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Desde o Iluminismo, entende-se que uma sociedade só progride quando um

se mobiliza com o problema do outro. No entanto, quando se observa os desafios


para a doação de órgãos no Brasil, verifica-se que esse ideal iluminista é
constatado na teoria e não desejavelmente na prática e a problemática persiste
intrinsecamente ligada à realidade do país, seja pela falta de infraestrutura
hospitalar pública, seja pela falta de conhecimento por parte da família do
possível doador.
É indubitável que a questão constitucional e a sua aplicação estejam entre
as causas do problema. Segundo o filósofo grego Aristóteles, a política deve ser
utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na
sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, a péssima
infraestrutura da maioria dos hospitais públicos rompe essa harmonia, haja vista
que faltam desde UTIs e equipes médicas até materiais básicos, como seringas
e medicações, impossibilitando assim, o aumento de transplantes no país.
Outrossim, destaca-se a rejeição e a falta de conhecimento por parte da
família como impulsionador do problema. De acordo com Durkheim, o fato social
é uma maneira coletiva de agir e de pensar, dotada de exterioridade,
generalidade e coercitividade. Seguindo essa linha de pensamento, observa-se
que a família resolve não autorizar a doação por motivos diversos, desde
religiosos ou por não saber como é o procedimento do transplante, e até
mesmo da maneira que o profissional repassa a notícia do falecimento e de
como é feita a proposta de doação de órgãos, que muitas vezes é feita de forma
mecânica, sem respeitar o atordoamento de quem acabou de receber uma
notícia trágica.
É evidente, portanto, que ainda há entraves para garantir a solidificação de
políticas que visem à construção de um mundo melhor. Destarte, o Ministério da
Saúde deve investir consideravelmente na saúde pública e em campanhas
publicitárias, promovendo então, a melhoria na infraestrutura e,
consequentemente, na capacidade de realização de transplantes nos hospitais,
e também a conscientização da sociedade para que se reflita melhor sobre o
assunto e sobre como a doação pode salvar vidas. Além disso, como já dito pelo
pedagogo Paulo Freire, a educação transforma as pessoas, e essas mudam o
mundo. Logo, o Ministério da Educação (MEC) deve instituir desde cedo, nas
escolas, palestras ministradas por psicólogos, que discutam o combate a rejeição
da doação de órgãos, a fim de que o tecido social se desprenda de certos tabus
para que não viva a realidade das sombras, assim como na alegoria da caverna de
Platão.
CRIADO POR F3LlPEARAUJO

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