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HERMENÊUTICA

Luciano de Medeiros Dantas

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 0

1 A interpretação e o problema da distância ................................................... 2

2 Inspiração e autoridade das Escrituras ........................................................ 2

3 O significado depende do gênero do texto ................................................... 2

4 Simplicidade e clareza das Escrituras .......................................................... 3

5 Unidade e diversidade das Escrituras .......................................................... 3

6 Analogia das Escrituras ................................................................................ 3

7 O papel do leitor na interpretação ................................................................ 4

8 Pregação expositiva ..................................................................................... 4

9 Conclusão .................................................................................................... 4

Parte I – HERMINÊUTICA GERAL ........................................................................ 5

CONTEXTO ........................................................................................................... 5

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 5

INTRODUÇÃO

As verdades do evangelho são simples, mas a tarefa de desvendar o significado


original dos textos é complexa e exige trabalho árduo. A Bíblia, apesar de inspirada
por Deus, foi escrita em linguagem humana e dentro dos limites culturais dos
antigos hebreus e gregos. Por isso, devemos entender essas culturas para
interpretar os textos bíblicos de maneira adequada, e só podemos cumprir essa
1

tarefa desenvolvendo e aplicando uma hermenêutica consistente1.

O termo "hermenêutica" é derivado do vocábulo grego que significa "interpretar",


sendo definido como a "ciência que define os princípios e métodos para a
interpretação do significado dado por um autor específico"2. Esta ciência, para nós,
é significativa, uma vez que devemos anunciar a Palavra de Deus e não nossas
opiniões religiosas repletas de subjetividade. Ela nos mantém atrelado ao texto3. O
que a hermenêutica evangélica pretende é bem simples: descobrir a intenção do
Autor (Deus, que inspira o texto) e do autor (o agente humano inspirado)4.

A hermenêutica apresenta três perspectivas essenciais para uma boa tarefa


interpretativa: 1) a perspectiva científica, já que classifica logicamente e ordena leis
de interpretação; 2) a perspectiva artística, uma vez que exige imaginação e
competência consequentes de uma prática constante; e 3) a hermenêutica torna-
se um ato de caráter espiritual, dependente da direção do Espírito Santo, uma vez
que interpreta a Bíblia. Por isso, ao estudar a Bíblia, precisamos depender de Deus
e não apenas de princípios hermenêuticos de origem humana5.

Segundo Grant R. Osborne a interpretação bíblica é como uma "espiral" [cônica];


metáfora que exemplifica a interpretação como uma aproximação ao significado do
texto e sua importância para hoje6. Por isso, sua aplicação deve ser abordada em
três níveis: seu primeiro nível é o exegético, onde se interpreta o que o texto
significa; o segundo nível é o devocional, onde indagamos o que o texto significa
para nós; e o terceiro nível é o homilético, onde vamos procurar descobrir como
compartilhar com os outros o que o texto significa para nós. A Bíblia deve ser
estudada por meio dessas três abordagens na ordem apresentada, sempre
procurando conhecer o significado da passagem, para depois aplicá-lo primeiro a
nós e em seguida compartilhá-lo com os outros7.

1
OSBORNE, G. R. A espiral hermenêutica: uma nova abordagem à interpretação bíblica. São Paulo: Vida
Nova, 2009, p. 28.
2
OSBORNE, op. cit., p. 25.
3
OSBORNE, op. cit., p. 27-28.
4
OSBORNE, op. cit., p. 29.
5
OSBORNE, op. cit., p. 26.
6
OSBORNE, op. cit., p. 27.
7
OSBORNE, op. cit., p. 26-27.
2

1 A interpretação e o problema da distância

Já é difícil entender uma conversa entre pessoas de culturas diferentes, que


dirá entender um texto escrito? A distância entre culturas é uma barreira à
comunicação clara. Ainda mais quando se trata de textos escritos a dois mil
anos dentro de uma cultura que deixou de existir em 70 d.C.8. Portanto, a
hermenêutica tem o propósito de dar ao leitor as ferramentas para transpor tal
abismo, a saber: por meio da gramática e semântica, e também pelo uso
apropriado dos contextos históricos da Bíblia9.

Há quatro áreas de distância para a interpretação bíblica: 1) temporal (tanto


dos registros históricos quanto das expressões); 2) cultural (usos e costumes
enigmáticos para nós); 3) geográfico (nações e cidades das quais temos pouco
conhecimento); e 4) linguístico. Esses quatro obstáculos não podem ser
superados de forma indutiva, mas através do uso de fontes (as melhores)10.

2 Inspiração e autoridade das Escrituras

A Bíblia possui uma autoridade inerente percebida pela expressão "assim diz o
Senhor", no Antigo Testamento, e uma autoridade apostólica conferida no Novo
Testamento. O nível de autoridade e inerrância diminui à medida que passamos
do texto para a interpretação e depois para a contextualização; por isso,
precisamos fazer o caminho inverso, garantido que a contextualização se
aproxime ao máximo da interpretação, e esta, por sua vez, seja coerente com
o significado original do texto11.

3 O significado depende do gênero do texto

O gênero ou tipo de literatura de uma passagem fornece os princípios


hermenêuticos pelos quais devemos interpretá-los. É óbvio que não
interpretamos ficção da mesma forma que interpretamos poesia; nem textos de
sabedoria da mesma forma que trechos proféticos. Todos os escritores

8
OSBORNE, op. cit., p. 29-30.
9
OSBORNE, op. cit., p. 30.
10
OSBORNE, op. cit., p. 30.
11
OSBORNE, op. cit., p. 31.
3

expressam sua mensagem dentro de um determinado gênero, para que os


leitores tenham regras suficientes pelas quais possam interpretá-la12.

4 Simplicidade e clareza das Escrituras

A mensagem das Escrituras é de fácil compreensão, o que é complexo é o


exercício de transpor o abismo entre a situação original e os nossos dias, não
o significado que resulta disso13.

Sabendo que a compreensão da Bíblia não é algo reservado apenas para uma
elite acadêmica; entendamos que há diferentes níveis de compreensão
(devocional, estudo bíblico básico, homilético, dissertações e teses) e cada
pessoa tem o direito de aprender os princípios hermenêuticos dos vários níveis.
Basta querer. Por isso, tais fundamentos devem ser ensinados no contexto de
igreja local14.

5 Unidade e diversidade das Escrituras

A doutrina da inspiração nos obriga a reconhecer, por trás dos textos, a


personalidade de cada autor sagrado. As ênfases dadas por cada um deles não
são contraditórias, mas, consistem nas diversas expressões nas Escrituras que
apontam para uma pluralidade decorrente da diversidade de escritores. Existe
uma unidade fundamental por trás das diferentes expressões dos autores15.

6 Analogia das Escrituras

As declarações de um autor bíblico, em cada texto, se aplicam a uma doutrina


mais ampla e uma questão particular, destacando os aspectos doutrinários que
sirvam para essa situação particular. A analogia das Escrituras (analogia
scriptura) é o método pelo qual isso é feito. As doutrinas não devem ser
reformuladas em cima de uma única passagem, mas, ao contrário, devem
resumir tudo o que a Bíblia afirma sobre o tema em questão16.

12
OSBORNE, op. cit., p. 32.
13
OSBORNE, op. cit., p. 33.
14
OSBORNE, op. cit., p. 34.
15
OSBORNE, op. cit., p. 34.
16
OSBORNE, op. cit., p. 34.
4

7 O papel do leitor na interpretação

Por vezes o leitor permite que seus “pré-conhecimentos” coloquem sua forma
sobre a Bíblia, obrigando-a a se moldar a suas noções. Precisamos permitir
que o texto aprofunde ou desafie, e até mesmo mude esses conhecimentos
prévios. Não devemos forçar o texto a ir onde queremos17.

8 Pregação expositiva

O alvo da hermenêutica é o sermão, a exposição, a proclamação. Não basta


recriar o sentido original da passagem. Precisamos elucidar sua significação
para os nossos dias18.

Uma mensagem expositiva tem: 1) integridade hermenêutica (reproduz o texto


com fidelidade); 2) coesão (sentido do todo); 3) movimento e direção (observa
o propósito da passagem); e 4) aplicação (observa a relevância da passagem
para hoje). O pregador deve se perguntar como o escritor bíblico aplicaria as
verdades teológicas da passagem, se estivesse se dirigindo a uma
congregação hoje19.

9 Conclusão

A pesquisa exegética pode ser dividida em estudo indutivo (onde interagimos


diretamente com o texto para tirar conclusões) e estudo dedutivo (onde
interagimos com as conclusões de terceiros e reformulamos nossos dados). O
estudo indutivo é importante para que venhamos a interagir com as ferramentas
exegéticas (comentários e outros) numa abordagem crítica, e não passiva 20.

No estudo dedutivo todas as ferramentas devem ser consultadas (gramáticas,


léxicos, dicionários, estudos vocabulares, atlas, estudos de contexto histórico,
artigos em periódicos, comentários) a fim de aumentar nosso conhecimento
básico sobre a passagem. A compreensão preliminar do estudo indutivo mais
a compreensão profunda do estudo dedutivo se ajustam para a decisão final

17
OSBORNE, op. cit., p. 36.
18
OSBORNE, op. cit., p. 36.
19
OSBORNE, op. cit., p. 36.
20
OSBORNE, op. cit., p. 37.
5

sobre a mensagem original do texto21.

Parte I – HERMINÊUTICA GERAL

CONTEXTO

REFERÊNCIAS

OSBORNE, G. R. A espiral hermenêutica: uma nova abordagem à interpretação


bíblica. São Paulo: Vida Nova, 2009.

21
OSBORNE, op. cit., p. 37.

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