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Ocidente é a que se desenvolve na Grécia do século V a.C. até o século V. É nesse período que
se criam os padrões estéticos que servem de base para a arte ocidental. A partir do século II
a.C., a cultura romana também passa a ter uma produção artística relevante. Sabe-se que ela
está associada à magia, à religião, à guerra, ao trabalho, ao culto do amor e às orgias. A partir
do século I, liga-se ao cristianismo. A arte desse período, chamado de Antiguidade Clássica, é
ciclicamente retomada como modelo.
Arte grega – No século VIII a.C., influenciados pelos egípcios, os gregos iniciam um período de
grandeza estética que marca toda a civilização ocidental. A escultura é, ao lado da arquitetura,
a arte mais desenvolvida. Tem como tema principal a figura humana, sempre tratada de forma
idealizada. Há grande preocupação com a proporção das formas e a representação dos
movimentos. Em geral os artistas retratam os deuses, os heróis e os atletas, personagens mais
identificados com a perfeição para os gregos. Um exemplo é Discóbolo (cerca de 450 a.C.), de
Miron. As estátuas são monumentais, feitas principalmente de mármore e bronze, e decoram
os templos e outros edifícios importantes .
Arte romana – Com a decadência da arte clássica grega, a arte romana emerge a partir do
século I a.C . De inspiração etrusca e helenística, aproxima-se mais da realidade que a arte
desenvolvida na Grécia. A arquitetura é a atividade de maior destaque. Os romanos celebram a
grandeza do Império com a construção de monumentos e edifícios públicos. Paralelamente,
desenvolve-se a pintura mural decorativa em cidades como Pompéia.
ARTE MEDIEVAL (400 a 1400): Durante a Idade Média, entre os séculos V e XV, a Igreja Católica
exerce forte controle sobre a produção científica e cultural. Essa ligação da cultura medieval
com o catolicismo faz com que os temas religiosos predominem nas artes plásticas, literatura,
música e teatro. Em todas as áreas, muitas obras são anônimas ou coletivas. Criada para
exaltar Deus e os santos católicos, a arte medieval difere da representação idealizada da
realidade, típica da Antiguidade Clássica. As obras têm aspecto ornamental, com formas
estilizadas. Predominam temas bíblicos e a simetria é a base das composições. A arte mais
desenvolvida é a arquitetura, com a construção de inúmeras igrejas. Entre os séculos VIII e X
surgem novas atividades, como a iluminura (ilustração manual de livros), a tapeçaria, a
ourivesaria e os esmaltes. Com as invasões bárbaras, a arte adquire certa descontração e
colorido. No século XII, surge a arte gótica, principal marco do período medieval. Sua origem é
incerta, mas é na França que assume suas características mais marcantes. Depois se espalha
por toda a Europa, vigorando até o século XVI. O termo gótico surge no Renascimento, com
conotação pejorativa: godo era sinônimo de bárbaro. Na pintura e na escultura, usadas
principalmente na decoração de templos, as figuras são esguias e delicadas. O tamanho dos
personagens depende de sua importância social ou religiosa. Na transição para o
Renascimento, a pintura incorpora o naturalismo e noções de perspectiva, que depois
caracterizam o classicismo. Um dos exemplos são os murais sacros do italiano Giotto (1266?-
1337), considerado o primeiro artista a assinar uma pintura.
BARROCO (1600 a 1800): Inicia-se na Itália e propaga-se pela Espanha, Holanda, Bélgica e
França. Na Europa, perdura até meados do século XVIII. Atinge toda a América Latina do início
do século XVII até o fim do século XVIII. Em um período no qual a Igreja Católica tenta
recuperar o espaço perdido com a Reforma Protestante e os monarcas concedem-se poderes
divinos, a arte barroca busca conciliar a espiritualidade e a emoção da Idade Média com o
antropocentrismo e a racionalidade do Renascimento. Sua característica marcante é, portanto,
o contraste. A palavra barroco, originalmente "pérola deformada", exprime de forma
pejorativa a idéia de irregularidade. Suas obras são rebuscadas, expressam exuberância e
emoções extremas. Durante o período, além da Igreja e dos governantes, a burguesia em
ascensão patrocina os artistas. A fase final do barroco é o rococó, estilo que surge na França no
século XVIII, durante o reinado de Luís XV. Caracteriza-se pelo excesso de curvas e pela
abundância de elementos decorativos, como conchas, laços, flores e folhagens. A temática é
inspirada nos hábitos da corte e na mitologia greco-romana. As pinturas exibem contrastes de
cores e jogos de luz e sombra. A cor é mais valorizada do que a linha. As composições tendem
a ser menos centralizadas e a exibir figuras mais dinâmicas do que as renascentistas. Além dos
temas bíblicos, históricos e mitológicos, são freqüentes as naturezas-mortas, as cenas
cotidianas e os retratos da nobreza e da burguesia ascendente. Nos países católicos, vários
artistas decoram igrejas, onde é comum as pinturas dos tetos darem a ilusão de abertura para
o céu, com técnicas de perspectiva. Os principais pintores são os italianos Caravaggio e
Tintoretto, os espanhóis Velázquez (1599-1660) e El Greco, os belgas Van Dyck (1599-1641) e
Frans Hals (1581?-1666), o alemão Rubens (1577-1640) e os holandeses Rembrandt e
Vermeer (1632-1675). Na escultura, as estátuas mostram figuras com rostos contraídos pelo
sofrimento ou pelo êxtase e silhuetas rebuscadas que se contorcem em movimento extremo.
Há exagero nos relevos, predomínio de linhas curvas, drapeados nas roupas e grande uso do
dourado.
ROMANTISMO (1800 a 1880): Manifestou-se nas artes do final do século XVIII até o fim do
século XIX. Nasce na Alemanha, na Inglaterra e na Itália, mas é na França que ganha força e de
lá se espalha pela Europa e pelas Américas. Opõe-se ao racionalismo e ao rigor do
neoclassicismo. Caracteriza-se por defender a liberdade de criação e privilegiar a emoção. As
obras valorizam o individualismo, o sofrimento amoroso, a religiosidade cristã, a natureza, os
temas nacionais e o passado. A tendência é influenciada pela tese do filósofo Jean-Jacques
Rousseau (1712-1778) de que o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe. Também
está impregnada de ideais de liberdade da Revolução Francesa (1789). Na Espanha, o principal
expoente é Francisco de Goya (1746-1828). Na França destaca-se Eugène Delacroix (1798-
1863), com sua obra Dante e Virgílio. Na Inglaterra, o interesse pelos fenômenos da natureza
em reação à urbanização e à Revolução Industrial é visto como um traço romântico de
naturalistas como John Constable (1776-1837). O romantismo na Alemanha produz obras de
apelo místico, como as paisagens de Caspar David Friedrich (1774-1840). No Brasil, os artistas
dedicam-se a pinturas históricas, que enaltecem o Império e o nacionalismo oficial. Exemplos
são as telas A Batalha de Guararapes, de Victor Meirelles (1832-1903), e A Batalha do Avaí, de
Pedro Américo. O romantismo também influencia as obras dos pintores Araújo Porto Alegre
(1806-1879) e Rodolfo Amoêdo (1857-1941).
NATURALISMO (1840 a 1910): Tendência das artes plásticas, da literatura e do teatro surgida
na França na segunda metade do século XIX. Manifesta-se também em outros países
europeus, nos Estados Unidos e no Brasil. Baseia-se na filosofia de que só as leis da natureza
são válidas para explicar o mundo e de que o homem está sujeito a um inevitável
condicionamento biológico e social. As obras retratam a realidade de forma ainda mais
objetiva e fiel do que no realismo. Por isso, o naturalismo é considerado uma radicalização
desse movimento. Nas artes plásticas não tem o engajamento ideológico do realismo, mas na
literatura e no teatro mantém a preocupação com os problemas sociais. Influenciados pelo
positivismo e pela Teoria de Evolução das Espécies, os naturalistas apresentam a realidade
com rigor quase científico. Objetividade, imparcialidade, materialismo e determinismo são as
bases de sua visão de mundo. Características do naturalismo existem na França desde 1840,
mas é em 1880 que o escritor Émile Zola (1840-1902) reúne os princípios da tendência em seu
livro de ensaios O Romance Experimenta. A pintura dedica-se a retratar fielmente paisagens
urbanas e suburbanas, nas quais os personagens são pessoas comuns. O artista pinta o mundo
como o vê, sem as idealizações e distorções feitas pelo realismo para expor posições
ideológicas. As obras competem com a fotografia. Em meados do século XIX, o grande
interesse por paisagens naturais leva um grupo de artistas a se reunir em Barbizon, na França,
para pintar ao ar livre, uma inovação na época. Mais tarde essa prática será adotada pelo
impressionismo. Um dos principais artistas do grupo é Théodore Rousseau (1812-1867), autor
de Uma Alameda na Floresta de L'Isle-Adam. Outro nome importante é Jean-Baptiste-Camille
Corot (1796-1875). O francês Édouard Manet (1832-1883) é um nome fundamental do
período, fazendo a ponte do realismo e do naturalismo para um novo tipo de pintura que
levará ao impressionismo. Ele retrata a realidade urbana sem muito da carga ideológica do
realismo. Influencia os impressionistas, assim como é por eles influenciado. Fora da França
destaca-se o inglês John Constable (1776-1837). No Brasil, está presente na produção dos
artistas paisagistas do chamado Grupo Grimm. Seu líder é o alemão George Grimm (1846-
1887), professor da Academia Imperial de Belas-Artes. Em 1884, ele rompe com a instituição,
que segue as regras das academias de arte e rejeita a prática de pintar a natureza ao ar livre,
sem seguir modelos europeus. Funda, então, o Grupo Grimm em Niterói (RJ). Entre seus
alunos se destaca Antonio Parreiras (1860-1945) . Outro naturalista importante é João Batista
da Costa (1865-1926), que tenta captar com objetividade a luz e as cores da paisagem
brasileira.
IMPRESSIONISMO (1870 a 1880): Surgiu na França, no fim do século, e é tido como o marco da
arte moderna porque é o início do caminho rumo à abstração. Embora mantenha temas do
realismo, não se propõe a fazer denúncia social. Retrata paisagens urbanas e suburbanas,
como o naturalismo. A diferença está na abordagem estética: os impressionistas parecem
apreender o instante em que a ação está acontecendo, criando novas maneiras de captar a luz
e as cores. No impressionismo, continua forte a influência da fotografia. A primeira exposição
pública impressionista é realizada em 1874, em Paris. Entre os expositores está Claude Monet,
autor de Impressão: o Nascer do Sol (1872), tela que dá nome ao movimento. Outros
expoentes são os franceses Édouard Manet (1832-1883), Auguste Renoir (1841-1919) , Alfred
Sisley (1839-1899), Edgar Degas (1834-1917) e Camille Pissarro (1830-1903). Para inovar a
forma de pintar a luminosidade e as cores, os artistas dão enorme importância à luz natural.
Nos quadros são comuns cenas passadas à beira do rio Sena, em jardins, cafés, teatros e
festas. O que está pintado é um instante de algo em permanente mutação. O escultor francês
Auguste Rodin (1840-1917) foi um expoente em sua arte, e entre suas grandes obras estão O
Pensador, O Beijo e Torso. No Brasil, há tendências impressionistas em algumas obras de Eliseu
Visconti (1866-1944) , Georgina de Albuquerque (1885-1962) e Lucílio de Albuquerque (1877-
1939). Uma das telas de Visconti em que é evidente essa influência é Esperança (Carrinho de
Criança), de 1916. Características pós-impressionistas estão em obras de Eliseu Visconti, João
Timóteo da Costa (1879-1930) e nas primeiras telas de Anita Malfatti, como O Farol (1915).
SIMBOLISMO (1886 a 1922): O Simbolismo surgiu na França, no final do século XIX, mas depois
se espalhou pela Europa e chegando ao Brasil. Caracterizou-se por subjetivismo, individualismo
e misticismo. Como característica, rejeitava a abordagem da realidade e a valorização do social
feitas pelo realismo e pelo naturalismo. Palavras e personagens possuem significados
simbólicos.
Para os simbolistas a arte deve ser uma síntese entre a percepção dos sentidos e a reflexão
intelectual. Buscavam revelar o outro lado da mera aparência do real. Em muitas obras
enfatizam a pureza e a espiritualidade dos personagens. Em outras, a perversão e a maldade
do mundo. A atração pela ingenuidade faz com que vários artistas se interessem pelo
primitivismo. Destacam-se os franceses Gustave Moreau (1826-1898) e Odilon Redon (1840-
1916). A partir de 1890, o simbolismo difunde-se por toda a Europa e pelo resto do mundo. Na
Áustria ganha a interpretação pessoal do pintor Gustav Klimt (1862-1918). O norueguês Edvard
Munch concilia os princípios simbolistas a uma expressão trágica que depois faz dele
representante do expressionismo. Na França destacam-se os pintores Maurice Denis (1870-
1943) e Paul Sérusier (1864-1927), além do escultor Aristide Maillol (1861-1944). No Brasil, o
movimento influencia parte das pinturas de Eliseo Visconti e Lucílio de Albuquerque (1877-
1939). É muito marcante nas obras de caráter onírico de Alvim Correa (1876-1910) e Helios
Seelinger (1878-1965).
ART NOUVEAU (1890 a 1910): Foi um movimento das artes plásticas e da arquitetura que
surge na Europa em torno de 1890. Preocupados em tornar mais agradáveis os objetos
industrializados, os artistas criam elementos decorativos a partir de formas animais e vegetais
estilizadas. Alguns exemplos são os desenhos florais usados em pés de ferro das máquinas de
costura, em papéis de parede, em grades de ferro fundido e em ilustrações de livros. As peças
artesanais únicas exibem os mesmos padrões. É o período de vitrais, vasos, luminárias, jóias e
móveis excêntricos e requintados. Os edifícios art nouveau possuem linhas curvas, delicadas,
irregulares e assimétricas. Mosaicos e mistura de materiais caracterizam muitas das obras
arquitetônicas, como as de Antoní Gaudí (1852-1926), o expoente do movimento na Espanha.
Com cacos de vidro e ladrilhos, ele decora construções como o Parque Güell e a Casa Milá, em
Barcelona. A Igreja da Sagrada Família é outro destaque de sua obra. Entre os símbolos do art
nouveau francês estão os vasos sinuosos de vidro de Émile Gallé (1864-1904), as jóias de
pérolas e esmalte de René Lalique (1860-1945), os cartazes de Toulouse-Lautrec (1864-1901) e
a ornamentação de entradas de algumas estações do metrô de Paris, assinadas por Hector
Guimard (1867-1934). Na Bélgica destaca-se o arquiteto Victor Horta (1861-1947). Sua obra-
prima, a Casa Tassel, em Bruxelas, é repleta de trabalhos de ferro fundido. Nos EUA, o
expoente é Louis Tiffany (1848-1933), criador de vasos de inspiração mourisca e japonesa. Pela
ousadia e riqueza, essas peças destinam-se a uma elite. Por volta de 1910, com a necessidade
de padronização e simplificação imposta pela indústria, o movimento perde força em todo o
mundo. O art nouveau ganha um nome em cada país. Na Alemanha chama-se jugendstil (estilo
de juventude) e na Itália, stile liberty. No Brasil, foi conhecido também como estilo floral, está
presente em edifícios projetados pelo francês Victor Dubugras (1868-1933?); nas construções
do sueco Karl Ekman (1866-1940), como a Vila Penteado, em São Paulo; e em gradis, portas e
móveis produzidos pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Um grande exemplo no Rio de
Janeiro é o interior da Confeitaria Colombo. Cerâmicas e cartazes do pintor Eliseu Visconti
(1866-1944) também têm inspiração art nouveau .
FAUVISMO (1905 A 1908): Movimento das artes plásticas caracterizado pela rejeição da
perspectiva linear, pelo uso arbitrário de cores puras e contrastantes e pelas formas
simplificadas e pouco semelhantes às da natureza. Começa oficialmente em 1905 com uma
exposição de jovens pintores em Paris. Eles são chamados de fauves (feras em francês) por um
crítico que considera suas obras muito agressivas. O rótulo, inicialmente pejorativo, é adotado
pelo grupo para nomear o movimento. Assim como no expressionismo, o objetivo do fauvismo
não é retratar fielmente a realidade. A meta é causar impacto, exprimindo sensações e
emoções. Por isso, além de contrário à arte tradicional, é uma reação ao impressionismo . O
fauvismo não se caracteriza pela postura de esquerda de muitos dos expressionistas alemães.
Os fauvistas concentram-se nos problemas estéticos e abrem caminho para a abstração. A
inspiração para essa forma de pintar vem de Van Gogh , Gauguin (1848-1903) e Cézanne . O
líder dos fauvistas é o francês Henri Matisse (1869-1954). Influenciado pelas artes oriental e
africana, pinta naturezas-mortas, interiores e nus femininos. Uma de suas obras-primas é A
Alegria de Viver. Outros nomes importantes são André Derain (1880-1954) e Georges Braque
(1882-1963). A partir de 1908, o grupo se dispersa. Somente Matisse se mantém fiel às bases
do fauvismo. No Brasil não existiram fauvistas no sentido mais exato do termo. Mas alguns
pintores, como Anita Malfatti, são influenciados por obras de Matisse e Braque.
CUBISMO (1907 a 1918): Foi um movimento, sobretudo da pintura, que a partir do início do
século XX rompe com a perspectiva adotada pela arte ocidental desde o Renascimento. De
todos os movimentos deste século, é o que tem influência mais ampla. Ao pintar, os artistas
achatam os objetos, e com isso eliminam a ilusão de tridimensionalidade. Mostram, porém,
várias faces da figura ao mesmo tempo. Retratam formas geométricas, como cubos e cilindros,
que fazem parte da estrutura de figuras humanas e de outros objetos que pintam . Por isso o
movimento ganha ironicamente o nome de cubismo. As cores em geral se limitam a preto,
cinza, marrom e ocre. O movimento surge em Paris em 1907 com a tela Les Demoiselles
d'Avignon (As Senhoritas de Avignon), pintada pelo espanhol Pablo Picasso. Também se
destaca o trabalho do ex-fauvista francês Georges Braque (1882-1963). Em ambos é nítida a
influência da arte africana. O cubismo é influenciado ainda pelo pós-impressionista francês
Paul Cézanne , que representa a natureza com formas semelhantes às geométricas. Essa
primeira fase, chamada de cézanniana ou protocubista, termina em 1910. Começa então o
cubismo propriamente dito, conhecido como analítico, no qual a forma do objeto é submetida
à superfície bidimensional da tela. O resultado final aproxima-se da abstração. Na última
etapa, de 1912 a 1914, o cubismo sintético ou de colagem constrói quadros com jornais,
tecidos e objetos, além de tinta. Os artistas procuram tornar as formas novamente
reconhecíveis. Em 1918 o arquiteto francês de origem suíça Le Corbusier e o pintor francês
Ozenfant (1886-1966) decretam o fim do movimento com a publicação do manifesto Depois
do Cubismo. O cubismo manifesta-se ainda na arquitetura, especialmente na obra de
Corbusier, e na escultura. No Brasil, o cubismo só repercute no país após a Semana de Arte
Moderna de 1922. Pintar como os cubistas é considerado apenas um exercício técnico. Não há,
portanto, cubistas brasileiros, embora quase todos os modernistas sejam influenciados pelo
movimento. É o caso de Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti.
Abstração geométrica: Ao criar pinturas, gravuras e peças de arte gráfica, os artistas exploram
com certo rigor técnico as formas geométricas, sem a preocupação de transmitir idéias e
sentimentos. Os principais responsáveis pelo início da abstração geométrica são o russo
Malevitch (1878-1935) e o holandês Piet Mondrian (1872-1944). A partir de 1915, ao criar
quadros em que figuras geométricas flutuam num espaço sem perspectiva, Malevitch inaugura
um movimento derivado da abstração, chamado de suprematismo (autonomia da forma). Um
de seus marcos é a tela Quadrado Negro sobre Fundo Branco. Mondrian, que no início da
década de 10 estivera próximo dos cubistas, entre os anos 20 e 40 dedica-se a pintar telas
apenas com linhas horizontais e verticais, ângulos retos e as três cores primárias (amarela, azul
e vermelha), além do preto e do branco. Para ele, essas formas seriam a essência dos objetos.
O trabalho de Mondrian influencia diretamente a arte funcional desenvolvida pela Bauhaus.
Da abstração geométrica derivam o construtivismo, o concretismo e, mais recentemente, o
minimalismo. Na escultura, destaca-se o belga Georges Vantongerloo (1886-1965).
DADAÍSMO (1916 a 1925): Foi um movimento intelectual e artístico que se caracterizou por
uma negação às convenções, à lógica, à razão e às formas tradicionais de arte. Foi um
movimento de espírito infantil, cujo próprio nome "dada" significa cavalinho em francês, e
remete ao ludico e ao infantil. Suas principais características foram a extravagância e o humor.
Marcel Duchamp (1887-1968), pintor e escultor francês, foi o seu grande destaque. Outros
artistas do movimento foram o pintor alemão Max Ernest (1891-1976), o fotógrafo e pintor
norte-americano Man Ray (1890-1976), o pintor e escritor francês Francis Picabia (1879-1953).
SURREALISMO (1920 a 1969): Foi um movimento artístico que surgiu na França, nos anos 20,
reunindo artistas anteriormente ligados ao dadaísmo. Fortemente influenciado pelas teorias
psicanalíticas de Sigmund Freud , enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa.
Defende que a arte deve libertar-se das exigências da lógica e expressar o inconsciente e os
sonhos, livre do controle da razão e de preocupações estéticas ou morais. Rejeita os valores
burgueses, como a pátria e a família. O principal teórico e líder do movimento é o poeta,
escritor, crítico e psiquiatra francês André Breton, que em 1924 publica o primeiro Manifesto
Surrealista. A palavra surrealismo havia sido criada em 1917 pelo poeta Guillaume Apollinaire
(1880-1918) , ligado ao cubismo, para identificar novas expressões artísticas. É adotada pelos
surrealistas por refletir a idéia de algo além do realismo. O início do movimento se dá por volta
de 1922. No manifesto e nos textos teóricos posteriores, os surrealistas rejeitam a ditadura da
razão e os valores burgueses. Humor, sonho e a contralógica são os recursos a ser utilizados
para libertar o homem da existência utilitária. Em 1929, os surrealistas publicam um segundo
manifesto e editam a revista A Revolução Socialista. Entre os artistas ligados ao grupo, em
épocas variadas, estão os escritores franceses Paul Éluard (1895-1952), Louis Aragon (1897-
1982) e Jacques Prévert (1900-1977), o escultor italiano Alberto Giacometti (1901-1960), o
dramaturgo francês Antonin Artaud , os pintores espanhóis Salvador Dalí e Juan Miró , o belga
René Magritte, o alemão Max Ernst, e o cineasta espanhol Luis Buñuel. Nos anos 30, o
movimento internacionaliza-se e influencia várias outras tendências, conquistando adeptos em
países da Europa e nas Américas. Em 1969, após sucessivas crises, o grupo dissolve-se. A
pintura pode ser considerada a principal manifestação artística do surrealismo. Rejeitada como
meio de representação do mundo concreto ou da emoção do artista, ela deve expressar o
inconsciente. O movimento divide-se em duas vertentes. Uma mantém o caráter figurativo,
mas produz formas inusitadas a partir da distorção ou justaposição de imagens conhecidas.
Um exemplo é A Persistência da Memória, de Dalí . Em um espaço representado
convencionalmente, relógios parecem estar se derretendo. Os artistas da outra vertente
radicalizam o automatismo psíquico, para que o inconsciente se expresse livremente, sem
controle da razão. Entre os expoentes estão Miró e Ernst. As telas do primeiro caracterizam-se
por composições de formas coloridas construídas com linhas fluidas e curvas, como em O
Carnaval de Arlequim e A Cantora Melancólica. Na escultura destaca-se o suíço Alberto
Giacometti (1901-1966), autor da peça de madeira, arame, fios e vidro O Palácio às Quatro da
Manhã. Os filmes não revelam preocupação com enredo ou história . As imagens expressam
desejos não racionalizados e aversão à ordem burguesa. Buñuel, em parceria com Dalí, faz Um
Cão Andaluz (1928) e L'Âge D'Or (1930). No Brasil, o surrealismo é uma das muitas influências
captadas pelo modernismo . Nas artes plásticas há traços surrealistas em algumas obras de
Tarsila do Amaral, como na tela Abaporu , e Ismael Nery, cuja tela Nu mostra uma mulher
branca de um lado e negra do outro. No início da carreira, o pernambucano Cícero Dias (1908-)
pinta Eu Vi o Mundo, Ele Começava no Recife, obra que apresenta todas as características
surrealistas. Entre os escultores o movimento influencia Maria Martins (1900-1973). Suas
peças têm caráter fantástico, como o bronze O Impossível, em que bustos humanos têm lanças
no lugar da cabeça.
ART DECO (1920 a 1940): Foi um movimento das artes plásticas e da arquitetura que surge na
década de 20 e ganha força nos anos 30 na Europa e nas Américas. Representa a adaptação
pela sociedade de massa dos princípios do cubismo, com a manutenção de elementos
clássicos. Edifícios, esculturas, jóias, luminárias e móveis são geometrizados. Sem abrir mão do
requinte, os objetos têm decoração moderna. Mesmo quando feitos com bases simples, como
concreto armado e compensado de madeira, ganham ornamentos de bronze, mármore, prata,
marfim e de outros materiais nobres. O movimento deve seu nome à Exposição Internacional
de Artes Decorativas e Industriais Modernas, realizada em Paris, em 1925. Na mostra, obras de
nus femininos, animais e folhagens são apresentadas em cores discretas, traços sintéticos,
formas estilizadas ou geométricas. Muitas peças exibem marcas de civilizações antigas. É o
caso de uma escrivaninha de madeira laqueada, marfim e metal que reproduz um templo
asteca. Ao lado de objetos industrializados, existem peças feitas artesanalmente em número
limitado de cópias. Ao contrário do design criado pela Bauhaus, no art déco não há exigência
de funcionalidade. O estilo pode ser visto como uma tentativa de modernizar o art nouveau. O
uso de materiais menos nobres – como os primeiros plásticos, concreto armado, compensado
de madeira e aço tubular – e o início da produção em série contribuem para baixar o preço
unitário das obras. É o caso das luminárias de vidro com esculturas de bronze vendidas em
grandes lojas, criadas pelo francês René Lalique (1860-1945), um dos grandes expoentes do
movimento. Na arquitetura, as fachadas têm rigor geométrico e ritmo linear, com fortes
elementos decorativos em materiais nobres. Dois exemplos são o Empire State e o Rockefeller
Center, em Nova York. Durante a II Guerra Mundial o art déco sai de moda, mas, no fim da
década de 60, colecionadores do mundo todo voltam a se interessar pelo estilo. A art déco
chega ao Brasil em 1929, com a construção do edifício A Noite, em Copacabana, na zona sul
carioca. Alguns exemplos do estilo são o Cristo Redentor e a Estação Central do Brasil, no Rio
de Janeiro; o Elevador Lacerda, em Salvador , e o viaduto do Chá, em São Paulo. O movimento
influencia ainda artistas como o escultor Victor Brecheret (1894-1955), Vicente do Rego
Monteiro (1899-1970), John Graz (1891-1980) e Regina Graz (1897-1973). Uma obra de
Brecheret fortemente marcada pelo art déco é o Monumento às Bandeiras, em São Paulo.