncia. Considerou-se, aindaq1 ý

FI. 241.29
(e-STJ Fl.1665)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS 2

HABEAS CORPUS N.O 1.0000i 1023223-8/000

presente caso, os delitos descritos na denúncia


teriam sido praticados por polioiais, o que, também,
justificaria a colheita dos depoimentos das vitimas
pelo Ministério Público. Observou-se, outrossim, que,
pelo que consta dos autos, a denúncia também fora
lastreada em documentos (termos circunstanciados)
e em depoimentos prestados por ocasião das
audiências preliminares realizadas no juizado espe-
cial criminal de origem. Por fim, concluiu-se não ha-
ver óbice legal para que o mesmo membro do
'parquet" que tenha tomado conhecimento de fatos
em tese delituosos - ainda que por meio de oitiva de
testemunhas - ofereça denúncia em relação a eles.
(HC 91661/PE, rei. Min. EIIen Gracie, 10.3.2009.)

As lições de Fernando Capez reforçam essa


corrente:
0 art. 129, 1,CF confere-lhe a tarefa de promover
privativamente a ação penal pública, â qual se des-
tina a prova produzida no curso das investigações.
Ora, quem pode o mais, que é oferecer a própria
acusação formal em juizo, decerto que pode o
menos, que é obter os dados indiciários que subsi-
diem tal propositura. Ademais, esse mesmo art. 129,
em seu inciso VI, atribui-lhe o poder constitucional de
expedir notificações nos procedimentos admiistra-
tivos de sua competência, bem como o de requisitar
(determinar) informações e documentos para instrui-
los, na forma da lei. Tal procedimento administrativo,
pela natureza das requisições e notifica ções, tem
Documento recebido eletronicamente da origem

cunho indiscutivelmente investigatá rio e é presidido


pelo Ministério Público
(Curso de Processo Penal, 15 .a ed., Saraiva, 2.008,
p. 107 108.)
F .25/í
(e-STJ Fl.1666)

TRTIBUNAL DEJUSTIÇA DOESTADO DE M INSGERAIS

HABEAS CORPUS NP 1.0000.t023223-81000

Esse tem sido o posicionamento reiterado do


Superior Tribunal de Justiça, reconhecido, inclusive, na Súmula de rn. 0
234, que assim prescreve:

Participação de membro do Ministério Público na


fase investigatória criminal não acarreta o seu
impedimento ou suspeição para o oferecimento da
denúncia.

É de se ressaltar o julgamento do STJ, que teve


como Relatora a ilustre Ministra Jane Silva:

EMBARGOS DECLARA TÔRIOS EM RECURSO OR-


DINÁRIO EM HABEAS CORFUS - CONHECI-
MENTO COMO AGRAVO REGIMENTAL - PODER
INVESTIGA TÓRIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO -(S

POSSIBILIDADE - TRANCAMENTO DA AÇÃO PE-


NAL - IMPOSSIBILIDADE - DENÚNCIA QUE DES-
CREVE CRIME EM TESE E CONTÉM OS ELE-
MENTOS INDISPENSÁVEIS A AMPLA DEFESA -
PROVA DA EXISTÊNCIA DO CRIME E INDÍCIOS
DA AUTORIA - RECURSO CONHECIDO COMO
AGRAVO REGIMENTAL, SENDO-LHE NEGADO
PROVIMENTO, RESSALVANDO-SE POSICIONA-
MENTO CONTRÁRIO DA RELATORA. 1-Na esteira
dos precedentes desta Corte, o Ministério Público,
como titular da ação penal pública, pode realizar
investigações preliminares ao oferecimento da de-
núncia. 2 - Sendo peça meramente informativa, o in-
quérito policial não é pressuposto indispensável à
formação da opinio delicti do parquet. 3 - O tranca-
Documento recebido eletronicamente da origem

monto de uma ação penal exige que a ausência de


comprovação da existência do crime, dos indícios de
autoria, de justa causa, bem como a atipicidade ida
conduta ou a existência de uma causa extintiva

F Z12
(e-STJ Fl.1667)

ATRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS 2

HABEAS CORPUS N.Y 1.0000.11.023223-81000

puniblildade esteja evidente, independente de apro-


fundamento na prova dos autos, situação incompa-
tive/ com a estreita via do hábeas corpus 4- Recurso
conhecido como agravo regimental, sendo-lhe nega-
do provimento, ressalvando-se posicionamento con-
trário da Relatora, quanto ao poder investigatório do
Ministério Público. (EDel no RHC 18.768/PE, Rei.
Ministra Jane Silva (Desembargadora convocada do
TJMG), Sexta Turma, julg. 11.Q03.2008, DJ 31.03.
2008 p. 1.)

Soma-se a isso, o fato de ser o inquérito policial


peça meramente informativa, não constituindo, portanto, pressuposto
indispensável à formação da opinio delicti.
Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar sali-
entam:
O inquérito não é imprescindível para a propositura
da ação penal Se os elementos que venham lastrear
a inicial acusatória forem colhidos de outra forma,
não se exige a instauração do inquérito. Tanto é
verdade que a denúncia ou a queixa podem ter por
base, como já ressaltado, inquéritos não policiais,
dispensando-se a atuação da polícia judiciária.

Tal permissivo não significa retirar da Policia Judi-


ciária as atribuições constitucionalmente previstas, mas tão-somente
compatibilizar as normas constitucionais dos artigos 129 e 144, para
que seja possivel a ampla e regular apuração dos fatos, bem como a
formação da opinio delicti pelo Ministério Público.
O que se pretende não é a presidência do inquérito.
policiar pelo Parquet, já que tal atribuição pertence, indiscutivelmente, àã
Documento recebido eletronicamente da origem

autoridade policial, mas apenas a possibilidade de o ôrgão ministerial


promover, por força própria, a colheita de elementos probatórios
reputados indispensáveis, aptos a subsidiar a propositura de futura
ação penal.
(e-STJ Fl.1668)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

HAREAS CORPUS N.P 1.OOOOll023223-8OOO

Anoto, por oportuno, que eventuais discussões


acerca de possíveis excessos revelam-se prescindíveis, já que, sempre
viável a responsabilização civil e criminal de membros do Ministério
Público que excedam suas atribuições.
O verdadeiro escopo do Estado Democrático de,
Direito é a preservação dos direitos e garantias fundamentais, que
pode sim ser compatível com o reconhecimento do poder investigatório.
do Ministério Público, desde que a investigação penal, que legitima
eventual condenação, seja reproduzida em juízo, sob o crivo do,
contraditôrio e associada a elementos probantes outros. Tal solução
afasta qualquer manifestação acerca de afronta ao exercício do pleno
direito de defesa.
Convém destacar, por fim, que está prevista a
retomada da presente discussão pelo Plenário do Supremo Tribunal
Federal. A controvérsia será decidida pela Corte no julgamento do
Habeas Corpus n. 84,548, que voltará á pauta com voto-vista do
Ministro Cezar Peluzo.
Pelo exposto, julgo prejudicado o habeas corpus
de n.' 1.0000.11.023123-01000 e, no que pertine à 2.a impetração,
entendendo que o Ministério Público pode realizar investigações preli-
minares, denego a ordem.
E como voto.

O SR. PRESIDENTE (DES. PAULO CÉZAR DIAS>:

Des.0 Maria Luiza de Marilac, V. Ex.a. também está


determinando a remessa para apuração da forma que fiz?
Documento recebido eletronicamente da origem

A SR.3 DES.a MARIA LUIZA DE MARILAC:

Não, Sr. Presidente, entendo que o Parquet pode


continuar realizando investigações.
(e-STJ Fl.1669)

6,53

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

HABEAS GORPLIS N.0 1.0000.11,023223-81000

O SR. PRESIDENTE (DiES. PAULO CÉZAR DIAS>:

Digo isto porque os autos foram lacrados na


Comarca de Sabará e determinei que assim fossem remetidos nova-
mente à autoridade para apuração. V. Ex.8 está determinando que
sejam remetidos ao Ministério Público?

A SR.a DES.a MARIA LUIZA DE MARILAC:

Sr. Presidente.
Não entrei nesse particular; estou vencida no
entendimento de que o Ministério Público pode continuar as investi-
gações, na compreensão até de que o órgão ministerial não está
pretendendo a presidência de inquérito policial, já que essa atribuição A6
pertence mesmo à autoridade policial, mas apenas a possibilidade de
promover, por força própria, a colheita de elementos probatórios repu-
tados indispensáveis, aptos a subsidiar a propositura de futura ação
penal.

SÚúM U LA: "HABEAS CORPUIS" CONCEDIDO EM PARTE,


NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR, VENCD
PARCIALMENTE A VOGAL, PREJUDICADO
PEDIDO FORMULADO EM CONEXAO.
Documento recebido eletronicamente da origem

Fi. 29/29
(e-STJ Fl.1670)

APoder Judiciário do Estado de Minas Gerais

CARTORIO DA 3V CAMARA CRIMINAL -


UNIDADE GOIÁS

CERTIDÃO

CERTIFICO que, para ciência das partes, foi


disponibilizado(a) no "Diário Judiciário Eletrônico"
de 09/0912011 e publicado(a) em 12/09/2011, a
súmula do dispositivo do acórdão retro. O referido
é verdade e dou fé. Belo Horizonte, 12 de
setembro de 2011. Eu, Jussara Maria da Silva,
Escriváo(ã) do Cartório da 38 Câmara Criminal -
Unidade Ga subscrevi,
Documento recebido eletronicamente da origem

Documento emitido pelo SIAP IUIiII:


~lfhIUiI
101910505019711 590200007901217

Çód. 10ý25.091-2
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1671)
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1672)
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1673)
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1674)
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1675)
(e-STJ Fl.1676)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

FEITOS W.s. 1.0000. 11.023223-8/000 e 10000. 11.0231 23-f00


EMBARGANTE MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTA DO DE MINAS GERAIS
EMBARGADOS ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÃES
RENATO ALVES DA SILVA

COMARCA :SABARÁbTM

ocos III LI II111I III


Egregio Tribunal de Justiça,
Colenda Câmara,
Eminente Desembargador Relator,

O Ministério Público do Estado de Minas Gerais, por seu


Procurador de Justiça, com fulcro nos artigos 619 e 620 do Código de Processo Penal,
vem, à presença de Vossa Excelência, opor os presentes EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO, pelos fundamentos a Seguir.

O acórdão proferido por essa Ya Câmara Criminal.


concedendo a parcialmente a ordem de habeas coipus, vencida parcialmente a
Desembargadora Voga!, entendendo que o Ministério Público não tem competência para
promover investigações preliminares na área criminal ou para presidir tais investigações,
determinando a remessa do feito à autoridade policial para prosseguimento do inquérito
policial (fi. 1585).
Documento recebido eletronicamente da origem

Contudo, em assim procedendo, o julgado incorreu em,


obscuridade, pois, embora a Constituição da República (artigo 144), bem comno o CPP
(artigo 40, parágrafo único), estabeleçam que cabe à polícia a apuração de infrações
penais, em momento algum dispõem que tal competência é exclusiva, e tampouco que a
instauração de inquérito policial é obrigatória para o oferecimento da denúncia.
(e-STJ Fl.1677)

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL. DE JUSTIÇA

É o que se conclui da leitura superficial dos artigos 39, § 50,


e 46, § P, do CPP:

Art. 39.[..
1 ...1
§ 50. 0 órgão do Ministério Público dispensará o inquérito.
se com a representação forem oferecidos elementos que o
habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a
denúncia no prazo de quinze dias.
(grifo nosso)

Art. 46.[.]
§ lO. Quando o Ministério Público dispensar o inquérito
policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á
da data em que tiver recebido as peças de informações ou a
representação
(grifo nosso)

Ademais, o artigo 47, também do CPP, ao afirmnar que "se o


Ministério Público julgar necessários maiores esclarecimentos e documentos
complementares ou novos elementos de convicção, deverá requisitá-los, diretamenie, de
quaisquer autoridades ou funcionários que devam ou possam.fornecé-los", demonstra
indubitavelmente que os elementos de convicção que irão sustentar a denúncia nem
sempre são oriundos de provas coletadas através de investigação policial.

Guilherme de Souza Nucci, ao discorrer acerca do artigo 27


do aludido diploma legal, que trata da delatio criminis ao Ministério Público por
Documento recebido eletronicamente da origem

qualquer pessoa do povo, afirma que:

"A providência do representante do Ministério Público deve


ser, como regra, requisitar a instauraçãio de inquérito policial,
embora possa ele denunciar diretamente, se a pessoa enviou
documentos suficientes para instruir a ação penal".

2
(e-STJ Fl.1678)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

(Código de processo penal comentado. 72 ed. - São Paulo:


RT,2100^.p. 130)

Já ao tratar do artigo 39, § 50, tom a a se manifestar o autor


no sentido de que "o inquérito não é peça Jhnidamental para instruir uma denúncia,
desde que outros elementos existam, legalmente produzidos, para dar-justa causa a
açãopenar,(p. 147).

No mesmo sentido são as lições de Fernando da Costa


Tourinho Filho:

"Não se discute que, se estiverem presentes todos os


elementos indispensáveis à propositura da ação penal, o
Promotor de Justiça oferecerá a denúncia, ficando, assim,
dispensado o inquérito. Aliás, se a finalidade do inquérito é
fornecer elementos ao titular da ação penal para que possa
promovê-la, evidente que se esses elementos chegarem às
mãos do Ministério Público, será ele dispensado, como se
0 , todos do CPP".
constata pelos arts. 12, 39, § 50, e 46, § 1J
(Código de processo penal comentado, volume 1. 9' ed. -
São Paulo: Saraiva, 2005, p. 118)

O artigo 16 da Lei ni.' 8.137/1990 apresenta similar


disposição, a demonstrar a prescindibilidade da participação da autoridade policiý al
apuração de um delito quando o órgão mninisterial já dispõe de elementos suficientes
para o oferecimento da denúncia:

"Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do


Documento recebido eletronicamente da origem

Ministério Público nos crimes descritos nesta lei,


fornecendo-lhe por escrito informações sobre o fato e a
autoria, bem como indicando o tempo, o lugar e os elementos -
de convicção"--

O Ministro Joaquim Barbosa, no Inquérito 1.968-2IDF, ao


tratar do tema em questão, salienta que:
3
(e-STJ Fl.1679)

MINISTERTO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

"[..]a elucidação da autoria e da mnaterialidade das condutas


criminosas não se esgota no âmbito do inquérito policial;
comno todos sabemos. Em inúmeros dormínios em que a ação
fiscalizadora do Estado se faz presente, o ilícito penal vem à
tona exatamente no bojo de apurações efetivadas com
propósitos cí veis. Nesses casos, como em muitos outros, o
desencadeamiento da ação punitiva do Estado prescinde da
atuação da polícia. Daí a irrazoabilidade da tese que postula
o condicionamento, o aprisionamento da atuação do
Ministério Público à atuação da polícia, o que, sabidamente,
não condiz com a orientação da Constituição de 1988". (in
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e
execução penal. 3Y ed. - São Paulo: RT, 2007. p. 133)

O Ministro -Celso de Mello, no l-C 89.837, apresenta


posicionamento semelhante ao esposado acima:

"[.]Cabe salientar, finalmente, sem prejuízo do exame


oportuno da questão pertinente à legitimidade eonstitucionaJ
do poder investigatório do Ministério Público, que o
"Parquet' não depende, para efeito de instauração da
persecução venal em juízo, da preexistência de inquérito,
policial, eis que lhe assiste a faculdade de apoiar a
formulação da 'opiniá delicti' em elementos de informação
constantes de outras pecas existentes 'aliunde". [... ]O
inqluérito policial não constitui pressuposto legitimador da
válida instauração, pelo Ministério Público, da 'persecutio.
cnimrnis ln judicio'. Precedentes. O Ministério Público. por
isso mesmo, para oferecer denúncia, não depende de prévias
investi2acões penais promovidas pela Policia Judiciária.
desde que disponha, para tanto, de elementos mínimos de
informação, fundados em base empírica idônea, sob pena de
Documento recebido eletronicamente da origem

o desempenho da gravíssima prerrogativa de acusar


transformar-se em exercício irresponsável de poder;
convertendo, o processo penal, em inaceitável instrumento de
arbítrio estatal. Precedentes." (RTJ 192/222-223, Rei. Min.
CELSO DE MELLO)[.]"
(STF - MC no HC 89.8371DF - Relator: Min. Celso de
Mello - D1. 20.10.2006, pp-O0094 - grifo nosso)

4
(e-STJ Fl.1680)

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

Por oportuno, vale destacar que esse Pretório Excelso, em


recentíssimo julgado, e à unanimidade, delineou que a Polícia Judiciária não detém o
monopólio da investigação de ilícitos penais:

"E M E N T A: "HABEAS CORPUS" - CRIME DE


TORTURA ATRIBUIDO A POLICIAL CIVIL -
POSSIBILIDADE DE O MINISTÉRIO PÚBLICO,
FUNDADO EM INVESTIGAÇÃO POR ELE PRÓPRIO
PROMOVIDA, FORMULAR DENUNCIA CONTRA
REFERIDO AGENTE POLICIAL - VALIDADE
JURÍDICA DESSA ATIVIDADE INVESTIGATÓRIA -
CONDENAÇÃO PENAL IMPOSTA AO POLICIAL
TORTURADOR - LEGITIMIDADE JURÍDICA DO
PODER INVESTIGATÓRIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
- MONOPÓLIO CONSTITUCIONAL, DA
TITULARIDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA PELO
'PARQUET" - TEORIA DOS PODERES IMPLÍCITOS -
CASO 'McCULLOCH v. MARYLAND" (1819) -
MAGISTÉRIO DA DOUTRINA (RUI BARBOSA, JO1-N
MARSHALL1, JOÃO BARBALHO, MARCELLO
CAETANO, CASTRO NUNES, OSWALDO TRIGUEIRO,
v.g.) - OUTORGA, AO MINISTÉRIO PÚBLICO, PELA
PRÓPRIA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA, DO-
PODER DE CONTROLE EXTERNO SOBRE A
ATIVIDADE POLICIAL - LIMITAÇÕES DE ORDEM
JURÍDICA AO PODER INVESTIGATÓSRIO DO
MINISTÉRIO PÚBLICO - "HABEAS CORPUS"
INDEFERIDO. NAS HIPÓTESES DE AÇÃO PENAL
PUBLICA, O INQUÉRITO POLICIAL, QUE CONSTITUI
UM DOS DIVERSOS INSTRUMENTOS ESTATAIS DE-
INVESTIGAÇÃO PENAL, TEM POR DESTINATÁRIO
PRECÍPUJO O MINISTERIO PÚBLICO. - O inquérito0
policial qualifica-se como procedimento administrativo, de
caráter pré-processual, ordinariamente vocacionado a
Documento recebido eletronicamente da origem

subsidiar, nos casos de infrações perseguíveis mediante ação


penal de iniciativa pública, a atuação persecutória do,
Ministério Público, que é o verdadeiro destinatário dos
elementos que compõem a 'iniformatio delicti'. Precedentes.
- A investigação penal, quando realizada por organismnos
policiais, será sempre dirigida por autoridade policial, a
quem igualmente competirá exercer, com exclusividado, :.
presidência do respectivo inquérito. - A outorga
5
(e-STJ Fl.1681)

MINISTERIO PUBELICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURLADORJA - GERAL DE JUSTIÇA

constitucional de funções de polícia judiciária à instituição


policial não impede nem exclui a possibilidade de o
Ministério Público, que é o 'domninus litis", determinar a
abertura de inquéritos policiais, requisitar esclarecimentos e
diligências investigatórias, estar presente e acompanhar,
junto a órgãos e agentes policiais, quaisquer atos de
investigação penal, mesmo aqueles sob regime de sigilo, sem
prejuízo de outras medidas que lhe pareçam indispensáveis à
formação da sua "opinio delicti', sendo-lhe vedado, no
entanto, assuii a presidência do inquérito policial, que
traduz atribuição privativa da autoridade policial.
Precedentes. A ACUSAÇÃO PENAL, PARA SER
FORMULADA, NÃO DEPENDE, NECESSARIAMENTE,
DE PRÉVIA INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO
POLICIAL. - Ainda que inexista qualquer investigação penal
promovida pela Polícia Judiciária, o Ministério Público,
mesmo assim, pode fazer instaurar, validamnente, a pertinente
11persecutio criminis in judicio", desde que disponha, para
tanto, de elementos mínimos de informação, fundados em
base empírica idônea, que o habilitem a deduzir, perante
juizes e Tribunais, a acusação penal. Doutrina. Precedentes.
A QUESTÃO DA CLÁUSULA CONSITIUCIONAL DE
EXCLUSIVIDADE E A ATIVIDADE INVESTIGATÓRIA.
- A cláusula de exclusividade inscrita no ad. 144, § 10, inciso
IV, da Constituição da República - que não inibe a atividade
de investigação criminal do Ministério Público - tem por
única finalidade conferir à Polícia Federal, dentre os diversos
organismos policiais que compõem o aparato repressivo da
União Federal (polícia federal, polícia rodoviária federal e
polícia ferroviária federal), primazia investigatória _na,
apuração dos crimes previstos no próprio texto da Lei
Fundamental ou, ainda, em tratados ou convenções
internacionais. - Incumbe, à Policia Civil dos Estados-
membros e do Distrito Federal, ressalvada a competência da
União Federal e excetuada a apuração dos crimes militares, a.
Documento recebido eletronicamente da origem

função de proceder à investigação dos ilícitos penais (crimes,


e contravenções), semo prejuízo do poder investigatório de
que dispõe, como atividade subsidiária, o Ministério Público.
- Função de polícia judiciária e função de investigação penal:
uma distinção conceitual relevante, que também justifica o
reconhecimento, ao Ministério Público, do poder
investigatório em matéria penal. Doutrina. E PLENA A
LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO PODER DE
6
(e-STJ Fl.1682)

MINISTÉRIO PUB3LICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

INVESTIGAR DO MINISTÉRIO PÚBLICO, 1P01S OS


ORGANISMOS POLICIAIS (EMBORA DETENTORES
DA FUNÇÃO DE POLtCIA JUDICIÁRIA) NÃO TÊM, NO
SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO, O MONOPÓLIO DA
COMPETÊNCIA PENAL INVESTIGATÓRIA. [ ... ]"
(STF - HC 89.837/DE - Relator: Min. Celso de Mello - Die.
20.11.2009)

No mesmo sentido já decidiu o 5hJ:

RESP. CRIMINAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA DE


CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. OFENSA AO
ART. 168-A, § 2.0 DO CP. INCIDÊNCIA DA SÚ)MULA
N.- 211 /STJ. NÃO CONHECIMENTO.
DESNECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PRÉVIA PARA A
QUITAÇÃO DO DÉBITO. INEXISTÊNCIA DE
INQUÉRITO POLICIAL. PEÇA FACULTATIVA, DE
CARÁTER INFORMATIVO. NULIDADE DO PROCESSO
NÃO CONFIGURADA. EXISTÊNCIA DE AÇÃO DE
CONSIGNAÇAO EM PAGAMENTO, EM QUE SE
DISCUTEM JUROS E MULTAS. VIOLAÇAO AO ART.
93 DO CPP NÃO VERIFICADA. NÃO INDICAÇÃO, DA
EXISTÊNCIA DE PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO. CONDIÇÃO DE
PROCEDIBILIDADE QUE NAO SE VERIFICA.
RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E
DESPROVIDO.

111. A atuação do Órgão Ministerial não é vinculada à


existência do procedimento investigatório policial
meramente informativo - o qual pode ser eventualmente
dispensado para a proposição da ação penal.

VI. Recurso parcialmente conhecido e desprovido.


Documento recebido eletronicamente da origem

(STJ -REsp 7'56.719/RS - Relator: Mi. Oulsou Dipp - DL.


06.03.2006, p. 435)

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME.


IMPUTADO A AUTORIDADE POLICIAL. INQUÉRITO
POLICIAL. AUSÊNCIA. NOTITIA CRIMINIS DIRIGIDA
AO MINISTÉRIO PÚBLICO. DECLARAÇOES
PRESTADAS AO MINISTÉRIO PUBLICO. BUSCA E
7
(e-STJ Fl.1683)

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

APREENSÃO REQUERIDA PELO MP. DENÚ)NCIA.


POSSIBILIDADE.
O inquérito policial não constitui peça essencial e
imprescindível à propositura da ação penal.
Qualquer do povo pode provocar a ação do Ministério
Público, fornecendo-lhe elementos indicativos de
materialidade, autoria e de convicção, para fins de
instauração da ação penal pública (arts. 27 e 46, § 1', do
CPP).
Pode o Ministério Público oferecer denúncia com base em
peças de informações fornecidas, inclusive, por qualquer
pessoa do povo, uma vez convencido da existência dos,
requisitos necessários à propositura da ação (arts. 5, § 30, 27,
41 e 46, § l', do CPP).
Negado provimento ao Recurso.
(STJ - RHC 16.154/PR - Relator: Min. Paulo Medina - D.
27.08.2007, p5? 289)

Ademais, a alegação de que "...0 Parquel, em ímpeto de


justiça atropelou as funções dos demnais órgãos tomando fr-ente de funções
investigatórias próprias da autoridade policial, como a tornada de depoimentos e
requisição de documentos, o que somente seria aceito no âmbito investigatório civil"
(fi. 63) não pode prevalecer, pois a atividade investigatória do Parquet é subsidiária,
amuando em situações peculiares.

É de fundamental importância que se atente para a imperiosa


necessidade de se somarem esforços no sentido de assegurar à sociedade brasileira o
direito constitucional à segurança pública, o que só poderá ser alcançado com a
cooperação entre todas as instituições envolvidas - inclusive o Ministério Público -, de
ã criminalidade,
Documento recebido eletronicamente da origem

alguma forma, na repressão não constituindo exclusividade da Polícia a


apuração de ilícitos penais.

Assim, sendo legitima a atuação do .Parquet na fase de


investigação, não se sustenta a justificativa utilizada pela Câmara Julgadora para

8
(e-STJ Fl.1684)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

invalidar a produção de provas colhidas pelo órgão ministerial nos presentes autos ou
verificados durante sua presidência das apurações.

Revela-se obscuro também o seguinte fundamento do


julgado:

"E nem se há falar em competência expressa legal válida


para condução do inquérito criminal, pois as diligência (sie)
autorizadas pela LC n.' 75/93 a serem realizadas pelo,
membro do Ministério Público são somente "Para o exercício
dc suas atribuições'( "Para o exercício de suas atribuições o
Ministério Público da União poderá, nos procedimentos de
sua competêncêia":, LC 75/93, artigo 8.0, caput)

Ora, conforme o reconhecido pelo próprio acórdão-


embargado à fi. 1583, foi requisitada pelo MP? à polícia civil a instauração de referido
procedimento. As diligências procedidas pelo Parquet foram produzidas estritamente
dentro dos limites da legalidade, com vistas ao exercício legítimo de promoção da ação -

penal, nos exatos termos de sua competência prevista no inciso V, do artigo 6', da Lei n0
75/93.

Desta feita, impõe-se o acolhimento dos presentes embargos,


para que o Tribunal, aclarando a obscuridade, apresente os fundamentos que afastam a
aplicação dos dispositivos legais supramencionados - que demonstram, inclusive, a
prescindibil]idade do inquérito policial para propositura da ação penal -, sob pena de
violação a eles, bem como ao art. 8', 1, 11, IV, V e VI], da LC 75/93 ao artigo 26, incisos
Documento recebido eletronicamente da origem

1, alíneas "a" "b" e "c", 11 e IV, da Lei n.' 8.625/1993, e aos artigos 129, ineisos 1, 11,
VI, e VIII e lX, e 144, ambos da Constituição da República, e, em consequência,
indefira a restituição dos documentos apreendidos.

9
(e-STJ Fl.1685)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

Cabe salientar, ainda, que, caso rejeitados estes embargos,


sem qualquer manifestação sobre a matéria nele levantada, ocorrerá violação ao art. 619
do CPP.

limpõe-se também, para efeitos de atendimento à orientação


sumulada pela Corte Suprema, emprestar aos presentes Embargos de Declaração sua
função de instrumento materializador do prequestionamento explícito.

À luz do exposto, requeiro sejam conhecidos e acolhidos os


presentes embargos, para que sejam aclaradas as obscuridades, e, ainda, para que sejam
debatidas todas as questões nele versadas para fins de pre esèýtionamento.

Belo Horizonte, 27 de setem o de 201 1.

José Alberto Sant' de Souza


Procurador Justiça
Procuradoria de Justiça de Recursos s éciais e Extraordinários Criminais
Documento recebido eletronicamente da origem

wam
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1686)
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1687)
(e-STJ Fl.1688)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAISiI•t

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CRIMINAL N- 10000.11.023223-8/002

11111
11111111
li1i II1li1 MII II1iii liii1iilii1 I
EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - FINS DE PREQUESTIONAMENTO -
ART. 619 DO CPP - VICIO INEXISTENTE . EMBARGOS CONHECIDOS E
REJEITADOS.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CRIMINAL N0 1.0000.11l023223-81002 em HO
1.0000.11.023223-8/000 -COMARCA DE SABARÁ - EMBARGANTE(S): MINISTÉRIO
PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS - EMBARGADO(A)(S): RENATO ALVES
DA SILVA, ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHAES - RELATOR: EXMO. SR. DES.
PAULO CÉZAR DIAS

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 3 a


CÂMARA CRIMINAL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas
Gerais, sob a Presidência do Desembargador ANTÔNIO CARLOS
CRULVINEL, incorporando neste o relatório de fis., na conformidade da
ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, á unanimidade de
votos, EM NÃO ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.

Belo Horizonte, 04 de outubro de 2011.

DES.PAL2 CZA IAS - Relator


Documento recebido eletronicamente da origem

FI. 114
(e-STJ Fl.1689)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ÇRIMINAL N- 1.0000,11.023223-8/002

NOTAS TAQUIGRÁFICAS

O SR. DES. PAULO CÉZAR DIAS:

VOTO

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo


i. representante do Ministério Público de Minas Gerais em face do
acórdão de fis. 62/70, que concedeu parcialmente a ordem no Habeas
Comaus n0 1.0000.10.023223-81000, para que fossem remetidos os
autos que se encontravam lacrados na comarca de Sabará, à
autoridade policial competente para prosseguimento do inquérito,
conforme estabelecido pelo ordenamento juridico pátrio, com o
autorizado acompanhamento do Ministério Público e julgou prejudicado
o HC n0 1.0000.11.023123-01000, pela perda do objeto.
O embargante, visando o prequestionamento da
matéria, alega, em suma, violação de preceitos constitucionais e
infraconstitucionais, aduzindo que o acórdão incorreu em obscuridade
por entender que o Ministério Público não possui legitimidade para
promover certos atos de investigação privativos da autoridade policial.
É o relatório.
Conforme leciona Júlio Fabíbrini Mirabete:

".os embargos declaratórios da decisão não


têm, evidentemente, o caráter de infringentes
do julgado, não modificando, corrigindo,
reduzindo ou ampliando a sentença. Apenas
os explicitam, o elucidam, ou fazem claros seu
alcance e seus fundamentos, corrigindo erros
materiais e contradições ou suprindo suas
lacunas. Assim, o pedido dever ser rejeitado
Documento recebido eletronicamente da origem

quando não há incidência de ponto obscuro,


duvidoso, contraditório ou omi sso, ou qu;K
se pretende a modificação substans' da

V F11 2/4
(e-STJ Fl.1690)

TTRIBUNALDE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINASGERAIS~

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CRIMINAL N0 1.0000.11.023223-8/002

sentença (In "Código de Processo Penal


[... ]."
interpretado", Atlas, 11ia ed., 2003, p. 977),

Adotando há muito esta mesma linha de


entendimento o egrégio Superior Tribunal de Justiça:

"Os embargos deciaratórios não devem


revestir-se de caráter infringente. Sua
ocorrência, apenas, excepcionalmente, em
casos de erro material ou de manifesta
nulidade do acórdão, não justifica, sob pena
de grave disfunção jurídico- processual dessa
modalidade de recurso, a sua inadequada
utilização com o propósito de questionar a
correção dlojulgado e obter, em conseqüência,
a desconstituição do ato decisório." (Rei. Min,
Waldemar Zveiter - 3 a Embargos de Declaração
no Agravo Regimental n. 97/0001299-9 Turma -
Julg. 17/11/198 - Pubi. 01/02/99 - p. 184),

Pois bem, in caso, verifica-se que não há no


acórdão embargado contradição, ambiguidade, obscuridade, omissão
ou ainda falta de clareza ou lacuna a ser superada, ficando clara a
intenção do embargante de rediscutir o que já fora tratado quando do
julgamento do Habeas Corpos.
Ora, os embargos de declaração não se prestam
para reexame da causa, mas, tão-somente, para sanar eventual error
in procedendo, o que não ocorre no caso sub examine. Se há erro "in
judicando", cabe á parte irresignada aviar o recurso especial ou
extraordinário no afã de ver prevalecer seu ponto de vista, sendo
impossível que o tema já decidido seja rediscutido em sede de
Documento recebido eletronicamente da origem

embargos declaratórios.
Diante do exposto, rejeito os presentes embargos.

/4"
(e-STJ Fl.1691)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CRIMINAL N- 1.0000.11.023223-8/002

Votaram de acordo com o(a) Relator(a) os Desembargador(es):


ANTÔNIO ARMANDO DOS ANJOS e MARIA LUIZA DE MARILAC.

SÚ UA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO AO


ACOLHIDOS.
Documento recebido eletronicamente da origem

FI. 414
(e-STJ Fl.1692)

APoder Judiciário do Estado de Minas Gerais

CARTÓRIO DA 3a CÂMARA CRIMINAL -


UNIDADE GOIÁS

CERTIDÃO

CERTIFICO que, para ciência das partes, foi


disponibilizado(a) no "Diário Judiciário Eletrônico'
de 19/01/2012 e publicado(a) em 20/01/2012, a
súmula do dispositivo do acórdão retro. O referido
é verdade e dou fé. Belo Horizonte, 20 de janeiro
de 2012. Eu, Jussara Maria da Silva, Escrivão(â)
do Cartório da 3a Câmara Criminal - Unidade
Goiás, subscrevi,
Documento recebido eletronicamente da origem

Documento emitido pelo SIAp :


1059108500076225102000077012 17

CÓdi 10.25.097-2
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1693)
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1694)
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1695)
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1696)
(e-STJ Fl.1697)
vA
io de Gamios Pires (inmernoa) Til 4 0
Mauríio, de Oliveira Campos júrior,4
Carlos Fredeiciio Veboso Pires
Rodrigo Otávio Soares Pacheco
Lieonardo Gtimrarães aliles
José Bernardo de Aý,ssJio
juliano de Oliveira Brasileiro
Diogo Jabur Pimenta

Excelentíssimo Senhor Desembargador Terceiro Vice-Presidente do


Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.

Ref.: Habeas Corpus n0' 1.0000. 1.023.223-81000.


(3' CACRI) tTJMG,/ rci
00018737201110

ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHAES e RENATO ALVES


DA SILVA, por intermédio de seus advogados e impetrantes do habeas
corpus em epígrafe JOSÉ BERNARDO DE ASSIS JIJNIOR,
MAURÍCIO DE OLIVEIRA CAMPOS JÚNIOR e CARLOS
FREDERICO VELOSO PIRES, vêm perante V. Exa., respeitosamente,
interpor o presente RECURSO ORDINÁRIO, com fulcro no art. 105, 11
a, da CP/88 c art. 30 da Lei no 8.038/90, em face do acórdão proferido
pela Colenda Terceira Câmara Criminal publicado no último dia 12 de
outubro, pugnando pela reforma da decisão no tocante aos efeitos do
reconhecimento da ilegitimidade do Parquei realizar investigações
diretamente (trecho da ordem postulada que restou denegada pelo
TJMG).
Documento recebido eletronicamente da origem

Advog o eI etra - OB/ O 496

Advogado e Impetrante - OAB/MG 48.866

Fore (31) 275-3616 1Fx(31) 3275 3034


~-w~ww.c om.r---------
(e-STJ Fl.1698)

Colendo Superior Tribunal de Justiça,


Egrégia Turma,
Doutos Ministros,

HISTÓRICO E RESUMO DA IMPETRAÇÃO

Foi a partir de uma denúncia anônima que o Ministério


Público Estadual se investiu da condição de "autoridade policial" e
iniciou aquilo que denominou de "Procedimento Investigatório
Criminal", verdadeiro procedimento inquisitorial, discricionário e
unilateral, tendo por objeto apurar a prática de "crimes fiscais
perpetrados pela empresa HIPOLABOR FARMACÊUTICA LEDA e por
seu sócio, ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHAES" (fi. 03 da petição
inicial da medida cautelar de prisão temporária).

Após a realização de algumas diligências, segundo expressa o


Orgão Acusatório, "evidenciam-se indícios da existência de quadrilha
organizada, de forma estável e permanente, para a prática de diversos
crimes de extrema gravidade, dentre eles crimes de sonegação fiscal,
fraude à licitação, formação de cartel e comércio de medicamento
adulterado" (fl. 03 da petição inicial da medida cautelar de prisão
temporária).
Documento recebido eletronicamente da origem

E foi com base nesses elementos indiciários colhidos


unilateralmente em procedimento interno que em 24 de março do
corrente ano o Parquet apresentou ao Juízo da Comarca de Sabará/MG
requerimentos de prisão temporária de ambos os pacientes (autos de n0
0021563-78.2011.8.13.0567) e de busca e apreensão em domicílios
(e-STJ Fl.1699)

empresariais e residenciais c/c medida cautelar de seqflestro de bens


imóveis (autos no 0021571-55.2011.8.13.0567), constrições que foram
deferidas pelo MM. Juiz da 2' Vara da Comarca de Sabará/MO no dia l'
de abril de 2011.

Em 12 de abril de 2011 foi deflagrada a operação denominada


"Panacéia", ocasião em que foram cumpridos os mandados de prisão
temporária expedidos em desfavor de Ildeu de Oliveira Magalhães e
Renato Alves da Silva e realizadas as demais medidas cautelares.

Estarrecidos com o absurdo que representava o estardalhaço da


operação aliado ao descompromisso com a melhor investigação, os
recorrentes impetraram duas ordens de habeas corpus perante o TIMO
nas quais buscavam o reconhecimento da impossibilidade de decretação
de prisão temporária quando inexistente inquérito policial (HC de n0
1.0000.11l.023.123-0/000) e o reconhecimento da impossibilidade do MP
realizar investigações criminais diretamente (HIC de n0
1.0000.1 11.023.223-8/000).

Após ter sido deferida a medida liminar pleiteada (fls.


1247/1250) para sobrestar as investigações ministeriais até ulterior
decisão, inclusive com a expedição dos respectivos alvarás de soltura,
os autos foram levados a julgamento na sessão do dia 05 de julho de
2011, ocasião em que o primeiro habeas corpus (aviado contra a prisão
Documento recebido eletronicamente da origem

temporária) foi considerado prejudicado por perda de objeto e o


segundo (contra a investigação ministerial) teve a ordem parcialmente
concedida em acórdão que restou assim ementado:

"EMENTA: 'H-ABEAS COJPUS' - PRISÃO


TEMPORÁRIA - PRAZO EXPIRADO E PACIENTES
(e-STJ Fl.1700)

EM LIBERDADE - PERDA DO OBJETO -

INVESTIGAÇÕES PROMOVIDAS PELO


MINISTÉRIO PÚBLICO E ORIGINADAS DE
DENÚNCIA APÓCRIFA - TRANCAMENTO DO
PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO - ORDEM
PARCIALMENTE CONCEDIDA. O simples impulso
de investigação dado por denúncia anônima não é
vedado, sendo, inclusive, uma garantia ao exercício
da democracia, a possibilidade de o cidadão
comunicar-se com os setores públicos responsáveis a
fima de informar a ocorrência de ilícitos sem ser
identificado, na mais legítima participação popular
na proteçào da res pública. Contudo, claramente
defesa a imposição de medidas restritivas ou
formações cognitivas somente com base em anúncios
apócrifos, o que não é o caso. O inquérito policial
presidido pelo Promotor de Justiça, rotulado de
procedimento administrativo, exorbita às suas
funções, além de conflitar com as normas de
competência expressa nos dispositivos normativos
acima mencionados, segundo os quais a investigação
criminal deve ficar a cargo da autoridade policia!
competente. O que não se admite, contudo, é o
oferecimento da denúncia com base em peças
investigatórias
Documento recebido eletronicamente da origem

produzidas unilateralmente pelo


órgão incubido da acusação no procedimento judicial
criminal, o que não é o caso, pois além de existirem
outros instrumentos de prova, estamos falando da
fase meramente inyestigatória. Contudo, não podem
ser mantidas as investigações criminais sob
(e-STJ Fl.1701)

presidência do Ministério Público, devendo ser


prosseguidas pela autoridade policial competente"
(fi. 1570).

CABIMENTO DO.PRESENTE RECURSO

Veja-se o que dispõe a Constituição Federal:

"Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de


Justiça:
li- jfluliar. em recurso ordinário:
a) habeas carpus decididos em única ou última
instância pelos Tribunais Regionais Federais ou
Pelos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando a decisão for denegatória"
(Grifos nossos).

Pois bem, em que pese o Tribunal de Justiça do Estado de


Minas Gerais ter reconhecido no presente caso a impossibilidade do
Ministério Público investigar (sendo esta uma atribuição exclusiva da
Polícia Judiciária), é certo que a ordem foi apenas parcialmiente
concedida, restando indeferido o pedido de reconhecimento de ilicitude
Documento recebido eletronicamente da origem

das provas colhidas pelo Parquet (tendo sido expressamente


determinada a continuidade das investigações, agora sob a presidência
da autoridade policial).

Assim consta do voto do Eminente Relator:


(e-STJ Fl.1702)

"Lado outro, insta salientar que tal ação exorbitante


dos Promotores de Justiça, nâo impõe o trancamento
do inquérito, eis que sequer obsta-se o
prosseguimento da ação penal cujas investigações
tenham sido iniciadas por membro do Parquel,
conforme inclusive já me manifestei claramente.

Contudo, não podem ser mantidas as investigações


criminais sob presidência do Ministério Público,
devendo ser prossegZuidas nela autoridade policial
competente.

[... .J
Ante o exposto, concedo parcialmiente a ordem no
HC 1.0000.11.023223-8/000, para que sejam
remetidos os autos que se encontram lacrados na
comarca de Sabará, à autoridade policial
competente para prosseguimento do inquérito,
conforme estabelecido pelo ordenamento jurídico
pátrio, com o autorizado acompanhamento do
Ministério Público, e julgo prejudicado o HC
1.0000.11.023123-0/000, pela perda de objeto" (fls.
1583/1585 - Grifos nossos).

Nesses termos, é justamente contra a parte da impetração que


Documento recebido eletronicamente da origem

foi denegada pelo TJMG que os impetrantes manejam o presente


RECURSO ORDINÁRIO em habeas corpus, nos termos do que dispõe
o art. 105, 11, a, da CF/88 c/e arts. 30 e ss. da Lei 8.038/90.
(e-STJ Fl.1703)

NECESSIDADE DE REFORMA DA DECISÃO

Se por um lado agiu com o costumeiro acerto o Tribunal de


Justiça do Estado de Minas Gerais, por outro lado equivocou-se na
definição dos efeitos de sua deeisão, data maxina venta.

Veja-se, de início, o pedido de mérito formulado por ocasião


da impetração original:

"ao final, a concessão definitiva da presente ORDEM

DE HAREAS CORPUS, a fim de que seja


reconhecida a ilicitude de todos os elementos de
Prova colacionados aos autos do procedimento
investigatório e das medidas cautelares que dele se
originaram, seja porque (a) a origem da
investigação teve como base denúncia apócrifa, seja
porque (5) a investigzacâo foi realizada
unilateralmente Pelo Ministério Público em
Procedimento investigatório estranho à Lei e à
Constituição Federal, com o que deverá ser
determinada a restituição de todos documentos e/ou
objetos apreendidos, bem como a liberação de todos
os imóveis seqüestrados" (fl. 20 - Grifos nossos).
Documento recebido eletronicamente da origem

Com efeito, o Pleito dos impetrantes nos autos do HC no


1.0000.11.023.223-8/000 era único, qual seja, de reconhecimento da
ilicitude de todas as Provas que compunham o "Procedimento
Investigatório de no 0567.09.000.046-2". Os motivos para tal conclusão,
contudo, eram dois: (10) o procedimento havia sido instaurado a partir
(e-STJ Fl.1704)

de denúncia anônima e (20) a investigação era conduzida


unilateralmente pelo Parquel.

Pois bem, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, por


intermédio de sua Terceira Câmara Criminal, acatou o segundo deles,
reconhecendo expressamente que "o inquérito policial presidido pelo
Promotor de Justiça, rotulado de procedimento administrativo, exorbita
às suas funções, além de conflitar com as normas de competência
expressa nos dispositivos acima mencionados, segundo os quais a
investigação criminal deve ficar a cargo da autoridade policial
competente" (fi. 1580).

E concluiu:

"Assim, tendo em vista que não há no ordenamento


jurídico, norma expressa que atribua ao Parquet
competência para promover investigações
preliminares na área criminal, como ocorre com a
autorização direcionada à autoridade policial, impõe-
se o reconhecimento da ilegitimidade do Ministério
Público para deflagrar o processo criminal com base
em expedientes produzidos por referido órgão no
âmbito administrativo" (fl. 1580).
Documento recebido eletronicamente da origem

Concedida a ordem neste particular, portanto, impunha-se,


como medida de lógica e conseqUência imediata, o reconhecimento da
ilicitude de todos os elementos de informação colhidos pelo Parquer no
referido expediente (os quais, por este motivo, deveriam ser
desentranhados dos autos).
(e-STJ Fl.1705)

O TJMG, contudo, por intermédio do voto do Eminente


Relator, Desembargador Paulo Cézar Dias, mesmo tendo reconhecido a
ilegitimidade do MP, achou por bem determinar a continuação das
investigações pela autoridade policial competente, a quem determinou
fossem remetidos os autos do procedimento investigatório ("para
prosseguimento do inquérito" - fi. 1585), no que foi acompanhado pelo
Eminente 10 Vogal, Desembargador Antônio Armando dos Anjos.

Salvo melhor juízo, é legal e legítima a possibilidade das


investigações serem realizadas pela autoridade competente (leia-se
Delegado de Polícia Civil). Contudo, não há que se falar em
aproveitamento das provas até então arregimentadas, porquanto todas
ilícitas, devendo por isso mesmo ser determinado seu desentranhamento
dos autos.

A esse respeito, veja-se o art. 50 da Constituição Federal de


1988:

"LVI- são inadmissíveis, no processo, as provas


obtidas por meios ilícitos".

Fernando da Costa Tourinho Filho leciona:

"Se a Lei Maior assim o diz, evidente não mais


Documento recebido eletronicamente da origem

poderem ser admitidas aquelas provas obtidas em


afronta à dignidade humana e àqueles direitos
fundamentais de que trata a Lei das Leis. Assim, as
buscas domiciliares ao arrepio da lei, as confissões e
depoimentos conseguidos através de processos
condenáveis, as cartas interceptadas ou obtidas por
(e-STJ Fl.1706)

meios criminosos, a gravação de conversa ou de


cenas fotográficas ou cinematográficas das. pessoas
em seu círculo privado, ou em circunstâncias íntimas
ou que lhes sejam particularmente penosas, a audição
de conversações privadas por interferência mecânica
de telefones, microgravadores ou quaisquer
aparelhos, tudo é coisa do passado. Temos, agora, o
nosso right of privacy" (in Prcesso penal. 22 ed. São
Paulo: Saraiva, 2000, p. 233).

No rol exemplificativo acima transcrito, portanto, tomando-se


o acórdão recorrido como referência, também deveriam estar incluídas
as provas "colhidas diretamente pelo MP em investigação unilateral".
Não foi, porém, o que se sucedeu...

Destarte, o presente recurso não se insurge - e nem poderia -

contra a premissa maior da decisão do Tribunal mineiro (ilegitimidade


do Órgão Ministerial realizar investigações diretamente), mas sim
contra os efeitos dessa conclusão, que haveria de ser o reconhecimento
explícito da iinnrestabilidade das provas colhidas diretamente pelo
MI? (todas ilícitas), na esteira do que dispõe a Constituição Federal,
com sua inexorável retirada dos autos.

Este Superior Tribunal de Justiça, por suas duas Turmas afetas


Documento recebido eletronicamente da origem

à área penal ( 5fl e 6%, já teve a oportunidade de afirmar a necessidade


do desentranhamento das provas consideradas ilícitas:

"RECURSO EM HABEAS CORPUS - CRIMES


CONTRA A ORDEM TRIBUTÂRIA, CONTRA O
SISTEMA FINANCEIRO E DE LAVAGEM DE
(e-STJ Fl.1707)

oca,

DINHEIRO -INVESTIGAÇÕES PRELIMINARES -

QUEBRA DO SIGILO FISCAL DO INVESTIGADO


- INEXISTÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL -

REQUISIÇÃO FEITA PELO MEMBRO DO


MINISTÉRIO PUBLICO DIRETAMENTE A
RECEITA FEDERAL - ILICITUDE DA PROVA -

DESENTRANHAMENTO DOS AUTOS -

TRANCAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL -

IMPOSSIBILIDADE - EXISTÊNCIA DE OUTROS


ELEMENTOS DE CONVICÇÃO NÃO
CONTAMINADOS PELA PROVA ILÍCITA - DADO
PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO.
I. A requisição de cópias das declarações de imposto
de renda do investigado, feita de forma unilateral
pelo Ministério Público, se constitui em inequívoca
quebra de seu sigilo fiscal, situação diversa daquela
em que a autoridade fazendária, no exercício de suas
atribuições, remete cópias de documentos ao parquet
para a averiguação de possível ilícito penal.
11. A quebra do sigilo fiscal do investigado deve
preceder da competente autorização judicial, pois
atenta diretamente contra os direitos e garantias
constitucionais da intimidade e da vida privada dos
cidadãos.
III. As prerrogativas institucionais dos membros do
Documento recebido eletronicamente da origem

Ministério Público, no exercício de suas funções, não


compreendem a possibilidade de requisição de
documentos fiscais sigilosos diretamente junto ao
Fisco.
(e-STJ Fl.1708)

IV. Devem ser desentranhadas dos autos as provas


obtidas por meio ilícito, bem como as que delas
decorreram.
V. Havendo outros elementos de convicção não
afetados pela prova ilíeita, o inquérito policial deve
permanecer intacto, sendo impossível seu
trancamento.
VI. Dado parcial provimento ao recurso" (RHC
20.239/PR - 5' Turma - Rei. Des. conv. Jane Silva -

DJ 22.10.07, p. 3 12 - Grifos nossos).

"Advogado. Sigilo profissional/segredo (violação).


Conversa privada entre advogado e cliente
(gravação/impossibilidade). Prova
(ilicitude/contaminação do todo). Exclusão dos autos
(caso). Expressões injuriosas (emprego). Risca
(determinação).
1. São invioláveis a intimidade, a vida privada e o
sigilo das comunicações. Há normas constitucionais
e normas infraconstitucionais que regem esses
direitos.
2. Conversa pessoal e reservada entre advogado e
cliente tem toda a proteção da lei, porquanto, entre
outras reconhecidas garantias do advogado, está a
Documento recebido eletronicamente da origem

inviolabilidade de suas comunicações.


3. Como estão proibidas de depor as pessoas que, em
razão de profissão, devem guardar segredo, é
inviolável a comunicação entre advogado e cliente.
(e-STJ Fl.1709)

4. Se ha antinomia entre valor da liberdade e valor


da segurança, a antinomia é solucionada a favor da
liberdade.
5. E, portanto, ilícita a prova oriunda de conversa
entre o advogado e o seu cliente, 0 processo nao
admite as provas obtidas nor meios ilícitos.
6. Na hipótese, conquanto tenha a paciente
concordado em conceder a entrevista ao programa de
televisão, a conversa que haveria de ser reservada
entre ela e um de seus advogados foi captada
clandestinamente. Por revelar manifesta infração
ética o ato de gravação - em razão de ser a
comunicação entre a pessoa e seu defensor
resguardada pelo sigilo funcional -, não poderia a
fita ser juntada aos autos da ação penal. Afinal, a
ilicitude presente em parte daquele registro alcança
todo o conteúdo da fita, ainda que se admita tratar-se
de entrevista voluntariamente gravada - a fruta ruim
arruina o cesto.
7. A todos é assegurado, independentemente da
natureza do crime, processo legítimo e legal, enfim,
processo justo.
8. E defeso às partes e aos seus advogados empregar
expressões injuriosas e, de igual forma, ao
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representante do Ministério Público.


9. Havendo o emprego de expressões injuriosas, cabe
à autoridade judiciária mandar riscá-las.
10. Habeas corpus deferido vara que seja
desentranhada dos autos a prova ilícita.
(e-STJ Fl.1710)

11. Mandado expedido no sentido de que sejam


riscadas as expressões injuriosas" (HC n0 59.967/SP
- 6& Turma - Rei. Min Nilson Naves - DJ 25.09.06,
p. 316 - Grifos nossos).

E finalmente do STF se tem:

"EMENTA: PROVA. Criminal. Documentos. Papéis


confidenciais pertencentes a 'empresa. Cópias
obtidas, sem autorização nem conhecimento desta,
por ex-empregado. Juntada em autos de inquérito
policial. Providência deferida em mandado de
segurança impetrado por representante do Ministério
Público. Inadmissibilidade. Prova ilícita. Ofensa ao
art. 50, LVI, da CF, e aos arts. 152, § único, 153 e
154 do CP. Desentranhamento determinado. IR
concedido Para esse fim. Não se admite, sob
nenhum pretexto ou fundamento, a juntada, em autos
de inquérito policial ou de ação penal, de cópias ou
originais de documentos confidenciais de empresa,
obtidos, sem autorização nem conhecimento desta,
por ex-empregado, ainda que autorizada aquela por
sentença em mandado de segurança impetrado por
representante do Ministério Público" (HC no
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82.862/SP - 20 Turma - Rei. Min. Cezar Peluso -

file 13.06.08 - Grifos nossos).

Nessa esteira, são ilícitas as provas obtidas diretamnente pelo


Órgão Acusatório em todas as suas diligências, bem como também o são
(por derivação) todas aquelas que diretamente decorreram dessa
(e-STJ Fl.1711)

malfadada investigação, ainda que tenham vindo aos autos por força de
decisão judicial (como aquelas decorrentes das medidas cautelares de
busca e apreensão e de interceptação telefônica, por exemplo),
justamente por força da famigerada doutrina do "fruit o/lthe poisonous
tre e".

Segundo esta teoria, adotada nos EUA desde 1914, são


repudiados, por serem "constitucionalmente inadmissíveis, os meios
probatórios, que, não obstante produzidos, validamente, em momento
ulterior, acham-se afetados, no entanto, pelo vício (gravíssimo) da
ilicitude originária, que a eles se transmite, contaminando-os, por
efeito de repercussão causal" (H1C no 93.050/RJ - Trecho da ementa),
razão pela qual não há que se falar em encaminhamento dos autos da
investigação do MIP à Autoridade Policial, mas sim no
desentranhamento de toda e qualquer prova ilícita que, no presente
caso, por vicio na origem, se estende à integralidade dos elementos de
informação.

CONCLUSÃO

Ex positis, pede-se o PROVIMENTO deste recurso, a fim de


reformar o acórdão hostilizado no sentido de reconhecer e declarar a
ilicitude de todas as provas arregimentadas
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unilateralmente pelo
Parquet (a quem não foi dado poderes investigatórios, conforme restou
consignado pelo próprio decisum), sob pena de manifesta contrariedade
ao que dispõe o art. 50, LVI da CF/88 (matéria que desde já se
PREOUESTIONA), não havendo que se determinar o encaminhamento
da investigação até então realizada à autoridade policial para
(e-STJ Fl.1712)

prosseguimento porquanto todos os elementos de prova já foram


contaminados pela ilegal investigaçào ministerial.

P. deferimento.

Belo Hor izontet 18 de set embro de 2 011 .7

OsEB 0OD A 1 UIR


Adv5gaãdo e mIr ante - OABj 0ý 88.459

MAU 110 DE O EIR MIO NIOR


Adv do e r te-O B/MVG 49 369

CARLOS FR C VELOSO PIRES


Advogado e Impetrante - OAR/MG 48.866
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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEA4S CORPUS N0 1.0000.11.023223-8/003


RECORRENTES: ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHAES
RENATO ALVES DA SILVA

RECORRIDO: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS

Colenda Turma,
Excelentíssimo Relator,

Trata-se de recurso ordinário em habeas corpus contra decisão


proferida pela Colenda 3a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de
Minas Gerais denegatória daordem, alegando os mesmos fundamentos dispostos na
exordial.

Presentes os pressupostos de admissibilidade, deve ser conhecido o


inconformismo.

No mérito, o acórdão objurgado deve ser mantido por seus próprios e


jurídicos fundamentos. Ademais, cabe agora ao Ministério Público Federal
manifestar-se, nos termos do art. 31, da Lei no 8038/90.
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Belo Horizonte, 2 de março de 2012.

Luís Cari Martins Cost


Pro;radorde Just
(Coordenador
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(e-STJ Fl.1802)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

Excelentíssimo Senhor Desembargador Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do


Estado de Minas Gerais - i --- .

CRI- Uf AII
OMinistério Públic ýdo-_Estado de Minas Gerais' por seu Procurador de
c 01 9
Justiça infrafirmado, nos autos n4 .0001 023223-800 e 1.0000.11.0231 23-0/000,
vem, perante Vossa Excelência, interpor 3 presente RECURSO ESPECIAL, com
fundamento no adt. 105, lii, "a", da Constituiçào r:ederal, em face do acórdão proferido
pela 3a Câmara Criminal do Tribunal de Juifça do Estado de Minas Gerais, que, por
maioria, determinou a remessa dos autos que se encontram lacrados na Comarca de
Sabará à autoridade policial competente.

Requer, ainda, uma vez devidamente processado o recurso, seja deferido


o seu seguimento pelas razões anexas, determinando-se a remessa dos autos ao
Superior Tribunal de Justiça.

O Ministério Público do Estado de Minas Gerais, no presente feito, deverá


ser intimado na pessoa do Procurador de Justiça infrafirmado, no seguinte endereço:
Rua Dias Adorno, 367, 90 andar, Ed. Carlos Fer reira Brandão, Bairro Santo Agostinho,
Belo Horizonte, Minas Gerais, CEP 30190-1L/tel: 31 - 3330-8422.

Belo Horizonte, 14 de março e 2012.


Documento recebido eletronicamente da origem

José Alberto S 'rio de Souza


Procurado 'e Justiça
Procuradoria de Justiça de Recursos peciais e Extraordinários Criminais

ýMOd PGJ-4
(e-STJ Fl.1803)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS xIrta


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

FEITOS N. 0 1.0000.11.023223-8O0O0 e 1.0000.11.023123-0/000


COMARCA :SARARA
RECORRENTE MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
RECORRIDOS ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÀES,
RENATO ALVES DA SILVA

Egrégio Superior Tribunal de Justiça,


Colenda Turma,

1) Relatório

Trata-se de habeas corpus, com pedido liminar, impetrado em favor de


ldeu de Oliveira Magalhães e Renato Alves da Silva, sob alegação de constrangimento
ilegal. Os pacientes pleitearam a revogação da prisão temporária, por ter sido
decretada no curso de procedimento de investigação levado a cabo exclus!.vamente
pelo Ministério Público, sem correspondente inquérito policial (f Is. 02/08).

A inicial foi instruída com os docu-mentos de fís. 09/837.

A 3al Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais


proferiu o acórdão de f s. 847/876.

O Ministério Público opôs acíaratórios <lIs. 882/891>, os quais restaram


rejeitados (f Is. 893/896).
Documento recebido eletronicamente da origem

Diante dessa decisão do Tribunal Estadual, interpóe-se o presente


recurso especial, com fulcro no aht. 105, 111, 'a", da Constituição Federal.

E o relatório.

2) Do cabimento do recurso

2
(e-STJ Fl.1804)

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PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

2.1. Da interposição do returno especlai com base no art. 105, tiI, "a", da
Constituição Federal

O Tribunal de Justiça mineiro determinou a remessa dos autos que se


encontram lacrados na Comarca de Sabará à autoridade policial competente, ao
argumento de que não poderiam ser mantidas as investigações criminais pelo
Ministério Público.

A hipótese em tela autoriza a interposição de recurso especial com fulcro


no ad. 105,111i, 'a", da Constituição Federal.

Quanto à alínea "a" do permissivo constitucional, esse é o entendimento


de José Carlos Garbosa Moreira:

Valem aqui, mutatis ,nutandis, várias das observações feitas no


comentário n0 319, supra, a propósito do recurso extraordinário. A
redação da letra a do dispositivo constitucional, por exemplo, revela/
peculiaridade semelhante â norma correspondente do art. 102, n0 íii. A
rigor, só com o julgamento do recurso especial é que se verifica se a
decisão recorrida contrariou ou não tratado ou lei federal: isso respeita
ao mérito do recurso, não à sua admissibilidade. Do ponto de vista do
cabimento, o recurso especial é admissível desde que o recorrente
alegue a contrariedade. Tal alegação bastará para que se conheça do
recurso; em etapa posterior, conforme seja ela procedente ou não, o
resultado serã o provimento ou o desprovimento.
(Comentários ao código de processo civil. 6 ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1993, V.V, p. 549).

No caso dos autos, alega-se que, ao não reconhecer a legitimidade do


órgão ministerial para realizar investigações crimrinais, o acórdão recorrido contrariou o
ad. 80, 1,li, IV, V e Vil, da Lei Complementa: no 75193, o ad. 26, 1,"a", "b"e "c", 11e IV,
Documento recebido eletronicamente da origem

da Lei n.Y 8.625/93, e o art. 40, parágrafo único, do Código de Processo Penal.

2.2. Do prequestionamento

Em sede de prequestionamento, impende considerar:

3
(e-STJ Fl.1805)

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Diz-se prequestionado determinado tema quando o órgão prolator da


decisão impugnada haja adotado entendimento explícito sobre ele.

(RE 170.2041SP. Relator Ministro MARCO AURELIO, SEGUNDA


TURMA, julgado em 15.12.1998, DJ 14.05.1999)

In casu, o Tribunal de Justiça mineiro se manifestou sobre o temna de


direito objeto do presente especial. De fato, conforme já mencionado, a Corte a qua
deixou explícito o seu entendimento de que o i'arquet não detém competência para
proceder às investigações criminais:

No tocante à legislação pátria, não se *tem uma regra especfica


atribuindo ao Ministério Público competência para proceder à
investigação criminal.
O art. 129, 1111da CF, elenca entre as funções institucionais do órgão
Ministerial, a de "promnover o inquérito civil e a ação civil pública, para a
proteção do patrimônio público", sendo que o item Vi deste mesmo
artigo faculta-lhe a expedição de "notificações nos procedimentos
administrativos de sua competência, requisitando informações e
documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva',
delineando o inciso VIII sua competência no âmbito penal, limitada ao
poder de "requisitar diligências investigatórias e a instauração de
inquérito policial".
Assim, a instauração de inquéritos civis e outras medidas
administrativas, constitucionalmente autorizadas a serem iniciadas pelo
Parquet poderão embasa' a interposição de ulterior ação civil, mas não
servem de fundamento à propositura de ação criminal.
O art. 26, IV, da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, por outro
lado, autoriza ao órgão Ministerial somente a requisição de diligências
investigatórias e a instauração de inquérito policial e militar. ln verbis:
Ar[. 26. No exercício de suas funções, o Ministério Público poderá:
IV - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito
policial e de inquérito policial militar, observado o disposto no art. 129,
inciso VIII, da Constituição Federal, podendo acompanhá-los;
Documento recebido eletronicamente da origem

O artigo 144 da Constituição Federal dispõe, por sua vez, com clareza
solar que, às policias federal e civil, incumbem às funções de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. Confira-
se:
"Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
seguintes órgãos:
- policia federal;
4
(e-STJ Fl.1806)

UjT%

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PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA
O«3)ý
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
§ 1.0 A policia federal, instituída por lei como órgão permanente,
organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se
a:(Redaçào dada pela Emenda. Constitucional n0 19, de 1998)
1- apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em
detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas
entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras
infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e
exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
11- prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de
outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência:
iV - exercer, com exclusividade, as funções de policia judiciária da
União.

§ 4.0 - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira,


incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto asmitae.
Também o artigo 40-, do Código de Processo Penal, prevê que a polícia
judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas
respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações
penais e da sua autoria.
Destarte, nesta límpida linha de raciocínio embasada por
esclarecedores dispositivos constitucionais e legais, o inquérito policial
presidido pelo Promotor de Justiça, rotulado de procedimento
administrativo, exorbita às suas funções, além de conflitar com as
normas de competência expressa nos dispositivos normativos acima
mencionados, segundo os quais a investigação criminal deve ficar a
cargo da autoridade policial competente.
Assim, tendo em, vista que não há no ordenamento jurídico, norma
expressa que atribua ao Parquet competência para promover
investigações preliminares na área criminal, como ocorre com a
autorização direcionada à autoridade policial, impõe-se o
reconhecimento da ilegitimidade do Ministério Público para deflagrar o
processo criminal com base em expedientes produzidos por referido
órgão no âmbito administrativo.
Nada impede, todavia, que o Ministério Público requisite e acompanhe
as diligências investigatórias realizadas pelas autoridades policiais, o
que é inclusive seu dever como promotor da justiça.
Documento recebido eletronicamente da origem

A Suprema Conte de Justiça já decidiu que o Ministério Público não tem


competência para produzir inquérito penal, senão vejamos:
RECULRSO EXTRAORDINÁRIO. MINISTÉRIO PUBLICO. INQUÉRITO
ADMINISTRATIVO. INQUÉRITO PENAL. LEGITIMIDADE. O Ministério
Público (1) não tem competência para promover inquérito administrativo
em relação a conduta de sjervidores públicos; (2) nem competência para
produzir inquérito penal sob o argumento de que tem possibilidade de
expedir notificações nos procedimentos administrativos; (3> pode propor
ação penal sem o inquérito policial, desde que disponha de elementos
(e-STJ Fl.1807)

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PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

suficientes. Recurso não conhecido." (REX n.0 233072, rei. Min. Néri Da
Silveira, rei. para o acórdão Min. Nelson Jobim, publicado do DJ de
0310512.002)
'CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. MINISTÉRIO PÚBLICO:
ATRIBUIÇÕES. INQUÉRITO. REQUISIÇÃO DE INVESTIGAÇÕES.
CRIME DE DESOBEDIÊNCIA. C.F., art. 129, VilI; art. 144, §§ 1.0 e 4..
1- Inocorrência de ofensa ao art. 129, VIII, CEF., no fato de a autoridade
administrativa deixar de atender requisição de membro do Ministério
Público no sentido da realização de investigações tendentes à apuração
de infrações penais, mesmo porque não cabe ao membro do Ministério
Público realizar, diretamente, tais investigações, mas requisitá-las â
autoridade policial, competente para tal (C.F., art. 144, §§ 1.0 e 4.0).
Ademais, a hipótese envolvia fatos que estavam sendo investigados em
instância superior. li. - R.E. não conhecido' (Rec. Ext. 205473-9 -
publicado no DJU de 19/03/99)
Por fim, trago a baila elucidativo trecho do voto de relataria do Min.
Nelson .Jobim:
".o artigo 129, inciso Vil], da Constituição Federal, dotou o Ministério
Público do poder de requis;tat diligências investigatórias e instauração
de Inquérito Policial, não o contemplando, todavia, com a possibilidade
de realizá-lo e presidi-lo, por si mesmo. '( ... ) 2- Inquirição de Autoridade
Administrativa. Ilegitimidade. A Constituição Federal dotou o Ministério
Público do poder de requisitar diligências investigatórias e a instauração
de inquérito policial (C.F., art. 129, VIII). A norma constitucional não
contemplou a possibilidade do parquet realizar e presidir inquérito
policial. Não cabe, portanto, aos seus membros inquirir diretamente
pessoas suspeitas de autoria de crime. Mas requisitar diligência nesse
sentido à autoridade policial. Precedentes'. (RHC 61326 - Rei. Min.
Nelson Jobim - 06/05/2.003 - DJ 01/08/2.003 pp-00l 4 2)
Imperioso asseverar que reconheço a nova tendência juriprudencial em
admitir a investigação criminal promovida pelo Paquet.
Contudo, trata-se de recente modificação no posicionamento
pretoriano, que ainda não restou pacificada, eis que existe inclusive
Ação Direta de Inconstitucionalidade em face da Lei Complementar n.0
75/93, cujo tema objeto é justamente o poder investigatório criminal do
Ministério Público.( 1 ADI n.0 3309/04, autos conclusos ao relator desde
16/04/2009 fonte:
http://ww.stf .jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incide
nte=2245981 - acesso em 04/07/2011)
E, não há como se olvidar da notória oscilação da aplicação do Direito,
haja vista o seu peculiar e necessário dinamismo, especialmente no
Documento recebido eletronicamente da origem

Brasil.
Ademais, conforme argumentação aqui tecida, não comparilho da
mencionada tendência- pois, ao meu ver, um tanto quanto temerária.
E nem se há falar em competência expressa legal válida para
condução do inquérito criminal, pois as diligência autorizadas pela LO
n.0 75193 a serem realizadas pelo membro do Ministério Público são
somente "Para o exercício de suas atribuições"( "Para o exercício de
suas atribuições o Ministério Público da União poderá, nos
procedimentos de sua competência':, LC 75/93, artigo 8.0, caput)
6
(e-STJ Fl.1808)

\ý,ÇA06

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS-


PROCURADORIA - GEIRAL DE JUSTIÇA

ln casu, todavia, é de se notar que diversos atos diligenciados pelo


Ministério Público foram praticados dentro de sua competência legal,
judicialmente autorizados, conforme estabelecem os parâmetros
delimitadores do ordenamento jurídico pátrio, como pedido de quebra
de sigilo telefônico (fis. 1.104/1.136) e inclusive requisição à polícia civil
de instauração de inquérito (fls.1 521153>.
Contudo, o Parquet, em ímpeto de justiça atropelou as funções dos
demais órgãos tomando frente de funções investigatórias próprias da
autoridade policial, como a tomada de depoimentos e requisição de
documentos, o que somente seria aceito no âmbito investigatório civil.
Ora, a necessidade de promoção da justiça não pode servir como
argumento para o desrespeito das funções constitucionalmente
determinadas, tão essenciais à prosperidade do Estado Democrático de
Direito quanto à própria justiça, pois, torna-se inócua sem os
instrumentos necessários a ponderação dos poderes.
Lado outro, insta salientar que tal ação exorbitante dos Promotores de
Justiça, não impõe o trancamento do inquérito, eis que sequer obsta-se
o prosseguimento de ação penal cujas investigações tenham sido
iniciadas por membro do Parquet, conforme inclusive já me manifestei
claramente:
'HABEAS CORPUS - INVESTIGAÇOES PROMOVIDAS PELO
MINISTÉRIO PÚBLICO - TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. Embora
não seja função própria do Ministério Público promover investigação
criminal, tal fato não justifica o trancamento da ação penal em curso,
quando há nós autos elementos probatórios, além daqueles produzidos
pelo órgão acusatório, servindo de subsídios à denúncia.
Sendo o inquérito policial mero procedimento informativo e não ato de
jurisdição, os vícios nele acaso existentes não afetam a ação penal a
que deu origem." (TJMG, 3.a CACRIM, HABEAS CORPUS N.O
1.0000.07.449358-6/000, REL. DES. PAULO CEZAR DIAS, DJ
28/03/2.007)
O que não se admite é o oferecimento da denúncia com base em peças
investigatórias produzidas unilateralmente pelo órgão incumbido da
acusação no procedimento judicial criminal, o que não é o caso, pois
além de existirem outros instrumentos de prova, estamos falando da
fase meramente investigatória.
Contudo, não podem ser mantidas as investigações criminais sob
presidência do Ministério Público, devendo ser prosseguidas pela
autoridade policial competente.
Abro aqui um parênteses. A primeira vista, pelas incursões feitas no
processo de ações existentes fora do Estado de Minas Gerais, das
Documento recebido eletronicamente da origem

manifestações relativamente a crimes contra a ordem econômica,


contra lavagem de dinheiro, entendi que este procedimento seria do
âmbito da Justiça Federal. Tive a intenção de remetê-lo para lá, mas,
posteriormente, pensei de forma diversa, ao fundamento de que a
investigação estava restrita ao Estado de Minas Gerais e ã Comarca de
Sabará, na sede da própria empresa dos Pacientes.
Deixei, então, essa circunstância para ser discutida posteriormente,
caso assim o queiram, até mesmo porque, se assim procedesse, teria
que cassar a liminar que foi concedida pelo Des. Antônio Carlos
7
(e-STJ Fl.1809)

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS "-


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

Cruvinel e tornar tudo sem efeito, remetendo o processo para o seu


devido lugar. Mas isso era um entendimento preliminar, que acabei não
seguindo.
Por fim, impende salientar que, ratificando a liminar, entendo que os
pacientes devem permarecer soltos no presente momento, pois nos
presentes autos não restou demonstrada a necessidade da segregação
cautelar.
Ante o exposto, concedo parcialmente a ordem no HO n.0
1.0O00.11.023223-81OOO, para que sejam remetidos os autos que se
encontram lacrados na comarca de Sabará, à autoridade policial
competente para prosseguimento do inquérito, conforme estabelecido
pelo ordenamentb juridico pátrio, com o autorizado acompanhamento
do Ministério Público e julgo prejudicado o HO n.0 1.0000.11.023123-
01000, pela perda do objeto.
(fIs.8551862)

3> Da contrariedade ao art. 8% 1,li, IV, V e Vil, da Lei Complementar n0 75/93, ao


art. 26, 1, "a", "b" e "c", 11 e IV, da Lei nYO 8.625193, e ao art. 40, parágrafo único, do
Código de Processo Penal.

O acórdão recorrido posicionou.:ce no sentido de que o Parquet não pode


promover investigações criminais, pois não há norma expressa que atribua essa
competência à mencionada instituição.

Ao assim proceder, a ddcisão em tela violou o art. 8O, 1,11, V, V e Vil, da


Lei Complementar nÕ 75/93, o art. 26, 1,"a", "b"e "c", 11e IV, da Lei nYO 8.625/93, e o adt.
40, parágrafo único, do Código de Processo Penal. Isso porque, desses dispositivos

legais, extrai-se que o Ministério Público pode proceder à colheita de elementos de


informação destinados à propositura de ação penal.

Com efeito, a Lei n.Y 8.625/93, em seu art. 26, confere ao Ministério
Documento recebido eletronicamente da origem

Público ampla gama de poderesý para instrumentalizar o exercício das funções


institucionais. Vejamos:

Art. 26. No exercício de suas funções, o Ministério Público poderá:


1- instaurar inquéritos civis e outras medidas e procedimentos
administrativos pertinentes e, para instrui-los:

8
(e-STJ Fl.1810)

MINSTÉIOPUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS ýAo


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

a) expedir notificações para colher depoimento ou esclarecimentos e! em


caso de não comparecimento injustificado, requisitar condução coercitiva,
inclusive pela Policia Civil ou Militar, ressalvadas as prerrogativas previstas em
lei;
b) requisitar informações, exames periciais e documentos de autoridades
federais, estaduais e municipais, bem como dos órgãos e entidades da
administração direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
o) promover inspeções e diligências investigatórias junto às autoridades,
órgãos e entidades a que se refere a alínea anterior;
11- requisitar informações e documentos a entidades privadas, para instruir
procedimentos ou processo em que oficie;
[1 -
IV - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito
policial e de inquérito policial militar, observado o disposto no ad. 129, inciso
Viii, da Constituição Federal, podendo acompanhá-los;
Inicialmente, cumpre destacar o teor do caput do dispositivo acima
transcrito: "n exercíio das suas funções, c, Ministério Público poderá". Percebe-se
que os poderes previstos nos incisos podem ser empregados pelo Ministério Público
em todas as áreas em que este atua, pois a cabeça do artigo em tela não faz nenhuma
restrição.

Ademais, ainda de acordo com o dispositivo transcrito, o Parquet pode


instaurar não só o inquérito civil, mas também «outras medidas e pmocedimentos
administrativos pertinentes.

Dessa forma, conclui-se que os poderes investigatórios do Ministério


Público podem ser utilizados não apenas na esfera cível, mas em todas as suas áreas
de atuação, inclusive a criminal.

Quanto à requisição de informações e documentos a entidades privadas,


a lei deixa expresso que esse poder pode ser utilizado pelo Ministério Público "para
Documento recebido eletronicamente da origem

instruir procedimentos ou processo em que oficie", o que, por óbvio, inclui a instrução
da ação penal pública.

9
(e-STJ Fl.1811)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS _

PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

Noutro giro, a Lei Orgânica do Ministério Público da União, aplicável


subsidiariamente aos Ministérios Públicos Estaduais, por força do art. 80 da Lei n.0
75/93, assim dispõe:
Art. 8- Para o exercício de suas atribuições, o Ministério Público da União
poderá, nos procedimentos de sua competência:
- notificar testemunhas e requisitar sua condução coercitiva, no caso de
ausência injustificada;
11- requisitar informaçõe,3% exames, perícias e documentos de autoridades
da Administração Pública direta ou indireta;
r*.1
IV -requisitar informações e documentos a entidades privadas:
V - realizar inspeções e diligências investigatárias;
Vil - expedir notificações e intimações necessárias aos procedimentos e
inquéritos que instaurar;

É de se notar que, assim como a Lei n.0 8.625/93, a Lei Complementar


n.0 75/93 não restringe a utilização dos poderes do Ministério Público aos
procedimentos de natureza cível.

Esse Superior Tribunal de Justiça já consolidou o entendimento de que o


Ministério Público, ao contrário do que decidiu a Corte de Justiça mineira, possui
atribuições investigatárias em matéria penal.

Confira-se:

HABEAS CORPUS. CRIME DE RESPONSABILIDADE. PREFEITO. DL-


20V67 ARGOIÇÃO DE INÉPCIA DA DENUNCIA E OCORRÊNCIA DE
NULIDADES. INOCORRÉNGIA. AÇÃO PENAL. TRANCAMENTO.
IMPOSSIBILIDADE,
1. A legitimidade do Ministério Público para conduzir diligências
Documento recebido eletronicamente da origem

investigatórias decorre de expressa previsão constitucional,


oportunamente regulamentada pela Lei Complementar n.- 7&93. É
consectário lógico da própria função do órgão ministerial - titular
exclusivo da ação penal pública -, proceder a coleta de elementos de
convicção, a fim de elucidar a materialidade do crime e os indícios de
autoria.

'0
(e-STJ Fl.1812)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS 0<0


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

2. A competência da polícia judiciária não exclui a de outras autoridades


administrativas. Inteligência do ad. 40, § único, do Código de Processo
Penal. Precedentes do STJ. (..'

Trazemos à colação a transcrição de trecho do judicioso voto condutor da


Ministra LALJRITA VAZ:

Inicialmente, não se verifica inépcia da denúncia, consubstanciada na


alegação de usurpação das funções da Polícia Judiciária pelo Ministério
Público, porquanto, consoante entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiça, este, indubitavelmente, possui a prerrogativa de
conduzir a apuração dos fatos ligados à sua atuação ministerial
Com efeito, a Constituição Federal, em seu ar. 129, prevê:
"Ar. 129. São funções institucionais do Ministério Público;
I-promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

VI- expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua


competência, requisitando informações e documentos para instruí-
los, na forma da lei complementar respectiva;
Vil- exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei
complementar mencionada no artigo anterior;
Vii- requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito
policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações
processuais,," (grifo nosso)
Esse dispositivo encontra-se regulamentado pela Lei Complementar n.-
75,93 que, por sua vez, estabelece:
"Ar. 80 Para o exercício de suas atribuições, o Ministério Público da
União poderá, nos procedimentos de sua competência;
- notificar testemunhas e requisitar sua condução coercitiva, no caso
de ausência injustifica da;
V - realizar inspeções e diligências investigatá rias;,
Vil - expedir notifica ções e intimações necessárias aos
procedimentos e inquéritos que instaurar; "
Nesse contexto, verifica-se que a legitimidade do Ministério
Público para conduzir diligências investigatórias decorre de
expressa previsão constitucional, oportunamente regulamentada
pela Lei Complementar, mesmo porque proceder à colheita de
Documento recebido eletronicamente da origem

elementos de convicção, a fim de elucidar a materialidade do crime


e os Indícios de autoria, é um consectário lógico da própria função
do órgão ministerial de promover, com exclusividade, a ação penal
pública.
Ademais, dispensável dizer que a Polícia Judiciária não possui o
monopólio da Investigação criminal

1 HC a0 30.832/PB, 5a Tuoma, relatado pela MinisLra LAURITA VAZ, j. em 18.03.2004.


(e-STJ Fl.1813)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA -GERAL DE JUSTIÇA

Com efeito, o própria Código de Processo Penal é claro ao dizer,


no parágrafo único do seu ad. 4, que a sua competência não
exclui a de outras autoridades administrativas [grifos da petição].
Exemplos disso são as investigações efetuadas pelas Comissões
Parlamentares de Inquérito; o inquérito judicial presidido pelo juiz de
direito da vara (alimentar; o inquérito em caso de infração penal
cometida na sede ou dependência do Supremo Tribunal Federal
(RISTE, ar. 43), entre inúmeros outros.
Destacamos ainda o que foi decidido em julgamento proferido no HC n0
24493/MG, 6- Turma, relatado pelo Ministro HAMILTON CARVALHIDO,
i. em 23.09.2003, DJ 17.11.2003, p. 383, RSTJ vol. 179 p. 516, a
evidenciar o desacerto do tribunal local, pois o paradigma aqui invocado
firmou o entendimento de que o poder investigatório do Ministério
Público independe de regra expressa especifica:
Tal poder investigatório, independentemente de regra expressa
específica, é manifestação da própria natureza do direito penal, da qual
não se pode dissociar a 12 instituição do Ministério Público, titular da
ação penal pública, a quem foi instrumentalmente ordenada a Polícia na
apuração das infirações penais, ambos sob o controle externo do Poder
Judiciário, em obséquio do interesse social e da proteção dos direitos
da pessoa humana.

Nesse contexto, não julgou com acerto o Tribunal Estadual, pois o


Ministério Público possui legitimidade para proceder a investigações penais. Suas
atribuições investigatórias não se limitam à produção do inquérito civil público para
propositura da ação correspondente, e, na seara penal, à requisição de inquérito
policial e diligências complementares:

CRIMINAL. HO. CRIME DE RESPONSABILIDADE. TRANCAMENTO


DA AÇAO PENAL, DENÚNCIA. ATOS INVESTIGA TÓRIOS
REALIZADOS PELO PAR QUET ESTADUAL. POSSIBILIDADE.
SUPER VENIÊNCIA DE ATO REGULAMENTANDO PROCEDIMENTO
INVESTIGA TÓRIO DIRECIONADO AO MINISTÉRIO PÚBLICO
FEDERAL. IRRELEVANCIA. ORDEM DENEGA DA.
L.Pleito de trancamento da ação penal instaurada sob os fundamentos
de que as investigações que antecederam o oferecimento da denúncia
Documento recebido eletronicamente da origem

teriam sido realizadas pelo Ministério Público Estadual e que a edição


de regulamentação, pelo Ministério Público Federal, tratando dos
procedimentos investigatórios promovido pelo Parquet, tornaria o
processo nulo.
li. Não obstante se verifique, atualmente, o debate em torno da
questão pelo Supremo Tribunal Federal, o entendimento
consolidado desta Corte é no sentido de que são válidos, em
princípio, os atos investigatóriosrealizados pelo MP.

12
(e-STJ Fl.1814)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA 01

Ii. A interpretação sistêmica da Constituição e a aplicação dos poderes


implícitos do MPa conduzem à preservação dos poderes investigat6rios
deste órgão, independentemente da investigação policial.

Vi. Ordem denegada .

Confiram o voto condutor, destacando que os grifos são da petição:

A atividade de investigação é consentânea com a finalidade


constitucional do Ministério Público (art. 129, Inciso IX, da
Constituição Federal), vez que cabe a este exercer, inclusive, o
controle externo da atividade policial
A interpretação slsWêmlca da Constituição e a aplicação dos
poderes Implícitos do Ministério Público conduzem à preservação
dos poderes Investigatórios do MP, Independentemente da
Investigação policial.
Segundo preceituam os artigos 127 e 129 da Constituição Federal,
o Parquet que tem a seu cargo a "defesa da ordem jurídica e do
regime democrático e dos Interesses sociais e individuais
indisponíveis%" exerce "o controle externo da atividade policial,
incumbindo-lhe ainda 'requisitar diligências Investigatórias e
instauração do inquérito policial, bem como outras punições' (sic)
que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com a sua
finalidade ".
Resta subentendido, portanto, que dentro destas amplas
finalidades e atribuições insere-se o poder d8 investigação
criminal, compatível comn a natureza do Ministério Público e
indispensável à Implementação de seus objetivos constitucionais.
Este poder não precisa estar explícito, além de que o M#P é o
destinatária exclusivo da investigação.

Nem se argumente que não seria dado ao Ministério Público investigar


matéria penal, por ser tal função das Policias Civis, pois "(...) Diversamente do que se
tem procurado sustentar, como resulta da letra do seu artigo 144, a Constituição da
República não fez da investigação criminal uma função exclusiva da Polícia,
restringindo-se, como se restringiu, tão-somente a fazer exclusivo, sim, da Polícia
Documento recebido eletronicamente da origem

Federal o exercício da função de policia judiciária da União (parágrafo lO, inciso IV)'1 '

2
KGC 38581/MG, 5- Turma do E. STJ, relatado pelo Ministro GILSON DJPP, j. em 14.12.2004, WI 21.02.2005,
?.202.
He no 244493/Me, 6aTurma, relatado pelo Ministro HAI! TON CARVALHIDOj. em 23.09.2003, DJ
17.11.2003, p. 383, RSTJ vol. 179, p. 516.
13
(e-STJ Fl.1815)

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS c


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

Para espancar qualquer dúvida que ainda pudesse existir sobre a


possibilidade do Ministério Público realizar nrvestigações, HUGO NIGRO MAZZILLI
assevera que:

Seria um contra-senso negar ao único órgão titular da ação penal


pública, encarregado de formar a opinio delicti e promover em juízo a
defesa do jus puniendi do Estado soberano (.., a possibilidade de
investiga ção direta de infrações penais, quando isto se faça necessrio.
4

A respeito, cumpre destacar que esse Superior Tribunal de Justiça já


consolidou o entendimento de que a Polícia Judiciária não detém o monopólio das
investigações criminais.

Nesse sentido, trazemos â colação trecho do judicioso voto condutor


proferido pela Ministra Laurita Vaz no HC n.' 48.479/RJ, publicado no DJ. De
02.05.2006:

Consoante entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça, o


órgão do Ministério Público, indubitavelmente, pode realizar diligências
investigatórias de fatos ligados à sua atuação, a fim de elucidar a
materialidade de crime e indicios de autoria.
Com efeito, a Polícia Judiciária não possui o monopólio da investipacão
criminal. Exemplos disso são as investigações efetuadas nelas
Comissões Parlamentares de Inquérito: o inquérito em caso de infração
penal cometida na sede ou dependência do Supremo Tribunal Federal
(RISTE. art. 43), dentre inúmeros outros casos.
Embora seia defeso ao Ministério Público presidir o inquérito Policial
Propriamente dito, o Código de Processo Penal é claro ao estabelecer
no Parágrafo único do seu art. 40, que a competência investigatória da
Polícia Judiciária não exclui a de outras autoridades administrativas.
[-. -1
Documento recebido eletronicamente da origem

Por oportuno, destaco, ainda, as Percucientes consideracões do Ilustre


Ministro Jorge Scartezzini. no ulgamento do Habeas Corpus n.0
12.704/DF. DJ de 18/11/2002. in verbis:
"Aliás, entender de forma dfiversa. é o mesmo que Passar às Polícias a
titularidade da ação penal, pois o Ministério Público, ao denunciar,
estaria adistrito aos fatos ilícitos que a polícia achasse por bem
investigar.

4MAZZILLI, Hugo Nigro. 0 Controle externo da atividade policial. Revista dos Tribunais, v. 664, p. 392. Também
do mesmo autor: Regime jurídico do Ministério Público. 2. ed., São Paulo: Saraiva, 1995, p. 228.
14
(e-STJ Fl.1816)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

Criar-se-ia, então, um absurdo jurídico em que a polícia teria o controle


sobre as ações do Ministério Público. Isso se tornaria ainda mais grave
em casos como o sub judice em que a própria autoridade policial é a
investigada. Não foi por outra razão, senão esta, a atribuição de
controle externo da atividade policial dada ao Ministério Público. E
também não existe "justa causa' maior do que essa a legitimar a atitude
do Ministério Público.'
Assim, procederáà colheita de elementos de convicção, a fim de elucidar
a materialidade do crime e os indícios de autoria, é um consectário
lógico da própria função do órgão ministerial de promover, com
exclusividade, a ação penal pública.
1
[..
Ademais, a atuação do Parquet não está adistrita à existência do
inquérito policial, que rode até ser dispensado, na hipótese de á
existirem elementos suficiertes para embasar a acão penal.
A propósito, confira-se:
"PENAL E PROCESSO PENAL - CRIMES CONTRA O SISTEMA
FINANCEIRO - CRIME DE "LAVAGEM" - INÉPCIA DA DENÚNCIA -
CERCEAMENTO DE DEFESA - IMPEDIMENTO DE
PROCURADORES PARA O OFERECIMENTO DA DENÚLNCIA -
PROVAS ILÍCITAS - INOCORRÉNCIA.

-Quanto à ilegalidade das investigações promovidas pelo Ministério


Público, sem a instauração de inquérito policial, o writ, igualmente,
improcede. Com efeito, a questão acerca da possibilidade do Ministério
Público desenvolver atividade investigatória objetivando colher
elementos de prova que subsidiem a instauração de futura ação penal,
é tema incontroverso perante esta eg. Turma. Como se sabe, a
Constituição Federal, em seu art. 129, 1, atribui, privativamente, ao
Ministério Público promover a ação penal pública. Essa atividade
depende, para o seu efetivo exercício, da colheita de elementos que
demonstrem a certeza da existência do crime e indícios de que o
denunciado é o seu autor. Entender-se que a investigação desses fatos
é atribuicão exclusiva da polícia udiciária. seria incorrer-se em
impropriedade. á que o lituIar da Acão é o Orgão Ministerial. Cabe,
portanto, a este, o exame da necessidade ou não de novas colheitas de
Provas, uma vez que, tratando-se o inquérito de peca meramente
informativa, pode o MP entendê-la dispensável na medida em que
detenha informacões suficientes para a propositura da ação peal
- Ora, se o inquérito é dispensável, e assim o diz expressamente o art.
39. § 50, do CPP, e se o Ministério Público pode denunciar com base
Documento recebido eletronicamente da origem

apenas nos elementos que tem, nada há que imponha a exclusividade


às polícias para investigar os fatos criminosos suieitos à ação penal
púJblica.
- A Lei Complementar n0 75190, em seu art. 80, inciso IV, diz competir ao
Ministério Público, para o exercício das suas atribuições institucionais,
"realizar inspeções e diligências investigatórias". Compete-lhe, ainda,
notificar testemunhas (inciso i), requisitar informações, exames, perícias
e documentos às autoridades da Administração Pública direta e indireta
(inciso
15
(e-STJ Fl.1817)

MINSTÉIOPUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA ~

11)e requisitar informações e documentos a entidades privadas inciso


IV).

-Ordem concedida em parte, de ofício, somente quanto a este último


tópico, determinando, apenas, que o Tribunal Regional Federal da 4 a
Região proceda à devida apreciaçao da alegação de quebra de sigilo
fiscal, bancário e de correspondência, sem autorização judicial." (HO n.0
18.0601PR, rei. Min. JORGE SCARTEZZINI, DJ de 26/08/2002.)
<grifo nosso)

No mesmo sentido:

HABEAS CORPUS. DIREITO PROCESSUAL PENAL.


PROCEDIMENTO INTERNO NO MINISTÉRIO PÚBLICO.
PRETENSÃO DE ACESSO AOS AUTOS. PREJUDICIALIDADE.
PODER INVESTIGATÓRIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGALIDADE.
INVESTIGAÇÃO. INOCORRÊNCIA. DENEGAÇÃO.
1. Desconstituído, em parte, o objeto da impetração heróica, em razão
da concessão da ordem de habeas corpus impetrada no Supremo
Tribunal Federal, é de se julgar, nesse tanto, prejudicado o writ.
2. O respeito aos bens jurídicos protegidos pela norma penal e,
primariamente, interesse de toda a coletividade, sendo manifesta a
legitimidade do Poder do Estado para a imposição da resposta penal,
cuja efetividade atende a uma necessidade social.
3. Esta, a razão pela qual a ação penal é pública e atribuida ao
Ministério Público, como urna de suas causas de existência. Deve a
autoridade policial agir de ofício. Qualquer do povo pode prender em
flagrante. É dever de toda e qualquer autoridade comunicar o crime de
que tenha ciência no exercício de suas funções. Dispõe
significativamente o artigo 144 da Constituição da República que "A
segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de
todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio".
4. Não é, portanto, da índole do direito penal a feudalização da
investigação criminal na Polícia e a sua exclusão do Ministério Público.
Tal poder investigatório, independentemente de regra expressa
específica, é manifestação da própria natureza do direito penal, da qual
não se pode dissociar a da instituição do Ministério Público, titular da
ação penal pública, a quem foi instrumentalmente ordenada a Polícia na
Documento recebido eletronicamente da origem

apuração das infrações penais.


5. Diversamente do que se tem Procurado sustentar, como resulta da
letra do seu artigo 144. a Constituição da República não fez da
investigacão criminal uma função exclusiva da Polícia, restringindo-se,
como se restringiu. tão-somente a fazer exclusivo, sim, da Policia
Federal o exercício da função de polícia Pudiciária da União (parágrafo
10. inciso VI. Essa funcãc de olícia iudiciária - qual seia. a de auxiliar
do Poder Judiciário -, nãosce identifica com a função investiglatória. isto
é. a de apurar infracões- penais, bem distinguidas no verbo
16
(e-STJ Fl.1818)

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS 0


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA 0p

constitucional, como exsr'e =entre outras disposições, do Preceituado


no parágrafo 40 do artigo 144 da Constituição Federal, verbis: "§ 40 às
polícias civis. dirigidas Dor delegados de polícia de carreira, incumbem,
ressalvada a competência da União, as funcões de polícia judiciária e a
aDuracão de infrações Penais. exceto as militares.".
Tal norma constitucional. por fim, define, é certo, as funções das
polícias civis, mas sem estabelecer qualquer cláusula de exclusividade.
6. O exercício desse poder investigatório do Ministério Público não e,
por óbvio, estranho ao Direito, subordinando-se, à falta de norma legal
particular, no que couber, analogicamente, ao Código de Processo
Penal, sobretudo na perspectiva da proteção dos direitos fundamentais
e da satisfação do interesse social.
7. "A participação de membro do Ministério Público na fase
investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição
para o oferecimento da denúncia." (Súmula do STJ, Enunciado n0 234).
8. Em inexistindo investigação criminal promovida pelo Ministério
Público Federal, tratando o expediente que nele tramita de "peças de
informação enviadas pelo Banco Central com a finalidade de instruir
eventual procedimento investigatório", sob exame de membro do
Parquet para manifestação, descabe falar em constrangimento ilegal a
ser reparado na via do remédio heróico.
9. Writ parcialmente prejudicado e denegado.
(STJ1 - HC 54.719/RJ - Relator: Min. Hamilton Carvalhido - DJ.
06.08.2007. p.697 - grifo nosso)

O Ministro Joaquim Barbosa, no Inquérito 1.968-2/DF, ao tratar do tema


em questão, salienta que:

«[1a elucidação da autoria e da materialidade das condutas criminosas


não se esgota no âmbito do inquérito policial, como todos sabemos. Em
inúmeros domínios em que a ação fiscalizadora do Estado se faz
presente, o ilicito penal vem à tona exatamente no bojo de apurações
efetivadas com propósitos cíveis. Nesses casos, como em muitos
outros, o desencadeamento da ação punitiva do Estado prescinde da
atuação da polícia. Daí a irrazoabilidade da tese que postula o
condicionamento, o aprisionamento da atuação do Ministério Público à
atuação da polícia, o que, sabidamente, não condiz com a orientação da
Constituição de 1988".
Documento recebido eletronicamente da origem

(in NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução


penal. 3ý ed. - São Paulo: RT, 2007, p. 133)

Não bastassem os poderes institucionais conferidos ao Ministério Público


para arrebanhar e compilar provas em matéria penal, seria ilógico adimitir-se que a
investigação criminal estaria circunscrita apenas ao âmbito do inquérito policial.

17
(e-STJ Fl.1819)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS O


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA S

Ora, se a própria legislação penal é explícita em demonstrar que esse


procedimento que antecede à propositura da ação penal é dispensável â deflagração
desta, não é admissível que o Parquet possa tomar conhecimento pela imprensa de
algum fato delituoso e ser tolhido de investigá-lo.

Nesse sentido são as lições de Fernando da Costa Tourinho Filho:

Não se discute que, se estiverem presentes todos os elementos


indispensáveis à propositura da ação penal, o Promotor de Justiça
oferecerá a denúncia, ficando, assim, dispensado o inquérito. Aliás, se a
finalidade do inquérito é fornecer elementos ao titular da ação penal
para que possa promovê-la, evidente que se esses elementos
chegarem às mãos do Ministério Público, será ele dispensado, como se
constata pelos arts. 12, 39, § 5', e 46, § 10, todos do CPP.
(Código de processo penal comentado, volume 1. T1 ed. - São Paulo:
Saraiva, 2005, p. 118)

Guilherme de Souza Nucci, ao discorrer acerca do artigo 27 do CPP, que


trata da delatio criniinis ao Ministério Público por qualquer pessoa do povo, chega a
semelhante conclusão:

A providência do representante do Ministério Público deve ser, como


regra, requisitar a instauração de inquérito policial, embora possa ele
denunciar diretamente, se a pessoa enviou documentos suficientes para
instruir a ação penal.
(Código de processo penal comentado. 7a ed. - São Paulo: RI, 2008, p.
130>

Ademais, o artigo 47, também do CPP, ao afirmar que "se o Ministério


Público julgar necessários maiores esclarecimentos e documentos complementares ou
novos elementos de convicção, deverá requisitá-los, diretamente, de quaisquer
Documento recebido eletronicamente da origem

autoridades ou funcionários que devam ou possam fornecê-los', demonstra


indubitavelmente que os elementos de convicção que irão sustentar a denúncia nem
sempre são oriundos de provas coletadas através de investigação policial.

18
(e-STJ Fl.1820)

0sTIç 4 0g

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

Esse Superior Tribunal de Justiça também possui entendimento pacífico


nesse sentido, reiteradamente decidindo no sentido de que a atuação do Ministério
Público não está vinculada à existência de inquérito policial:

RESP. CRIMINAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA DE CONTRIBUIÇÃO


PREVIDENCIÁRIA. OFENSA AO ART. 168-A, § 2.0, DO CP.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA N.0 211/STJ. NÃO CONHECIMENTO.
DESNECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PRÉVIA PARA A QUITAÇÃO DO
DEBITO. INEXISTÊNCIA DE INQUÉRITO POLICIAL. PEÇA
FACULTATIVA, DE CARÁTER INFORMATIVO. NULIDADE DO
PROCESSO NAO CONFIGURADA. EXISTÊNCIA DE AÇÃO DE
CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO, EM QUE SE DISCUTEM JUROS E
MULTAS. VIOLAÇÃO AO ART. 93 DO CPP NÃO VERIFICADA. NÃO
INDICAÇÂO DA EXISTÊNCIA DE PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO. CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE QUE NÃO SE
VERIFICA. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E
DESPROVIDO.
1...]
lii. A atuação do órgão Ministerial não é vinculada à existência do
procedimento investigatório policial - meramente informativo - o qual
pode ser eventualmente dispensado para a proposição da ação penal.
...]1
Vi. Recurso parcialmente conhecido e desprovido.
(STJ1 - REsp 7513.719/RS - Relator: Min. Gilson Dipp - DJ. 06.03.2006,
p. 435)
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME IMPUTADO A
AUTORIDADE POLICIAL. INQUÉRITO POLICIAL. AUSÊNCIA.
NOTITIA CRIMINIS DIRIGIDA AO MINISTÉRIO PÚBLICO.
DECLARAÇÕES PRESTADAS AO MINISTÉRIO PÚBLICO. BUSCA E
APREENSAO REQUERIDA PELO MP. DENÚNCIA. POSSIBILIDADE.
O inquérito policial não constitui peça essencial e imprescindível à
propositura da ação penal.
Qualquer do povo pode provocar a ação do Ministério Público,
fornecendo-lhe elementos indicativos de materialidade, autoria e de
convicção, para fins de instauração da ação penal pública <arts. 27 e 46,
§ 101 do CPP).
Pode o Ministério Público oferecer denúncia com base em peças de
Documento recebido eletronicamente da origem

informações fornecidas, inclusive, por qualquer pessoa do povo, uma


vez convencido da existência dos requisitos necessários à propositura
da ação (arts. 50, § 30, 27, 41 e 46, § 10, do CPP).
Negado provimento ao Recurso.
<STJ - RHC 16.1 54/PR - Relator: Min. Paulo Medina - DJ. 27.08.2007,
p. 289)

19
(e-STJ Fl.1821)

-
MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA

Ora, se é com a abertura do inquérito policial que a Polícia Judiciária pode


proceder à investigação de infrações penais, conclui-se que, nos casos em que este é
dispensado, os elementos indiciários que irão formar a convicção do representante do
Ministério Público somente poderão ser colhidos por meio de investigações realizadas
por pessoas ou órgãos estranhos à Polícia.

Ademais, o art. 40, parágrafo único, do Código de Processo Penal é


expresso em determinar que a competência da polícia judiciária para apuração de
infrações penais e sua autoria não exclui a de autoridades administrativas, a quem por
lei seja cometida a mesma função.

É evidente que não pretende o Ministério Público tomar para si a tarefa


exercida pelas polícias, ou, como dizem alguns, assumir a presidência de inquéritos
policiais no lugar dos delegados, o que se caracterizaria como rematado absurdo. Seria
reivindicar para o Ministério Público a exclusividade que não se quer admitir seja
conferida a qualquer outro órgão.

Definitivamente não se pode impedir a Instituição de desenvolver o mister


para o qual foi concebida, tendo recebido do legislador prerrogativas para desencadear
investigações próprias e recolher material probatório apto a ensejar a propositura da
ação penal.

Com muita propriedade o Ministro JOAQUIM BARROSA resumiu, por


ocasião do julgamento do HO n0 83.157-5, que... '"se a Constituição Federal criou esta
instituição [Ministério Público] tão importante,3 ão cara ao regime democrático, à nossa
Documento recebido eletronicamente da origem

democracia, não a criou para ser umi órgão manietado, inerte... o Ministério Público
pode, sim, e deve, proceder a investigações quando fatos delituosos chegarem ao seu
conhecimento".

20
(e-STJ Fl.1822)

ez
MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
PROCURADORIA -GERAL DE JUSTIÇA

Em importante artigo intitulado O0 Ministério Público pode ou não


investigar? Uma análise de recente decisão do STF" s, colhe-se valioso ensinamento
que corrobora a assertiva de que não remanesce à Polícia Civil a exclusividade
investigatória:

Entendemos que, mesmo em relação à policia federal, o que é


exclusivo é o exercício da polícia judiciária, e não a apuração de crimes,
já que a própria constituição elenca exceções à regra geral,
considerando ainda que as funções de polícia judiciária não se refletem
necessariamente na apuração de crimes, cabendo também auxiliar a
justiça criminal, fornecer informações necessárias à instrução e
julgamento de processos, realizar diligências requisitadas pelo juiz ou
pelo ministério público e cumprir mandados de prisão, na forma o ar!. 13
do Código de Processo Pental
Ademais, nem mesmo o Parquet detém o monopólio da ação penal,
haja vista o próprio ordenamento ressalvar crimes de ação penal
privada e, mesmo nos de ação pública, a inércia ministerial acarretar a
possibilidade de ação subsidiária. Indo além, sequer o Judiciário, hoje,
concentra o monopólio da jurisdição (tida como a tarefa de dizer o
direito), pois, por exemplo, com a lei de arbitragem, podem as pantes
envolvidas no litígio pactuar sua solução por árbitro de comum acordo
escolhido, que dirá o direito, a cuja decisão se comprometem submeter.
6

Vale destacar que o Supremo Tribunal Federal, em recentíssimo julgado,


e à unanimidade, corroborou o posicionamento esposado nas presentes razões,
delineando que a Polícia Judiciária não detém o monopólio da investigação de ilícitos
penais:

EM E N T A: "HABEAS CORPUIS" - CRIME DE TORTURA ATRIBUDO


A POLICIAL CIVIL - POSSIBILIDADE DE O MINISTÉRIO PUBLICO,
FUNDADO EM INVESTIGAÇÃO POR ELE PnÕPníO PROMOVIDA,
FORMULAR DENÚNCIA CONTRA REFERIDO AGENTE POLICIAL -
VALIDADE JURÍDICA DESSA ATIVIDADE INVESTIGATÓRIA -
Documento recebido eletronicamente da origem

CONDENAÇÃO PENAL IMPOSTA AO, POLICIAL TORTURADOR -


LEGITIMIDADE JURÍDICA DO PODER INVESTIGATÓRIO DO
MINISTÉRIO PÚBLICO - MONOPÓLIO CONSTITUCIONAL DA
TITULARIDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA PELO "PARQUET' -
TEORIA DOS PODERES IMPLÍCITOS - CASO "McCULLOCH v.

'RBCCrimo 46-2004, p. 37J1389, MARCEL-LUS POLASTRI LIMA.


'ALEX SANDRO TEIXEIRA DA CRUZ, Pormotor de Justiça no Estado de Santa Catarina, ia Revista Jurídica
Consulex -Ano VII, no 159 -31.08.2003.
21
(e-STJ Fl.1823)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA -GERAL DE JUSTIÇA Í
MARYLAND- (1819) - MAGISTÉRIO DA DOUTRINA (RUI BARBOSA,
.JOHN MARSHALL, JOÃO BARBALHO, MARCELLO CAETANO,
CASTRO NUNES, OSWALDO TRIGUEIRO, v.g.> - OUTORGA, AO
MINISTÉRIO PÚBLICO, PELA PRÓ5PRIA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA, DO PODER DE CONTROLE EXTERNO SOBRE A
ATIVIDADE POLICIAL - LIMITAÇÕES DE ORDEM JURÍDICA AO
PODER INVESTIGATÓRIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO - "HABEAS
CORPUS" INDEFERIDO. NAS HIPÓTESES DE AÇÃO PENAL
PÚBLICA, O INQUÉRITO POLICIAL, QUE CONSTITUI UM DOS
DIVERSOS INSTRUMENTOS ESTATAIS DE INVESTIGAÇÃO PENAL,
TEM POR DESTINATÁRIO PRECIPUO O MINISTÉRIO PUBLICO. - O
inquérito policial qualifica-se como procedimento administrativo, de
caráter pré-processua, ordinariamente vocacionado a subsidiar, nos
casos de infrações perseguiveis mediante ação penal de iniciativa
pública, a atuação persecutória do Ministério Público, que é o
verdadeiro destinatário dos elementos que compõem a 'informatio
delicti". Precedentes. - A investigação penal, quando realizada por
organismos policiais, será sempre dirigida por autoridade policial, a
quem igualmente competirá exercer, com exclusividade, a presidência
do respectivo inquérito. - A outorga constitucional de funções de polícia
judiciária à instituição policial não impede nem exclui a possibilidade de
o Ministério Público, que é o "dominus litis", determinar a abertura de
inquéritos policiais, requisitar esclarecimentos e diligências
investigatárias, estar presente e acompanhar, junto a órgãos e agentes
policiais, quaisquer atos de investigação penial, mesmo aqueles sob
regime de sigilo, sem prejuízo de outras medidas que lhe pareçam
indispensáveis à formação da sua "opinio delicti", sendo-lhe vedado, no
entanto, assumir a presidência do inquérito policial, que traduz
atribuição privativa da autoridade policial. Precedentes. A ACUSACÃO
PENAL. PARA SER FORMULADA. NÃO DEPENE
NECESSARIAMENTE. DE PREVIA INSTAURACÃO DE INQUÉRITO
POLICIAL. - Ainda que inexista qualquer investigação penal promovida
Pela Polícia Judiciária, o Ministério Público, mesmo assim, Pode fazer
instaurar. validamente. a Dertinente "persecutio criminis in iudicio.,
desde que disponha. para tanto, de elementos mínimos de informaçao,
fundados em base empírica idônea, que o habilitem a deduzir, perante
juizes e Tribunais, a acusacão penal. Doutrina. Precedentes, A
QUESTÃO DA CLAUSULA CONSTITUCIONAL DE EXCLUSIVIDADE E
A ATIVIDADE INVESTIGATÓRIA. - A cláusula de exclusividade inscrita
no art. 144, § 10, inciso iV, da Constituição da República - que não inibe
a atividade de investigação criminal do Ministério Público - tem por
Documento recebido eletronicamente da origem

única finalidade conferir à Polícia Federal, dentre os diversos


organismios policiais que compõem o aparato repressivo da União
Federal (polícia federal, policia rodoviária federal e polícia ferroviária
federal), primazia investigatória na apuração dos crimes previstos no
próprio texto da Lei Fundamental ou, ainda, em tratados ou convenções
internacionais. - Incumbe, à Polícia Civil dos Estados-membros e do
Distrito Federal, ressalvada a competência da União Federal e
excetuada a apuração dos crimes militares, a função de proceder â
investigação dos ilícitos penais (crimes e contravenções), sem prejuízo
22
(e-STJ Fl.1824)

MINISTERIO PUJBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURLADORIA -GEIRAL DE JUSTIÇA<t-

do poder investigatório de que dispõe, como atividade subsidiária, o


Ministério Público. - Função de polícia judiciária e função de
investigação penal: uma distinção conceitual relevante, que também
justifica o reconhecimento, ao Ministério Público, do poder investigatório
em matéria penal. Doutrina. E PLENA A LEGITIMIDADE
CONSTITUCIONAL DO PODER DE INVESTIGAR DO MINISTÉRIO
PUBLICO, POIS OS ORGANISMOS POLICIAIS (EMBORA
DETENTORES DA FUNÇÃO DE POLICIA JUDICIÁRIA) NÃO TÊM, NO
SISTEMA JURíDICO BRASILEIRO. O MONOPÓLIO DA
COMPETÊNCIA PENAL INVESTIGATÓRIA. [...
(STF - HO 89.837/DF - Relator: Min. Celso de Mello - Die. 20.11.2009
- grifo nosso)

No mesmo sentido, temos as decisões proferidas nos HC n.o 94.173,


87.610/50C, 90.099/RiS, dentre outros.

Ademais, descabe a alegação contida no aresto no sentido que "as


diligência (sio) autorizadas pela LC n.0 75!93 a serem realizadas pelo membro do
Ministério Público são somente "Para o exercício de suas atribuições"( "Para o
exercício de suas atribuições o Ministério Público da União poderá, nos procedimentos
de sua competência':, LC 75/93, artigo 8.0, caputy' <f]. 860).

Ora, conforme o reconhecido pelo próprio acórdão à fi. 860, foi requisitada
pelo MI' à polícia civil a instauração de referido procedimento. As diligências
procedidas pelo Parquet foram produzidas estritamente dentro dos limites da
legalidade, com vistas ao exercício legitimo de promoção da ação penal, nos exatos
termos de sua competência prevista no inciso V, do artigo 60, da Lei nO 75/93.

Outrossim, a alegação de que '..0 Parquet, em ímpeto de justiça


atropelou as funções dos demais órgãos tomando frente de funções investigatórias
Documento recebido eletronicamente da origem

próprias da autoridade policial, como a tomada de depoimentos e requisição de


documentos, o que somente seria aceito no âmbito investigatório divi" (f]. 860) não
pode prevalecer, pois a atividade investigatória do Parquet é subsidiária, atuando em
situações peculiares.

23
(e-STJ Fl.1825)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MIN4AS GERAIS


PROCURLADORIA GERAL DE JUSTIÇA

Conclui-se ser de fundamental importância que se atente para a


imperiosa necessidade de se somarem esforços no sentido de assegurar à sociedade
brasileira o direito constitucional à segurança pública, o que só poderá ser alcançado
com a cooperação entre todas as instituições envolvidas - inclusive o Ministério Público
- de alguma forma, na repressão à criminalidade, não constituindo exclusividade da

Policia Civil a apuração de ilícitos penais.

Enfim, o Ministério Público, órgão estatal vocacionado


constitucionalmente para a promoção da aç&cj penal pública, tem o dever de coadjuvar
na preservação da ordem pública, não se concebendo possa [he ser subtraído tal
mister.

Assim, caracterizada a violação aos dispositivos de lei federal em


comento, impõe-se o provimento do presente recurso especial para que sejam
restabelecidas as suas vigências.

4) Do pedido

Ante o exposto, requer-se o conhecimento e provimento do presente


RECURSO ESPECIAL, para que seja reconhecido que o Ministério Público possui
competência para realizar investigações crimihiais e, em conseqúência, seja cassada a
ordem de habeas corpus concedida.

Belo Horizonte, 14 de março de 20


Documento recebido eletronicamente da origem

José Alberto rtório de Souza


Procu r or de Justiça
Procuradoria de Justiça de Recur s Especiais e Extraordinários Criminais
apbp

24
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1826)
(e-STJ Fl.1827)

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GER AIS -

PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA LjfU ZJ

Excelentíssimo Senhor Desembargador Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do


Estado de Minas Gerais

0000W165322812 14

O Ministério Público do Estado-de-Minas Gerais, por seu Procurador de


Justiça infrafirmado, nos autos n.A 1.000.1 1.023223-8/~õe 00.1.213000
vem, perante Vossa Excelência, interpor o presente RECURSO EXTRAORDINÁRIO,
com fundamento no art. 102, li[, "a", da Constituição Federal, em face do acórdão
proferido pela 3a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais,
que, por maioria, determinou a remessa dos autos que se encontram lacrados na
Comarca de Sabará â autoridade pobcial competente.

Requer, ainda, uma vez devidamente processado o recurso, seja deferido


o seu seguimento pelas razões anexas, determinando-se a remessa dos autos ao
Supremo Tribunal Federal.

O Ministério Público do Estado de Minas Gerais, no presente feito, deverá


ser intimado na pessoa do Procurador de Justiça i afirmado, no seguinte endereço:
Rua Dias Adorno, 367, 90 andar, Ed. Carlos Ferre' a Brandão, Bairro Santo Agostinho,
Belo Horizonte, Minas Gerais, CEP 30190-1 0Lý, 1: 31 - 3330-8422.

Belo Horizonte, 14 de março de 012.


Documento recebido eletronicamente da origem

Jose Alberto S órão de Souza


Procurado de Justiça
Procuradoria de Justiça de Recursos speciais e Extraordinários Criminais

1
MOd.PM -4
(e-STJ Fl.1828)

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA c

FEITOS N. 01.0000.11.023223-81000 e 1.0000.11.0231 23-0/000


COMARCA :SARARÁ
RECORRENTE MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
RECORRIDOS ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÀES
RENATO ALVES DA SILVA

Excelso Supremo Tribunal Federal,


Colenda Turma,

1> Relatório

Trata-se de habeas corpus, com pedido liminar, impetrado em favor de


ldeu de Oliveira Magalhães e Renato Alves da Silva, sob alegação de constrangimento
ilegal. Os pacientes pleitearam a revogação da prisão temporária, por ter sido
decretada no curso de procedimento de investigação levado a cabo exclusivamente
pelo Ministério Público, sem correspondente inquérito policial (fis. 02/08>.

A inicial foi instruída com os documentos de fís. 09/837.

A 3" Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais


proferiu o acórdão de fis. 847/876.

O Ministério Público opôs aciaratórios (fís. 88,2/891), os quais restaram


rejeitados (fis. 893/896).
Documento recebido eletronicamente da origem

Diante dessa decisão do Tribunal Estadual, interpõe-se o presente


recurso extraordinário, com fulcro no adt. 102,111, "a", da Constituição Federal.

É o relatório.

2
MdPGJ-4
(e-STJ Fl.1829)

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA -GERAL DE JUSTIÇA

2) Do cabimento da recurso
2.1. Da interposição do recurso extraordinário com base no art. 102, 111, "a", da
Constituição Federal

O Tribunal de Justiça mineiro determinou a remessa dos, autos que se


encontram lacrados na Comarca de Sabará à autoridade policial competente, ao
argumento de que não poderiam ser mantidas as investigações criminais pelo
Ministério Público.

A hipótese em tela autoriza a interposição de recurso extraordinário com


fulcro no adt. 102,111i, "a", da Constituição Federal.

Quanto à alinea "a" do permiissivo constitucional, esse é o entendimento


de José Carlos Barbosa Moreira:

Note-se que não é homogênea a técnica empregada pelo legislador


constituinte nas várias letras do art. 102, n- lií. Nas letras b e e, ele se
0
ateve a uma descrição axiologicamente neutra: a realização do 'tipo"
constitucional não implica de modo necessário que o recorrente tenha
razão. Uma decisão pode perfeitamente ser correta e merecer
.confirmação' apesar de haver declarado a inconstitucionalidade
de
tratado ou lei federal, ou julgado válida lei ou ato do governo local
contestado em face da Constituição. Quer isso dizer que nas letras b e c
se usou técnica bem adequada à fixação de pressupostos de cabimento
do recurso extraordinário, isto é, de circunstâncias cuja presença
importa para que dele se conheça, mas cuja relevância não ultrapassa
esse nível, deixando intacta a questão de saber se ele deve ou não ser
provido. Já na letra a, muito ao contrário, a descrição do texto contém
jufzo de valor: a decisão que contrarie dispositivo constitucional é
decisão , à evidência incorreta, e como tal merecedora de reforma. Aí,
portanto, se ficar demonstrada a realização do 'tipo', o recorrente não
fará jus ao mero conhecimento, senão que ao provimento do recurso.
Documento recebido eletronicamente da origem

[.. ]
Requisito de admissibilidade'será, então, a mera ocorrência hipotética
(isto é, alegada) do esquema textual: não se há de querer, para admitir
o recurso extraordinário pela letra a, que o recorrente prove desde logo
a contradição real entre a decisão impugnada e a Constituição da
República; bastará que ele a argua.
(Comentários ao código de processo civil. 6 ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1993, v. V, p. 549>.

3
(e-STJ Fl.1830)

MINISTÉRIJO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURAXDORIA -GERAL DE JUSTIÇA-

No caso dos autos, antecipa-se, está-se a alegar que o acórdão


combatido violou o art. 129, 1, li, VI, Viii e lX, bem como o ar. 144, ambos
da
Constituição Federal.

2.2. Do prequestianamento

Em sede de prequestionamento, impende considerar:

Diz-se prequestionado determinado tema quando o órgão prolator da


decisão impugnada haja adota.do entendimento explícito sobre ele.
(RE 170.204/SP, Relator Ministro MARCO AURÉLIO, SEGUNDA
TURMA, julgado em 15.12.1998, 03 14.05.1999)

In casur, o Tribunal de Justiça mineiro se manifestou sobre o tema de


direito objeto do presente extraordinário. De fato, conforme já mencionado,
a Conte a
quo deixou explícito o seu entendimento de que o Parquel não detém competência
para proceder a investigações criminais:

No tocante à legislação pátria, não se tem umna regra específica


atribuindo ao Ministério Público competência para proceder ã
investigação criminal.
O art. 129, tii, da CF, elenca entre as funções institucionais do órgão
Ministerial, a de "Ipromnover o inquérito civil e a ação civil pública, para a
proteção do patrimônio público", sendo que o item VI deste mesmo
artigo faculta-lhe a expedição de "notificações nos procedimentos
administrativos de sua competência, requisitando informações e
documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva",
delineando o inciso Viii sua competência no âmbito penal, limitada ao
poder de "requisitar diligências investigatórias e a instauração
de
inquérito policial'.
Assim, a instauração de inquéritos civis e outras medidas
Documento recebido eletronicamente da origem

administrativas, constitucionalmente autorizadas a serem iniciadas pelo


Parquel poderão embasar a interposição de ulterior ação civil, mas não
servem de fundamento à propositura de ação criminal.
O art. 26, IV, da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público;' por outro
lado, autoriza ao órgão Ministerial somente a requisição de diligências
investigatórias e a instauração de inquérito policial e militar. ln verbis:
Art. 26. No exercício de suas funções, o Ministério Público poderá:
IV - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito
policial e de inquérito policial militar, observado o disposto no art. 129,

4
MM~ PGJ-4
(e-STJ Fl.1831)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA -GERAL DE JUSTIÇA 1ý

inciso viii, da Constituição Federal, podendo acompanhá-los;


O artigo 144 da Constituição Federal dispõe, por sua vez, com clareza
solar que, às policias federal e civil. incumbem às funções de policia
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. Confira-
se:
"Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
pública e da in-columidade das pessoas e do património, através dos
seguintes órgãos:
- polícia federal;

IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
§ 1.0 A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente,
organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se
a:(Redaçào dada pela Emenda Constitucional n0 19, de 1998)
1- apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em
detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas
entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras
infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e
exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
i1- prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de
outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da
União.
G. .)
§ 4.0 - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira,
incumbem, ressalvada a z;ompetência da União, as funções de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares."
Também o artigo 4.0, do Código de Processo Penal, prevê que a polícia
judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas
respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações
penais e da sua autoria.
Destarte, nesta límpida linha de raciocínio embasada por
esclarecedores dispositivos constitucionais e legais, o inquérito policial
presidido pelo Promotor de Justiça, rotulado de procedimento
administrativo, exorbita às suas funções, além de conflitar com as
normas de competência expressa nos dispositivos normativos acima
mencionados, segundo os quais a investigação criminal deve ficar a
cargo da autoridade policial competente.
Documento recebido eletronicamente da origem

Assim, tendo em vista que não há no ordenamento jurídico, norma


expressa que atribua ao Parquet competência para promover
investigações preliminares na área criminal, como ocorre com a
autorização direcionada à autoridade policial, impõe-se o
reconhecimento da ilegitimidade do Ministério Público para deflagrar o
processo criminal com base em expedientes produzidos por referido
órgão no âmbito administrafývo,
Nada impede, todavia, que o Ministério Público requisite e acompanhe
as diligências investigatórias realizadas pelas autoridades policiais, o

5
MO.PGJ
(e-STJ Fl.1832)

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA1-

que é inclusive seu dever corno promotor da justiça.


A Suprema Corte de Justiça já decidiu que o Ministério Público não tem
competência para produzir nqquérito penal, senão vejamos:
"RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MINISTÉRIO PUBLICO. INQUÉRITO
ADMINISTRATIVO. INQUÉRITO PENAL. LEGITIMIDADE. O Ministério
Público <1) não tem competência para promover inquérito administrativo
em relação a conduta de servidores públicos; (2) nem competência para
produzir inquérito penal sob o argumento de que tem possibilidade de
expedir notificações nos procedimentos administrativos; (3) pode propor
ação penal sem o inquérito policial, desde que disponha de elementos
suficientes. Recurso não conhecido." (REX n.0 233072, rei. Min. Néri Da
Silveira, rei. para o acórdão Min. Nelson Jobim, publicado do DJ de
03/05/2.002)
"CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. MINISTÉRIO PÚBLICO:
ATRISUIÇÕES. INQUÉRITO. REQUISIÇÃO DE INVESTIGAÇÓES.
CRIME DE DESOBEDIÊNCIA. C.F., art. 129, V1II; aht. 144, §§ 1.0 e4..
1- Inocorrência de ofensa ao ahl. 129, VIII, or., no fato de a autoridade
administrativa deixar de atender requisição de membro do Ministério
Público no sentido da reaiização de investigações tendentes à apuração
de infrações penais. mesmo porque não cabe ao membro do Ministério
Público realizar, diretamente, tais investigações, mas requisitá-las à
autoridade policial, competente para tal (C.F., ad. 144, §§ 1.0 e 4.0).
Ademais, a hipótese envolvia fatos que estavam sendo investigados em
instância superior. li. - R.E. não conhecido" (Rec. Ext. 205473-9 -
publicado no DJU de 19/03/99)
Por fim, trago a baila elucidativo trecho do voto de relatoria do Min.
Nelson Jobim:
".o artigo 129, inciso VIII, da Constituição Federal, dotou o Ministério
Público do poder de requisitar diligências investigatórias e instauração
de Inquérito Policial, não o contemplando, todavia, com a possibilidade
de realizá-lo e presidi-lo, por si mesmo. '( ... ) 2- Inquirição de Autoridade
Administrativa. Ilegitimidade. A Constituição Federal dotou o Ministério
Público do poder de requisitar diligências investigatórias e a instauração
de inquérito policial (C.F., art. 129, VIII). A norma constitucional não
contemplou a possibilidade do parquet realizar e presidir inquérito
policial. Não cabe, portanto, aos seus membros inquirir diretamente
pessoas suspeitas de autoria de crime. Mas requisitar diligência nesse
sentido à autoridade policial. Precedentes'. (RHC 81326 - Rei. Min.
Nelson Joibim - 06/05/2.003 - DJ 01/08/2.003 pp-00142)
Imperioso asseverar que reconheço a nova tendência juriprudencial em
admitir a investigação criminal promovida pelo Paquet.
Documento recebido eletronicamente da origem

Contudo, trata-se de recente modificação no posicionamento


pretorgano, que ainda não restou pacificada, eis que existe inclusive
Ação Direta de inconstitucionalidade em face da Lei Complementar n.Y
75/93, cujo tema objeto é justamente o poder investigatário criminal do
Ministério Público.( 1 ADI n.0 3309/04, autos conclusos ao relator desde
16/04/2009 fonte:
http://www.stf.jus.br/po rtal/processolverProcessoAndamento.asp? incide
nte=2245981 - acesso em 04/07/2011)
E, não há como se olvidar da notória oscilação da aplicação do Direito,

MWd PGJ- 4
(e-STJ Fl.1833)

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

haja vista o seu peculiar e necessário dinamismo, especialmente no


Brasil.
Ademais, conforme argumentação aqui tecida, não compartilho da
mencionada tendência, pois, ao meu ver, um tanto quanto temerária.
E nem se há falar em competência expressa legal válida para
condução do inquérito criminal, pois as diligência autorizadas pela LOC
n.O 75/93 a serem realizadas pelo membro do Ministério Público são
somente "Para o exercício de suas atribuições"< "Para o exercício de
suas atribuições o Ministério Público da União poderá, nos
procedimentos de sua competência":, LOC 75/93, artigo 8.0, caput)
ln casu, todavia, é de se notar que diversos atos diligenciados pelo
Ministério Público foram praticados dentro de sua competência legal,
judicialmente autorizado';, conforme estabelecem os parâmetros
delimitadores do ordenamnwi jurídico pátrio, como pedido de quebra
de sigilo telefônico (fis. 1 i04/1.136) e inclusive requisição à policia civil
de instauração de inquérito (fls.152/1153).
Contudo, o Parquet, em ímpeto de justiça atropelou as funções dos
demais órgãos tomando frente de funções investigatórias próprias da
autoridade policial, como a tomada de depoimentos e requisição de
documentos, o que somente seria aceito no âmbito investigatório civil.
Ora, a necessidade de promoção da justiça não pode servir como
argumento para o desrespeito das funções constitucionalmente
determinadas, tão essenciais à prosperidade do Estado Democrático de
Direito quanto à própria justiça, pois, torna-se inócua sem os
instrumentos necessários a ponderação dos poderes.
Lado outro, insta salientar que tal ação exorbitante dos Promotores de
Justiça, não impõe o trancamento do inquérito, eis que sequer obsta-se
o prosseguimento de ação penal cujas investigações tenham sido
iniciadas por membro do Parquet, conforme inclusive já me manifestei
claramente:
'HABEAS CORPUS - INVESTIGAÇõES PROMOVIDAS PELO
MINISTERIO PUBLICO - TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. Embora
não seja função própria do Ministério Público promover investigação
criminal, tal fato não justifica o trancamerito da ação penal em curso,
quando há nos autos elerúentos probatórios, além daqueles produzidos
pelo órgão acusatório, servindo de subsídios â denúncia.
Sendo o inquérito policial mero procedimento informativo e não ato de
jurisdição, os vícios nele acaso existentes não afetam a ação penal a
que deu origem." (TJIMG, 3.a CACRIM, HABEAS CORPUS N.Y
1.0000.07.449358-6O00, REL. DES. PAULO CÉZAR DIAS, DJ1
Documento recebido eletronicamente da origem

28103/2.007)
O que não se admite é o oferecimento da denúncia com base em peças
investigatórias produzidas unilateralmente pelo órgão incumbido da
acusação no procedimento judicial criminal, o que não é o caso, pois
alérm de existirem outros instrumentos de prova, estamos falando da
fase meramente investigatória.
Contudo, não podem ser mantidas as investigações criminais sob
presidência do Ministério Público, devendo ser prosseguidas pela
autoridade policial competente.
Abro aqui um parênteses. À primeira vista, pelas incursões feitas no

7
Mod -4
-O
(e-STJ Fl.1834)

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

processo de ações existentes fora do Estado de Minas Gerais, das


manifestações relativamente a crimes contra a ordem econômica,
contra lavagem de dinheiro, entendi que este procedimento seria do
âmbito da Justiça Federal. Tive a intenção de remetê-lo para lá, mas,
posteriormente, pensei de forma diversa. ao fundamento de que a
investigação estava restrita ao Estado de Minas Gerais e à Comarca de
Saberá, na sede da própria empresa dos Pacientes.
Deixei, então, essa circunstância para ser discutida posteriormente,
caso assim o queiram. até mesmo porque, se assim procedesse, teria
que cassar a liminar que foi concedida pelo Des. Antônio Carlos
Cruvinel e tornar tudo sem efeito, remetendo o processo para o seu
devido lugar. Mas isso era um entendimento preliminar, que acabei não
seguindo.
Por fim, impende salientar que, ratificando a liminar, entendo que os
pacientes devem permanecer soltos no presente momento, pois nos
presentes autos não restou demonstrada a necessidade da segregação
cautelar.
Ante o exposto, concedo parcialmente a ordem no HC n.O
1.0000.11 .023223-81000, para que sejam remetidos os autos que se
encontram lacrados na comarca de Sabará, à autoridade policial
competente para prosseguimento do inquérito, conforme estabelecido
pelo ordenamento jurídico pátrio, com o autorizado acompanhamento
do Ministério Público e julgo prejudicado o HO n.A 1.0000.11.023123-
0/000, pela perda do objeto.
(flIs. 855/862)

2.3. Da repercussão geral

O § 30, do art. 102, da Constituição Federal, incluído pela Emenda


Constitucional n0 45104, estabelece que 'no recurso extraordinário o recorente deverá
demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos
termos da 1e4, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente
podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membmos".

Referido dispositivo foi regulamentado pela Lei n0 11.418, de 19 de


Documento recebido eletronicamente da origem

dezembro de 2006, que incluiu o art. 543-A no Código de Processo Civil, prevendo que
"0 Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrvel, não conhecerá do recurso
extraordinário, quando a questão constitucion-al nele versada não oferecer repercussão
geral".

8
Mod PGJ
(e-STJ Fl.1835)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTAQO DE MINAS GERAIS %


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

Conforme já mencionado, a questão colocada no presente recurso diz


respeito à constitucionalidiade da realização de investigação criminal pelo Ministério
Público.

1A repercussão gerar da matéria posta no extraordinário


em tela é
inconteste, uma vez que já foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal. A propósito,
veja-se trecho da manifestação do Ministro Cézar Peluso no RE 593727:

2. A questão suscitada neste recurso é objeto do julgamento, iniciado


pelo Plenário em 11.06.2007, do HC n0 84.548 (Rei. Min. MARCO
AURÉLIO), e que versa a relevantfssima matéria da constitucionalidade,
ou não, da realização de procedimento investigatório criminal pelo
Ministério Público, o que interessa ao bem jurídico fundamental da
liberdade e, como tal, t:qinscende os limites subjetivos da causa, de
modo que sua decisão proàdz!rá in evitável repercussão de ordem geral.

3) Da mérito.
3.1. Da negativa de vigência ao art. 129, 1, li, VI, Viii e IX, e ao art. 144, ambos
da
Constituição Federal

Ingressando agora no objeto do recurso extraordinário propriamente dito,


forçoso reconhecer que o acórdão combatido constitui verdadeira
afronta aos
dispositivos constitucionais apontados.

3.2. Das prerrogativas do Ministério Pública para colheita de provas


em matéria
penal.

A par da não exclusividade da investigação penai em mãos da Polícia


Documento recebido eletronicamente da origem

Civil, estamos convictos, alicerçados pela interpretação sistêmica do


texto
constitucional e das leis orgânicas da Instituição, que o Ministério Público detém
prerrogativas para a colheita de provas em matéria penal, dada sua vocação
constitucional.

9
MM4 PGJ - 4
(e-STJ Fl.1836)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA -GERAL DE JUSTIÇA-

O art. 129 da Carta Política está a estabelecer as funções institucionais


do Ministério Público, destacando-se:

SPrivatividade da ação penal pública (art. 129, ino. 1);


rPromoção das medidas necessárias à garantia dos serviços
de relevância
pública (ad. 129, inc. 11);
SPossibilidade de expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua
competência, requisitando informações e documentos para instruí-los (ad. 129,
no. VI);
SPrerrogativa de requisitar diligências investigatárias e a instauração de inquérito
policial <art. 129, ino. V11I>;
tExercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis
com
sua finalidade <art. 129, mnc. IX>.

A análise sistemática de tais dispositivos e do caput do art. 144 da


Constituição Federal, está a demonstrar que a Instituição detém prerrogativas para
produzir e arrebanhar provas em matéria penal.

Pois bem, o art. 144 da Lei Maior, tantas vezes invocado por aqueles que
defendem a tese de que a investigação de ilícitos seria exclusiva da Polícia Civil,
estabelece ser a segurança pública um dever do Estado. O mne. 11do art. 129 da Lei
Fundamental afirma ser função institucional do Ministério Público zelar pelos serviços
de relevância pública, dentre os quais se inclui, por cedto, a próprio gênero segurança
pública, do qual a investigação penal é uma de suas facetas, leia-se espécie.
Documento recebido eletronicamente da origem

Não se diga que a atividade do Ministério Público na fase pré-processual


se resumiria ao controle externo da atividade policial (art. 129, Vil, CF), à requisição de
diligências e de inquérito policial (adt. 129, VIII, CF), pois em tais situações seria mero
expectador e repassador da prova produzida pela Polícia Civil. A Constituição não criou
o Ministério Público para ser um órgão inerte <..,o Ministério Público deve investigar

lo
Mnd FO 4
(e-STJ Fl.1837)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

sempre que fatos delituosos cheguem ao seu conhecimento'

Sobre a investigação do Minisztério Público, HUGO NIGRO MAZZILI


assevera que:

O Ministério Público tem poder investigatário previsto na própria


Constituição, poder este que não está obviamente limitado à área não
penal (ar. 129, Vi e ViII). Seria um contra-senso negar ao único órgão
titular da ação penal pública, encarregado de formar a opinio delicti e
promover em juízo a defesa do jus puniendi do Estado soberano (..), a
possibilidade de investigação diretar de infrações penais, quando isto se
faça necessário. 2

De fato, na medida em que o ino. iii do alt. 129 da Constituição Federal


estabelece ser função institucional do Ministério Público a promoção do inquérito civil e
a ação civil pública, para a proteção do património público e social, do meio ambiente e
de outros interesses difusos e coletivos, e, logo abaixo, no ino. VI, atribui à Instituição a
função de expedir notificações nos procedimimntos administrativos de sua competência,
requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar
respectiva, é de se concluir ~ mormente porque constitui princípio basilar de
hermenêutica que a lei não contém expressões inúteis que este último inciso está a
-

possibilitar a instauração de procedimentos administrativos de outra natureza que não


os já possibilitados pelo inciso III, notadamente para apuração de ilícitos penais.

Mais uma vez se invoca o magistério de MAZZILLI:

-se os procedimentos administrativos a que se refere


.. este inciso
fossem apenas em matéria cível, teria bastado o inquérito civil de que
Documento recebido eletronicamente da origem

cuida o inc. /11. O inquérito civil nada mais é que uma espécie de
procedimento administrativo de atribuição ministerial. Mas o poder de
requisitar informações e diligências não se exaure na esfera cível;
atinge também a área destinada a investigações criminais.3

1HO 38581/MG, 50 Turma do E. STrJ, relatado pelo MlHistro GILSON DIPP, j. em 14.12.2004, OJ 21.02.2005, pr.202.
2HC n- 241493/MG, 60 Turma, relatado pelo Ministro HAMILTON CARVALHIDO, j. em 23,09.2003,
DJ 17.11.2003, p.
383, RSTJ vol. 179 p. 516.
3MAZZILLí, Hugo Nigro. 0 controle externo da atividade policial. Revista dos Tribrunais. V. 664, p. 392.
Também do
mesmo autor: Regime jurídico do Ministério Público. 2. ed., São Paulo: Saraiva, 1995, p.228.

M..1
(e-STJ Fl.1838)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

Essa idéia fica reforçada com a analise dos inos. 1e IX, do art. 129, da
Constituição Federal, O primeiro (inc. 1) conferindo ao Ministério Público, de forma
exclusiva, a titularidade da ação penal e o outro (mne. IX) possibilitando o exercício de
outras funções, desde que compatíveis com sua finalidade.,

Dessa forma, quando vislumbrar suficientes indícios de autoria e prova da


materialidade, o Promotor de Justiça é obrigado a oferecer denúncia: Para conferir
justa causa à ação penal, o Ministério Público utiliza-se, sobretudo, do inquérito policial,
que, na voz unânime da doutrina, sempre foi tido como instrumento facultativo e
dispensável, posição que vem sendo reiteraoamente adotada pela jurisprudência 4, pois
meras peças de informação podem conter os elementos de materialidade e autoria a
possibilitar o exercício da ação penal.

Entretanto, se tais elementos indispensáveis não lhe forem


disponibilizados por qualquer motivo - que não cabe aqui serem discutidos -, poderá o
Órgão de Execução Ministerial sair a campo em busca do material probatório apto
a
alicerçar a vestibular da ação penal, isso porque a Instituição é vocacionada
constitucional e historicamente para a propositura da ação penal.

Não bastasse a função institucional explicitamente conferida ao Ministério


Público para arrebanhar e compilar provas em matéria penal ~ como decorre
da
exegese dos incs. 1,li, VI, VIII e lX, do art. 1.29, da Constituição Federal ~ há toda uma
doutrina construída sobre os pilares da Tenha dos Poderes Implícitos a socorrer
o
entendimento quanto a tal possibilidade.
Documento recebido eletronicamente da origem

Oriunda das teses federalistas dos Estados Unidos da América, a teoria


dos poderes implícitos indica ao administrador que o poder - e no caso DEVER -
de
tomar as medidas necessárias para alcance das finalidades públicas pressupõe os
4
ALESSANDRO TEIXEIRA DA CRUZ, Promotor de Justiça no
Estado de Santa Catarina, in Revista Jurídica
*Çonsulex -
0
Ano Vil, ri 159 - 31.08.2003.

12
M&PGJ-4
(e-STJ Fl.1839)

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA 3

meios, que, se não se encontram expressos, estão implícitos.

Desta doutrina decorrem duas premissas de fácil compreensão, quais


sejam, quem pode o mais, pode o menos e onde se pretende o fim se autorizam
os meios.

Ora, não seria mesmo de iýenhuma razoabilidade que o legislador


constituinte conferisse ao Ministério Públco a função institucional de promover
privativamente a ação penal pública (inc. 1do art. 129 da CF> e não reconhecesse, se
não explicitamente - como sustentamos ~-,ao menos implicitamente, a possibilidade de
amplamente desenvolver procedimenitos administrativos investigatórios.

É evidente que não pretende o Ministério Público tomar para si a tarefa


exercida pelas polícias, ou, como dizem alguns, assumir a presidência de inquéritos
policiais no lugar dos delegados, o que se caracterizaria como rematado absurdo. Seria
reivindicar para o Ministério Público a exclusividade que não se quer admitir seja
conferida a qualquer outro órgão.

A tese encampada pelo acórdão proferido pelo Tribunal mineiro está


superada e está na contramão da melhor intérpretaçâo jurisprudencial.

Confira-se:

Criminal. HC. Prefeito municipal. Desvio de verba. Nulidade do


procedimento administrativo que fundamentou a denúncia. Promoção
pelo MP. Inocorréncia. Competência para o processo e julgamento do
Documento recebido eletronicamente da origem

feito. Justiça estadual, Afastamento do prefeito do cargo pelo Tribunal


de Justiça. Possibilidade. Ordem denegada. 1. Encontrando-se a
denúncia formalmente perfeita, eis que narra os fatos e apresenta a
materialidade e a autoria, tem-se como descabido o propósito de sua
anula ção, com base em discussão sobre atribuições do Ministério
Público em relação às investigações na fase pré-processual, pois
eventual vicio lá ocorrido não macula a ação penal - que pode,
inclusive, ser proposta sem inquérito policial. 2. Orgão do Parquet pode
proceder a investigações e diligências conforme determinado nas leis

13
Moý.PG4
(e-STJ Fl.1840)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURLADORIA -GERAL DE JUSTIÇAo

orgânicas estaduais, sendo que tal atribuição fica ainda mais evidente
se houve determinação de abertura de Procedimento administrativo
através do qual foram colhidos os elementos ensejadores da acusação

Habeas corpus. Denúncia oferecida com base em investigações


procedidas pelo Ministério Público.( ..
> 1. O inquérito policial é, em
regra, atribuição da autoridade Policial. 2. O parquet pode investigar
fatos, poder que se inclui no mais amplo de fiscalizar a correta
execução da lei. 3.{...) 4. Ta/ poder do órgão ministerial mais avulta,
quando os envolvidos na infração penal são autoridades policiais,
submetidos ao controle externo do Ministério Públlco.e

Pedimos vênia para transcrever retificação de votà do Ministro JOAQUIM


BARROSA, no julgamento do HO n0 83.157-5, pois resume, a nosso ver,
a melhor
compreensão da matéria. Os grifos são nossos:

Gostaria de fazer uma pequena retifica ção do meu voto, porque ele
pode se prestar a equívoco. Eu disse que acompanhava o voto do
Ministro-Relator sem ressalvas. Na verdade, quero dizer que o
acompanho, mas com a ressalva de que não considero ilegítima a
investigação por pante cio Ministério Público. Se a Constituição
Federal criou esta instituição tão importante, tão cara 80 regime
democrático, à nossa democracia, não 8 criou para ser um órgão
manietado, inerte.
Nesse sentido, o meu voto acompanha o do Ministro Carlos Veiloso e
Carlos Britto. Entendo que o Ministério Público pode, sim, e deve,
proceder a investigações quando fatos delituosos chegarem
ao
seu conhecimento.

Fácil perceber que o texto constitucional, analisado em interpretação


sistemática, possibilita ao Ministério Público prerrogativas para a colheita de provas
em
matéria penal, dada sua vocação constitucional, daí a manifesta inconstitucionalidade
em que incidiu o v. acórdão proferido pelo Tribunal mineiro ao determinar a cessação
da investigação levada a efeito pelo órgão ministerial, ao entendimento de
Documento recebido eletronicamente da origem

não haver,
no ordenamento jurídico, norma expressa que atribua ao Parquet competência
para
promover investigações preliminares na área criinal.

'STJ. HO 107251P13, relator Ministro Grison Dipp.


O TFR/4a Reg. ,HO n 0 97.04.2675o-g-pR, Rei. Juiz Fábio Bittencourt da Rosa, 8
1 T. ,vi.. julg. em, 24.06.97, DJU de
16.07.97.

14

MÉPGJ -4
(e-STJ Fl.1841)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORJIA -GERAL DE JUSTIÇA

Outrossim, a realização de investigações criminais pelo Ministério Público


nao compromete a imparcialidade do órgão. Nesse sentido, manifesta-se a doutrina:

Outro óbice apontado às investigações realizadas pelo Ministério


Público é o da imparcialidade. (...)
Um primeiro argumento assevera que o Ministério Público deve guardar
no processo penal postura de imparcialidade, não podendo, a fim de
não comprometê-la, participar ou realizar diretamente as investigações
preliminares, O Ministério Público, aqui, por conta dessa imparcialidade,
exerceria também o controle das atividades desenvolvidas pela Polícia
Judiciaria.
Essa tese veio a ser finalmente rechaçada pelo Superior Tribunal
de Justiça, que adotou, em 13 de dezembro de 1999, a Súmula 234 :
a participação de nh3mbro, do Ministério Público na fase
investigatória criminal rtâo acarreta o seu Impedimento ou
suspeição para o oferecimento da denúncia. Nada mais fez a Corte
do que aplicar entendimento pacífico na doutrina, de que o Ministério
Publico e parte no processo penal. E o juiz quem deve ocupar o ponto
eqüidistante entre a acusação e a defesa, entre o acusado e o
Ministério Público. A imparcialidade que se exige do membro do
Ministério Público é aquela de cunho pessoal, (impessoalidade),
proibindo que o acusador seja parente do juiz ou das partes, seu amigo
íntimo ou inimigo capital e; do ponto de vista funcional, a
imparcialidade é incompatível com a função do acusador público.
E nesse sentido a lição de José Frederico Marques:
(,.. ) não há que falar em imparcialidade do Ministério Público, porque
então não haveria necessidade de um juiz para decidir sobre a
acusação: existiria, aí, um bis in idem de todo prescindível e inútil. No
procedimento acusatório deve o promotor atuar como parte, pois, se
assim não for, debilitada estará a função repressiva do Estado, O seu
papel, no processo, não é o de defensor do réu, nem o de juiz, e sim o,
de órgão do interesse punitivo do Estado.
Portanto, a posição do Ministério Público no processo penal não fica
comprometida pelo fato de seus órgãos participarem da coleta de
provas na fase pré-procesiLua', ou mesmo de produzi-las diretamente.
Caberá ao )uiz dizer da validade e da suficiência desses elementos
Documento recebido eletronicamente da origem

Acrescente-se que o exercício do controle externo da atividade policial


pelo Ministério Público não impede que o órgão proceda a investigações criminais. Ora,
não bastasse ser a investigação feita pelo Parquet desvinculada da atividade da polícia

'FONTES, PAULO GUSTAVO GUEDES, Investigação criminal pelo Ministério


Público: discussão dos
principais argumentos em contrário, in BOLETIM CIENTÍFICO, n.16. Brasília: Escola Superior
do Ministério
Público da União, ano 4, rn16, jul./sel., 2005. p.14 3 - 15 5 (grifo nosso).

1s
Mnd. PGJ -
(e-STJ Fl.1842)

súSIçi

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA -GERAL DE JUSTIÇA ý

judiciária, o STF já decidiu que referido controle externo abrange a atuação do órgão
ministerial no campo da investigação criminal. Nesse sentido:

HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. POLICIAL CIVIL.


CRIME DE EXTORSÃO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DE
CONCUSSÃO. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL. DENUNCIA:
CRIMES COMUNS, PRATICADOS COM GRAVE AMEAÇA.
INAPLICABILIDADE DO ARiT. 514 DO CPP. ILICITUDE DA PROVA.
CONDENAÇAO EMBASADA EM OUTROS ELEMENTOS
PROBATÓRIOS. DECISAO CONDENATÓRIA FUNDAMENTADA.
ORDEM DENEGADA. 1. Legitimidade doáórgão ministerial público
para promover as medidas necessárias â efetivação de todos os
direitos assegurados pela Constituição, Inclusive o controle
externo da atividade policial (incisos 11e Vil do art. 129 da CF/88).
Tanto qu a Constituipão da República habilitou o Ministério
Público a sair em defesa da Ordem Jurídica. Pelo que é da sua
natureza mesma investigarfatos, documentos e pessoas. Noutros
termos: não se tolera, sob a Magna Canta de 1988. condicionar ao
exclusivo impulso da Polícia a oropositura das ações Penais
oúbicas incondicionadas: como se o Ministério Público fosse um
árgão Passivo, inerte, a espera de rovocação de terceiros. 2. A
Constituição Federal de 1988, ao regrar as competências do
Ministério Público, o fez sob a técnica do reforço normativo. Isso
porque o controle externo da atividade policial engloba a atuação
supridora e complementar do órgão ministerial no campo da
Investigação criminal. Controle naquilo que a Policia tem de mais
especfico: a investigação, que deve ser de qualidade. Nem insuficiente,
nem inexistente, seja por comodidade, seja por cumplicidade. Cuida-se
de controle técnico ou operacional, e não administrativo-disciplinar. 3. O
Poder Judiciário tem por característica central a estática ou o não-agir
por impulso próprio (na procedat iudex ex officio>. Age por provocação
das pantes, do que decorre ser próprio do Direito Positivo este ponto de
fragilidade: quem diz o que seja 'de Direito" não o diz senão a partir de
impulso externo. Não é Isso o que se dá com o Ministério Público.
Este age de ofício e assim confere ao Direito um elemento de
dinamismo compensador daquele primeiro ponto jurisdicional de
fragilidade. Dai os antiquissimos nomes de "promotor de justiça" para
designar o agente que pugna pela realização da justiça, ao lado da
Documento recebido eletronicamente da origem

.procuradoria de justiça", órgão congregador


de promotores
procuradores de justiça. Promotoria de justiça, promotor de justiça,e
ambos a pôr em evidência o caráter comissivo ou a atuação de ofício
dos ôrgãos ministeriais públicos. 4. Duas das competências
constitucionais do Ministério Público são particularmente expressivas
dessa índole ativa que se está a realçar. A primeira reside no inciso II
do art. 129 («11 - zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos
serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta
Constituição, promovendo is medidas necessárias á sua garantia"). É

16
MO-PG-4
(e-STJ Fl.1843)

MINISTÉRIO PUJBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA -GERAL DE JUSTIÇA

dizer: o Ministério Público está autorizado pela Constituição a


promover todas as medidas necessárias à efetivação de todos os
direitos assegurados pela Constituição. A segunda competência está
no inciso Vil do mesmo art. 129 e traduz-se no controle externo da
atividade policial". Noutros termos: ambas as funções ditas
«Institucionais" são as que melhor tipificam o Ministério Público
enquanto instituição que bem pode tomar a dianteira das coisas, se
assim preferir. 5. Nessa contextura, não se acolhe a alegação de
nulidade do inquérito por haver o órgão ministerial público
protagonizado várias das medidas de investigação. Precedentes da
Segunda Turma: HOs 89.837, da relataria do ministro Celso de MelIo;
91.661, da relataria da ministra Ellen Gracie; 93.930, da reiloria do
ministro Gilmar Mendes. ( ... ) 9. Ordem denegada.
(HO 97969, Relator(a): Min. AYRES BRITIO, Segunda Turma, julgado
em 01/02/2011, DJe-096 DIVULO 20-05-2011 PUBLIC 23-05-2011
EMENT VOL-02527-01 PP-00046 - grifo nosso).

3.2.1. Da exegese do art. 144 da CF - Não exclusividade da investigação penal em


mãos da polícia civil.

Q § do ad. 144, da Cor;stituição Federal, deve ser analisado


40,

conjuntamente com o ino. IV, do § 10, do mesmo dispositivo. Relembremos suas


redações:

Art. 144 - A segurança pública, dever do Estado, direito e


responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
pública e da incoluniidade das pessoas e do patrimônio, através dos
seguintes órgãos:
Parágrafo primeiro - A polícia federal, instituída por lei como órgão
permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em
carreira, destina-se a:
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da
Uniaão.
Parágrafo quarto - As polícias civis, dirigidas por delegados de polícia
de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções
de polícia judiciária e a apura ção de infrações penais exceto as
Documento recebido eletronicamente da origem

militares.

Com fundamento em tais dispositivos, sustentam alguns que caberia


exclusivamente à Polícia Civil a realização de investigações penais.

A única leitura possível de ser extraída daquela previsao constitucional e


17
MOPJ4
(e-STJ Fl.1844)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA -GERAL DE JUSTIÇA

a de que compete à Polícia Federal exercer, Com exclusividade, as funções de policia


judiciária da União. Com relação às Polícias Civis dos Estados, o texto constitucional
não confere exclusividade para apuração de infrações penais.

Ora, o argumento restritivo, assentado basicamente na interpretação


literal do dispositivo em estudo, não autoriza a compreensão de que caberia
exclusivamente à Polícia Civil o desenvolvimento de investigações penais, porquanto o
ino. IV, do art. 144, da CF estabelece ser destinação exclusiva da Policia Federal
exercer as funções de polícia judiciária da União, enquanto que o § 40 do artigo em
estudo ~ agora tratando das Polícias Civis -, assevera que a estas incumbem,
ressalvada a competência da União, as funções de polícia
judiciária e-a apuração de
infrações penais exceto as militares".

Observe-se que a conjunção aditiva 'e" está a indicar que às Policias


Civis cabe, ressalvada a competência da União, as funções exclusivas de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares, restando cristalino que
a "exclusividade" literalmente está circunscrita às funções de polícia judiciária e não à
apuração de infrações penais.

Em importante artigo intitulado "O Ministério Público pode ou nào


investigar? Uma análise de recente decisão do STF 8, colhe-se valioso ensinamento
que corrobora a assertiva acima:

Entendemos que, mesmo em relação à policia federal, o que é


exclusivo é o exercício da polícia judiciária, e não a apura ção de crimes,
já que a própria constituição elenca exceções à regra geral,
Documento recebido eletronicamente da origem

considerando ainda que as funções de polícia judiciária não se refletem


necessariamente na apuração de crimes, cabendo também auxiliar a
justiça criminal, fornecer informações necessárias à instrução e
julgamento de processos, realizar diligências requisitadas pelo juiz ou
pelo ministério público e cumprir mandados de prisão, na forma o art. 13
do código de processo penal

RBCCrin, 46-2004, P.3711389, MARCELLLJS POLASTRI LIMA.

18

&idPGJ -.4
(e-STJ Fl.1845)

MINISTÉRIO PUBLICO D0 ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA

Dentre os diversos órgãos que o Estado mantém para propiciar


segurança pública, limitou-se o artigo em estudo a indicar qual deles tem a
incumbência específica de investigar as infrações penais e de exercer a polícia
judiciária. Daí não se pode extrair a exclusividade para o seu exercício. A exegese da
norma deve ser feita dentro do contexto em que foi criada, ou seja, sistematicamente e
em harmonia com os demais princípios constit.'cionais.

Observe-se que o caput do adt. 144 em análise estabelece ser dever do


Estado, direito e responsabilidade de todos a prestação da segurança pública, o que
alicerça a tese de que "iasegurança pública não é só repressão e não é pmoblema
apenas de polícia, pois a Constituição acolheu a concepção do 1 Ciclo de Estudos
sobre Segurança, segundo a qual é preciso que a questão da segurança seja discutida
e assumida como tarefa e responsabilidade permanente de todos, Estado e
população". 9

Conclui-se, portanto, que o sistema constitucional brasileiro contempla o


chamado principio da universalização da investigação, "em consonância com a
democracia participativa, a maior transparência dos atos administrativos, a ampliação
dos órgãos habilitados a investigar e a facilitação e ampliação de acesso ao Judiciário,
princípios decorrentes do sistema constitucional atual. O reconhecimento do monopólio
investigatório da polícia não se coaduna com o sistema constitucional vigente, que
prevê o poder investigatório das comissões parlamentares de inquérito (ait. 58, § 30,
Constituição Federal), o exercício da ação penal e o poder de investigar do Ministério
Público (art. 129, 1, II1 e VI, CF), o direito do povo de participar dos serviços de
segurança pública (art. 144, caput, CF), função na qual a investigação criminal se inclui
Documento recebido eletronicamente da origem

(art. 144, § 1Õ, 1e § 40, CF), o acesso ao Judiciário (art. 5.0 XXXV, CF) e o princípio da
igualdade (ar. 50, caput e 1,CF)"

Acrescente-se que a tese restritiva, defendida por aqueles alue não


9
SILVA, José Afonso, in Curso de Direito Constitucional PomiiVo. 1i20 Ed., Malheiros, P. 711.
lSANTIN, Valter Foleto. O Ministério Público na invesigaçào
criminal. São Paulo: Edipro, 2001. pr.60.
19
MM. PGJ -4
(e-STJ Fl.1846)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA1-

querem a investigação Ministerial, afasta nutras tantas atividades investigatórias


diuiturnamente desenvolvidas pelas comissões parlamentares de inquérito (ad. 58, § 30,
da 09, Fazenda Pública (crimes contra a ordem tributária>, Comissão de Valores
Mobiliários e Banco Central (art. 28 da Lei no 7.492/86> e até pelo Judiciário (apuração
de crimes praticados por magistrados), tudo a indicar que as policias federal e civil não
possuem exclusividade para instaurar procedimentos investigatórios.

Ademais, "nem mesmo o Parquet detém o monopólio da ação penal, haja


vista o próprio ordenamento ressalvar crimes de ação penal privada e, mesmo nos de
ação pública, a inércia ministerial acarretar a possibilidade de ação subsidiária. Indo
além, sequer o Judiciário, hoje, concentra o monopólio da jurisdição (tida como a tarefa
de dizer o direito>, pois, por exemplo, com a lei de arbitragem, podem as pantes
envolvidas no litígio pactuar sua solução porá~rbitro de comum acordo escolhido, que
dirá o direito, a cuja decisão se comprormetem submete?. 11

Enfim, o Ministério Público, órgão estatal vocacionado


constitucionalmente para a promoção da ação penal pública, tem o dever de coadjuvar
na preservação da ordem pública, não se concebendo possa lhe ser subtraído tal
mister.

Conclui-se que é de fundamental importância que se atente para a


imperiosa necessidade de se somar esforços no sentido de assegurar à sociedade
brasileira o direito constitucional â segurança pública, o que só poderá ser alcançado
com a cooperação entre todas as instituições envolvidas - inclusive o Ministério Público
- de alguma forma na repressão da criminalidade, não constituindo
exclusividade da
Documento recebido eletronicamente da origem

Polícia Civil a apuração de ilícitos penais.

Bem se vê que o Tribunal local trilhou caminhos tortuosos e se afastou da


melhor exegese a ser dada aos inos. 1,1li, VI, ViII e IX, do adt. 129, em cotejo com o adt.

" ALEX SANDRO TEIXEIRA DA CRUZ, Promotor de Justiça no Estado de Santa Catarina,
li, Revista Jurídica
Consulex - Ano Vii, n0- 159 -31.08.2003
20
(e-STJ Fl.1847)

ýtj1

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE MIASGEAI


PROCURADORIA -GERAL DE JUSTIÇA-

144, todos da Constituição Federal.

4) Da pedido

1Ante o exposto, pugna-se pelo conhecimento e provimento do presente


RECURSO EX(TRAORDINÁRIO, para que seja reconhecido que o Ministério Público
possui competência para realizar investigações criminai e, em conseqúência, seja
cassada a ordem de habeas corpus concedida.

Belo Horizonte, 14 de março de 20-]

José Alberto rtório de Souza


Procur r de Justiça
Procuradoria de Justiça de Reo s Especiais e Extraordinários Criminais
aphp
Documento recebido eletronicamente da origem

21
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1848)
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1849)
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1850)
(e-STJ Fl.1851)
MowalId.od Campos Pires (,ni rem~ran
Maríio de Oliveira Campos Júnior < \,,1AS 0 L-TJMG, R~OIMu
Carlos Frederico Veios0 Pires rtiííIhLtIIIIIlIPIiWI
Rodrigo Otávio Soares Pacheco íiIIIItlIiIlIlIlIi11 'IIIiiLlIIhl
Leonardo Guimarães Saíles 21lO
A4hJ
José Bernardo de Assis Junior mPflOI
Juliano de Oliveira Brasileiro -
D)i o go jabu r Pime ,nta07i4

Excelentíssimo Senhor Desembargador Vice-presidente do Tribunal de


Justiça do Estado de Minas Gerais.

Ref.: Habeas Corpus n0 i 1.0000.11 .023.223-8IO00.


(3fl CACRI)

JOSÉ BERNARDO DE ASSIS JUNIOR, MAURÍCIO DE


OLIVEIRA CAMPOS JÚNIOR e CARLOS FREDEFRICO VELOSO
PIRES, todos já qualificados nos autos do habeas corpus impetrado em
favor dos pacientes Ildeu de Oliveira Magalhães e Renato Alves da
Silva, vêm perante V. Exa., respeitosamente, apresentar suas
CONTRARRAZÕES ao RECURSO ESPECIAL interposto pelo
Ministério Público Federal às lis. 1725/1748, na esteira do que prevê o
art. 27 da Lei 8.038/90.

P. juntada e deferimento.

Belo Horizonte 7 ri de 2012.

Advogado M Õ.
Documento recebido eletronicamente da origem

MAURÍCIO E OLIV MP JÚNIOR


A vo ad -O G 49.369

CARLOS FR E ELOSO PIRES


Advogado - O /MG 48.866

v.do CorMm 91 55.1FAdr Yd


Bolo Horzote MC 1CFF 301-6
Fce:<(31)>3275-3646 1 F., (31)3275-3034
(e-STJ Fl.1852)
o

7ýV$\04AS

Colendo Superior Tribunal de Justiça,


Doutos Ministros,

1.
RESUMO DOS FATOS

Foi a partir de uma denúncia anônima que o Ministério


Público Estadual se investiu da condição de "autoridade policial" e
iniciou aquilo que denominou de "Procedimento Investigatório
Criminal", verdadeiro procedimento inquisitorial, discricionário e
unilateral, tendo por objeto apurar a prática de "crimes fiscais
perpetrados pela empresa HIPOLA DOR FARMACÊUTICA LTDA e por
seu sócio, JLDEU DE OLIVEIRA MAGALHAES" (f]. 03 da petição
inicial da medida cautelar de prisão temporária).

Após a realização de algumas diligências, segundo expressa o


Órgão Acusatório, "evidenciam-se indícios da existência de quadrilha
organizada, de forma estável e permanente, para a prática de diversos
crimes de extrema gravidade, dentre eles crimes de sonegação fiscal,
fraude à licitação, formação de cartel e comércio de medicamento
adulterado" (fl. 03 da petição inicial da medida cautelar de prisão
temporária).

E foi com base nesses elementos indiciários colhidos


unilateralmente em procedimento interno que- em 24 de março de 2011 o
Documento recebido eletronicamente da origem

Parquet apresentou ao Juízo da Comarca de Sabará/MO requerimentos


de prisão temporária de ambos os pacientes (autos de n0 002 1563-
78.2011.8.13.0567) e de busca e apreensão em domicílios empresariais
e residenciais c medida cautelar de sequestro de bens imóveis (autos
n0 0021571-55.2011.8.13.0567), constrições que foram deferidas pelo
(e-STJ Fl.1853)

MM. Juiz da 2' Vara da Comarca de Sabará/MO no dia 10 de abril de


2011.

Em 12 de abril de 2011 foi deflagrada a operação denominada


"Panacéia", ocasião em que foram cumpridas os mandados de prisão
temporária expedidos em desfavor de Ildeu de Oliveira Magalhães e
Renato Alves da Silva e realizadas as demais medidas cautelares.

Estarrecidos com o absurdo que representava o estardalhaço da


operação aliado ao descompromisso com a melhor investigação, os
advogados José Bernardo de Assis Junior, Maurício de Oliveira Campos
Júnior e Carlos Frederico Veloso Pires impetraram duas ordens de
habeas corpus perante o TJMG nas quais buscavam o reconhecimento
da impossibilidade de decretação de prisão temporária quando
inexistente inquérito policial (I-C de n0 1.0000.1 1.023.123-0/000) e o
reconhecimento da impossibilidade do MP realizar investigações
criminais diretamente (HC de no 1.0000. 11.023.223-8/000).

Após ter sido deferida a medida liminar pleiteada (fls.


1247/1250) para sobrestar as investigações ministeriais até ulterior
decisão, inclusive com a expedição dos respectivos alvarás de soltura,
os autos foram levados a julgamento na sessão do dia 05 de julho de
20 11, ocasião em que o primeiro habeas corpus (aviado contra a prisão
temporária) foi considerado prejudicado por perda de objeto e o
segundo (contra a investigação ministerial) teve a ordem parcialmente
Documento recebido eletronicamente da origem

concedida em acórdão que restou assim ementado:

"EMENTA: 'HABEAS CORPUS' - PRISÃO


TEMPORÁRIA - PRAZO EXPIRADO E PACIENTES
EM LIBERDADE - PERDA DO OBJETO -

INVESTIGAÇÕES PROMOVIDAS PELO


(e-STJ Fl.1854)

MINISTÉRIO PÚBLICO E ORIGINADAS DE


DENÚNCIA APÓCRIFA - TRANCAMENTO DO
PROCEDIMENTO INVESTIGATORIO - ORDEM
PARCIALMENTE CONCEDIDA. O simples impulso
de investigação dado por denúncia anônima não é
vedado, sendo, inclusive, uma garantia ao exercício
da democracia, a possibilidade de o cidadão
comunicar-se com os setores públicos responsáveis a
fim de informar a ocorrência de ilícitos sem ser
identificado, na mais legítima participação popular
na proteção da res pública. Contudo, claramente
defesa a imposição de medidas restritivas ou
formações cognitivas somente com base em anúncios
apócrifos, o que não é o caso. O inquérito policial
presidido pelo Promotor de Justiça, rotulado de
procedimento administrativo, exorbita às suas
funções, além de conflitar com as normas de
competência expressa nos dispositivos normativos
acima mencionados, segundo os quais a investigação
criminal deve ficar a cargo da autoridade policial
competente. O que não se admite, contudo, é o
oferecimento da denúncia com base em peças
investigatórias produzidas unilateralmente pelo
órgão incumbido da acusação no procedimento
judicial criminal, o que não é o caso, pois além de
Documento recebido eletronicamente da origem

existirem outros instrumentos de prova, estamos


falando da fase meramente investigatória. Contudo,
não podem ser mantidas as investigações criminais
sob presidência do Ministério Público, devendo ser
prosseguidas pela autoridade policial competente"
(i. 1570).
(e-STJ Fl.1855)

Embora a Defesa tenha interposto recurso ordinário (fis.


1624/1639) contra a parte denegatória da decisão (posteriormente
ratificado à ti. 1641), o Parquet ainda opôs embargos declaratórios (fis.
1604/1613) em face do acórdão primevo, os quais foram sumariamente
rejeitados pelo TJMG ao argumento de inexistência de "contradição,
ambiguidade, obscuridade, omissão ou ainda falta de clareza ou lacuna
a ser superada, ficando clara a intenção do embargante de rediscutir o
que já fora tratado quando do julgamento do Habeas Corpus" (f].
1617).

Ainda inconformado, o Ministério Público Estadual interpôs


Recurso Especial (fi s. 1725/1748) sob a alegação de suposta
contrariedade ao art. 80, 1, 11, IV, V e VII, da Lei Complementar no
75/93, o art. 26, 1, a, b e e, II e IV, da Lei no 8.625/93, e o art. 40,

parág. único, do Código de Processo Penal.

No presente momento, os impetrantes, em cumprimento ao


princípio do contraditório (art. 50, LV, da CF/88), vêm apresentar suas
CONTRARRAZÕES ao apelo raro em questão, nos seguintes termos:

li.
PRELIMINAR flE NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO
MINISTERIAL

Preliminarmente, cumpre consignar o não atendimento a um


Documento recebido eletronicamente da origem

requisito indispensável ao trâmite do apelo raro em questão, qual seja, a


ausência de prequestionaniento da matéria tratada no recurso especial,
vez que a imensa maioria dos dispositivos federais tidos Dor
contrariados (art. 80, 1, 11, IV, V e VII, da Lei Complementar n0 75/93,
o art. 26, 1, a, b e c, II, da Lei no 8.625/93) não foram sequer
ventilados pelo acórdão recorrido.
(e-STJ Fl.1856)

o
'>AS

o. . 4

E bem verdade que foram opostos embargos declaratórios (fis.


1604/1613). Todavia, o Tribunal a quo simplesmente rejeitou os
embargos sem fazer qualquer menção aos dispositivos supostamente
contrariados, conforme se vislumbra do voto condutor proferido pelo
Eminente Desembargador Relator, tomado à unanimidade:

"Pois bem, in casu, verifica-se que não há no


acordão embargado contradição, ambiguidade,
obscuridade, omissão ou ainda falta de clareza ou
lacuna a ser superada, ficando clara a intenção do
embargante de rediscutir o que já fora tratado quando
do julgamento do Habeas Corpus.
Ora, os embargos de declaração não se prestam para
reexame da causa, mas, tão-somente, para sanar
eventual error in procedendo, o que não ocorre no
caso sub examine. Se há erro 'in judicando'. cabe à
parte irresignada a viar o recurso especial ou
extraordinário no afã de ver prevalecer seu ponto de
vista, sendo impossível que o tema já decidido seja
rediscutido em sede de embargos declaratórios.
Diante do exposto, rejeito os presentes embargos"
(fi. 1617).

Em tais casos, compete à parte (no caso, ao MP) opor novos


embargos de declaração, no intuito de provocar a explícita manifestação
Documento recebido eletronicamente da origem

do Tribunal acerca dos dispositivos tidos como vulnerados, sob pena do


requisito do prequestionamento não restar atendido, consoante os
seguintes precedentes oriundos dos Tribunais Superiores:

"Não cabe conhecer do recurso especial que aponta


como malferido dispositivo legal não ventilado no
(e-STJ Fl.1857)

acórdão hostilizado" (STJ -Resp 55444/RI 1'


Turma - Rei. Min. Demnócrito Reinaldo, DJU
14. 05 .95).

"É inviável recurso especial sem o


prequestionamento explícito dos dispositivos legais
tidos por vulnerados (Súm. 282 e Súm. 356/STF7)"
(ST11 - AgRgAglni 145 156/SP - 5a Turma - ReI. Min.
Cid Flaquer Scartezzini - DJU 06.10.97).

"Não tendo o acórdão recorrido ventilado os


dispositivos apontados como violados pelo recorrente
e não tendo este caracterizado o dissídio
jurisprudencial, não há de ser conhecido o recurso
extraordinário" (STF - RE 108086-8/SP - V~ Turma -

ReI. Min. Octavio Gallotti -RT 611/268).

"A falta de prequestionamento dos dispositivos


legais invocados na petição recursal constitui óbice
ao conhecimento do recurso extraordinário nos
termos das Súmulas 282 e 356" (STF - RE 94499-
1/RJ - 1a Turma - Rei. Min. Pedro Soares Munoz,
DJU 20.05.83).

Destarte, à guisa de preliminar, pugna-se pelo NÃO-


Documento recebido eletronicamente da origem

CONHECIMENTO do Recurso Especial em questão, por faltar-lhe


requisito essencial consistente no prequestionamento explícito dos
dispositivos federais tidos como contrariados.
(e-STJ Fl.1858)

MERITU
CANAS
E MNUTNÇÃODA
NECESIDDE ECIÃO ECORID

Na rmot do"ecuso
hiptes mniseria se conecio,-

Val remotar
hipót doourecurso
i, eaeese miitra e ohecio

em relação à parte denegatória do acórdão do TJMG (fis. 1624/1639,


posteriormente ratificado à fl. 1641) pretendendo discutir
exclusivamente os efeitos da parcial concessão da ordem pelo Tribunal
de Justiça de Minas Gerais (ou seja, o objeto do recurso defensivo
pendente de julgamento diz respeito justamente à parte em que o writ
restou indeferido).

Contudo, no tocante ao excerto em que a ordem restou


concedida, não merece qualquer reparo o acórdão proferido pelo
Tribunal a qua.

Ao contrário do que sustenta o recorrente, ao Ministério


Público não foram conferidos poderes de investigação (veia-se que
nenhum dos dispositivos federais sunostamtente contrariados dá
margem a tal prática explicitanmente), sendo que sua atuação anterior
à propositura da ação penal está a revelar um caráter autoritário, de
Documento recebido eletronicamente da origem

precedente tão antigo quanto incompatível com o Estado Democrático


de Direito.

O Poder Constituinte originário dispôs expressamente (art.


144, § 40, CF188) que "às policiais civis, dirigidas por delegados de
policia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as
(e-STJ Fl.1859)

funções de polícia judiciaria e a apuração de infrações Penais, exceto


militares". Ao Ministério Público, por sua vez, foi dada a titularidade
da ação penal pública (art. 129, 1, da CF/88), mas jamais a atribuição
concorrente de investigar eventuais práticas de infrações penais.

In casu, verificada pelo Ministério Público a mera


possibilidade do cometimento de crimes no âmbito da administração da
empresa Hipolabor Farmacêutica Ltda. (e diga-se que a denúncia
anônima apresentada à Procurador ia- Geral de Justiça do Estado de
Minas Gerais no presente caso seria pouco para adoção de
providências), cumpriria ao d. Promotor de Justiça, quando muito,
requisitar diligências investigatórias e/ou a instauração de inquérito
policial, tal como dispõe o inciso VIII do art. 129 da CFISS, e não
promover um 'Procedimento Investigatório Criminal" próprio, tal como
revelam as mais de 600 páginas de documentos e depoimento
amealhados, tudo isso alheio aos princípios mais comezinhos do Direito
Constitucional e do Processual Penal, em especial às máximas do
devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa (art. 50, LIV e
LV, da CF/88).

O .Parquet, aliás, que é parte processual e, por isso mesmo,


de quem não se exige impDarcialidade, no presente caso rotulou-se de
autoridade policial e promoveu, por sua conta e risco, uma afoita e
desarrazoada investigação quando, pro veritate, os fatos recomendavam
Documento recebido eletronicamente da origem

umna apuração serena e isenta a ser realizada por quem de direito, vale
dizer, a Policia Civil (ou Federal, conforme o entendimento).

Veja-se a advertência feita pelo Promotor de Justiça Luiz


Gustavo Gonçalves Ribeiro em sua obra "Persecução Penal
Democrática":
(e-STJ Fl.1860)

"Não há como negar que os interesses de


determinado investigador variam ou podem variar de
acordo com seus caprichos, refletindo isso na lisura
ou não das investigações. Assim como existem casos
de abusos policiais, são conhecidos outros por parte
de membros do Ministério Público, suscetíveis que
são a determinadas tentações. Afinal, os relevantes
problemas não estão nas instituições, mas nos
homens que, por vezes, se deixam 'seduzir a todos os
tipos de influência, principalmente as nefastas
influências advindas do efémero e fugaz poder'.
Compete ao Ministério Público, no sistema
acusatório, trabalhar arduamente pela lisura dos
procedimentos, o que deve ocorrer de acordo com o
tamanho da confiança que lhe foi depositada pela
população em geral" (in Persecução penal
democrática. Belo Horizonte: Escola Superior Dom
Helder Câmara - ESDHC, 2010, p. 133).

In casu, o "Procedimento Investigatório Criminal" realizado


pelo MPMvG culminou nos pedidos (todos deferidos pelo MM. Juiz da 2'
Vara da Comarca de Sabará/MG) de interceptação telefônica (violação
ao direito à intimidade), de busca e apreensão (violação à
inviolabilidade do domicílio), de seqüestro de bens imóveis (violação
ao direito de propriedade) e de prisão temporária (violação ao direito de
Documento recebido eletronicamente da origem

locomoção), providências invasivas que exigiam fosse delegada a tarefa


de investigação à instituição constitucionalmente competente para tanto,
vale dizer, a Policia Judiciária.
(e-STJ Fl.1861)

Tudo isso está a revelar uma incômoda onipotência (ou seria


concentração de poderes?) que só o controle judicial poderia evitar,
como efetivamente o fez concedendo a ordem nos presentes autos.

Afinal, o Ministério Público - que seria parte na futura ação


penal pública - recebeu a "denúncia anônima"; instaurou procedimento
interno e sigiloso em seu próprio âmbito; requisitou documentos
(inclusive os protegidos por sigilo bancário); convocou pessoas ao seu
gabinete, inquirindo-as diretamente e segundo o interesse da
investigação; requereu e promoveu, também em seu ambiente, escutas
telefônicas, orientando e dirigindo seus analistas a selecionar os temas
e os trechos para degravação; e, finalmente, requereu e obteve prisão
temporária (sem inquérito policial), bem como medidas cautelares de
busca e apreensão e seqüestro de bens.

Para completar, numa técnica que parece muito familiar ao


fascismo, divulgou tudo, de forma precipitada e com costumeiro
estardalhaço, através da midia igualmente convocada para as entrevistas
coletivas, formando a opinião pública e condenando pessoas físicas e
jurídicas à "morte" pela desonra, posto que a reparação jamais ocorrera,
nem mesmo pela futura absolvição.

Sob qualquer ângulo, não é dado ao Ministério Público


promover a investigação criminal, tal como já concluiu a insigne jurista
Ada Pellegrini Grinover em artigo publicado no Boletim n0 12 do
Documento recebido eletronicamente da origem

IBCCRIM (dezembro de 2004). Na ocasião, asseverou que embora


pudessem "ser conferidas funções investigativas criminais" ao
Ministério Público, é certo que somente através de lei complementar
tais funções poderiam ser atribuidas, de acordo com a imposição do
principio da reserva legal (art. 128, § 50, da CF), de modo a estabelecer
mínimas regras de atuação em tais procedimentos, tais como:
(e-STJ Fl.1862)

",a) a indicação das infrações penais em que caberia


ao MP investigar, deixando-se claro que, em todas
elas, a investigação lhe competirá. Afasta-se, assim,
a preocupante seleção de casos a que o órgão
ministerial tem procedido, fixando-se os crimes em
que a investigação do MP poderia ser mais eficaz do
que a da Polícia;

b) o estabelecimento de regras procedimentais, com


controles pelo juiz (como acontece com o inquérito
policial);

e) a abertura de espaço para a defesa, que deve poder


acompanhar as investigações, com a previsão da
presença do defensor antes e durante o
interrogatório, nos termos dos dispostos nos novos
arts. 185 a 196 do Código de Processo Penal - CPP,
segundo a Lei no 10.792/03, os quais são
inquestionavelmente aplicáveis ao inquérito policial
e, consequentemente, às eventuais investigações
ministeriais" (p. 05).

Desse modo, conclui a autora:


Documento recebido eletronicamente da origem

"Sem a lei complementar acima referida, o MP não


pode exercer funções investigativas penais" (p. 05).

É bem verdade que o Supremo Tribunal Federal finalizou o


julgamento do Inquérito 1968 sem uma posição definitiva sobre o tema,
cuja discussão está sendo travada agora no âmbito do 1-abeas Corpus n'
84.548, da relatoria do Eminente Ministro Marco Aurélio, o qual se
(e-STJ Fl.1863)

encontra sobrestado em razão de um pedido de vista do d. Ministro


Cezar Peluso.

Independente de tais considerações, porém, o que se tem no


presente caso é uma afoita investigação promovida unilateralmente pelo
Ministério Público Estadual ao arrepio da legislação vigente, o que ja
demonstra o acerto da decisão do Tribunal mineiro que não haverá de
ser desconstituída.

Recorra-se novamente aos dizeres de Luiz Gustavo Gonçalves


Ribeiro:

"Por mais importante que seja, o Ministério Público


não está acima da lei; não lhe compete legislar, mas
defender, com todas as forças, o cumprimento dela
pelos Poderes e órgãos públicos. Sua atuação como
investigante representaria não apenas uma simples
violação ao ordenamento vigente, mas ao devido
processo; afinal, embevecido pelas investigações,
certamente batalharia, cegamente, por sua
confirmação em juízo.
Outrossim, a investigação pelo Ministério Público
feriria, se autorizada fosse, a paridade de
oportunidades entre acusação e defesa, o que
constituiria verdadeira agressão aos
Documento recebido eletronicamente da origem

postulados
acusatórios. Quem investiga, direciona as
investigações, passa a ter contato direto como
elementos de convencimento que na fase processual
serão discutidos e analisados. A acumulação de
funções de investigador e promotor da ação penal
pode gerar determinado ponto de vista que tenderá a
(e-STJ Fl.1864)

ser mantido ao longo do procedimento, tornado o


agente indiferente a qualquer alternativa probatória"
(in Persecução penal democrática. Belo Horizonte:
Escola Superior Dom Helder Câmara - ESDH1C,
2010, p. 131).

Nesses termos, considerando a impossibilidade do Ministério


Público apurar diretamente o cometimento de crimes por intermédio de
procedimento investigatório unilateral, pede-se seja o recurso
ministerial IMPROVIDO.

IV.
CONCLUSÃO

Ex positis, pede-se:

- o NÃO CONHECIMENTO do recurso ministerial,


porquanto não atendido o prequestionamento,
requisito indeclinável para a abertura da via
excepcional, nos termos da Súmula no 356 do
Supremo Tribunal Federal;

- alternativamente, na ínfima hipótese de se decidir


pelo conhecimento do apelo raro em questão, que lhe
seja NEGADO PROVIMENTO em virtude da
Documento recebido eletronicamente da origem

ausência de qualquer contrariedade entre o acórdão


fustigado e os ars. 80, 1, 11, IV, V e VII, da Lei
Complementar no 75/93, 26, 1, a, b e e, Il e IV, da
Lei n0 8.625/93, e o art. 40, parág. único, do Código
de Processo Penal, mantendo-se, por conseguinte, a
integra do acórdão proferido pela Terceira Câmara
(e-STJ Fl.1865)

Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais,


única forma de se garantir inteireza na aplicação da

P. deferimento.

Belo Horizonte, 2 e bril 2012.

Advoado- OA/MG88.459

MAURÍCIO DE OLIVEI MPO JÚNIOR


ttvogadút- B/MG 9.3 ,69

CARLOS FR E
JER ELOSO PIRES
Advogado - O>vBIMG 48.866
Documento recebido eletronicamente da origem
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1866)
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1867)
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1868)
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Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1881)
(e-STJ Fl.1882)

Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais

GABINETE DA TERCEIRA VICE-PRESIDENCIA


Recurso Especial n0 1.O000.11.023.223-8/004 em Habeas Corpus
Comarca: SARARA

Recte(s): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Recdo(s>: ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÃIES e OUTRO

Tratam os autos de recurso especial oferecido pelo MINISTÉRIO


PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS contra decisão proferida pela
egrégia 3a Câmara Criminal deste Tribunal de Justiça, que concedeu
parcialmente a ordem no HC 1.0000.11.023.223-8/000, para que sejam
remetidos os autos que se encontram lacrados na Comarca de Sabará à
autoridade policial competente para prosseguimento do inquérito, por
entender que o Ministério Púbico não tem poder investigatório, conforme
estabelecido pelo ordenamento juridico pátrio, com o autorizado
acompanhamento do Ministério Público, e julgou prejudicado o HC
1.0000.11.023.123-01000, pela perda do objeto.

Com fundamento no artigo 105S, inciso III, letra "a", da Constituição


da República, alega o recorrente contrariedade ao artigo 80, 1,li, IV, V e Vil,
da Lei Complementar in. 75/93, artigo 26, 1, "a", 'b" e "c", 11e IV, da Lei
8.625/93 e artigo 40, parágrafo único, do Código de Processo Penal, sob o
fundamento de possuir o Parquet legitimidade para proceder a investigações
penais.

O recurso está a merecer trânsito.

Conforme visto, a v. decisão hostilizada entendeu que o Ministério


Público não possui legitimidade para presidir investigação criminal que
antecede ã respectiva ação penal.
Documento recebido eletronicamente da origem

Contra esse entendimento, sustenta o recorrente que:

«...os poderes investigatórios do Ministério Público podem ser utilizados não


apenas na esfera cível, mas em todas as suas áreas de atuação, inclusive a
criminai" (fi. 1.659>.

Número Verificador: 100001102322380042012282417

Cód. 10.25.097-2
(e-STJ Fl.1883)

ISPoder Judiciário do Estado de Minas Gerais


GABINETE DA TERCEIRA VICE-PRESIDÊNCIA

Afirma que o Superior Tribunal de Justiça já consolidou o


entendimento de que o Ministério Público, ao contrário do que decidiu a
Corte de Justiça mineira, possui atribuições investigatórias em matéria
penal, citando, inclusive, decisão daquele Tribunal neste sentido.

Alega ainda que:

"... o artigo 47, também do CPP, ao afirmar que "se o Ministério Público julgar
necessários maiores esclarecimentos e documentos complementares ou novos
elementos de convicção, deverá reguisitá-los, diretamente, de quaisquer
autoridades ou funcionários que devam ou possam fornecê-los", demonstra
indubitavelmente que os elementos de convicção que irão sustentar a denúncia
nem sempre são oriundos de provas coletadas através de investigação policial"
(fi. 1.668).

Mais:

"Ora, se é com a abertura do inquérito policial que a Policia Judiciária pode


proceder â investigação de infrações penais, conclui-se que, nos casos em que
este é dispensado, os elementos indiciários que irão formar a convicção do
representante do Ministério Público somente poderão ser colhidos por meio de
investigações realizadas por pessoas ou órgãos estranhos â Polícia" (fi. 1.669).

Impressionam as razões recursais, trazendo razoável dúvida


sobre a incidência ou não das normas que invoca.

0 recorrente, se não demonstrou à saciedade a incidência do


permissivo constitucional do recurso especial, peio menos conseguiu trazer
à discussão a possibilidade de que isso tenha ocorrido, in casu.

O peticionário, a par de argumentar com as ofensas legais, alinha


arestos do Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal que
firmam entendimento aparentemente contrário à tese esposada pelo acórdão
Documento recebido eletronicamente da origem

impugnado.

Diante dessa situação, é recomendável que se requeira a elevada


apreciação do Superior Tribunal de Justiça, árbitro maior das controvérsias
sobre aplicabilidade de normas infraconstitucionais.

Número Verificador: 100001102322380042012282417

Cád. 1025.097-2
(e-STJ Fl.1884)

APoder Judiciário do Estado de Minas Gerais

GABINETE DA TERCEIRA VICE-PRESIDÊNCIA

Admito, pois, o recurso, determinando a sua remessa imediata


àquela Corte Superior.

Belo Horizonte, 21 de maio de 2012.

Desa MÁRCIA MILANEZ


Terceira Vice-Presidente
dm1

Este é um documento eJet,úonico assinado digitalmiente, cnfomie MP i)


2.200-212001 de 2410812001, que instituiu, a hifra-eslrulura de Chaves
<b OPúblicas Brasileira - ICP-Bmasi, por:

Signatáio: DESA MARCIA MARIA MILANEZ


N-0 de Séde do certificado: 7DDBA3EFA94CFFSD62E20118065FBBBF
5 Data e hora da assiatura: 2110512012 14:37.29
wwwtjnigjus.br Pare conferência do conteúdo deste documento. acosse. na i,,temret. o
endereço httpj/wwwtjnig.jusbr e digite o seguinte número vedificador
_______________100001102322380042012282417
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Número Veríi5cador: 100001102322380042012282417

Cód. 1025097-2
(e-STJ Fl.1885)

10o CARTÓRIO DE RECURSOS A OUTROS


TRIBUNAIS-UNID. R. GABAGILIA

DATA

Aos 30 de maio de 2012 recebi estes autos. O(A)


Escrivão(ãi),

CERTIDAO

CERTIFICO que, para ciência das partes, foi


disponibilizada no "Diário do Judiciário
Eletrônico' de 31/05/2012 e publicada em
0110612012, a súmula do despacho retro . 0
referido é verdade e dou fé. Belo Horizonte, 01 de
junho de 2012. Eu, Alfredo Mendes Ribeiro
Júnior, Escrivão(ã) do 10 Cartório de Recursos a
Outros Tribunais-Unid. R. Gabaglia, a subscrevi,
Documento recebido eletronicamente da origem

Documento emitido pelo SIAP: liiiiiiiii ii iii


104290 8900O0066 265 02 5000830O1926
(e-STJ Fl.1886)

APoder Judiciário do Estado de Minas Gerais


GABINETE DA TERCEIRA VICE-PRESIDÊNCIAo
Recurso Extraordinário n0 1.0000. 11.023.223-8/005 em Habeas Corpus
Comarca: SABARA

Recte(s): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Recdo(s>: ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÃES e OUTRO

Cuida-se de recurso extraordinário contra acórdão proferido por


este Tribunal, no qual se discute acerca do poder de investigação do
Ministério Público.

O recurso deve ser sobrestado.

No âmbito do RE 593.727/MG, relatado pelo ilustre Ministro


CÉZAR PELUSO, julgado em 27/08/2009, o Supremo Tribunal Federal
reconheceu a existência de repercussão geral na matéria focada.

Ora, em face do reconhecimento da repercussão geral, todos os


recursos extraordinários que versem a mesma matéria não devem ser
enviados ao Pretória Excelso, mas ficarem sobrestados no Tribunal de
origem, aguardando a manifestação de mérito daquela alta Corte. É o que se
afere do artigo 102, § 30, da Constituição da República, com a redação que
lhe deu a Emenda Constitucional 45104, bem como dos artigos 543-A e 543-
B do Código de Processo Civil, introduzidos pela Lei 11.418106, da Emenda
Regimental 21/07 e da Portaria 177/07.
Isso posto, determino seja sobrestado o processamento do
recurso extraordinário até a decisão do RE 593.727/MOG.

Belo Horizonte, 21 de maio de 2012.

Desa MÁRCIA MILANEZ


Terceira Vice-Presidente
dm1/_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Este é um documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP n0


2.200-212001 de 24/0812001. que instituiu a Infaestniura de Chaves
0o Públicas Brasileira - IOR-BrasitL por:

'Q. Signatádo: DESA. MARCIA MARIA MILAAJEZ


o> N/ de SÓ#e do certificado: 7DDBA3EFA94CFF5D62E2O118065F88BF
o v> Data e hora da assinatura: 211/02 14:37:27
,eletrônico
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Número Verificador: 100001102322380052012282418

Càd. 10.25.097-2
(e-STJ Fl.1887)

10 CARTÓRIO DE RECURSOS A OUTROS


TRIBUNAIS-UNID. R. GABAGLIA

DATA

Aos 30 de maio de 2012 recebi estes autos. O(A)


Escrivão<ã),

CERTIDÃO

CERTIFICO que, para ciência das partes, foi


disponibilizada no "Diário do Judiciário
Eletrônico" de 31/05/2012 e publicada em
01/06/2012, a súmula do despacho retro . 0
referido é verdade e dou fé. Belo Horizonte, 01 de
junho de 2012. Eu, Alfredo Mendes Ribeiro
Júnior, Escrivão(ã) do 10 Cartório de Recursos a
Outros Tribunais-Unid. R. Gabaglia, a subscrevi,
Documento recebido eletronicamente da origem

Documento emitido pelo SIAP: M1niiiiiiiiiiiNiiiEiiin111


104290890 0006 6 26502 50008 301926
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1888)
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1889)
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1890)
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.1891)
(e-STJ Fl.1892)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE


MINAS GERAIS

Registrado sob o Nº único 0232238-71.2011.8.13.0000


(10000110232238004)

CERTIDÃO DE PÁGINAS ILEGÍVEIS

Certifico que nos autos físicos havia páginas ilegíveis,


que, após virtualização, adquiriram a seguinte numeração:
980,1081,1082,1083,1084 e 1085.

Belo Horizonte, 14 de setembro de 2012.

__________________________________________
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

(*) Documento assinado eletronicamente


por (00390)/Douglas Álvaro Cordeiro nos termos
do Art.1º §2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.1893)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE


MINAS GERAIS

Registrado sob o Nº único 0232238-71.2011.8.13.0000


(10000110232238004)

CERTIDÃO DE FALTA DE PÁGINAS

Certifico que os autos físicos não continham as


páginas: 137.

Belo Horizonte, 14 de setembro de 2012.

__________________________________________
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

(*) Documento assinado eletronicamente


por (00390)/Douglas Álvaro Cordeiro nos termos
do Art.1º §2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.1894)

Superior Tribunal de Justiça

REsp (201201986431)

CERTIDÃO

Certifico que o processo de número


10000110232238004 do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
ESTADO DE MINAS GERAIS foi protocolado sob o número
2012/0198643-1.

Brasília, 17 de setembro de 2012

COORDENADORIA DE REGISTRO DE PROCESSOS


RECURSAIS
*Assinado por LIDIANE RODRIGUES DE OLIVEIRA SILVA
em 17 de setembro de 2012 às 16:21:14
Documento eletrônico juntado ao processo em 17/09/2012 às 16:21:15 pelo usuário: LIDIANE RODRIGUES DE OLIVEIRA SILVA

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
(e-STJ Fl.1895)

Superior Tribunal de Justiça


Termo de Recebimento e Autuação
Recebidos os presentes autos, foram registrados e autuados no dia 17/09/2012
na forma abaixo:
RECURSO ESPECIAL Nº 1344860 (2012/0198643-1 Número Único: 0232238-71.2011.8.13.0000)
Origem : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Localidade : BELO HORIZONTE / MG
Nº. na Origem : 10000110232238004 23223871201181300 10000110232238 10000110232238000
10000110232238001 215637820118130567 215715520118130567
56709000046 502090995 567090000462
504241120108130567

Nºs. Conexos: :
Nº de Folhas : 1895 Nº. de Volumes: 8 Nº de Apensos: 5
RECORRENTE MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
RECORRIDO ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÃES
RECORRIDO RENATO ALVES DA SILVA
ADVOGADO CARLOS FREDERICO VELOSO PIRES E OUTRO(S)

CERTIDÃO

Certifico que, no Cadastro de Feitos deste Tribunal, foi verificada a existência de


processos relacionados ao RECURSO ESPECIAL Nº 1344860 (2012/0198643-1 Número
Único: 0232238-71.2011.8.13.0000)
Documento eletrônico juntado ao processo em 17/09/2012 às 17:03:28 pelo usuário: ELMAR TRAVASSOS FORMIGOSA

Processos com UF, Partes e Números de Origem comuns: Nada Consta

Quantidade de Outros Processos com a Parte:


MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS 17650
Outras partes com o mesmo nome
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS 2
ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÃES 7
RENATO ALVES DA SILVA 7
Outras partes com o mesmo nome
RENATO ALVES DA SILVA - CPF/CNPJ: 698.313.780-91 1

Quantidade de Outros Processos com o Número de Origem:


10000110232238004 0
2322387120118130000 0
10000110232238 0
10000110232238000 0
10000110232238001 0
502090995 0
215637820118130567 0
215715520118130567 0
56709000046 0

17/09/2012 17:03:28 Fl. 1


(e-STJ Fl.1896)

Superior Tribunal de Justiça


RECURSO ESPECIAL Nº 1344860 (2012/0198643-1 Número Único: 0232238-71.2011.8.13.0000)

504241120108130567 0
567090000462 0

Brasília-DF, 17 de setembro de 2012.

COORDENADORIA DE CLASSIFICAÇÃO DE PROCESSOS RECURSAIS


Documento eletrônico juntado ao processo em 17/09/2012 às 17:03:28 pelo usuário: ELMAR TRAVASSOS FORMIGOSA

INSPECIONADO: Nome da Parte Ocorrência


MAT.

17/09/2012 17:03:28 Fl. 2


(e-STJ Fl.1897)

Superior Tribunal de Justiça Fls.

RECURSO ESPECIAL 1344860 / MG (2012/0198643-1)

TERMO DE DISTRIBUIÇÃO E ENCAMINHAMENTO

Distribuição

Em 17/09/2012 o presente feito foi classificado no assunto DIREITO PROCESSUAL


PENAL - Habeas Corpus - Cabimento e distribuído ao Exmo. Sr. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, QUINTA TURMA.

Encaminhamento

Aos 17 de setembro de 2012 , vão


estes autos com conclusão ao Ministro Relator.

Coordenadoria de Classificação de Processos Recursais

Recebido no Gabinete do Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE em


_______/________/20_____.
Documento eletrônico juntado ao processo em 17/09/2012 às 19:43:23 pelo usuário: BENJAMIM DE OLIVEIRA NETO
Documento eletrônico juntado ao processo em 17/09/2012 às 19:44:18 pelo usuário: BENJAMIM DE OLIVEIRA NETO (e-STJ Fl.1898)
(e-STJ Fl.1899)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

RECEBIMENTO

Recebi os presentes autos do MPF.


Brasília, 04 de outubro de 2012.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
*Assinado por MARTA NOGUEIRA BARROS
Documento eletrônico juntado ao processo em 04/10/2012 às 10:26:11 pelo usuário: MARTA NOGUEIRA BARROS

em 04 de outubro de 2012 às 10:26:03

(em 8 vol. e 5 apenso(s))

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
(e-STJ Fl.1900)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

JUNTADA

Junto aos presentes autos a petição nº 358778/2012 -


PARECER DO MPF.

Brasília, 04 de outubro de 2012.


Documento eletrônico juntado ao processo em 04/10/2012 às 10:32:20 pelo usuário: MARTA NOGUEIRA BARROS

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
*Assinado por MARTA NOGUEIRA BARROS
em 04 de outubro de 2012 às 10:32:03

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Documento digitalizado juntado ao processo em 03/10/2012 às 15:47:37 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1901)
Documento digitalizado juntado ao processo em 03/10/2012 às 15:47:37 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1902)
Documento digitalizado juntado ao processo em 03/10/2012 às 15:47:37 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1903)
Documento digitalizado juntado ao processo em 03/10/2012 às 15:47:37 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1904)
Documento digitalizado juntado ao processo em 03/10/2012 às 15:47:37 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1905)
Documento digitalizado juntado ao processo em 03/10/2012 às 15:47:37 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1906)
Documento digitalizado juntado ao processo em 03/10/2012 às 15:47:37 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1907)
Documento digitalizado juntado ao processo em 03/10/2012 às 15:47:37 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1908)
Documento digitalizado juntado ao processo em 03/10/2012 às 15:47:37 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1909)
Documento digitalizado juntado ao processo em 03/10/2012 às 15:47:37 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1910)
Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

CONCLUSÃO

Faço estes autos conclusos ao Exmo. Senhor Ministro


MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Relator.
Brasília, 04 de outubro de 2012.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
*Assinado por MARCELO PEREIRA CRUVINEL, Assessor B,
em 04 de outubro de 2012

(em 8 vol. e 5 apenso(s))

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Documento eletrônico VDA6343844 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MARCELO PEREIRA CRUVINEL, COORDENADORIA DA QUINTA TURMA Assinado em: 04/10/2012 14:14:47
Código de Controle do Documento: B33E5CFE-B55C-4DAE-AB80-1549F7659186
Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

CERTIDÃO

Cópia dos autos em arquivo digital entregue ao(à) Advogado


José Bernardo de Assis Júnior OABMG 88459.

Brasília, 05 de novembro de 2012.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
*Assinado por HELIO FERNANDO DA SILVA
em 05 de novembro de 2012

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Documento eletrônico VDA6524848 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): HELIO FERNANDO DA SILVA, COORDENADORIA DA QUINTA TURMA Assinado em: 05/11/2012 16:01:05
Código de Controle do Documento: 33925ADC-B05B-4525-B2FB-57D0E54ECD79
Superior Tribunal de Justiça
1

RECURSO ESPECIAL Nº 1.344.860 - MG (2012/0198643-1)

RELATOR : MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE


RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
RECORRIDO : ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÃES
RECORRIDO : RENATO ALVES DA SILVA
ADVOGADO : CARLOS FREDERICO VELOSO PIRES E OUTRO(S)

DECISÃO

Trata-se de recurso especial interposto pelo Ministério Público de Minas


Gerais, com fundamento na alínea "a" do permissivo constitucional, contra acórdão do
Tribunal de Justiça.

Colhe-se dos autos que os recorridos impetraram dois habeas corpus


perante o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, buscando a revogação das prisões
temporárias decretadas pelo Juiz de Direito da Comarca de Sabará/MG, bem como o
trancamento do procedimento criminal e a cassação de todas as medidas cautelares
advindas dele, no qual se apurava a prática de crimes de lavagem de dinheiro,
sonegação fiscal, formação de cartel e venda de medicamentos especiais sem a
devida autorização.

Argumentavam os impetrantes, em síntese, ser ilícita a origem da


investigação, porquanto originada de denúncia anônima, além da ilegitimidade do
Ministério Público para instaurar procedimento criminal investigatório e requerer prisão
temporária.

O Tribunal de origem, por maioria de votos, negou a ilicitude da


investigação embasada em denúncia anônima, porém concedeu parcialmente a ordem
para reconhecer a ilegitimidade do Parquet em realizar investigações, determinando
que os autos fossem remetidos à autoridade policial competente a fim de dar
prosseguimento ao inquérito, julgando, ainda, prejudicado o pedido em relação à
revogação da prisão temporária, tendo em vista que os pacientes já estavam soltos.

O acórdão ficou assim ementado (fl. 1641):

HABEAS CORPUS - PRISÃO TEMPORÁRIA - PRAZO

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Documento eletrônico VDA6772407 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Marco Aurélio Bellizze Assinado em: 12/12/2012 13:32:26
Publicação no DJe/STJ nº 1195 de 17/12/2012. Código de Controle do Documento: D7FC5FCE-E69B-41A8-8D6C-74AFC5ACC3B1
Superior Tribunal de Justiça
1

EXPIRADO E PACIENTES EM LIBERDADE - PERDA DO


OBJETO - INVESTIGAÇÕES PROMOVIDAS PELO MINISTÉRIO
PÚBLICO E ORIGINADAS DE DENÚNCIA APÓCRIFA -
TRANCAMENTO DO PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO -
ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA. O simples impulso de
investigação dado por denúncia anônima não é vedado, sendo,
inclusive, uma garantia ao exercício da democracia, a
possibilidade de o cidadão comunicar-se com os setores públicos
responsáveis a fim de informar a ocorrência de ilícitos sem ser
identificado, na mais legítima participação popular na proteção da
res pública. Contudo, claramente defesa a imposição de medidas
restritivas ou formações cognitivas somente com base em
anúncios apócrifos, o que não é o caso. O inquérito policial
presidido pelo Promotor de Justiça, rotulado de procedimento
administrativo, exorbita às suas funções, além de conflitar com as
normas de competência expressa nos dispositivos normativos
acima mencionados, segundo os quais a investigação criminal
deve ficar a cargo da autoridade policial competente. O que não
se admite, contudo, é o oferecimento da denúncia com base em
peças investigatórias produzidas unilateralmente pelo órgão
incubido da acusação no procedimento judicial criminal, o que
não é o caso, pois além de existirem outros instrumentos de
prova, estamos falando da fase meramente investigatória.
Contudo, não podem ser mantidas as investigações criminais sob
presidência do Ministério Público, devendo ser prosseguidas pela
autoridade policial competente.

Sobrevieram embargos de declaração opostos pelo Ministério Público, os


quais não foram acolhidos pelo Tribunal de Justiça (fls. 1688/1691).

Contra o referido acórdão, os ora recorridos interpuseram recurso


ordinário em habeas corpus, buscando "reformar o acórdão hostilizado no sentido de
reconhecer e declarar a ilicitude de todas as provas arregimentadas unilateralmente
pelo Parquet (a quem não foi dado poderes investigatórios, conforme restou
consignado pelo próprio decisum), sob pena de manifesta contrariedade ao que
dispõe o art. 5º, LVI, da CF/88, não havendo que se determinar o encaminhamento da
investigação até então realizada à autoridade policial para prosseguimento porquanto
todos os elementos de prova já foram contaminados pela ilegal investigação
ministerial" (fls. 1711/1712).

O Ministério Público de Minas Gerias, por sua vez, interpôs o presente

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Signatário(a): MINISTRO Marco Aurélio Bellizze Assinado em: 12/12/2012 13:32:26
Publicação no DJe/STJ nº 1195 de 17/12/2012. Código de Controle do Documento: D7FC5FCE-E69B-41A8-8D6C-74AFC5ACC3B1
Superior Tribunal de Justiça
1

recurso especial, alegando que o acórdão recorrido violou o art. 8º, incisos I, II, IV, V e
VII, da Lei Complementar nº 75/93; o art. 26, incisos I, alíneas "a", "b" e "c", II e IV, da
Lei nº 8.625/93; e o art. 4º, parágrafo único, do Código de Processo Penal.

Sustenta que "os poderes investigatórios do Ministério Público podem ser


utilizados não apenas na esfera cível, mas em todas as suas áreas de atuação,
inclusive a criminal", asseverando, ainda, que "quanto à requisição de informações e
documentos a entidades privadas, a lei deixa expresso que esse poder pode ser
utilizado pelo Ministério Público 'para instruir procedimentos ou processo em que
oficie', o que, por óbvio, inclui a instrução da ação penal pública" (fl. 1810).

Busca, assim, o provimento do recurso especial para que seja cassada a


ordem de habeas corpus concedida no Tribunal de origem.

O Ministério Público Federal opinou pelo provimento do recurso.

Brevemente relatado, decido.

Tenho que o apelo especial merece provimento.

Isso porque, de acordo com a pacífica jurisprudência do Superior Tribunal


de Justiça, o Ministério Público possui a prerrogativa de instaurar processo
administrativo de investigação e de conduzir diligências investigatórias, nos termos do
art. 129, incisos VI, VII, VIII e IX, da Constituição Federal.

A título de exemplo, cito os seguintes precedentes:

A - HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA.


SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO ORDINÁRIO.
IMPOSSIBILIDADE. RESPEITO AO SISTEMA RECURSAL
PREVISTO NA CARTA MAGNA. NÃO CONHECIMENTO.
(...)
TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO (ARTIGO 121, § 2º,
INCISO II, COMBINADO COM O ARTIGO 14, INCISO II, AMBOS
DO CÓDIGO PENAL). ALEGADA ILICITUDE DE DEPOIMENTO
COLHIDO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. APONTADA
AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL PARA A REALIZAÇÃO DE
INVESTIGAÇÃO PELO PARQUET. POSSIBILIDADE DE
INQUIRIÇÃO DE TESTEMUNHAS. INTELIGÊNCIA DOS
ARTIGOS 7º, INCISO II, E 8º, INCISO I, DA LEI
COMPLEMENTAR 75/1993. INEXISTÊNCIA DE

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Publicação no DJe/STJ nº 1195 de 17/12/2012. Código de Controle do Documento: D7FC5FCE-E69B-41A8-8D6C-74AFC5ACC3B1
Superior Tribunal de Justiça
1

COMPROVAÇÃO DAS MÁCULAS QUE ESTARIAM A


CONTAMINAR AS DECLARAÇÕES PRESTADAS PERANTE O
ÓRGÃO MINISTERIAL. OITIVA DA TESTEMUNHA EM JUÍZO.
ILICITUDE NÃO CARACTERIZADA.
1. De acordo com entendimento consolidado na Quinta e na Sexta
Turma deste Superior Tribunal de Justiça, amparado na
jurisprudência do Pretório Excelso, ainda que não se permita ao
Ministério Público a condução do inquérito policial propriamente
dito, e tendo em vista o caráter meramente informativo de tal peça,
não há vedação legal para que o parquet proceda a
investigações e colheita de provas para a formação da opinio
delicti.
2. Dentre as providências que podem ser tomadas pelo parquet
para a reunião de provas no curso das investigações por ele
promovidas está a de colher o depoimento de testemunhas,
consoante o disposto nos artigos 7º, inciso II, e 8º, inciso I, da Lei
Complementar 75/1993.
(...)
8. Habeas corpus não conhecido. (HC nº 182.829/DF, Relator o
Ministro JORGE MUSSI, DJe 3/12/2012)

B - HABEAS CORPUS. EXTORSÃO. ALEGAÇÃO DE


INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO. PRECLUSÃO. LEGITIMIDADE
DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA PROCEDER
INVESTIGAÇÕES. POSSIBILIDADE.
1. Improcede a alegação de violação ao princípio do juiz natural,
visto que a incompetência territorial é de natureza relativa e deve
ser alegada no momento oportuno, o que não fez a defesa,
remarcando-se que não se demonstrou qualquer prejuízo
decorrente do processamento do feito no Juízo Criminal de Vila
Velha/ES, ao revés do Juízo de Vitória/ES.
2. Esta Corte tem proclamado que, a teor do disposto no art. 129,
VI e VIII, da Constituição Federal, e nos arts. 8º da Lei
Complementar nº 75/93 e 26 da Lei nº 8.625/93, o Ministério
Público, como titular da ação penal pública, pode proceder
investigações e efetuar diligências com o fim de colher elementos
de prova para o desencadeamento da pretensão punitiva estatal,
sendo-lhe vedado tão-somente realizar e presidir o inquérito
policial.
3. Na espécie, a atuação direta do Ministério Público na fase de
investigação se revelou indispensável, por se tratar de infração
penal cometida no âmbito da própria polícia civil. A partir da
notícia levada a efeito pelas vítimas, cumpria ao Parquet, no
exercício de sua missão constitucional de titular da ação penal
pública, apurar os fatos, de forma a assegurar, de maneira eficaz,
o êxito das investigações.
4. Ordem denegada. (HC nº 60.976/ES, Relator o Ministro OG

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Superior Tribunal de Justiça
1

FERNANDES, DJe 17/10/2011)

C - HABEAS CORPUS. MINISTÉRIO PÚBLICO. PODERES DE


INVESTIGAÇÃO. LEGITIMIDADE. LC N.º 75/93. ART. 4.º,
PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPP. TESE DE FALTA DE JUSTA
CAUSA. PLEITO DE TRANCAMENTO DO PROCEDIMENTO
INVESTIGATIVO. PROCEDIMENTO CONCLUÍDO. INQUÉRITO
POLICIAL INSTAURADO. PERDA SUPERVENIENTE DO
INTERESSE PROCESSUAL.
1. A legitimidade do Ministério Público para determinar diligências
investigatórias decorre de expressa previsão constitucional,
oportunamente regulamentada pela Lei Complementar n.º 75/93.
2. É consectário lógico da própria função do órgão ministerial -
titular exclusivo da ação penal pública - proceder à coleta de
elementos de convicção, a fim de elucidar a materialidade do
crime e os indícios de autoria, mormente quando se trata de crime
atribuído a autoridades policiais que estão submetidas ao controle
externo do Parquet.
3. A ordem jurídica confere explicitamente poderes de
investigação ao Ministério Público - art. 129, incisos VI, VIII, da
Constituição Federal, e art. 8º, incisos II e IV, e § 2º, da Lei
Complementar n.º 75/1993.
4. A competência da polícia judiciária não exclui a de outras
autoridades administrativas. Inteligência do art. 4º, parágrafo
único, do Código de Processo Penal. Precedentes. 'A outorga
constitucional de funções de polícia judiciária à instituição policial
não impede nem exclui a possibilidade de o Ministério Público,
que é o dominus litis, determinar a abertura de inquéritos
policiais, requisitar esclarecimentos e diligências investigatórias,
estar presente e acompanhar, junto a órgãos e agentes policiais,
quaisquer atos de investigação penal, mesmo aqueles sob regime
de sigilo, sem prejuízo de outras medidas que lhe pareçam
indispensáveis à formação da sua opinio delicti, sendo-lhe
vedado, no entanto, assumir a presidência do inquérito policial,
que traduz atribuição privativa da autoridade policial.' (STF - HC
94.173/BA, 2.ª Turma, Rel. Min. CELSO DE MELLO, DJe de
26/11/2009).
5. Concluído o procedimento investigativo a que se visava trancar
por falta de justa causa, resta evidenciada, no particular, a perda
superveniente do interesse processual.
6. Habeas corpus parcialmente conhecido e, nessa parte,
denegado. (HC n.º 94.129/RJ, Relatora a Ministra LAURITA VAZ,
DJe 22/3/2010.)

D - PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME


AMBIENTAL. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. AUSÊNCIA
DE JUSTA CAUSA. INÉPCIA DA DENÚNCIA. ATIPICIDADE DA

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Documento eletrônico VDA6772407 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Marco Aurélio Bellizze Assinado em: 12/12/2012 13:32:26
Publicação no DJe/STJ nº 1195 de 17/12/2012. Código de Controle do Documento: D7FC5FCE-E69B-41A8-8D6C-74AFC5ACC3B1
Superior Tribunal de Justiça
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CONDUTA. DENÚNCIA NÃO-JUNTADA AOS AUTOS.


AUSÊNCIA DE PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA. LEGITIMIDADE
DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA PROCEDER A
INVESTIGAÇÕES. PREVISÕES CONSTITUCIONAL E LEGAL.
ORDEM PARCIALMENTE CONHECIDA E, NESSA EXTENSÃO,
DENEGADA.
[...]
3. A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça consolidou o
entendimento de que o Ministério Público, por expressa previsão
constitucional e legal, possui a prerrogativa de instaurar
procedimento administrativo de investigação e conduzir
diligências investigatórias, podendo requisitar diretamente
documentos e informações que julgar necessários ao exercício de
suas atribuições de dominus litis.
4. Ordem parcialmente conhecida e, nessa extensão, denegada.
(HC n.º 128.233/MG, Relator o Ministro ARNALDO ESTEVES
LIMA, DJe 1/2/2010.)

O Supremo Tribunal Federal possui também precedentes nesse sentido:

DIREITO PROCESSUAL PENAL. RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. ALEGAÇÕES DE PROVA OBTIDA POR
MEIO ILÍCITO, FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO DO DECRETO
DE PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA E EXASPERAÇÃO DA
PENA-BASE. PODERES INVESTIGATÓRIOS DO MINISTÉRIO
PÚBLICO. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E,
NESTA PARTE, IMPROVIDO. 1. O recurso extraordinário busca
debater quatro questões centrais: a) a nulidade do processo em
razão da obtenção de prova ilícita (depoimentos colhidos
diretamente pelo Ministério Público em procedimento próprio;
gravação de áudio e vídeo realizada pelo Ministério Público;
consideração de prova emprestada); b) invasão das atribuições
da polícia judiciária pelo Ministério Público Federal; c) incorreção
na dosimetria da pena com violação ao princípio da inocência na
consideração dos maus antecedentes na fixação da pena-base; d)
ausência de fundamentação para o decreto de perda da função
pública. 2. O extraordinário somente deve ser conhecido em
relação às atribuições do Ministério Público (CF, art. 129, I e VIII),
porquanto as questões relativas à suposta violação ao princípio
constitucional da presunção de inocência na fixação da
pena-base e à suposta falta de fundamentação na decretação da
perda da função pública dos recorrentes, já foram apreciadas e
resolvidas no julgamento do recurso especial pelo Superior
Tribunal de Justiça. 3. Apenas houve debate na Corte local sobre
as atribuições do Ministério Público, previstas
constitucionalmente. O ponto relacionado à nulidade do processo
por suposta obtenção e produção de prova ilícita à luz da

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Superior Tribunal de Justiça
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normativa constitucional não foi objeto de debate no acórdão


recorrido. 4. Esta Corte já se pronunciou no sentido de que 'o
debate do tema constitucional deve ser explícito' (RE 428.194
AgR/MG, rel. Min. Eros Grau, 1ª Turma, DJ 28.10.2005) e, assim,
'a ausência de efetiva apreciação do litígio constitucional, por
parte do Tribunal de que emanou o acórdão impugnado, não
autoriza - ante a falta de prequestionamento explicíto da
controvérsia jurídica - a utilização do recurso extraordinário' (AI
557.344 AgR/DF, rel. Min. Celso de Mello, 2ª Turma, DJ
11.11.2005). 5. A denúncia pode ser fundamentada em peças de
informação obtidas pelo órgão do MPF sem a necessidade do
prévio inquérito policial, como já previa o Código de Processo
Penal. Não há óbice a que o Ministério Público requisite
esclarecimentos ou diligencie diretamente a obtenção da prova de
modo a formar seu convencimento a respeito de determinado fato,
aperfeiçoando a persecução penal, mormente em casos graves
como o presente que envolvem a presença de policiais civis e
militares na prática de crimes graves como o tráfico de substância
entorpecente e a associação para fins de tráfico. 6. É
perfeitamente possível que o órgão do Ministério Público promova
a colheita de determinados elementos de prova que demonstrem
a existência da autoria e da materialidade de determinado delito,
ainda que a título excepcional, como é a hipótese do caso em tela.
Tal conclusão não significa retirar da Polícia Judiciária as
atribuições previstas constitucionalmente, mas apenas
harmonizar as normas constitucionais (arts. 129 e 144) de modo a
compatibilizá-las para permitir não apenas a correta e regular
apuração dos fatos supostamente delituosos, mas também a
formação da opinio delicti. 7. O art. 129, inciso I, da Constituição
Federal, atribui ao parquet a privatividade na promoção da ação
penal pública. Do seu turno, o Código de Processo Penal
estabelece que o inquérito policial é dispensável, já que o
Ministério Público pode embasar seu pedido em peças de
informação que concretizem justa causa para a denúncia. 8. Há
princípio basilar da hermenêutica constitucional, a saber, o dos
'poderes implícitos', segundo o qual, quando a Constituição
Federal concede os fins, dá os meios. Se a atividade fim -
promoção da ação penal pública - foi outorgada ao parquet em
foro de privatividade, não se concebe como não lhe oportunizar a
colheita de prova para tanto, já que o CPP autoriza que 'peças de
informação' embasem a denúncia. 9. Levando em consideração
os dados fáticos considerados nos autos, os policiais identificados
se associaram a outras pessoas para a perpetração de tais
crimes, realizando, entre outras atividades, a de 'escolta' de
veículos contendo o entorpecente e de 'controle' de todo o
comércio espúrio no município de Chapecó. 10. Recurso
extraordinário parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido.

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Superior Tribunal de Justiça
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(RE nº 468.523/SC, Relatora a Ministra ELLEN GRACIE, DJe


19/2/2010)

Cumpre considerar, ainda, por oportuno, que a atuação do Ministério


Público, no contexto da investigação penal, longe de comprometer ou de reduzir as
atribuições de índole funcional das autoridades policiais - a quem sempre caberá a
presidência do inquérito policial -, representa, na realidade, o exercício concreto de
uma atividade típica de cooperação, que, em última análise, mediante a requisição de
elementos informativos e acompanhamento de diligências investigatórias, além de
outras medidas de colaboração, promove a convergência de dois importantes órgãos
estatais incumbidos, ambos, da persecução penal e da concernente apuração da
verdade real.

Também entendo que se revela constitucionalmente lícito, ao Ministério


Público, promover, por autoridade própria, atos de investigação penal, respeitadas -
não obstante a unilateralidade desse procedimento investigatório - as limitações que
incidem sobre o Estado em tema de persecução penal.

Impende rememorar, neste ponto, o magistério de Lenio Luiz Streck e de


Luciano Feldens (Crime e Constituição - A Legitimidade da função investigatória do
Ministério Público, p. 79/85, 2003, Forense), cuja lição bem justifica a legitimidade do
poder, que, reconhecido ao Ministério Público, qualifica os membros dessa Instituição a
promover, por autoridade própria, as investigações penais necessárias à formação de
sua opinio delicti:

Não se revela necessário um esforço de raciocínio mais rigoroso


para concluirmos que o Ministério Público não tem poderes para a
conclusão de inquérito policial. Sobre isso não resta dúvida
alguma, pela singela razão de que se o inquérito fosse conduzido
pelo Ministério Público já não mais se poderia qualificá-lo como
'policial', senão que teria outra designação (procedimento
administrativo, procedimento criminal, etc.). Simples, pois.
A questão de fundo é sensivelmente distinta: reside em saber se,
à luz do ordenamento jurídico vigente, o Ministério Público tem -
ou não legitimidade para, no âmbito de seus próprios
procedimentos, realizar 'diligências investigatórias' no intuito de
subsidiar a proposição de futura ação penal pública.
Nesse sentido, são dois os argumentos comumente utilizados
para anular a aptidão funcional do Ministério Público:
a) a suposta ausência de fundamento legal a respaldar tal

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atividade;
b) a alegada exclusividade - ou monopólio - da Polícia na tarefa
de investigar a prática de qualquer infração penal e sua autoria.
Recorrentemente, aqueles que desafiam a legitimidade do
Ministério Público para proceder a diligências investigatórias na
seara criminal esgrimem o argumento de que tal possibilidade
não se encontraria expressa na Constituição, locus
político-normativo de onde emergem suas funções institucionais.
Trata-se, em verdade, de uma armadilha argumentativa.
Esconde-se, por detrás dessa linha de raciocínio, aquilo que se
revela manifestamente insustentável: a consideração de que as
atribuições conferidas ao Ministério Público pelo art. 129 da
Constituição são taxativas, esgotando-se em sua literalidade
mesma. Equívoco, 'data venia', grave. Atezite-se, a tanto, que o
próprio art. 129, berço normativo das funções institucionais do
Ministério Público, ao cabo de especificar um rol de funções
acometidas à instituição, dispôs expressamente, em seu inciso IX,
que:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:


[...]
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde
que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a
representação judicial e a consultoria jurídica de entidades
públicas.

Trilhando no mesmo diapasão, veja-se que a Lei Complementar


n° 75/93, ao concretizar essa disposição constitucional, dispôs
que:

Art. 5o São funções institucionais do Ministério Público da


União:
[. ..]
VI - exercer outras funções previstas na Constituição Federal
e na lei.

O segundo óbice erguido contra a possibilidade de o Ministério


Público exercer atividade investigatória para fins de persecução
penal (...) reveste-se de forte dose corporativa, pois busca fazer
concentrar na Polícia o monopólio para a realização de toda e
qualquer tarefa nesse sentido. Sem procedência, também.
Em essência, esteia-se tal argumentação no art. 144, § 1º, IV, da
Constituição, o qual estabelece que compete à Polícia Federal
exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da
União. Logicamente, ao referir-se à 'exclusividade' da Polícia
Federal para exercer funções 'de policia judiciária da União', o
que fez a Constituição foi, tão-somente, delimitar as atribuições

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entre as diversas polícias (federal, rodoviária, ferroviária, civil e


militar), razão pela qual reservou, para cada uma delas, um
parágrafo dentro do mesmo art. 144. Dai porque, se alguma
conclusão de caráter exclusivista pode-se retirar do dispositivo
constitucional seria a de que não cabe à Polícia Civil 'apurar
infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento
de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades
autárquicas e empresas públicas' (art. 144, § Io, I), pois que, no
espectro da polícia judiciária, tal atribuição está reservada à
Polícia Federal.
Acaso concluíssemos distintamente, ou seja, no sentido do
monopólio investigativo da Polícia, teríamos de enfrentar
importantes indagações para as quais não visualizamos qualquer
possibilidade de resposta coerente com a tese restritiva.

Lembremo-nos, no pormenor, que a Constituição Federal de 1988 foi


instrumento de decisiva consolidação jurídico-institucional do Ministério Público. Ao
dispensar-lhe singular tratamento normativo, a Carta Política redesenhou-lhe o perfil
constitucional, outorgou-lhe atribuições inderrogáveis, ampliou-lhe as funções jurídicas
e desferiu garantias inéditas à Instituição e aos membros que a integram.

Entendo, por isso mesmo, que o poder de investigar, em sede penal,


também compõe o complexo de funções institucionais do Ministério Público, pois esse
poder se acha instrumentalmente vocacionado a tornar efetivo o exercício, por essa
Instituição, das competências que lhe foram outorgadas pelo próprio texto
constitucional.

É por isso que, a meu ver, reveste-se de integral legitimidade a


instauração, pelo próprio Ministério Público, de investigação penal, atribuição que lhe
permite adotar as medidas necessárias ao fiel cumprimento de suas funções
institucionais, bem assim ao pleno exercício das competências que lhe foram
expressamente outorgadas pela Constituição Federal. Traçados esses vetores
interpretativos, é de se reconhecer a violação aos dispositivos legais indicados no
presente recurso especial, por parte do Tribunal de origem, porquanto determinou o
trancamento da ação penal sob o fundamento da impossibilidade de o Parquet
proceder às investigações criminais.

Nem se diga, por outro lado, que o reconhecimento do poder

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investigatório do Ministério Público, frustrou, comprometeu ou, ainda, afetou a garantia


do contraditório estabelecida em favor do investigado.

É que essa fundamental garantia outorgada aos acusados não incide na


esfera pré-processual da persecução penal, eis que o seu domínio abrange, somente, o
processo penal instaurado em juízo.

Cumpre relembrar, neste ponto, que a investigação penal, enquanto


procedimento extrajudicial, não se processa, em função de sua própria natureza, sob o
crivo do contraditório, que somente em juízo se torna plenamente exigível.

Essa mesma percepção foi registrada por José Frederico Marques


("Elementos de Direito Processual Penal", vol. 1/87-89, itens ns. 45/46, 2a ed., revista e
atualizada por Eduardo Reale Ferrari, 2000, Millennium, Campinas/SP), cujo
autorizado magistério assim apreciou a questão:

O art. 141, § 25 (hoje equivalente ao art. 5°, LV, da vigente


Constituição) da Constituição Federal, ao assegurar plena defesa
aos acusados, com todos os meios e recursos essenciais a ela,
adotou, também, o procedimento contraditório, porquanto todo o
processo tem de ser estruturado sob a forma do contraditório para
que o direito de defesa não sofra restrições indevidas.
Decorrência da isonomia processual, que é corolário, por sua vez,
do princípio constitucional da igualdade perante a lei, - o
contraditório é inerente a toda resolução processual de litígios.
Sem o contraditório não pode haver devido processo legal. Uma
vez que a lide tem sentido bilateral, porque a sua parte nuclear é
constituída por interesses conflitantes, o processo adquire caráter
verdadeiramente dialético, enquanto que a ação, como diz
CARNELUTTI, se desenvolve como contradição recíproca.
O vigente Código de Processo Penal distingue perfeitamente a
'instrução criminal' (arts. 394 a 405) do 'inquérito policial' (arts. 4°
a 23), como o fazem as legislações da atualidade. Só a primeira é
contraditória, de acordo, aliás, com o que impõe o mandamento
constitucional.
O segundo, porém, por não se identificar com instrução e não
estar abrangido, portanto, pelo art. 141, § 25, da Constituição
Federal, tem natureza inquisitiva, como na realidade o deve ser.
Não se pode, pois, interpretar com simplismo o texto
constitucional sobre a instrução contraditória, para estendê-lo ao
inquérito policial. No direito pátrio, tem vigorado perfeita distinção
entre inquérito policial e formação da culpa, desde a reforma de
1871, correspondendo ao primeiro a fase investigatória e à

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segunda a da instrução criminal.

Irrecusável, desse modo, a inaplicabilidade do contraditório da fase


extrajudicial de mera investigação penal, cabendo assinalar, no entanto, que a
unilateralidade das investigações desenvolvidas pelo Estado, no estágio preliminar da
persecução penal, não autoriza a formulação de decisão condenatória, cujo único
suporte resida em prova inquisitorialmente produzida.

Vê-se, assim, que, mesmo quando conduzida, unilateralmente, pelo


Ministério Público, a investigação criminal não legitimará qualquer condenação, se os
elementos de convicção nela produzidos - porém não reproduzidos em juízo, sob a
garantia do contraditório - forem os únicos elementos existentes contra a pessoa
investigada.

Dessa forma, verificada a contrariedade aos dispositivos legais indicados


no presente recurso, deve o acórdão recorrido ser cassado a fim de que seja denegada
a ordem de habeas corpus, ficando prejudicado o exame do recurso ordinário
interposto pelos recorridos.

Ante o exposto, nos termos do art. 557, § 1º-A, do Código de Processo


Civil, dou provimento ao recurso especial para cassar a ordem de habeas corpus
concedida, julgando prejudicado o exame do recurso ordinário interposto.

Publique-se.

Intime-se.

Brasília (DF), 12 de dezembro de 2012.

MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Relator

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Signatário(a): MINISTRO Marco Aurélio Bellizze Assinado em: 12/12/2012 13:32:26
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(e-STJ Fl.1925)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

RECEBIMENTO

Recebi os presentes autos do Gabinete do Exmo. Senhor


Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Relator com decisão
dando provimento ao recurso especial.
Brasília, 12 de dezembro de 2012.
Documento eletrônico juntado ao processo em 12/12/2012 às 19:11:13 pelo usuário: PEDRO JORGE CARDOSO DE MARCO

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
*Assinado por PEDRO JORGE CARDOSO DE MARCO
em 12 de dezembro de 2012 às 19:11:11

(em 8 vol. e 5 apenso(s))

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Superior Tribunal de Justiça
REsp 1344860/MG (2012/0198643-1)

JUNTADA

Junto aos presentes autos a cópia do telegrama nº


MCD5T-30095/2012, enviado aos Correios em
12/12/2012 - 21:04:37, nome do documento
26320058.txt, identificador de grupo 7126128 e número
de documento ME357382265BR.
Brasília, 13 de dezembro de 2012.

STJ - Coordenadoria da QUINTA TURMA

(*) Documento assinado eletronicamente


por JOSÉ DA LUZ SOUZA FILHO nos termos
do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006

Código de Controle do Documento: 33CDB082-C72B-4EAD-99C4-995A58762988


Superior Tribunal de Justiça

NOME DO DOCUMENTO: 26320058.txt


DATA: 12/12/2012 - 21:04:37
IDENTIFICADOR DE GRUPO:7126128
NÚMERO DO DOCUMENTO: ME357382265BR

DESTINATÁRIO:

EXMO. SR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE


JOAQUIM HERCULANO RODRIGUES
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS - RUA GOIÁS, 253 - EDIFÍCIO
ANEXO II
CENTRO
BELO HORIZONTE-MG
30.190-030

MENSAGEM:

TLG. MCD5T-30095/2012 - QUINTA TURMA - SOJ (FTA) 12/12/2012

COMUNICO A VOSSA EXCELÊNCIA QUE NOS AUTOS DO RECURSO ESPECIAL


N.º 1344860/MG, REGISTRO NR. 2012/0198643-1, (NR. DE ORIGEM 10000110232238004
/ 2322387120118130000 / 10000110232238 / 10000110232238000 / 10000110232238001 /
502090995 / 215637820118130567 / 215715520118130567 / 56709000046 /
504241120108130567 / 567090000462), EM QUE FIGURAM COMO RECORRENTE :
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS; RECORRIDO : ILDEU DE
OLIVEIRA MAGALHÃES; RECORRIDO : RENATO ALVES DA SILVA;, PROFERI
DECISÃO DANDO PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL PARA CASSAR A
ORDEM DE HABEAS CORPUS CONCEDIDA, JULGANDO PREJUDICADO O
EXAME DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO. ATENCIOSAMENTE,
MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE, RELATOR. SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA.

Superior Tribunal de Justiça – SAFS Quadra 6, Lote 1 CEP 70095-900


PABX (61) 3319-8000 -FAX: (61) 3319-8700/8194/8195 - E-MAIL: protocolo.judicial@stj.jus.br

C5420565153800<5191542@ pág.: 1 de 1

Código de Controle do Documento: D01686AC-F969-4E52-A90B-CAC2F4B16DEE


(e-STJ Fl.1928)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1344860/MG

RECEBIMENTO E ENCAMINHAMENTO À PUBLICAÇÃO

Recebi os presentes autos do Excelentíssimo Senhor Ministro


Relator e encaminho à publicação a r. decisão retro, nesta
data.
Brasilia, 13 de dezembro de 2012.

COORDENADORIA DA QUINTA TURMA


*Assinado por ANA LUCIA OLIVEIRA MOTA
em 13 de dezembro de 2012 às 11:31:27
Documento eletrônico juntado ao processo em 13/12/2012 às 11:31:28 pelo usuário: ANA LUCIA OLIVEIRA MOTA

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
(e-STJ Fl.1929)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1344860/MG

PUBLICAÇÃO

Certifico que foi disponibilizada no Diário da Justiça


Eletrônico/STJ em 14/12/2012 a r. decisão de fls. 1913 e
considerada publicada na data abaixo mencionada, nos
termos do artigo 4º, § 3º, da Lei 11.419/2006.
Brasília, 17 de dezembro de 2012.

COORDENADORIA DA QUINTA TURMA


*Assinado por ADI ALMEIDA BARBOSA
em 17 de dezembro de 2012 às 07:14:44
Documento eletrônico juntado ao processo em 17/12/2012 às 07:15:10 pelo usuário: ADI ALMEIDA BARBOSA

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

CERTIDÃO

Cópia dos autos em arquivo digital entregue ao(à) MPF


(Representante:Uaci Alves Pereira.

Brasília, 18 de dezembro de 2012.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
*Assinado por MARIVALDO BATISTA SILVA
em 18 de dezembro de 2012

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Documento eletrônico VDA6809961 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MARIVALDO BATISTA SILVA, COORDENADORIA DA QUINTA TURMA Assinado em: 18/12/2012 12:51:28
Código de Controle do Documento: 3849B802-E95E-4ADF-8FD7-8DA5C69DEE5A
Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

CERTIDÃO

Cópia dos autos em arquivo digital entregue ao(à) Dr.Rafael


Freitas Machado OAB/MG 20737.

Brasília, 19 de dezembro de 2012.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
*Assinado por MARIVALDO BATISTA SILVA
em 19 de dezembro de 2012

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Documento eletrônico VDA6825685 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MARIVALDO BATISTA SILVA, COORDENADORIA DA QUINTA TURMA Assinado em: 19/12/2012 13:20:51
Código de Controle do Documento: 4F567C0C-A015-43AC-A04E-3D04C5039B6E
Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

CERTIDÃO

Cópia dos autos em arquivo digital entregue ao(à) Advogado


Rafael Freitas Machado OABDF 20737.

Brasília, 19 de dezembro de 2012.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
*Assinado por HELIO FERNANDO DA SILVA
em 19 de dezembro de 2012

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Documento eletrônico VDA6825888 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): HELIO FERNANDO DA SILVA, COORDENADORIA DA QUINTA TURMA Assinado em: 19/12/2012 13:56:14
Código de Controle do Documento: 6B961E73-F1F2-4917-B0B7-1900C96EEBA5
(e-STJ Fl.1933)

Superior Tribunal de Justiça


Fls. ________
REsp 1344860/MG

CERTIDÃO

Certifico que, em cumprimento ao Mandado de Intimação nº.


005006-2012-CORD5T - Decisão/Vista , o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO
FEDERAL foi intimado(a) da publicação do dia 17/12/2012, conforme
Mandado arquivado nesta Coordenadoria em 24/12/2012.

Brasília-DF, 24 de dezembro de 2012.


Documento eletrônico juntado ao processo em 24/12/2012 às 10:44:33 pelo usuário: VANILDE SILVA DE MELO

COORDENADORIA DA QUINTA TURMA


*Assinado por VANILDE SILVA DE MELO
em 24 de dezembro de 2012 às 10:44:04
(e-STJ Fl.1934)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

JUNTADA

Junto aos presentes autos as petições nº 467299/2012 -


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, 467424/2012 - PETIÇÃO
e 469125/2012 - CIÊNCIA PELO MPF.

Brasília, 10 de janeiro de 2013.


Documento eletrônico juntado ao processo em 10/01/2013 às 20:01:36 pelo usuário: MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA GONÇALVES

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
*Assinado por MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA
GONÇALVES
em 10 de janeiro de 2013 às 20:01:33

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Documento digitalizado juntado ao processo em 20/12/2012 às 13:56:30 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1935)
Documento digitalizado juntado ao processo em 20/12/2012 às 13:56:30 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1936)
Documento digitalizado juntado ao processo em 20/12/2012 às 13:56:30 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1937)
Documento digitalizado juntado ao processo em 20/12/2012 às 13:56:30 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1938)
Documento digitalizado juntado ao processo em 20/12/2012 às 13:56:30 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1939)
Documento digitalizado juntado ao processo em 20/12/2012 às 13:56:30 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1940)
Documento digitalizado juntado ao processo em 20/12/2012 às 13:56:30 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1941)
Documento digitalizado juntado ao processo em 20/12/2012 às 13:56:30 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1942)
Documento digitalizado juntado ao processo em 20/12/2012 às 13:56:30 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1943)
Documento digitalizado juntado ao processo em 20/12/2012 às 13:56:30 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1944)
Documento digitalizado juntado ao processo em 20/12/2012 às 13:56:30 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1945)
Documento digitalizado juntado ao processo em 20/12/2012 às 13:56:30 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1946)
Documento digitalizado juntado ao processo em 20/12/2012 às 13:28:50 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA (e-STJ Fl.1947)
Documento digitalizado juntado ao processo em 26/12/2012 às 15:29:45 pelo usuário: PRISCILA TEIXEIRA DE MACÊDO (e-STJ Fl.1948)
Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

CONCLUSÃO

Faço estes autos conclusos ao Exmo. Senhor Ministro


MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Relator.
Brasília, 11 de janeiro de 2013.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
*Assinado por MARCELO PEREIRA CRUVINEL,
Coordenador em exercício,
em 11 de janeiro de 2013

(em 8 vol. e 5 apenso(s))

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Documento eletrônico VDA6849572 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MARCELO PEREIRA CRUVINEL, COORDENADORIA DA QUINTA TURMA Assinado em: 11/01/2013 19:02:59
Código de Controle do Documento: 435950E3-3D90-438F-9877-3295829A2624
Superior Tribunal de Justiça
1

PET no RECURSO ESPECIAL Nº 1.344.860 - MG (2012/0198643-1)

RELATOR : MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE


REQUERENTE : ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÃES
REQUERENTE : RENATO ALVES DA SILVA
ADVOGADO : CARLOS FREDERICO VELOSO PIRES E OUTRO(S)
REQUERIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

DESPACHO

Defiro o pedido de fl. 1947.

À Coordenadoria da Quinta Turma para as providências cabíveis.

Após, voltem os autos conclusos.

Brasília (DF), 08 de fevereiro de 2013.

MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Relator

C5420565153800<5191542@
REsp 1344860 Petição : 467424/2012 2012/0198643-1 Página 1 de 1

Documento eletrônico VDA6946024 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Marco Aurélio Bellizze Assinado em: 08/02/2013 15:22:23
Código de Controle do Documento: E567E1CF-1480-4C64-8F1A-F72DFA1A3768
(e-STJ Fl.1951)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

RECEBIMENTO

Recebi os presentes autos do Gabinete do Exmo. Senhor


Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Relator c/ despacho
deferindo o pedido de fl. 1947.
Brasília, 13 de fevereiro de 2013.
Documento eletrônico juntado ao processo em 13/02/2013 às 17:17:59 pelo usuário: VINÓLIA VIANA LEBRE SANTIAGO

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
*Assinado por VINÓLIA VIANA LEBRE SANTIAGO
em 13 de fevereiro de 2013 às 17:17:58

(em 8 vol. e 5 apenso(s))

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
(e-STJ Fl.1952)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1344860/MG (2012/0198643-1)

CERTIDÃO

Certifico que foram realizadas as alterações na


autuação dos autos conforme petição juntada e instruções
decorrentes em Questão de Ordem Especial da 29ª Sessão
Ordinária da Quinta Turma, realizada em 07/08/2008.

Brasília, 13 de fevereiro de 2013

COORDENADORIA DA QUINTA TURMA


*Assinado por VINÓLIA VIANA LEBRE SANTIAGO
em 13 de fevereiro de 2013 às 17:21:41
Documento eletrônico juntado ao processo em 13/02/2013 às 17:21:43 pelo usuário: VINÓLIA VIANA LEBRE SANTIAGO

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

CONCLUSÃO

Faço estes autos conclusos ao Exmo. Senhor Ministro


MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Relator.
Brasília, 13 de fevereiro de 2013.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
*Assinado por MARCELO PEREIRA CRUVINEL, Assessor B,
em 13 de fevereiro de 2013

(em 8 vol. e 5 apenso(s))

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Documento eletrônico VDA6961325 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MARCELO PEREIRA CRUVINEL, COORDENADORIA DA QUINTA TURMA Assinado em: 13/02/2013 19:06:09
Código de Controle do Documento: 75C1DC86-F281-4A75-ABE2-47C750EE3D69
Superior Tribunal de Justiça
1

EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.344.860 - MG (2012/0198643-1)

RELATOR : MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE


EMBARGANTE : ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÃES
EMBARGANTE : RENATO ALVES DA SILVA
ADVOGADO : RAFAEL FREITAS MACHADO
EMBARGADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL.


AUSÊNCIA DAS HIPÓTESES PREVISTAS NO ART. 619 DO
CPP. EMBARGOS REJEITADOS.

DECISÃO

A hipótese é de embargos de declaração opostos contra a decisão de fls.


1913/1924, proferida nos seguintes termos:

Trata-se de recurso especial interposto pelo Ministério Público de


Minas Gerais, com fundamento na alínea 'a' do permissivo
constitucional, contra acórdão do Tribunal de Justiça.
Colhe-se dos autos que os recorridos impetraram dois habeas
corpus perante o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, buscando a
revogação das prisões temporárias decretadas pelo Juiz de Direito
da Comarca de Sabará/MG, bem como o trancamento do
procedimento criminal e a cassação de todas as medidas
cautelares advindas dele, no qual se apurava a prática de crimes
de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, formação de cartel e
venda de medicamentos especiais sem a devida autorização.
Argumentavam os impetrantes, em síntese, ser ilícita a origem da
investigação, porquanto originada de denúncia anônima, além da
ilegitimidade do Ministério Público para instaurar procedimento
criminal investigatório e requerer prisão temporária.
O Tribunal de origem, por maioria de votos, negou a ilicitude da
investigação embasada em denúncia anônima, porém concedeu
parcialmente a ordem para reconhecer a ilegitimidade do Parquet
em realizar investigações, determinando que os autos fossem
remetidos à autoridade policial competente a fim de dar
prosseguimento ao inquérito, julgando, ainda, prejudicado o pedido
em relação à revogação da prisão temporária, tendo em vista que
os pacientes já estavam soltos.
O acórdão ficou assim ementado (fl. 1641):

HABEAS CORPUS - PRISÃO TEMPORÁRIA - PRAZO

REsp 1344860 Petição : 467299/2012


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Documento eletrônico VDA7470539 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Marco Aurélio Bellizze Assinado em: 02/05/2013 20:42:00
Publicação no DJe/STJ nº 1280 de 07/05/2013. Código de Controle do Documento: 7C85F019-A27D-4C3E-8B85-BCFEB5E49D6F
Superior Tribunal de Justiça
1

EXPIRADO E PACIENTES EM LIBERDADE - PERDA DO


OBJETO - INVESTIGAÇÕES PROMOVIDAS PELO
MINISTÉRIO PÚBLICO E ORIGINADAS DE DENÚNCIA
APÓCRIFA - TRANCAMENTO DO PROCEDIMENTO
INVESTIGATÓRIO - ORDEM PARCIALMENTE
CONCEDIDA. O simples impulso de investigação dado por
denúncia anônima não é vedado, sendo, inclusive, uma
garantia ao exercício da democracia, a possibilidade de o
cidadão comunicar-se com os setores públicos responsáveis
a fim de informar a ocorrência de ilícitos sem ser identificado,
na mais legítima participação popular na proteção da res
pública. Contudo, claramente defesa a imposição de medidas
restritivas ou formações cognitivas somente com base em
anúncios apócrifos, o que não é o caso. O inquérito policial
presidido pelo Promotor de Justiça, rotulado de procedimento
administrativo, exorbita às suas funções, além de conflitar
com as normas de competência expressa nos dispositivos
normativos acima mencionados, segundo os quais a
investigação criminal deve ficar a cargo da autoridade policial
competente. O que não se admite, contudo, é o oferecimento
da denúncia com base em peças investigatórias produzidas
unilateralmente pelo órgão incubido da acusação no
procedimento judicial criminal, o que não é o caso, pois além
de existirem outros instrumentos de prova, estamos falando
da fase meramente investigatória. Contudo, não podem ser
mantidas as investigações criminais sob presidência do
Ministério Público, devendo ser prosseguidas pela autoridade
policial competente.

Sobrevieram embargos de declaração opostos pelo Ministério


Público, os quais não foram acolhidos pelo Tribunal de Justiça (fls.
1688/1691).
Contra o referido acórdão, os ora recorridos interpuseram recurso
ordinário em habeas corpus, buscando 'reformar o acórdão
hostilizado no sentido de reconhecer e declarar a ilicitude de todas
as provas arregimentadas unilateralmente pelo Parquet (a quem
não foi dado poderes investigatórios, conforme restou consignado
pelo próprio decisum), sob pena de manifesta contrariedade ao
que dispõe o art. 5º, LVI, da CF/88, não havendo que se
determinar o encaminhamento da investigação até então realizada
à autoridade policial para prosseguimento porquanto todos os
elementos de prova já foram contaminados pela ilegal investigação
ministerial' (fls. 1711/1712).
O Ministério Público de Minas Gerias, por sua vez, interpôs o
presente recurso especial, alegando que o acórdão recorrido
violou o art. 8º, incisos I, II, IV, V e VII, da Lei Complementar nº
75/93; o art. 26, incisos I, alíneas 'a', 'b' e 'c', II e IV, da Lei nº

REsp 1344860 Petição : 467299/2012


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Documento eletrônico VDA7470539 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Marco Aurélio Bellizze Assinado em: 02/05/2013 20:42:00
Publicação no DJe/STJ nº 1280 de 07/05/2013. Código de Controle do Documento: 7C85F019-A27D-4C3E-8B85-BCFEB5E49D6F
Superior Tribunal de Justiça
1

8.625/93; e o art. 4º, parágrafo único, do Código de Processo


Penal.
Sustenta que 'os poderes investigatórios do Ministério Público
podem ser utilizados não apenas na esfera cível, mas em todas as
suas áreas de atuação, inclusive a criminal', asseverando, ainda,
que 'quanto à requisição de informações e documentos a
entidades privadas, a lei deixa expresso que esse poder pode ser
utilizado pelo Ministério Público 'para instruir procedimentos ou
processo em que oficie', o que, por óbvio, inclui a instrução da
ação penal pública' (fl. 1810).
Busca, assim, o provimento do recurso especial para que seja
cassada a ordem de habeas corpus concedida no Tribunal de
origem.
O Ministério Público Federal opinou pelo provimento do recurso.
Brevemente relatado, decido.
Tenho que o apelo especial merece provimento.
Isso porque, de acordo com a pacífica jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça, o Ministério Público possui a prerrogativa de
instaurar processo administrativo de investigação e de conduzir
diligências investigatórias, nos termos do art. 129, incisos VI, VII,
VIII e IX, da Constituição Federal.
A título de exemplo, cito os seguintes precedentes:

A - HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA.


SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO ORDINÁRIO.
IMPOSSIBILIDADE. RESPEITO AO SISTEMA RECURSAL
PREVISTO NA CARTA MAGNA. NÃO CONHECIMENTO.
(...)
TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO (ARTIGO 121,
§ 2º, INCISO II, COMBINADO COM O ARTIGO 14, INCISO
II, AMBOS DO CÓDIGO PENAL). ALEGADA ILICITUDE DE
DEPOIMENTO COLHIDO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO.
APONTADA AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL PARA A
REALIZAÇÃO DE INVESTIGAÇÃO PELO PARQUET.
POSSIBILIDADE DE INQUIRIÇÃO DE TESTEMUNHAS.
INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS 7º, INCISO II, E 8º, INCISO
I, DA LEI COMPLEMENTAR 75/1993. INEXISTÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DAS MÁCULAS QUE ESTARIAM A
CONTAMINAR AS DECLARAÇÕES PRESTADAS
PERANTE O ÓRGÃO MINISTERIAL. OITIVA DA
TESTEMUNHA EM JUÍZO. ILICITUDE NÃO
CARACTERIZADA.
1. De acordo com entendimento consolidado na Quinta e na
Sexta Turma deste Superior Tribunal de Justiça, amparado
na jurisprudência do Pretório Excelso, ainda que não se
permita ao Ministério Público a condução do inquérito policial
propriamente dito, e tendo em vista o caráter meramente

REsp 1344860 Petição : 467299/2012


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Signatário(a): MINISTRO Marco Aurélio Bellizze Assinado em: 02/05/2013 20:42:00
Publicação no DJe/STJ nº 1280 de 07/05/2013. Código de Controle do Documento: 7C85F019-A27D-4C3E-8B85-BCFEB5E49D6F
Superior Tribunal de Justiça
1

informativo de tal peça, não há vedação legal para que o


parquet proceda a investigações e colheita de provas para a
formação da opinio delicti.
2. Dentre as providências que podem ser tomadas pelo
parquet para a reunião de provas no curso das
investigações por ele promovidas está a de colher o
depoimento de testemunhas, consoante o disposto nos
artigos 7º, inciso II, e 8º, inciso I, da Lei Complementar
75/1993.
(...)
8. Habeas corpus não conhecido. (HC nº 182.829/DF,
Relator o Ministro JORGE MUSSI, DJe 3/12/2012)

B - HABEAS CORPUS. EXTORSÃO. ALEGAÇÃO DE


INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO. PRECLUSÃO.
LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA
PROCEDER INVESTIGAÇÕES. POSSIBILIDADE.
1. Improcede a alegação de violação ao princípio do juiz
natural, visto que a incompetência territorial é de natureza
relativa e deve ser alegada no momento oportuno, o que não
fez a defesa, remarcando-se que não se demonstrou
qualquer prejuízo decorrente do processamento do feito no
Juízo Criminal de Vila Velha/ES, ao revés do Juízo de
Vitória/ES.
2. Esta Corte tem proclamado que, a teor do disposto no art.
129, VI e VIII, da Constituição Federal, e nos arts. 8º da Lei
Complementar nº 75/93 e 26 da Lei nº 8.625/93, o Ministério
Público, como titular da ação penal pública, pode proceder
investigações e efetuar diligências com o fim de colher
elementos de prova para o desencadeamento da pretensão
punitiva estatal, sendo-lhe vedado tão-somente realizar e
presidir o inquérito policial.
3. Na espécie, a atuação direta do Ministério Público na fase
de investigação se revelou indispensável, por se tratar de
infração penal cometida no âmbito da própria polícia civil. A
partir da notícia levada a efeito pelas vítimas, cumpria ao
Parquet, no exercício de sua missão constitucional de titular
da ação penal pública, apurar os fatos, de forma a assegurar,
de maneira eficaz, o êxito das investigações.
4. Ordem denegada. (HC nº 60.976/ES, Relator o Ministro
OG FERNANDES, DJe 17/10/2011)

C - HABEAS CORPUS. MINISTÉRIO PÚBLICO. PODERES


DE INVESTIGAÇÃO. LEGITIMIDADE. LC N.º 75/93. ART.
4.º, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPP. TESE DE FALTA DE
JUSTA CAUSA. PLEITO DE TRANCAMENTO DO
PROCEDIMENTO INVESTIGATIVO. PROCEDIMENTO

REsp 1344860 Petição : 467299/2012


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Signatário(a): MINISTRO Marco Aurélio Bellizze Assinado em: 02/05/2013 20:42:00
Publicação no DJe/STJ nº 1280 de 07/05/2013. Código de Controle do Documento: 7C85F019-A27D-4C3E-8B85-BCFEB5E49D6F
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CONCLUÍDO. INQUÉRITO POLICIAL INSTAURADO.


PERDA SUPERVENIENTE DO INTERESSE
PROCESSUAL.
1. A legitimidade do Ministério Público para determinar
diligências investigatórias decorre de expressa previsão
constitucional, oportunamente regulamentada pela Lei
Complementar n.º 75/93.
2. É consectário lógico da própria função do órgão ministerial
- titular exclusivo da ação penal pública - proceder à coleta de
elementos de convicção, a fim de elucidar a materialidade do
crime e os indícios de autoria, mormente quando se trata de
crime atribuído a autoridades policiais que estão submetidas
ao controle externo do Parquet.
3. A ordem jurídica confere explicitamente poderes de
investigação ao Ministério Público - art. 129, incisos VI, VIII,
da Constituição Federal, e art. 8º, incisos II e IV, e § 2º, da Lei
Complementar n.º 75/1993.
4. A competência da polícia judiciária não exclui a de outras
autoridades administrativas. Inteligência do art. 4º, parágrafo
único, do Código de Processo Penal. Precedentes. 'A
outorga constitucional de funções de polícia judiciária à
instituição policial não impede nem exclui a possibilidade de o
Ministério Público, que é o dominus litis, determinar a
abertura de inquéritos policiais, requisitar esclarecimentos e
diligências investigatórias, estar presente e acompanhar,
junto a órgãos e agentes policiais, quaisquer atos de
investigação penal, mesmo aqueles sob regime de sigilo, sem
prejuízo de outras medidas que lhe pareçam indispensáveis
à formação da sua opinio delicti, sendo-lhe vedado, no
entanto, assumir a presidência do inquérito policial, que
traduz atribuição privativa da autoridade policial.' (STF - HC
94.173/BA, 2.ª Turma, Rel. Min. CELSO DE MELLO, DJe de
26/11/2009).
5. Concluído o procedimento investigativo a que se visava
trancar por falta de justa causa, resta evidenciada, no
particular, a perda superveniente do interesse processual.
6. Habeas corpus parcialmente conhecido e, nessa parte,
denegado. (HC n.º 94.129/RJ, Relatora a Ministra LAURITA
VAZ, DJe 22/3/2010.)

D - PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME


AMBIENTAL. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.
AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. INÉPCIA DA DENÚNCIA.
ATIPICIDADE DA CONDUTA. DENÚNCIA NÃO-JUNTADA
AOS AUTOS. AUSÊNCIA DE PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA.
LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA
PROCEDER A INVESTIGAÇÕES. PREVISÕES

REsp 1344860 Petição : 467299/2012


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Signatário(a): MINISTRO Marco Aurélio Bellizze Assinado em: 02/05/2013 20:42:00
Publicação no DJe/STJ nº 1280 de 07/05/2013. Código de Controle do Documento: 7C85F019-A27D-4C3E-8B85-BCFEB5E49D6F
Superior Tribunal de Justiça
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CONSTITUCIONAL E LEGAL. ORDEM PARCIALMENTE


CONHECIDA E, NESSA EXTENSÃO, DENEGADA.
[...]
3. A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça consolidou
o entendimento de que o Ministério Público, por expressa
previsão constitucional e legal, possui a prerrogativa de
instaurar procedimento administrativo de investigação e
conduzir diligências investigatórias, podendo requisitar
diretamente documentos e informações que julgar
necessários ao exercício de suas atribuições de dominus
litis.
4. Ordem parcialmente conhecida e, nessa extensão,
denegada. (HC n.º 128.233/MG, Relator o Ministro
ARNALDO ESTEVES LIMA, DJe 1/2/2010.)

O Supremo Tribunal Federal possui também precedentes nesse


sentido:

DIREITO PROCESSUAL PENAL. RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. ALEGAÇÕES DE PROVA OBTIDA
POR MEIO ILÍCITO, FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO DO
DECRETO DE PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA E
EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE. PODERES
INVESTIGATÓRIOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESTA
PARTE, IMPROVIDO. 1. O recurso extraordinário busca
debater quatro questões centrais: a) a nulidade do processo
em razão da obtenção de prova ilícita (depoimentos colhidos
diretamente pelo Ministério Público em procedimento próprio;
gravação de áudio e vídeo realizada pelo Ministério Público;
consideração de prova emprestada); b) invasão das
atribuições da polícia judiciária pelo Ministério Público
Federal; c) incorreção na dosimetria da pena com violação ao
princípio da inocência na consideração dos maus
antecedentes na fixação da pena-base; d) ausência de
fundamentação para o decreto de perda da função pública. 2.
O extraordinário somente deve ser conhecido em relação às
atribuições do Ministério Público (CF, art. 129, I e VIII),
porquanto as questões relativas à suposta violação ao
princípio constitucional da presunção de inocência na fixação
da pena-base e à suposta falta de fundamentação na
decretação da perda da função pública dos recorrentes, já
foram apreciadas e resolvidas no julgamento do recurso
especial pelo Superior Tribunal de Justiça. 3. Apenas houve
debate na Corte local sobre as atribuições do Ministério
Público, previstas constitucionalmente. O ponto relacionado à
nulidade do processo por suposta obtenção e produção de

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prova ilícita à luz da normativa constitucional não foi objeto de


debate no acórdão recorrido. 4. Esta Corte já se pronunciou
no sentido de que 'o debate do tema constitucional deve ser
explícito' (RE 428.194 AgR/MG, rel. Min. Eros Grau, 1ª
Turma, DJ 28.10.2005) e, assim, 'a ausência de efetiva
apreciação do litígio constitucional, por parte do Tribunal de
que emanou o acórdão impugnado, não autoriza - ante a falta
de prequestionamento explicíto da controvérsia jurídica - a
utilização do recurso extraordinário' (AI 557.344 AgR/DF, rel.
Min. Celso de Mello, 2ª Turma, DJ 11.11.2005). 5. A denúncia
pode ser fundamentada em peças de informação obtidas
pelo órgão do MPF sem a necessidade do prévio inquérito
policial, como já previa o Código de Processo Penal. Não há
óbice a que o Ministério Público requisite esclarecimentos ou
diligencie diretamente a obtenção da prova de modo a formar
seu convencimento a respeito de determinado fato,
aperfeiçoando a persecução penal, mormente em casos
graves como o presente que envolvem a presença de
policiais civis e militares na prática de crimes graves como o
tráfico de substância entorpecente e a associação para fins
de tráfico. 6. É perfeitamente possível que o órgão do
Ministério Público promova a colheita de determinados
elementos de prova que demonstrem a existência da autoria
e da materialidade de determinado delito, ainda que a título
excepcional, como é a hipótese do caso em tela. Tal
conclusão não significa retirar da Polícia Judiciária as
atribuições previstas constitucionalmente, mas apenas
harmonizar as normas constitucionais (arts. 129 e 144) de
modo a compatibilizá-las para permitir não apenas a correta e
regular apuração dos fatos supostamente delituosos, mas
também a formação da opinio delicti. 7. O art. 129, inciso I,
da Constituição Federal, atribui ao parquet a privatividade na
promoção da ação penal pública. Do seu turno, o Código de
Processo Penal estabelece que o inquérito policial é
dispensável, já que o Ministério Público pode embasar seu
pedido em peças de informação que concretizem justa causa
para a denúncia. 8. Há princípio basilar da hermenêutica
constitucional, a saber, o dos 'poderes implícitos', segundo o
qual, quando a Constituição Federal concede os fins, dá os
meios. Se a atividade fim - promoção da ação penal pública -
foi outorgada ao parquet em foro de privatividade, não se
concebe como não lhe oportunizar a colheita de prova para
tanto, já que o CPP autoriza que 'peças de informação'
embasem a denúncia. 9. Levando em consideração os
dados fáticos considerados nos autos, os policiais
identificados se associaram a outras pessoas para a
perpetração de tais crimes, realizando, entre outras

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atividades, a de 'escolta' de veículos contendo o


entorpecente e de 'controle' de todo o comércio espúrio no
município de Chapecó. 10. Recurso extraordinário
parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido. (RE nº
468.523/SC, Relatora a Ministra ELLEN GRACIE, DJe
19/2/2010)

Cumpre considerar, ainda, por oportuno, que a atuação do


Ministério Público, no contexto da investigação penal, longe de
comprometer ou de reduzir as atribuições de índole funcional das
autoridades policiais - a quem sempre caberá a presidência do
inquérito policial -, representa, na realidade, o exercício concreto de
uma atividade típica de cooperação, que, em última análise,
mediante a requisição de elementos informativos e
acompanhamento de diligências investigatórias, além de outras
medidas de colaboração, promove a convergência de dois
importantes órgãos estatais incumbidos, ambos, da persecução
penal e da concernente apuração da verdade real.
Também entendo que se revela constitucionalmente lícito, ao
Ministério Público, promover, por autoridade própria, atos de
investigação penal, respeitadas - não obstante a unilateralidade
desse procedimento investigatório - as limitações que incidem
sobre o Estado em tema de persecução penal.
Impende rememorar, neste ponto, o magistério de Lenio Luiz
Streck e de Luciano Feldens (Crime e Constituição - A
Legitimidade da função investigatória do Ministério Público, p.
79/85, 2003, Forense), cuja lição bem justifica a legitimidade do
poder, que, reconhecido ao Ministério Público, qualifica os
membros dessa Instituição a promover, por autoridade própria, as
investigações penais necessárias à formação de sua opinio
delicti:

Não se revela necessário um esforço de raciocínio mais


rigoroso para concluirmos que o Ministério Público não tem
poderes para a conclusão de inquérito policial. Sobre isso
não resta dúvida alguma, pela singela razão de que se o
inquérito fosse conduzido pelo Ministério Público já não mais
se poderia qualificá-lo como 'policial', senão que teria outra
designação (procedimento administrativo, procedimento
criminal, etc.). Simples, pois.
A questão de fundo é sensivelmente distinta: reside em saber
se, à luz do ordenamento jurídico vigente, o Ministério Público
tem - ou não legitimidade para, no âmbito de seus próprios
procedimentos, realizar 'diligências investigatórias' no intuito
de subsidiar a proposição de futura ação penal pública.
Nesse sentido, são dois os argumentos comumente
utilizados para anular a aptidão funcional do Ministério

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Público:
a) a suposta ausência de fundamento legal a respaldar tal
atividade;
b) a alegada exclusividade - ou monopólio - da Polícia na
tarefa de investigar a prática de qualquer infração penal e sua
autoria.
Recorrentemente, aqueles que desafiam a legitimidade do
Ministério Público para proceder a diligências investigatórias
na seara criminal esgrimem o argumento de que tal
possibilidade não se encontraria expressa na Constituição,
locus político-normativo de onde emergem suas funções
institucionais.
Trata-se, em verdade, de uma armadilha argumentativa.
Esconde-se, por detrás dessa linha de raciocínio, aquilo que
se revela manifestamente insustentável: a consideração de
que as atribuições conferidas ao Ministério Público pelo art.
129 da Constituição são taxativas, esgotando-se em sua
literalidade mesma. Equívoco, 'data venia', grave. Atezite-se,
a tanto, que o próprio art. 129, berço normativo das funções
institucionais do Ministério Público, ao cabo de especificar um
rol de funções acometidas à instituição, dispôs
expressamente, em seu inciso IX, que:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:


[...]
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde
que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a
representação judicial e a consultoria jurídica de entidades
públicas.

Trilhando no mesmo diapasão, veja-se que a Lei


Complementar n° 75/93, ao concretizar essa disposição
constitucional, dispôs que:

Art. 5o São funções institucionais do Ministério Público da


União:
[. ..]
VI - exercer outras funções previstas na Constituição Federal
e na lei.

O segundo óbice erguido contra a possibilidade de o


Ministério Público exercer atividade investigatória para fins de
persecução penal (...) reveste-se de forte dose corporativa,
pois busca fazer concentrar na Polícia o monopólio para a
realização de toda e qualquer tarefa nesse sentido. Sem
procedência, também.
Em essência, esteia-se tal argumentação no art. 144, § 1º, IV,

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da Constituição, o qual estabelece que compete à Polícia


Federal exercer, com exclusividade, as funções de polícia
judiciária da União. Logicamente, ao referir-se à
'exclusividade' da Polícia Federal para exercer funções 'de
policia judiciária da União', o que fez a Constituição foi,
tão-somente, delimitar as atribuições entre as diversas
polícias (federal, rodoviária, ferroviária, civil e militar), razão
pela qual reservou, para cada uma delas, um parágrafo
dentro do mesmo art. 144. Dai porque, se alguma conclusão
de caráter exclusivista pode-se retirar do dispositivo
constitucional seria a de que não cabe à Polícia Civil 'apurar
infrações penais contra a ordem política e social ou em
detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de
suas entidades autárquicas e empresas públicas' (art. 144, §
Io, I), pois que, no espectro da polícia judiciária, tal atribuição
está reservada à Polícia Federal.
Acaso concluíssemos distintamente, ou seja, no sentido do
monopólio investigativo da Polícia, teríamos de enfrentar
importantes indagações para as quais não visualizamos
qualquer possibilidade de resposta coerente com a tese
restritiva.

Lembremo-nos, no pormenor, que a Constituição Federal de 1988


foi instrumento de decisiva consolidação jurídico-institucional do
Ministério Público. Ao dispensar-lhe singular tratamento normativo,
a Carta Política redesenhou-lhe o perfil constitucional, outorgou-lhe
atribuições inderrogáveis, ampliou-lhe as funções jurídicas e
desferiu garantias inéditas à Instituição e aos membros que a
integram.
Entendo, por isso mesmo, que o poder de investigar, em sede
penal, também compõe o complexo de funções institucionais do
Ministério Público, pois esse poder se acha instrumentalmente
vocacionado a tornar efetivo o exercício, por essa Instituição, das
competências que lhe foram outorgadas pelo próprio texto
constitucional.
É por isso que, a meu ver, reveste-se de integral legitimidade a
instauração, pelo próprio Ministério Público, de investigação penal,
atribuição que lhe permite adotar as medidas necessárias ao fiel
cumprimento de suas funções institucionais, bem assim ao pleno
exercício das competências que lhe foram expressamente
outorgadas pela Constituição Federal. Traçados esses vetores
interpretativos, é de se reconhecer a violação aos dispositivos
legais indicados no presente recurso especial, por parte do
Tribunal de origem, porquanto determinou o trancamento da ação
penal sob o fundamento da impossibilidade de o Parquet proceder
às investigações criminais.
Nem se diga, por outro lado, que o reconhecimento do poder

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investigatório do Ministério Público, frustrou, comprometeu ou,


ainda, afetou a garantia do contraditório estabelecida em favor do
investigado.
É que essa fundamental garantia outorgada aos acusados não
incide na esfera pré-processual da persecução penal, eis que o
seu domínio abrange, somente, o processo penal instaurado em
juízo.
Cumpre relembrar, neste ponto, que a investigação penal,
enquanto procedimento extrajudicial, não se processa, em função
de sua própria natureza, sob o crivo do contraditório, que somente
em juízo se torna plenamente exigível.
Essa mesma percepção foi registrada por José Frederico Marques
('Elementos de Direito Processual Penal', vol. 1/87-89, itens ns.
45/46, 2a ed., revista e atualizada por Eduardo Reale Ferrari, 2000,
Millennium, Campinas/SP), cujo autorizado magistério assim
apreciou a questão:

O art. 141, § 25 (hoje equivalente ao art. 5°, LV, da vigente


Constituição) da Constituição Federal, ao assegurar plena
defesa aos acusados, com todos os meios e recursos
essenciais a ela, adotou, também, o procedimento
contraditório, porquanto todo o processo tem de ser
estruturado sob a forma do contraditório para que o direito de
defesa não sofra restrições indevidas. Decorrência da
isonomia processual, que é corolário, por sua vez, do
princípio constitucional da igualdade perante a lei, - o
contraditório é inerente a toda resolução processual de
litígios.
Sem o contraditório não pode haver devido processo legal.
Uma vez que a lide tem sentido bilateral, porque a sua parte
nuclear é constituída por interesses conflitantes, o processo
adquire caráter verdadeiramente dialético, enquanto que a
ação, como diz CARNELUTTI, se desenvolve como
contradição recíproca.
O vigente Código de Processo Penal distingue perfeitamente
a 'instrução criminal' (arts. 394 a 405) do 'inquérito policial'
(arts. 4° a 23), como o fazem as legislações da atualidade. Só
a primeira é contraditória, de acordo, aliás, com o que impõe
o mandamento constitucional.
O segundo, porém, por não se identificar com instrução e não
estar abrangido, portanto, pelo art. 141, § 25, da Constituição
Federal, tem natureza inquisitiva, como na realidade o deve
ser.
Não se pode, pois, interpretar com simplismo o texto
constitucional sobre a instrução contraditória, para estendê-lo
ao inquérito policial. No direito pátrio, tem vigorado perfeita
distinção entre inquérito policial e formação da culpa, desde a

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reforma de 1871, correspondendo ao primeiro a fase


investigatória e à segunda a da instrução criminal.

Irrecusável, desse modo, a inaplicabilidade do contraditório da fase


extrajudicial de mera investigação penal, cabendo assinalar, no
entanto, que a unilateralidade das investigações desenvolvidas
pelo Estado, no estágio preliminar da persecução penal, não
autoriza a formulação de decisão condenatória, cujo único suporte
resida em prova inquisitorialmente produzida.
Vê-se, assim, que, mesmo quando conduzida, unilateralmente,
pelo Ministério Público, a investigação criminal não legitimará
qualquer condenação, se os elementos de convicção nela
produzidos - porém não reproduzidos em juízo, sob a garantia do
contraditório - forem os únicos elementos existentes contra a
pessoa investigada.
Dessa forma, verificada a contrariedade aos dispositivos legais
indicados no presente recurso, deve o acórdão recorrido ser
cassado a fim de que seja denegada a ordem de habeas corpus,
ficando prejudicado o exame do recurso ordinário interposto pelos
recorridos.
Ante o exposto, nos termos do art. 557, § 1º-A, do Código de
Processo Civil, dou provimento ao recurso especial para cassar a
ordem de habeas corpus concedida, julgando prejudicado o
exame do recurso ordinário interposto.

Os embargantes alegam, em síntese, a ocorrência de duas omissões e uma


contradição na decisão embargada, quais sejam: o reconhecimento da intempestividade do
recurso especial do Ministério Público; a necessidade de submissão do recurso em questão
à apreciação colegiada, porquanto inaplicável ao caso o art. 557, § 1º-A, do CPC; ou,
alternativamente, o reconhecimento da necessidade de julgamento do recurso ordinário em
habeas corpus antes do recurso especial ministerial.

Brevemente relatado, decido.

Nos termos do art. 619 do Código de Processo Penal, são cabíveis embargos
de declaração quando houver na decisão omissão, obscuridade, contradição ou
ambiguidade.

No caso, contudo, não se verifica a presença de nenhum dos referidos


requisitos na decisão embargada.

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No tocante à alegada intempestividade do recurso especial do Ministério


Público, contata-se dos autos que o apelo nobre ministerial fora interposto no dia 16 de
fevereiro de 2012, às 17:59:16h, conforme protocolo de fl. 1726.

Não desconheço que há uma cópia nos autos do recurso especial cujo
protocolo consta do dia 16 de março de 2012, às 18:00:33h (fl. 1802). Todavia, esse novo
protocolo se deu em razão da demora na juntada do primeiro recurso, conforme se verifica
da petição apresentada pela Procuradoria de Justiça às fls. 1723/1724 no mesmo dia
(16/3/2012).

Dessa forma, esse segundo protocolo não deve ser considerado para fins de
verificação da tempestividade recursal, porquanto o recurso já havia sido protocolizado
anteriormente dentro do prazo legal de 15 (quinze) dias, não havendo, portanto, qualquer
omissão a ser reparada nesse ponto.

Além disso, não há qualquer ilegalidade na aplicação do art. 557, § 1º-A, do


Código de Processo Civil, tendo em vista que, conforme consignado na decisão
embargada, a atual e pacífica jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é no sentido
contrário ao que entendeu o Tribunal de origem no acórdão recorrido, autorizando, assim, a
utilização do dispositivo legal em comento.

Confiram-se, a propósito, precedentes de ambas as Turmas que julgam


matéria penal nesta Corte:

A - HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA.


SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO ORDINÁRIO.
IMPOSSIBILIDADE. RESPEITO AO SISTEMA RECURSAL
PREVISTO NA CARTA MAGNA. NÃO CONHECIMENTO.
(...)
TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO (ARTIGO 121, § 2º,
INCISO II, COMBINADO COM O ARTIGO 14, INCISO II, AMBOS
DO CÓDIGO PENAL). ALEGADA ILICITUDE DE DEPOIMENTO
COLHIDO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. APONTADA
AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL PARA A REALIZAÇÃO DE
INVESTIGAÇÃO PELO PARQUET. POSSIBILIDADE DE
INQUIRIÇÃO DE TESTEMUNHAS. INTELIGÊNCIA DOS
ARTIGOS 7º, INCISO II, E 8º, INCISO I, DA LEI
COMPLEMENTAR 75/1993. INEXISTÊNCIA DE

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COMPROVAÇÃO DAS MÁCULAS QUE ESTARIAM A


CONTAMINAR AS DECLARAÇÕES PRESTADAS PERANTE O
ÓRGÃO MINISTERIAL. OITIVA DA TESTEMUNHA EM JUÍZO.
ILICITUDE NÃO CARACTERIZADA.
1. De acordo com entendimento consolidado na Quinta e na Sexta
Turma deste Superior Tribunal de Justiça, amparado na
jurisprudência do Pretório Excelso, ainda que não se permita ao
Ministério Público a condução do inquérito policial propriamente
dito, e tendo em vista o caráter meramente informativo de tal peça,
não há vedação legal para que o parquet proceda a investigações
e colheita de provas para a formação da opinio delicti.
2. Dentre as providências que podem ser tomadas pelo parquet
para a reunião de provas no curso das investigações por ele
promovidas está a de colher o depoimento de testemunhas,
consoante o disposto nos artigos 7º, inciso II, e 8º, inciso I, da Lei
Complementar 75/1993.
(...)
8. Habeas corpus não conhecido. (HC nº 182.829/DF, Relator o
Ministro JORGE MUSSI, DJe 3/12/2012)

B - HABEAS CORPUS. EXTORSÃO. ALEGAÇÃO DE


INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO. PRECLUSÃO. LEGITIMIDADE
DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA PROCEDER
INVESTIGAÇÕES. POSSIBILIDADE.
1. Improcede a alegação de violação ao princípio do juiz natural,
visto que a incompetência territorial é de natureza relativa e deve
ser alegada no momento oportuno, o que não fez a defesa,
remarcando-se que não se demonstrou qualquer prejuízo
decorrente do processamento do feito no Juízo Criminal de Vila
Velha/ES, ao revés do Juízo de Vitória/ES.
2. Esta Corte tem proclamado que, a teor do disposto no art. 129,
VI e VIII, da Constituição Federal, e nos arts. 8º da Lei
Complementar nº 75/93 e 26 da Lei nº 8.625/93, o Ministério
Público, como titular da ação penal pública, pode proceder
investigações e efetuar diligências com o fim de colher elementos
de prova para o desencadeamento da pretensão punitiva estatal,
sendo-lhe vedado tão-somente realizar e presidir o inquérito
policial.
3. Na espécie, a atuação direta do Ministério Público na fase de
investigação se revelou indispensável, por se tratar de infração
penal cometida no âmbito da própria polícia civil. A partir da notícia
levada a efeito pelas vítimas, cumpria ao Parquet, no exercício de
sua missão constitucional de titular da ação penal pública, apurar
os fatos, de forma a assegurar, de maneira eficaz, o êxito das
investigações.
4. Ordem denegada. (HC nº 60.976/ES, Relator o Ministro OG
FERNANDES, DJe 17/10/2011)

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C - HABEAS CORPUS. MINISTÉRIO PÚBLICO. PODERES DE


INVESTIGAÇÃO. LEGITIMIDADE. LC N.º 75/93. ART. 4.º,
PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPP. TESE DE FALTA DE JUSTA
CAUSA. PLEITO DE TRANCAMENTO DO PROCEDIMENTO
INVESTIGATIVO. PROCEDIMENTO CONCLUÍDO. INQUÉRITO
POLICIAL INSTAURADO. PERDA SUPERVENIENTE DO
INTERESSE PROCESSUAL.
1. A legitimidade do Ministério Público para determinar diligências
investigatórias decorre de expressa previsão constitucional,
oportunamente regulamentada pela Lei Complementar n.º 75/93.
2. É consectário lógico da própria função do órgão ministerial -
titular exclusivo da ação penal pública - proceder à coleta de
elementos de convicção, a fim de elucidar a materialidade do crime
e os indícios de autoria, mormente quando se trata de crime
atribuído a autoridades policiais que estão submetidas ao controle
externo do Parquet.
3. A ordem jurídica confere explicitamente poderes de investigação
ao Ministério Público - art. 129, incisos VI, VIII, da Constituição
Federal, e art. 8º, incisos II e IV, e § 2º, da Lei Complementar n.º
75/1993.
4. A competência da polícia judiciária não exclui a de outras
autoridades administrativas. Inteligência do art. 4º, parágrafo único,
do Código de Processo Penal. Precedentes. 'A outorga
constitucional de funções de polícia judiciária à instituição policial
não impede nem exclui a possibilidade de o Ministério Público, que
é o dominus litis, determinar a abertura de inquéritos policiais,
requisitar esclarecimentos e diligências investigatórias, estar
presente e acompanhar, junto a órgãos e agentes policiais,
quaisquer atos de investigação penal, mesmo aqueles sob regime
de sigilo, sem prejuízo de outras medidas que lhe pareçam
indispensáveis à formação da sua opinio delicti, sendo-lhe
vedado, no entanto, assumir a presidência do inquérito policial, que
traduz atribuição privativa da autoridade policial.' (STF - HC
94.173/BA, 2.ª Turma, Rel. Min. CELSO DE MELLO, DJe de
26/11/2009).
5. Concluído o procedimento investigativo a que se visava trancar
por falta de justa causa, resta evidenciada, no particular, a perda
superveniente do interesse processual.
6. Habeas corpus parcialmente conhecido e, nessa parte,
denegado. (HC n.º 94.129/RJ, Relatora a Ministra LAURITA VAZ,
DJe 22/3/2010.)

D - PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME


AMBIENTAL. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. AUSÊNCIA
DE JUSTA CAUSA. INÉPCIA DA DENÚNCIA. ATIPICIDADE DA
CONDUTA. DENÚNCIA NÃO-JUNTADA AOS AUTOS.

REsp 1344860 Petição : 467299/2012


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Documento eletrônico VDA7470539 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Marco Aurélio Bellizze Assinado em: 02/05/2013 20:42:00
Publicação no DJe/STJ nº 1280 de 07/05/2013. Código de Controle do Documento: 7C85F019-A27D-4C3E-8B85-BCFEB5E49D6F
Superior Tribunal de Justiça
1

AUSÊNCIA DE PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA. LEGITIMIDADE


DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA PROCEDER A
INVESTIGAÇÕES. PREVISÕES CONSTITUCIONAL E LEGAL.
ORDEM PARCIALMENTE CONHECIDA E, NESSA EXTENSÃO,
DENEGADA.
[...]
3. A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça consolidou o
entendimento de que o Ministério Público, por expressa previsão
constitucional e legal, possui a prerrogativa de instaurar
procedimento administrativo de investigação e conduzir diligências
investigatórias, podendo requisitar diretamente documentos e
informações que julgar necessários ao exercício de suas
atribuições de dominus litis.
4. Ordem parcialmente conhecida e, nessa extensão, denegada.
(HC n.º 128.233/MG, Relator o Ministro ARNALDO ESTEVES
LIMA, DJe 1/2/2010.)

No mesmo sentido, é o seguinte precedente do Supremo Tribunal Federal:

DIREITO PROCESSUAL PENAL. RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. ALEGAÇÕES DE PROVA OBTIDA POR
MEIO ILÍCITO, FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO DO DECRETO
DE PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA E EXASPERAÇÃO DA
PENA-BASE. PODERES INVESTIGATÓRIOS DO MINISTÉRIO
PÚBLICO. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E,
NESTA PARTE, IMPROVIDO. 1. O recurso extraordinário busca
debater quatro questões centrais: a) a nulidade do processo em
razão da obtenção de prova ilícita (depoimentos colhidos
diretamente pelo Ministério Público em procedimento próprio;
gravação de áudio e vídeo realizada pelo Ministério Público;
consideração de prova emprestada); b) invasão das atribuições da
polícia judiciária pelo Ministério Público Federal; c) incorreção na
dosimetria da pena com violação ao princípio da inocência na
consideração dos maus antecedentes na fixação da pena-base; d)
ausência de fundamentação para o decreto de perda da função
pública. 2. O extraordinário somente deve ser conhecido em
relação às atribuições do Ministério Público (CF, art. 129, I e VIII),
porquanto as questões relativas à suposta violação ao princípio
constitucional da presunção de inocência na fixação da pena-base
e à suposta falta de fundamentação na decretação da perda da
função pública dos recorrentes, já foram apreciadas e resolvidas
no julgamento do recurso especial pelo Superior Tribunal de
Justiça. 3. Apenas houve debate na Corte local sobre as
atribuições do Ministério Público, previstas constitucionalmente. O
ponto relacionado à nulidade do processo por suposta obtenção e
produção de prova ilícita à luz da normativa constitucional não foi
objeto de debate no acórdão recorrido. 4. Esta Corte já se

REsp 1344860 Petição : 467299/2012


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Signatário(a): MINISTRO Marco Aurélio Bellizze Assinado em: 02/05/2013 20:42:00
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Superior Tribunal de Justiça
1

pronunciou no sentido de que 'o debate do tema constitucional


deve ser explícito' (RE 428.194 AgR/MG, rel. Min. Eros Grau, 1ª
Turma, DJ 28.10.2005) e, assim, 'a ausência de efetiva apreciação
do litígio constitucional, por parte do Tribunal de que emanou o
acórdão impugnado, não autoriza - ante a falta de
prequestionamento explicíto da controvérsia jurídica - a utilização
do recurso extraordinário' (AI 557.344 AgR/DF, rel. Min. Celso de
Mello, 2ª Turma, DJ 11.11.2005). 5. A denúncia pode ser
fundamentada em peças de informação obtidas pelo órgão do
MPF sem a necessidade do prévio inquérito policial, como já previa
o Código de Processo Penal. Não há óbice a que o Ministério
Público requisite esclarecimentos ou diligencie diretamente a
obtenção da prova de modo a formar seu convencimento a
respeito de determinado fato, aperfeiçoando a persecução penal,
mormente em casos graves como o presente que envolvem a
presença de policiais civis e militares na prática de crimes graves
como o tráfico de substância entorpecente e a associação para
fins de tráfico. 6. É perfeitamente possível que o órgão do
Ministério Público promova a colheita de determinados elementos
de prova que demonstrem a existência da autoria e da
materialidade de determinado delito, ainda que a título excepcional,
como é a hipótese do caso em tela. Tal conclusão não significa
retirar da Polícia Judiciária as atribuições previstas
constitucionalmente, mas apenas harmonizar as normas
constitucionais (arts. 129 e 144) de modo a compatibilizá-las para
permitir não apenas a correta e regular apuração dos fatos
supostamente delituosos, mas também a formação da opinio
delicti. 7. O art. 129, inciso I, da Constituição Federal, atribui ao
parquet a privatividade na promoção da ação penal pública. Do
seu turno, o Código de Processo Penal estabelece que o inquérito
policial é dispensável, já que o Ministério Público pode embasar
seu pedido em peças de informação que concretizem justa causa
para a denúncia. 8. Há princípio basilar da hermenêutica
constitucional, a saber, o dos 'poderes implícitos', segundo o qual,
quando a Constituição Federal concede os fins, dá os meios. Se a
atividade fim - promoção da ação penal pública - foi outorgada ao
parquet em foro de privatividade, não se concebe como não lhe
oportunizar a colheita de prova para tanto, já que o CPP autoriza
que 'peças de informação' embasem a denúncia. 9. Levando em
consideração os dados fáticos considerados nos autos, os policiais
identificados se associaram a outras pessoas para a perpetração
de tais crimes, realizando, entre outras atividades, a de 'escolta' de
veículos contendo o entorpecente e de 'controle' de todo o
comércio espúrio no município de Chapecó. 10. Recurso
extraordinário parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido.
(RE nº 468.523/SC, Relatora a Ministra ELLEN GRACIE, DJe
19/2/2010)

REsp 1344860 Petição : 467299/2012


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Signatário(a): MINISTRO Marco Aurélio Bellizze Assinado em: 02/05/2013 20:42:00
Publicação no DJe/STJ nº 1280 de 07/05/2013. Código de Controle do Documento: 7C85F019-A27D-4C3E-8B85-BCFEB5E49D6F
Superior Tribunal de Justiça
1

Ademais, o fato de a matéria aqui questionada encontrar-se em discussão


perante o Supremo Tribunal Federal, no HC nº 84.548/SP e RE nº 593.727/MG, não
impede a apreciação do recurso por esta Corte, porquanto, ao contrário do que alegou o
embargante, não se trata da hipótese do art. 27, § 5º, da Lei 8.038/90, que, na verdade,
refere-se aos casos em que são interpostos recursos especial e extraordinário no mesmo
processo, situação não ocorrida na espécie.

Por fim, também não é o caso de apreciação do recurso em habeas corpus


de forma preferencial ao recurso especial do Ministério Público, visto que este é prejudicial
àquele, é dizer, com o julgamento do apelo nobre, que cassou o acórdão recorrido para
denegar o writ ali impetrado, fica superada a tese posta no aludido recurso ordinário, cujo
objetivo era o de declarar a ilicitude das provas produzidas pelo Parquet.

Ora, sendo reconhecida a licitude no procedimento investigatório realizado


pelo Ministério Público, não há que se falar em ilegalidade das provas produzidas.

Ante o exposto, diante da ausência das hipóteses do art. 619 do CPP, rejeito
os embargos de declaração.

Publique-se.

Brasília (DF), 02 de maio de 2013.

MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Relator

REsp 1344860 Petição : 467299/2012


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Documento eletrônico VDA7470539 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Marco Aurélio Bellizze Assinado em: 02/05/2013 20:42:00
Publicação no DJe/STJ nº 1280 de 07/05/2013. Código de Controle do Documento: 7C85F019-A27D-4C3E-8B85-BCFEB5E49D6F
(e-STJ Fl.1972)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1344860/MG

RECEBIMENTO E ENCAMINHAMENTO À PUBLICAÇÃO

Recebi os presentes autos do Excelentíssimo Senhor Ministro


Relator e encaminho à publicação a r. decisão retro, nesta
data.
Brasilia, 03 de maio de 2013.

COORDENADORIA DA QUINTA TURMA


*Assinado por ANA LUCIA OLIVEIRA MOTA
em 03 de maio de 2013 às 13:24:58
Documento eletrônico juntado ao processo em 03/05/2013 às 13:24:59 pelo usuário: ANA LUCIA OLIVEIRA MOTA

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
(e-STJ Fl.1973)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1344860/MG

PUBLICAÇÃO

Certifico que foi disponibilizada no Diário da Justiça


Eletrônico/STJ em 06/05/2013 a r. decisão de fls. 1954 e
considerada publicada na data abaixo mencionada, nos
termos do artigo 4º, § 3º, da Lei 11.419/2006.
Brasília, 07 de maio de 2013.

COORDENADORIA DA QUINTA TURMA


*Assinado por ANA LUCIA OLIVEIRA MOTA
em 07 de maio de 2013 às 07:47:21
Documento eletrônico juntado ao processo em 07/05/2013 às 07:48:40 pelo usuário: ANA LUCIA OLIVEIRA MOTA

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

CERTIDÃO

Cópia dos autos em arquivo digital entregue ao(à) MPF


(Representante: Walterísio Rodrigues).

Brasília, 07 de maio de 2013.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
*Assinado por HELIO FERNANDO DA SILVA
em 07 de maio de 2013

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Documento eletrônico VDA7501934 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): HELIO FERNANDO DA SILVA, COORDENADORIA DA QUINTA TURMA Assinado em: 07/05/2013 14:47:52
Código de Controle do Documento: 84A6D403-01E1-4728-949C-B9BC943715B3
(e-STJ Fl.1975)

Superior Tribunal de Justiça


Fls. ________
REsp 1344860/MG

CERTIDÃO

Certifico que, em cumprimento ao Mandado de Intimação nº.


001363-2013-CORD5T - Decisão/Vista , o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO
FEDERAL foi intimado(a) da publicação do dia 07/05/2013, conforme
Mandado arquivado nesta Coordenadoria em 10/05/2013.

Brasília-DF, 10 de maio de 2013.


Documento eletrônico juntado ao processo em 10/05/2013 às 09:03:39 pelo usuário: ANA LUCIA OLIVEIRA MOTA

COORDENADORIA DA QUINTA TURMA


*Assinado por ANA LUCIA OLIVEIRA MOTA
em 10 de maio de 2013 às 09:02:06
(e-STJ Fl.1976)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

JUNTADA

Junto aos presentes autos as petições nº 145933/2013 -


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e 148274/2013 - CIÊNCIA
PELO MPF.

Brasília, 17 de maio de 2013.


Documento eletrônico juntado ao processo em 17/05/2013 às 16:24:50 pelo usuário: ANNA MARY PEREIRA MELO SANTOS

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
*Assinado por ANNA MARY PEREIRA MELO SANTOS
em 17 de maio de 2013 às 16:24:26

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
(e-STJ Fl.1977)

limo. Senhor Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE,


DK. Relator do Recurso Especial n1 1.344.860/MG.

(51 Turma)

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


SEÇAO DE PROTOCOLO DE PETIÇOES
09 MAI 2013 13:57

ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHAES e RENATO ALVES DA SILVA, já


qualificados nos autos do processo em epigrafe, vêm perante V. Exa,
respeitosamente, opor novos EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, com fulcro no
Documento digitalizado juntado ao processo em 09/05/2013 às 15:26:22 pelo usuário: GRAZIELLE SILVA DOS SANTOS

art. 619 do Código de Processo Penal e nos arts. 263 a 265 do RISTJ, em face
da decisão de fís. que rejeitou os embargos opostos anteriormente, publicada
no último dia 07 de maio de 2013, no intuito de sanar uma única contradição
remanescente, nos termos do que passa a apontar:

Após o recurso especial aviado pelo Ministério Público ter sido


provido monocraticam ente para "cassar a ordem de habeas corpus concedida"
pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, os recorridos opuseram embargos de
declaração objetivando o esclarecimento de três questões de ordem pública
até então não apreciadas.

SIG Qd 01 Lt. 985-1055 Centro Emp. Parque Brasília Sala 50T Brasília/DF
e-mail: rafael. machado@mibadvogados. com. br
(e-STJ Fl.1978)

No último dia 07 de maio, por sua vez, foi publicada decisao


monocrática subscrita pelo Eminente Ministro Marco Aurelio Belizze rejeitando
os embargos de declaração "diante da ausência das hipoteses do art. 619 do
cP'.

Embora os embargantes discordem peremptoriamente da


tempestividade do apelo raro aviado pelo Ministério Público, limitam-se, no
presente instante, à demonstração da contradição que macula o decisum que
rejeitou os primeiros embargos de declaração.

Com efeito, naquela ocasião sustentou-se a inaplicabilidade do art.


557-A, § 10 do CPC ao presente caso, especialmente porque a possibilidade
(ou não) do Ministério Público investigar diretamente o cometimento de crimes
é matéria tormentosa que ainda se encontra em discussão no Supremo
Tribunal Federal nos autos do habeas corpus n" 84.548/SP e do recurso
extraordinário n1 593.7271MG, sendo no mínimo temerária a realização de
Documento digitalizado juntado ao processo em 09/05/2013 às 15:26:22 pelo usuário: GRAZIELLE SILVA DOS SANTOS

julgamento monocrático acerca de tema tão controvertido.

Naquela oportunidade, inclusive, os embargantes consignaram que


"ao que tudo indica, aliás, a presente hipótese se amolda àquela prevista no §
50 do art. 27 da Lei n' 8.038/90", segundo a qual "na hipótese de o relator do

recurso especial considerar que o recurso extraordinário é prejudicial daquele


em decisão irrecorrível, sobrestará o seu julgamento e remeterá os autos ao
Supremo Tribunal Federal, para julgar o extraordinário",

Pois bem, veja-se o que restou decidido neste particular:

"Ademais, o fato de a matéria aqui questionada encontrar-


se em discussão perante o Supremo Tribunal Federal, no
HC n1 84.548/SP e RE 593.7271MG, não impede a

SIG Qd 01 Lt. 985-1055 Centro Emp. Parque Brasília Sala 50T Brasília/DF
e-mail: rafael. machado@ml badvogados. com. br
(e-STJ Fl.1979)

apreciação do recurso por esta Corte, porquanto, ao


contrário do que alegou o embargante, não se trata da

hipótese do art. 27, § 50, da Lei 8.038190,,que. na


verdade, refere-se aos casos em que são interpostos
recursos especial e extraordinário no mesmo
processo, situação não ocorrida na espécie" (Grifos
nossos).

Data maxima venia, há evidente contradição do julgado quando


afasta a aplicação do § 50 do art. 27 da Lei 8.038/90 ao argumento de que não
foram interpostos recursos especial e extraordinário na presente hipótese,
notadamente porque o especial se encontra á fI. 1802 e o extraordinário à fi.
1827.

Ou seja, a presente hipótese se amolda como uma luva à situação


prevista pelo legislador no art. 27, § 50, da Lei 8.038/90 (recurso extraordinário
prejudicial ao julgamento do especial), especialmente porque a (i) legitimidade
Documento digitalizado juntado ao processo em 09/05/2013 às 15:26:22 pelo usuário: GRAZIELLE SILVA DOS SANTOS

do Parquet para investigar por sua conta e risco o cometimento de crimes é


matéria muito mais afeta às atribuições constitucionais conferidas ou não ao
órgão ministerial pela Carta de 1988 (discussão empreendida pelo recurso
extraordinário) do que por sua Lei Orgânica (discussão proposta pelo recurso
especial).

Nesses termos, reconhecida a contrariedade da decisão


embargada, alternativa não resta senão a reforma da decisão hostilizada,
determinando-se o sobrestamento dos autos do recurso especial e seu
encaminhamento ao Supremo Tribunal Federal, a quem compete a última
decisão acerca do tema controverso.

SIG Qd 01 Lt. 985-1055 Centro Emp. Parque Brasília Sala 50T Brasilia/DF
e-mail: rafael.machado@ mlbadvogados. com. br
(e-STJ Fl.1980)

Por odo demnstada


exosto evdent conraredad qu

maul adeiso
mbrad, ed-s oACLIMNT ds reene

8.0810,porqutodo o rexposo, eodnstrada antevidntel conitraridadelque


macul areeesãuos embargada, pede-sel arusoAOLHIeTOl dos eetesé

seja~ P deemndoofrietamnodspeeneouo.euecmnaet

Brasilia, 09 de maio de 2013.


Documento digitalizado juntado ao processo em 09/05/2013 às 15:26:22 pelo usuário: GRAZIELLE SILVA DOS SANTOS

SIG Qd 01 Lt. 985-1055 Centro Emp. Parque Brasília Sala 50T Brasília/DF
e-mail: rafael. machado@mlbadvogados.com. br
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Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

CONCLUSÃO

Faço estes autos conclusos ao Exmo. Senhor Ministro


MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Relator.
Brasília, 23 de maio de 2013.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
*Assinado por MARCELO PEREIRA CRUVINEL, Assessor B,
em 23 de maio de 2013

(em 8 vol. e 5 apenso(s))

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Documento eletrônico VDA7614100 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MARCELO PEREIRA CRUVINEL, COORDENADORIA DA QUINTA TURMA Assinado em: 23/05/2013 13:02:22
Código de Controle do Documento: 015D9653-9347-4740-8306-94564737BFEE
Superior Tribunal de Justiça
1

EDcl nos EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.344.860 - MG (2012/0198643-1)

RELATOR : MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE


EMBARGANTE : ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÃES
EMBARGANTE : RENATO ALVES DA SILVA
ADVOGADO : RAFAEL FREITAS MACHADO
EMBARGADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA.


INDEVIDA INOVAÇÃO RECURSAL. ACLARATÓRIOS REJEITADOS.

DECISÃO

Ildeu de Oliveira Magalhães e Renato Alves da Silva opõem embargos de


declaração contra a decisão de fls. 1954/1971, que rejeitou os primeiros aclaratórios
opostos.

Sustentam os embargantes, em síntese, que "há evidente contradição do


julgado quando afasta a aplicação do § 5º do art. 27 da Lei 8.038/90 ao argumento de
que não foram interpostos recursos especial e extraordinário na presente hipótese,
notadamente porque o especial se encontra à fl. 1802 e o extraordinário à fl. 1827" (fl.
1979).

Brevemente relatado, decido.

Os embargos não merecem acolhimento.

Com efeito, da leitura dos primeiros aclaratórios, constata-se que os


embargantes pleitearam a aplicação do disposto no art. 27, § 5º, da Lei 8.038/90 em
razão do RE nº 593.727/MG, em tramitação no Supremo Tribunal Federal, e não por
existir recurso extraordinário também neste feito, revelando-se, assim, ausente
qualquer contradição.

Além do mais, vale ressaltar que no caso não existe qualquer matéria
prejudicial no recurso extraordinário em relação ao especial. Na verdade, ambos tratam
da mesma questão de mérito, qual seja, a legitimidade do Ministério Público em
promover atos de investigação penal, não sendo o caso, portanto, de aplicação do
comando previsto no art. 27, § 5º, da Lei nº 8.038/90.

REsp 1344860 Petição : 145933/2013 C5420565153800<5191542@


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Documento eletrônico VDA9362374 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Marco Aurélio Bellizze Assinado em: 17/03/2014 17:11:16
Publicação no DJe/STJ nº 1479 de 19/03/2014. Código de Controle do Documento: D2CE575D-C111-4505-8D95-A567A88D6883
Superior Tribunal de Justiça
1

Por fim, registre-se que essa questão sequer foi alegada nas
contrarrazões do recurso especial, tratando-se de indevida inovação recursal, razão
pela qual não há como prosperar os presentes aclaratórios.

Ante o exposto, rejeito os embargos de declaração.

Publique-se.

Brasília (DF), 14 de março de 2014.

MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Relator

REsp 1344860 Petição : 145933/2013 C5420565153800<5191542@


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Documento eletrônico VDA9362374 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Marco Aurélio Bellizze Assinado em: 17/03/2014 17:11:16
Publicação no DJe/STJ nº 1479 de 19/03/2014. Código de Controle do Documento: D2CE575D-C111-4505-8D95-A567A88D6883
(e-STJ Fl.1985)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1344860/MG

PUBLICAÇÃO

Certifico que foi disponibilizada no Diário da Justiça


Eletrônico/STJ em 18/03/2014 a r. decisão de fls. 1983 e
considerada publicada na data abaixo mencionada, nos
termos do artigo 4º, § 3º, da Lei 11.419/2006.
Brasília, 19 de março de 2014.

COORDENADORIA DA QUINTA TURMA


*Assinado por PAULO EDUARDO GONÇALVES DE SOUZA
em 19 de março de 2014 às 08:40:32
Documento eletrônico juntado ao processo em 19/03/2014 às 08:41:22 pelo usuário: PAULO EDUARDO GONÇALVES DE SOUZA

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
(e-STJ Fl.1986)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1344860/MG (201201986431)

CERTIDÃO

Certifico que a cópia dos autos em arquivo eletrônico


foi entregue ao Ministério Público Federal (Representante:
Dirceu Lustosa Rodrigues).

Brasília, 19 de março de 2014

COORDENADORIA DA QUINTA TURMA


*Assinado por ALIXANDRE SANTOS MEDEIROS
em 19 de março de 2014 às 16:15:09
Documento eletrônico juntado ao processo em 19/03/2014 às 16:16:38 pelo usuário: ALIXANDRE SANTOS MEDEIROS

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
(e-STJ Fl.1987)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

JUNTADA

Junto aos presentes autos a petição nº 84415/2014 -


CIÊNCIA PELO MPF .

Brasília, 24 de março de 2014.


Documento eletrônico juntado ao processo em 24/03/2014 às 15:31:34 pelo usuário: ALBA LÍGIA LEITE MELO E SILVA

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
*Assinado por ALBA LÍGIA LEITE MELO E SILVA
em 24 de março de 2014 às 15:31:23

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
STJ-Petição Eletrônica (CieMPF) 00084415/2014 recebida em 20/03/2014 17:37:26 (e-STJ Fl.1988)

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Ciência de Decisão nº 4690/2014/GAB/AM

RECURSO ESPECIAL N° 1.344.860/MG


Colendo Superior Tribunal de Justiça
Relator : Senhor Ministro Marco Aurélio Bellizze - 5ª Turma
Recorrente : Ministério Público do Estado de Minas Gerais
Recorrido : Ildeu de Oliveira Magalhães
Recorrido : Renato Alves da Silva
Advogado : Rafael Freitas Machado
Petição Eletrônica juntada ao processo em 24/03/2014 ?s 15:31:19 pelo usu?rio: ALBA LÍGIA LEITE MELO E SILVA

O Ministério Público Federal, por meio do signatário, está ciente da


decisão que rejeitou os embargos declaratórios (e-STJ fls. 1.983/1.984).

Brasília/DF, 20 de março de 2014.

ALCIDES MARTINS
Subprocurador-Geral da República

CLS

Documento eletrônico e-Pet nº 611186 com assinatura digital


Signatário(a): ALCIDES MARTINS NºSérie Certificado: 4077788285544502081
Id Carimbo de Tempo: 90680526231244 Data e Hora: 20/03/2014 17:37:27hs
(e-STJ Fl.1989)

Superior Tribunal de Justiça


Fls. ________
REsp 1344860/MG

CERTIDÃO

Certifico que, em cumprimento ao Mandado de Intimação nº.


000631-2014-CORD5T - Decisão/Vista , o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO
FEDERAL foi intimado(a) da publicação do dia 19/03/2014, com ciente
em 21/03/2014, conforme Mandado arquivado nesta Coordenadoria em
25/03/2014.

Brasília-DF, 25 de março de 2014.


Documento eletrônico juntado ao processo em 25/03/2014 às 17:35:05 pelo usuário: VANILDE SILVA DE MELO

COORDENADORIA DA QUINTA TURMA


*Assinado por VANILDE SILVA DE MELO
em 25 de março de 2014 às 17:33:43
(e-STJ Fl.1990)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

JUNTADA

Junto aos presentes autos a petição nº 87426/2014 -


AGRAVO REGIMENTAL .

Brasília, 31 de março de 2014.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
Documento eletrônico juntado ao processo em 31/03/2014 às 14:02:57 pelo usuário: OLGA PATRICIA HAMU

*Assinado por OLGA PATRICIA HAMU


em 31 de março de 2014 às 14:02:56

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
(e-STJ Fl.1991)

Machado

Egrégio Superior Tribunal de Justiça


Excelentíssimo Senhor Ministro MARCO AUJRÉLIO BELIZZE,
DD). Relator do Recurso Especial n0 1.344.8601MG (2012/0198643-1).

(5' Trma)SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICFI


SEcAfJ DE PROTOCOLO DE PETIÇOES
24 MAR 2014 14:22
00087426
I1111111
111111111111
ILDEU DE OL[VEIRA MAGALFIÃES e RENATO ALVES
DA SILVA, ambos já qualificados nos autos do processo em epígrafe,
vêm perante V. Exa., por intermédio de seu advogado, absolutamente
inconformados com o provimento do Recurso Especial aviado pelo
Ministério Público. interpor o presente AGRAVO REGIMENTAL,' com
fulero no § 50 do art. 28 da Lei no 8.038/90 e nos arts. 258 e 259 do
Regimento Interno deste STJ, pelas razões de fato e de direito abaixo
Documento digitalizado juntado ao processo em 24/03/2014 às 16:14:40 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA

expend idas.

Na hipótese de manutenção da decisão ora agravada, ad


argumentandum, pugna-se pela submissão do presente recurso a
julgamento colegiado.

P. juntada e deferimento.

Brasilia, 24 de março de 2014.

SIG Qd 01 Lt. 985-1055 Centro Emp. Parquie Brasiuia -$aýa 501 Brasilia/DE
CEP 7110610-410
(e-STJ Fl.1992)

Machado

Egregio Superior Tribunal.


Douta Turma,
Colendos Ministros,

1. HISTORICO

Segundo se infere dos presentes autos, lideu de Oliveira


Magalhães e Renato Alves da Silva, ora agravantes, foram pacientes de
dois habeas corpus (e-STJ El. 1 - Proc. 1.0000,11.023.223-8/000 e e-STJ
Fl. 1 Proc. 1.0000. 11.023.223-8/000) impetrados pelos advogados José
-

Bernardo de Assis Junior, Maurício de Oliveira Campos Júnior e Carlos


Frederico Veloso Pires junto ao Tribunal de Justiça do Estado de Minas
Gerais, através dos quais buscavam (1V) o reconhecimento da ilicitude de
todos os elementos de prova arrecadados na investigação contra eles
instaurada e nas medidas cautelares que dela se originaram, seja porque
a origem da investigação teve como base denúncia apócrifa, seja
porque a investigação foi realizada unilateralmente pelo Parpuet, e
(2») a revogação da prisão temporária contra eles decretada.
Documento digitalizado juntado ao processo em 24/03/2014 às 16:14:40 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA

Após a concessão da ordem liminarmente para suspender as


investigações ministeriais e determinar a imediata soltura dos pacientes
(e-STJ Fi. 1603/1605), as impetrações seguiram regular trâmite até o dia
05 de julho de 2011, quando a Terceira Câmara Criminal do Tribunal de
Justiça de Minas Gerais concedeu em parte a ordem do habeas, corpus de
n0' 1.0000. 11 .023.223-8/000 ~para que sejam remetidos os autos que se
encontram lacrados na comarca de Sabará, à au!toridade policial
compet~ente" (e-STJ El. 1656), julgando prejudicado o de no
1.0000. 11.023.123-0/000 pela perda do objeto (e-STJ El. 1641/1669).

Na sequência, enquanto os agravantes lançaram mão de recurso


ordinário em face da parte da decisão em que haviam sucumbido (e-STJ
fl. 1697/1712), o Ministério Público opôs embargos de declaração (e-STJ

SIS Qd 01 Lt. 985-1055 Centro Emp. Parque Brasffia - Sala 50T Brasilia/DF -
CEP: 70610-410
(e-STJ Fl.1993)

Machado

FI. 167611685), os quais foram rejeitados em sessão de julgamento


realizada em 04 de outubro de 2011 (e-STJ Fl. 1688/1 691).

Posteriormente. com a publicação do acórdão proferido por


ocasião do julgamento dos embargos do MP (ocorrida em 20.01.12 - cf.
e-STJ Fi. 1692), os agravantes ratificaram o recurso ordinário outrora
interposto (e-STJ FI. 1714) e o Parquel aviou recursos especial (e-STJ
EI. 1802/1825) e extraordinário (e-STJ EI. 1827/1 847).

Devidamente contrariados (e-STJ El. 1719. e-STJ El.


1851/1865 e e-STJ FI. 1867/1880), a Terceira Vice-Presidente do TJMG
admitiu o recurso especial (e-STJ FI. 1882/1884) e determinou o
sobrestamento do extraordinário até a decisão do RIE 593.727/MG (e-STJ
El. 1886), autos nos quais o Supremo Tribunal Federal já reconheceu a
existência de repercussão geral da discussão acerca da legitimidade de
investigações capitaneadas pelo Ministério Público.

Colhido o Parecer da Procurado ri a-Geral da República (e-STJ


El. 1901/1910). os autos foram conclusos ao Eminente Relator, Min.
Documento digitalizado juntado ao processo em 24/03/2014 às 16:14:40 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA

Marco Aurélio Bellizze, que, em decisão monocrática publicada no dia


17 de dezembro de 2012, concluiu pela legitimidade das investigações
realizadas unilateralmente e deu "provimento aio recurso especial
ministerial para cassar a ordem de habeas corpus con cedida, julgando
prejudicado o exame do recurso ordinário irnerposlo".

A Defesa, então, ciente de que 3 (três) questões de ordem


pública nêo haviam sido analisadas pela decisão monocrática, tomou
o cuidado de opor embargos de declaração aduzindo, em síntese:

- como primeira questão de ordem, a


intempestividade do recurso especial aviado pelo
Ministério Público do Estado de Minas Gerais;

SIG Qd 01 Lt 985-1055 Centro Emp Parque Brasilia - Sala 50T Brasilia/DF


CEP: 70610-410
(e-STJ Fl.1994)

Machado

-como segunda questão de ordem, a inaplicabilidade


do art. 557-A, § lU, do Código de Processo Civil ao
presente caso, sendo esta hipótese exatamente aquela
a que se refere o § 50, do art. 27 da Lei n0 8.038,
razão pela qual os autos deveriam ser remetidos ao
Supremo Tribunal Federal;

- como terceira questão de ordem, a necessidade de


apreciação do recurso ordinário-constitucional em
habeas corpus preferencialmente ao recurso especial
aviado pelo Ministério Público, até mesmo pela
natureza extraordinária deste último (pressupondo o
esgotamento das vias recursais ordinárias, como o
caso do recurso ordinário).-

Os embargos foram rejeitados nos seguintes termos. verbis:

- Em relação à primeira questão de ordem:


Documento digitalizado juntado ao processo em 24/03/2014 às 16:14:40 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA

"No tocante à alegada intempestividade do recurso


especial do Ministério Público, contata-se dos autos
que o apelo nobre ministerial fora interposto no dia
16 de fevereiro de 2012, às 17:59:1lh, conforme
protocolo de fl. 1726.
Não desconheço que há uma cópia nos autos do
recurso especial cujo protocolo consta do dia 16 de
março de 2012, às 18:00:33h (fl. 1802). Todavia, esse
novo protocolo se deu em razão da demora na juntada
do primeiro recurso, conforme se verifica da petição
apresentada pela Procuradoria de Justiça às fis.
1723/1724 no mesmo dia (16/3/20 12).
Dessa forma, esse segundo protocolo não deve ser
considerado para fins de verificação da
tempestividade recursal, porquanto o recurso já havia
sido protocolizado anteriormente dentro do prazo

SIG Qd 01 LI. 985-1055 Centro Emnp. Parque Brasilia - Saia 501 Brasilia/DE -
CEP 710610-410
(e-STJ Fl.1995)

Machado

lega! de 15 (quinze) dias, não havendo, portanto.


qualquer omissão a ser reparada nesse ponto".

- Em relação à segunda questão de ordem;

~AIém disso, não há 'qualquer ilegalidade na


aplicação do art. 557, § 10 -A, do Código de Processo
Civil, tendo em vista que, conforme consignado na
decisão embargada, a atual e pacífica jurisprudência
do Superior Tribunal de Justiça é no sentido
contrário ao que entendeu o Tribunal de origem no
acórdão recorrido, autorizando, assim, a utilização do
dispositivo legal em comento.

Ademais, o fato de a matéria aqui questionada


encontrar-se em discussão perante o Supremo
Tribunal Federal, no HC o0 84.548/SP e RE nÕ
593.727/MO, não impede a apreciação do recurso
Dor esta Corte, porquanto4 , ao contrário do que
alegou o embargante, não se trata da hipótese do
art. 27. 4 5S, da Lei 8.038190, que, na verdade,
refere-se aos casos em que são interpostos recursos
especial e extraordinário no mesmo processo.
situação não ocorrida na espécie~

- Em relação à terceira questão de ordem:


Documento digitalizado juntado ao processo em 24/03/2014 às 16:14:40 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA

~Por fim, também não é o caso de apreciação do


recurso em habeas corpus de forma preferencial ao
recurso especial do Ministério Público, visto que este
é prejudicial àquele, é dizer. com o julgamento do
apelo nobre, que cassou o acórdão recorrido para
denegar o wri( ali impetrado, fica superada a tese
posta no aludido recurso ordinário, cujo objetivo era
o de declarar a ilicitude das provas produzidas pelo
Parquet.
Ora, sendo reconhecida a licitude no procedimento
investigatório realizado pelo Ministério Público, não
há que se falar em ilegalidade das provas produzidas"
(Grifos nossos).

Ainda que discordasse dos fundamentos invocados pelo d.


Ministro para rejeitar as articulações, foi exclusivamente porque o trecho
acima grifado encerrava FRANCA, divergência com a REALIDADE
FÁTICA dos autos (na medida em que foram interpostos recursos

SIG Qd 01 Lt. 985-1055 Centro Emp Parque Brasilia - Sala 50T Brasilia/DF -
CEP: 70610-410
(e-STJ Fl.1996)

especial, E extraordinário pelo Parquet) que a Defesa -opôs novos


embargos de declaração, os quais novamente foram rejeitados:

"Com efeito, da leitura dos primeiros aclaratórios,


constata-se que os embargantes pleitearam a
aplicação do disposto no art. 27, § 50, da Lei
8.038/90 em razão do RE nÕ 593.727/MG, em
tramitação no Supremo Tribunal Federal, e não por
existir recurso extraordinário também neste feito,
revelando-se, assim, ausente qualquer contradição.
Além do mais, vale ressaltar que no caso não existe
qualquer matéria prejudicial no recurso
extraordinário em relação' ao especial. Na verdade,
ambos tratam da mesma questão de mérito, qual seja,
a legitimidade do Ministério Público em promover
atos de investigação penal, não sendo o caso,
portanto, de aplicação do comando previsto no art.
27, § 50, da Lei n0 8.038/90.
Por fim, registre-se que essa questão sequer foi
alegada nas contrarrazões do recurso especial,
tratando-se de indevida inovação recursal, razão pela
qual não há como prosperar os presentes
aclaratorios"

Isto posto, é com absoluto e fundado inconformismo que a


Defesa interpõe o presente agravo regimental.
Documento digitalizado juntado ao processo em 24/03/2014 às 16:14:40 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA

11. PRIMEIRO ARGUMENTO QUE DEMONSTRA A NECESSIDADE


DE REFORMA DA DECISÃO MONOCRÁTICA:
INTEMPESTIVIDADE DO RECURSO MINISTERIAL -

INCIDÊNCIA DO ARTIGO SO, INCISOS LZV E L DA CF/88


(AFRONTA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL, Á AMPLA DEFESA E
AO CONTRADITÓRIO)

Convém suscitar desde já a inobservância a um dos


pressupostos recursais objetivos pelo Ministério Público do Estado de
Minas Gerais quando da interposição do recurso especial, o que haverá
de acarretar a reforma da decisão atacada com o consequente não
conhecimento do apelo raro acusatório.

SV3 (Xi 01 Lt. 985-1055 Centro Ernp. Parque Brasilia - Sala 50T Brasilia/DE
CEP 70610-410
(e-STJ Fl.1997)

Machado

C om efeito, compulsando-se os autos digitalizados


encaminhados a este Superior Tribunal de Justiça, possível verificar que
logo após a publicação do acórdão proferido por ocasião do julgamento
dos embargos de declaração opostos pelo Ministério Público (e-STJ Fl.
1692) - ocorrida precisamente no dia 20 de janeiro de 2012. não houve
certidão de intimação do-representante do Ôrgão Ministerial, sendo
certo que a primeira vez que os autos foram remetidos ao Parque; está
certificada na página e-STJ Ei. 1716, da qual se lê:

"VISTA
Aos 10 de fevereiro de 2012 recebi estes autos e os
faço com vista ao Excelentíssimo Senhor Procurador-
Geral de Justiça, para parecer. Belo Horizonte, 10 de
fevereiro de 2012.
P o Escrivão" (e-STJ El. 1716).

Veja-se, bem a propósito, o que já decidiu o Supremo Tribunal


Federal:
Documento digitalizado juntado ao processo em 24/03/2014 às 16:14:40 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA

"1. AÇÃO PENAL. Sentença. Recurso do Ministério


Público. Intenipgstividade. Questão não suscitada
em habeas corpus perante o STJ. Irrelevância.
Constrangimento ilegal manifesto. Possibilidade de
concessão de ordem ex o/fie io. Precedente. Posto que
não deva o Supremo, em principio, conhecer
originariamente de questão antes não suscitada pelo
impetrante no Superior Tribunal de Justiça, nada
obsta que, em se evidenciando constrangimento
ilegal, conceda habeas corpus de oficio. 2. PRAZO.
Cômputo. Recurso. Interposição pelo Ministério
Público. Ciência. Intimação. Contatem a partir da
data de entregza dos autos com vista. Nota da
ciência ulterior. Irrelevância. Entrega com carga ao
representante. I ntempestiv idade reconhecida. H C
concedido de ofício. Precedentes. Reputa-se
intimado da decisão o representante do Ministério
Público, à data de entrega dos autos, com vista, à
secretaria do órgão ou-ao representante mesmo".
(HC n0 84.166 - 1' Turma - Rel: Min. Cezar Peluso -
Di 05.08.05, p. 91 - Grifos nossos).

$1G0Qd 01 Lt. 985-1055 Centro Ernp Parque Brasilia - Sala 50T Brasíbia/DE -
CEP 70610-410
(e-STJ Fl.1998)

No mesmo sehtido há precedente oriundo desta Quinta Turma:

"PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO
RECURSO ESPECIAL. INTEMPESTIVIDADE.
PROCESSO ELETRÔNICO. INÍCIO DO PRAZO
RECURSAL PARA O -MINISTÉRIO PÚBLICO.
INTIMAÇÃO PESSOAL. ENTREGA DOS AUTOS
(ARQUIVO DIGITAL) COM VISTA AO
REPRESENTANTE DO ÓRGÂO. EMBARGOS NÃO
CONHECIDOS.
1. São intempestivos os embargos de declaração em
matéria criminal opostos fora do prazo legal de 2 dias
previsto nos arts. 619 do CPP e 263 do RI/STJ.
2. E certo que o Ministério Público possui a
prerrogativa de intimação pessoal das decisões em
qualquer processo ou grau de jurisdição, sendo que o
prazo de recurso deve ser contado a partir do
recebimento dos autos com vista.
3. Contudo, 'A partir do julramnento do HC 83.255-
5/SPg pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal.
ficou consolidado o entendimento de que a
contagem dos prazos para a interposição -de
recursos pelo Ministério Público ou pela Defensoria
Pública começa a fluir da data do recebimento dos
autos com vista no respectivo árpão. e não da
ciência de seu membro no processo,' (REsp.
Documento digitalizado juntado ao processo em 24/03/2014 às 16:14:40 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA

1.278.239/RJ, Rei. Min NANCY ANDRIGHI, DJe


29/10/20 12).
4. No caso, verifica-se que o acórdão embargado foi
disponibilizado (entregue em arquivo digital com
vista) ao Ministério Público Federal aos 03/10/20 12 -
quarta-feira - (conforme certidão nos autos) e os
embargos declaratórios protocolados neste Tribunal
somente em 08/10/20 12 - segunda-feira.
5. Embargos não conhecidos (EDel no AgRg no REsp
n0 1290070/PE, Quinta Turma - Rei. Ministro Jorge
Mussi - D.Je 03.12.2012 - Grifos nossos).

Nesses termos, fixado o dies a quo em 10 de fevereiro de 2012


(sexta-feira), o prazo recursal do Ministério Público começou a fluir na
segunda-feira seguinte, dia 13 de fevereiro, restando incontroverso que o
dies ad quem recaiu em 27 de fevereiro de 2012, data em que se
esgotou o prazo de 15 (quinze) dias previ'sto no art. 26 da Lei n0
8.03 8/90.

SIO Cd 01 LI. 985-1055 Centro Emp. Parque Erasila - Sala 50T Brasilia/DE
CEP 70610-410
(e-STJ Fl.1999)

Machado

Pois bem, clícando no Ilnk "PeticAo de Recurso, Especial"


constante dos autos digitalizados em trâmite perante este Superior
Tribunal de Justiça verifica-se que a petição do recurso- especial
aviado pelo Ministério Público só foi submetida a protocolo na data
de 16 de marco de 2012, ou seja, mais de 15 (quinze) dias depois de
escoado o prazo recursal.

Ora, é de curial conhecimento que todos os recursos estão


submetidos à verificação do atendimento aos pressupostos recursais
objetivos e subjetivos (juízo de prelibação) tanto no Tribunal a quo
quanto no ad quem, na esteira do que leciona a melhor doutrina, sendo
que dentre aqueles destacam-se (a) a autorização legal, (b) a adequação,
(e) a tempestividade e (d) a observância das formalidades legais.

In casu, constatada a intempestividade do recurso apresentado


pelo Parque! (apresentado ao TJMG serodiamente em 16 de março de
2012), alternativa não resta a este Egrégio Sodalício senão nâo conhecê-
lo.
Documento digitalizado juntado ao processo em 24/03/2014 às 16:14:40 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA

Registre-se, por fim, na esteira do precedente acima transcrito


oriundo do Supremo Tribunal Federal (HC n0 84.166), que a matéria aqui
suscitada é de ordem p2ública e, por isso mesmo, poderia até mesmo ser
reconhecida de ofício, sendo desnecessária sua arguição pelas partes, o
que afasta qualquer possível alegação da ocorrência de preclusão.

Tampouco pode prevalecer a argumentação de que outro


recurso especial foi apresentado um mês antes (a saber, em 16 de
fevereiro de 2012). Afinal, não bastasse o link ~Petição de Recurso
Especial" dele não cuidar (de modo que seria mesmo o recurso original
que lá estaria? Ou seria uma eventual cópia?), é certo que eventual
demora ou atraso no processamento de determinado recurso não tem o
condão de possibilitar a interposição insistente de novos recursos, tendo
o MP definitivamente contribuido para tamanha perplexidade nos
presentes autos!

SIG Qd 01 Lt. 985-1055 Centro Emp Parque Brasfia - Sala 501 Brasília/DE -
CEP- 70610-410
(e-STJ Fl.2000)

Machado

Data maxima venha, entender de forma contrária significa


contrariar frontalmente as disposições normativas constitucionais
previstas no artigo 5t, incisos LIV e L da CF/88. específica e
diretamente o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório.

E assim, constatada a existência de Recurso Especial aviado


fora do prazo pelo Ministério Público (constatação inequívoca a partir do
dique no link "Petição de Recurso Especial" dos autos digitalizados).
alternativa não resta senão o PROVIMENTO do presente AGRAVO
REGIMENTAL, de modo a não conhecer o recurso especial aviado pelo
Ministério Público do Estado dc Minas Gerais.

III. SEGUNDO ARGUMENTO QUE DEMONSTRA A NECESSIDADE


DE REFORMA DA DECISÃO MONOCRÁTiCA:
INAPLICABILiDADE DO ART. 557-A, § jO DO CPC - APLICAÇÃO
DO ART. 27, § 50, DA LEI N0 8.638/90 - INCIDÊNCIA DO ARTIGO
~O, INCISOS L E LIV DA CF/88 (AFRONTA AO DEVIDO

PROCESSO LEGAL, À AMPLA DEFESA E AO CONTRADITÓRIO)


Documento digitalizado juntado ao processo em 24/03/2014 às 16:14:40 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA

Na eventualidade de superação da argumentação até aqui


expendida. há ainda outra questão que impõe a reforma do decisum
monocrático.

Já se disse que a decisão que deu provimento ao recurso


especial aviado pelo Ministério Público nos presentes autos foi
monocrática. da lavra do Eminente Relator, que invocou como
fundamento legal o disposto no "ari. 557. 4; 1½, do Código de Processo
Penal", segundo o qual "se a decisão recorrida estiver em manifesto
confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do Supremo
Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o relator poderá dar
provimento ao recurso".

510 Qd 01 Lt. 985-1055 Centro Emp Parque Brasiba - Sala 50T Rrasilia/DF
0EV 70610-410
(e-STJ Fl.2001)

-Machado

Salvo melhor juízo, porém, referido dispositivo legal pretendeu


deixar a juízo exclusivo do Relator a decisão de matérias já pacificadas,
incontroversas, sobre as quais os Tribunais Superiores (ou até mesmo o
próprio Supremo Tribunal Federal) já tenham se manifestado reiteradas
vezes.

Não é, porém, esta a hipótese dos pr.esentes autos, data maxirna


venta.

Com efeito, a discussão acerca da possibilidade do Ministério


Público realizar investigações criminais diretamente é matéria
extremamente tormentosa tanto na doutrina quanto na jurisprudência
pátrias, sendo muitas as manifestações num e noutro sentido.

A titulo ilustrativo, veja-se a seguinte decisão em sentido


oposto àquele esposado pelo lImo. Relator na decisão embargada:

~REC URSO ORDINÁRIO EM HAIJEAS COR? US.


PEDIDO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO.
USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA. DENÚNCIA
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COM OS REQUISITOS DO ART. 41 DO CPP.


RECEBIMENTO. ALEGAÇÃO DE INÉPCIA
REJEITADA. LEI E PROVIMENTOS
AUTORIZADORES DO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO
POLICIAL A ARREDAR O DELITO DE
USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. OCORRÊNCIA.
ILEGITIMIDADE DO PAR QUET PARA
PROCEDER A INVESTIGACÕES. RECURSO A
QUE DÁ PROVIMENTO.
1. Não é inepta a denúncia que, em conformidade
com o artigo 41 do Código de Processo Penal, narra
conduta delituosa configuradora, em tese, do crime
de usurpação de função pública, possibilitando o
exercício regular do direito de defesa.
2. Não está autorizado o Ministério Público, diante
do texto constitucional, a proceder a investigações
policiais de formna autônoma, substituindo-se à
função da Polícia Civil Estadual ou da Polícia
Federal.
3. Recurso a que se dá' provimento, em especial
diante da legislação do Estado do Paraná, ao tempo

SIG Cd 01 Lt. 985-1055 Centra Emp Parque Brasíia - Sala 50T Brasilia!DF-
CEP: 70610-410
(e-STJ Fl.2002)

Machado

do fato (RI-C no 16.993/PR, Sexta Turmra - Rel. Mít,


Celso Limongi (Desembargador Convocado> - DJe
25.10.2010 - Grifos nossos).

Tal julgado, oriundo deste Superior Tribuna! de Justiça,


demonstra que a matéria não é pacificada e, como se não fosse bastante,
encontra-se em discussão- perante o Supremno Tribunal Federal nos
autos do habeas COrDUS n0 84.548/S? e do recurso extraordinário n0
593.727/MG, sendo no mínimo temerária a realização de julgamento
monoerático acerca de tema tão controvertido.

De modo que, concessa venha, ao contrário do que restou


indicado na r. decisão ora agravada, a presente hipótese não é compatível
com a prescrição normativa firmada no artigo art. 557, § 10 -A do Código
de Processo Civil. Conforme é de conhecimento, a busca pela celeridade
processual, vinculada ao acesso à justiça (art. 50, inciso XXXV da
CF/88), sob a ótica de oferecimento de uma justiça efetiva e célere, fez
comr que algumas alterações fossem implementadas no sistema recursal,
dentre elas, a possibilidade de decisão monocrática em sede de recurso
especial e extraordinário.
Documento digitalizado juntado ao processo em 24/03/2014 às 16:14:40 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA

Ocorre que, a referida regra autorizadora (art. 557, parágrafo


1O do CPC) direciona-se para os casos em que há entendimento sumulado
ou jurisprudencial dominante, em nome da segurança jurídica, da
uniformização jurisprudencial e da celeridade processual. Fora isso, a
regra é o julgamento do e pelo colegiado. em nome do devido processo
legal, do contraditório e da ampla defesa (art. 5', incisos L e LIV da
CF/88).

Ao que tudo indica, aliás, a presente hipótese se amolda àquela


prevista no § 5Õ do art. 27 da Lei n0 8.038/90, verbis:

'"§ 50 Na hipótese de o relator do recurso especial


considerar que o recurso extraordinário é prejudicial
daquele em decisão irrecorrível. sobrestará o seu

SIG Cd 01 Lt 985-1055 Centra Emp Parque Brasilia - Sala 50T BrasilqaiDF


CEPý 70610-410
(e-STJ Fl.2003)

Machado

julgamento e remheterá os autos ao Supremo Tribunal


Federal, para julgar o extraordinário~.

Ora, se a discussão já está sendo travada pelo Egrégio Supremo


Tribunal Federal e aparenta estar muito mais afeta às atribuições
constitucionais conferidas ao Ministério Público pela Carta de 1988
(MATÉRIA QUE SE PREQUESTIONA, em especial os arts. 129, 1, 1I
e 144, caput e § 40, da Constituição Federal de 1988) do que decorrer
de mera interpretação de sua Lei Orgânica, resta suficientemnente
demonstrada a necessidade de sobrestamento dos presentes autos com sua
remessa àquele Tribunal, evitando-se, assim, a nociva possibilidade de
decisões antagônicas sobre o mesmo temna.

Neste particular cabe um esclarecimento: o § 50 do art. 27 da


Lei nÕ 8.038/90, dispositivo cuja aplicação foi invocada pelos ora
agravantes, regula especificamente as situações nas quais recursos
especial e extraordinário foram interpostos concomitantemente (e não de
outra), de modo que a súplica constante dos embargos de declaração
tinha este objetivo e somente ao recurso extraordinário não se referiu
Documento digitalizado juntado ao processo em 24/03/2014 às 16:14:40 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA

expressamente porque ele consta dos autos (sendo, portanto, impossível


desconsiderá-lo).

E? mais: salvo melhor juízo, a matéria é sim prejudicial


porquanto a discussão empreendida em ambos os apelos raros é idêntica
(possibilidade do MIP realizar investigações criminais diretamente), de
modo que eventual provimento de um deles prejudica o conhecimento do
outro.-Ou seja, ao contrário do que restou assentado na r. decisão ora
agravada, justamente porque a matéria tratada nos apelos é idêntica que é
o caso de aplicação do comando previsto no art. 27, §50 da Lei n0
8.038/90.

Dessarte, configurada plenamente a hipótese necessária á


incidência do §50 do art. 27 da Lei no 8,038/90, pede-se o
ACOLHIMENTO do presente AGRAVO REGIMENTAL, no intuito de

SIG Qd 01 Lt. 965-1055 Centro Emp Parque Brasilia - Sala 50T Brasilia/DE -
CEPR 70610-410
(e-STJ Fl.2004)

Machado.

reformar a decisão hostilizada, com a determinação de sobrestam ento dos


autos do recurso especial e seu encaminhamento ao Supremo Tribunal
Federal, a quem compete a última decisão acerca do tema controverso.

IV. TERCEIRO ARGUMENTO QUE DEMONSTRA A


NECESSIDADE DE REFORMA DA DEC[SÁO MONOCRÁTICA:
NECESSIDADE DE APRECIAÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO-
CONSTITUCIONAL EM H-ABEAS CORPUS
PREFERENCIALMENTE AO RECURSO ESPECIAL AVIADO PELO
MINISTÉRIO PÚBLICO

Não fosse bastante, é possível ainda elencar um terceiro


argumento que demonstra a necessidade da reforma da decisão
monocrática. dat'a maxima venta.

Com efeito, enquanto o recurso ordinário aviado em favor dos


agravantes discutia acerca dos efeitos advindos do reconhecimento da
ilegitimidade do Ministério Público para promover investigações
diretamente (vale dizer, se bastaria o encaminhamento das investigações
Documento digitalizado juntado ao processo em 24/03/2014 às 16:14:40 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA

a Polícia Judiciária, tal como determinou o TJNIG, ou se haveria a


necessidade de declaração das provas já colhidas comno ilícitas, como
pugnaram os impetrantes), o recurso especial ministerial se insurgiu
contra a ilegitimidade propriamente dita reconhecida pelo Tribunal
mineiro.

Pois bem, é sabido que os recursos no processo penal brasileiro


são comumente classificados pelos doutrinadores como ordinários e
extraordinários, nos termos da lição de Ada Peliegrini Grinover:

"Finalmente, num outro sentido afirma-se serem


ordinários os recursos de admissibilidade geral, não
sujeitos a requisitos especialíssimos (apelação,
recurso em sentido estrito, agravo). E são
extraordináriosos recursos sujeitos a regras estritas
de cabimento excepcional. O recurso extraordinário
brasileiro (art. 102, 111. CF) é o recurso

SIG Qd 01 Lt, 985-1055 Centro Emp Parque Brasilia - Sala 50T BrasilialDF
CEP. 70610-410
(e-STJ Fl.2005)

Mchado

extraordinário por antonomásia, mas ao lado dele


figura, na mesma classe, o recurso especial (art. 105,
111, CF). O recurso ordinário, da competência do STF
e do STJ nos casos constitucionalmente estabelecidos
(art. 102, mec. 11 e art. 10, inc. HI CF) pertence à
categoria dos recursos ordinários em geral, sendo-o
também por antonomásia: com efeito, trata-se de
recurso interposto contra o julgamento da causa em
sua instância inicial, assemelhando-se nisso à
apelação, de cabimento geral (CPP, art. 593)" (in
Recursos no processo penal. 3 ed. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2001, p. 34).

Como visto, portanto, e até mesmo por sua própria natureza


(evidenciada pela nomenclatura), jamais o recurso ordinário poderia ser
julgado em momento posterior àquele de natureza extraordinária, até
mesmo porque, ainda segundo a mesma autora, ~são os recursos
ordinários, nessa acepção, que retratam a observáncia do duplo grau de
jurisdição (enquanto os recursos extraordináriosimportam num terceiro
ou quarto reexame, o que foge à garantia do duplo grau)" (in Recursos
no processo penal. 3 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001.
p. 3 4).
Documento digitalizado juntado ao processo em 24/03/2014 às 16:14:40 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA

Assim, a prevalecer a decisão hostilizada, estar-se-ia


propiciando a abertura da instância excepcional quando ainda não
observada a garantia constitucional do duplo grau de jurisdição, o que
contrasta decisivamente com o postulado constitucional do devido
processo legal (art. 5», LIV. da CFISS). MATÉRIA OQUE TAMBÉM SE
PREOUESTIONA.

Isto posto, pede-se o PROVIMENTO do presente AGRAVO


REGIMENTAL, reformando-se a decisão hostilizada no intuito de que
seja reconhecida a impossibilidade de se proceder ao julgamento de
recurso especial quando pendente de apreciação recurso ordinário-
constitucional, sob pena de subversão da sistemática processual.

V. QUARTO ARGUMENTO QUE DEMONSTRA A NECESSIDADE


DE REFORMA DA DECISÃO MONOCRÁTICA: MERITUM CJ4USAE

S10 Qd 01 Lt. 985-1055 Centro Ernp Parque Brasilia - Sala SOT Brasilia/DF-
CEP- 70610-410
(e-STJ Fl.2006)

Machado

Na eventualidade de superação dos argumentos alinhavados, o


que se admite só por argumentar, de se ver, que o recurso ministerial
ainda assim haveria de ser improvido no mérito.

Vale registrar, por oportuno, que os agravantes aviaram recurso


ordinário em relação à parte denegatória do acórdão do TJMG (fís.
1624/1639, posteriormente ratificado à fl. 1641) pretendendo discutir
exclusivamente os efeitos da parcial concessão da ordem pelo Tribunal
de Justiça de Minas Gerais (ou seja, o objeto do recurso defensivo
pendente de julgamento diz respeito justamente á parte em que o wrii
restou indeferido).

Contudo, no tocante ao excerto em que a ordem restou


concedida, não merece qualquer reparo o acórdão proferido pelo Tribunal
a quo, renovada venta.

Ao contrário do que restou decidido monocraticamente, ao


Ministério Público não foram conferidos poderes de investigação (veia-
Documento digitalizado juntado ao processo em 24/03/2014 às 16:14:40 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA

se que nenhum dos dispositivos federais supostamente contrariados


dá margem a tal prática explicitamente), sendo que sua atuação
anterior à propositura da ação penal está a revelar um caráter autoritário,
de precedente tão antigo quanto incompatível com o Estado Democrático
de Direito.

A ineifável índole constitucional do tema em debate foi


inclusive reconhecida pelo próprio Ministro Relator quando do
provimento do apelo raro ministerial, verb is:

"Tenho que o apelo especial merece provimento.


Isso porque, de acordo com a pacífica jurisprudência
do Superior Tribunal de Justiça, o Ministério Público
possui a prerrogativa de instaurar processo
administrativo de investigação e de conduzir
diligencias investígatórias. nos termos do art. 129.

SIG Qd 01 Lt. 985-1055 Centro Emp. Parque Brasilia - Saia 50T BrasiiialDF-
CEP- 70610-410
(e-STJ Fl.2007)

Mlachado

incisôs-VI. VilI. VII?! e' IX, da Constituicão


Federal" (Grifos nossos).

Ora, o Poder Constituinte originário dispôs expressamente (ari.


144, § 40, CF/88) que "às policiais civis, dirigidas por delegados de
polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as
funções de polícia judiciária e a apuração de infrações pena is, exceto
militares". Ao Ministério Público, por sua vez, foi dada a titularidade da
ação penal pública (art. 129, 1, da CF/88), mas jamais a atribuição
concorrente de investigar eventuais práticas de infrações penais.

ln casu, verificada pelo Ministério Público a mera


possibilidade do cometimento de crimes no âmbito da administração da
empresa Hipolabor Farmacêutica Ltda (e diga-se que a denúncia anônima
apresentada à Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais
no presente caso seria pouco para adoção de providências), cumpriria ao
d. Promotor de Justiça, quando muito, requisitar diligências
investigatórias e/ou a instauração de inquérito policial tal como dispõe
o inciso VIII do art. 129 da CF/88, e não promover um "Procedimento
Investigatório Criminal" próprio, tal como revelam as mais de 600
Documento digitalizado juntado ao processo em 24/03/2014 às 16:14:40 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA

páginas de documentos e depoimento amealh ados. tudo isso alheio aos


princípios mais comezinhos do Direito Constitucional e do Processual
Penal, em especial às máximas do devido processo legal, do
contraditório e da ampla defesa (art. 50, LIV e LV, da CF/88),
MATEÉRIA QUE IGUALMENTE SE PREOUESTIONA.

O Parquei, aliás, que é parte processual e, por isso mesmo, de


quem não se exige imparcialidade, no presente caso rotulou-se de
autoridade policial e promoveu, por sua conta e risco, uma afoita e
desarrazoada investigação quando, pro veritate, os fatos recomendavam
uma apuração serena e isenta a ser realizada por quem de direito, vale
dizer, a Policia Civil (ou Federal, conforme o entendimento).

SIG Qd 01 Lt. 985-1055 Centro Emp. Parque Brasflia - Sala 50T Bíasffia/DF-
CEP- 70610-410
(e-STJ Fl.2008)

Machado

Veja-se a advertência feita pelo Prómotor de Justiça Luiz


Gustavo Gonçalves Ribeiro em sua obra ~Persecução Penal
Democrática".

-Não há como negar que os interesses de determinado


investigador variam ou podem variar de acordo com
seus caprichos, refletindo isso na lisura ou não das
investigações. Assim como existem casos de abusos
policiais, são conhecidos outros por parte de
membros do Ministério Público, suscetíveis que são a
determinadas tentações. Afinal, os relevantes
problemas não estão nas instituições, mas nos
homens que, por vezes, se deixam 'seduzir a todos os
tipos de influência, principalmente as nefastas
influências advindas do efêmero e fugaz poder'.
Compete ao Ministério Público, no sistema
acusatório, trabalhar arduamente pela lisura dos
procedimentos, o que deve ocorrer de acordo com o
tamanho da confiança que lhe foi depositada pela
população em geral- (in Persecução penal
democrática. Belo Horizonte: Escola Superior Dom
Helder Câmara - ESDHC. 2010, p. 133).

fIn casu, o "Procedimento Investigwtório Criminal" realizado


pelo MPMG culminou nos pedidos (todos deferidos pelo MM. Juiz da 2"
Documento digitalizado juntado ao processo em 24/03/2014 às 16:14:40 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA

Vara da Comarca de Sabará/MG) de interceptação telefônica (violação ao


direito ã intimidade), de busca e apreensão (violação à inviolabilidade do
domicilio), de seqüestro de bens imóveis (violação ao direito de
propriedade) e de prisão temporária (violação ao direito de locomoção).
providências invasivas que exigiam fosse delegada a tarefa de
investigação à instituição constitucionalmente competente para tanto,
vale dizer, a Polícia Judiciária.

Tudo isso está a revelar uma incômoda onipotência (ou seria


concentração de poderes?) que só o controle judicial poderia evitar,
como efetivamente o fez concedendo a ordem nos presentes autos.

Afinal, o Ministério Público - que seria parte na futura ação


penal pública - recebeu a "denúncia anônima": instaurou procedimento
interno e sigiloso em seu próprio âmbito; requisitou documentos

SIO O0d 01 Lt. 985-1 055 Centro Ernp. Parque Brasilia -Sala 50T Brasilia/DF -
CEPý 70610-410
(e-STJ Fl.2009)

)Mehado
7

y 2

(inclusive os protegidós púr si~1lb bancário); convocou pessoas ao seu


gabinete, inquirindo-as diretamente e segundo o interesse da
investigação; requereu e promoveu, também em seu ambiente, escutas
telefônicas, orientando e dirigindo seus analistas a selecionar os temas e
os trechos para degravação; e, finalmente, requereu e obteve prisão
temporária (sem inquérito policial), bem como medidas cautelares de
busca e apreensão e seqUestro de bens.

Sob qualquer ângulo, não é dado ao Ministério Público


promover a investigação criminal, tal como já concluiu a insigne jurista
Ada Peliegrini Grinover em artigo publicado no Boletim n0 12 do
IBCCRIM (dezembro de 2004). Na ocasião, asseverou que embora
pudessem "ser conferidas junções in-vestigaúvas criminais" ao
Ministério Público, é certo que somente através de lei complementar tais
funções poderiam ser atribuidas, de acordo com a imposição do princípio
da reserva legal (art. 128, § 50, da CF), de modo a estabelecer mínimas
regras de atuação em tais procedimentos, tais como:

"a) a indicação das infrações penais em que caberia


Documento digitalizado juntado ao processo em 24/03/2014 às 16:14:40 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA

ao MP investigar, deixando-se claro que, em todas


elas, a investigação lhe competirá. Afasta-se, assim,
a preocupante seleção de casos a que o órgão
ministerial tem procedido, fixando-se os crimes em
que a investigação do MP poderia ser mais eficaz do
que a da Polícia;

b) o estabelecimento de regras procedimentais, com


controles pelo juiz (como acontece com o inquérito
policial);

e) a abertura de espaço para a defesa, que deve poder


acompanhar as investigações, com a previsão da
presença do defensor antes e durante o interrogatório,
nos termos dos dispostos nos novos arts. 185 a 196

SIG QÓ 01 Lt. 985-1055 Centro Emp. Parque Brasifla Sa~a 50T BrasiIiatDF -

CEP YQGltX4lO
(e-STJ Fl.2010)

Machado

do Código de Processo Penal - CPP, segundo a Lei nÕ


10.792/03, os quais são inquestionavelmente
aplicáveis ao inquérito policial e, consequentemente,
âs eventuais investigações ministeriais" (p. 05).

Desse modo, conclui a autora:

"Sem a lei complementar acima referida, o MIP não


pode exercer funções investigativas penais- (p. 05)1.

É bem verdade que o Supremo Tribunal Federal finalizou o


julgamento do Inquérito 1968 sem uma posição definitiva sobre o tema,
cuja discussão está sendo travada agora no âmbito do 1-abeas Corpus n0
84.548 e do Recurso Extraordinário n0 593.727/MO. na esteira do que já
se disse no tópico III do presente recurso.

Independente de tais considerações, porém, o que se tem no


presente caso é uma afoita investigação promovida unilateralmente pelo
Ministério Público Estadual ao arrepio da legislação vigente, o que já
Documento digitalizado juntado ao processo em 24/03/2014 às 16:14:40 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA

demonstra o acerto da decisão do Tribunal mineiro que não haverá de ser


desconstituída.

Recorra-se novamente aos dizeres de Luiz Gustavo Gonçalves


Ribeiro:

"Por mais importante que seja, o Ministério Público


não está acima da lei; não lhe compete legislar, mas
defender, com todas as forças, o cumprimento dela
pelos Poderes e órgãos públicos. Sua atuação como
investigante representaria não apenas uma simples
violação ao ordenamento vigente, mas ao devido
processo; afinal, embevecido pelas investigações,
certamente batalharia, cegamente, por sua
confirmação em juízo.
Outrossim, a investigação pelo Ministério Público
feriria, se autorizada -fosse, a paridade de
oportunidades entre acusação e defesa. o que
constituiria verdadeira agressão aos postulados

SIG Qd 01 Lt 985-1055 Centro Emp Parque Brasilia - Sala SOT Brasilia/OF -


CEP 70610-410
(e-STJ Fl.2011)

Machado

acusatórios. 'Quemn investiga,'' direciona as


investigações, passa a ter contato direto como
elementos de convencimento que na fase processual
serão discutidos e analisados. A acumulação de
funções de investigador e promotor da ação penal
pode gerar determinado ponto de vista que tenderá a
ser mantido ao longo do procedimento, tornado o
agente indiferente a qualquer alternativa probatória"
(in Persecução penal democrática. Belo Horizonte:
Escola Superior Dom Helder Câmara -ESDHC, 2010,
p. 131).

Nesses termos, considerando a impossibilidade do Ministério


Público apurar diretamnente o cometimento de crimes por intermédio de
procedimento investigatório unilateral, p ede-se seja o presente
AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO, reformando-se a decisão
monocrática objurgada.

VI. ?ED[DO

Diante do exposto, pede-se, seja no juízo de reconsideração,


seja na eventual apreciação colegiada, o CONHECIMENTO e o
PROVIMENTO do presente AGRAVO REGIMENTAL, de modo a
Documento digitalizado juntado ao processo em 24/03/2014 às 16:14:40 pelo usuário: GISLENE AGUIAR DE SOUSA

reformar a decisão monocrática proferida pelo Eminente Ministro


Relator, seja para (a) reconhecer a intempestividade do recurso especial
aviado pelo Ministério Público, com o que ele deverá não ser conhecido;
alternativamente, (b) determinar o sobrestamento dos presentes autos e
seu encaminhamento ao Supremo Tribunal Federal, na esteira do que
prevê o art. 27, § 50, da Lei n0 8.038/90; na eventualidade de superação
dos argumentos anteriores, o que se admite só por argumentar. (e) para
reconhecer a impossibilidade de se proceder ao julgamento de recurso
especial quando pendente de apreciação recurso ordinário-constitucional.
sob pena de subversão da sistemática processual: no mérito, (d) para
restabelecer o acórdão proferido pelo Tribunal a quo na medida em que
não há que se falar em contrariedade, negativa de vigência ou qualquer
outro tipo de afronta a dispositivos de lei federal perpetrado pelo
acórdão proferido pelo Tribunal a quo e passíveis de resguardo via
recurso especial, mas sim de discussão acerca do alcance de comandos

SIG Qd 01 Lt. 985-1055 Centro Ernp Parque Brasilia - Sala 501 Brasilia/DF
CEP- 70610-410
(e-STJ Fl.2012)

Hchado

constitucionais, cuja tarefa é afeta ao Supremho Tribunal Federal, sendo


certo que ao MPF não foi conferido poderes investigatórios; e,
finalmente, (e) ao menos para nreouestioRar explicitamente todos os
dispositivos constitucionais suscitados ao longo do presente recurso.

P. juntada e deferimento.

Brasília, 24 de março de 2014.


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SIG Qd 01 Lt. 985-1055 Centro Emp. Parque Brasilia - Sala 50T Brasilia/DE
CEP: 70610-410
Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

CONCLUSÃO

Faço estes autos conclusos para julgamento ao Exmo.


Senhor Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE.
Brasília, 31 de março de 2014.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
*Assinado por MARCELO PEREIRA CRUVINEL, Assessor B,
em 31 de março de 2014

(em 8 vol. e 5 apenso(s))

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Documento eletrônico VDA9476737 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MARCELO PEREIRA CRUVINEL, COORDENADORIA DA QUINTA TURMA Assinado em: 31/03/2014 17:54:44
Código de Controle do Documento: 00F616DE-41C0-493E-B9BE-B2D22645C9B4
Superior Tribunal de Justiça S.T.J
Fl.__________

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA

AgRg nos EDcl nos EDcl no


Número Registro: 2012/0198643-1 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.344.860 / MG
MATÉRIA CRIMINAL

Números Origem: 10000110232238 10000110232238000 10000110232238001


10000110232238004 215637820118130567 215715520118130567
2322387120118130000 502090995 504241120108130567 56709000046
567090000462
EM MESA JULGADO: 24/04/2014

Relator
Exmo. Sr. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. BRASILINO PEREIRA DOS SANTOS
Secretário
Bel. LAURO ROCHA REIS
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
RECORRIDO : ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÃES
RECORRIDO : RENATO ALVES DA SILVA
ADVOGADO : RAFAEL FREITAS MACHADO
ASSUNTO: DIREITO PROCESSUAL PENAL - Habeas Corpus - Cabimento

AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÃES
AGRAVANTE : RENATO ALVES DA SILVA
ADVOGADO : RAFAEL FREITAS MACHADO
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental."
Os Srs. Ministros Moura Ribeiro, Regina Helena Costa e Jorge Mussi votaram com
o Sr. Ministro Relator.
Ausente, justificadamente, a Sra. Ministra Laurita Vaz.

C5420565153800<5191542@ 2012/0198643-1 - REsp 1344860 Petição : 2014/0008742-6 (AgRg)

Documento eletrônico VDA9611924 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
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Superior Tribunal de Justiça
1

AgRg nos EDcl nos EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.344.860 - MG


(2012/0198643-1)

RELATOR : MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE


AGRAVANTE : ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÃES
AGRAVANTE : RENATO ALVES DA SILVA
ADVOGADO : RAFAEL FREITAS MACHADO
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

EMENTA

AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSO PENAL. INVESTIGAÇÃO
CONDUZIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. POSSIBILIDADE. JURISPRUDÊNCIA
PACÍFICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DECISÃO MONOCRÁTICA. ART.
557-A DO CPC. ART. 27, § 5º, DA LEI N. 8.038/90. INAPLICABILIDADE. AUSÊNCIA DE
QUESTÃO PREJUDICIAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AGRAVO IMPROVIDO.
1. Inexistindo qualquer matéria prejudicial no recurso extraordinário em relação ao especial, não
se mostra possível aplicar o disposto no art. 27, § 5º, da Lei n. 8.038/90.
2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça possui entendimento pacífico no sentido de
ser possível ao Ministério Público instaurar procedimento administrativo e conduzir diligências
investigatórias, podendo requisitar documentos e informações que entender necessários ao
exercício de suas atribuições, circunstância que viabiliza, inclusive, o julgamento monocrático do
recurso especial, consoante o disposto no art. 557-A, § 1º, do CPC.
3. Agravo regimental a que se nega provimento.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta Turma


do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir,
por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental.
Os Srs. Ministros Moura Ribeiro, Regina Helena Costa e Jorge Mussi votaram
com o Sr. Ministro Relator.
Ausente, justificadamente, a Sra. Ministra Laurita Vaz.
Brasília (DF), 24 de abril de 2014 (data do julgamento).

MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Relator

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AgRg nos EDcl nos EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.344.860 - MG


(2012/0198643-1)

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE:

Trata-se de agravo regimental interposto contra a decisão de fls.


1.983/1.984, que rejeitou os embargos declaratórios apresentados contra a decisão de
fls. 1.913/1.924, que deu provimento ao recurso especial para cassar o acórdão
recorrido, julgando, ainda, prejudicado o exame do recurso ordinário interposto.

No presente recurso, os agravantes sustentam que: a) o recurso especial


do Ministério Público está intempestivo, razão pela qual não merece sequer ser
conhecido; b) o caso não é de aplicação do art. 557-A, § 1º, do CPC, porquanto a
discussão tratada neste feito "é matéria extremamente tormentosa tanto na doutrina
quanto na jurisprudência pátrias, sendo muitas as manifestações num e noutro sentido"
(fl. 2.001); c) deve ser aplicado o disposto no art. 27, § 5º, da Lei n. 8.038/90, pois a
questão acerca da possibilidade de investigação pelo Ministério Público já está sendo
discutida no Supremo Tribunal Federal; d) o recurso ordinário em habeas corpus deve
ser analisado preferencialmente em relação ao recurso especial; e e) o recurso
especial deve ser improvido, tendo em vista que, ao contrário do que consignou a
decisão monocrática, ao Ministério Público não foram conferidos poderes de
investigação.

É o relatório.

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AgRg nos EDcl nos EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.344.860 - MG


(2012/0198643-1)

VOTO

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE (RELATOR):

O recurso não merece provimento.

No tocante à alegada intempestividade do recurso especial do Ministério


Público, constata-se dos autos que o apelo nobre ministerial foi interposto no dia 16 de
fevereiro de 2012, às 17h59min16s, conforme protocolo de fl. 1.726.

Não desconheço que há uma cópia nos autos do recurso especial cujo
protocolo consta do dia 16 de março de 2012, às 18h33s (fl. 1.802). Todavia, esse novo
protocolo se deu em razão da demora na juntada do primeiro recurso, conforme se
verifica da petição apresentada pela Procuradoria de Justiça às fls. 1.723/1.724 no
mesmo dia (16/3/2012).

Dessa forma, esse segundo protocolo não deve ser considerado para fins
de verificação da tempestividade recursal, porquanto o recurso já havia sido
protocolizado anteriormente dentro do prazo legal de 15 (quinze) dias, inexistindo,
portanto, a alegada intempestividade.

Além disso, não há nenhuma ilegalidade na aplicação do art. 557, § 1º-A,


do Código de Processo Civil, tendo em vista que, conforme consignado na decisão
embargada, a atual e pacífica jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é no
sentido contrário ao que entendeu o Tribunal de origem no acórdão recorrido,
autorizando, assim, a utilização do dispositivo legal em comento.

Confiram-se, a propósito, precedentes de ambas as Turmas que julgam


matéria penal nesta Corte:

A - HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA.


SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO ORDINÁRIO. IMPOSSIBILIDADE.
RESPEITO AO SISTEMA RECURSAL PREVISTO NA CARTA

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1

MAGNA. NÃO CONHECIMENTO.


(...)
TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO (ARTIGO 121, § 2º,
INCISO II, COMBINADO COM O ARTIGO 14, INCISO II, AMBOS DO
CÓDIGO PENAL). ALEGADA ILICITUDE DE DEPOIMENTO
COLHIDO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. APONTADA AUSÊNCIA
DE PREVISÃO LEGAL PARA A REALIZAÇÃO DE INVESTIGAÇÃO
PELO PARQUET. POSSIBILIDADE DE INQUIRIÇÃO DE
TESTEMUNHAS. INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS 7º, INCISO II, E 8º,
INCISO I, DA LEI COMPLEMENTAR 75/1993. INEXISTÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DAS MÁCULAS QUE ESTARIAM A CONTAMINAR
AS DECLARAÇÕES PRESTADAS PERANTE O ÓRGÃO
MINISTERIAL. OITIVA DA TESTEMUNHA EM JUÍZO. ILICITUDE
NÃO CARACTERIZADA.
1. De acordo com entendimento consolidado na Quinta e na Sexta
Turma deste Superior Tribunal de Justiça, amparado na jurisprudência do
Pretório Excelso, ainda que não se permita ao Ministério Público a
condução do inquérito policial propriamente dito, e tendo em vista o
caráter meramente informativo de tal peça, não há vedação legal para
que o parquet proceda a investigações e colheita de provas para a
formação da opinio delicti.
2. Dentre as providências que podem ser tomadas pelo parquet para a
reunião de provas no curso das investigações por ele promovidas está a
de colher o depoimento de testemunhas, consoante o disposto nos
artigos 7º, inciso II, e 8º, inciso I, da Lei Complementar 75/1993.
(...)
8. Habeas corpus não conhecido. (HC nº 182.829/DF, Relator o
Ministro JORGE MUSSI, DJe 3/12/2012)

B - HABEAS CORPUS. EXTORSÃO. ALEGAÇÃO DE


INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO. PRECLUSÃO. LEGITIMIDADE DO
MINISTÉRIO PÚBLICO PARA PROCEDER INVESTIGAÇÕES.
POSSIBILIDADE.
1. Improcede a alegação de violação ao princípio do juiz natural, visto que
a incompetência territorial é de natureza relativa e deve ser alegada no
momento oportuno, o que não fez a defesa, remarcando-se que não se
demonstrou qualquer prejuízo decorrente do processamento do feito no
Juízo Criminal de Vila Velha/ES, ao revés do Juízo de Vitória/ES.
2. Esta Corte tem proclamado que, a teor do disposto no art. 129, VI e
VIII, da Constituição Federal, e nos arts. 8º da Lei Complementar nº
75/93 e 26 da Lei nº 8.625/93, o Ministério Público, como titular da ação
penal pública, pode proceder investigações e efetuar diligências com o
fim de colher elementos de prova para o desencadeamento da pretensão
punitiva estatal, sendo-lhe vedado tão-somente realizar e presidir o
inquérito policial.
3. Na espécie, a atuação direta do Ministério Público na fase de
investigação se revelou indispensável, por se tratar de infração penal
cometida no âmbito da própria polícia civil. A partir da notícia levada a
efeito pelas vítimas, cumpria ao Parquet, no exercício de sua missão
constitucional de titular da ação penal pública, apurar os fatos, de forma a
assegurar, de maneira eficaz, o êxito das investigações.
4. Ordem denegada. (HC nº 60.976/ES, Relator o Ministro OG

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FERNANDES, DJe 17/10/2011)

C - HABEAS CORPUS. MINISTÉRIO PÚBLICO. PODERES DE


INVESTIGAÇÃO. LEGITIMIDADE. LC N.º 75/93. ART. 4.º,
PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPP. TESE DE FALTA DE JUSTA
CAUSA. PLEITO DE TRANCAMENTO DO PROCEDIMENTO
INVESTIGATIVO. PROCEDIMENTO CONCLUÍDO. INQUÉRITO
POLICIAL INSTAURADO. PERDA SUPERVENIENTE DO
INTERESSE PROCESSUAL.
1. A legitimidade do Ministério Público para determinar diligências
investigatórias decorre de expressa previsão constitucional,
oportunamente regulamentada pela Lei Complementar n.º 75/93.
2. É consectário lógico da própria função do órgão ministerial - titular
exclusivo da ação penal pública - proceder à coleta de elementos de
convicção, a fim de elucidar a materialidade do crime e os indícios de
autoria, mormente quando se trata de crime atribuído a autoridades
policiais que estão submetidas ao controle externo do Parquet.
3. A ordem jurídica confere explicitamente poderes de investigação ao
Ministério Público - art. 129, incisos VI, VIII, da Constituição Federal, e
art. 8º, incisos II e IV, e § 2º, da Lei Complementar n.º 75/1993.
4. A competência da polícia judiciária não exclui a de outras autoridades
administrativas. Inteligência do art. 4º, parágrafo único, do Código de
Processo Penal. Precedentes. 'A outorga constitucional de funções de
polícia judiciária à instituição policial não impede nem exclui a
possibilidade de o Ministério Público, que é o dominus litis, determinar a
abertura de inquéritos policiais, requisitar esclarecimentos e diligências
investigatórias, estar presente e acompanhar, junto a órgãos e agentes
policiais, quaisquer atos de investigação penal, mesmo aqueles sob
regime de sigilo, sem prejuízo de outras medidas que lhe pareçam
indispensáveis à formação da sua opinio delicti, sendo-lhe vedado, no
entanto, assumir a presidência do inquérito policial, que traduz atribuição
privativa da autoridade policial.' (STF - HC 94.173/BA, 2.ª Turma, Rel.
Min. CELSO DE MELLO, DJe de 26/11/2009).
5. Concluído o procedimento investigativo a que se visava trancar por
falta de justa causa, resta evidenciada, no particular, a perda
superveniente do interesse processual.
6. Habeas corpus parcialmente conhecido e, nessa parte, denegado.
(HC n.º 94.129/RJ, Relatora a Ministra LAURITA VAZ, DJe 22/3/2010.)

D - PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME AMBIENTAL.


TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA.
INÉPCIA DA DENÚNCIA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. DENÚNCIA
NÃO-JUNTADA AOS AUTOS. AUSÊNCIA DE PROVA
PRÉ-CONSTITUÍDA. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO
PARA PROCEDER A INVESTIGAÇÕES. PREVISÕES
CONSTITUCIONAL E LEGAL. ORDEM PARCIALMENTE
CONHECIDA E, NESSA EXTENSÃO, DENEGADA.
[...]
3. A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça consolidou o
entendimento de que o Ministério Público, por expressa previsão
constitucional e legal, possui a prerrogativa de instaurar procedimento
administrativo de investigação e conduzir diligências investigatórias,

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Superior Tribunal de Justiça
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podendo requisitar diretamente documentos e informações que julgar


necessários ao exercício de suas atribuições de dominus litis.
4. Ordem parcialmente conhecida e, nessa extensão, denegada. (HC n.º
128.233/MG, Relator o Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, DJe
1/2/2010.)

No mesmo sentido é o seguinte precedente do Supremo Tribunal Federal:

DIREITO PROCESSUAL PENAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


ALEGAÇÕES DE PROVA OBTIDA POR MEIO ILÍCITO, FALTA DE
FUNDAMENTAÇÃO DO DECRETO DE PERDA DA FUNÇÃO
PÚBLICA E EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE. PODERES
INVESTIGATÓRIOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO. RECURSO
PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESTA PARTE, IMPROVIDO. 1. O
recurso extraordinário busca debater quatro questões centrais: a) a
nulidade do processo em razão da obtenção de prova ilícita (depoimentos
colhidos diretamente pelo Ministério Público em procedimento próprio;
gravação de áudio e vídeo realizada pelo Ministério Público;
consideração de prova emprestada); b) invasão das atribuições da polícia
judiciária pelo Ministério Público Federal; c) incorreção na dosimetria da
pena com violação ao princípio da inocência na consideração dos maus
antecedentes na fixação da pena-base; d) ausência de fundamentação
para o decreto de perda da função pública. 2. O extraordinário somente
deve ser conhecido em relação às atribuições do Ministério Público (CF,
art. 129, I e VIII), porquanto as questões relativas à suposta violação ao
princípio constitucional da presunção de inocência na fixação da
pena-base e à suposta falta de fundamentação na decretação da perda
da função pública dos recorrentes, já foram apreciadas e resolvidas no
julgamento do recurso especial pelo Superior Tribunal de Justiça. 3.
Apenas houve debate na Corte local sobre as atribuições do Ministério
Público, previstas constitucionalmente. O ponto relacionado à nulidade do
processo por suposta obtenção e produção de prova ilícita à luz da
normativa constitucional não foi objeto de debate no acórdão recorrido. 4.
Esta Corte já se pronunciou no sentido de que 'o debate do tema
constitucional deve ser explícito' (RE 428.194 AgR/MG, rel. Min. Eros
Grau, 1ª Turma, DJ 28.10.2005) e, assim, 'a ausência de efetiva
apreciação do litígio constitucional, por parte do Tribunal de que emanou
o acórdão impugnado, não autoriza - ante a falta de prequestionamento
explicíto da controvérsia jurídica - a utilização do recurso extraordinário'
(AI 557.344 AgR/DF, rel. Min. Celso de Mello, 2ª Turma, DJ 11.11.2005).
5. A denúncia pode ser fundamentada em peças de informação obtidas
pelo órgão do MPF sem a necessidade do prévio inquérito policial, como
já previa o Código de Processo Penal. Não há óbice a que o Ministério
Público requisite esclarecimentos ou diligencie diretamente a obtenção da
prova de modo a formar seu convencimento a respeito de determinado
fato, aperfeiçoando a persecução penal, mormente em casos graves
como o presente que envolvem a presença de policiais civis e militares na
prática de crimes graves como o tráfico de substância entorpecente e a
associação para fins de tráfico. 6. É perfeitamente possível que o órgão
do Ministério Público promova a colheita de determinados elementos de
prova que demonstrem a existência da autoria e da materialidade de

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determinado delito, ainda que a título excepcional, como é a hipótese do


caso em tela. Tal conclusão não significa retirar da Polícia Judiciária as
atribuições previstas constitucionalmente, mas apenas harmonizar as
normas constitucionais (arts. 129 e 144) de modo a compatibilizá-las para
permitir não apenas a correta e regular apuração dos fatos supostamente
delituosos, mas também a formação da opinio delicti. 7. O art. 129,
inciso I, da Constituição Federal, atribui ao parquet a privatividade na
promoção da ação penal pública. Do seu turno, o Código de Processo
Penal estabelece que o inquérito policial é dispensável, já que o
Ministério Público pode embasar seu pedido em peças de informação
que concretizem justa causa para a denúncia. 8. Há princípio basilar da
hermenêutica constitucional, a saber, o dos 'poderes implícitos', segundo
o qual, quando a Constituição Federal concede os fins, dá os meios. Se a
atividade fim - promoção da ação penal pública - foi outorgada ao
parquet em foro de privatividade, não se concebe como não lhe
oportunizar a colheita de prova para tanto, já que o CPP autoriza que
'peças de informação' embasem a denúncia. 9. Levando em
consideração os dados fáticos considerados nos autos, os policiais
identificados se associaram a outras pessoas para a perpetração de tais
crimes, realizando, entre outras atividades, a de 'escolta' de veículos
contendo o entorpecente e de 'controle' de todo o comércio espúrio no
município de Chapecó. 10. Recurso extraordinário parcialmente
conhecido e, nesta parte, improvido. (RE nº 468.523/SC, Relatora a
Ministra ELLEN GRACIE, DJe 19/2/2010)

Ademais, vale ressaltar que no caso não existe nenhuma matéria


prejudicial no recurso extraordinário em relação ao especial. Na verdade, ambos tratam
da mesma questão de mérito, qual seja, a legitimidade do Ministério Público em
promover atos de investigação penal, não sendo o caso, portanto, de aplicação do
comando previsto no art. 27, § 5º, da Lei n. 8.038/90.

Registre-se, ainda, que essa questão nem sequer foi alegada nas
contrarrazões do recurso especial, tratando-se, portanto, de indevida inovação recursal.

Entendo também não ser o caso de apreciação do recurso em habeas


corpus de forma preferencial ao recurso especial do Ministério Público, visto que este é
prejudicial àquele. É dizer, com o julgamento do apelo nobre que cassou o acórdão
recorrido para denegar o writ ali impetrado, fica superada a tese posta no aludido
recurso ordinário, cujo objetivo era o de declarar a ilicitude das provas produzidas pelo
Parquet.

Ora, sendo reconhecida a licitude no procedimento investigatório


realizado pelo Ministério Público, não há que se falar em ilegalidade das provas
produzidas.

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Por fim, quanto ao mérito, reitero a fundamentação lançada na decisão de


fls. 1.913/1.924, nos seguintes termos:

(...) a atuação do Ministério Público, no contexto da investigação penal,


longe de comprometer ou de reduzir as atribuições de índole funcional
das autoridades policiais - a quem sempre caberá a presidência do
inquérito policial -, representa, na realidade, o exercício concreto de uma
atividade típica de cooperação, que, em última análise, mediante a
requisição de elementos informativos e acompanhamento de diligências
investigatórias, além de outras medidas de colaboração, promove a
convergência de dois importantes órgãos estatais incumbidos, ambos, da
persecução penal e da concernente apuração da verdade real.
Também entendo que se revela constitucionalmente lícito, ao Ministério
Público, promover, por autoridade própria, atos de investigação penal,
respeitadas - não obstante a unilateralidade desse procedimento
investigatório - as limitações que incidem sobre o Estado em tema de
persecução penal.
Impende rememorar, neste ponto, o magistério de Lenio Luiz Streck e de
Luciano Feldens (Crime e Constituição - A Legitimidade da função
investigatória do Ministério Público, p. 79/85, 2003, Forense), cuja lição
bem justifica a legitimidade do poder, que, reconhecido ao Ministério
Público, qualifica os membros dessa Instituição a promover, por
autoridade própria, as investigações penais necessárias à formação de
sua opinio delicti:

Não se revela necessário um esforço de raciocínio mais rigoroso


para concluirmos que o Ministério Público não tem poderes para a
conclusão de inquérito policial. Sobre isso não resta dúvida alguma,
pela singela razão de que se o inquérito fosse conduzido pelo
Ministério Público já não mais se poderia qualificá-lo como 'policial',
senão que teria outra designação (procedimento administrativo,
procedimento criminal, etc.). Simples, pois.
A questão de fundo é sensivelmente distinta: reside em saber se, à
luz do ordenamento jurídico vigente, o Ministério Público tem - ou
não legitimidade para, no âmbito de seus próprios procedimentos,
realizar 'diligências investigatórias' no intuito de subsidiar a
proposição de futura ação penal pública.
Nesse sentido, são dois os argumentos comumente utilizados para
anular a aptidão funcional do Ministério Público:
a) a suposta ausência de fundamento legal a respaldar tal atividade;
b) a alegada exclusividade - ou monopólio - da Polícia na tarefa de
investigar a prática de qualquer infração penal e sua autoria.
Recorrentemente, aqueles que desafiam a legitimidade do
Ministério Público para proceder a diligências investigatórias na
seara criminal esgrimem o argumento de que tal possibilidade não
se encontraria expressa na Constituição, locus político-normativo
de onde emergem suas funções institucionais.
Trata-se, em verdade, de uma armadilha argumentativa.
Esconde-se, por detrás dessa linha de raciocínio, aquilo que se
revela manifestamente insustentável: a consideração de que as
atribuições conferidas ao Ministério Público pelo art. 129 da
Constituição são taxativas, esgotando-se em sua literalidade

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mesma. Equívoco, 'data venia', grave. Atezite-se, a tanto, que o


próprio art. 129, berço normativo das funções institucionais do
Ministério Público, ao cabo de especificar um rol de funções
acometidas à instituição, dispôs expressamente, em seu inciso IX,
que:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:


[...]
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que
compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação
judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.

Trilhando no mesmo diapasão, veja-se que a Lei Complementar n°


75/93, ao concretizar essa disposição constitucional, dispôs que:

Art. 5o São funções institucionais do Ministério Público da União:


[. ..]
VI - exercer outras funções previstas na Constituição Federal e na
lei.

O segundo óbice erguido contra a possibilidade de o Ministério


Público exercer atividade investigatória para fins de persecução
penal (...) reveste-se de forte dose corporativa, pois busca fazer
concentrar na Polícia o monopólio para a realização de toda e
qualquer tarefa nesse sentido. Sem procedência, também.
Em essência, esteia-se tal argumentação no art. 144, § 1º, IV, da
Constituição, o qual estabelece que compete à Polícia Federal
exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da
União. Logicamente, ao referir-se à 'exclusividade' da Polícia
Federal para exercer funções 'de policia judiciária da União', o que
fez a Constituição foi, tão-somente, delimitar as atribuições entre as
diversas polícias (federal, rodoviária, ferroviária, civil e militar),
razão pela qual reservou, para cada uma delas, um parágrafo
dentro do mesmo art. 144. Dai porque, se alguma conclusão de
caráter exclusivista pode-se retirar do dispositivo constitucional
seria a de que não cabe à Polícia Civil 'apurar infrações penais
contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços
e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e
empresas públicas' (art. 144, § Io, I), pois que, no espectro da
polícia judiciária, tal atribuição está reservada à Polícia Federal.
Acaso concluíssemos distintamente, ou seja, no sentido do
monopólio investigativo da Polícia, teríamos de enfrentar
importantes indagações para as quais não visualizamos qualquer
possibilidade de resposta coerente com a tese restritiva.

Lembremo-nos, no pormenor, que a Constituição Federal de 1988 foi


instrumento de decisiva consolidação jurídico-institucional do Ministério
Público. Ao dispensar-lhe singular tratamento normativo, a Carta Política
redesenhou-lhe o perfil constitucional, outorgou-lhe atribuições
inderrogáveis, ampliou-lhe as funções jurídicas e desferiu garantias
inéditas à Instituição e aos membros que a integram.
Entendo, por isso mesmo, que o poder de investigar, em sede penal,
também compõe o complexo de funções institucionais do Ministério
REsp 1344860 Petição : 87426/2014 C5420565153800<5191542@
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Superior Tribunal de Justiça
1

Público, pois esse poder se acha instrumentalmente vocacionado a tornar


efetivo o exercício, por essa Instituição, das competências que lhe foram
outorgadas pelo próprio texto constitucional.
É por isso que, a meu ver, reveste-se de integral legitimidade a
instauração, pelo próprio Ministério Público, de investigação penal,
atribuição que lhe permite adotar as medidas necessárias ao fiel
cumprimento de suas funções institucionais, bem assim ao pleno
exercício das competências que lhe foram expressamente outorgadas
pela Constituição Federal. Traçados esses vetores interpretativos, é de
se reconhecer a violação aos dispositivos legais indicados no presente
recurso especial, por parte do Tribunal de origem, porquanto determinou
o trancamento da ação penal sob o fundamento da impossibilidade de o
Parquet proceder às investigações criminais.
Nem se diga, por outro lado, que o reconhecimento do poder
investigatório do Ministério Público, frustrou, comprometeu ou, ainda,
afetou a garantia do contraditório estabelecida em favor do investigado.
É que essa fundamental garantia outorgada aos acusados não incide na
esfera pré-processual da persecução penal, eis que o seu domínio
abrange, somente, o processo penal instaurado em juízo.
Cumpre relembrar, neste ponto, que a investigação penal, enquanto
procedimento extrajudicial, não se processa, em função de sua própria
natureza, sob o crivo do contraditório, que somente em juízo se torna
plenamente exigível.
Essa mesma percepção foi registrada por José Frederico Marques
("Elementos de Direito Processual Penal", vol. 1/87-89, itens ns. 45/46, 2a
ed., revista e atualizada por Eduardo Reale Ferrari, 2000, Millennium,
Campinas/SP), cujo autorizado magistério assim apreciou a questão:

O art. 141, § 25 (hoje equivalente ao art. 5°, LV, da vigente


Constituição) da Constituição Federal, ao assegurar plena defesa
aos acusados, com todos os meios e recursos essenciais a ela,
adotou, também, o procedimento contraditório, porquanto todo o
processo tem de ser estruturado sob a forma do contraditório para
que o direito de defesa não sofra restrições indevidas. Decorrência
da isonomia processual, que é corolário, por sua vez, do princípio
constitucional da igualdade perante a lei, - o contraditório é inerente
a toda resolução processual de litígios.
Sem o contraditório não pode haver devido processo legal. Uma
vez que a lide tem sentido bilateral, porque a sua parte nuclear é
constituída por interesses conflitantes, o processo adquire caráter
verdadeiramente dialético, enquanto que a ação, como diz
CARNELUTTI, se desenvolve como contradição recíproca.
O vigente Código de Processo Penal distingue perfeitamente a
'instrução criminal' (arts. 394 a 405) do 'inquérito policial' (arts. 4° a
23), como o fazem as legislações da atualidade. Só a primeira é
contraditória, de acordo, aliás, com o que impõe o mandamento
constitucional.
O segundo, porém, por não se identificar com instrução e não estar
abrangido, portanto, pelo art. 141, § 25, da Constituição Federal,
tem natureza inquisitiva, como na realidade o deve ser.
Não se pode, pois, interpretar com simplismo o texto constitucional
sobre a instrução contraditória, para estendê-lo ao inquérito policial.
No direito pátrio, tem vigorado perfeita distinção entre inquérito
REsp 1344860 Petição : 87426/2014 C5420565153800<5191542@
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1

policial e formação da culpa, desde a reforma de 1871,


correspondendo ao primeiro a fase investigatória e à segunda a da
instrução criminal.

Irrecusável, desse modo, a inaplicabilidade do contraditório da fase


extrajudicial de mera investigação penal, cabendo assinalar, no entanto,
que a unilateralidade das investigações desenvolvidas pelo Estado, no
estágio preliminar da persecução penal, não autoriza a formulação de
decisão condenatória, cujo único suporte resida em prova
inquisitorialmente produzida.
Vê-se, assim, que, mesmo quando conduzida, unilateralmente, pelo
Ministério Público, a investigação criminal não legitimará qualquer
condenação, se os elementos de convicção nela produzidos - porém não
reproduzidos em juízo, sob a garantia do contraditório - forem os únicos
elementos existentes contra a pessoa investigada.

Por essas razões, nego provimento ao agravo regimental.

É como voto.

REsp 1344860 Petição : 87426/2014 C5420565153800<5191542@


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AgRg nos EDcl nos EDcl no REsp 1344860/MG (2012/0198643-1)

PUBLICAÇÃO

Certifico que foi disponibilizado no Diário da Justiça


Eletrônico/STJ em 30/04/2014 o referido acórdão de fls. 2015 e considerado
publicado em 02 de maio de 2014, nos termos do artigo 4º, § 3º, da Lei
11.419/2006.

______________________________________________
COORDENADORIA DA QUINTA TURMA

(*) Documento assinado eletronicamente


por VIRGÍLIO CAMARCIO ATAIDE nos termos
do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006

Código de Controle do Documento: 9635F347-82A4-4E02-91FC-26BC34DD19CE


(e-STJ Fl.2027)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1344860/MG (201201986431)

CERTIDÃO

Certifico que a cópia dos autos em arquivo eletrônico


foi entregue ao Ministério Público Federal (Representante:
José Cleverson Santos Fraga).

Brasília, 2 de maio de 2014

COORDENADORIA DA QUINTA TURMA


*Assinado por ALIXANDRE SANTOS MEDEIROS
em 02 de maio de 2014 às 18:22:43
Documento eletrônico juntado ao processo em 02/05/2014 às 18:26:48 pelo usuário: ALIXANDRE SANTOS MEDEIROS

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
(e-STJ Fl.2028)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

JUNTADA

Junto aos presentes autos as petições nº 132069/2014 -


PETIÇÃO REQUERENDO ADIAMENTO DO JULGAMENTO
(FAX) e 144490/2014 - CIÊNCIA PELO MPF .

Brasília, 06 de maio de 2014.


Documento eletrônico juntado ao processo em 06/05/2014 às 12:07:03 pelo usuário: ALBA LÍGIA LEITE MELO E SILVA

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
*Assinado por ALBA LÍGIA LEITE MELO E SILVA
em 06 de maio de 2014 às 12:07:00

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
2014-04-24 12:12 smtipappo.stj.jus.br 33198872 » P (e-STJ
1/1Fl.2029)

EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


COLENDA 5' TURMA
EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE,
DD. Relator do Recurso Especial n, 1,344.860/MO

URGENTE
ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÃES e RENATO ALVES DA SILVA, já
qualificados nos autos do processo em epígrafe, vêm perante V. Exa,, expor e
requerer o 9eguýnte:
No dia 24 de março de 2014, os ora Agravantes apresentaram
recurso de agravo <regimnental) em face da r. decisão que nêo acolheu os
embargos de deolaraçêo anteriormente opostos, Na data de hoje, dia 24 de
abrIl de 2014, os patronos dos Agravantes foram surpreendidos com a incluslo
do agravo <regimental) na paute de julgamento de hoje (dia 24 de abril),
perante a Coienda 50 Turma deste E. Superior Tribunal de Justiça.
Ocorre que, desde a interposição do recurso de agravo (no dia
24/3/2014), os Agravantes tem tentado o agendaentno de audiências com
Documento eletrônico juntado ao processo em 24/04/2014 às 12:24:00 pelo usuário: EDUARDO CALDAS E ALMEIDA

todos os 1,Ministros da C, 5' Turma, a fim de esclarecer os principaýs pontos


do recurso, bem comno para 9 entrega de mamcoa e Entretanto, tais atos nêo
forem possíveis, até o momento.
De modo que, os Agravantes requerem o adiamento do julgamento
referente ao agravo <,regimentei) previsto para hoje, dia 24/4/2014, em data a
ser indicada por V, Exa., principalmente pela inocorréncia de prejuízos com o
referido adiamento, bem como para o efetivo exercício das garantias
constitucionais da ampla de defesa e do contraditõrio <artigo 51,, inciso LV da
CF/88),
Nestes Termos.
P,deferimento.
Brasilia, 24 de abril de 2014,

SIG 0d 01 Ltý 995.qD55 Centro Emp, Parque Era9Wii Maý 0Týrii


Zar aDF
a*meirfeoWa d@iev~t com or,
STJ-Petição Eletrônica (CieMPF) 00144490/2014 recebida em 05/05/2014 13:50:32 (e-STJ Fl.2030)

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Ciência de Decisão nº 4946/2014/GAB/AM

RECURSO ESPECIAL N° 1.344.860/MG


Colendo Superior Tribunal de Justiça
Relator : Senhor Ministro Marco Aurélio Bellizze - 5ª Turma
Recorrente : Ministério Público do Estado de Minas Gerais
Recorrido : Ildeu de Oliveira Magalhães
Recorrido : Renato Alves da Silva
Advogado : Rafael Freitas Machado
Petição Eletrônica juntada ao processo em 06/05/2014 ?s 12:06:57 pelo usu?rio: ALBA LÍGIA LEITE MELO E SILVA

O Ministério Público Federal, por meio do signatário, está ciente da


decisão que negou provimento ao agravo regimental (e-STJ fls. 2.015/2.025).

Brasília/DF, 5 de maio de 2014.

ALCIDES MARTINS
Subprocurador-Geral da República

CLS

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(e-STJ Fl.2031)

Superior Tribunal de Justiça


Fls. ________
REsp 1344860/MG

CERTIDÃO

Certifico que, em cumprimento ao Mandado de Intimação nº.


001208-2014-CORD5T - Acórdão , o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO
FEDERAL foi intimado(a) da publicação do dia 02/05/2014, com ciente
em 08/05/2014, conforme Mandado arquivado nesta Coordenadoria em
12/05/2014.

Brasília-DF, 12 de maio de 2014.


Documento eletrônico juntado ao processo em 12/05/2014 às 08:35:32 pelo usuário: ADI ALMEIDA BARBOSA

COORDENADORIA DA QUINTA TURMA


*Assinado por ADI ALMEIDA BARBOSA
em 12 de maio de 2014 às 08:34:33
(e-STJ Fl.2032)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

JUNTADA

Junto aos presentes autos a petição nº 147066/2014 -


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO .

Brasília, 14 de maio de 2014.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
Documento eletrônico juntado ao processo em 14/05/2014 às 15:29:37 pelo usuário: OLGA PATRICIA HAMU

*Assinado por OLGA PATRICIA HAMU


em 14 de maio de 2014 às 15:29:15

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
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Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

CONCLUSÃO

Faço estes autos conclusos para julgamento ao Exmo.


Senhor Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE (Relator).
Brasília, 14 de maio de 2014.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
*Assinado por MARCELO PEREIRA CRUVINEL, Assessor B,
em 14 de maio de 2014

(em 8 vol. e 5 apenso(s))

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Documento eletrônico VDA9728843 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MARCELO PEREIRA CRUVINEL, COORDENADORIA DA QUINTA TURMA Assinado em: 14/05/2014 17:00:52
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(e-STJ Fl.2044)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

RECEBIMENTO

Recebi os presentes autos no(a) COORDENADORIA DA


QUINTA TURMA, nesta data.
Brasília, 27 de maio de 2014.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
Documento eletrônico juntado ao processo em 27/05/2014 às 16:49:31 pelo usuário: MARIVALDO BATISTA SILVA

*Assinado por MARIVALDO BATISTA SILVA


em 27 de maio de 2014 às 16:49:28

(em 8 vol. e 5 apenso(s))

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Superior Tribunal de Justiça S.T.J
Fl.__________

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA

EDcl no AgRg nos EDcl nos EDcl no


Número Registro: 2012/0198643-1 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.344.860 / MG
MATÉRIA CRIMINAL

Números Origem: 10000110232238 10000110232238000 10000110232238001


10000110232238004 215637820118130567 215715520118130567
2322387120118130000 502090995 504241120108130567 56709000046
567090000462
EM MESA JULGADO: 27/05/2014

Relator
Exmo. Sr. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOSE ADONIS CALLOU DE ARAUJO SA
Secretário
Bel. LAURO ROCHA REIS
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
RECORRIDO : ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÃES
RECORRIDO : RENATO ALVES DA SILVA
ADVOGADO : RAFAEL FREITAS MACHADO
ASSUNTO: DIREITO PROCESSUAL PENAL - Habeas Corpus - Cabimento

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
EMBARGANTE : ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÃES
EMBARGANTE : RENATO ALVES DA SILVA
ADVOGADO : RAFAEL FREITAS MACHADO
EMBARGADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, rejeitou os embargos."
Os Srs. Ministros Moura Ribeiro, Regina Helena Costa e Laurita Vaz votaram com
o Sr. Ministro Relator.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Jorge Mussi.

C5420565153800<5191542@ 2012/0198643-1 - REsp 1344860 Petição : 2014/0014706-6 (EDcl)

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EDcl no AgRg nos EDcl nos EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.344.860 - MG
(2012/0198643-1)

RELATOR : MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE


EMBARGANTE : ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÃES
EMBARGANTE : RENATO ALVES DA SILVA
ADVOGADO : RAFAEL FREITAS MACHADO
EMBARGADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

EMENTA

PENAL E PROCESSO PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO


REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
NO RECURSO ESPECIAL. 1. IRRESIGNAÇÃO QUANTO AO MÉRITO. NÃO CABIMENTO
DE EMBARGOS. RECURSO DE FUNDAMENTAÇÃO MOTIVADA. ART. 619 DO CPP.
OMISSÃO, OBSCURIDADE, AMBIGUIDADE OU CONTRADIÇÃO. NÃO VERIFICAÇÃO. 2.
EMBARGOS REJEITADOS.
1. Os embargos de declaração são cabíveis quando a decisão embargada se mostrar ambígua,
obscura, contraditória ou omissa, conforme disciplina o art. 619 do Código de Processo Penal.
Portanto, a mera irresignação com o entendimento apresentado na decisão, visando, assim, a
reversão do julgado, não tem o condão de viabilizar a oposição dos aclaratórios.
2. É cediço que a análise de matéria constitucional não é de competência desta Corte, mas, sim,
do Supremo Tribunal Federal, por expressa determinação da Carta Magna. Inviável, assim, o
exame de ofensa a dispositivos e princípios constitucionais em recurso especial, ainda que para
fins de prequestionamento, sob pena de usurpação da competência reservada à Corte Suprema.
3. Embargos de declaração rejeitados.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta Turma


do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir,
por unanimidade, rejeitar os embargos.
Os Srs. Ministros Moura Ribeiro, Regina Helena Costa e Laurita Vaz votaram com
o Sr. Ministro Relator.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Jorge Mussi.
Brasília (DF), 27 de maio de 2014 (data do julgamento).

MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Relator

REsp 1344860 Petição : 147066/2014 C5420565153800<5191542@


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Publicação no DJe/STJ nº 1533 de 10/06/2014. Código de Controle do Documento: 2A784F4B-D885-4A53-A916-72D1BA377867
EDcl no AgRg nos EDcl nos EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.344.860 - MG
(2012/0198643-1)

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE:

Ildeu de Oliveira Magalhães e Renato Alves da Silva opõem embargos de


declaração contra o acórdão de fls. 2.014/2.025, assim ementado:

AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL.
PROCESSO PENAL. INVESTIGAÇÃO CONDUZIDA PELO
MINISTÉRIO PÚBLICO. POSSIBILIDADE. JURISPRUDÊNCIA
PACÍFICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DECISÃO
MONOCRÁTICA. ART. 557-A DO CPC. ART. 27, § 5º, DA LEI N.
8.038/90. INAPLICABILIDADE. AUSÊNCIA DE QUESTÃO
PREJUDICIAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AGRAVO
IMPROVIDO.
1. Inexistindo qualquer matéria prejudicial no recurso extraordinário em
relação ao especial, não se mostra possível aplicar o disposto no art. 27,
§ 5º, da Lei n. 8.038/90.
2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça possui entendimento
pacífico no sentido de ser possível ao Ministério Público instaurar
procedimento administrativo e conduzir diligências investigatórias,
podendo requisitar documentos e informações que entender necessários
ao exercício de suas atribuições, circunstância que viabiliza, inclusive, o
julgamento monocrático do recurso especial, consoante o disposto no art.
557-A, § 1º, do CPC.
3. Agravo regimental a que se nega provimento.

Nos presentes aclaratórios, os embargantes reiteram as razões suscitadas


no agravo regimental, quais sejam: a) a necessidade de aguardar o julgamento do HC
n. 84.548/SP e RE n. 593.727/MG pelo Supremo Tribunal Federal, nos termos do
disposto no art. 27, § 5º, da Lei n. 8.038/90, por ser a matéria eminentemente
constitucional; b) a intempestividade do recurso especial do Ministério Público; c) a
impossibilidade de o Parquet realizar procedimentos investigatórios; e d) a
"necessidade de julgamento do recurso ordinário em habeas corpus prioritariamente ao
do recurso especial" (fl. 2.040).

Buscam, assim, o acolhimento dos embargos, com atribuição de efeito

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Código de Controle do Documento: D4CE645F-0028-416C-BEE5-976E40EB1EA7
infringente, "no intuito de sanar a contradição apontada com o consequente
sobrestamento do recurso especial e imediata remessa dos autos ao Supremo Tribunal
Federal, a quem compete analisar e definir questões relativas a competências e
atribuições fixadas na Constituição Federal de 1988, seja para a efetivação da análise
de todos os dispositivos constitucionais constantes das razões do agravo regimental,
de modo a satisfazer o requisito do prequestionamento explícito que permita o
conhecimento do recurso extraordinário a ser eventualmente apresentado" (fls.
2.041/2.042).

É o relatório.

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(2012/0198643-1)

VOTO

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE (RELATOR):

Os embargos não merecem acolhimento.

No tocante à alegada necessidade de observância do art. 27, § 5º, da Lei


n. 8.038/90, o acórdão assim consignou:

(...), vale ressaltar que no caso não existe nenhuma matéria prejudicial no
recurso extraordinário em relação ao especial. Na verdade, ambos tratam
da mesma questão de mérito, qual seja, a legitimidade do Ministério
Público em promover atos de investigação penal, não sendo o caso,
portanto, de aplicação do comando previsto no art. 27, § 5º, da Lei n.
8.038/90.

Registre-se, ainda, que essa questão nem sequer foi alegada nas
contrarrazões do recurso especial, tratando-se, portanto, de indevida
inovação recursal.

Quanto à intempestividade do recurso especial do Ministério Público, bem


como a necessidade de julgamento do recurso ordinário em habeas corpus
prioritariamente ao apelo nobre, o acórdão rechaçou esses argumentos da seguinte
forma:

No tocante à alegada intempestividade do recurso especial do Ministério


Público, constata-se dos autos que o apelo nobre ministerial foi interposto
no dia 16 de fevereiro de 2012, às 17h59min16s, conforme protocolo de
fl. 1.726.

Não desconheço que há uma cópia nos autos do recurso especial cujo
protocolo consta do dia 16 de março de 2012, às 18h33s (fl. 1.802).
Todavia, esse novo protocolo se deu em razão da demora na juntada do
primeiro recurso, conforme se verifica da petição apresentada pela
Procuradoria de Justiça às fls. 1.723/1.724 no mesmo dia (16/3/2012).
Dessa forma, esse segundo protocolo não deve ser considerado para fins
de verificação da tempestividade recursal, porquanto o recurso já
havia sido protocolizado anteriormente dentro do prazo legal de 15
(quinze) dias, inexistindo, portanto, a alegada intempestividade.

(...)

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Código de Controle do Documento: D4CE645F-0028-416C-BEE5-976E40EB1EA7
Entendo também não ser o caso de apreciação do recurso em habeas
corpus de forma preferencial ao recurso especial do Ministério Público,
visto que este é prejudicial àquele. É dizer, com o julgamento do apelo
nobre que cassou o acórdão recorrido para denegar o writ ali impetrado,
fica superada a tese posta no aludido recurso ordinário, cujo objetivo era
o de declarar a ilicitude das provas produzidas pelo Parquet.

Ora, sendo reconhecida a licitude no procedimento investigatório


realizado pelo Ministério Público, não há que se falar em ilegalidade das
provas produzidas.

Já quanto ao mérito recursal, foi consignado o seguinte:

(...) a atuação do Ministério Público, no contexto da investigação penal,


longe de comprometer ou de reduzir as atribuições de índole funcional
das autoridades policiais - a quem sempre caberá a presidência do
inquérito policial -, representa, na realidade, o exercício concreto de uma
atividade típica de cooperação, que, em última análise, mediante a
requisição de elementos informativos e acompanhamento de diligências
investigatórias, além de outras medidas de colaboração, promove a
convergência de dois importantes órgãos estatais incumbidos, ambos, da
persecução penal e da concernente apuração da verdade real.
Também entendo que se revela constitucionalmente lícito, ao Ministério
Público, promover, por autoridade própria, atos de investigação penal,
respeitadas - não obstante a unilateralidade desse procedimento
investigatório - as limitações que incidem sobre o Estado em tema de
persecução penal.
Impende rememorar, neste ponto, o magistério de Lenio Luiz Streck e de
Luciano Feldens (Crime e Constituição - A Legitimidade da função
investigatória do Ministério Público, p. 79/85, 2003, Forense), cuja lição
bem justifica a legitimidade do poder, que, reconhecido ao Ministério
Público, qualifica os membros dessa Instituição a promover, por
autoridade própria, as investigações penais necessárias à formação de
sua opinio delicti:

Não se revela necessário um esforço de raciocínio mais rigoroso


para concluirmos que o Ministério Público não tem poderes para a
conclusão de inquérito policial. Sobre isso não resta dúvida alguma,
pela singela razão de que se o inquérito fosse conduzido pelo
Ministério Público já não mais se poderia qualificá-lo como 'policial',
senão que teria outra designação (procedimento administrativo,
procedimento criminal, etc.). Simples, pois.
A questão de fundo é sensivelmente distinta: reside em saber se, à
luz do ordenamento jurídico vigente, o Ministério Público tem - ou
não legitimidade para, no âmbito de seus próprios procedimentos,
realizar 'diligências investigatórias' no intuito de subsidiar a
proposição de futura ação penal pública.
Nesse sentido, são dois os argumentos comumente utilizados para
anular a aptidão funcional do Ministério Público:
a) a suposta ausência de fundamento legal a respaldar tal atividade;
b) a alegada exclusividade - ou monopólio - da Polícia na tarefa de
investigar a prática de qualquer infração penal e sua autoria.
Recorrentemente, aqueles que desafiam a legitimidade do

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Ministério Público para proceder a diligências investigatórias na
seara criminal esgrimem o argumento de que tal possibilidade não
se encontraria expressa na Constituição, locus político-normativo
de onde emergem suas funções institucionais.
Trata-se, em verdade, de uma armadilha argumentativa.
Esconde-se, por detrás dessa linha de raciocínio, aquilo que se
revela manifestamente insustentável: a consideração de que as
atribuições conferidas ao Ministério Público pelo art. 129 da
Constituição são taxativas, esgotando-se em sua literalidade
mesma. Equívoco, 'data venia', grave. Atezite-se, a tanto, que o
próprio art. 129, berço normativo das funções institucionais do
Ministério Público, ao cabo de especificar um rol de funções
acometidas à instituição, dispôs expressamente, em seu inciso IX,
que:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:


[...]
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que
compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação
judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.

Trilhando no mesmo diapasão, veja-se que a Lei Complementar n°


75/93, ao concretizar essa disposição constitucional, dispôs que:

Art. 5o São funções institucionais do Ministério Público da União:


[. ..]
VI - exercer outras funções previstas na Constituição Federal e na
lei.

O segundo óbice erguido contra a possibilidade de o Ministério


Público exercer atividade investigatória para fins de persecução
penal (...) reveste-se de forte dose corporativa, pois busca fazer
concentrar na Polícia o monopólio para a realização de toda e
qualquer tarefa nesse sentido. Sem procedência, também.
Em essência, esteia-se tal argumentação no art. 144, § 1º, IV, da
Constituição, o qual estabelece que compete à Polícia Federal
exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da
União. Logicamente, ao referir-se à 'exclusividade' da Polícia
Federal para exercer funções 'de policia judiciária da União', o que
fez a Constituição foi, tão-somente, delimitar as atribuições entre as
diversas polícias (federal, rodoviária, ferroviária, civil e militar),
razão pela qual reservou, para cada uma delas, um parágrafo
dentro do mesmo art. 144. Dai porque, se alguma conclusão de
caráter exclusivista pode-se retirar do dispositivo constitucional
seria a de que não cabe à Polícia Civil 'apurar infrações penais
contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços
e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e
empresas públicas' (art. 144, § Io, I), pois que, no espectro da
polícia judiciária, tal atribuição está reservada à Polícia Federal.
Acaso concluíssemos distintamente, ou seja, no sentido do
monopólio investigativo da Polícia, teríamos de enfrentar
importantes indagações para as quais não visualizamos qualquer
possibilidade de resposta coerente com a tese restritiva.

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Lembremo-nos, no pormenor, que a Constituição Federal de 1988 foi
instrumento de decisiva consolidação jurídico-institucional do Ministério
Público. Ao dispensar-lhe singular tratamento normativo, a Carta Política
redesenhou-lhe o perfil constitucional, outorgou-lhe atribuições
inderrogáveis, ampliou-lhe as funções jurídicas e desferiu garantias
inéditas à Instituição e aos membros que a integram.
Entendo, por isso mesmo, que o poder de investigar, em sede penal,
também compõe o complexo de funções institucionais do Ministério
Público, pois esse poder se acha instrumentalmente vocacionado a tornar
efetivo o exercício, por essa Instituição, das competências que lhe foram
outorgadas pelo próprio texto constitucional.
É por isso que, a meu ver, reveste-se de integral legitimidade a
instauração, pelo próprio Ministério Público, de investigação penal,
atribuição que lhe permite adotar as medidas necessárias ao fiel
cumprimento de suas funções institucionais, bem assim ao pleno
exercício das competências que lhe foram expressamente outorgadas
pela Constituição Federal. Traçados esses vetores interpretativos, é de
se reconhecer a violação aos dispositivos legais indicados no presente
recurso especial, por parte do Tribunal de origem, porquanto determinou
o trancamento da ação penal sob o fundamento da impossibilidade de o
Parquet proceder às investigações criminais.
Nem se diga, por outro lado, que o reconhecimento do poder
investigatório do Ministério Público, frustrou, comprometeu ou, ainda,
afetou a garantia do contraditório estabelecida em favor do investigado.
É que essa fundamental garantia outorgada aos acusados não incide na
esfera pré-processual da persecução penal, eis que o seu domínio
abrange, somente, o processo penal instaurado em juízo.
Cumpre relembrar, neste ponto, que a investigação penal, enquanto
procedimento extrajudicial, não se processa, em função de sua própria
natureza, sob o crivo do contraditório, que somente em juízo se torna
plenamente exigível.
Essa mesma percepção foi registrada por José Frederico Marques
("Elementos de Direito Processual Penal", vol. 1/87-89, itens ns. 45/46, 2a
ed., revista e atualizada por Eduardo Reale Ferrari, 2000, Millennium,
Campinas/SP), cujo autorizado magistério assim apreciou a questão:

O art. 141, § 25 (hoje equivalente ao art. 5°, LV, da vigente


Constituição) da Constituição Federal, ao assegurar plena defesa
aos acusados, com todos os meios e recursos essenciais a ela,
adotou, também, o procedimento contraditório, porquanto todo o
processo tem de ser estruturado sob a forma do contraditório para
que o direito de defesa não sofra restrições indevidas. Decorrência
da isonomia processual, que é corolário, por sua vez, do princípio
constitucional da igualdade perante a lei, - o contraditório é inerente
a toda resolução processual de litígios.
Sem o contraditório não pode haver devido processo legal. Uma
vez que a lide tem sentido bilateral, porque a sua parte nuclear é
constituída por interesses conflitantes, o processo adquire caráter
verdadeiramente dialético, enquanto que a ação, como diz
CARNELUTTI, se desenvolve como contradição recíproca.
O vigente Código de Processo Penal distingue perfeitamente a
'instrução criminal' (arts. 394 a 405) do 'inquérito policial' (arts. 4° a
23), como o fazem as legislações da atualidade. Só a primeira é
contraditória, de acordo, aliás, com o que impõe o mandamento

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constitucional.
O segundo, porém, por não se identificar com instrução e não estar
abrangido, portanto, pelo art. 141, § 25, da Constituição Federal,
tem natureza inquisitiva, como na realidade o deve ser.
Não se pode, pois, interpretar com simplismo o texto constitucional
sobre a instrução contraditória, para estendê-lo ao inquérito policial.
No direito pátrio, tem vigorado perfeita distinção entre inquérito
policial e formação da culpa, desde a reforma de 1871,
correspondendo ao primeiro a fase investigatória e à segunda a da
instrução criminal.

Irrecusável, desse modo, a inaplicabilidade do contraditório da fase


extrajudicial de mera investigação penal, cabendo assinalar, no entanto,
que a unilateralidade das investigações desenvolvidas pelo Estado, no
estágio preliminar da persecução penal, não autoriza a formulação de
decisão condenatória, cujo único suporte resida em prova
inquisitorialmente produzida.
Vê-se, assim, que, mesmo quando conduzida, unilateralmente, pelo
Ministério Público, a investigação criminal não legitimará qualquer
condenação, se os elementos de convicção nela produzidos - porém não
reproduzidos em juízo, sob a garantia do contraditório - forem os únicos
elementos existentes contra a pessoa investigada.

Como visto, todas as questões foram exaustivamente analisadas e


rechaçadas no acórdão embargado, não havendo as omissões e contradições
alegadas.

Manifesta, portanto, a impossibilidade de acolhimento dos presentes


aclaratórios, haja vista não ser possível rediscutir questões já decididas e devidamente
delineadas pelo órgão julgador, principalmente quando não demonstrada a ocorrência
de nenhuma das hipóteses do art. 619 do Código de Processo Penal. Com efeito, não
se verificando omissão, contradição ou obscuridade, mas mera irresignação dos
embargantes com a solução apresentada por esta Corte Superior, mostra-se inviável a
utilização dos embargos de declaração.

Nesse sentido:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. AUSÊNCIA DE VÍCIO. ARTS. 619
E 620, § 2º, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.
PREQUESTIONAMENTO DE DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL.
DESCABIMENTO. I. A fundamentação adotada no acórdão é suficiente
para respaldar a conclusão alcançada, pelo quê ausente pressuposto a
ensejar a oposição de embargos de declaração. II. Incabível, diante da
ausência de vício no acórdão embargado, o exame de suposta violação a
dispositivo constitucional, mesmo com o escopo de prequestionamento
para a interposição de recurso extraordinário. III. Precedentes da
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Código de Controle do Documento: D4CE645F-0028-416C-BEE5-976E40EB1EA7
Terceira Seção. IV. Embargos de declaração rejeitados. (EDcl nos EDcl
no AgRg no AREsp 208.911/PE, Relatora a Ministra REGINA HELENA
COSTA, DJe 04/10/2013).

Outrossim, tem-se que a análise de matéria constitucional não é de


competência desta Corte, mas, sim, do Supremo Tribunal Federal, por expressa
determinação da Carta Magna. Inviável, dessa forma, o exame de ofensa a dispositivos
constitucionais em recurso especial, ainda que para fins de prequestionamento, sob
pena de usurpação da competência reservada à Corte Suprema.

Nesse sentido:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL.


AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO ACÓRDÃO EMBARGADO.
PRETENSÃO DE REEXAME E DE PREQUESTIONAMENTO DE
MATÉRIA CONSTITUCIONAL. IMPOSSIBILIDADE.
1. O cabimento dos embargos de declaração em matéria criminal está
disciplinado no artigo 619 do Código de Processo Penal, sendo que a
inexistência dos vícios ali consagrados implicam a rejeição da pretensão
aclaratória.
2. Nos termos do artigo 105, inciso III, alínea 'a', da Constituição
Federal, este Superior Tribunal de Justiça tem a missão constitucional de
uniformizar e interpretar a lei federal, não lhe competindo, em sede de
recurso excepcional, o exame dos fatos da causa e do processo, à moda
de recurso ordinário ou de apelação, em terceira instância, ainda que o
fato seja relevante ou cause comoção social, como no presente caso.
3. Os embargos declatórios opostos com objetivo de
prequestionamento de matéria constitucional para interposição de
recurso extraordinário não podem ser acolhidos se ausente
omissão, contradição, obscuridade ou ambiguidade no julgado
embargado, pena, ainda, de configurar usurpação da competência
constitucionalmente atribuída ao Supremo Tribunal Federal.
4. Embargos de declaração rejeitados. (EDcl no REsp 1.312.781/RS,
Relatora a Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJe
17/12/2013).

Ante o exposto, rejeito os embargos de declaração.

É como voto.

REsp 1344860 Petição : 147066/2014 C5420565153800<5191542@


2012/0198643-1 Página 8 de 2

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Superior Tribunal de Justiça

EDcl no AgRg nos EDcl nos EDcl no REsp 1344860/MG


(2012/0198643-1)

PUBLICAÇÃO

Certifico que foi disponibilizado no Diário da Justiça


Eletrônico/STJ em 09/06/2014 o referido acórdão de fls. 2046 e considerado
publicado em 10 de junho de 2014, nos termos do artigo 4º, § 3º, da Lei
11.419/2006.

______________________________________________
COORDENADORIA DA QUINTA TURMA

(*) Documento assinado eletronicamente


por VIRGÍLIO CAMARCIO ATAIDE nos termos
do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006

Código de Controle do Documento: D85F99A0-79FE-4720-8364-C0BB1C486676


(e-STJ Fl.2056)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1344860/MG (201201986431)

CERTIDÃO

Certifico que a cópia dos autos em arquivo eletrônico


foi entregue ao Ministério Público Federal (Representante:
Dirceu Lustosa Rodrigues).

Brasília, 11 de junho de 2014

COORDENADORIA DA QUINTA TURMA


*Assinado por ALIXANDRE SANTOS MEDEIROS
em 11 de junho de 2014 às 14:47:32
Documento eletrônico juntado ao processo em 11/06/2014 às 15:14:18 pelo usuário: ALIXANDRE SANTOS MEDEIROS

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
(e-STJ Fl.2057)

Superior Tribunal de Justiça


Fls. ________
REsp 1344860/MG

CERTIDÃO

Certifico que, em cumprimento ao Mandado de Intimação nº.


001778-2014-CORD5T - Acórdão , o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO
FEDERAL foi intimado(a) da publicação do dia 10/06/2014, com ciente
em 13/06/2014, conforme Mandado arquivado nesta Coordenadoria em
17/06/2014.
Documento eletrônico juntado ao processo em 17/06/2014 às 09:32:07 pelo usuário: FERNANDO DAHER ANDRADE GOMES

Brasília-DF, 17 de junho de 2014.

COORDENADORIA DA QUINTA TURMA


*Assinado por FERNANDO DAHER ANDRADE GOMES
em 17 de junho de 2014 às 09:31:23
(e-STJ Fl.2059)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

JUNTADA

Junto aos presentes autos a petição nº 220639/2014 -


CIÊNCIA PELO MPF .

Brasília, 13 de agosto de 2014.


Documento eletrônico juntado ao processo em 13/08/2014 às 09:48:51 pelo usuário: LORENNA POLONIATO BEZERRA

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
*Assinado por LORENNA POLONIATO BEZERRA
em 13 de agosto de 2014 às 09:48:45

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
STJ-Petição Eletrônica (CieMPF) 00220639/2014 recebida em 12/06/2014 12:55:35 (e-STJ Fl.2060)

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Ciência de decisão nº 5215/2014/GAB/AM

RECURSO ESPECIAL N° 1.344.860/MG


Colendo Superior Tribunal de Justiça
Relator : Senhor Ministro Marco Aurélio Bellizze - 5ª Turma
Recorrente : Ministério Público do Estado de Minas Gerais
Recorrido : Ildeu de Oliveira Magalhães
Recorrido : Renato Alves da Silva
Advogado : Rafael Freitas Machado

O Ministério Público Federal, por meio do signatário, está ciente da


decisão que rejeitou os embargos de declaração (e-STJ fls. 2046-2054).
Petição Eletrônica juntada ao processo em 13/08/2014 ?s 09:44:51 pelo usu?rio: LORENNA POLONIATO BEZERRA

Brasília/DF, 12 de junho de 2014.

ALCIDES MARTINS
Subprocurador-Geral da República

MCS

Documento eletrônico e-Pet nº 717560 com assinatura digital


Signatário(a): ALCIDES MARTINS NºSérie Certificado: 4077788285544502081
Id Carimbo de Tempo: 91491269696075 Data e Hora: 12/06/2014 12:55:35hs
(e-STJ Fl.2061)

Superior Tribunal de Justiça

Petição nº 220639/2014

CERTIDÃO

Certifico que a presente peça foi enviada pelo Ministério Público


Federal a este Tribunal no dia 12 de junho de 2014 e somente
recebida nesta Seção no dia 27 de junho de 2014 devido a uma
falha no recebimento de peças por meio do sistema MNI (canal oficial
de comunicação entre o MPF e o STJ).

Brasília, 27 de junho de 2014

_______________________________________
Seção de Protocolo de Petições
Documento eletrônico juntado ao processo em 27/06/2014 às 20:12:57 pelo usuário: HENDERSON VALLUCI PEREIRA DANTAS

CPIP/STJ
*Assinado por HENDERSON VALLUCI PEREIRA DANTAS
em 27 de junho de 2014 às 20:12:56

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

REMESSA

Remeto os presentes autos a(o) COORDENADORIA DE


RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS (para processamento do
RE) .
Brasília, 14 de agosto de 2014.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA QUINTA TURMA
*Assinado por PEDRO JORGE CARDOSO DE MARCO,
Chefe,
em 14 de agosto de 2014

(em 8 vol. e 5 apensos)

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Documento eletrônico VDA10198642 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): PEDRO JORGE CARDOSO DE MARCO, COORDENADORIA DA QUINTA TURMA Assinado em: 14/08/2014 16:21:59
Código de Controle do Documento: BFA369BF-11E2-4435-97C6-F867FD6711AD
(e-STJ Fl.2063)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

RECEBIMENTO

Recebi os presentes autos no(a) COORDENADORIA DE


RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS, nesta data.
Brasília, 15 de agosto de 2014.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DE RECURSOS
EXTRAORDINÁRIOS
Documento eletrônico juntado ao processo em 15/08/2014 às 09:55:47 pelo usuário: KLEBER BENTO DA SILVA

*Assinado por KLEBER BENTO DA SILVA


em 15 de agosto de 2014 às 09:55:41

(em 8 vol. e 5 apenso(s))

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
(e-STJ Fl.2064)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

JUNTADA

Junto aos presentes autos a petição nº 215482/2014 -


RECURSO EXTRAORDINÁRIO .

Brasília, 18 de agosto de 2014.


Documento eletrônico juntado ao processo em 18/08/2014 às 16:55:27 pelo usuário: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DE RECURSOS
EXTRAORDINÁRIOS
*Assinado por VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR
em 18 de agosto de 2014 às 16:55:25

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
STJ-Petição Eletrônica (RE) 00215482/2014 recebida em 25/06/2014 15:09:01 (e-STJ Fl.2065)

Machado
advogados associados

Excelentíssimo Senhor Ministro Presidente do Superior


Tribunal de Justiça

Ref.: Autos do Recurso Especial nº 1.344.860/MG.


(5ª Turma)

ILDEU DE OLIVEIRA MAGAL HÃES e RENATO


ALVES DA SILVA, já qualificados nos autos do processo em
epígrafe, vêm perante V. Exa., por seu advogado, inconformado
com a v. decisão proferida pela Colenda Quinta Turma deste
Superior Tribunal de Justiç a, interpor RECURSO
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

EXTRAO RDINÁRIO , ao fundamento do art. 1 02, III, letra “a”,


da Constituição Federal e art. 26 e seguintes da L ei n° 8.038/90,
bem como nas demais normas aplicáveis à esp écie.

Requer o regular p rocessamento, admissão e remessa do


presente recurso ao Supremo Tribunal Federal, para a necessária
apreciação.

Pede Deferimento.

Brasília, 25 de junho de 2014.

Rafael Freitas Machado


OAB-DF n. 20.737

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STJ-Petição Eletrônica (RE) 00215482/2014 recebida em 25/06/2014 15:09:01 (e-STJ Fl.2066)

Machado
advogados associados

RAZÕES DO RECURSO EXT RAORDIN ÁRIO

Egrégia Corte,

Colenda Turma,

Doutos Ministros,

EXPOSIÇÃO DO FATO E DO DIRE ITO

Foi a partir de uma denúncia anônima que o Ministério


Público Estadual se investiu da condição de “autoridade policial”
e iniciou aquilo que denominou de “Procedimento Investigatório
Criminal”, verdadeiro proc edimento inquisitorial, disc ricionário e
unilateral, tendo por objeto apurar a prát ic a de “crime s fiscai s
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

perpetrados pela empresa HIPOLABOR FARMACÊUTICA LTDA e


por seu sócio, ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÃES ” (fl. 03 da
petição inicial da medida cautelar de prisão temp orária).

Após a realização de algumas diligências, segundo


expressa o Órg ão Acusatório, “evidenciam -se indícios da
existênc ia de quadrilha organizada, de forma estável e
permanente, para a prática de diversos crime s de extrema
gravidade, dentre eles crimes de sonegação fiscal, fraude à
licitação, formação de cartel e comércio d e medicamento
adulterado” (fl. 03 da p etição inicial da medida cautelar de prisão
temporária).

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STJ-Petição Eletrônica (RE) 00215482/2014 recebida em 25/06/2014 15:09:01 (e-STJ Fl.2067)

Machado
advogados associados

E foi com base nesses elementos indiciários colhido s


unilateralmente em procedimento interno que em 24 de março de
2011 o Parquet apresentou ao Juízo da Comarca de Sabará/MG
requerimentos de prisão temporária de ambos os recorrentes
(autos de nº 0021563 -78.2011.8.13.0567) e de busca e
apreensão em domicílios empresariais e residenciais c/c medida
cautelar de seq uestro de bens imóveis (autos nº 0021571-
55.2011.8.13.0567), constrições que foram deferidas pelo MM.
Juiz da 2ª V ara da Comarc a de Sabará/MG no dia 1º de abril de
2011.

Em 12 de abril de 2011 foi deflagrada a operação


denominada “Panacéia”, ocasião em que foram cumprid os os
mandados de prisão temporária exp edidos em desfavor de Ildeu de
Oliveira Magalhães e Renato Alves da Silva e realizadas as demais
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

medidas cautelares.

Estarrecidos com o absurdo que representava o


estardalhaç o da operaç ão aliado ao descompromisso com a melhor
investigação, os advogados José Bernardo de Assis Junior,
Maurício de Oliveira Campos Júnior e Carlos Frederico Veloso
Pires impetraram duas ordens de habeas corpus perante o TJMG
nas quais buscavam o reconhecimento da impossibilidade de
decretação de prisão temporária quando inexistente inquérito
policial (HC de nº 1.0000.11.023.123 -0/000) e o reconhec imento
da impossibilidade do MP realizar investigações criminais
diretamente (HC de nº 1.0000.11.023 .223 -8/000).

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STJ-Petição Eletrônica (RE) 00215482/2014 recebida em 25/06/2014 15:09:01 (e-STJ Fl.2068)

Machado
advogados associados

Após ter s ido deferida a medida liminar pleiteada


(fls. 1247/1250) para sobrestar as investigações ministeriais até
ulterior dec isão, inclusive com a expedição dos respectivos alvarás
de soltura, os autos foram levados a julgamento na sessão do dia
05 de julho de 2011, ocasião em que o p rimeiro habeas corpu s
(aviado contra a prisão temporária) foi considerado prejudicado
por perda de objeto e o segundo (contra a investigação ministerial)
teve a ordem parcialmente concedida em acórdão que restou assim
ementado:

“EMENTA: ‘HABEAS CORPUS’ - PRISÃO


TEMPO RÁRIA - P RAZO EXPIRADO E
PACIENTES EM LIBERDADE - P ERDA DO
OBJETO - INVESTIGAÇÕES P ROMOVIDAS
PELO MINISTÉRIO PÚBLICO E ORIGINADA S
DE DENÚNCIA APÓCRIFA - TRANCAMENTO
DO PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO -
ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA. O
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

simples impulso de investigaç ão dado por


denúncia anônima não é vedado, sendo,
inclusive, uma garantia ao exercício da
democrac ia, a possibilidade de o cidadão
comunicar -se com os setores públicos
responsáveis a fim de informar a ocorrênc ia de
ilícitos sem ser identific ado, na mais legítim a
partic ipação popular na proteção da res pública.
Contudo, claramente defesa a imp osiç ão de
medidas restritivas ou formações cognitivas
somente com base em anúncios apócrifos, o que
não é o caso. O inquérito policial presidido pelo
Promotor de Justiça, rotulado de procedimento
administrativo, exorbita às suas funções, além
de conflitar com as normas de competência
expressa nos disp ositivos normativos ac ima
mencionados, segundo os quais a investigação
criminal deve ficar a cargo da autor idade policial
competente. O que não se admite, contudo, é o
oferecimento da denúncia com base em peças
investigatórias p roduzidas unilateralmente pelo
órgão incubido

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Id Carimbo de Tempo: 91491269758096 Data e Hora: 25/06/2014 15:09:02hs
STJ-Petição Eletrônica (RE) 00215482/2014 recebida em 25/06/2014 15:09:01 (e-STJ Fl.2069)

Machado
advogados associados

da acusaç ão no procedimento judicial criminal,


o que não é o caso, pois além de existir em outros
instrumentos de prova, estamos falando da fase
meramente investigatória. Contudo, não podem
ser mantidas as investigações criminais so b
presidência do Ministério Público, devendo ser
prosseguidas pela autoridade policial
competente” (fl. 1570).

Embora a Defesa tenha interposto recurso ordinário (fls.


1624/1639) contra a parte denegatória da decisão (posteriormente
ratificado à fl. 1641), o Parquet opôs embargos declaratórios (fls.
1604/1613) em face do acórdão primevo, os quais foram
sumariamente rejeitados pelo TJMG ao argumento de inexistênc ia
de “contradição, ambiguidade, obsc uridade, om issão ou ainda
falta de clareza ou lacuna a ser superada, ficando clara a
intenção do embargante de redisc utir o que já fora tratado
quando do julgamento do Habeas Corpus” (fl. 1617).
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

Ainda inconformado, o Ministério Público Estadual


interpôs Recurso Especial (fls. 1725/1748) sob a alegação de
suposta contrariedade ao art. 8º, I, II, IV , V e VII, da Lei
Complementar nº 75/93, o art. 26, I, a, b e c, II e IV, da Lei nº
8.625/93, e o art. 4º, parág. único, do Código de P rocesso Penal,
bem como Recurso Extraordinário (fls. 1750/1770) ao argumento
de suposta negativa de vigência ao art. 129, I, II, VI, VIII e IX, e
ao art. 144, ambos da Constituiç ão Federal.

Devidamente contrariados (e-STJ Fl. 1719, e-STJ Fl.


1851/1865 e e-STJ Fl. 1867/1880), a Terceira Vice -P residente do
TJMG admitiu o Especial (e -STJ Fl. 1882/1884) e determinou o
sobrestamento do Extraordinário até a dec isão do RE
593.727/MG (e-STJ Fl. 1886), autos nos quais o Supremo

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Id Carimbo de Tempo: 91491269758096 Data e Hora: 25/06/2014 15:09:02hs
STJ-Petição Eletrônica (RE) 00215482/2014 recebida em 25/06/2014 15:09:01 (e-STJ Fl.2070)

Machado
advogados associados

Tribunal Federal já reconheceu a existência de repercussão geral


da discussão ac erca da legitimidade de investigações capitaneadas
pelo Ministério Público.

Colhido o Parecer da Procuradoria -Geral da República (e-


STJ Fl. 1901/1910), os autos foram conclusos ao Eminente Relator,
Min. Marco Aurélio Bellizze, que, em decisão monocrátic a
publicada no dia 17 de dezembro de 2012, concluiu pela
legitimidade das investigações realizadas unilateralmente e deu
“provimento ao recurso especial ministerial para cassar a ordem
de habeas corpus concedida, julgan do prejudicado o exame do
recurso ordinário interposto ”.

Os Recorrentes, então, c iente s de que 3 (três) questões de


ordem públic a não haviam sido analisadas pela decisã o
monocrática, tom aram o cuidado de opor embargos de declaração
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

aduzindo, em síntese:

- como primeira questão de ordem, a


intempestividade do recurso espec ial aviado
pelo Ministério Público do Estado de Minas
Gerais;

- como segunda questão de ordem, a


inaplicabilidade do art. 557 -A, § 1º, do Código de
Processo Civil ao presente caso, sendo esta
hipótese exatamente aquela a que se refere o §
5º, do art. 27 da Lei nº 8.038, razão pela qual

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STJ-Petição Eletrônica (RE) 00215482/2014 recebida em 25/06/2014 15:09:01 (e-STJ Fl.2071)

Machado
advogados associados

os autos deveriam ser remetidos ao Supremo


Tribunal Federal;

- como terceira questão de ordem, a


necessidade de ap reciação do recurso
ordinário-constitucional em habeas corpus
preferencialmente ao Recurso Especial
aviado pelo Ministério Público, até mesmo
pela natureza extraordinária deste último
- (pressupondo o esgotamento das vias
recursais ordinárias, como o caso do recurso
ordinário).

Rejeitados os embargos pelo Eminente Ministro Relator,


os ora Recorrentes cuidaram de opor novos embargos de
declaração em razão de divergência fática constatada n o decisum .
Rejeitados também esses embargos, interp useram agravo
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

regimental reiterando as questões de ordem pública e, no mérito,


pugnando p elo p rovimento do recurso em razão de ao Ministério
Público Federal não terem sido conferidos poderes
investigatórios, ao contrário do que até então havia decidido o
STJ.

Em sessão de julgamento realizada no dia 24 de abril de


2014, a Quinta Turma conheceu do recurso defensivo mas negou -
lhe provimento em acórdão que restou assim ementado:

“AGRAVO R EGIMEN TAL N OS EMB ARGOS DE


DECLARAÇÃO NOS EMBAR GOS DE DE CLARAÇÃO
NO RECURSO ESPECIAL. PROCESS O PENAL .
INVESTIGAÇÃO CONDUZIDA PELO
MINISTÉRIO PÚBLICO . POSSIBILIDADE .
JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA DO SUPERIO R
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DECISÃO MON OCRÁTICA .
ART.557 -A DO CPC. AR T. 27, § 5º , DA LEI N .
8.0 38/90 . INAPLICABILIDA DE. AUSÊNCIA DE
QUESTÃO PREJU DICIAL NO RECURSO
EXTRAOR DINÁRI O. A GRAVO IMPROVI DO.

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STJ-Petição Eletrônica (RE) 00215482/2014 recebida em 25/06/2014 15:09:01 (e-STJ Fl.2072)

Machado
advogados associados

1. Inex istindo qualquer matéria pre judic ia l no recurs o


extraordinár io em r elaç ão ao esp ecia l, nã o se mostr a
possível ap licar o disposto no art . 27 , § 5 º, da Le i n .
8.0 38/90 .

2. A jurisprudência do Superior Tribunal de


Justi ça possui entendimento pacífi co n o
sentido de ser possível ao Ministér io Público
instaurar pro cediment o administrat ivo e
conduzir diligên cias investigatóri as, podend o
requisit ar documentos e inform açõ es que
entender necessári os ao exercício de suas
atribu içõ es , c ircunstâ ncia que viab il iza , incl usive , o
jul gamento monocrát ico do recurso espec ial ,
consoante o disposto no art. 55 7 -A, § 1º, do CPC.

3. A gravo re gimenta l a q ue s e ne g a provimento ”


(Grifos nossos).

Ciente de que o acórdão desafiava inúmeros dispositivos


constituc ionais, em especial a divisão de tarefas estatuída pela
Carta Magna entre Polícia Judiciária e Ministério Públic o, a
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

Defesa opôs embargos de declaração com o n ítido propósito de


satisfazer o requisito do prequestionamento. E mesmo diante da
rejeição desses embargos, é certo que seu desiderato foi
integralmente cumprido, oc asião em que a Quinta Turma do
Colendo Sup erior Tribunal de Justiça reafirmou a possibilida de do
MP investigar o cometimento de crimes diretamente, posição que
se crê ser manifestamente contrária ao regramento constitucional.

E assim, delimitadas as ofensas constitucionais, p elo que


afastada a incidênc ia da Súmula nº 356 deste Supremo Tribunal
porque atendido o requisito do prequestionamento, interpõe -se o
presente RECURSO EXTRAORDINÁRIO , com fulcro no art.
102, III, a da CF/88, com o nítido escopo de fazer valer as
atribuições constitucionalmente estabelecidas à polícia

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STJ-Petição Eletrônica (RE) 00215482/2014 recebida em 25/06/2014 15:09:01 (e-STJ Fl.2073)

Machado
advogados associados
judiciária e ao Ministério Público, verdadeiras garantia s
constituc ionais insculp idas nos arts. 129, I, II, V I, VIII e IX, 144,
§ 4º e 5º, LIV e LV da Constit uição Federal de 1988.

DEMONSTRAÇÃO DO CABIMENT O DO RECURSO


EXTRAO RDINÁRIO E DE SUA REPERCUSSÃO GE RAL

O presente Recurso Extraordinário é interposto contra


acórdão proferido em sede de embargos de declaração em agravo
regimental em recurso esp ecial inter p osto pelo Ministério Públic o
do Estado de Minas Gerais, cujo provimento pelo Superior
Tribunal de Justiça acabou por contrariar dispositivos
constituc ionais expressamente susc itados e questionados na
decisão recorrida.

A hipótese é adequada aos termos do art. 102, III, a, da


CF, que atribui comp etência ao STF para o julgamento, mediante
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

recurso extraordinário, das causas decididas em única ou última


instância, vez que a decisão recorrida contraria dispositivos
basilares da Constituição Federal, a saber: arts. 129, I, II, VI,
VIII e IX, 144, § 4º e 5º , L IV e L V da Constituição Federal de
1988.

Com efeito, o Ministério Público, a quem incumbe


fiscalizar a apuração policial e promover a ação penal (vale dizer,
é parte no processo), arvorou -se a autoridade policial,
promovendo, por sua p róp ria conta e risco, uma afoita e inane
“investigação”, no âm bito do que se denominou de “P rocedimento
Investigatório Criminal”, quando se recomendava, data venia ,
apuraç ão cautelosa e detalhada dos fatos.

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STJ-Petição Eletrônica (RE) 00215482/2014 recebida em 25/06/2014 15:09:01 (e-STJ Fl.2074)

Machado
advogados associados
A índole constitucional da matéria versada já se mostrav a
presente desde o primeiro instante processual, vez q ue a
impetração originária junto ao Tribunal de Justiça do Estado de
Minas Gerais questionava justamente atribuição não conferida ao
Parquet pela Constituição Federal, qual seja, a de realizar
investigações de crimes diretamente.

E mais: em diversas op ort unidades os impetrante s


sustentaram que o presente processado era nulo por ofensa
constituc ional não só às atribuições institucionais como acima
delineado, mas também aos princíp ios do devido processo legal,
do contraditório e da simétrica paridade, notada mente porque
admitia a particip ação de uma parte processual – de quem não se
exige imparcialidade – na investigação e na apuração dos fato s
tidos como delituosos.

A despeito de tal advertência, o Superior Tribunal de


Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

Justiç a, por intermédio da decisão mon ocrática proferida p elo


Eminente Ministro Marco Aurélio Belizze, acabou dando
provimento ao recurso espec ial aviado pelo Ministério Públic o nos
seguintes termos:

“Tenho que o a pelo espec ial mer ece prov imento.


Isso porque , de acordo com a pac íf ica jur isprud ênc ia
do Super ior Tr ibunal de Just iça , o Ministéri o
Público possui a prerr ogat iva de instaurar
processo administrativo de investig ação e de
conduzir diligências invest igató rias, nos
termos do art. 129, incisos VI, VII, VIII e IX, da
Constitui ção Federal .
[...]
Cumpre consider ar, a in da, por oport uno, que a
atuação do M inist ério P úblico , no contexto da
invest igaç ão pe nal , lon ge de comprometer ou de
reduzir as atrib uições de índo le f un cional das
autoridades pol iciais - a quem sempr e caberá a
presidênc ia do in quér ito po lic ial -, rep resenta , na
realida de, o ex ercíc io concreto de uma at ivida de

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STJ-Petição Eletrônica (RE) 00215482/2014 recebida em 25/06/2014 15:09:01 (e-STJ Fl.2075)

Machado
advogados associados
típ ica de coop eração , que, em últ ima anál ise ,
mediant e a req uis ição de el ementos inf ormativos e
acompanhamento de dil igênc ias investiga tórias, a lém
de outras me didas de c olaboração , promove a
convergênc ia de do is importantes órgã os estatais
incumbidos, ambos, da persec ução p enal e da
concernente ap uração da ver da de re al .
Também enten do que se revela
constit uci onalment e líci to , ao Minist é rio Públ ico,
promover, por a utoridad e própr ia, atos de
invest igaç ão pen al , respe ita das - não obstante a
unilatera lidade desse procedimento inve stigatór io -
as limit ações que incidem sobre o Estado em tema de
persecuç ão pe nal .
[...]
Lembremo -nos, no pormenor, que a Co nstitui ção
Federal de 198 8 foi instrumento de dec is iva
consolidação jurídico - inst ituc iona l do Ministér io
Público . Ao disp ensar - lhe s in gul ar tratamento
normativo, a Carta Pol ític a re dese nhou - lhe o p erfil
constituc ional , outor gou - lhe atribuições
inderrogáve is, ampl iou -lhe as funções jur ídicas e
desfer iu garant ias iné ditas à Inst ituição e aos
membros que a int egram.
Entendo , por isso mesmo, que o poder de inv estigar ,
em sede pen al, também compõe o complexo de funçõe s
instit ucio nais do Min istér io Públ ico, pois esse poder
se acha instr umentalment e vocac iona do a tornar
efetivo o ex ercíc io, por ess a Instit uição , das
compe tências que lhe for am out or gadas pelo
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

própri o tex to constitu cion al .


É por isso que , a me u ver, r eveste -s e de integr al
legitimida de a insta uração , p elo própr io Ministér io
Público , de inv estigação p enal , atr ibuiç ão que lhe
permite a dotar as medidas necess árias ao fie l
cumprimento de suas f unções inst ituc ionais, bem
assim ao pleno e xercíc io das compe tênci as que lhe
foram expr essamente ou torgad as pela
Constitui ção Federal . Traç ados ess es vetores
interpr etat ivos, é de se reconhecer a v iolação aos
dispos itivos legais in dic ados no prese nte rec urso
espec ial , por parte do Trib unal de origem , porquanto
determino u o tranc amento da ação p enal sob o
fundamento da impossib il idade de o Parq uet proceder
às inv estigações cr imina is.
Nem se diga, por outro la do, que o reconh ecimento do
poder invest igatório do Min istério Públ ic o, frustrou,
comprometeu ou, a in da, afeto u a garantia do
contraditór io estabe lec ida em favor do in vestigado.
É que essa fun damenta l gara ntia o ut orgada aos
acusados não inc ide n a esf era pré -pr ocessual da
persecuç ão pen al, e is que o seu domín io abrange ,
somente, o proc esso pen al insta urado em juízo .

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STJ-Petição Eletrônica (RE) 00215482/2014 recebida em 25/06/2014 15:09:01 (e-STJ Fl.2076)

Machado
advogados associados
Cumpre relembrar, neste ponto, que a investigação
penal , enq uanto proce dime nto e xtrajudicial , não se
processa, em funç ão de sua pró pria n atureza , sob o
crivo do contraditório , que somente em juízo se torna
plename nte e xigív el.
[...]
Dessa forma, v erif ica da a contr arieda de aos
dispos itivos l ega is indica dos no presen te recurso ,
deve o acórdão recorrido ser cassa do a fim de que se ja
dene ga da a or dem de hab eas cor p us, fica ndo
prejudicado o exame do r ecurso or din ário inter posto
pelos recorr idos.
Ante o exposto , nos termos do art . 557 , § 1º -A , do
Código de Processo C ivil , dou provimento ao recurso

espec ial p ara cassar a ordem de habeas corpus


concedida , julgando prejudica do o exame do recurso
ordinár io interposto” (Gr ifos nossos).

Àquela altura o status constituc ional da matéria posta


em discussão já se mostrava inconteste, algo reconhec ido inclusive
pelo próp rio Ministro Relator do Recurso Espec ial em sua
fundamentaç ão (confira -se os trec hos da transcriç ão acima
grifados). Registre -se, por oportuno, que os ora Recorrentes fez
questão de consignar que por este motivo a presente hi pótese
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

reclamava p ronunciamento do STF p refac ialmente ao do STJ, na


esteira do que prevê o §5º do art. 27 da Lei nº 8.038/90,
providência que foi negada tanto pelo próprio Relator quanto pelo
Órgão Colegiado.

De qualquer forma, dando sequência às providên cia s


indispensáveis à apresentação do apelo raro, a Defesa aviou o
recurso de agravo regimental no intuito de provoc ar a expressa
manifestaç ão da Quinta Turma do STJ acerca do tema.

Em julgamento realizado no dia 24 de abril do corrente


ano, o recurso em questão foi improvido em recurso assim
ementado:

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STJ-Petição Eletrônica (RE) 00215482/2014 recebida em 25/06/2014 15:09:01 (e-STJ Fl.2077)

Machado
advogados associados
“AGRAVO R EGIMEN TAL N OS EMB ARGOS DE
DECLARAÇÃO NOS EMBAR GOS DE DE CLARAÇÃO
NO RECURSO ESPECIAL. PROCESS O PENAL .
INVESTIGAÇÃO CONDUZIDA PELO
MINISTÉRIO PÚBLICO . POSSIBILIDADE .
JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA DO SUPER IO R
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DECISÃO MON OCRÁTICA .
ART. 5 57-A DO CPC. A RT. 27 , § 5º , DA LEI N.
8.0 38/90 . INAPLICABILIDA DE. AUSÊNCIA DE
QUESTÃO PREJU DICIAL NO RECURSO
EXTRAOR DINÁRI O. A GRAVO IMPROVI DO.
1. Inex istindo qualquer matéria pre judic ia l no recurs o
extraordinár io em r elaç ão ao esp ecia l, nã o se mostr a
possível ap licar o disposto no art . 27 , § 5 º, da Le i n .
8.0 38/90 .
2. A jurisprudência do Superior Tribunal de
Justi ça possui entendimento pacífi co n o
sentido de ser possível ao Ministér io Público
instaurar pro cediment o administrat ivo e
conduzir diligên cias investigatóri as, podend o
requisit ar documentos e inform açõ es que
entender necessári os ao exercício de suas
atribu içõ es , c ircunstâ ncia que viab il iza , incl usive , o
jul gamento monocrát ico do recurso espec ial ,
consoante o disposto no art. 55 7 -A, § 1º, do CPC.
3. A gravo re gimenta l a q ue s e ne ga provimento ”
(Grifos nossos).

Naquela ocasião, o Eminente Relator rep isou toda a


Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

argumentação relativa ao mérito reafirmando ao Ministério


Público ter sido conferida atribui ção no sentido de investigar
diretamente o cometimento de crimes.

E no intuito de elidir de uma vez por todas qualquer óbice


à abertura da instância excepcional, a Defesa ainda cuidou de opor
embargos de declaração, os quais foram rejeitados nos seguintes
termos:

“PENAL E PROCESSO PENAL. EMB ARGOS DE


DECLARAÇÃO NO AGRAVO RE GIME NTAL NOS
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EM BARGOS DE
DECLARAÇÃO NO RECURSO ESP ECIAL. 1.
IRRESIGNAÇÃO QUANTO AO MÉR ITO. NÃ O
CABIMENTO DE EMBARGOS . RECURSO DE
FUNDAMENTAÇÃO MOTIVADA . A RT. 6 19 DO CPP .
OMISSÃO, OBSCURIDA DE, AMBIGUI DA DE OU

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STJ-Petição Eletrônica (RE) 00215482/2014 recebida em 25/06/2014 15:09:01 (e-STJ Fl.2078)

Machado
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CONTRADIÇÃO . NÃ O VERIFICAÇÃO. 2. EMBARGO S
REJEITADOS.
1. Os embargos de declar ação são c abíve is qua ndo a
decis ão embargada se mostrar ambígua, obscura ,
contraditór ia ou omiss a, conforme disc iplin a o art.
619 do Código de Processo Pen al. Porta nto, a mer a
irresignaç ão com o enten dimento apre sentado n a
decis ão, v isan do, assim, a reversão do julgado, nã o
tem o condão de viab il izar a oposição dos a claratórios.
2. É cedi ço que a anál ise de matéri a
constit uci onal não é de comp etê ncia dest a
Corte, mas, sim, do Supremo Tribunal Federal ,
por expr essa determinação da Car ta Magna.
Inviável, assim, o e xame de ofensa a
dispositivos e princípios const itu cionais em
recurso espe cial , ainda que par a fins de
prequest ionament o, sob pena de usurpação d a
compe tência reserv ada à Cor te Supr ema .
3. Embargos de decl aração re jeit ados” (Grifo s
nossos).

E no tocante à repercussão geral do presente recurso


extraordinário, inovação trazida à lume com o advento da Emenda
Constituc ional n. 45/2004 e na Lei nº 11.418/06 (também
aplicável à esfera criminal, c onsoante decidido por este Tribunal
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

na Questão de Ordem no Agravo de Instrumento nº 664.567 -


2/RS), já se acredita estar ela plenamente atendida, mormente
quando constitui atribuição deste Supremo Tribunal, guardião
máximo da Constituição Federal e dos preceitos nela insc ritos,
zelar pela legalidade da persecução penal e pela estrita
observância das competência atribuídas pelo Poder Constituinte
Originário a cada um das instituições.

No mesmo sentido, constata -se que resta atendido o


disposto no artigo 543 -A do Código de Processo Civil, tendo em
vista que, in casu , indiscutivelmente se tem a existência, de questões
relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que
ultrapassam os interesses subjetivos da causa.

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STJ-Petição Eletrônica (RE) 00215482/2014 recebida em 25/06/2014 15:09:01 (e-STJ Fl.2079)

Machado
advogados associados
Em harmonia com o artigo 102, parágrafo 3 o da atual
Constituição Federal, o objeto do presente raro, portanto,
tran scende os interesses subjetivos dos envolvidos e constitui
discussão de extrema relevânc ia no meio jurídico, porquanto a
matéria é tormentosa e ainda não houve pronunciamento
definitivo por p arte desta Colenda Corte.

Nesse sentido, veja-se que este Supremo Tribunal Federal


já reconheceu a rep ercussão geral da discussão em comento,
conforme se verific a do seguinte julgado:

EMENTA: RECURSO. Extraordinário.


Ministério Públic o. Poderes de
invest igação. Q uestão da ofensa aos arts .
5º, incs. LIV e LV, 129 e 144, da
Constituição Federal. Relevância.
Repercussão geral reconhecida . Apresenta
repercussão geral o recurso extraordinário qu e
verse sobre a questão de constitucionalidade, ou
não, da realização de procedimento
investigatório criminal pelo Ministério Público”
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

(Recurso Extraordinário nº 593.727/MG – Rel.


Min. Cezar Peluso – Dje24.09.09 – Grifos
nossos).

Destarte, como se vê, o Recurso Extraordinário é


perfeitamente cabível, foi tempestivamente interposto, versa
sobre questões constitucionais submetidas a prequestionamento
perante o Superior Tribunal de Justiç a, merecendo ser conhecido
e provido pelo Excelso Sup remo Tribunal Federal, que haverá de
restabelecer a força e a unidade da Constituiç ão Federal e do
Estado Democ rático de Direito.

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Machado
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RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO
RECORRIDA. PELO PROVIMENTO DO RECURSO
EXTRAO RDINÁRIO

Com a devida venia, não agiu com o costumeiro acerto o


d. Superior Tribunal de Justiça.

A questão fulc ral levantada e repetida pelos R ecorrentes


durante toda a marcha p rocessual diz resp eito à nulidade de toda
a investigação realizada nos presentes autos em virtude da
flagrante ofensa constitucional que representa a admissão de
investigação levada a cabo exclusivamente pelo Ministério
Público.

Ao contrário do que restou decidido até aqui, ao


Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

Ministério Públic o não foram conferidos poderes de


invest igação, sendo que sua atuação anterior à propositura da
ação penal está a revelar um caráter autoritário, de precedente tão
antigo quanto incompatível com o Estado Democ rático de Direito.

O Poder Constituinte originário dispôs exp ressament e


(art. 144, § 4º, CF/88) que “ às policiais c ivis, dirigidas por
delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a
competência da União, as funções de polícia judic iária e a
apuração de infrações penais, exceto militare s ”. Ao Ministério
Público, por sua vez, foi dada a titularidade da ação penal

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Machado
advogados associados
pública (art. 129, I, da CF/88), mas jamais a atribuição
concorrente de investigar eventuais p rátic as de inf rações penais.

In casu, verificada pelo Ministério Público a mera


possibilidade do cometimento de crimes no âmbito da
administração da empresa Hipolabor Farmacêutica Ltda (e diga -
se que a denúncia anônima ap resentada à Procuradoria -Geral de
Justiç a do Est ado de Minas Gerais no presente caso seria pouc o
para adoção de providências), cumpriria ao d. Promotor de
Justiç a, quando muito, requisitar diligências investigatórias e/ou
a instauração de inquérito policial, tal como dispõe o inciso VII I
do art. 129 da CF/88, e não promover um “P rocedimento
Investigatório Criminal” próprio, tal como revelam as mais de 600
págin as de documentos e depoimento amealhados, tudo isso alheio
aos princípios mais comezinhos do Direito Constitucional e do
Processual Penal, em esp e cial às máximas do devido p rocesso
legal, do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LIV e LV, da
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

CF/88).

O Parquet, aliás, que é parte proc essual e, por isso


mesmo, de quem não se ex ige imparcialidade , no p resente c aso
rotulou -se de autoridade policial e promoveu, por sua conta e
risco, uma afoita e desarrazoada investigação quando, pro
veritate, os fatos recomendavam uma apuração serena e isenta a
ser realizada por quem de direito, vale dizer, a Políc ia Civil (ou
Federal, conforme o entendimento).

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Machado
advogados associados
Veja-se a advertência feita pelo P romotor de Justiç a Luiz
Gustavo Gonçalves Ribeiro em sua obra “P ersecução Penal
Democrática”:

“Não há como negar que os interesses de


determinado investigador variam ou po dem
variar de acordo com seus caprichos, refletindo
isso na lisura ou não das investigaç ões. Assim
como existem casos de abusos policiais, são
conhecidos outros por p arte de membros d o
Ministério Público, suscetíveis que são a
determinadas tentações. Afina l, os relevante s
problemas não estão nas instituições, mas nos
homens que, por vezes, se deixam ‘seduzir a
todos os tipos de influência, princ ipalmente as
nefastas influências advindas do efêmero e fugaz
poder’.
Compete ao Ministério Público, no sistem a
acusatório, trabalhar arduamente pela lisura do s
procedimentos, o que deve ocorrer de acordo
com o tamanho da confiança que lhe foi
depositada pela população em geral” ( in
Persecução penal democ rática. Belo Horizonte:
Escola Sup erior Dom Helder Câmara – ESDHC ,
2010, p. 133).
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

In casu, o “Procedimento Inve stigatório Crim inal ”


realizado pelo MP MG culminou nos p edidos (todos deferidos pelo
MM. Juiz da 2ª Vara da Comarca de Sabará/MG) de interceptação
telefônica (violaç ão ao direito à intimidade), de busca e ap reensão
(violação à inviolabilidade do domic ílio), de sequestro de bens
imóveis (violação ao direito de propriedade) e de prisão
temporária (violaç ão ao direito de locomoção), providências
invasivas que exigiam fosse delegada a tarefa de investigação à
instituição constituc ionalmente comp etente p ara tanto, vale dizer,
a Polícia Judiciária.

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Machado
advogados associados
Tudo isso está a revelar uma incômoda onipotência (ou
seria concentração de poderes?) que só o controle judicial poderia
evitar, como efetivamente o fez por intermédio do Tribunal de
Justiç a de Minas Gerais.

Afinal, o Ministério Público – que seria p arte na futura


ação penal pública – recebeu a “denúncia anônima”; instaurou
procedimento interno e sigiloso em seu próprio âmbito; requisitou
documentos (inclusive os proteg idos por sigilo bancário);
convocou pessoas ao seu gabinete, inquirindo -as diretamente e
segundo o interesse da investigaç ão; requereu e promoveu,
também em seu ambiente, escutas telefônicas, orientando e
dirigindo seus analistas a selecionar os temas e os trec hos para
degravaç ão; e, finalmente, requereu e obteve prisão temporária
(sem inquérito policial), bem como medidas cautelares de busca e
apreensão e seqüestro de bens.
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

Para completar, numa técnica que parece muito familiar


ao fasc ismo, divulgou tudo, de forma precipitada e com costumeiro
estardalhaç o, através da mídia igualmente convocada para a s
entrevistas coletivas, formando a op inião pública e condenando
pessoas físic as e jurídicas à “morte” pela desonra, posto que a
reparação jamais ocorrerá, nem mesmo pela futura absolvição.

Sob qualquer ângulo, não é dado ao Ministério Públic o


promover a investigaç ão criminal, tal como já concluiu a insigne
jurista Ada Pellegrini G rinover em artigo publicado no Boletim

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STJ-Petição Eletrônica (RE) 00215482/2014 recebida em 25/06/2014 15:09:01 (e-STJ Fl.2084)

Machado
advogados associados
nº 12 do IBCCRIM (dezembro de 2004). Na ocasião, asseverou que
embora pudessem “ser conferidas funções investigativa s
criminais” ao Ministério Público, é certo que somente através de
lei complementar tais funções poderiam ser atribuídas, de acordo
com a imposição do princípio da reserva legal (a rt. 128, § 5º, da
CF), de modo a estabelec er mínimas regras de atuação em tai s
procedimentos, tais como:

“a) a indic ação das infrações penais em qu e


caberia ao MP investigar, deixando -se claro que,
em todas elas, a investigação lhe competirá.
Afasta-se, assim, a preocup ante seleç ão de caso s
a que o órgão ministerial tem procedido,
fixando-se os crimes em que a investigação do
MP poderia ser mais eficaz do que a da Polícia;

b) o estabelecimento de regras procedimentais ,


com controles pelo juiz (como acontec e com o
inquérito policial);

c) a abertura de espaço para a defesa, que deve


poder acomp anhar as investigações, com a
previsão da presença do defensor antes e
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

durante o interrogatório, nos termos do s


dispostos nos novos arts. 185 a 196 do Código de
Processo Penal – CPP , segundo a Lei nº
10.792/03, os quais são inquestionavelment e
aplicáveis ao inquérito policial e,
consequentemente, às eventuais investigaçõe s
ministeriais” (p. 05).

Desse modo, conclui a autora:

“Sem a lei complementar acima referida, o MP


não pode exercer funções investigativas penais ”
(p. 05).

É bem verdade que este Sup remo Tribunal Federal


finalizou o julgamento do Inquérito 1968 sem uma posição

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Id Carimbo de Tempo: 91491269758096 Data e Hora: 25/06/2014 15:09:02hs
STJ-Petição Eletrônica (RE) 00215482/2014 recebida em 25/06/2014 15:09:01 (e-STJ Fl.2085)

Machado
advogados associados
definitiva sobre o tema, cuja discussão está sendo travada agora
no âmbito do Habeas Corpus nº 84.548, da relatoria do Eminente
Ministro Marco Aurélio, o qual se encontra sobrestado em razão
de um pedido de vista do d. Ministro Ricardo Lewandowski.

Independente de tais considerações, porém, o que se tem


no presente caso é uma afoita investigaç ão p romovida
unilateralmente pelo Ministério Público Estadual ao arrepio dos
dispositivos constitucionais, o que já demonstra o acerto da
decisão do Tribunal mineiro que não haveria de ser desc onstituída
pelo Superior Tribunal de Justiç a, ainda mais quando do
julgamento de recurso espec ial.

Recorra-se novamente aos dizeres de Luiz Gustavo


Gonçalves Ribeiro:
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

“Por mais importante que seja, o Ministéri o


Público não está acima da lei; não lhe compete
legislar, mas defender, com todas as forças, o
cumprimento dela p elos Poderes e órgão s
públicos. Sua atuação como investigante
representaria não apenas uma simples violação
ao ordenamento vigente, mas ao devido
processo; afinal, embevec ido pelas
investigações, certamente batalharia,
cegamente, por sua confirmação e m juízo.
Outrossim, a investigação pelo Ministéri o
Público feriria, se autorizada fosse, a paridad e
de oportunidades entre acusação e defesa, o que
constituiria verdadeira agressão aos postulado s
acusatórios. Quem investiga, direciona a s
investigações, pas sa a ter contato direto como
elementos de convencimento que na fase
processual serão discutidos e analisados. A
acumulação de funções de investigador e

promotor da ação penal pode gerar determinado


ponto de vista que tenderá a ser mantido ao
longo do procedimento, tornado o agent e

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STJ-Petição Eletrônica (RE) 00215482/2014 recebida em 25/06/2014 15:09:01 (e-STJ Fl.2086)

Machado
advogados associados
indiferente a qualquer alternativa probatória ”
(in Persecução penal democ rática. Bel o
Horizonte: Esc ola Superior Dom Helder Câmar a
– ESDHC, 2010, p. 131).

Ou seja, data maxima venia, só mesmo admitindo franc a


contrariedade às diretrizes constitucionais anunciadas pelos arts.
129 e 144 da Constituição Federal é que seria possível entender
legítimas as investigações unilaterais realizadas pelo Parquet.

E mais: até mesmo os princ ípios do devido


processo legal, contraditório e da ampla defesa (art . 5º,
LIV e LV da CF/88) restaram at ingidos , pois não se pode
admitir que determinada parte na relação proc essual – saliente -
se: de quem não é exigida a imparc ialidade - venha a arregimenta r
indícios e provas colhidos sem qualquer participação da parte
contrária e em manifesta discrep ância às diretrizes
constituc ionais.
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

Por tais razões se verifica que o v. acórdão ora recorrido,


prolatado pela C. Quinta Turma do E Superior Tribunal de Justiç a
afrontou frontalmente a Constituição Federal de 1988 ,
especificamente em seus ar ts. 129 e 144, § 4º da CF/88), bem como
nos arts. 5º, LIV e LV .

Nesses termos, alternativa não resta senão a reforma d a


decisão proferida pelo Sup erior Tribunal de Justiç a,
reconhecendo -se a ilegitimidade do MP para investigar
diretamente o cometimento de c rimes, o que importará no
restabelecimento do acó rdão proferido pelo TJMG nos presente s
autos e na declaração da inadmissibilidade de todos os elementos

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STJ-Petição Eletrônica (RE) 00215482/2014 recebida em 25/06/2014 15:09:01 (e-STJ Fl.2087)

Machado
advogados associados
de prova colhidos no referido expediente unilateral e não previsto
pela ordem constitucional.

CONCLUSÃO

Por todo o exposto, demonstradas as inúmeras, diretas e


viscerais ofensas aos dispositivos constitucionais invocados, pede -
se o CON HECIMENTO e PROVIMENTO do presente recurso,
reformando -se a r. decisão do Colendo Superior Tribunal de
Justiç a no intuito de reconhecer a inadmissibilidade da
investigação realizada unilateralmente pelo Ministério Público,
com o consequente reconhecimento da ilicitude de todos os meios
de prova arrecadados nesse contexto, única forma de fazer
prevalecer as atribuições previstas p ela Constituição Federal de
1988 (arts. 129 e 144, § 4º da CF/88), bem como os consagrado s
princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla
defesa (art. 5º, LIV e LV da CF/88).
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

Pede Deferimento.

Brasília, 25 de junho de 2014.

Rafael Freitas Machado


OAB-DF n. 20.737

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Id Carimbo de Tempo: 91491269758096 Data e Hora: 25/06/2014 15:09:02hs
STJ-Petição Eletrônica (RE) 00215482/2014 recebida em 25/06/2014 15:09:01 (e-STJ Fl.2088)

Machado
advogados associados
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/08/2014 ?s 16:55:24 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

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Id Carimbo de Tempo: 91491269758096 Data e Hora: 25/06/2014 15:09:02hs
(e-STJ Fl.2089)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1344860/MG

PUBLICAÇÃO

Certifico que foi disponibilizada no Diário da Justiça


Eletrônico/STJ em 22/08/2014 a Vista ao Recorrido para
Contra-Razões de RE e considerada publicada na data
abaixo mencionada, nos termos do artigo 4º, § 3º, da Lei
11.419/2006. Certifico, ainda, que foi intimado o Ministério
Público Federal com a expedição de Mandado de Intimação,
conforme determina a lei em vigor.
Brasilia, 25 de agosto de 2014

_______________________________________
COORDENADORIA DE RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS
*Assinado por KLEBER BENTO DA SILVA
em 25 de agosto de 2014 às 09:01:13
Documento eletrônico juntado ao processo em 25/08/2014 às 09:01:58 pelo usuário: KLEBER BENTO DA SILVA

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

CERTIDÃO

Entrega de arquivo digital dos autos representante do MPF


Dirceu Lustosa Rdrigues .

Brasília, 26 de agosto de 2014.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DE RECURSOS
EXTRAORDINÁRIOS
*Assinado por HUGO ANZOLIN DE OLIVEIRA
em 27 de agosto de 2014

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Documento eletrônico VDA10303869 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): HUGO ANZOLIN DE OLIVEIRA, COORDENADORIA DE RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS Assinado em: 27/08/2014 13:42:13
Código de Controle do Documento: E4AEC3C9-6E96-4B1E-9A5D-6D41AEE25AE9
(e-STJ Fl.2091)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

JUNTADA

Junto aos presentes autos a petição nº 294622/2014 -


CONTRARRAZÕES RE/RO .

Brasília, 29 de agosto de 2014.


Documento eletrônico juntado ao processo em 29/08/2014 às 15:07:56 pelo usuário: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DE RECURSOS
EXTRAORDINÁRIOS
*Assinado por VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR
em 29 de agosto de 2014 às 15:07:54

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
STJ-Petição Eletrônica (CRR) 00294622/2014 recebida em 28/08/2014 19:19:07 (e-STJ Fl.2092)

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

CONTRARRAZÕES A RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 169/2014/GAB/AM

Ref. RECURSO ESPECIAL Nº 1344860/MG


Colendo Superior Tribunal de Justiça
Relator : Senhor Ministro Marco Aurélio Bellizze – 5ª Turma
Recorrente : Ministério Público do Estado de Minas Gerais
Recorrido : Ildeu de Oliveira Magalhães
Recorrido : Renato Alves da Silva
Advogado : Rafael Freitas Machado

Excelentíssimo(a) Senhor(a) Ministro(a) Relator(a) e demais Ministros do Colendo


Supremo Tribunal Federal.
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/08/2014 ?s 15:07:53 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

1. A Procuradoria-Geral da República, perante essa Colenda Corte Suprema,


por meio do Órgão abaixo firmado, apresenta CONTRARRAZÕES AO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO interposto por Ildeu de Oliveira Magalhães e Renato Alves da
Silva (e-STJ fls. 2065/2087) para, ao final, requerer o seu improvimento, pelos motivos
que passa a expor.

2. Consta dos autos que os ora recorrentes impetraram habeas corpus perante
o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, por meio do qual pleitearam o
reconhecimento da ilicitude dos elementos de prova e das consequentes medidas
cautelares encerradas em procedimento investigatório realizado pelo Ministério Público
Estadual (e-STJ fls. 1/20). Ao apreciar o pleito, a Corte a quo concedeu parcialmente a
ordem, para que o procedimento criminal instaurado pelo Parquet seja remetido à
autoridade policial competente, ante o não reconhecimento do poder de investigação
ministerial (fls. 1641/1669).

Documento eletrônico e-Pet nº 798212 com assinatura digital


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STJ-Petição Eletrônica (CRR) 00294622/2014 recebida em 28/08/2014 19:19:07 (e-STJ Fl.2093)

3. Opostos embargos declaratórios pelo Ministério Público, estes foram


rejeitados (e-STJ fls. 1688/1691).

4. Contra estes acórdãos, foram manejados recurso especial (e-STJ fls.


1726/1750) e extraordinário (e-STJ fls. 1827/1847) pelo Parquet, este último sobrestado
na forma do despacho e-STJ fl. 1886. Admitidos o recurso especial na origem (e-STJ fls.
1882/1884), os autos vieram a esta Procuradoria-Geral da República, que manifestou-se
pelo provimento do REsp (e-STJ fls. 1901/1910).

5. O Exmo. Ministro Relator, por meio de decisão monocrática, deu provimento


ao recurso, “para cassar a ordem de habeas corpus concedida, julgando prejudicado o
exame do recurso ordinário interposto” (e-STJ fls. 1913/1924). Após a rejeição sucessiva
de dois embargos de declaração (e-STJ fls. 1954/1971 e 1983/1984) opostos pelos
investigados, estes interpuseram agravo regimental, tendo a Quinta Turma do Colendo
STJ negado provimento ao recurso (e-STJ fls. 2015/2025), em acórdão assim ementado:

AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS


DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSO PENAL.
INVESTIGAÇÃO CONDUZIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. POSSIBILIDADE.
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/08/2014 ?s 15:07:53 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.


DECISÃO MONOCRÁTICA. ART. 557-A DO CPC. ART. 27, § 5º, DA LEI N.
8.038/90. INAPLICABILIDADE. AUSÊNCIA DE QUESTÃO PREJUDICIAL NO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AGRAVO IMPROVIDO.
1. Inexistindo qualquer matéria prejudicial no recurso extraordinário em relação ao
especial, não se mostra possível aplicar o disposto no art. 27, § 5º, da Lei n.
8.038/90.
2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça possui entendimento pacífico no
sentido de ser possível ao Ministério Público instaurar procedimento administrativo
e conduzir diligências investigatórias, podendo requisitar documentos e
informações que entender necessários ao exercício de suas atribuições,
circunstância que viabiliza, inclusive, o julgamento monocrático do recurso
especial, consoante o disposto no art. 557-A, § 1º, do CPC.
3. Agravo regimental a que se nega provimento.

6. Opostos novos embargos por Ildeu de Oliveira Magalhães e Renato Alves


da Silva, estes foram rejeitados, nos termos da ementa abaixo transcrita (e-STJ fls.
2046/2054), verbis:

PENAL E PROCESSO PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO


REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. 1. IRRESIGNAÇÃO QUANTO AO
MÉRITO. NÃO CABIMENTO DE EMBARGOS. RECURSO DE
FUNDAMENTAÇÃO MOTIVADA. ART. 619 DO CPP. OMISSÃO, OBSCURIDADE,

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STJ-Petição Eletrônica (CRR) 00294622/2014 recebida em 28/08/2014 19:19:07 (e-STJ Fl.2094)

AMBIGUIDADE OU CONTRADIÇÃO. NÃO VERIFICAÇÃO. 2. EMBARGOS


REJEITADOS.
1. Os embargos de declaração são cabíveis quando a decisão embargada se
mostrar ambígua, obscura, contraditória ou omissa, conforme disciplina o art. 619
do Código de Processo Penal. Portanto, a mera irresignação com o entendimento
apresentado na decisão, visando, assim, a reversão do julgado, não tem o condão
de viabilizar a oposição dos aclaratórios.
2. É cediço que a análise de matéria constitucional não é de competência desta
Corte, mas, sim, do Supremo Tribunal Federal, por expressa determinação da
Carta Magna. Inviável, assim, o exame de ofensa a dispositivos e princípios
constitucionais em recurso especial, ainda que para fins de prequestionamento,
sob pena de usurpação da competência reservada à Corte Suprema.
3. Embargos de declaração rejeitados.

7. É contra este julgado que ora se insurgem os recorrentes, por meio do


presente recurso extraordinário (e-STJ fls. 2065/2087), manejado com fulcro no art. 102,
III, “a”, da Constituição Federal, aduzindo violação ao art. 129, I, II, VI, VIII e IX, art. 144,
§§ 4º e 5º, LIV e LV, da Carta Magna.

8. O presente recurso deve ser conhecido, uma vez que atende aos requisitos
de admissibilidade exigidos por esse Colendo Supremo Tribunal, sendo tempestivamente
interposto e encontrando-se a matéria devidamente prequestionada. Quanto ao novo
requisito formal de admissibilidade ao recurso extraordinário, previsto no § 2º do art. 543-
A do Código de Processo Civil, introduzido pela Lei 11.418/2006, qual seja, a
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/08/2014 ?s 15:07:53 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

demonstração da repercussão geral das questões suscitadas no recurso, verifica-se que


o recorrente apresentou análise do ponto de vista jurídico, demonstrando que a matéria
ultrapassa os limites subjetivos da causa. Também por essa razão deve ser processado o
inconformismo, em atendimento ao disposto no art. 327 do RISTF.

9. Entretanto, no mérito, o recurso não comporta provimento.

10. Com efeito, não se desconhece que o poder de investigação, nos termos do
art. 144, §1º, I e §4º, da Constituição Federal, decorre do exercício das funções da polícia
judiciária, Civil e Federal, sem que tal fato, entretanto, implique em exclusividade na
função investigatória.

11. Sobre o tema, tanto o Superior Tribunal de Justiça quanto essa Corte
Suprema já se manifestaram no sentido de ser legítima a atuação do Parquet para a
colheita de elementos probatórios para a formação de sua opinio delicti, tanto que que
não há dúvidas acerca da prescindibilidade do inquérito policial para a propositura da

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ação penal, nos termos do art. 39, §5º e art. 46, §1º, ambos do Código de Processo
Penal.

12. In casu, conforme se pode constatar a partir da leitura dos autos, a


instauração de procedimento de investigação criminal lastreou-se na necessidade de
apuração de denúncia anônima. O Órgão Ministerial atuou no sentido de solicitar
esclarecimentos para instruir a futura instauração de ação penal, agindo, como se vê, em
consonância com a missão institucional assegurada pela própria Carta Magna.

13. Destarte, não se vislumbra qualquer violação a dispositivo constitucional


apto a justificar o provimento do recurso extraordinário em questão, devendo ser mantida
a decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça, autorizando o poder investigatório
do Ministério Público, e mantendo-se, consequentemente, o seguimento do Procedimento
de Investigação Criminal em apreço, obstado pela decisão proferida em sede de Habeas
Corpus.

Ante o exposto, requer este Órgão do Ministério Público Federal seja


Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/08/2014 ?s 15:07:53 pelo usu?rio: VALNEI FERREIRA PARENTE JUNIOR

conhecido o presente recurso extraordinário, mas, no mérito, improvido, nos termos da


fundamentação anteriormente expendida.

Brasília/DF, 28 de agosto de 2014.

ALCIDES MARTINS
Subprocurador-Geral da República

AMCO

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(e-STJ Fl.2096)

Superior Tribunal de Justiça


Fls. ________
REsp 1344860/MG

CERTIDÃO

Certifico que, em cumprimento ao Mandado de Intimação nº.


000353-2014-CREX - Decisão/Vista , o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO
FEDERAL foi intimado(a) da publicação do dia 25/08/2014, com ciente
em 29/08/2014, conforme Mandado arquivado nesta Coordenadoria em
03/09/2014.

Brasília-DF, 3 de setembro de 2014.


Documento eletrônico juntado ao processo em 03/09/2014 às 13:09:26 pelo usuário: CLÁUDIA MARIA PEREIRA

COORDENADORIA DE RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS


*Assinado por CLÁUDIA MARIA PEREIRA
em 03 de setembro de 2014 às 13:07:24
Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

CONCLUSÃO

Faço estes autos conclusos para decisão à Exma. Senhora


Ministra LAURITA VAZ (Vice-Presidente) com recurso
extraordinário, de fls. 2065/2088.
Brasília, 03 de setembro de 2014.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DE RECURSOS
EXTRAORDINÁRIOS
*Assinado por JOSÉ LUIZ CUNHA ABREU, Coordenador,
em 03 de setembro de 2014

(em 8 vol. e 5 apenso(s))

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Documento eletrônico VDA10359252 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): JOSÉ LUIZ CUNHA ABREU, COORDENADORIA DE RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS Assinado em: 03/09/2014 16:26:47
Código de Controle do Documento: A4921699-EB3A-4D86-8A1B-F10D1A88AF4F
(e-STJ Fl.2098)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

RECEBIMENTO

Recebi os presentes autos no(a) COORDENADORIA DE


RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS, nesta data.
Brasília, 10 de setembro de 2014.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DE RECURSOS
EXTRAORDINÁRIOS
Documento eletrônico juntado ao processo em 10/09/2014 às 10:25:08 pelo usuário: KLEBER BENTO DA SILVA

*Assinado por KLEBER BENTO DA SILVA


em 10 de setembro de 2014 às 10:24:43

(em 8 vol. e 5 apenso(s))

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Superior Tribunal de Justiça
RE nos EDcl no AgRg nos EDcl nos EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.344.860 -
MG (2012/0198643-1)

RELATORA : MINISTRA LAURITA VAZ


RECORRENTE : ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÃES
RECORRENTE : RENATO ALVES DA SILVA
ADVOGADO : RAFAEL FREITAS MACHADO
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADOR : ALCIDES MARTINS

DESPACHO
Vistos etc.
Trata-se de recurso extraordinário interposto por ILDEU DE OLIVEIRA
MAGALHÃES e RENATO ALVES DA SILVA contra acórdão da Quinta Turma desta
Corte, no qual se entendeu que o Ministério Público, por expressa previsão constitucional,
possui a prerrogativa de instaurar procedimento administrativo e conduzir diligências
investigatórias, podendo requisitar documentos e informações que entender necessários ao
exercício de suas atribuições.
Sustenta, o recorrente, a existência de repercussão geral, bem como violação dos
arts. 5.º, incisos LIV e LV; 129, incisos I, II, VI, VIII e IX; e 144, § 4º, da Constituição
Federal.
O Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento do RE 593.727/MG,
em 27/08/2009, conferiu repercussão geral ao tema, proferindo a seguinte decisão:
"RECURSO. Extraordinário. Ministério Público. Poderes de
investigação. Questão da ofensa aos arts. 5º, incs. LIV e LV, 129 e 144, da
Constituição Federal. Relevância. Repercussão geral reconhecida. Apresenta
repercussão geral o recurso extraordinário que verse sobre a questão de
constitucionalidade, ou não, da realização de procedimento investigatório
criminal pelo Ministério Público."
Ante o exposto, nos termos do art. 328-A do RISTF, determino o sobrestamento
do presente recurso extraordinário até o julgamento do mérito do RE 593.727/MG pelo
Supremo Tribunal Federal.

Brasília (DF), 08 de setembro de 2014.

MINISTRA LAURITA VAZ

LV2.4/1.3-e
REsp 1344860 Petição : 215482/2014 C5420565153800<5191542@ C8905<0515344308@
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Superior Tribunal de Justiça
Vice-Presidente

LV2.4/1.3-e
REsp 1344860 Petição : 215482/2014 C5420565153800<5191542@ C8905<0515344308@
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(e-STJ Fl.2101)

Superior Tribunal de Justiça Fls.

RECURSO ESPECIAL 1344860 / MG (2012/0198643-1)

TERMO DE ATRIBUIÇÃO E ENCAMINHAMENTO

Atribuição

Em 20/11/2014 o presente feito, que tinha como relator o Exmo. Sr. Ministro MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, foi atribuído ao Exmo. Sr. Ministro WALTER DE ALMEIDA GUILHERME
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), QUINTA TURMA.

Encaminhamento

Aos 20 de novembro de 2014 , vão


estes autos com conclusão ao Ministro Relator.

Coordenadoria de Classificação de Processos Recursais

Recebido no Gabinete do Ministro WALTER DE ALMEIDA


GUILHERME (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP) em
_______/________/20_____.
Documento eletrônico juntado ao processo em 20/11/2014 às 15:20:53 pelo usuário: AMILAR DOMINGOS MOREIRA MARTINS
(e-STJ Fl.2102)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

JUNTADA

Junto aos presentes autos a petição nº 574734/2015 -


PETIÇÃO .

Brasília, 18 de dezembro de 2015.


Documento eletrônico juntado ao processo em 18/12/2015 às 15:46:05 pelo usuário: JOÃO ELTON DE OLIVEIRA NEVES

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DE RECURSOS
EXTRAORDINÁRIOS
*Assinado por JOÃO ELTON DE OLIVEIRA NEVES
em 18 de dezembro de 2015 às 15:45:57

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00574734/2015 recebida em 18/12/2015 10:36:47 (e-STJ Fl.2103)

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA – GERAL DE JUSTIÇA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO VICE-PRESIDENTE DO


SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RE nos EDcl no AgRg nos EDcl nos EDcl no Recurso Especial nº


1344860/MG

O Ministério Público do Estado de Minas Gerais vem, no feito


em epígrafe, requerer o fim do sobrestamento do recurso extraordinário
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/12/2015 ?s 15:45:56 pelo usu?rio: JOÃO ELTON DE OLIVEIRA NEVES

interposto por Ildeu de Oliveira Magalhães e Renato Alves da Silva, tendo


em vista que o RE 593727/MG – que trata do poder investigatório do
Ministério Público - já foi julgado pelo STF.

Ressalta-se que não é necessário o trânsito em julgado da


referida decisão para que se possa cancelar o sobrestamento do apelo raro.
Neste sentido, assim vêm decidindo os Tribunais Superiores:

TRIBUTÁRIO E PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE


REPETIÇÃO DE INDÉBITO. CONTRIBUIÇÃO
PREVIDENCIÁRIA. ART. 1º- F DA LEI 9.494/97.
INAPLICABILIDADE ÀS DEMANDAS QUE
OSTENTAM NATUREZA TRIBUTÁRIA. RESP

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA – GERAL DE JUSTIÇA
1.270.439/PR, JULGADO SOB O RITO DO ART.
543-C DO CPC. RECURSO ESPECIAL
REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA.
APLICAÇÃO DA TESE. AUSÊNCIA DE
TRÂNSITO EM JULGADO. POSSIBILIDADE. ADI
PENDENTE DE JULGAMENTO. RECURSO
ESPECIAL. SOBRESTAMENTO.
DESNECESSIDADE.
[...] 2. Esta Corte Superior já se manifestou no sentido
de que não é necessário o trânsito em julgado do
recurso apreciado sob o rito do art. 543-C do CPC para
que se possa aplicar o entendimento nele firmado.
Nesse sentido: AgRg nos EDcl no REsp 1.345.538/ES,
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/12/2015 ?s 15:45:56 pelo usu?rio: JOÃO ELTON DE OLIVEIRA NEVES

2ª Turma, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJe de


14/3/2013 e AgRg no REsp 1.327.009/RS, 4ª Turma,
Rel. Min. Luís Felipe Salomão, DJe de 19/11/2012.
3. A pendência de publicação do acórdão proferido na
ADI 4.357/DF não determina a necessidade de
sobrestamento do presente feito. Precedentes do STF.
[...] (AgRg no REsp 1396926/MG, Rel. Ministro
SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
13/05/2014, DJe 19/05/2014 – grifos nossos)

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA – GERAL DE JUSTIÇA
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL.
PROCESSUAL CIVIL. ACÓRDÃO LIVRE DE
OMISSÃO. A EXECUÇÃO FISCAL PROPOSTA
PELA UNIÃO FEDERAL E SUAS AUTARQUIAS
DEVE SER AJUIZADA PERANTE O JUIZ DE
DIREITO DA COMARCA DO DOMICÍLIO DO
DEVEDOR, QUANDO ESTA NÃO FOR SEDE DE
VARA DA JUSTIÇA FEDERAL. A DECISÃO DO
JUIZ FEDERAL QUE DECLINA DA
COMPETÊNCIA QUANDO A NORMA DO ART.
15, I DA LEI 5.010, DE 1966, DEIXA DE SER
OBSERVADA NÃO ESTÁ SUJEITA À SÚMULA
33/STJ. RESP. 1.146.194/SC, REL. MIN. ARI
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/12/2015 ?s 15:45:56 pelo usu?rio: JOÃO ELTON DE OLIVEIRA NEVES

PARGENDLER, DJE 25.10.2013, JULGADO NA


FORMA DO ART. 543-C DO CPC. AGRAVO
REGIMENTAL DESPROVIDO.
[...] 2. A pendência de julgamento dos Embargos de
Declaração opostos ao acórdão acima referido não
impede o julgamento do presente Recurso Especial,
sobretudo porque, com a publicação do respectivo
acórdão, impõe-se a sua aplicação aos casos análogos,
nos termos do art. 543-C, § 7o. do CPC, independente
do trânsito em julgado. Nesse sentido: AgRg no
AREsp 17.402/RJ, Rel. Min. TEORI ALBINO
ZAVASCKI, DJe 14.02.2012, e AgRg no REsp.

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA – GERAL DE JUSTIÇA
1.328.544/AL, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJe
04.02.2013.
[...] (AgRg no REsp 1359961/ES, Rel. Ministro
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 20/03/2014, DJe 08/04/2014 –
grifos nossos)

A manutenção do sobrestamento do recurso extraordinário


(sem o exame de sua regularidade formal pelo Tribunal de origem), quando
o próprio STF já decidiu sobre o mérito do recurso apontado como
paradigma, contraria o art. 543-B do CPC, o qual dispõe:
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/12/2015 ?s 15:45:56 pelo usu?rio: JOÃO ELTON DE OLIVEIRA NEVES

Art. 543-B. Quando houver multiplicidade de recursos


com fundamento em idêntica controvérsia, a análise da
repercussão geral será processada nos termos do
Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal,
observado o disposto neste artigo. (Incluído pela Lei nº
11.418, de 2006).
§ 1º Caberá ao Tribunal de origem selecionar um ou
mais recursos representativos da controvérsia e
encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal,
sobrestando os demais até o pronunciamento definitivo
da Corte. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA – GERAL DE JUSTIÇA
§ 2º Negada a existência de repercussão geral, os
recursos sobrestados considerar-se-ão automaticamente
não admitidos. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 3º Julgado o mérito do recurso extraordinário, os
recursos sobrestados serão apreciados pelos Tribunais,
Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais, que
poderão declará-los prejudicados ou retratar-se.
(Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 4o Mantida a decisão e admitido o recurso, poderá o
Supremo Tribunal Federal, nos termos do Regimento
Interno, cassar ou reformar, liminarmente, o acórdão
contrário à orientação firmada. (Incluído pela Lei nº
11.418, de 2006).
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/12/2015 ?s 15:45:56 pelo usu?rio: JOÃO ELTON DE OLIVEIRA NEVES

§ 5º O Regimento Interno do Supremo Tribunal


Federal disporá sobre as atribuições dos Ministros, das
Turmas e de outros órgãos, na análise da repercussão
geral. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).

Ora, o §3º do citado dispositivo é expresso no sentido de


que “Julgado o mérito do recurso extraordinário, os recursos sobrestados
serão apreciados”, nada mencionando acerca da necessidade de seu
trânsito em julgado.

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


PROCURADORIA – GERAL DE JUSTIÇA

Desta feita, considerando-se que o STF julgou o recurso


extraordinário apontado pela Vice-Presidência do STJ em sua decisão de
fls. e-STJ 2099/2100, impõe-se o fim do sobrestamento, para que os
requisitos de admissibilidade do inconformismo sejam apreciados.

Belo Horizonte, 18 de dezembro de 2015.

José Alberto Sartório de Souza


Procurador de Justiça
Petição Eletrônica juntada ao processo em 18/12/2015 ?s 15:45:56 pelo usu?rio: JOÃO ELTON DE OLIVEIRA NEVES

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Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

CONCLUSÃO

Faço estes autos conclusos para decisão à Exma. Senhora


Ministra LAURITA VAZ (Vice-Presidente) com petição de fls.
2103/2108..
Brasília, 22 de dezembro de 2015.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DE RECURSOS
EXTRAORDINÁRIOS
*Assinado por JOSÉ LUIZ CUNHA ABREU, Coordenador,
em 22 de dezembro de 2015

(em 8 vol. e 5 apenso(s))

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Documento eletrônico VDA13503070 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): JOSÉ LUIZ CUNHA ABREU, COORDENADORIA DE RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS Assinado em: 22/12/2015 16:34:40
Código de Controle do Documento: 2EC5E24B-072F-4BFE-A1E4-88D2547FEFF2
(e-STJ Fl.2110)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

RECEBIMENTO

Recebi os presentes autos no(a) COORDENADORIA DE


RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS, nesta data.
Brasília, 18 de fevereiro de 2016.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DE RECURSOS
EXTRAORDINÁRIOS
Documento eletrônico juntado ao processo em 18/02/2016 às 11:59:46 pelo usuário: CLÁUDIA MARIA PEREIRA

*Assinado por CLÁUDIA MARIA PEREIRA


em 18 de fevereiro de 2016 às 11:59:35

(em 8 vol. e 5 apenso(s))

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Superior Tribunal de Justiça
PET no RE nos EDcl no AgRg nos EDcl nos EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº
1.344.860 - MG (2012/0198643-1)

RELATORA : MINISTRA LAURITA VAZ


REQUERENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
REQUERIDO : ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÃES
REQUERIDO : RENATO ALVES DA SILVA
ADVOGADO : RAFAEL FREITAS MACHADO
INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

DESPACHO

O Ministério Público do Estado de Minas Gerais vem, por meio da petição n.º
574734/2015, requerer "o fim do sobrestamento do recurso extraordinário interposto por Ildeu
de Oliveira Magalhães e Renato Alves da Silva, tendo em vista que o RE 593727/MG - que
trata do poder investigatório do Ministério Público - já foi julgado pelo STF".(fl. 2.103).
Alega, para tanto, que "não é necessário o trânsito em julgado da referida
decisão para que se possa cancelar o sobrestamento do apelo raro" (fl. 2.103).
Em que pese o argumento apresentado, salienta-se que o § 1.º do art. 543-B, do
Código de Processo Civil, contém a seguinte determinação, litteris:
"art. 543-B. (...)
§ 1.º Caberá ao Tribunal de origem selecionar um ou mais recursos
representativos da controvérsia e encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal,
sobrestando os demais até o pronunciamento definitivo da Corte." (grifei)

Nessas condições, à luz do que dispõe o art. 328-A do Regimento Interno do


Supremo Tribunal Federal, c.c. o art. 543-B, § 1.º, do Código de Processo Civil, até que
transite em julgado o mencionado acórdão, não há como acolher o pedido ora deduzido.
Ante o exposto, MANTENHO o SOBRESTAMENTO do feito até o
julgamento definitivo, pelo Supremo Tribunal Federal, da matéria contida no RE 593.727/MG.

Brasília (DF), 16 de fevereiro de 2016.

MINISTRA LAURITA VAZ


Vice-Presidente

LV2.4/1.3-e
REsp 1344860 Petição : 574734/2015 C5420565153800<5191542@ C218:1051532050<@
2012/0198643-1 Documento Página 1 de 1

Documento eletrônico VDA13666829 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRA Laurita Vaz Assinado em: 18/02/2016 11:40:17
Código de Controle do Documento: 907690A2-95D6-4595-ADB6-0CE4E0B19657
Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

CONCLUSÃO

Faço estes autos conclusos para decisão ao Exmo. Senhor


Ministro HUMBERTO MARTINS (Vice-Presidente) em razão
do julgamento/publicação do tema 184/STF..
Brasília, 01 de fevereiro de 2018.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DE RECURSOS
EXTRAORDINÁRIOS
*Assinado por LÍGIA AUGUSTO FREITAS CAMPOS,
Coordenadora,
em 01 de fevereiro de 2018

(em 8 vol. e 5 apenso(s))

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Documento eletrônico VDA18241461 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): LÍGIA AUGUSTO FREITAS CAMPOS, COORDENADORIA DE RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS Assinado em: 01/02/2018 17:06:56
Código de Controle do Documento: F975A3B6-31E5-49AA-AC82-6CA655CE8688
(e-STJ Fl.2113)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

RECEBIMENTO

Recebi os presentes autos no(a) COORDENADORIA DE


RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS, nesta data.
Brasília, 06 de fevereiro de 2018.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DE RECURSOS
EXTRAORDINÁRIOS
Documento eletrônico juntado ao processo em 06/02/2018 às 18:56:43 pelo usuário: CLÁUDIA MARIA PEREIRA

*Assinado por CLÁUDIA MARIA PEREIRA


em 06 de fevereiro de 2018 às 18:56:16

(em 8 vol. e 5 apenso(s))

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Superior Tribunal de Justiça
18/2/5/22

RE nos EDcl no AgRg nos EDcl nos EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº


1.344.860 - MG (2012/0198643-1)

RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS


RECORRENTE : ILDEU DE OLIVEIRA MAGALHÃES
RECORRENTE : RENATO ALVES DA SILVA
ADVOGADO : RAFAEL FREITAS MACHADO - DF020737
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS
GERAIS
INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

EMENTA

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PODERES DE


INVESTIGAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. TEMA
184/STF. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONFORMIDADE
COM O ENTENDIMENTO DO STF. RECURSO A QUE SE
NEGA SEGUIMENTO.

DECISÃO

Vistos.

Cuida-se de recurso extraordinário interposto por ILDEU DE


OLIVEIRA MAGALHÃES e RENATO ALVES DA SILVA, com fundamento
no art. 102, III, alínea "a", da Constituição Federal, contra acórdão do Superior
Tribunal de Justiça assim ementado (fl. 2.015, e-STJ):

"AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO
RECURSO ESPECIAL. PROCESSO PENAL. INVESTIGAÇÃO
CONDUZIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. POSSIBILIDADE.
JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA. DECISÃO MONOCRÁTICA. ART. 557-A DO CPC.
ART. 27, § 5º, DA LEI N. 8.038/90. INAPLICABILIDADE.
AUSÊNCIA DE QUESTÃO PREJUDICIAL NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. AGRAVO IMPROVIDO.
1. Inexistindo qualquer matéria prejudicial no recurso
extraordinário em relação ao especial, não se mostra possível
aplicar o disposto no art. 27, § 5º, da Lei n. 8.038/90.
2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça possui
entendimento pacífico no sentido de ser possível ao Ministério
Público instaurar procedimento administrativo e conduzir
diligências investigatórias, podendo requisitar documentos e

REsp 1344860 Petição : 215482/2014 C5420565153800<5191542@ C047494 1<4250<5@


2012/0198643-1 Documento Página 1 de 4

Documento eletrônico VDA18292001 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Humberto Martins Assinado em: 06/02/2018 18:49:50
Publicação no DJe/STJ nº 2374 de 15/02/2018. Código de Controle do Documento: 6F3417F6-7463-4BD2-823D-495BE99AFF3C
Superior Tribunal de Justiça
18/2/5/22

informações que entender necessários ao exercício de suas


atribuições, circunstância que viabiliza, inclusive, o julgamento
monocrático do recurso especial, consoante o disposto no art.
557-A, § 1º, do CPC.
3. Agravo regimental a que se nega provimento."

Embargos de declaração rejeitados (fl. 2.046, e-STJ).

Preliminarmente, a parte recorrente alega existência de


prequestionamento e repercussão geral da matéria. No mérito, sustenta a
ocorrência de contrariedade do disposto nos arts. 5º, incisos LIV e LV, 129,
incisos I, II, VI, VIII e IX, e 144, § 4º, da Constituição da República.

Alega que, "ao contrário do que restou decidido até aqui, ao


Ministério Público não foram conferidos poderes de investigação, sendo que
sua atuação anterior à propositura da ação penal está a revelar um caráter
autoritário, de precedente tão antigo quanto incompatível com o Estado
Democrático de Direito" (fl. 2.080, e-STJ).

Contrarrazões às fls. 2.092-2.095, e-STJ.

É, no essencial, o relatório.

O presente recurso não comporta seguimento.

Discute-se nos autos o poder de investigação do Ministério


Público.

Quanto ao tema, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do


RE 593.727/MG, Rel. Min. Cezar Peluso, sob a sistemática da repercussão
geral, firmou a seguinte tese:

"O Ministério Público dispõe de competência para


promover, por autoridade própria, e por prazo razoável,
investigações de natureza penal, desde que respeitados os
direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a
qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas,
sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional
de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se
acham investidos, em nosso País, os Advogados (Lei nº 8.906/94,
art. 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem
prejuízo da possibilidade - sempre presente no Estado
democrático de Direito - do permanente controle jurisdicional
dos atos, necessariamente documentados (Súmula Vinculante nº
14), praticados pelos membros dessa Instituição."
REsp 1344860 Petição : 215482/2014 C5420565153800<5191542@ C047494 1<4250<5@
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Eis a ementa do acórdão paradigma:

"Repercussão geral. Recurso extraordinário representativo


da controvérsia. Constitucional. Separação dos poderes. Penal e
processual penal. Poderes de investigação do Ministério Público.
2. Questão de ordem arguida pelo réu, ora recorrente. Adiamento
do julgamento para colheita de parecer do Procurador-Geral da
República. Substituição do parecer por sustentação oral, com a
concordância do Ministério Público. Indeferimento. Maioria. 3.
Questão de ordem levantada pelo Procurador-Geral da
República. Possibilidade de o Ministério Público de
estado-membro promover sustentação oral no Supremo. O
Procurador-Geral da República não dispõe de poder de
ingerência na esfera orgânica do Parquet estadual, pois lhe
incumbe, unicamente, por expressa definição constitucional (art.
128, § 1º), a Chefia do Ministério Público da União. O Ministério
Público de estado-membro não está vinculado, nem subordinado,
no plano processual, administrativo e/ou institucional, à Chefia
do Ministério Público da União, o que lhe confere ampla
possibilidade de postular, autonomamente, perante o Supremo
Tribunal Federal, em recursos e processos nos quais o próprio
Ministério Público estadual seja um dos sujeitos da relação
processual. Questão de ordem resolvida no sentido de assegurar
ao Ministério Público estadual a prerrogativa de sustentar suas
razões da tribuna. Maioria. 4. Questão constitucional com
repercussão geral. Poderes de investigação do Ministério
Público. Os artigos 5º, incisos LIV e LV, 129, incisos III e VIII, e
144, inciso IV, § 4º, da Constituição Federal, não tornam a
investigação criminal exclusividade da polícia, nem afastam os
poderes de investigação do Ministério Público. Fixada, em
repercussão geral, tese assim sumulada: “O Ministério Público
dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e
por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que
respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer
indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado,
observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva
constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas
profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os
Advogados (Lei 8.906/94, artigo 7º, notadamente os incisos I, II,
III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sempre
presente no Estado democrático de Direito – do permanente
controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados
(Súmula Vinculante 14), praticados pelos membros dessa
instituição”. Maioria. 5. Caso concreto. Crime de
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responsabilidade de prefeito. Deixar de cumprir ordem judicial


(art. 1º, inciso XIV, do Decreto-Lei nº 201/67). Procedimento
instaurado pelo Ministério Público a partir de documentos
oriundos de autos de processo judicial e de precatório, para
colher informações do próprio suspeito, eventualmente hábeis a
justificar e legitimar o fato imputado. Ausência de vício. Negado
provimento ao recurso extraordinário. Maioria." (RE 593.727,
Relator Min. CEZAR PELUSO, Relator p/ Acórdão: Min.
GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 14/5/2015,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL –
MÉRITO DJe-175 DIVULG 4/9/2015 PUBLIC 8/9/2015.)

No caso dos autos, o acórdão recorrido está em conformidade com


a orientação firmada pelo Supremo Tribunal Federal, sob o rito da repercussão
geral, por ocasião do julgamento do RE 593.727/MG (Tema 184/STF).

Ante o exposto, a teor do art. 1.040, inciso I, do Código de


Processo Civil, nego seguimento ao recurso extraordinário.

Publique-se. Intimem-se.

Brasília (DF), 06 de fevereiro de 2018.

MINISTRO HUMBERTO MARTINS


Vice-Presidente

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(e-STJ Fl.2118)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1344860/MG

PUBLICAÇÃO

Certifico que foi disponibilizada no Diário da Justiça


Eletrônico/STJ em 14/02/2018 a r. decisão de fls. 2114 e
considerada publicada na data abaixo mencionada, nos
termos do artigo 4º, § 3º, da Lei 11.419/2006.
Brasília, 15 de fevereiro de 2018.

COORDENADORIA DE RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS


*Assinado por MARCIA REGINA DA SILVA ASSIS
em 15 de fevereiro de 2018 às 08:53:24
Documento eletrônico juntado ao processo em 15/02/2018 às 08:54:39 pelo usuário: MARCIA REGINA DA SILVA ASSIS

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
STJ-Petição Eletrônica (ParMPF) 00061176/2018 recebida em 20/02/2018 18:53:27 (e-STJ Fl.2119)

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL


PROCURADORIA GERAL DA REPUBLICA

Ciência de decisão nº 10.146/2018/GAB/AM

RECURSO ESPECIAL 1344860/MG

Documento assinado via Token digitalmente por ALCIDES MARTINS, em 20/02/2018 18:53. Para verificar a assinatura acesse
RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
RECORRIDO: RENATO ALVES DA SILVA E OUTROS.

RELATOR(A): MARCO AURÉLIO BELLIZZE

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 93D7F1F0.39B0F84E.724A103D.0D438766


O Ministério Público Federal está ciente da decisão de e-STJ fls.
1.913/1.924, 1.954/1.971, 1.983/1.984, 2.015/2.025, 2.046/2.054, 2.099/2.100, 2.111 e
2.114/2.117.

Brasília, 20 de fevereiro de 2018.


Petição Eletrônica juntada ao processo em 20/02/2018 ?s 18:55:42 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA

ALCIDES MARTINS
SUBPROCURADOR-GERAL DA REPUBLICA

Documento eletrônico e-Pet nº 2840903 com assinatura digital


Signatário(a): ALCIDES MARTINS NºSérie Certificado: 2306480736165271947 Pág. 1 de 1
Id Carimbo de Tempo: 3397804 Data e Hora: 20/02/2018 18:53:27hs
(e-STJ Fl.2120)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1.344.860/MG

CERTIDÃO DE TRÂNSITO

Transitado em julgado em 21/02/2018.

Brasília, 22 de fevereiro de 2018.

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DE RECURSOS
EXTRAORDINÁRIOS
Documento eletrônico juntado ao processo em 22/02/2018 às 15:10:17 pelo usuário: GUTEMBERG ASSUNÇÃO SOUZA

*Assinado por GUTEMBERG ASSUNÇÃO SOUZA


em 22 de fevereiro de 2018 às 15:10:15

(em 8 vol. e 5 apenso(s))

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
(e-STJ Fl.2121)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1344860

TERMO DE CIÊNCIA

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


intimado(a) eletronicamente em 26/02/2018 do(a) Despacho / Decisão
de fl.(s) 2114 publicado(a) no DJe em 15/02/2018.

Brasília - DF, 26 de Fevereiro de 2018

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


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(e-STJ Fl.2122)

Superior Tribunal de Justiça

REsp 1344860

TERMO DE CIÊNCIA

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL intimado(a)


eletronicamente em 26/02/2018 do(a) Despacho / Decisão de fl.(s)
2114 publicado(a) no DJe em 15/02/2018.

Brasília - DF, 26 de Fevereiro de 2018

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


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(e-STJ Fl.2123)

Superior Tribunal de Justiça


REsp 1344860/MG

TERMO DE BAIXA

Registro a baixa destes autos à(o) TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO


DE MINAS GERAIS .

Brasília - DF, 26 de fevereiro de 2018

COORDENADORIA DE RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS

*Assinado por GUTEMBERG ASSUNÇÃO SOUZA


em 26 de fevereiro de 2018 às 16:57:44
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Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.114)
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.115)
Documento recebido eletronicamente da origem (e-STJ Fl.116)
(e-STJ Fl.117)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE


MINAS GERAIS

Registrado sob o Nº único 0232238-71.2011.8.13.0000


(10000110232238004)

CERTIDÃO DE PÁGINAS ILEGÍVEIS

Certifico que nos autos físicos havia páginas ilegíveis,


que, após virtualização, adquiriram a seguinte numeração: 88.

Belo Horizonte, 14 de setembro de 2012.

__________________________________________
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

(*) Documento assinado eletronicamente


por (00390)/Douglas Álvaro Cordeiro nos termos
do Art.1º §2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
Documento recebido eletronicamente da origem

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