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a matemática e
a realidade
Problemas do ensino da matemática
na escola elementar
Vice-Reitor
Rogério Mulinari
Conselho Editorial
Gérard Vergnaud
Tradução
Maria Lucia Faria Moro
Revisão Técnica
Maria Tereza Carneiro Soares
A criança,
a matemática e
a realidade
Problemas do ensino da matemática
Coordenação editorial
na escola elementar
Revisão
Maria Cristina Périgo
Inclui referências
ISBN 9788573352306
Título original: L’enfant, la mathematique et la réalité
ISBN 978-85-7335230-6
Ref. 539
Editora UFPR
Rua João Negrão, 280, 2º andar, Centro
Caixa Postal 17.309
Tel.: (41) 3360-7489 / Fax: (41) 3360-7486
80010-200 - Curitiba - Paraná - Brasil
www.editora.ufpr.br
editora@ufpr.br
2009
Capítulo I
NOÇÕES DE RELAÇÃO E DE CÁLCULO
RELACIONAL/ 23
Noção de relação/ 23
- Relações binárias/ 23
- Relações ternárias/ 24
- Relações quaternárias/ 24
Representação das relações/ 26
- Representação das relações binárias/ 26
- Representação das relações ternárias/ 28
- Representação das relações quaternárias/ 31
Que é um cálculo relacional?/ 32
- Primeira forma/ 33
- Segunda forma/ 35
Capítulo II
PROPRIEDADES DAS RELAÇÕES BINÁRIAS/ 41
Simetria e antissimetria/ 41
Transitividade e antitransitividade/ 43
Reflexividade e antirreflexividade/ 45
Capítulo III
RELAÇÕES TERNÁRIAS E TRANSFORMAÇÕES
RELAÇÕES QUATERNÁRIAS
CORRESPONDÊNCIAS E APLICAÇÕES/ 57
Relações ternárias/ 57
- Primeiro modelo: lei de composição binária/ 57
- Segundo modelo: elemento, relação-elemento, elemento/ 59
A noção de transformação/ 60
- Caso simples: uma só transformação/ 62
- Caso mais complexo: várias transformações/ 64
Relações quaternárias/ 71
Correspondências e aplicações/ 73
- Primeiro caso: correspondência biunívoca/ 73
- Segundo caso: correspondência bimultívoca/ 73
- Terceiro caso: correspondência co-unívoca/ 75
- A noção de aplicação/ 75
Capítulo IV
RELAÇÕES E TAREFAS ESCOLARES/ 81
Domínios de estudo/ 81
- O espaço/ 81
- As propriedades dos objetos/ 82
- Relações de parentesco/ 84
- Números/ 84
- Variedade dos domínios utilizáveis/ 85
Análise das tarefas/ 85
- A representação/ 86
- Compreensão-extensão/ 87
- Cálculos relacionais/ 89
Capítulo VI
O NÚMERO E A MEDIDA/ 125
A sequência numérica falada como recitação e
como contagem/ 125
Correspondência biunívoca e equivalência entre
conjuntos/ 127
Relação de ordem e relação de equivalência: o problema do contínuo
e do discreto/ 129
O número como relação de equivalência e como relação
de ordem/ 132
O número como medida/ 135
A adição dos números/ 138
Capítulo VIII
A NUMERAÇÃO E AS QUATRO OPERAÇÕES/ 167
Número e escrita do número/ 167
Os exercícios e os materiais empregados na aprendizagem
da numeração/ 173
Adição e subtração/ 177
- A subtração/ 181
Multiplicação e divisão/ 183
- A divisão/ 188
- Uma disposição interessante da multiplicação/ 192
Capítulo IX
OS PROBLEMAS DE TIPO ADITIVO/ 197
Medidas e transformações/ 197
- Números naturais e números relativos/ 198
- Números inteiros e números decimais/ 199
As seis grandes categorias de relações aditivas/ 199
Diversidade e dificuldade desigual dos problemas
de tipo aditivo/ 206
- Análise detalhada dos problemas referentes à segunda
categoria de relações aditivas/ 207
- Análise dos problemas referentes às outras categorias
de relações aditivas/ 215
Capítulo XI
OS PROBLEMAS DE TIPO MULTIPLICATIVO/ 239
Isomorfismo de medidas/ 239
- Análise detalhada de um exemplo simples/ 243
- Análise vertical (escalar)/ 247
- Análise horizontal (função)/ 251
Produto de medidas/ 253
Conclusão sobre a noção de dimensão/ 258
Classes de problemas de tipo multiplicativo/ 260
- Isomorfismos de medidas/ 260
- Caso de um único espaço de medidas/ 262
- Produto de medidas/ 264
Capítulo XII
REPRESENTAÇÃO E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS
ARITMÉTICOS COMPLEXOS/ 269
Exemplo do tipo aditivo puro/ 270
Exemplo de tipo multiplicativo puro/ 276
- Análise das informações e algumas perguntas
plausíveis/ 276
- Soluções/ 278
- Tabelas e curvas/ 283
Exemplo misto (multiplicativo e aditivo)/ 288
BIBLIOGRAFIA/ 321
11
Gérard Vergnaud
12
cional da França. N. T.
13
14
15
C F I
B E G
H J
Uma ordem como essa é chamada de parcial porque há uma or-
dem entre certas noções, mas não em todas. No esquema acima:
- há uma ordem entre A e C, entre B e C, entre A e E, etc.;
- não há uma ordem entre A e B, entre D e E, entre D e F, entre G e
F, etc.
Vejamos um exemplo: é necessário aprender a série de números
de 1 a 9 antes do sistema decimal. Entretanto, a aprendizagem dos nú-
meros de 1 a 9 não condiciona e não é condicionada pela aquisição da
transitividade da relação de ordem: se João é maior que Paulo e Paulo
16
17
18
***
19
20
NOÇÃO DE RELAÇÃO
23
*
Para além das relações quaternárias, a maior parte das relações
pode ser reduzida a conjunções ou a composições das relações binárias,
ternárias ou quaternárias.
É interessante salientar que as relações ternárias podem elas pró-
prias ser frequentemente colocadas sob a forma de uma relação binária
com uma indicação sobre a natureza da relação. Por exemplo:
24
é 4 a mais que
7 3
4
relação ternária 7 3
4
7 3
Paris França
A flecha dupla vertical indica que a flecha superior e a flecha in-
ferior representam uma mesma relação.
25
Henrique
Gilberto
Pedro
• escrita algébrica3, 4
primeira forma segunda forma (polonesa)
pRr R (p, r)
gRh R (g, h)
hRp R (h, p)
R significa “está à esquerda de”
p significa Pedro; r significa Rogério; g significa Gilberto; h sig-
nifica Henrique
A primeira forma pRr, ou a segunda forma R (p, r), é assim lida
“p está na relação R com r”
ou ainda
“há relação R entre p e r”
26
Pedro
Rogério
Gilberto
Henrique
27
3
4 7
B A C
Lê-se essa relação como: “há a relação R entre 3, 4 e 7”, onde R signi-
fica que o terceiro elemento entre parênteses é igual à soma dos dois
primeiros.
5
Esta escrita nunca é empregada na escola elementar.
28
• tabela cartesiana
A tabela cartesiana de uma relação ternária pode ser escrita de
vários modos:
- escrevendo-se nas margens da tabela os elementos a compor, e
nas caselas da tabela, o resultado da composição. Eis, por exem-
plo, a tabuada de multiplicação dos nove primeiros números da
base dez: o número que é encontrado em uma casela é o produto
do número que está à esquerda na mesma linha (margem da es-
querda) e do número que está em cima, na mesma coluna (mar-
gem de cima). É a tabuada de Pitágoras.
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 2 3 4 5 6 7 8 9
2 2 4 6 8 10 12 14 16 18
3 3 6 9 12 15 18 21 24 27
4 4 8 12 16 20 24 28 32 36
5 5 10 15 20 25 30 35 40 45
6 6 12 18 24 30 36 42 48 54
7 7 14 21 28 35 42 49 56 63
8 8 16 24 32 40 48 56 64 72
9 9 18 27 36 45 54 63 72 81
29
30
a b c d
a I E F D
b D I E F
c F D I E
d E F D I
31
R (p, m, j, s)
GARRAFAS REAIS
1 a
6 x
6
Jamais utilizada na escola elementar.
32
veis, a criança nem sempre é capaz de fazer tais constatações, pois estas
supõem uma atividade material e intelectual que pode estar acima das
suas possibilidades.
Eis vários exemplos:
- A desigualdade de dois lápis, cuja diferença de comprimento
é pequena, pode não ser constatada pelas crianças menores, sobretudo
quando estas não são capazes de assegurar-se de que a base dos dois
objetos a comparar está no mesmo nível.
diferença pequena
PRIMEIRA FORMA:
33
• Segundo exemplo:
Suponhamos que as barras sejam encaixadas umas nas outras se-
gundo o esquema abaixo e que solicitamos a uma criança tirar a
barra A:
F E D
Vemos que é impossível tirar a barra A sem tirar antes a barra C,
a barra D, a barra B e a barra F.
Quando a criança é capaz de entender a relação de encaixe e, so-
bretudo, seu caráter antissimétrico (ver antissimetria no próximo
capítulo), ela adota uma regra de conduta simples que consiste
em ir da barra A à barra F, da barra F à barra B, da barra B à barra
D e da barra D à barra C.
Essa regra de conduta por regressão passo a passo não é utilizada
pelas crianças antes da idade de 5 anos e meio porque elas não
compreendem o caráter antissimétrico do encaixe. Uma minoria
de crianças a utiliza a partir de 4 anos e meio ou 5 anos.
• Terceiro exemplo:
É somente quando a criança compreende (sem, no entanto, for-
mular) a relação quaternária “o preço de seis garrafas está para o
preço de uma garrafa, como seis garrafas estão para uma” que,
34
1 3
x6 x6
6
Retornaremos a essa categoria de problemas no capítulo XI “os
problemas de tipo multiplicativo”.
SEGUNDA FORMA:
35
• Segundo exemplo
Seja o enunciado: “Pedro acabou de jogar duas partidas de boli-
nha de gude. Ele perdeu 13 na primeira partida e ganhou 7 na
segunda, e ele tem, agora, 45. Quantas ele tinha antes de começar
a jogar?”
Suponhamos que uma criança de 10 anos, bem avançada, pro-
ceda da seguinte maneira: ela tira 7 de 13 e acha 6; ela soma 6
com 45 e acha 51, que ela dá como resultado. Que dedução, que
cálculo relacional ela fez?
O esquema sagital abaixo, que representa os dados do problema,
vai permitir mostrar que ela fez duas deduções importantes.
Estado inicial Primeira parte Estado intermediário Segunda parte Estado final
-13 +7
45
45
--- -
----
---- -6 -- ---
-----
--------- ---- ----
--------------
36
-------------------- 45
-6
37
SIMETRIA E ANTISSIMETRIA
• SIMETRIA
Uma relação binária é simétrica se, e somente se, a cada vez que
tivermos a relação entre um elemento x e um elemento y, tivermos ne-
cessariamente a mesma relação entre o elemento y e o elemento x.
Exemplos de relações simétricas:
- “Estar ao lado de”: se André está ao lado de Bernardo, Bernardo
está necessariamente ao lado de André.
- “Habita a mesma cidade que”: se André habita a mesma cidade
que Bernardo, Bernardo habita necessariamente a mesma cida-
de que André.
Exemplos de relações não simétricas:
- “É irmão de”: se A é irmão de B, B não é necessariamente irmão
de A. Na verdade, se B é uma menina (Beatriz), ela não pode ser
41
42
TRANSITIVIDADE E ANTITRANSITIVIDADE
• TRANSITIVIDADE
Uma relação binária é transitiva se, e somente se, a cada vez que
tivermos a relação entre um elemento x e um elemento y de uma parte,
e entre o elemento y e um elemento z de outra parte, tivermos necessa-
riamente a mesma relação entre o elemento x e o elemento z.
43
44
REFLEXIVIDADE E ANTIRREFLEXIVIDADE
• REFLEXIVIDADE
Uma relação binária é reflexiva se, e somente se, todo elemento x
estiver necessariamente em relação com ele mesmo.
Essa propriedade das relações binárias é menos importante que as
precedentes, pois ela não é utilizada nos cálculos relacionais. Frequente-
mente ela não é nada mais que uma constatação.
Exemplos de relações reflexivas:
- “Ser tão grande quanto”: André é necessariamente tão grande
quanto ele mesmo.
- “Habitar a mesma cidade que”: André habita necessariamente a
mesma cidade que ele mesmo.
Exemplos de relações não reflexivas:
- “Desprezar”: André não despreza necessariamente a si próprio.
No entanto, é possível que ele despreze a si próprio.
- “Chegar antes”: André não chegou necessariamente antes dele
mesmo. Na realidade, é necessariamente falso que André tenha
chegado antes dele mesmo.
Vemos, portanto, que as relações “desprezar” e “chegar antes” são
muito diferentes, embora nenhuma delas seja reflexiva.
• ANTIRREFLEXIVIDADE
Uma relação binária é antirreflexiva se, e somente se, nenhum
elemento puder estar em relação com ele mesmo.
Exemplos de relações antirreflexivas:
- “Chegar antes”: A certamente não chegou antes de si mesmo.
- “Estar ao lado de”: A certamente não está ao lado de si mesmo.
- “Ser cônjuge de”: A certamente não é cônjuge de si mesmo.
Exemplos de relações não antirreflexivas:
- “Desprezar”: não está excluído que A despreze a si mesmo.
- “Habitar a mesma cidade que”: não está excluído que A habite
a mesma cidade que ele mesmo. Na realidade, A habita neces-
sariamente a mesma cidade que ele mesmo. A relação “habitar a
mesma cidade que” é reflexiva.
*
45
• AS RELAÇÕES DE EQUIVALÊNCIA
Elas permitem colocar em uma mesma classe elementos entre os
quais existe a relação de equivalência e, assim, formar classes disjuntas.
A relação “habitar a mesma cidade” é uma relação simétrica, transi-
tiva, reflexiva. Ela permite colocar em uma mesma classe pessoas que mo-
ram na mesma cidade e, assim, formar classes disjuntas, uma por cidade.
A relação “ter a mesma cor que” é uma relação simétrica, transiti-
va, reflexiva. Ela permite colocar em uma mesma classe objetos que têm
46
47
Embora essa relação faça apelo à noção de ordem, ela não tem
as outras propriedades das relações de ordem estrita, a antissimetria e a
antirreflexividade.
• antissimetria:
tomemos dois candidatos empatados L e M;
temos, ao mesmo tempo: “L chegou antes ou ao mesmo tempo
em que M”.
e “M chegou antes ou ao mesmo tempo em que L”.
Segundo a definição dada acima, a relação não é, portanto, an-
tissimétrica.
Ela também não é evidentemente simétrica, porque, quando
comparamos os candidatos que não estão empatados R e S,
temos, por exemplo: “R chegou antes ou ao mesmo tempo em
que S”.
mas não temos: “S chegou antes ou ao mesmo tempo em que R”.
Para considerar a situação dos empates, os matemáticos imagina-
ram uma definição mais completa da antissimetria9.
Uma relação é antissimétrica se, e somente se, a cada vez que
tivermos, ao mesmo tempo, a relação entre um elemento x e um
elemento y e entre o elemento y e o elemento x, tivermos neces-
sariamente x equivalente à y.
Essa definição não deve ser utilizada na escola elementar, pois ela
9
48
• reflexividade
O fato de colocar “ou ao mesmo tempo em que”, na relação
considerada acima, torna a relação reflexiva (e não antirreflexiva
como o quer a definição das relações de ordem restrita).
Qualquer candidato chegou antes ou ao mesmo tempo em que
ele mesmo, pois ele necessariamente chegou ao mesmo tempo em
que ele mesmo. A relação “chegou antes ou ao mesmo tempo em
que” é, portanto:
- transitiva,
- antissimétrica (no sentido da nova definição, mais complexa
que a primeira),
- reflexiva.
A verificação dessas três propriedades caracteriza as relações de
ordem ampla.
CONEXIDADE
49
• Primeiro exemplo
A relação “é descendente de”, marcada por uma flecha no esque-
ma sagital abaixo (árvore genealógica) é uma relação:
- não conexa, se tomarmos como conjunto a árvore genealógica
completa, pois dois elementos de linhagem diferente não estão
em relação;
- conexa, se tomarmos como conjunto uma só linha (A, B, F, M,
por exemplo).
não conexa conexa
A A
B C D B
E F GH I J
F
K L M NO P Q R
M
No entanto, como não temos qualquer razão para nos atermos
apenas a uma só linhagem, podemos dizer que a relação “ser des-
cendente de” não é, em geral, uma relação conexa.
A ordem a que chegamos, ilustrada pelo esquema sagital, nada
mais é que uma ordem parcial, pois certos pares de elementos não
são ordenados pela relação: não podemos colocar a relação nem
num sentido, nem no outro.
Exemplos: E e F, E e I, E e D.
Dizemos ainda que se trata de uma ordem de vários ramos.
• Segundo exemplo
A relação “nascer antes” é, frequentemente, uma relação conexa:
se tomarmos as crianças de uma classe, por exemplo, podemos
em geral, dizer, de duas crianças quaisquer, qual delas nasceu an-
tes da outra.
50
51
3+4=7
transitividade 3+4=5+2
7=5+2
7=7
reflexividade
3+4=3+4
4 x (3 + 6)
= 6
6
52
x+y=7
- sejam, e mais frequentemente, tanto incógnitas como operações
ao mesmo tempo:
4 x (3 + 6)
x =
6
y=3+x
53
RELAÇÕES TERNÁRIAS
57
Exemplos:
- Sete é quatro a mais que três, pode-se escrever:
7=3+4
ou ainda
4+3=7
ou ainda
7-4=3
ou ainda
7-3=4
- Seis multiplicado por cinco dá trinta, pode-se escrever:
6 x 5 = 30
Os habitantes da França que não são franceses são estrangeiros
residindo na França, pode-se escrever:
H F’ = E
(com o simbolismo seguinte):
58
59
A NOÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO
60
-18
x 3
-“Em um jogo, Beatriz deve mudar a cor, e somente a cor, dos objetos
que lhe são dados: se ele é vermelho, ela deve devolver um azul, se ele
é azul, ela deve devolver um vermelho. Se lhe for dado um pequeno
triângulo azul, ela deve devolver um pequeno triângulo vermelho”.
mudança de cor
pequeno triângulo pequeno triângulo
azul vermelho
-“Uma criança desloca um objeto em diagonal, sobre um quadrado,
para ir do ponto A ao ponto C (que lhe é oposto)”.
deslocamento diagonal
A C
Seria fácil multiplicar os exemplos. Adiante, este livro poderá
mostrar que a noção de transformação esclarece inúmeras noções mate-
máticas e facilita a análise de numerosos problemas.
Podemos assinalar, no entanto, que os elementos em jogo na rela-
ção ternária estado-transformação-estado não têm exatamente o mesmo
61
62
63
x 603
64
603
+2.070 -4.038
603
-1.968
603
2.571 603
+1.968
65
603
+475 -2.443
603
66
+3 x
14
-7
67
+3 x
-7
Os meios de que dispomos para resolver o problema são, eviden-
temente, diferentes nos dois casos. (No caso B, não temos escolha
e o número de caixas entregues não pode ser encontrado a não
ser pela adição do número de caixas a menos em relação ao início
(7) e do número de caixas suplementares apanhadas na primeira
parada (3)).
Trata-se de cálculo relacional que incide sobre as transformações
+3 , x, -7 , cálculo cuja dificuldade é grande para as crian-
ças do primeiro grau: 75% das crianças do CM210 são incapazes
de resolver um problema desse tipo. Se escrevermos a equação
correspondente e sua solução, vemos imediatamente sua dificul-
dade:
(+3) + x = (-7)
x = (-7) - (+3) = -7 -3 = -10
No caso A, dispomos de dois meios:
- o meio que acabamos de descrever e que é válido igualmente
nesses casos; a informação sobre o estado inicial não é então uti-
lizada;
- um outro meio que consiste em procurar, primeiro, o estado
intermediário e o estado final, depois em buscar a transformação,
pela diferença entre o estado intermediário e o estado final. Re-
presentemos esse raciocínio em várias etapas:
68
Primeira etapa
+3
14 17 7
-7
Segunda etapa
-10
17 7
69
-2 +4
a b c
-4 +2
c b a
+2
b a c
+4
+2
+4
b c
70
RELAÇÕES QUATERNÁRIAS
71
72
CORRESPONDÊNCIAS E APLICAÇÕES
73
0
Exemplo qualitativo:
Entre o conjunto de homens que têm pelo menos uma irmã e o
conjunto das mulheres que têm pelo menos um irmão, existe uma cor-
respondência bimultívoca: um homem pode ter uma ou várias irmãs;
uma mulher pode ter um ou vários irmãos. Algumas dessas irmãs e
desses irmãos podem ser comuns a várias pessoas, no total ou somente
em parte (no caso das meias irmãs e meio irmãos).
Exemplo quantitativo:
Entre o conjunto das distâncias percorridas normalmente de
carro e o conjunto do consumo de gasolina correspondente, há uma
correspondência bimultívoca: a cada distância percorrida podem cor-
responder vários consumos de gasolina possíveis (segundo o percurso
escolhido, segundo a velocidade, segundo o dia, a hora e as condições
do tempo); a cada consumo de gasolina pode corresponder várias dis-
tâncias (pelas mesmas razões).
74
75
76
Exemplos:
QUILÔMETROS LITROS DE GASOLINA DESPESAS EM $
Relações acarreta
x y
elementares um consumo de
custam
y z
Relações é embaixador de
x y
elementares
é a capital de
y z
77
DOMÍNIOS DE ESTUDO
81
Aos seis anos, quase todas as crianças sabem reconhecer sua mão
direita e sua mão esquerda. Mas são numerosas aquelas que ainda são
incapazes de reconhecer a mão direita de uma pessoa que está à sua
frente. É preciso se servir daquilo que a criança compreende e ajudá-la
a desenvolver as noções e relações mais complexas.
O espaço fornece um grande número de relações binárias: “ao
lado de”, “em frente de”, “atrás de”, “à direita de”, “à esquerda de”, “em
cima de”, “embaixo de”, “no interior de”, “no exterior de”, “na mesma
fila que”, “na mesma região que”, “diante de”, “imediatamente à direita
de”, “perto de”, “exatamente ao lado de”, “na vertical de”, “no mesmo
plano que”, etc.
O espaço fornece igualmente um grande número de transforma-
ções possíveis: translações, rotações, simetrias, permutações, homote-
tias, similitudes, etc.
A criança não percebe de uma vez só todas essas relações e trans-
formações; ela as compreende progressivamente, à luz de sua experiên-
cia ativa no espaço e percorrendo as diferentes etapas de seu desenvol-
vimento intelectual. Inúmeras são as relações simples cujos significados
são compreendidos pela criança antes ou fora da escola. Não obstante,
isso não quer dizer que ela compreenda e utilize todas as propriedades
dessas relações e que delas se sirva adequadamente, nos cálculos rela-
cionais; forçosamente isto não quer dizer que ela veja com clareza que
certas relações espaciais têm as mesmas propriedades e se comportam
do mesmo modo que outras relações tomadas de um outro domínio,
como o da medida, por exemplo, ou o das relações de parentesco. Há,
portanto, um lugar importante para a aprendizagem escolar do espaço.
• AS PROPRIEDADES DOS OBJETOS
A cor, a forma, o tamanho, a presença ou a ausência dessa ou da-
quela característica são as propriedades que são utilizadas para reconhe-
cer os objetos, para classificá-los, para designá-los, para representá-los,
enfim, para pensá-los. Aqui também, uma boa parte das aquisições da
criança se faz antes ou fora da escola. Mas a escola permite desenvolver
de modo sistemático essa atividade natural que é a atividade de classi-
ficar. As propriedades não são consideradas como relações no sentido
estrito, pois elas não ligam dois ou vários elementos entre si, mas quali-
ficam somente um elemento, por exemplo, um objeto.
82
83
• RELAÇÕES DE PARENTESCO
As relações de parentesco fornecem uma grande variedade de re-
lações que interessam muito as crianças e sobre as quais é possível fazer
inúmeros exercícios simples e claros.
Podemos partir das relações de parentesco para encontrar rela-
ções antissimétricas, simétricas, antitransitivas, transitivas, etc. A árvore
genealógica é, talvez, o exemplo mais simples de ordem parcial que se
pode fazer a criança compreender: de fato, as duas relações, entre si
recíprocas, “é descendente de”, “é um ascendente de”, são as relações
de ordem que organizam, de baixo para cima e de cima para baixo, a
árvore genealógica; mas a ordem, assim estabelecida, não é total, pois as
pessoas que não são da mesma descendência não são ordenadas.
Exemplo:
“é um descendente de”
• NÚMEROS
Os números formam, evidentemente, um domínio privilegiado
para o estudo das relações na escola básica. As relações binárias mais
importantes são, evidentemente, “é igual a”, “é maior que”, “é um múl-
tiplo de”, “é um divisor de”, etc.; mas as relações mais complexas podem
ser estudadas sem inconvenientes. Assim, o estudo da divisão com resto
conduz a definir as classes de números cuja divisão por p dá o mesmo
resto; no interior de uma mesma classe, dois números são ligados por
uma relação de equivalência “n1 dá o mesmo resto que n2” (pela divisão
por p) o que permite exercícios originais.
84
85
• A REPRESENTAÇÃO
Para compreender a realidade e agir sobre ela, a criança constrói
representações mentais dessa realidade. Entre essas representações, al-
gumas não são acessíveis ao observador externo e o educador está, às
vezes, despreparado para interpretar o que a criança acreditou compre-
ender ou fazer. Mas certas representações são objetiváveis, no sentido de
que podemos delas perceber indicadores importantes nas produções do
sujeito (palavras pronunciadas, desenhos, gestos analógicos, operações
feitas pelos sujeitos, etc.).
As principais representações utilizadas no ensino da matemática
são as seguintes:
- expressões linguísticas ou enunciados da língua natural;
- esquemas espaciais no plano (linhas, flechas, regiões do espaço,
localizações);
- expressões algébricas.
Para as relações binárias há dois esquemas espaciais principais, o
esquema sagital e a tabela cartesiana (ver capítulo III), de tal modo que
podemos representar da maneira seguinte todos os exercícios possíveis
de passagem
A) de uma situação a uma representação e reciprocamente (traços
cheios);
B) de uma representação a outra (traços pontilhados).
enunciados
esquema sagital
situação
tabela cartersiana
álgebra
86
• Exemplos de tarefas A
- descrever verbalmente as relações que existem entre crianças
sentadas a uma mesa (ao lado de, em frente de, na mesma fila
que, etc.);
- desenhar o esquema sagital (ou tabela cartesiana) de uma dessas
relações;
- colocar as crianças ao redor de uma mesa, conforme um enuncia-
do (ou a um esquema sagital, ou a uma tabela cartesiana) dado.
• Exemplos de tarefas B
- compor o esquema sagital correspondente a um dado enunciado;
- compor a tabela cartesiana correspondente a um dado esquema
sagital;
- escrever a equação algébrica correspondente a um dado enun-
ciado;
- dar um exemplo de enunciado correspondente a uma dada
equação (ou a um dado esquema sagital, ou a uma dada tabela
cartesiana).
• COMPREENSÃO-EXTENSÃO
Veremos no capítulo seguinte que um conjunto é definido seja
pela sua função característica, seja pela lista de seus elementos. “Função
característica” é o nome dado pelos lógicos à propriedade (ou à função
lógica) que permite dizer se um dado elemento está ou não em um
conjunto.
Por exemplo:
“é um número par e é inferior a 10” é uma função característica
do conjunto
C = {2, 4, 6, 8}
Logo, temos duas maneiras de definir o conjunto C
- por sua função característica: x pertence a C se x é par e inferior a 10.
Dizemos que E é definido em compreensão.
- pela lista dos elementos: 2, 4, 6, 8 pertencem a C.
Dizemos que C é definido em extensão.
87
- em compreensão “a é divisor de b”
- em extensão domínio {2, 3, 4}
co-domínio {4, 6, 8, 9}
pares ligados {(2, 4), (2, 6), (2, 8),
(3, 6), (3, 9), (4, 8)}
88
89
90
- nada de certo pode ser afirmado; isso significa que R não é nem
transitiva, nem antitransitiva.
- Segundo caso: R ≠ R’(duas relações não idênticas são encadea-
das)
Há três respostas possíveis:
- uma das relações R (ou R’) é verdadeira; isso significa que esta
relação esgota a outra.
Exemplo:
a é maior que b a é maior que c
b é igual a c
A relação “maior que” esgota a relação “igual”.
É preciso, no entanto, distinguir vários casos, pois uma relação R
pode esgotar uma relação R’ quando esta é colocada à direita, e
não o fazer, quando é colocada à esquerda.
Assim, a pai de b, b irmão de c ⇒ a pai de c
A relação R “pai de” esgota a relação R’ “irmão de” colocada à
direita.
R o R’ = R
mas ela não a esgota se colocada à esquerda.
Assim, a irmão de b, b pai de c ⇒ a tio de c (e não pai)
R’ o R = R
É preciso salientar, no entanto, que a relação de ordem “maior
que” esgota a relação “igual” à direita e à esquerda.
91
caso 2 aRb
92
caso 2 a pai de b
a pai de c
c irmão de b
a pai de b
93
97
2º C= x1 , x2 , ..., x n
98
99
12
Para simplificar a exposição, os exemplos propostos neste capítulo
referem-se quase sempre à cor e à forma geométrica.
100
101
102
103
104
105
• OS DESCRITORES QUANTITATIVOS
Situam-se nesta categoria os descritores cujos diferentes valores po-
dem ser distribuídos em uma escala de medida numérica, por exemplo:
DESCRITOR VALOR POSSÍVEL
O comprimento
A superfície
O volume Valores numéricos
O peso
O preço
etc.
106
107
ra. Com efeito, no caso dessas operações e relações, leva-se em conta dos
objetos exclusivamente sua pertença a essa ou aquela classe, e raciocina-
se diretamente sobre as classes. Em trecho anterior, com a análise das di-
ferenças, procedemos a uma primeira análise das relações entre classes,
uma vez que as relações entre valores diferentes de um mesmo descritor
(qualidade, ordem, medida) aplicam-se ao mesmo tempo à noção de
característica das classes e à noção de propriedade dos objetos.
• A NOÇÃO DE COMPLEMENTO
Frequentemente, a classe complementar é escrita da seguinte forma:
A’ = A A’ é a classe complementar
B de A no conjunto de referência B
Às vezes, ela é também assim escrita:
A’ = B - A O sinal - tem aqui um sentido lógico e
e não um sentido aritmético
Essas duas escritas podem levar a tomar a noção de complemento
como uma relação ternária entre A’, A e B. Porém, o conjunto de re-
ferência B não exerce um papel tão importante na lógica de classes tal
como os matemáticos o formalizaram; e, frequentemente, concorda-se
em considerar o complemento lógico seja como uma relação entre duas
classes A e A’, seja como uma operação exercida sobre a classe A.
A noção de complemento deve ser compreendida, ao mesmo
tempo, em extensão e em compreensão, e deste fato se pode retirar
quatro tarefas diferentes:
1. Dada a classe A por sua característica (ou compreensão), en-
contrar a característica da classe complementar A’.
2. Dada a classe A em extensão (pela enumeração de seus elemen-
tos), encontrar a extensão da classe complementar A’.
3. Dada a classe A por sua característica, encontrar a extensão da
classe complementar A’.
4. Dada a classe A em extensão, encontrar a característica da clas-
se complementar A’.
108
109
• Segundo exemplo
O complemento da classe de objetos “vermelhos-ou-azuis” pode
ser considerado de várias formas:
- A classe dos objetos que não são “vermelhos-ou-azuis”;
- A classe dos objetos que são amarelos;
- A classe dos objetos que sobram quando são retirados os objetos
“vermelhos-ou-azuis”;
- A classe dos objetos nem vermelhos, nem azuis.
A primeira forma é a da negação simples, a segunda a da caracte-
rização positiva da classe complementar, e a terceira a do resíduo
extensivo, e que não permite caracterizar a classe complementar
negativa ou positivamente.
Quanto à última formulação “nem vermelho, nem azul”, é ela
uma forma elaborada da negação de uma classe disjuntiva; volta-
remos a esse ponto adiante.
110
111
112
113
COR
114
Quadrados
Vermelhos C B
A
C está incluída na classe dos quadrados
115
Quadrados
A
assim como na classe dos vermelhos
C B
116
Não vermelhos
117
• A NOÇÃO DE INCLUSÃO
A inclusão é uma relação binária entre classes mas, ao contrário
do que dissemos sobre o complemento, não há como considerá-la uma
operação. A inclusão liga simultaneamente duas classes sem que apareça
qualquer transformação temporal.
Ela é escrita da seguinte forma:
A B
que se lê como: a classe A esta incluída na classe B.
Por definição, isto quer dizer que todos os elementos da classe A
são também elementos da classe B.
É possível mostrar facilmente que se trata de uma relação antis-
simétrica, transitiva e reflexiva: é uma relação de ordem ampla entre
classes de objetos.
É também uma relação de ordem parcial que permite organizar
classes não somente com base em apenas uma dimensão, mas com base
em uma “rede”. Eis um exemplo no qual as flechas representam relações
de inclusão (nem todas elas estão representadas).
quadrados grandes vermelhos
conjunto de referência
Não é necessário insistir a respeito do elo da noção de inclusão
com a noção de intersecção; cada classe é a intersecção de classes do
patamar imediatamente inferior, nas quais está incluída: a classe dos
grandes vermelhos é a intersecção da classe dos grandes e da classe dos
vermelhos.
Como para a união, a intersecção e o complemento, há diversos
critérios relativos à aquisição da noção de inclusão pelas crianças.
118
119
conjunto de referência
Esta representação é especialmente difícil para as crianças porque
leva em consideração vários descritores ao mesmo tempo.
• A REPRESENTAÇÃO EM ÁRVORE
É mais simples que a representação em “rede” porque se apoia no fato
de levar em conta sucessivamente cada um dos descritores, sem interferência
entre eles. Também tem a vantagem de ser infinitamente extensível.
120
espessos
vermelhos
finos
quadrados
espessos
azuis
finos
espessos
vermelhos
finos
círculos
espessos
azuis
finos
espessos
vermelhos
finos
retângulos
espessos
azuis
finos
Esta representação em árvore tem elos privilegiados com a com-
binatória.
• A REPRESENTAÇÃO DE EULER-VENN
Esta representação, muitas vezes considerada como representação
natural dos conjuntos não é, na verdade, nada mais que uma represen-
tação entre outras. Ela é particularmente cômoda quando é necessário
localizar objetos (ou os sinais que representam estes objetos) em regiões
do espaço, mas a representação cruzada também permite, com igual
facilidade, tais localizações.
A vantagem da representação de Euler-Venn é que ela coloca mui-
to bem em evidência, sobretudo, as noções de complemento, de união
e de intersecção. Como se trata de noções fundamentais da atividade
classificatória, seu interesse é bem compreensível. Eis um exemplo com
três características; aliás, dificilmente se pode ir além disto.
121
quadrados vermelhos
grandes
Os exercícios de passagem de uma representação a outra são pe-
dagogicamente muito fecundos tanto no caso da atividade classificató-
ria como no caso de outras atividades lógico-matemáticas.
122
125
um
dois
três
quatro
126
14
Uma aplicação de um conjunto em outro é bijectiva se, e somente
se, cada elemento do primeiro conjunto tem uma imagem, e uma só, no se-
gundo e, reciprocamente, se cada elemento do segundo conjunto é a imagem
de um elemento, e de um, só do primeiro.
127
128
129
130
131
132
• contagem
coleção de objetos sequência numérica falada
X um
X dois
X três
X quatro
A B
quatro
C
133
• relação de ordem
Para não complicar o esquema, foi empregada abaixo somente
uma família de conjuntos de objetos (cruzes), sabendo-se que cada con-
junto é apenas um conjunto possível de todos os conjuntos que podem
ser colocados em correspondência biunívoca com ele próprio.
família de conjuntos sequência de números
um
dois
três
quatro
134
135
A alternativa é, então
tem mais que
P tem menos que J
tem o mesmo tanto que
cinco três
136
comparação
números medida (A) dos números medida (B)
entre si
137
comparação
números cardinal (A) de números cardinal (B)
inteiros entre si
138
números 53 89 58 + 89 = 142
inteiros
Dois meios de encontrar 142 estão disponíveis:
- reunir os conjuntos A e B em um conjunto C e contá-los em
seguida;
- contar primeiro A e B, depois adicionar os dois números assim
obtidos.
O primeiro método pode ser simbolizado da maneira seguinte:
- reunião de dois conjuntos: A UD B19
- contagem deste novo conjunto: medida (A UD B)
O segundo método pode ser simbolizado da maneira seguinte:
- contagem de A e de B: medida (A), medida (B)
- adição de dois números: medida (A) + medida (B)
A equivalência desses dois métodos é assim escrita:
- medida (A UD B) = medida (A) + medida (B)
mos mais rápidos, “união disjunta”, por diferenças com U, símbolo da união,
operação geral sobre os conjuntos que sejam ou não disjuntos.
139
números medida (A) medida (B) med (A) + med (B) = med (C)
140
141
145
a=i constatados
b>i
b>a conclusão deduzida
Portanto, o conjunto I de pedrinhas serviu de intermediário para
comparar A e B.
Suponhamos que se queira comparar a altura da janela e a largura
do quadro de giz da sala de aula sem que seja possível dizer, somente por
estimativa perceptiva, o que é maior. Naturalmente não podemos com-
pará-las diretamente, pois o quadro de giz está preso na parede, sendo
então necessário empregar um intermediário. Várias soluções para esse
problema podem ser consideradas:
• A primeira solução consiste em pegar um objeto cujo compri-
mento seja muito próximo das duas outras grandezas a compa-
rar e dele servir-se como intermediário. Vamos escrever todos os
casos possíveis. Designaremos j a altura da janela, q a largura do
quadro de giz e i o comprimento do objeto intermediário.
comparação entre j e i
impossível
q>i q>j q>j
decidir
comparação
entre q e i q=i q<j q=j q>j
impossível
q<i q<j q<j
decidir
146
147
148
A APROXIMAÇÃO
149
150
151
referência
e que para tanto se dispõem de várias grades de papel transparente cujas
subdivisões são de base quatro: um quadrado grande preenche quatro
quadrados médios, um quadrado médio, preenche quatro quadrados
pequenos20.
Para simplificar as coisas utilizaremos a mesma referência para a
aplicação das três grades.
Primeira grade
152
Segunda grade
Terceira grade
153
154
155
156
157
158
Tomemos outro exemplo para tornar bem claro este ponto: “Se-
jam 3 moças e 4 moços que resolvem dançar. Cada moça que dançar
com cada um dos moços e reciprocamente. Quantos casais de dançari-
nos possíveis serão assim formados?”.
Resposta: 12 casais.
Que foi feito? Multiplicou-se o número de moças pelo número
de rapazes e obteve-se o número de casais.
A tabela cartesiana, abaixo, torna compreensível a analogia com
o problema da área do retângulo. A, B, C representam as moças; L, M,
N, O, os rapazes; os casais estão nas caselas.
L M N O
A AL AM AN AO
B BL BM BN BO
C CL CM CN CO
Assim sendo, o conjunto dos casais é o conjunto produto do con-
junto das moças e do conjunto dos rapazes (produto cartesiano) e o
número dos casais é o produto do número das moças pelo número de
rapazes.
Da mesma forma, a dimensão área é a dimensão produto da di-
mensão largura e da dimensão comprimento; e a área do retângulo é o
produto da medida da largura pela medida do comprimento. Portanto,
as medidas de superfície são expressas pelas unidades que são o produto
das unidades de comprimento:
Assim como 1 moça x 1 moço = 1 casal (aqui há, tão somente,
um abuso de linguagem)
1 metro x 1 metro = 1 metro quadrado.
As áreas não são as únicas medidas compostas: os volumes tam-
bém o são, e poderíamos repetir para a medida direta e para a indireta
dos volumes, o que acabamos de dizer para a medida direta e para a
indireta das superfícies. Isto não é indispensável. Recordemos simples-
mente uma dificuldade suplementar, que vem da existência de um du-
plo sistema de medidas para volumes comuns: aquele dos litros, deci-
litros, centilitros, decalitros, hectolitros, etc.; e o dos metros cúbicos,
decímetros cúbicos, centímetros cúbicos, etc. Somente o último sis-
159
objetos A B
160
Adição
objetos A B C
161
162
• o elemento neutro
Existe um objeto E cuja medida é nula e a adição desta medida
nula à medida de um outro objeto A qualquer remete à medida deste
objeto A.
Qualquer que seja A, med (A) + med (E) = med (A)
Se os números que representam as medidas A, B e C forem repre-
sentados por a, b, c, as propriedades acima podem ser escritas de forma
mais simples, como segue
• comutatividade
Quaisquer que sejam a e b, a+b=b+a
• associatividade
Quaisquer que sejam a, b e c, (a + b) + c = a + (b + c)
• elementos neutro
Qualquer que seja a, a+0=a
163
167
A a an ao
B b bn bo
C=A B c=a+b cn + 1 cn c o=
a n ...a o b n ...bo
168
169
170
posição, pela regra da adição, das representações dos cardinais dos con-
juntos A e B.
Por mais complexo que isto possa parecer ao leitor desavisado,
é esta aplicação composta n que é diretamente acionada quando da
aprendizagem do sistema de numeração, quando o reagrupamento dos
objetos em pacotes de dez, e dos pacotes de dez em pacotes de dez paco-
tes, etc., é colocado em paralelo com o código da numeração de posição
(coluna das unidades, coluna das dezenas, coluna das centenas, etc.). É
este homomorfismo composto que é utilizado quando a regra da adição
(juntam-se unidades a unidades, dezenas a dezenas, etc.; obtém-se um
resto se o número encontrado ultrapassa dez, etc.) é colocada em parale-
lo com as operações sobre os objetos, sobre os pacotes de objetos e sobre
os pacotes de pacotes, etc.
Eis um exemplo em base dez:
Conjuntos Representação escrita
dezenas unidades
3 2
x 1 9
171
2 2
172
173
174
desenhos e representações
de conjuntos
175
c p b u
1 2 1
176
ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO
177
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
20 21 22 23 24 25 26 27 28 29
30 31 32 33 34 35 36 37 38 39
40 41 42 43 44 45 46 47 48 49
50 51 52 53 54 55 56 57 58 59
60 61 62 63 64 65 66 67 68 69
70 71 72 73 74 75 76 77 78 79
80 81 82 83 84 85 86 87 88 89
90 91 92 93 94 95 96 97 98 99
Tomemos o exemplo da tabela: a operação +1 corresponde a um
deslocamento de uma casela à direita quando este deslocamento é pos-
sível sem que se saia da tabela, a operação -1, a um deslocamento de
uma casela à esquerda. Quando tais deslocamentos não são possíveis, é
preciso evidentemente recorrer a mudanças de linha cuja significação
deve ser explicada à criança.
As operações +10 e -10 correspondem também a deslocamentos
respectivos de uma casela para baixo e de uma casela para cima.
Vamos simbolizar essas operações pelas flechas:
+1
-1
+10
-10
178
+11
+21
-2
Pode-se assim organizar com números pequenos (particularmente
no CE126) toda uma série de jogos com deslocamentos sobre a tábua:
- dada a casela de partida, assim como a sequência dos desloca-
mentos, encontrar a casela de chegada;
- dadas as caselas de partida e de chegada, encontrar a sequência
dos deslocamentos e interpretá-la em termos numéricos;
- dadas a casela de chegada e a sequência dos deslocamentos, en-
contrar a casela de partida;
- dada a sequência dos deslocamentos, encontrar uma sequência
equivalente. Encontrar a mais curta;
- mostrar que a composição dos deslocamentos é comutativa, as-
sociativa, que há um elemento neutro (“ficar no lugar”) e que todo des-
locamento tem um inverso, chegando a uma interpretação adequada;
- interpretar numericamente uma sequência de deslocamentos e
reciprocamente; mostrar também as propriedades de grupo das opera-
ções aditivas (ver o capítulo XI sobre o grupo).
Entretanto, esses exercícios com um apoio espacial (régua, tabela
e deslocamentos) ficariam formais se não fossem eles próprios postos
em relação com situações de tipo aditivo. Mesmo com crianças das sé-
ries inicias do ensino básico é possível e necessário abordar várias classes
das situações expostas no próximo capítulo.
Veremos, por exemplo, que, em certos casos, a subtração corres-
ponde a operações tão naturais quanto a adição (tirar, perder, sair...).
Isto não significa, no entanto, que a regra operatória da subtração seja
tão fácil quanto a da adição, mesmo quando se procede, para as reser-
vas, de uma forma exatamente inversa à da adição: para ter unidades
179
+ 0 1 2 + 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
0 0 1 2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 2 10 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2 2 10 11 2 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
3 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
4 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
5 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
6 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
7 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
8 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
9 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Essas tabuadas, que podem ser construídas facilmente pelas pró-
prias crianças, não devem jamais ser aprendidas de cor, com exceção da
tabuada de base dez. Porém, esta memorização deve ser organizada por
exercícios apropriados e somente quando o professor assim o julgar. O
melhor é pendurar essas tabuadas na sala de aula, de forma bem visível,
para que as crianças possam a elas se reportar; ou, ainda, que cada crian-
180
• A SUBTRAÇÃO
Uma explicação suplementar é necessária para a regra da subtração.
A forma corrente de operar é a de acrescentar a reserva ao algaris-
mo a subtrair no passo seguinte, como no exemplo a seguir:
62
-38
24
“Tirar oito de dois não dá, eu faço oito menos doze, acho quatro
e sobra um. Um com três é quatro. Tiro quatro de seis, e acho dois.”
A regra que consiste em acrescentar a reserva ao algarismo das
dezenas do número a ser subtraído é incompreensível para a grande
maioria das crianças pequenas. Proceder desse modo significa renunciar
a fazê-las “compreender” a regra da subtração.
Explicá-la pressuporia que se demonstre que tirar 1 do operando
6 e acrescentar 1 ao operador 3 resulta no mesmo, o que jamais é feito
na escola. Em todo o caso, é uma explicação que está fora do campo de
compreensão das crianças às quais as bases da subtração são ensinadas.
É preciso então proceder de outra forma.
A mais simples é fazer como para a adição, mas com um proce-
dimento inverso, trocando uma barra ou um grupo de primeira ordem
pelas unidades, uma placa ou um grupo de segunda ordem pelas barras
ou por grupos de primeira ordem, etc., o que resulta nas seguintes es-
critas sucessivas:
181
barras unidades
1. 6 2
-3 8
182
MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO
183
184
1 102
x13 x13
13
c p b u c p b u
cubos placas barras unidades cubos placas barras unidades
1 0 2
x3
3 1 2
x10
1 0 2 0
1 3 3 2 1 3 3 2
185
186
n
x 36
c p b u
nx6
n x 10 x 3
n x 36
A utilização do quadro (cubos, placas, barras, unidades) é um fator
de organização, que dificilmente as crianças menores podem dispensar
sob pena de perderem-se rapidamente. É preciso, assim, conservá-lo por
muito tempo. Do mesmo modo, a escrita do zero ou dos zeros necessá-
rios é uma garantia mais concreta e maior do que a régua de intervalos.
Os zeros intercalares ao multiplicador são armadilhas nas quais se cai
facilmente a menos que se siga usando a régua de deslocamentos.
Os zeros intercalares do multiplicando são uma fonte menor de
dificuldades.
Do mesmo modo, a presença de uma vírgula no multiplicando
não traz qualquer problema, enquanto ela o traz ao multiplicador por
duas razões fundamentais:
1. Multiplicar um número com vírgula, então não um número de
vezes não inteiro, supõe que se esteja diante de um caso de problema mul-
tiplicativo bastante complexo (isomorfismo de medidas contínuo-contí-
nuo, por exemplo).
2. A regra operatória da multiplicação por um número com vír-
gula supõe um encadeamento de transformações multiplicativas que
não são necessariamente bem compreendidas pela criança, mesmo ao
final do ensino elementar!30
187
x 3,62
n
x 3,62 x 100 : 100
n
x 362 : 100
n
• A DIVISÃO
Com a divisão, são reencontrados problemas análogos aos que
acabam de ser expostos, se é que não são eles amplificados por causa da
complexidade da regra operatória da divisão.
Mais ainda que para a multiplicação, é importante sublinhar a
necessidade de empregar um procedimento e uma disposição espacial
que permitam à criança encontrar sem hesitação o ponto em que ela se
encontra:
- quadro quadriculado para o dividendo e para o quociente;
- escrita completa das subtrações necessárias;
- indicação eventual dos cálculos acessórios para buscar o algaris-
mo que convém ao quociente; para esta busca, uma ajuda pode-
rosa consiste em dispor previamente a tabuada dos produtos do
divisor pelos números de 1 a 9. Eis um exemplo em base dez, para
uma divisão por 17.
188
c p b u
17 x 1 = 17
2 4 5 3, 6 1 7
x2= 34
-1 7 c p b u
x3= 51
0 7 5 1 4 4, 3 x4= 68
-6 8
x5= 85
0 7 3
x6= 102
-6 8
x7= 119
0 5 6
x8= 136
-5 1
x9= 153
0 5
189
190
191
base dez
x 1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 2 3 4 5 6 7 8 9
2 2 4 6 8 10 12 14 16 18
3 3 6 9 12 15 18 21 24 27
4 4 8 12 16 20 24 28 32 36
5 5 10 15 20 25 30 35 40 45
6 6 12 18 24 30 36 42 48 54
7 7 14 21 28 35 42 49 56 63
8 8 16 24 32 40 28 56 64 72
9 9 18 27 36 45 54 63 72 81
192
1 2 0 4 2 8 1
A somatória em diagonal permite encontrar o resultado buscado.
A vantagem desse método é, evidentemente, a de que as reservas que
intervêm na fase da multiplicação estão todas escritas. Somente as re-
servas da adição final são mentais. Esse método foi experimentado com
sucesso pelos pesquisadores do I.R.E.M. de Bordeaux (equipe de Guy
Brousseau).
193
MEDIDAS E TRANSFORMAÇÕES
197
N = 0, 1, 2, 3, ... n, ...
198
Z = ... -n, ..., -5, -4, -3, -2, -1, 0, +1, +2, +3, ..., +n ...
199
31
O “segundo ciclo” (CM) do sistema de ensino básico francês aten-
de aproximadamente crianças da faixa etária de 9 a 10 anos. N. T.
32
Recordamos, o nível secundário do sistema de ensino francês em
suas primeiras séries atende, aproximadamente, alunos de 11 a 13 anos de
idade. N. T.
200
201
Equações
n um número natural
(+ n) ou (- n) um número relativo
a adição de dois números
naturais
a adição de um número
natural e de um número
relativo
a adição de dois números
relativos
Primeira categoria: duas medidas se compõem para resultar em
uma medida.
- Paulo tem 6 bolinhas de gude de vidro e 8 bolinas de gude de
metal. Ele tem em tudo 14 bolinhas.
6, 8, 14 são números naturais.
Esquema correspondente:
14
202
+4
7 11
-4
7 3
Equação correspondente: 7 (- 4) = 3
Terceira categoria: uma relação liga duas medidas.
- Paulo tem 8 bolinhas de gude. Tiago tem 5 menos que Paulo.
Então, Tiago tem 3.
Esquema correspondente:
-5
203
Equação correspondente: 8 (- 5) = 3
A notar que este exemplo corresponde a uma relação estática en-
quanto os dois precedentes correspondem a transformações.
Quarta categoria: duas transformações se compõem para resultar
em uma transformação.
- Paulo ganhou ontem 6 bolinhas de gude e hoje perdeu 9 boli-
nhas. Em tudo, ele perdeu 3.
+ 6, − 9, − 3 são números relativos.
Esquema correspondente:
+6 -9
-3
+4
-6 -2
Equação correspondente: (- 6) (+ 4) = (- 2)
é aqui a lei de composição que corresponde à operação de
uma transformação sobre um estado relativo. Então, ela é, rigo-
204
-6
-2
+4
205
-6
- 10
-4
206
a c
c b a
Exemplo 1
“Havia 17 pessoas dentro de um ônibus, subiram 4. Quantas pes-
soas estão ali dentro, agora?”
+4
17 x
207
Exemplo 2
“Um paulistano viaja de carro em férias. Ao sair de São Paulo seu
velocímetro marca 63.809 km; na volta marca 67.351 km. Quantos
quilômetros ele percorreu durante as férias?”
63.809 67.351
Exemplo 3
“Henrique acaba de achar R$ 2,60 na calçada. Ele os colocou no
seu moedeiro. Ele tem agora, em tudo R$ 3,90. Quanto dinheiro ele
tinha em seu moedeiro antes do achado?”
+2,60
x 3,90
Exemplo 4
“João tem 9 balas. Ele deu 4 para sua irmãzinha. Com quantas
ele ficou?”
-4
9 x
Exemplo 5
“Paulo acabou agora um jogo de bolinha de gude. Ele tinha 41
bolinhas antes de jogar. E agora ele tem 29. Quantas bolinhas ele per-
deu?”
41 29
208
Exemplo 6
“Em 1974, a população de Paris era de 2.844.000 habitantes.
Em cinco anos a cidade havia perdido 187.000 habitantes. Quantos
habitantes Paris tinha em 1969?”
- 187.000
x 2.844.000
209
210
211
212
213
214
a a
1. x 2. c
b x
215
216
217
218
Exemplo 2
“A reserva de ouro de um banco baixou em 642 lingotes durante
todo o ano de 1993. Durante o primeiro semestre do mesmo
ano, ela tinha baixado em 1.031 lingotes. Que ocorreu durante o
segundo semestre?”
Exemplo 3
“Pedro jogou duas partidas de bolinha de gude. Durante a pri-
meira partida, ele ganhou 7 bolinhas. Ele jogou a segunda parti-
da. Fazendo as contas para as duas partidas, ele viu que perdeu ao
todo 2 bolinhas. Que ocorreu na segunda partida?”
219
Dados:
+7 x
-2
-7 +7 x
-7 +7 x
-7 -2
-9
composição de -7 e de -2 para encontrar o valor de x
De fato, o primeiro aspecto do raciocínio leva a escrever a se-
quência
(- 7) (+7) x
220
me”, série do ensino secundário francês que segue à chamada “sexta” (“sixiè-
me). A “cinquième” atende alunos de 12 anos de idade. N. T.
37
Recordando, no sistema de ensino francês, o CM atende alunos da
faixa etária de 9 a 10 anos. E o CE é anterior, tendo alunos de 7 e 8 anos. N.
T.
221
222
PROPRIEDADES DO GRUPO
• Comutatividade
T1 ° T2 = T2 ° T1 quaisquer que sejam T1 e T2.
O resultado da composição das duas transformações T1 e T2 é o
mesmo, não importa a ordem dessas transformações. Por exemplo, é a
mesma coisa, do ponto de vista dos ganhos e das perdas, ter perdido
7 bolinhas de gude na primeira partida e ganho 3 na segunda, ou ter
ganhado 3 na primeira partida e perdido 7 na segunda.
225
• Associatividade
(T1 ° T2) ° T3 = T1 ° (T2 ° T3) quaisquer que sejam T1, T2 e T3.
O resultado da composição de três transformações T1, T2 e T3 é o
mesmo, quer se componha primeiro as duas primeiras e, em seguida, o
resultado assim encontrado com a terceira; ou se componha primeiro as
duas últimas e, depois, a primeira, com o resultado assim encontrado.
Por exemplo, quando se perde 7 bolinhas de gude, depois se ganha 3,
depois se perde 5, é o mesmo que obter o resultado parcial das duas
primeiras partidas (“perder 7” e “ganhar 3” resulta em “perder 4”) e,
depois, o resultado total (“perder 4” e “perder 5” resulta em “perder 9”);
ou obter, primeiro, o resultado parcial das duas últimas partidas (“ga-
nhar 3” e “perder 5” resulta em “perder 2”) e, em seguida, o resultado
total (“perder 7” e “perder 2” resulta em “perder 9”).
• Elemento neutro
Há uma transformação tal que T1 ° I = I ° T1 = T1 qualquer que
seja T1.
Seja I a transformação idêntica, a qual consiste em não alterar
as situações existentes, a composição de I com não importa qual outra
transformação T1, intervenha esta antes ou depois, dá de novo eviden-
temente a transformação T1. Por exemplo, a parte nula que consiste
em nada ganhar nem perder no transcorrer de uma partida, pode ser
composta com uma outra partida, e o resultado final é, naturalmente, o
mesmo que aquele dessa outra partida38.
Terminologia:
38
226
• Inversa
Qualquer que seja T1, existe ~T1 tal que T1 ° ~T1 = ~T1 ° T1 = I.
Para toda transformação T1 pode-se encontrar uma transforma-
ção ~T1 que, intervindo antes ou depois, anula seu efeito: o resultado da
composição de T1 e de ~T1 não é outro senão a transformação idêntica
I. Por exemplo, resulta no mesmo empate ter ganho 7 bolinhas de gude
na primeira partida e perdido 7 na segunda; ou ter perdido 7 bolinhas
de gude na primeira partida e ter ganho 7 na segunda. “Perder 7” é a
transformação inversa de “ganhar 7” e reciprocamente.
Para a adição de números relativos, as propriedades que acabamos
de examinar são escritas com muita facilidade.
• Comutatividade
r1 + r2 = r2 + r1 quaisquer que sejam r1 e r2.
• Associatividade
(r1 + r2) + r3 = r1 + (r2 + r3) quaisquer que sejam r1, r2 e r3.
• Elemento neutro 0
r1 + 0 = 0 + r1 = r1 qualquer que seja r1.
• Inversa
Qualquer que seja r1 existe ~r1 (oposto de r1) tal que r1 + ~r1 = 0.
As três últimas propriedades (associatividade, elemento neutro,
inversa) caracterizam uma estrutura algébrica que os matemáticos cha-
maram de “grupo”. A primeira propriedade (comutatividade), embora
verdadeira para numerosos grupos, não necessariamente caracteriza a
noção de grupo; deve-se distinguir então os grupos comutativos dos
grupos não comutativos.
O conjunto dos números inteiros relativos
227
• O grupo de Klein
Sejam os quatro vértices de um retângulo A, B, C, D.
A B
D C
e os quatro “deslocamentos” seguintes:
228
I H V D
I I H V D
H H I D V
V V D I H
D D V H I
Pode-se verificar:
a comutatividade
H I = I H V I = I V
H V = V H H D = D H
V D = D V D I = I D
a associatividade
seria cansativo escrever todo os casos possíveis, mas é claro que
(x ° y) ° z = x ° (y ° z) quaisquer que sejam x, y e z pertencendo ao
conjunto dos quatro deslocamentos. Por exemplo:
(H V) H = H (V H) (H V) D = H (V D)
a existência de um elemento neutro I
H I = I H = H
V I = I V = V
D I = I D = D
I I = I
a existência de um inverso para todo deslocamento
H H = I V V = I D D = I I I = I
Cada deslocamento é em si seu próprio inverso.
O grupo dos quatro deslocamentos H, V, D, I é um grupo finito
comutativo que é chamado de grupo de Klein. É uma estrutura muito
geral que é encontrada em numerosos casos. Citemos outro exemplo,
emprestado da lógica.
Sejam os enunciados simples do tipo seguinte:
- o objeto x é a e b (por exemplo: o objeto x é redondo e azul);
- o objeto x não é a e b;
- o objeto x é a ou b;
- o objeto x não é a ou b
229
conjunto D conjunto B
conjunto C
230
231
a associatividade
(I F) E = I (F E)
ou ainda
(F E) D = F (E D)
e de uma maneira geral
(R R’) R” = R (R’ R”)
quaisquer que seja, R, R’, R’’ como pertencentes ao conjunto das qua-
tro relações.
a existência de um elemento neutro I
F I = I F = F
E I = I E = E
D I = I D = D
I I = I
a existência de uma inversa para toda relação
D E = E D = I E é a inversa de D e
reciprocamente.
F F = I
I I = I F e I são respectivamente
suas próprias inversas.
enquanto no grupo de Klein todo elemento do grupo era em si seu pró-
prio inverso, esse não é o caso no grupo das quatro relações I, F, E e D,
uma vez que E tem como inversa D e reciprocamente.
Eis uma ilustração dessa forma de grupo, um pouco inesperada
para o leitor não prevenido, mas que pode ocasionar exercícios interes-
santes ao final do ensino básico39, o grupo dos inteiros módulo 4.
232
233
234
235
236
ISOMORFISMO DE MEDIDAS
239
Exemplo 4
“Pedro tem R$ 12,00 e quer comprar pacotes de bala a R$ 4,00
o pacote. Quantos pacotes ele pode comprar?”
Exemplo 5
“Uma corrida de automóveis tem 247,760 km de percurso. Um
carro consome 6,785 litros a cada 100 quilômetros. Quanto ele
consumirá durante essa corrida?”
Exemplo 6
“Vou comprar 12 garrafas de vinho a R$ 19,50 por três garrafas.
Quanto vou gastar?”
Exemplo 7
“3 novelos de lã pesam 200 gramas. São necessários 8 para fazer
um pulôver. Qual vai ser o peso do pulôver?”
240
241
1 x
x3 3 3
3 12
242
Exemplo 4
pacotes reais
reais/pacote
x4
1 4
x 12
1 4
iogurtes/pacote
x4
x3 x3
3 x
iogurtes/pacote
x4
243
x3
segunda forma
iogurtes/pacote
x4
3 pacotes x iogurtes
244
Primeira formulação:
x iogurtes estão para 4 iogurtes, assim como 3 pacotes estão para
1 pacote.
Segunda formulação:
x iogurtes estão para 3 pacotes, assim como 4 iogurtes estão para
1 pacote.
Vamos escrever isso na forma de proporções e transformemos as
equações assim obtidas. Trata-se de “equações de dimensões”.
Primeira formulação:
x iogurtes 3 pacotes
4 iogurtes 1 pacote
Multipliquemos os dois termos da equação por “4 iogurtes”.
3 pacotes x 4 iogurtes
x iogurtes
1 pacote
Observa-se assim uma forma simplificada (denominador igual a
1) da regra de três que mostra que a multiplicação em pauta não consti-
tui uma lei da composição binária, mas uma relação mais complexa.
Simplifiquemos as dimensões do segundo termo
3 pacotes x 4 iogurtes 3 x 4 iogurtes
x iogurtes
1 pacote 1
e eliminemos o denominador (igual a 1)
x iogurtes 3 x 4 iogurtes
assim sendo, reencontramos a primeira forma empregada para ob-
ter x.
Segunda formulação:
x iogurtes 4 iogurtes
3 pacotes 1 pacote
245
x iogurtes 3 x 4 iogurtes
246
novelos gramas
1 v
3 3
x8 3 200 x8
x x
8/3 8/3
8 x
Essa análise vertical está centrada na noção operador-escalar (sem
dimensão), a qual permite passar de uma linha à outra em uma mesma
categoria de medidas.
Primeira etapa
Da mesma maneira pela qual se passa de 3 novelos a 1 novelo
(dividindo-se por 3), passa-se do peso de 3 novelos (200) ao peso
de um novelo (v, valor unitário).
Segunda etapa:
Da mesma maneira que se passa de um novelo a 8 novelos (mul-
tiplicando-se por 8), passa-se do peso de um novelo (v) ao peso
de 8 novelos (x).
Síntese:
Pode-se também dizer que se passa diretamente de 3 novelos a 8
novelos, multiplicando-se pelo operador fracionário x 8/3 , o
que não é nada mais que a aplicação sucessiva dos dois operado-
247
x4 2 x2
4 5 20
Exemplos complexos que não
x 2/3 x3 x2
dizem respeito ao ensino básico.
43
O adulto que conhece matemática, não a criança.
248
x8 x8
8 x
249
novelos gramas
x8 x8
8 x
8 x
ponto de chegada
ou multiplicação pela relação
ponto de partida
250
251
Primeira etapa
O operador-função f que faz passar de 8 novelos a x gramas é o
mesmo que faz passar de 3 novelos a 200 gramas.
Segunda etapa
Esse operador-função não é nada mais que a multiplicação pela
relação
ponto de chegada
ponto de partida
Logo, é preciso encontrar esse operador sobre a linha de cima
onde é possível:
novelos gramas
x 200/3
3 200
200 gramas
3 novelos x = 200 gramas
3 novelos
200
x gramas = 8 novelos x gramas/novelos
3
252
PRODUTO DE MEDIDAS
Exemplo 1
“3 rapazes e 4 moças querem dançar. Cada rapaz que dançar com
cada moça e cada moça, com cada rapaz. Quantos seriam os casais
possíveis?”
Exemplo 2
“Quer-se fabricar bandeirolas com tecido de duas cores diferentes
(vermelho e azul). Fabricando-se bandeirolas de três faixas como
a que está abaixo, quantas bandeirolas diferentes podem ser fa-
bricadas?”
253
254
255
256
profundidade média
x 625 m 3
da água
250 m 3
superfície da piscina
Porém, pode-se também empregar, é claro, uma representação do
volume da piscina, sobretudo se o comprimento e a largura dela são
conhecidos.
A relação fundamental é, evidentemente:
625 metros cúbicos = 250 metors quadrados x x metros
257
m3 = m2 x m = m x m x m
2. A possibilidade, por nós empregada no caso das proporções, de
simplificar uma relação de dimensões, suprimindo as dimensões
que não se encontram ao mesmo tempo no numerador e no de-
nominador, é igualmente utilizável aqui.
625 metros cúbicos = 250 metros quadrados x x metros
625 metros cúbicos
x metros =
250 metros quadrados
625 metros x metros x metros
simplificação: x metros =
250 metros x metros
Mais uma vez, a mesma dimensão de um e de outro lado do sinal
de igualdade é encontrada.
258
259
260
Multiplicação
1 a
b x
261
saia 2
x3
conjunto 6
262
Multiplicação:
“São necessários 2 metros de tecido para fazer uma saia; são ne-
cessárias três vezes mais para fazer um conjunto. Quanto de teci-
do é necessário para fazer um conjunto?”
263
Produto discreto-discreto
“Um comerciante quer colocar à disposição dos clientes 15 varie-
dades de sorvetes cobertos de chocolate. Ele dispõe de três varieda-
des de chocolate. Quantas variedades de sorvetes ele deve ter?”
Produto contínuo-contínuo
“Um retângulo tem uma superfície de 18,66 metros quadrados e
uma largura de 3,23 metros. Qual é seu comprimento?”
264
265
269
curso médio (CM) são as finais da escola elementar. Atendem crianças da faixa
etária de 9 a 10 anos. N. T.
270
271
37
Depois, perguntemo-nos quais as informações que ainda devem
ser colocadas.
Resposta: o que o Senhor Oliveira comprou depois, o que ele
usou e o que lhe sobrou ao final.
Trata-se de transformações ou de estados?
Resposta: o que sobra ao final é um estado, as quantidades com-
pradas e utilizadas são transformações:
compra utilização
37 11
estado inicial estado intermediário estado final
Pode-se preencher as caselas vazias? Pode-se colocar no esquema
a informação de que o Senhor Oliveira usou menos 4 metros do que o
previsto?, etc.
Resposta: não se pode colocar diretamente nesse esquema a infor-
mação que o Senhor Oliveira usou menos 4 metros do que o previsto.
Também não se pode colocar que ele fez a previsão de usar 130 metros.
272
130
A segunda encontra sua resposta no próprio esquema principal
(desde que conhecida a quantidade utilizada).
- 126
----------------- 11
+126
273
-4
130 126
- 126
37 11 130 - 4 = 126
- 126
37 137 11 11 + 126 = 137
+126
+100 - 126
37 137 11 137 - 37 = 100
+126
274
Esquema Equação
-4
130 126 130 - 4 = 126
- 126
37 11
- 126
37 11 37 - 11 = 26
- 26
+100 - 126
37 11 126 - 26 = 100
- 26
É espantoso ver como os esquemas permitem uma análise muito
mais fina dos diferentes aspectos do raciocínio do que as equações:
- na primeira solução: cálculo anexo, busca do estado por inver-
são da transformação direta, busca da transformação pela diferen-
ça entre o estado final e o inicial;
- na segunda solução: cálculo anexo, busca do estado pela diferen-
ça entre o estado inicial e o estado final (transformação negativa),
busca da transformação por decomposição de uma transformação
composta em duas transformações elementares das quais uma é
conhecida.
As equações escritas à direita revelam apenas uma parte pouco
considerável desses raciocínios. Na verdade, elas representam tão so-
mente os cálculos numéricos.
275
-4 11 - 4 = 7
11 7
- 130
37 7
276
0,125 1
5 1 12 30
66 P
277
0,125 1
5 1
B 12 30
66 C A P
1 D
10 E
• SOLUÇÕES
Vamos agora estudar três dos diferentes caminhos possíveis: cada
etapa não é analisada, mas simplesmente indicada e representada pela
relação quaternária empregada no decorrer da etapa.
278
I 0,125 1 I
5 1
III III 12 30
II I II I II III
66 P
• Caminho I
0,125
5 1
Resposta: 0,625 litro.
- Cálculo do preço de um queijo
queijos (unidades) reais
12 30
Resposta: R$ 2,50.
279
0,625 1
66
1 2,50
105,6
Resposta: R$ 264,00.
• Caminho II
- Cálculo em peso da quantidade de queijo que pode ser feita
com 66 litros de leite
litros de leite kg de queijo
5 1
66
Resposta: 13, 2 kg.
280
0,125 1
13,2
12 30
105,6
Resposta: R$ 264,00.
• Caminho III
- Cálculo da quantidade de queijo necessária para fazer 12 queijos
kg de queijo queijos (unidades)
0,125 1
12
281
5 1
1,5
7,5 30
66
Resposta: R$ 264,00.
282
Para que não persista qualquer ambiguidade, mais uma vez repe-
timos que um problema complexo, como o que acabamos de apresen-
tar, só pode ser estudado coletivamente com toda a classe ou em uma
sessão de trabalho em grupo. Pode-se mesmo acrescentar que os cami-
nhos descobertos pelas crianças sem dúvida não farão apelo à regra de
três, a qual, na maior parte dos casos, não pode ser estudada no ensino
elementar. Contentamo-nos então com a solução em duas etapas com
passagem pela unidade.
• TABELAS E CURVAS
Sem dúvida é mais importante agora identificar uma outra di-
reção pela qual o professor pode desenvolver a análise: é o estudo da
noção de função linear y = ax. A função y = ax é a função que, no tipo
de problema aqui examinado, permite passar de uma coluna à outra,
por exemplo, da quantidade de leite em litros à quantidade de queijos
em quilogramas. Assim sendo, dois exercícios podem ser apresentados
às crianças.
283
1 0,100
2 0,200
3 0,300
4 0,400
5 1 0,500
6 0,600
7 0,700
8 0,800
9 0,900
10 5 1
. .
. .
20 .
. 2
. .
60 .
. .
. 5
65 .
66 .
. .
. 10
. .
284
0,125
5 1
1,5
66
A forma mais simples de preencher essas tabelas é, evidentemen-
te, descobrir a regra que permite passar de uma coluna à outra. No caso
aqui considerado, a regra é a que é preciso multiplicar por 5 a quantida-
de de queijo em kg para encontrar a quantidade de leite correspondente
em litros; ou reciprocamente, dividir por 5 a quantidade de leite em
litros para encontrar a quantidade de queijo correspondente em kg.
litros de leite kg de queijo
5
x y
x5
A dificuldade desse exemplo reside no fato de que a transforma-
ção natural (do leite em queijo) corresponde não a uma multiplicação,
mas a uma divisão. Ora, na equação y = ax, a significação mais imediata
ligada às variáveis x e y e ao parâmetro a é que x é a origem, y o ponto
de chegada e a um fator multiplicativo simples (x 2, x 3, ...).
Para conservar essa significação nesse exemplo, seria necessário ou
bem interpretar o fator a como um operador fracionário (x 1/5) o que
traz sérias dificuldades na escola elementar; ou, então, interpretar x e y
ao contrário da interpretação natural, o que traz dificuldades de outra
ordem, mas igualmente grandes.
litros de leite kg de queijo
x5
y x
285
y=8x
Ela levanta outro tipo de dificuldade, atribuível ao caráter discre-
to do conjunto de chegada, ao que voltaremos adiante.
• Segundo exercício: Traçar uma curva ponto por ponto em coorde-
nadas cartesianas
Esse exercício, que necessariamente deve ser precedido por aquele
das tabelas de correspondência, permite aprofundar a noção de função
linear e uma análise mais fina das noções de quantidade contínua e de
quantidade discreta.
Exemplo contínuo-contínuo
Transformação do leite (litros) em queijo (kg)
y
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0 1 2 3 4 5 x
286
1
0,8
0,6
0,4
0,2
1
0 2 1 112 2 2 12 3 3 12 4 412 5 x
Pode-se levar a criança a traçar uma reta que liga aqueles pontos e
que, de fato, é formada por todos os possíveis pontos de correspondên-
cia entre quantidades de leite e de queijo.
y
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0 1 2 3 4 5 x
287
Exemplo contínuo-discreto
As crianças devem se dar conta de que, se as quantidades de queijo
em kg variam de maneira contínua, as quantidades de queijo-unidade
variam, elas próprias, por “saltos bruscos” de uma unidade, o que ocorre
sempre a cada 125 gramas.
y
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
0,125 0,250 0,375 0,500 0,625 0,750 0,875 1 1,125 1,250
x
A reta (tracejado fino) representa, então, nada mais que uma apro-
ximação discutível ou, ainda, ela supõe que quantidades fracionárias de
queijo sejam aceitas como intermediários contínuos entre as unidades.
288
1 B 40 F
1 12 360 D G
3 A C E H
BFGH Cálculo do preço de compra (B) e do lucro (F) para uma camisa
camisa, cálculo do lucro para 12 camisas (G), depois para três
dúzias (H).
BFAH Cálculo do preço de compra (B) e do lucro (F) para 1 camisa,
cálculo do número total de camisas (A), depois do lucro para 3
dúzias (H).
289
BFAH ACEH
Inútil
Com cálculo de A e outros caminhos e outros caminhos
análogos análogos
290
1. Cálculo de D 1. Cálculo de D
40 40
x 12 x 12
D D
2. Cálculo de E e C 2. Cálculo de G
360 D
x3 x3
G = D - 360
C E
3. Cálculo de H 3. Cálculo de H
G
H=E-C
x3
291
292
293
52
Existem homomorfismos para as diferentes categorias de relações:
unárias, binária, ternárias...
A notação polonesa permite escrever de modo homogêneo os diferen-
tes homorfismos possíveis.
Sejam:
- x, y, z os elementos de C, o conjunto de partida;
- f um homomorfismo de C em F, o conjunto de chegada;
- P, R2, R3, aspectos relacionais em C (estrutura E), e P’, R’2, R”3,
aspectos relacionais em F (estrutura E’):
Homomorfismo de propriedade (relação unária)
x 0 C, P (x) Y P’ (f (x))
Homomorfismo de relação binária
x, y 0 C R2 (x, y) Y R’2 (f (x), f (y))
Homomorfismo de relação ternária
x, y, z 0 C R3 (x, y, z) Y R’3 (f (x), f (y), f (z))
Caso particular: homomorfismo da lei de composição binária
x, y, z 0 C x = y B z Y f (x) = f (y) B’ f (z)
ou, substituindo y B z por x na segunda igualdade
y, z 0 C f ( y B z) = f (y) B’ f (z)
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adição
F f(tx ) f(t y ) f (tx) + f(t y ) = f (t x t y )
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REPRESENTAÇÃO
sistema II
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xλ xλ
λt f (λt) = λf (t)
Existe igualmente um homomorfismo aditivo:
quaisquer que sejam t1 e t 2, f (t1 + t2) = f (t1) + f (t2)
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t1 f(t 1 )
t2 f(t 2 )
t1 + t 2 f (t 1 + t 2 ) = f (t 1 ) + f (t 2 )
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• INVARIANTES QUANTITATIVOS
Piaget mostrou que a noção de quantidade mensurável apoia-se
em invariantes que são evidentes para o adulto; mas numerosas expe-
riências a respeito mostram que, no caso das crianças pequenas, aquela
evidência é contrariada. O mesmo ocorre especialmente para a noção
de cardinal (medida dos conjuntos discretos), uma vez que é somente
ao redor de 6 ou 7 anos que as crianças consideram que uma coleção de
objetos não se altera em sua quantidade quando sua disposição espacial
é alterada: a experiência dos ovos e dos porta-ovos que é relatada no ca-
pítulo VI mostra, de fato que, para os pequenos, apenas o fato de espa-
lhar ou de juntar os objetos de uma coleção modifica-lhe a quantidade.
Como seria possível ensinar a noção de número às crianças se essa noção
não se apoiar explicitamente ou implicitamente no que Piaget chamou
de “conservação de quantidades discretas”? Uma condição necessária
(mas não suficiente) para que a noção de número seja compreendida,
é evidentemente que 6 representa o cardinal de um conjunto de 6 ob-
jetos, quer estejam estes reunidos em uma mesma região do espaço ou
afastados uns dos outros, e que 6 representa o cardinal de um conjunto
de 6 elefantes tal como um conjunto de 6 pérolas.
tar (ou básica) ocorre com o CM2 cujos alunos têm aproximadamente 10 anos
de idade. N. T.
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• Terceiro exemplo
Classe de problema: em uma estrutura de isomorfismo de medi-
das, sabendo-se que a medida a do primeiro espaço de medidas corres-
ponde à medida b do segundo espaço de medidas, obter a medida do
segundo espaço correspondente à medida c do primeiro.
Algoritmo possível: buscar o operador fracionário que faz passar
de a à c e aplicá-lo à b para encontrar x.
Outro algoritmo possível: b x c (regra de três).
a
Outro algoritmo: buscar o valor unitário b/a, depois multiplicar
esse valor por c.
Existem, ainda, outros algoritmos.
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jogo nos problemas aos quais eles se aplicam mostra que não é razoável
defender tal posição.
Para maior clareza, é preciso distinguir diferentes níveis de cons-
ciência das regras de ação, ou melhor, das “regras de produção das ações
do sujeito”, posto que se trata exatamente, de fato, do conjunto das
regras que engendram os comportamentos dos sujeitos em uma dada
situação.
Algumas dessas regras são conscientes, evidentemente. Mas elas
podem ser inconscientes de suas maneiras:
1. Ou porque elas implicam alguma consciência das relações a
tratar (simples condicionamento ou simples comportamento aleatório).
2. Ou porque elas estão em ligação com as relações a tratar, mas
sem que aquela ligação apareça de forma explícita aos olhos do sujeito.
Elas podem ser igualmente conscientes de várias maneiras:
3. Ou porque a ligação entre relações constatadas e regras é explí-
cita no nível da consciência do sujeito sem por isso estar logicamente
justificada.
4. Ou porque a referida ligação pode ser explicitada pelo sujeito.
Níveis mais sofisticados ainda poderiam ser identificados, parti-
cularmente no nível 4 com o problema da prova e da integração a um
sistema explicativo de conjunto.
A psicologia cognitiva não começa somente nos dois últimos níveis.
Desde o nível 2, há espaço para uma análise cognitiva dos comportamen-
tos do sujeito: o estudo dos comportamentos das crianças mostra, com
efeito, que muitos dentre eles se situam nesse nível, embora consistam de
uma grande parte de racionalidade e de compreensão das relações.
Logo, é tarefa do professor, e mesmo que ele não disponha de
qualquer outro testemunho se não aquele fornecido pela observação dos
comportamentos da criança, buscar a parte das relações que ela, criança,
bem compreendeu, a parte que ela compreendeu de modo confuso, e a
parte daquelas que ela ignora pura e simplesmente. Em todo o caso, é
um enorme erro pedagógico considerar, sob o pretexto de que o ensino
é necessariamente feito de demasiados exercícios de caráter repetitivo,
de que consista ele, ensino, na aquisição, por simples condicionamento,
de hábitos ou de procedimentos já prontos.
A criança não adquire hábitos, mas regras, as quais podem e devem
aplicar-se a problemas novos. Ela não as adquire solidamente, a menos
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Por várias vezes, viu-se que as relações podiam existir entre obje-
tos, pessoas, palavras, conjuntos, quantidades, números, propriedades,
relações, transformações, etc.
Diversas perguntas podem ser feitas ao psicólogo e ao pedagogo:
- Quais são as relações as mais simples para as crianças? As mais
complexas?
- Quais são as propriedades das relações que são compreendidas e
utilizadas com mais facilidade? E aquelas com mais dificuldade?
- Quais as formas de cálculo que a criança faz mais facilmente? E
menos facilmente?
Todas essas questões são tributárias da noção de complexidade
lógica, que não está clara para os matemáticos, nem para os psicólo-
gos. Ainda mais que as preocupações de uns e outros nem sempre são
convergentes porque o matemático busca o poder e a independência
dos axiomas ali onde o psicólogo se preocupa demasiadamente com a
evidência ingênua e com a ordem genética. Matemáticos e psicólogos
são facilmente tentados por uma teoria geral. Parece-nos preferível, no
estado atual dos conhecimentos, tornar disponíveis com maior certeza
teorias locais da complexidade para domínios relativamente limitados
da atividade mental. São teorias locais as que tentamos desenvolver nos
vários capítulos deste livro e, especialmente, nos que se referem à solu-
ção dos problemas da aritmética elementar.
Mas é preciso, entretanto, paralelamente, procurar ver quais po-
dem ser as articulações gerais da complexidade.
É o que vamos tentar nesta última parte deste capítulo, analisan-
do brevemente as diferentes hierarquias possíveis:
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Transformações e processos
As transformações e processos são relações entre estados sucessivos
da realidade (relações dinâmicas). Tudo o que acaba de ser dito sobre
propriedade e relações é verdadeiro para transformações e processos.
Conjunto de transformações
As transformações formam classes no interior das quais, em geral,
elas são componíveis entre si. Com maior frequência, tais conjuntos
têm uma estrutura algébrica de grupo, mas eles podem ter outras es-
truturas. Um conjunto de transformações é um “Objeto lógico”, do
mesmo modo que um conjunto de relações.
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OBSERVAÇÃO FINAL
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