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ARTE NA ANTIGUIDADE (até 400): Na Antiguidade, a produção artística mais significativa para o

Ocidente é a que se desenvolve na Grécia do século V a.C. até o século V. É nesse período que
se criam os padrões estéticos que servem de base para a arte ocidental. A partir do século II
a.C., a cultura romana também passa a ter uma produção artística relevante. Sabe-se que ela
está associada à magia, à religião, à guerra, ao trabalho, ao culto do amor e às orgias. A partir
do século I, liga-se ao cristianismo. A arte desse período, chamado de Antiguidade Clássica, é
ciclicamente retomada como modelo.

Arte grega – No século VIII a.C., influenciados pelos egípcios, os gregos iniciam um período de
grandeza estética que marca toda a civilização ocidental. A escultura é, ao lado da arquitetura,
a arte mais desenvolvida. Tem como tema principal a figura humana, sempre tratada de forma
idealizada. Há grande preocupação com a proporção das formas e a representação dos
movimentos. Em geral os artistas retratam os deuses, os heróis e os atletas, personagens mais
identificados com a perfeição para os gregos. Um exemplo é Discóbolo (cerca de 450 a.C.), de
Miron. As estátuas são monumentais, feitas principalmente de mármore e bronze, e decoram
os templos e outros edifícios importantes .

Arte romana – Com a decadência da arte clássica grega, a arte romana emerge a partir do
século I a.C . De inspiração etrusca e helenística, aproxima-se mais da realidade que a arte
desenvolvida na Grécia. A arquitetura é a atividade de maior destaque. Os romanos celebram a
grandeza do Império com a construção de monumentos e edifícios públicos. Paralelamente,
desenvolve-se a pintura mural decorativa em cidades como Pompéia.

ARTE MEDIEVAL (400 a 1400): Durante a Idade Média, entre os séculos V e XV, a Igreja Católica
exerce forte controle sobre a produção científica e cultural. Essa ligação da cultura medieval
com o catolicismo faz com que os temas religiosos predominem nas artes plásticas, literatura,
música e teatro. Em todas as áreas, muitas obras são anônimas ou coletivas. Criada para
exaltar Deus e os santos católicos, a arte medieval difere da representação idealizada da
realidade, típica da Antiguidade Clássica. As obras têm aspecto ornamental, com formas
estilizadas. Predominam temas bíblicos e a simetria é a base das composições. A arte mais
desenvolvida é a arquitetura, com a construção de inúmeras igrejas. Entre os séculos VIII e X
surgem novas atividades, como a iluminura (ilustração manual de livros), a tapeçaria, a
ourivesaria e os esmaltes. Com as invasões bárbaras, a arte adquire certa descontração e
colorido. No século XII, surge a arte gótica, principal marco do período medieval. Sua origem é
incerta, mas é na França que assume suas características mais marcantes. Depois se espalha
por toda a Europa, vigorando até o século XVI. O termo gótico surge no Renascimento, com
conotação pejorativa: godo era sinônimo de bárbaro. Na pintura e na escultura, usadas
principalmente na decoração de templos, as figuras são esguias e delicadas. O tamanho dos
personagens depende de sua importância social ou religiosa. Na transição para o
Renascimento, a pintura incorpora o naturalismo e noções de perspectiva, que depois
caracterizam o classicismo. Um dos exemplos são os murais sacros do italiano Giotto (1266?-
1337), considerado o primeiro artista a assinar uma pintura.

CLASSICISMO (1300 a 1500):Tendência artística que resgata formas e valores greco-romanos


da Antiguidade Clássica, especialmente da cultura grega entre os séculos VI a.C. e IV a.C. Essa
retomada acontece várias vezes ao longo da história ocidental, inclusive na Idade Média.
Entretanto é mais intensa do século XIV ao XVI na Itália. No século XVIII, a tendência se repete
com o nome de neoclassicismo. O classicismo é profundamente influenciado pelos ideais
humanistas, que colocam o homem como centro do Universo. Reproduz o mundo real, mas
moldando-o segundo o que é considerado ideal. As obras refletem princípios como harmonia,
ordem, lógica, equilíbrio, simetria, objetividade e refinamento . A razão é mais importante que
a emoção. As adaptações aos ideais e aos problemas dos novos tempos fazem com que o
classicismo não seja mera imitação da Antiguidade. Na época renascentista, por exemplo, a
alta burguesia italiana em ascensão, na disputa por luxo e poder com a nobreza, identifica-se
com os valores laicos da arte greco-romana. Um dos nomes importantes nessa fase foram
Leonardo da Vinci (1452-1519), que foi matemático, escultor, arquiteto, físico, escritor,
engenheiro, poeta, cientista e pintor. Suas grandes obras foram inúmeras. Podemos citar O
Homem Vitruviano, em que demonstra as proporções do homem, a Monalisa e a Santa Ceia.
Outro grande nome foi Michelângelo (1475-1564) que, além de pintor, foi escultor, poeta e
arquiteto. Suas grandes obras foram as esculturas de Davi e La Pietá, e os afrescos da capela
sistina, com ênfase na Criação.

BARROCO (1600 a 1800): Inicia-se na Itália e propaga-se pela Espanha, Holanda, Bélgica e
França. Na Europa, perdura até meados do século XVIII. Atinge toda a América Latina do início
do século XVII até o fim do século XVIII. Em um período no qual a Igreja Católica tenta
recuperar o espaço perdido com a Reforma Protestante e os monarcas concedem-se poderes
divinos, a arte barroca busca conciliar a espiritualidade e a emoção da Idade Média com o
antropocentrismo e a racionalidade do Renascimento. Sua característica marcante é, portanto,
o contraste. A palavra barroco, originalmente "pérola deformada", exprime de forma
pejorativa a idéia de irregularidade. Suas obras são rebuscadas, expressam exuberância e
emoções extremas. Durante o período, além da Igreja e dos governantes, a burguesia em
ascensão patrocina os artistas. A fase final do barroco é o rococó, estilo que surge na França no
século XVIII, durante o reinado de Luís XV. Caracteriza-se pelo excesso de curvas e pela
abundância de elementos decorativos, como conchas, laços, flores e folhagens. A temática é
inspirada nos hábitos da corte e na mitologia greco-romana. As pinturas exibem contrastes de
cores e jogos de luz e sombra. A cor é mais valorizada do que a linha. As composições tendem
a ser menos centralizadas e a exibir figuras mais dinâmicas do que as renascentistas. Além dos
temas bíblicos, históricos e mitológicos, são freqüentes as naturezas-mortas, as cenas
cotidianas e os retratos da nobreza e da burguesia ascendente. Nos países católicos, vários
artistas decoram igrejas, onde é comum as pinturas dos tetos darem a ilusão de abertura para
o céu, com técnicas de perspectiva. Os principais pintores são os italianos Caravaggio e
Tintoretto, os espanhóis Velázquez (1599-1660) e El Greco, os belgas Van Dyck (1599-1641) e
Frans Hals (1581?-1666), o alemão Rubens (1577-1640) e os holandeses Rembrandt e
Vermeer (1632-1675). Na escultura, as estátuas mostram figuras com rostos contraídos pelo
sofrimento ou pelo êxtase e silhuetas rebuscadas que se contorcem em movimento extremo.
Há exagero nos relevos, predomínio de linhas curvas, drapeados nas roupas e grande uso do
dourado.

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NEOCLASSICISMO (1750 A 1840): Consistia na recuperação das formas e valores greco-


romanos da Antiguidade Clássica desenvolvida na segunda metade do século XVIII. Surgiu na
Itália, Alemanha e França e se espalhou por outros países europeus e pelos EUA, repercutindo
também no Brasil. É a segunda vez na história em que os artistas buscam inspiração nos
padrões estéticos gregos e romanos. Dos séculos XIV ao XVI, essa mesma tendência foi
chamada de classicismo, que representou uma reação à religiosidade e à subjetividade da arte
medieval. Já o neoclassicismo se opõe ao exagero emocional do barroco e a sua ligação com a
Monarquia absolutista. Baseia-se na visão científica de mundo vigente em meados do século
XVIII e nas idéias racionalistas do iluminismo e da Revolução Francesa. A arte neoclássica busca
inspiração no espírito de equilíbrio e na simplicidade que são a base da criação na Antiguidade.
Um exemplo de pintura neoclássica é O Juramento dos Horácios, do francês Jacques-Louis
David (1748-1825). Outro pintor de destaque é Dominique Ingres (1780-1867), de A Banhista.
Entre os italianos, sobressai Tiepolo (1696-1770). Na escultura domina o italiano Antonio
Canova (1757-1822), que retrata personagens contemporâneos como divindades mitológicas.
Uma de suas grandes obras é O Cupido e a Psique. Outro exemplo é a obra Pauline Borghese
como Vênus. No Brasil, a influência neoclássica está submetida ao romantismo. A composição
e o desenho seguem os padrões de sobriedade e equilíbrio, mas o colorido reflete a
dramaticidade romântica. Um exemplo é Flagelação de Cristo, de Vítor Meirelles (1832-1903).

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ROMANTISMO (1800 a 1880): Manifestou-se nas artes do final do século XVIII até o fim do
século XIX. Nasce na Alemanha, na Inglaterra e na Itália, mas é na França que ganha força e de
lá se espalha pela Europa e pelas Américas. Opõe-se ao racionalismo e ao rigor do
neoclassicismo. Caracteriza-se por defender a liberdade de criação e privilegiar a emoção. As
obras valorizam o individualismo, o sofrimento amoroso, a religiosidade cristã, a natureza, os
temas nacionais e o passado. A tendência é influenciada pela tese do filósofo Jean-Jacques
Rousseau (1712-1778) de que o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe. Também
está impregnada de ideais de liberdade da Revolução Francesa (1789). Na Espanha, o principal
expoente é Francisco de Goya (1746-1828). Na França destaca-se Eugène Delacroix (1798-
1863), com sua obra Dante e Virgílio. Na Inglaterra, o interesse pelos fenômenos da natureza
em reação à urbanização e à Revolução Industrial é visto como um traço romântico de
naturalistas como John Constable (1776-1837). O romantismo na Alemanha produz obras de
apelo místico, como as paisagens de Caspar David Friedrich (1774-1840). No Brasil, os artistas
dedicam-se a pinturas históricas, que enaltecem o Império e o nacionalismo oficial. Exemplos
são as telas A Batalha de Guararapes, de Victor Meirelles (1832-1903), e A Batalha do Avaí, de
Pedro Américo. O romantismo também influencia as obras dos pintores Araújo Porto Alegre
(1806-1879) e Rodolfo Amoêdo (1857-1941).

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NATURALISMO (1840 a 1910): Tendência das artes plásticas, da literatura e do teatro surgida
na França na segunda metade do século XIX. Manifesta-se também em outros países
europeus, nos Estados Unidos e no Brasil. Baseia-se na filosofia de que só as leis da natureza
são válidas para explicar o mundo e de que o homem está sujeito a um inevitável
condicionamento biológico e social. As obras retratam a realidade de forma ainda mais
objetiva e fiel do que no realismo. Por isso, o naturalismo é considerado uma radicalização
desse movimento. Nas artes plásticas não tem o engajamento ideológico do realismo, mas na
literatura e no teatro mantém a preocupação com os problemas sociais. Influenciados pelo
positivismo e pela Teoria de Evolução das Espécies, os naturalistas apresentam a realidade
com rigor quase científico. Objetividade, imparcialidade, materialismo e determinismo são as
bases de sua visão de mundo. Características do naturalismo existem na França desde 1840,
mas é em 1880 que o escritor Émile Zola (1840-1902) reúne os princípios da tendência em seu
livro de ensaios O Romance Experimenta. A pintura dedica-se a retratar fielmente paisagens
urbanas e suburbanas, nas quais os personagens são pessoas comuns. O artista pinta o mundo
como o vê, sem as idealizações e distorções feitas pelo realismo para expor posições
ideológicas. As obras competem com a fotografia. Em meados do século XIX, o grande
interesse por paisagens naturais leva um grupo de artistas a se reunir em Barbizon, na França,
para pintar ao ar livre, uma inovação na época. Mais tarde essa prática será adotada pelo
impressionismo. Um dos principais artistas do grupo é Théodore Rousseau (1812-1867), autor
de Uma Alameda na Floresta de L'Isle-Adam. Outro nome importante é Jean-Baptiste-Camille
Corot (1796-1875). O francês Édouard Manet (1832-1883) é um nome fundamental do
período, fazendo a ponte do realismo e do naturalismo para um novo tipo de pintura que
levará ao impressionismo. Ele retrata a realidade urbana sem muito da carga ideológica do
realismo. Influencia os impressionistas, assim como é por eles influenciado. Fora da França
destaca-se o inglês John Constable (1776-1837). No Brasil, está presente na produção dos
artistas paisagistas do chamado Grupo Grimm. Seu líder é o alemão George Grimm (1846-
1887), professor da Academia Imperial de Belas-Artes. Em 1884, ele rompe com a instituição,
que segue as regras das academias de arte e rejeita a prática de pintar a natureza ao ar livre,
sem seguir modelos europeus. Funda, então, o Grupo Grimm em Niterói (RJ). Entre seus
alunos se destaca Antonio Parreiras (1860-1945) . Outro naturalista importante é João Batista
da Costa (1865-1926), que tenta captar com objetividade a luz e as cores da paisagem
brasileira.

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REALISMO (1850 A 1922): O Realismo foi um movimento artístico que se manifestou na


segunda metade do século XIX e caracterizou-se pela intenção de uma abordagem objetiva da
realidade e pelo interesse por temas sociais. O Realismo vem competir com a fotografia, que
nessa época começava a se popularizar. O realismo representou uma reação ao subjetivismo
do romantismo. Sua radicalização rumo à objetividade sem conteúdo ideológico levou ao
naturalismo. Muitas vezes realismo e naturalismo se confundem. O engajamento ideológico
faz com que muitas vezes a forma e as situações descritas sejam exageradas para reforçar a
denúncia social. Entre os artistas brasileiros, tem maior expressão o realismo burguês, nascido
na França. Em vez de trabalhadores, o que se vê nas telas é o cotidiano da burguesia. Dos
seguidores dessa linha se destacam Belmiro de Almeida (1858-1935), autor de Arrufos, que
retrata a discussão de um casal, e Almeida Júnior (1850-1899), autor de O Descanso do
Modelo. Mais tarde, Almeida Júnior aproxima-se de um realismo mais comprometido com as
classes populares, como em Caipira Picando Fumo. Entre os pintores argentinos, cabe o
destaque à magnífica pintura Sem Pão E Sem Trabalho de Ernesto de La Carcova (1866-1927).

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IMPRESSIONISMO (1870 a 1880): Surgiu na França, no fim do século, e é tido como o marco da
arte moderna porque é o início do caminho rumo à abstração. Embora mantenha temas do
realismo, não se propõe a fazer denúncia social. Retrata paisagens urbanas e suburbanas,
como o naturalismo. A diferença está na abordagem estética: os impressionistas parecem
apreender o instante em que a ação está acontecendo, criando novas maneiras de captar a luz
e as cores. No impressionismo, continua forte a influência da fotografia. A primeira exposição
pública impressionista é realizada em 1874, em Paris. Entre os expositores está Claude Monet,
autor de Impressão: o Nascer do Sol (1872), tela que dá nome ao movimento. Outros
expoentes são os franceses Édouard Manet (1832-1883), Auguste Renoir (1841-1919) , Alfred
Sisley (1839-1899), Edgar Degas (1834-1917) e Camille Pissarro (1830-1903). Para inovar a
forma de pintar a luminosidade e as cores, os artistas dão enorme importância à luz natural.
Nos quadros são comuns cenas passadas à beira do rio Sena, em jardins, cafés, teatros e
festas. O que está pintado é um instante de algo em permanente mutação. O escultor francês
Auguste Rodin (1840-1917) foi um expoente em sua arte, e entre suas grandes obras estão O
Pensador, O Beijo e Torso. No Brasil, há tendências impressionistas em algumas obras de Eliseu
Visconti (1866-1944) , Georgina de Albuquerque (1885-1962) e Lucílio de Albuquerque (1877-
1939). Uma das telas de Visconti em que é evidente essa influência é Esperança (Carrinho de
Criança), de 1916. Características pós-impressionistas estão em obras de Eliseu Visconti, João
Timóteo da Costa (1879-1930) e nas primeiras telas de Anita Malfatti, como O Farol (1915).

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PÓS-IMPRESSIONISMO (1880 a 1890): Período que sucedeu ao impressionismo e durante o


qual ocorreram as primeiras manifestações artísticas que originaram as novas correntes de
pintura do séc. XX, como, p. ex., o expressionismo, o fovismo, o cubismo. Surgiu com a
dispersão do grupo dos impressionistas, quando alguns artistas tentam superar as propostas
básicas do movimento, desenvolvendo diferentes tendências, que foram agrupadas sob o
nome de pós-impressionismo. Nessa linha estão os franceses Paul Cézanne e Paul Gauguin
(1848-1903) que em suas telas abandona a perspectiva e delineia as figuras utilizando
contornos pretos. As cenas evocam temas religiosos e mágicos, como em Cristo Amarelo. O
principal nome do movimento é o pintor holandês Vincent van Gogh (1853-1890), criador de
obras de pinceladas marcadas, cores fortes, e formas contorcidas e dramáticas. Outros nomes
são os franceses Georges Seurat (1859-1891) e Paul Signac (1863-1935).

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SIMBOLISMO (1886 a 1922): O Simbolismo surgiu na França, no final do século XIX, mas depois
se espalhou pela Europa e chegando ao Brasil. Caracterizou-se por subjetivismo, individualismo
e misticismo. Como característica, rejeitava a abordagem da realidade e a valorização do social
feitas pelo realismo e pelo naturalismo. Palavras e personagens possuem significados
simbólicos.

Para os simbolistas a arte deve ser uma síntese entre a percepção dos sentidos e a reflexão
intelectual. Buscavam revelar o outro lado da mera aparência do real. Em muitas obras
enfatizam a pureza e a espiritualidade dos personagens. Em outras, a perversão e a maldade
do mundo. A atração pela ingenuidade faz com que vários artistas se interessem pelo
primitivismo. Destacam-se os franceses Gustave Moreau (1826-1898) e Odilon Redon (1840-
1916). A partir de 1890, o simbolismo difunde-se por toda a Europa e pelo resto do mundo. Na
Áustria ganha a interpretação pessoal do pintor Gustav Klimt (1862-1918). O norueguês Edvard
Munch concilia os princípios simbolistas a uma expressão trágica que depois faz dele
representante do expressionismo. Na França destacam-se os pintores Maurice Denis (1870-
1943) e Paul Sérusier (1864-1927), além do escultor Aristide Maillol (1861-1944). No Brasil, o
movimento influencia parte das pinturas de Eliseo Visconti e Lucílio de Albuquerque (1877-
1939). É muito marcante nas obras de caráter onírico de Alvim Correa (1876-1910) e Helios
Seelinger (1878-1965).

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PRIMITIVISMO (1886 a 1966):Foi um movimento de pintura desenvolvida por artistas de


origem popular, com pouca ou nenhuma formação técnica, desvinculada de padrões
acadêmicos e de preocupações estéticas ou temáticas vanguardistas. Refere-se a telas
consideradas ingênuas e exóticas. O rótulo surge em 1886, na França, por iniciativa de artistas
e intelectuais que, interessados em renovar a arte erudita, enaltecem criações populares
européias e de outras civilizações. Em contraste com a formação erudita, chamam os outros de
"primitivos". No século XX, a mesma preocupação leva artistas expressionistas e surrealistas a
resgatar produções visuais de crianças e doentes mentais. No Brasil, nos anos 30 e 40, artistas
ligados ao modernismo valorizam a produção de pintores populares. Cardosinho (1861-1947),
português residente no Rio de Janeiro, é incentivado por Candido Portinari. Sua tela Palhaço,
sem preocupação com as regras de proporção, exibe um palhaço com cabeça enorme cercado
de pessoas muito pequenas. Nos anos 40, os modernistas descobrem artistas depois
considerados símbolos da arte "primitiva" no país: Djanira (1914-1979), José Antônio da Silva
(1909-), Francisco da Silva (1910-) e Heitor dos Prazeres (1898-1967). A crítica é atraída não
apenas pela liberdade no uso das cores e na composição dos planos, mas também pela
temática, ligada à cultura popular. Em sua tela Cafezal (1952), Djanira retrata com cores
vibrantes uma cena de trabalhadores numa plantação de café. Em uma tela sem título de
1966, Francisco da Silva exibe animais fantásticos com cores intensas. Waldomiro de Deus e
Mestre Vitalino (Vitalino Pereira dos Santos, 1909-1963) também são considerados primitivos
e suas obras têm estreita ligação com o artesanato popular.

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ART NOUVEAU (1890 a 1910): Foi um movimento das artes plásticas e da arquitetura que
surge na Europa em torno de 1890. Preocupados em tornar mais agradáveis os objetos
industrializados, os artistas criam elementos decorativos a partir de formas animais e vegetais
estilizadas. Alguns exemplos são os desenhos florais usados em pés de ferro das máquinas de
costura, em papéis de parede, em grades de ferro fundido e em ilustrações de livros. As peças
artesanais únicas exibem os mesmos padrões. É o período de vitrais, vasos, luminárias, jóias e
móveis excêntricos e requintados. Os edifícios art nouveau possuem linhas curvas, delicadas,
irregulares e assimétricas. Mosaicos e mistura de materiais caracterizam muitas das obras
arquitetônicas, como as de Antoní Gaudí (1852-1926), o expoente do movimento na Espanha.
Com cacos de vidro e ladrilhos, ele decora construções como o Parque Güell e a Casa Milá, em
Barcelona. A Igreja da Sagrada Família é outro destaque de sua obra. Entre os símbolos do art
nouveau francês estão os vasos sinuosos de vidro de Émile Gallé (1864-1904), as jóias de
pérolas e esmalte de René Lalique (1860-1945), os cartazes de Toulouse-Lautrec (1864-1901) e
a ornamentação de entradas de algumas estações do metrô de Paris, assinadas por Hector
Guimard (1867-1934). Na Bélgica destaca-se o arquiteto Victor Horta (1861-1947). Sua obra-
prima, a Casa Tassel, em Bruxelas, é repleta de trabalhos de ferro fundido. Nos EUA, o
expoente é Louis Tiffany (1848-1933), criador de vasos de inspiração mourisca e japonesa. Pela
ousadia e riqueza, essas peças destinam-se a uma elite. Por volta de 1910, com a necessidade
de padronização e simplificação imposta pela indústria, o movimento perde força em todo o
mundo. O art nouveau ganha um nome em cada país. Na Alemanha chama-se jugendstil (estilo
de juventude) e na Itália, stile liberty. No Brasil, foi conhecido também como estilo floral, está
presente em edifícios projetados pelo francês Victor Dubugras (1868-1933?); nas construções
do sueco Karl Ekman (1866-1940), como a Vila Penteado, em São Paulo; e em gradis, portas e
móveis produzidos pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Um grande exemplo no Rio de
Janeiro é o interior da Confeitaria Colombo. Cerâmicas e cartazes do pintor Eliseu Visconti
(1866-1944) também têm inspiração art nouveau .

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EXPRESSIONISMO (1890 a 1940): Movimento artístico que se caracteriza pela expressão de


intensas emoções. As obras não têm preocupação com o padrão de beleza tradicional e
exibem enfoque pessimista da vida, marcado por angústia, dor, inadequação do artista diante
da realidade e, muitas vezes, necessidade de denunciar problemas sociais. Iniciado no fim do
século XIX por artistas plásticos da Alemanha, alcança seu auge entre 1910 e 1920. Em função
da I Guerra Mundial e das limitações impostas pela língua alemã, tem maior expressão entre
os povos germânico, eslavo e nórdico. Na França, porém, manifesta-se no fauvismo . Após o
fim da guerra, influencia a arte em outras partes do mundo. Muitos artistas estão ligados a
grupos políticos de esquerda. O principal precursor do movimento é o pintor holandês Vincent
van Gogh , criador de obras de pinceladas marcadas, cores fortes, traços expressivos, formas
contorcidas e dramáticas. Em 1911, numa referência de um crítico à sua obra, o movimento
ganha o nome de expressionismo. As obras propõem uma ruptura com as academias de arte e
o impressionismo . É uma forma de "recriar" o mundo em vez de apenas captá-lo ou moldá-lo
segundo as leis da arte tradicional. As principais características são distanciamento da pintura
acadêmica, ruptura com a ilusão de tridimensionalidade, resgate das artes primitivas e uso
arbitrário de cores fortes. Muitas obras possuem textura áspera devido à grande quantidade
de tinta nas telas. É comum o retrato de seres humanos solitários e sofredores. Com a
intenção de captar estados mentais, vários quadros exibem personagens deformados, como o
ser humano desesperado sobre uma ponte que se vê em O Grito, do norueguês Edvard Munch
(1863-1944), um dos expoentes do movimento. O expressionismo vive seu auge a partir da
fundação de dois grupos alemães: o Die Brücke (A Ponte), em Dresden, que faz sua primeira
exposição em 1905 e dura até 1913; e o Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul), em Munique,
ativo de 1911 a 1914. Os artistas do primeiro grupo, como os alemães Ernst Kirchner (1880-
1938) e Emil Nolde (1867-1956), são mais agressivos e politizados. Com cores quentes,
produzem cenas místicas e paisagens de atmosfera pesada. Os do segundo grupo, entre eles o
russo Vassíli Kandínski (1866-1944), o alemão August Macke (1887-1914) e o suíço Paul Klee
(1879-1940) , voltam-se para a espiritualidade. Influenciados pelo cubismo e futurismo,
deixam as formas figurativas e caminham para a abstração. Na América Latina, o
expressionismo é principalmente uma via de protesto político. No México, o destaque são os
muralistas, como Diego Rivera (1886-1957). A última grande manifestação de protesto
expressionista é o painel Guernica, do espanhol Pablo Picasso. Retrata o bombardeio da cidade
basca de Guernica por aviões alemães durante a Guerra Civil Espanhola. A obra mostra sua
visão particular da angústia do ataque, com a sobreposição de figuras, como um cavalo
morrendo, uma mulher presa em um edifício em chamas, uma mãe com uma criança morta e
uma lâmpada no plano central. Os filmes produzidos na Alemanha após a I Guerra Mundial são
sombrios e pessimistas, com cenários fantasmagóricos, exagero na interpretação dos atores e
nos contrastes de luz e sombra. A realidade é distorcida para expressar conflitos interiores dos
personagens. Um exemplo é O Gabinete do Dr. Caligari, de Robert Wiene (1881-1938), que
marca o surgimento do expressionismo no cinema alemão em 1919. Filmes como Nosferatu,
de Friedrich Murnau (1889-1931), e Metrópolis, de Fritz Lang (1890-1976) , traduzem as
angústias e as frustrações do país em plena crise econômica e social. O nazismo, que domina a
Alemanha a partir de 1933, acaba com o cinema expressionista. Passam a ser produzidos
apenas filmes de propaganda política e de entretenimento. No Brasil, os artistas mais
importantes são Candido Portinari , que retrata o êxodo do Nordeste, Anita Malfatti, Lasar
Segall e o gravurista Osvaldo Goeldi (1895-1961).

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MODERNISMO (1900 a 1950): Movimento vanguardista, que rompe com padrões rígidos e
caminha para uma criação mais livre, surgida internacionalmente nas artes plásticas, no início
do século XX. É uma reação às escolas artísticas do passado. Como resultado desenvolvem-se
novos movimentos, entre eles o cubismo, o dadaísmo, e o surrealismo. No Brasil, o termo
identifica o movimento desencadeado pela Semana de Arte Moderna de 1922. Em 13, 15 e 17
de fevereiro daquele ano, conferências, recitais de música, declamações de poesia e exposição
de quadros, realizados no Teatro Municipal de São Paulo, apresentam ao público as novas
tendências das artes do país. Seus idealizadores rejeitam a arte do século XIX e as influências
estrangeiras do passado. Defendem a assimilação das tendências estéticas internacionais para
mesclá-las com a cultura nacional, originando uma arte vinculada à realidade brasileira. A
partir da Semana de 22 surgem vários grupos e movimentos, radicalizando ou opondo-se a
seus princípios básicos. O escritor Oswald de Andrade e a artista plástica Tarsila do Amaral
lançam em 1925 o Manifesto da Poesia Pau-Brasil, que enfatiza a necessidade de criar uma
arte baseada nas características do povo brasileiro, com absorção crítica da modernidade
européia. Em 1928 levam ao extremo essas idéias com o Manifesto Antropofágico, que propõe
"devorar" influências estrangeiras para impor o caráter brasileiro à arte e à literatura. O
principal veículo das idéias modernistas é a revista Klaxon, lançada em maio de 1922. Uma das
primeiras exposições de arte moderna no Brasil é realizada em 1913 pelo pintor de origem
lituana Lasar Segall. Suas telas chocam, mas as reações são amenizadas pelo fato de o artista
ser estrangeiro. Em 1917, Anita Malfatti realiza a que é considerada de fato a primeira mostra
de arte moderna brasileira. Apresenta telas influenciadas pelo cubismo , expressionismo,
fauvismo e futurismo que causam escândalo, entre elas A Mulher de Cabelos Verdes. Apesar
de não ter exposto na Semana de 22, Tarsila do Amaral torna-se fundamental para o
movimento. Sua pintura é baseada em cores puras e formas definidas. Frutas e plantas
tropicais são estilizadas geometricamente, numa certa relação com o cubismo. Um exemplo é
Mamoeiro. A partir dos anos 30, Tarsila interessa-se também pelo proletariado e pelas
questões sociais, que pinta com cores mais escuras e tristes, como em Os Operários. Di
Cavalcanti retrata a população brasileira, sobretudo as classes sociais menos favorecidas.
Mescla influências realistas, cubistas e futuristas, como em Cinco Moças de Guaratinguetá.
Outro artista modernista dedicado a representar o homem do povo é Candido Portinari, que
recebe influência do expressionismo. Entre os muitos exemplos estão as telas Café e Os
Retirantes. Distantes da preocupação com a realidade brasileira, mas muito identificados com
a arte moderna e inspirados pelo dadaísmo, estão os pintores Ismael Nery e Flávio de Carvalho
(1899-1973). Merecem destaque ainda Regina Graz (1897-1973), John Graz (1891-1980),
Cícero Dias (1908-) e Vicente do Rego Monteiro (1899-1970). O principal escultor modernista é
Vitor Brecheret. Suas obras são geometrizadas, têm formas sintéticas e poucos detalhes. Seu
trabalho mais conhecido é o Monumento às Bandeiras, no Parque Ibirapuera, em São Paulo.
Outros dois escultores importantes são Celso Antônio de Menezes (1896-) e Bruno Giorgi
(1905-1993). Na gravura, o modernismo brasileiro possui dois expoentes. Um deles é Osvaldo
Goeldi (1895-1961). Identificado com o expressionismo, cria obras em que retrata a alienação
e a solidão do homem moderno. Lívio Abramo (1903-1992) desenvolve também um trabalho
com carga expressionista, porém engajado socialmente. A partir do final dos anos 20 e início
da década de 30 começam a se aproximar do modernismo artistas mais preocupados com o
aspecto plástico da pintura. Utilizam cores menos gritantes e composição mais equilibrada.
Entre eles destacam-se Alberto Guignard (1896-1962), Alfredo Volpi, depois ligado à abstração,
e Francisco Rebolo (1903-1980). O modernismo enfraquece a partir dos anos 40, quando a
abstração chega com mais força ao país.

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FAUVISMO (1905 A 1908): Movimento das artes plásticas caracterizado pela rejeição da
perspectiva linear, pelo uso arbitrário de cores puras e contrastantes e pelas formas
simplificadas e pouco semelhantes às da natureza. Começa oficialmente em 1905 com uma
exposição de jovens pintores em Paris. Eles são chamados de fauves (feras em francês) por um
crítico que considera suas obras muito agressivas. O rótulo, inicialmente pejorativo, é adotado
pelo grupo para nomear o movimento. Assim como no expressionismo, o objetivo do fauvismo
não é retratar fielmente a realidade. A meta é causar impacto, exprimindo sensações e
emoções. Por isso, além de contrário à arte tradicional, é uma reação ao impressionismo . O
fauvismo não se caracteriza pela postura de esquerda de muitos dos expressionistas alemães.
Os fauvistas concentram-se nos problemas estéticos e abrem caminho para a abstração. A
inspiração para essa forma de pintar vem de Van Gogh , Gauguin (1848-1903) e Cézanne . O
líder dos fauvistas é o francês Henri Matisse (1869-1954). Influenciado pelas artes oriental e
africana, pinta naturezas-mortas, interiores e nus femininos. Uma de suas obras-primas é A
Alegria de Viver. Outros nomes importantes são André Derain (1880-1954) e Georges Braque
(1882-1963). A partir de 1908, o grupo se dispersa. Somente Matisse se mantém fiel às bases
do fauvismo. No Brasil não existiram fauvistas no sentido mais exato do termo. Mas alguns
pintores, como Anita Malfatti, são influenciados por obras de Matisse e Braque.

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CUBISMO (1907 a 1918): Foi um movimento, sobretudo da pintura, que a partir do início do
século XX rompe com a perspectiva adotada pela arte ocidental desde o Renascimento. De
todos os movimentos deste século, é o que tem influência mais ampla. Ao pintar, os artistas
achatam os objetos, e com isso eliminam a ilusão de tridimensionalidade. Mostram, porém,
várias faces da figura ao mesmo tempo. Retratam formas geométricas, como cubos e cilindros,
que fazem parte da estrutura de figuras humanas e de outros objetos que pintam . Por isso o
movimento ganha ironicamente o nome de cubismo. As cores em geral se limitam a preto,
cinza, marrom e ocre. O movimento surge em Paris em 1907 com a tela Les Demoiselles
d'Avignon (As Senhoritas de Avignon), pintada pelo espanhol Pablo Picasso. Também se
destaca o trabalho do ex-fauvista francês Georges Braque (1882-1963). Em ambos é nítida a
influência da arte africana. O cubismo é influenciado ainda pelo pós-impressionista francês
Paul Cézanne , que representa a natureza com formas semelhantes às geométricas. Essa
primeira fase, chamada de cézanniana ou protocubista, termina em 1910. Começa então o
cubismo propriamente dito, conhecido como analítico, no qual a forma do objeto é submetida
à superfície bidimensional da tela. O resultado final aproxima-se da abstração. Na última
etapa, de 1912 a 1914, o cubismo sintético ou de colagem constrói quadros com jornais,
tecidos e objetos, além de tinta. Os artistas procuram tornar as formas novamente
reconhecíveis. Em 1918 o arquiteto francês de origem suíça Le Corbusier e o pintor francês
Ozenfant (1886-1966) decretam o fim do movimento com a publicação do manifesto Depois
do Cubismo. O cubismo manifesta-se ainda na arquitetura, especialmente na obra de
Corbusier, e na escultura. No Brasil, o cubismo só repercute no país após a Semana de Arte
Moderna de 1922. Pintar como os cubistas é considerado apenas um exercício técnico. Não há,
portanto, cubistas brasileiros, embora quase todos os modernistas sejam influenciados pelo
movimento. É o caso de Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti.

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ABSTRACIONISMO (1910 a 1960): Foi um movimento desenvolvido no início do século XX, na


Alemanha. Surge a partir das experiências das vanguardas européias, que recusam a herança
renascentista das academias de arte. As obras abandonam o compromisso de representar a
realidade aparente e não reproduzem figuras nem retratam temas. O que importa são as
formas e cores da composição. Na escultura, os artistas trabalham principalmente o volume e
a textura, explorando todas as possibilidades da tridimensionalidade do objeto. Há dois tipos
de abstração: a informal, que busca o lirismo privilegiando as formas livres, e a geométrica,
que segue uma técnica mais rigorosa e não tem a intenção de expressar sentimentos ou idéias.
No Brasil, a abstração surge com maior ênfase em meados dos anos 50. O curso de gravação
de Iberê Camargo (1914-1994) forma uma geração de gravuristas abstratos, na qual se
destacam Antoni Babinski (1931-), Maria Bonomi (1935-) e Mário Gruber (1927-). Outros
impulsos vêm da fundação dos museus de Arte Moderna de São Paulo (1948) e do Rio de
Janeiro (1949) e da criação da Bienal Internacional de São Paulo (1951). Entre os pioneiros da
abstração no Brasil, destacam-se Antônio Bandeira (1922-1967), Cícero Dias (1908-) e Sheila
Branningan (1914-). Posteriormente, artistas como Flávio Shiró (1928-), Manabu Mabe (1924-
1997), Yolanda Mohályi (1909-1978), Wega Nery (1912-), além de Iberê, praticam a abstração
informal. A abstração geométrica, que se manifesta no concretismo e no neoconcretismo
também nos anos 50, encontra praticantes em Tomie Ohtake (1913-), Fayga Ostrower (1920-),
Arcângelo Ianelli (1922-) e Samson Flexor (1907-1971).

Abstração Informal: Os artistas abandonam a perspectiva tradicional e criam as formas no ato


da pintura, utilizando-se de linhas e cores para exprimir emoções. Em geral, o que se vêem são
manchas e grafismos. O marco inicial da arte abstrata é Batalha, tela pintada em 1910 por
Vassily Kandinsky (1866-1944), russo que vivia na Alemanha. Primeiro artista a definir sua arte
como abstrata, ele leva o expressionismo para essa nova tendência. Outro importante nome
da abstração informal é o suíço Paul Klee (1879-1940). Após a II Guerra Mundial (1939-1945),
a partir da abstração informal surgem outras tendências artísticas, como o expressionismo
abstrato nos EUA e a abstração gestual na Europa e na América Latina.

Abstração geométrica: Ao criar pinturas, gravuras e peças de arte gráfica, os artistas exploram
com certo rigor técnico as formas geométricas, sem a preocupação de transmitir idéias e
sentimentos. Os principais responsáveis pelo início da abstração geométrica são o russo
Malevitch (1878-1935) e o holandês Piet Mondrian (1872-1944). A partir de 1915, ao criar
quadros em que figuras geométricas flutuam num espaço sem perspectiva, Malevitch inaugura
um movimento derivado da abstração, chamado de suprematismo (autonomia da forma). Um
de seus marcos é a tela Quadrado Negro sobre Fundo Branco. Mondrian, que no início da
década de 10 estivera próximo dos cubistas, entre os anos 20 e 40 dedica-se a pintar telas
apenas com linhas horizontais e verticais, ângulos retos e as três cores primárias (amarela, azul
e vermelha), além do preto e do branco. Para ele, essas formas seriam a essência dos objetos.
O trabalho de Mondrian influencia diretamente a arte funcional desenvolvida pela Bauhaus.
Da abstração geométrica derivam o construtivismo, o concretismo e, mais recentemente, o
minimalismo. Na escultura, destaca-se o belga Georges Vantongerloo (1886-1965).

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DADAÍSMO (1916 a 1925): Foi um movimento intelectual e artístico que se caracterizou por
uma negação às convenções, à lógica, à razão e às formas tradicionais de arte. Foi um
movimento de espírito infantil, cujo próprio nome "dada" significa cavalinho em francês, e
remete ao ludico e ao infantil. Suas principais características foram a extravagância e o humor.
Marcel Duchamp (1887-1968), pintor e escultor francês, foi o seu grande destaque. Outros
artistas do movimento foram o pintor alemão Max Ernest (1891-1976), o fotógrafo e pintor
norte-americano Man Ray (1890-1976), o pintor e escritor francês Francis Picabia (1879-1953).

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SURREALISMO (1920 a 1969): Foi um movimento artístico que surgiu na França, nos anos 20,
reunindo artistas anteriormente ligados ao dadaísmo. Fortemente influenciado pelas teorias
psicanalíticas de Sigmund Freud , enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa.
Defende que a arte deve libertar-se das exigências da lógica e expressar o inconsciente e os
sonhos, livre do controle da razão e de preocupações estéticas ou morais. Rejeita os valores
burgueses, como a pátria e a família. O principal teórico e líder do movimento é o poeta,
escritor, crítico e psiquiatra francês André Breton, que em 1924 publica o primeiro Manifesto
Surrealista. A palavra surrealismo havia sido criada em 1917 pelo poeta Guillaume Apollinaire
(1880-1918) , ligado ao cubismo, para identificar novas expressões artísticas. É adotada pelos
surrealistas por refletir a idéia de algo além do realismo. O início do movimento se dá por volta
de 1922. No manifesto e nos textos teóricos posteriores, os surrealistas rejeitam a ditadura da
razão e os valores burgueses. Humor, sonho e a contralógica são os recursos a ser utilizados
para libertar o homem da existência utilitária. Em 1929, os surrealistas publicam um segundo
manifesto e editam a revista A Revolução Socialista. Entre os artistas ligados ao grupo, em
épocas variadas, estão os escritores franceses Paul Éluard (1895-1952), Louis Aragon (1897-
1982) e Jacques Prévert (1900-1977), o escultor italiano Alberto Giacometti (1901-1960), o
dramaturgo francês Antonin Artaud , os pintores espanhóis Salvador Dalí e Juan Miró , o belga
René Magritte, o alemão Max Ernst, e o cineasta espanhol Luis Buñuel. Nos anos 30, o
movimento internacionaliza-se e influencia várias outras tendências, conquistando adeptos em
países da Europa e nas Américas. Em 1969, após sucessivas crises, o grupo dissolve-se. A
pintura pode ser considerada a principal manifestação artística do surrealismo. Rejeitada como
meio de representação do mundo concreto ou da emoção do artista, ela deve expressar o
inconsciente. O movimento divide-se em duas vertentes. Uma mantém o caráter figurativo,
mas produz formas inusitadas a partir da distorção ou justaposição de imagens conhecidas.
Um exemplo é A Persistência da Memória, de Dalí . Em um espaço representado
convencionalmente, relógios parecem estar se derretendo. Os artistas da outra vertente
radicalizam o automatismo psíquico, para que o inconsciente se expresse livremente, sem
controle da razão. Entre os expoentes estão Miró e Ernst. As telas do primeiro caracterizam-se
por composições de formas coloridas construídas com linhas fluidas e curvas, como em O
Carnaval de Arlequim e A Cantora Melancólica. Na escultura destaca-se o suíço Alberto
Giacometti (1901-1966), autor da peça de madeira, arame, fios e vidro O Palácio às Quatro da
Manhã. Os filmes não revelam preocupação com enredo ou história . As imagens expressam
desejos não racionalizados e aversão à ordem burguesa. Buñuel, em parceria com Dalí, faz Um
Cão Andaluz (1928) e L'Âge D'Or (1930). No Brasil, o surrealismo é uma das muitas influências
captadas pelo modernismo . Nas artes plásticas há traços surrealistas em algumas obras de
Tarsila do Amaral, como na tela Abaporu , e Ismael Nery, cuja tela Nu mostra uma mulher
branca de um lado e negra do outro. No início da carreira, o pernambucano Cícero Dias (1908-)
pinta Eu Vi o Mundo, Ele Começava no Recife, obra que apresenta todas as características
surrealistas. Entre os escultores o movimento influencia Maria Martins (1900-1973). Suas
peças têm caráter fantástico, como o bronze O Impossível, em que bustos humanos têm lanças
no lugar da cabeça.

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ART DECO (1920 a 1940): Foi um movimento das artes plásticas e da arquitetura que surge na
década de 20 e ganha força nos anos 30 na Europa e nas Américas. Representa a adaptação
pela sociedade de massa dos princípios do cubismo, com a manutenção de elementos
clássicos. Edifícios, esculturas, jóias, luminárias e móveis são geometrizados. Sem abrir mão do
requinte, os objetos têm decoração moderna. Mesmo quando feitos com bases simples, como
concreto armado e compensado de madeira, ganham ornamentos de bronze, mármore, prata,
marfim e de outros materiais nobres. O movimento deve seu nome à Exposição Internacional
de Artes Decorativas e Industriais Modernas, realizada em Paris, em 1925. Na mostra, obras de
nus femininos, animais e folhagens são apresentadas em cores discretas, traços sintéticos,
formas estilizadas ou geométricas. Muitas peças exibem marcas de civilizações antigas. É o
caso de uma escrivaninha de madeira laqueada, marfim e metal que reproduz um templo
asteca. Ao lado de objetos industrializados, existem peças feitas artesanalmente em número
limitado de cópias. Ao contrário do design criado pela Bauhaus, no art déco não há exigência
de funcionalidade. O estilo pode ser visto como uma tentativa de modernizar o art nouveau. O
uso de materiais menos nobres – como os primeiros plásticos, concreto armado, compensado
de madeira e aço tubular – e o início da produção em série contribuem para baixar o preço
unitário das obras. É o caso das luminárias de vidro com esculturas de bronze vendidas em
grandes lojas, criadas pelo francês René Lalique (1860-1945), um dos grandes expoentes do
movimento. Na arquitetura, as fachadas têm rigor geométrico e ritmo linear, com fortes
elementos decorativos em materiais nobres. Dois exemplos são o Empire State e o Rockefeller
Center, em Nova York. Durante a II Guerra Mundial o art déco sai de moda, mas, no fim da
década de 60, colecionadores do mundo todo voltam a se interessar pelo estilo. A art déco
chega ao Brasil em 1929, com a construção do edifício A Noite, em Copacabana, na zona sul
carioca. Alguns exemplos do estilo são o Cristo Redentor e a Estação Central do Brasil, no Rio
de Janeiro; o Elevador Lacerda, em Salvador , e o viaduto do Chá, em São Paulo. O movimento
influencia ainda artistas como o escultor Victor Brecheret (1894-1955), Vicente do Rego
Monteiro (1899-1970), John Graz (1891-1980) e Regina Graz (1897-1973). Uma obra de
Brecheret fortemente marcada pelo art déco é o Monumento às Bandeiras, em São Paulo.

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