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Um Estudo Epistemológico da Teoria Neo-institucional

Autoria: Ernani Carpenedo Busanelo

Resumo
Este estudo tem como propósito lançar um olhar com teor epistemológico sobre a Teoria Neo-
institucional e para isso busca desenvolver uma reflexão que permita visualizar e caracterizar
sua epistemologia. De forma complementar, procura fazer um mapeamento dos passos da
construção de seu conhecimento, apontar os principais autores e os traços teórico-filosóficos
envolvidos. Entende-se que com este trabalho é possível contribuir para fomentar a prática de
estudos epistemológicos em especial, para o campo das organizações. Os esforços
epistemológicos gravitam em torno do trabalho filosófico que analisa a ciência e o saber, sua
conformação, os entes envolvidos, posições paradigmáticas e os resultados destes processos.
Tomando por base Japiassu (1991, p. 16) para reforçar a conceituação de epistemologia,
destaca-se que se trata do “estudo metódico e reflexivo do saber, de sua organização, de sua
formação, de seu desenvolvimento, de seu funcionamento e de seus produtos intelectuais”.
Para o referido autor, três são os tipos de epistemologia: geral; particular; e, específica. Para o
desenvolvimento deste estudo, a epistemologia utilizada é a do tipo específica, uma vez esta
se dedica a estudar disciplinas específicas, buscando averiguar sua configuração e detalhes,
bem como, sua vinculação com bases filosóficas e com outras disciplinas. A escolha do
escopo teórico a ser analisado recaiu sobre a Teoria Neo-instutucional, que como marco
referencial de seu surgimento a publicação, em 1977, do artigo Institutionalized organizations
de Meyer e Rowan (1977). A motivação para estudar a episteme desta teoria é advinda do
crescimento da relevância dada a ela em estudos organizacionais nas últimas duas décadas. Os
passos seguidos para o desenvolvimento da análise se iniciam com a feitura de uma síntese
das principais abordagens teórico-filosóficas que foram utilizadas posteriormente na análise.
Este referencial serve também para compor um quadro dos principais momentos da
caminhada da ciência moderna e suas ênfases e influências no campo das organizações. A
análise epistemológica foi desenvolvida a partir de recortes textuais das principais obras sobre
o tema. Como resultado central, obteve-se a identidade epistemológica da Teoria Neo-
institucional que apresentou em suas raízes, origem funcionalista. Nos resultados
complementares, observou-se que as seis proposições de Meyer e Rowan (1977) também
apresentam elementos que caracterizam abordagem funcional racional. O mesmo resultado se
obteve na reflexão sobre elementos específicos como o isomorfismo e a legitimação.

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1. Introdução
A epistemologia é de criação recente e era inicialmente considerada uma disciplina
especial no bojo da filosofia e consistia em pesquisas para a ciência ou sobre ela, mas não se
tratava de ação dos próprios cientistas (JAPIASSU, 1991). Todas as filosofias teriam
desenvolvido uma teoria do conhecimento e uma filosofia das ciências tendo por objetivo
transparecer os meios, os objetos e fundar a validade deste conhecimento. Sob este prisma, a
epistemologia seria a filosofia das ciências. Contudo, ao se tratar o conhecimento como “em
devir”, fruto de um processo ou conhecimento-processo, passa a ter relevância à trajetória e a
estruturação deste conhecimento e a tônica de que é provisório, e não definitivo. Assim,
aumenta a importância da reflexão sobre as práticas dos cientistas, tomando por objeto, a
ciência em elaboração, em seu processo de origem, formação e de estruturação.
Sob o prisma sociológico, as atividades epistemológicas devem considerar que o
conhecimento científico desenvolve-se a partir de preceitos ideológicos ou filosóficos e,
baseado nas proposições de sociólogos como Marx, Durkheim e Weber, Japiassu (1991, p.
35) salienta que “os conhecimentos não são considerados como construções autônomas e
individuais, mas como atividades sociais, inseridas num determinado contexto sócio-cultural”.
Se por um lado a epistemologia se preocupa com as condições da produção do conhecimento
científico, por outro, não deve e nem pretende impor dogmas aos cientistas. O papel da
epistemologia será o de estudar a origem e a conformação do conhecimento e as leis de sua
construção, a partir de um posicionamento interdisciplinar. Japiassu (1991, p. 16) define
epistemologia como sendo o “estudo metódico e reflexivo do saber, de sua organização, de
sua formação, de seu desenvolvimento, de seu funcionamento e de seus produtos
intelectuais”. Três são os tipos de epistemologia: geral; particular; e, específica. Para o
propósito deste estudo, a ênfase é dirigida para a epistemologia caracterizada como específica,
uma vez que vai se voltar a uma disciplina ou tema específico, a Teoria Neo-institucional,
buscando entender sua configuração e detalhes, e sua vinculação com bases filosóficas e com
outras disciplinas.
A proliferação de estudos tratando da Teoria Institucional, referentes a uma
abordagem que viria a se chamar Teoria Neo-institucional ou Novo Institucionalismo, se deu
através da publicação, em 1977, do artigo Institutionalized organizations de Meyer e Rowan
(1977). Neste texto, os autores defendem a idéia de que o ambiente organizacional é um
grande influenciador das estruturas das organizações passando a ser uma importante variável
analítica nos estudos organizacionais, suscitando inúmeros trabalhos na área e o aumento do
número de seguidores. Isso serviu de motivação e de critério de escolha da Teoria Neo-
institucional como subsídio teórico para se desenvolver um estudo epistemológico.
Desta forma, o objetivo central do presente estudo é desenvolver uma reflexão que
permita visualizar e caracterizar a epistemologia que circunda e dá sustentação à Teoria Neo-
institucional. Busca-se de forma complementar, mapear os passos de sua construção, seus
principais autores e os traços paradigmáticos envolvidos. O desenvolvimento da análise serve
como motivador para o aperfeiçoamento da prática epistemológica e estimulo para seu uso
freqüente. Os avanços na construção do conhecimento de modo geral e em específico, no
campo das organizações, passa pelo entendimento de como ele está arquitetado, o que produz
e quais seus fundamentos.
Para alcançar os objetivos propostos, busca-se inicialmente, fazer uma síntese das
principais abordagens teórico-filosóficas que sustentam a análise e que permite também,
compor um quadro dos principais momentos da caminhada da ciência moderna e suas ênfases
e influências no campo das organizações. Em seguida, será desenvolvida a análise
epistemológica propriamente dita, utilizando como subsídio analítico, recortes textuais das
principais obras sobre o tema. Ao final, serão tecidas algumas considerações e conclusões
enfatizando os resultados obtidos.

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2. Síntese de abordagens filosóficas da ciência moderna
De fundamentos míticos e teológicos, a ciência enveredou para uma racionalidade
fundamentada no estudo da natureza e que lhe deu a ortodoxia que caracterizou a
modernidade do conhecimento científico. A ciência moderna, como é chamada, frente àquela
que prevalecia até então e que cede espaço para posicionamentos como o de Galileu, no séc.
XVI, com seus princípios da astronomia heliocêntrica, passaria a tomar corpo efetivamente,
com a racionalidade de Descartes fundada em princípios matemáticos e na relevância da
perspectiva empírica de Bacon.
Bacon (1979), em seu Novum Organum, define proposição metodológica que premia a
experiência e se opõe ao domínio da razão que avalizava o saber. Passa-se a se conviver então
com a experimentação e a indução do empirismo, e com a perspectiva da ciência da natureza.
Bacon busca conhecer a natureza para dominá-la. O nascimento da ciência partiria de algo
sem parâmetros efetivamente definidos, para o radicalismo de Bacon. Ao empirismo serão
associados outros nomes como o de Hobbes, Locke, Hume e Berkeley. Apesar de não
desprezar a existência de outra abordagem, o racionalismo, Bacon é seguro em defender sua
abordagem que se embasava na interpretação da natureza para se chegar à verdade.
Já Descartes (1979), outro ícone da revolução científica, diferenciam-se de Bacon ao
defender a busca da “verdade absoluta” com base na razão e nos princípios matemáticos,
emergindo destes, o instrumento de análise e a lógica da investigação. A utilização dos
princípios matemáticos traria à ciência moderna duas implicações: (i) conhecer significa
quantificar, caso contrário, torna-se sem relevância científica; (ii) insere o reducionismo,
proposição para reduzir a complexidade. É opção de Descartes a dedução, indo das idéias para
as coisas, assim, tem-se a abordagem racionalista cartesiana, que se fundamenta na razão,
razão do homem, não razão da revelação divina, e na dedução.
Assim, na proposição metodológica de Descartes, haveria quatro preceitos ou
métodos, nos quais ancoraria tal proposta e sobre os quais recomendava disciplina e rigor: (i)
jamais acolher alguma coisa como verdadeira que não conhecesse evidentemente como tal;
(ii) dividir cada uma das dificuldades que examinassem em tantas parcelas quantas possíveis e
necessárias para facilitar a análise; (iii) ordenar os pensamentos, indo do objeto mais simples
e fácil, ao mais complexo; (iv) fazer enumerações e revisões gerais, evitando não omitir nada.
É relevante destacar segundo a visão de Souza Santos (1988, p. 50-51) que as
proposições de Descartes terão peso significativo nos fundamentos da ciência moderna,
considerada um dos pilares do sistema-mundo (ARRIGHI, 1996), e que se caracteriza por
“um conhecimento causal que aspira à formulação de leis, à luz de regularidades observadas,
com vistas a prever comportamento futuro dos fenômenos”. Souza Santos (1988), ao
relacionar o aspecto causal do conhecimento científico moderno com os tipos aristotélicos de
causa (material, formal, eficiente e final), enfatiza que as leis da ciência moderna são um tipo
de causa formal que valoriza o “como funciona” das coisas ao invés de “qual o agente” ou
“qual o fim” das coisas, fato que geraria o rompimento do conhecimento científico com o do
senso comum. Desta perspectiva outros elementos são içados, a idéia de ordem e estabilidade
do mundo, o passado tende a se repetir no futuro, a visão de mundo-máquina, entre outros.
Este mecanicismo será sentido mais tarde no conhecimento que se apresentará utilitário,
positivista e funcional e que se refletirá no campo social. Ainda, a metafísica característica do
pensamento de Descartes, além de objeto de estudo de Kant, será alvo de suas severas críticas.
O criticismo de Kant marcaria a trajetória da ciência pela análise crítica das
abordagens que o antecederam e pela influência no pensamento científico posterior. São desta
“síntese filosófica e especulativa” do empirismo e do racionalismo, segundo Padovani e
Castagnola (1990), que emergiu o idealismo e o positivismo, antagônicos em suas
proposições. Kant tenta fazer um link entre as teorias de Bacon e de Descartes, e pautando-se
em investigação sobre a razão e na crítica da metafísica, embasa o conhecimento nas formas

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empírico ou a posteriori e o puro ou a priori, não suprimindo a realidade metafísica,
noumênica, do mundo extenso. Padovani e Castagnola (1990) destacam os princípios de Kant
na “crítica da razão pura” em que se destacam a sensibilidade, com representações de tempo e
espaço, e de entendimento ou juízos, que se agrupam em quantidade, qualidade, relação e
modalidade. Ciência e experiência assumem necessidade e universalidades dependentes da
subjetividade comum a todos os homens e a subjetividade envolve os conceitos comuns de
objetividade, experiência, natureza, e eu. Em Kant, o conhecimento não é o reflexo do objeto
exterior, mas é o próprio espírito humano que o constrói.
É com o inglês Bentham (1979) que emerge o princípio da utilidade, propriedade co-
existente nas coisas com o propósito de se obter felicidade e evitar a dor e quanto à ação, seu
propósito é o da utilidade. Padovani e Castagnola (1990) salientam a aproximação entre o
utilitarismo e o positivismo, com base na moral hedonista. Stuart Mill, expoente e crítico do
positivismo inglês, e afiliado de Bentham, teriam sua moral caracterizada como utilitária. Um
dos reflexos desta abordagem é a busca da otimização dos recursos, outro elemento é sua
aproximação com o positivismo quanto à perspectiva individualista. O determinismo
mecanicista característico da ciência moderna, segundo Souza Santos (1988, p. 51), “é o
horizonte certo de uma forma de conhecimento que se pretende utilitário e funcional,
reconhecido menos pela capacidade de compreender profundamente o real do que pela
capacidade de dominá-lo e transformar”, referia-se ao seu foco que ia de encontro aos anseios
da burguesia capitalista que emergia. Utilitarismo e positivismo seriam sentidos
posteriormente na abordagem funcionalista.
Kant marcou o conhecimento científico ao sintetizar de forma crítica, o empirismo e o
racionalismo, de onde afloram o idealismo e o positivismo. O segundo, afirma-se como
reação contrária ao apriorismo, formalismo e idealismo, visando maior valorização da
experiência e dos dados positivos. Ao passo que o idealismo almeja uma unificação da
experiência mediante a razão, o positivismo se volta à experiência imediata, pura, sensível,
como já fizera o empirismo. Contudo, diferencia-se deste em função de um elemento: a
evolução, lei fundamental dos fenômenos naturais. Tal objetividade propiciou-lhe relevância
nos campos prático, técnico e aplicado.
Para se caracterizar o positivismo, podem-se considerar elementos como: os ligados à
perspectiva evolucionista, que tem a crença do positivismo no progresso; a única realidade é a
física, atingível cientificamente; o saber é oriundo da experiência, reforçando a perspectiva
indutiva do raciocínio, enfatizando o raciocínio analógico; na seleção natural, a ênfase recai
na importância da adaptação a meio como forma de sobrevivência dos organismos mais
fortes; a premissa da função criadora do órgão influenciará as abordagens funcionalistas e
sistemistas.
No campo das ciências sociais, a influência do positivismo é destaca por Souza Santos
(1988, p. 52) ao afirmar que “a consciência filosófica da ciência moderna, que tivera no
racionalismo cartesiano e no empirismo baconiano as suas primeiras formulações, veio a
condensar-se no positivismo oitocentista”. Para o autor, haveria “duas formas de
conhecimento científico, as disciplinas formais da lógica e da matemática e as ciências
empíricas segundo o modelo mecanicista das ciências naturais, as ciências sociais nasceram
para ser empíricas”.
O modelo mecanicista que inferiu também sobre as ciências sociais se materializa a
partir de duas vertentes: (i) uma baseada nos princípios epistemológicos e metodológicos que
norteavam os estudos da natureza, como buscou fazê-lo o sociólogo e funcionalista
Durkheim, cujo estudo demandaria reduzir os fatos sociais às suas dimensões externas,
observáveis e mensuráveis; (II) outra, a ciência social entendida como subjetiva, opondo-se à
objetividade das ciências naturais, com posição antipositivista, baseada na fenomenologia,
onde se presenciou estudos como os de Weber e Winch. Porém, no entendimento de Souza

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Santos (1988), esta segunda abordagem, da forma como se apresenta, teria forte viés da
racionalidade percebida nas ciências naturais, o que corrobora a proposição do autor de que
ambas as concepções de ciência social estariam submissas ao paradigma racional da ciência
moderna.
Com o Círculo de Viena o positivismo apresenta novas concepções e passa a ser
denominado de positivismo lógico ou neopositivismo e irá apresentar maior rigor
metodológico (DORTIER, 2000). Os conhecimentos científicos são então considerados de
duas ordens: proposições lógicas e matemáticas; e as proposições empíricas, baseadas nos
fatos, os quais devem submeter-se aos critérios de verificação. A rejeição à metafísica e a
valorização do “dado” são fortalecidas (SCHLICK; CARNAP, 1980). Com Popper (1980), a
indução é criticada e a dedução ganha espaço, contudo, o autor estabelece que o
conhecimento que irá nutrir a ciência deveria ser submetido a testes de consistência interna,
de sua forma lógica, de comparação com outras teorias, e aplicações ou testes empíricos.
Propõe então, a falseabilidade em detrimento da verificabilidade como critério de
demarcação. A ciência deveria ser fruto do conhecimento que se submete à crítica.
O funcionalismo tem influência de premissas do positivismo e do utilitarismo, o que
lhe imputará traços das ciências naturais, e é a abordagem que mais diretamente influenciou
as organizações e suas teorias. O precursor e um dos pilares deste movimento foi Durkheim,
que é referência da sociologia moderna e que influenciaria antropólogos como Malinowski,
Radcliffe-Brown e Evans-Pritchard.
Com Durkheim (1978) a expressão “função” estaria associada a um sistema de
movimentos vitais devido a sua importância, ou a relação destes movimentos com
necessidades do organismo. Pode-se iniciar por aí, a percepção da influência das ciências
positivas e naturais sobre o funcionalismo e sua proposta. A função da divisão do trabalho
tema significativamente abordada pelo autor, visa descrever que necessidade ela efetivamente
atende, com foco se a mesma existe e em que consiste (qual finalidade, perspectiva
teleológica), independente do aspecto histórico. A especialização das tarefas seria responsável
pelo equilíbrio, assim, a divisão do trabalho teria um caráter moral, uma vez que a
necessidade de ordem, de harmonia, de solidariedade social seria entendida como morais.
Para o autor, toma relevância no contexto social, inclusive nas organizações econômicas, a
existência dos fatos sociais. Estes seriam existentes fora das consciências individuas e seriam
dotados de poder coercitivo e imperativo, quer o indivíduo queira ou não, existindo
independente das formas individuais que toma ao se difundir, voltando-se à generalidade e à
objetividade de modos de agir, de pensar e sentir.
Malinowski (1970) argumenta em favor do funcionalismo pela sua relevância na
pesquisa-de-campo em antropologia e análise comparativa de fenômenos em diversas
culturas. Aprecia o enfoque de Durkheim sobre a divisão do trabalho e apresenta também,
conceitos de forma e função, reforçando a afirmação de que função, para o funcionalismo,
sempre estaria voltada para a satisfação de uma necessidade. Radcliffe-Brown (1973), autor
estrutural-funcionalista, entende função como a noção de uma estrutura constituída de uma
série de relações entre entidades unidades, fazendo emergir a idéia de unidade funcional ou
consistência interna de um sistema, ou organismo, visando o funcionamento de forma
conjunta e harmoniosa das partes. Evans-Pritchard (1972) reafirma os aspectos funcionais da
sociedade, porém, critica o funcionalismo por considerar sistema social como um sistema
orgânico ou inorgânico, bem como, a perspectiva a-histórica dos funcionalistas.
Selznick (1967) ao tratar de análise estrutural e funcional salienta a necessidade de
manutenção da integridade e continuidade dos sistemas empíricos. Para tanto, envolveria os
seguintes “imperativos”: (i) a segurança da organização como um todo em relação às forças
sociais no seu ambiente; (ii) a estabilidade das linhas de autoridade e de comunicação; (iii) a
estabilidade das relações não-convencionais na organização; (iv) a continuação do programa e

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das fontes de sua determinação; (v) homogeneidade de perspectiva com relação ao significado
e papel da organização.
Com o intuito de identificar inferências do pensamento funcionalista sobre as ciências
administrativas e as organizações, Chanlat e Séguin (1987) desenvolvem análise abstraindo os
pontos centrais das principais escolas do funcionalismo e contrapondo com o que se observa
no ambiente organizacional. Sua concepção pode ser descrita de quatro formas: 1) concepção
sistêmica e sincrônica, onde as organizações são definidas como conjunto, cujas partes, são
relacionadas umas às outras (indivíduo ou grupos) e que necessitam de coordenação e de
estrutura de autoridade para tal; 2) concepção teleológica da organização: essa coordenação
(homens e atividades) é orientada para o alcance de certos objetivos e metas e isso a
diferencia dos outros sistemas; frente a estes objetivos que são à base da racionalidade
organizacional, a organização tratará de munir-se dos recursos necessários (tecnologia,
estrutura formal, controle); tem-se nos objetivos, além dos fundamentos da legitimidade, a
racionalidade organizacional, as prioridades, e os critérios de avaliação de desempenho; 3)
concepção “a-histórica” da organização, os estudos voltam-se para o presente procurando
ocultar ou marginalizar seus fenômenos de causalidade e mudança; o foco da análise se volta
para indicadores organizacionais quantificáveis com facilidade, como os ativos, os lucros, etc.
em detrimento ao histórico de mudanças ocorridas em sua trajetória; 4) concepção integradora
e não conflitual, sendo que esta integração decorre da existência da aceitação de objetivos
comuns e da divisão do trabalho. Seria prerrogativa desta concepção, também, o consenso e a
inexistência de relações de poder e conflito.
Tem-se que a concepção de organização apresentada no texto de Chanlat e Séguin
(1987) com base nos pressupostos funcionalistas é regida pelas premissas das ciências
naturais que permeiam o paradigma racional que aí está e que valoriza o controle e o
equilíbrio.
No funcionalismo apresentado por Parsons (1967), vê-se um viés sistêmico. A
existência de uma organização está centrada na consecução de uma meta específica, entendida
como a relação entre um sistema e as partes relevantes e da situação externa em que ele atua
ou funciona. A organização é concebida como possuindo estrutura descritível (como qualquer
sistema social) analisada sob dois pontos de vista: cultural e institucional; e, de “grupo” ou
“papel”. O autor, como se visualiza, se volta para legitimação da organização. Buckley (1971)
teceu críticas ao modelo parsoniano de equilíbrio-função, voltando-se para a inadequação do
modelo mecânico para estudos em sociologia e o funcionalismo seria neste campo, uma
versão moderna do modelo biológico. Ainda sobre o modelo de Parsons, Buckley (1971)
observa que a grande dificuldade deste é o fato de ter sido construído segundo uma mistura do
modelo biológico (estrutura e função) e do modelo mecânico (de equilíbrio). Sob esta ótica
enumera uma série de limitações do modelo parsoniano e o faz contrapondo com o modelo de
equilíbrio de Homans. Emergiria daí, uma nova perspectiva metodológica voltada à análise de
organizações complexas, a teoria de sistemas, que teria orientação mais holística.
Rosenweig e Kast (1980) ao tratarem da Teoria Geral dos Sistemas – TGS salientam
que a organização é composta por um sistema ambiental externo e por um sistema interno de
relações, sistemas estes interdependentes. Há uma hierarquia dos sistemas onde todo sistema
compõe-se de subsistemas, e participa de um sistema maior, o que também é o caso das
organizações. Demo (1985) ao tratar do sistemismo, observa que são percebidos traços do
funcionalismo e a significação do sistema estaria na inter-relação entre as partes. Toda
estrutura pressupõe um sistema e ela é condição para ele existir. O sistema é o todo e a
redução da complexidade ocorre ao nível da estrutura. Ao diferenciar estruturalismo de
sistemismo, o autor observa que o primeiro privilegia a análise e se pauta na decomposição
para isso, já o segundo, privilegia a síntese e a visão da totalidade. Para o autor, a
administração é a área das ciências sociais que mais se valeu da abordagem sistêmica tendo

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em vista que a TGS “funciona” e complementa que o funcionalismo está na raiz do
sistemismo, mas este é uma renovação metodológica, por considerar o dinamismo da
sociedade como fenômeno relevante.
Demo (1985, p. 245) baseia-se em Marcuse e Habermas para afirmar que a TGS
estaria mais voltada para um modelo fechado de sociedade, uma vez que “a dita abertura do
sistema é no fundo falsa, porque serve apenas para captar melhor as tensões e elaborar as
condições necessárias para a volta ao equilíbrio anterior”. Percebe-se o condicionamento e o
viés racional da TGS impossibilitando que ela seja utilizada como método de análise das
subjetividades do ambiente organizacional, o que demandaria abordagens alternativas, sendo
que uma delas pode ser considerada a dialética.
A dialética adiciona um ingrediente novo na análise das organizações ao oferecer a
possibilidade de superar as limitações das teorias racionais e funcionalistas pautadas na
metodologia positivista. Segundo Foulquié (1978), é com Hegel que a dialética toma corpo e
esta se proporia a ser a conciliação dos contrários nas coisas e no espírito, onde a tese seria a
afirmação, antítese a negação e a síntese, negação da negação. A síntese é um dos pontos
marcantes do processo dialético e lhe dá o tom de caráter provisório (não equilíbrio) das
coisas. Estas estariam em perpétua marcha em frente para o futuro que vai suplantar o
presente. O estudo de Gurvitch (1987) sobre dialética no campo da sociologia enfatiza as
afirmações de Hegel e Marx frisando o princípio da totalidade, da negação, da instabilidade e
da manifestação de tensões e conflitos.
Demo (1985) destaca a dialética como método para estudar os fenômenos sociais,
apesar de não exclusiva. No processo dialético, o equilíbrio e estabilidade apregoados pela
abordagem racional funcionalista passam, assim, a ter outro entendimento, o que tornaria
recomendável, se adotar a dialética como metodologia de análise das organizações, frente à
complexidade que apresentam. Benson (1983) conduz suas afirmações sobre dialética
também nesta direção e afirma que esta levaria vantagens sobre o entendimento empírico das
teorias convencionais por levar em conta os processos sociais, elementos negligenciados pelas
teorias racionais funcionalistas. O autor que se apóia em uma concepção marxista da vida
social, destaca que uma organização, como elemento da sociedade, se encontra num estado de
tornar-se (idéia de processo) o que valorizaria a perspectiva de produto da construção social
passada (valorização histórica), onde existem interesses de seus atores e tende a prevalecer o
poder e o domínio de determinados grupos (coordenação e controle). Tais elementos
constituem as bases das relações de poder e conflitos que caracterizam o ambiente
organizacional e que não são considerados com profundidade pelas teorias convencionais,
diferentemente do que o faria à dialética. Por ser significativamente dotado de elementos
oriundos da abordagem dialética, Chanlat e Seguín (1992) direcionam o paradigma crítico
para o campo das organizações, o qual teria como foco, sua humanização. É sob a égide de
concepções como estas que eclodem proposições alternativas para entender as organizações
com suas intrincadas variáveis onde os elementos não-racionais passem a ser considerados e
as análises serem desenvolvidas de forma a irem além do que o faz o paradigma positivista
racional. Dentre estas, cita-se o paradigma da complexidade, a abordagem substantiva e a
ação racional substantiva.
O paradigma da complexidade ganha força diante das limitações que vem se tornando
explícitas no paradigma racional dominante. Descamps (1991), baseado em Morin, destaca o
quão complexa é a contemporaneidade e a defasagem na análise feita a partir da objetividade
dos modelos matemáticos da ciência positiva e seu determinismo. A imprevisibilidade que
alimenta a incerteza exige que se utilizem metodologias que vão além do mecanicismo das
ciências positivas, apesar de reconhecer sua contribuição. Morin, ao evidenciar a
complexidade do social tal qual a vida, segue a vertente daqueles que sugerem pensar a ordem

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pelo ruído (desordem). Descamps (1991) ainda menciona Prigogine e Stenger e sua teoria das
estruturas dissipativas, que focam o surgimento da ordem proveniente de desordens.
Morin (1982) salienta que a história humana é pautada não na ordem, mas na
desordem (guerras, atentados, conspirações) e que a história que obedece às leis racionais,
tornar-se-ia idiota. A organização não pode ser reduzida à ordem, embora comporte e produza
ordem. A organização é racional tanto quanto for seu modelo de ordem, contudo, a
complexidade entende a desordem como caráter vital da ordem, sendo a luta contra a
degenerescência a regeneração contínua (MORIN, 1986). Alinhado a tais perspectivas, Serva
(1992, p. 30-31) se baseia em Chanlat para reafirmar e detalhar os dois paradigmas da teoria
das organizações, “o funcionalista, que trata preferencialmente da integração, do consenso, da
coordenação funcional, enfim, da ordem; e o crítico, que privilegia o conflito, a mudança, isto
é, a desordem”. Vê-se assim, algumas das possibilidades profícuas de se adotar a
complexidade como perspectiva de análise das organizações.
Outras iniciativas na busca de vias alternativas para análise do campo organizacional
são aqui elencadas. Campos (1993) sugerem que seja inserida a possibilidade de interpretação
humana dos fenômenos sociais associados à abordagem da ação e da dialética. Audet e Dery
(1996) sinalizam para a emergência de uma epistemologia derivando para o campo dos
estudos das organizações, enfatizando a abertura para o ingresso das ciências da cognição,
apoiando-se na multidisciplinaridade das ciências e na aproximação da teoria e da prática,
uma vez que considera a organização, produtora de conhecimento. Chevallier e Loschak
(1980) sugerem uma ruptura epistemológica, e que para conseguir fazê-lo, seria necessário
afastar-se do parasitismo ideológico, do normativismo, e das seduções do empirismo. Ao
tratar dos instrumentos de análise, estes autores reforçam o foco interdisciplinar em relação a
outras ciências já constituídas. Outra proposição relevante nesta empreitada é de Serva (2001)
que propõem o entendimento do fato organizacional com fato social total.
A racionalidade substantiva ganha relevância com Guerreiro Ramos (1989) e é
proposta com o intuito de se desenvolver análises com o propósito de abstrair elementos
epistemológicos dos cenários organizacionais e principalmente, desenvolver análise
organizacional livre de padrões distorcidos de linguagem e conceptualização. Para o autor,
alguns pontos são obscuros sobre a teoria organizacional (TO) vigente: o conceito de
racionalidade parece que recebe influencias ideológicas; não há distinção entre significado
substantivo e formal da organização; a organização formal tem representado um paradigma
que atua como vala comum de análise organizacional; a interação simbólica é negligenciada;
e, a sua visão mecanomórfica da atividade humana não distingue trabalho de ocupação. Para
superar a perspectiva formal da TO advinda da forma de pensamento da sociedade de
mercado, é necessário se adotar um enfoque substantivo da organização e que deverá voltar-se
para a emancipação humana.
A ação racional substantiva é apresentada nos estudos de Serva (1997a, 1997b) e que
consiste na aproximação de constructos da racionalidade substantiva de Guerreiro Ramos e da
teoria da ação comunicativa de Habermas. Resultado de tal fusão culmina numa abordagem
alternativa fruto da complementaridade de duas abordagens que tem em comum entre si, o
foco na emancipação do ser humano.
Após constituir este resgate teórico-filosófico, parte-se para a análise epistemológica
da Teoria Neo-institucional a partir de recortes representativos de sua base textual.

3. Análise epistemológica da Teoria Neo-institucional


Para se iniciar a análise epistemológica da teoria neo-institucional, parte-se das suas
origens. Misoczky (2003) baseada em Hirsch e Lounsbury (1997) e DiMaggio e Powell
(1991), visualiza a teoria institucional nos estudos organizacionais sob duas perspectivas: a
ênfase na ação (“velho” institucionalismo), e a ênfase na estrutura (“novo” institucionalismo).

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Contudo, salienta a autora que ao se considerar a teoria da ação existente no “velho
institucionalismo”, ver-se-á no seu âmago, o funcionalismo de Parsons, e logo, a mudança
como algo funcional à estabilidade. Desta forma, a contradição inicial não se fundamenta,
uma vez que o “velho” e o “novo” emanam dos modelos positivos e funcionais.
A origem da abordagem institucional ou neo-institucionalismo, segundo Scott (1995)
citado por Fonseca (2003), remonta conceitos do final do séc. XIX e da tradição economia de
Veblen, Commons e Mitchell, da sociologia de Durkheim e Weber, de efeitos da revolução
behaviorista sobre a ciência política, e posteriormente, do funcionalismo de Parsons e
Selznick, que procuram respostas sobre como as escolhas sociais são moldadas, medidas e
canalizadas pelos arranjos institucionais. DiMaggio e Powell (1991, apud FONSECA, 2003)
observam que no campo organizacional há uma ênfase sociológica na abordagem
institucional. Selznick é considerado o precursor do neo-institucionalismo nos estudos das
organizações e observa Fachin e Mendonça (2003) que ele foi discípulo de Merton, do qual
teria possível influencia, além deste aspecto, seu pensamento seria sintetizado pela vinculação
com a sociologia, o funcionalismo e a preocupação com a harmonia e o consenso.
Retomando o entendimento de Misoczky (2003) sobre a origem e estruturação do
institucionalismo, destaca-se que a influência de Parsons é sentida em vários aspectos:
“[...] ênfase na cognição e na motivação do comportamento organizacional; poder
que existe ou sobrevive somente se é legitimado pela sociedade; o que confere um
manto de moralidade para a organização (PERROW, 1986); foco na ordem e na
reprodução; mudança como processo evolutivo; vínculo entre normas do ambiente e
estrutura organizacional” (MISOCZKY, 2003, p. 158).

O “novo” institucionalismo ou neo-institucionalismo que toma referência e expressão


com o artigo “Institutionalized organizations: formal structure as myth and ceremony” de
Meyer e Rowan (1977), se proporia a apresentar “esforço sistemático para compreender as
implicações do uso da estrutura formal para propósitos simbólicos, particularmente no sentido
de ressaltar as limitações de explicações de cunho mais racional da estrutura” (TOLBERT;
ZUCKER, 1998).
Contudo, elementos mecanicistas e positivos são percebidos e ficam evidentes
inclusive na interpretação de Misoczky (2003) sobre o novo institucionalismo, quando este,
“[...] sugere que as preferências individuais e categorias básicas de pensamento,
como self, ação social, Estado e cidadania, são moldadas por forças institucionais;
enfatiza os modos como a ação é estruturada e a ordem tornada possível através de
sistemas de regras compartilhadas, que tanto limitam a inclinação e capacidade dos
atores para aperfeiçoar, quanto privilegiam alguns grupos, cujos interesses estão
segmentados por prêmios e sanções” (MISOCZKY, 2003, p. 158).

Também, na análise de Tolbert e Zucker (1998) ao comentarem sobre implicações da


ênfase de Meyer e Rowan (1977) referente à estrutura formal, observa-se teor racional
funcionalista,
“As organizações são levadas a incorporar as práticas e procedimentos definidos por
conceitos racionalizados de trabalho organizacionais prevalecentes e
institucionalizados na sociedade. Organizações que fazem isto aumentam sua
legitimidade e suas perspectivas de sobrevivência, independentemente da eficácia
imediata das práticas e procedimentos adquiridos” (MEYER; ROWAN, 1977, apud
TOLBERT; ZUCKER, 1998, p. 200).

Com base nas fontes do surgimento tanto do institucionalismo, quanto do neo-


institucionalismo, fica bastante evidente a sua perspectiva paradigmática e epistemológica
situada na esfera do funcionalismo. Salienta-se que a perspectiva neo-institucional, apesar de
defender seu afastamento do racionalismo do movimento institucionalista anterior,

9
fundamenta-se na sociologia embasada em escolas funcionalistas. Tal ênfase pode ser
corroborada por Souza Santos (1988) ao abordar a suposta subjetividade de algumas ciências
sociais ditas antipositivistas e com base fenomenológica tais como a de Max Weber e de Peter
Winch, que se forem analisadas suas vertentes, transpareceriam veios do modelo de
racionalidade das ciências naturais. Observa-se que tais ciências partilham “com este modelo
a distinção natureza/ser humano e tal como ele, têm da natureza uma visão mecanicista à qual
contrapõe, com evidência esperada, a especificidade do ser humano” (SOUSA SANTOS,
1988, p. 54). Contudo, esta perspectiva quanto à teoria neo-institucional será sentida também
em seu teor, cujos recortes são extraídos de sua base teórica e que, acompanhados dos
respectivos comentários, serão apresentados a seguir.
Inicia-se esta análise com o trecho que afirma que Meyer e Rowan (1977), em seu
artigo Institucionalized Organization, defendem a idéia de que o ambiente organizacional é
um fator influenciador das estruturas das organizações. Do referido artigo abstrai-se a
afirmação “as estruturas formais de muitas organizações na sociedade pós-industrial refletem
dramaticamente os mitos de seus ambientes institucionalizados em vez das demandas de suas
atividades laborais” (MEYER; ROWAN, 1977, p. 341). De certa forma, teriam razão os neo-
institucionalistas de afirmar que a abordagem institucionalista avançaria em relação a
elementos que a perspectiva racional do “velho” institucionalismo não levaria em conta por se
ater ao ambiente técnico (ambiente de troca, mercado), neste caso os mitos, elementos
cognitivos do ambiente organizacional. Contudo, há de se considerar que podem ser
entendidos (os mitos) como elementos constitutivos de fatos sociais, de forma análoga ao que
descreve Durkheim (1978), que se caracterizam como coercitivos e imperativos, refletindo
traços funcionais.
Ao focar as estruturas formais e informais Meyer e Rowan (1977) demonstram
preocupação com lacunas existentes e que não seria evidenciado, o que conduziria, segundo
os autores, à necessidade de legitimação. Antes de se abordar esta perspectiva, dá-se ênfase
para o propósito das estruturas que segundo estes autores, seriam dirigidas para um projeto de
atividades voltadas a metas e políticas. Meyer e Rowan (1977, p. 342) afirmam que,
“Em teorias convencionais, a estrutura formal racional assumida é o modo mais
efetivo para coordenar e controlar as relações complexas das redes de trabalho em
atividades técnicas modernas ou trabalho. Esta suposição deriva das discussões de
Weber (1930, 1946, 1947) da emergência histórica da burocracia como
conseqüências de economias de mercado e estados centralizados. Espaços de
economia de mercado premiam a racionalidade e coordenação” (MEYER; ROWAN,
1977, p. 342).

Apesar de procurarem tratar a estrutura sob um prisma diferente do que o faz o


“velho” institucionalismo, o estudo de Meyer e Rowan (1977) gravita em torno deste
elemento organizacional e isso permite que se linke com abordagens funcionais, que têm um
tônus teleológico, e que carrega uma base causal racional em sua formulação. Para o
estrutural-funcionalista Radcliffe-Brown (1973), interconecta-se função e estrutura
conceitualmente pelas relações entre as unidades funcionais, o que confere à estrutura,
possibilidades de perpetuação. Segundo Durkheim (1978), função teria como propósito
atender necessidades e isso revestiria as estruturas de propósitos e importância no ambiente
organizacional.
Retomando a preocupação de Meyer e Rowan (1977) advindos de pesquisas empíricas
sobre possíveis lacunas entre estruturas formais e informais e que tais lacunas esmaeceriam a
relação das organizações burocráticas entre elementos estruturais e metas, isso sinalizaria para
que se buscasse a legitimação. Observa-se que “o foco no gerenciamento de redes complexas
e no exercício de coordenação e controle, as teorias predominantes têm negligenciado uma
fonte weberiana alternativa de estrutura formal: a legitimidade de estruturas formais
racionais” (MEYER; ROWAN, 1977, p. 343). Nas teorias dominantes, a legitimidade tem
10
dado, segundo os autores, asserção sobre apoio da burocratização a suposição de normas de
racionalidade. Ao defender a legitimação de determinadas configurações de estruturas formais
racionais a partir de mitos, ter-se-á a institucionalização de elementos racionais e impessoais
em torno destas estruturas. Observa-se aí, um determinismo mecanicista, utilitário e funcional
característico do paradigma funcionalista.
Do estudo de Meyer e Rowan (1977) aproveita-se para destacar e analisar sob o jugo
do presente estudo, também suas seis proposições:
Proposição 1: Enquanto regras institucionais racionalizadas surgem em determinados
domínios da atividade de trabalho, organizações formais se formam e se expandem através da
incorporação destas regras como elementos estruturais (MEYER e ROWAN, 1977, p. 345). A
dependência ou adequação às regras e seus efeitos nas estruturas, remete à idéia de integração,
de ordem, estabilidade, e de coordenação funcional, características do funcionalismo.
Proposição 2: Quanto mais modernizada a sociedade, mais ampla é a estrutura
institucional racional em determinados domínios e maior é o número de domínios que contém
instituições racionais (MEYER e ROWAN, 1977, p. 345). Observam os autores que em
instituições modernas, que são muito bem racionalizadas, estes elementos racionais agem
como mitos fazendo surgir organizações mais formais. Para os autores, a modernização da
sociedade faria prevalecer elementos institucionais racionais e demonstraria redes de
organização sociais complexas e mudança, o que demandaria a presença e elaboração de
estruturas organizacionais formais. Tal cenário poderia ter entendimento mais profícuo se
fosse feito sob a ótica de Benson (1987) que frente a teorias racional-funcionalistas tais como
a que é possível abstrair da afirmação anterior, recomendaria a teoria dialética. Foulquié
(1978) observara que a contradição seria a raiz do movimento, ora, em ambientes de mudança
onde o que prevalece é a instabilidade, as coisas devem ser entendidas sob um caráter
provisório, e as organizações não devem ser vistas como estática tal quais as estruturas
formais apregoam, uma vez que estas se baseiam na ordem e na estabilidade.
Proposição 3: As organizações que incorporam elementos racionais legitimados pela
sociedade em suas estruturas formais maximizam sua legitimidade e aumentam seus recursos
e capacidade de sobrevivência (MEYER e ROWAN, 1977, p. 352). Esta proposição acenaria
para o fato de que a prospecção de sobrevivência das organizações aumentaria se elaborar
estruturas como estado e enquanto as organizações responderem para regras
institucionalizadas. Desta forma, a sobrevivência organizacional passaria pela elaboração de
mitos racionais institucionalizados, que levariam à eficiência organizacional, à conformidade
organizacional com os mitos institucionais, o que permitiria a legitimação e obtenção de
recursos que conduziriam à sobrevivência. Esta perspectiva prescritiva e determinística
remete aos pressupostos das ciências naturais e que permeia a abordagem racional positivista.
O prisma evolucionista é atribuído ao positivismo que tal qual o empirismo, valoriza a
realidade física e o raciocínio analógico, contudo, o primeiro tem na evolução o diferencial
perante o segundo, com crença no progresso. Adequações rumo à sobrevivência a partir de
regras e estruturas institucionalizadas conforme defende o neo-institucionalismo parecem ser
delineadas pelo enfoque da seleção natural, compelindo os organismos à adaptação ao meio
como forma de sobrevivência, onde permaneceriam os mais aptos.
Proposição 4: Pelo fato das tentativas para controlar e coordenar as atividades em
organizações institucionalizadas conduz a conflitos e perda de legitimidade, os elementos da
estrutura são dissociados das atividades e uns dos outros (MEYER e ROWAN, 1977, p. 357).
Segundo os autores, as vantagens desta dissociação são claras uma vez que a suposição de que
as estruturas formais realmente trabalham para amenizar as inconsistências e anomalias
envolvidas nas atividades técnicas. Também, porque ao evitar a integração, disputas e
conflitos são minimizados, e uma organização pode obter apoio a partir de uma grande
variedade de constituintes externos. Isso manteria padronizadas e legitimadas suas estruturas

11
formais enquanto suas atividades variam em resposta às considerações práticas. As
organizações na indústria tendem a ter estrutura formal similar, espelhando suas origens
institucionais comuns, mas podem mostrar diversidade em suas práticas. Tal proposição pode
ser entendida como uma tentativa de reduzir o todo em partes, como forma de diminuir sua
complexidade. O reducionismo característico do racionalismo cartesiano propõe que o todo
complexo seja dividido em partes como metodologia de análise e esta concepção mecanicista
é que constitui a visão mundo-máquina que permeia a ciência moderna.
Adicionam-se à leitura crítica da proposição anterior as afirmações de Garcia e Bronzo
(2000, p. 2) ao destacarem que “cada vez mais o conhecimento e o processo científico foram
observados como uma aproximação racional em direção a uma ‘verdade’, às vezes
insofismável”. Desta forma, “compreender a ciência e o processo científico, há séculos, tem
significado também a consagração de uma visão mecanicista do mundo e das coisas do
universo, a partir de uma percepção de ordem e regularidade constantes nos fenômenos
estudados”.
Proposição 5: Quanto mais a estrutura de uma organização for derivada de mitos
institucionalizados, maior é a tendência de manter exibições de confiança, satisfação e boa fé,
interna e externamente (MEYER e ROWAN, 1977, p. 358). Entendem os autores que os
participantes não apenas se comprometem em apoiar cerimoniais simbólicos das
organizações, mas também se comprometem em fazer coisas além do trabalho em ambientes
de mitos institucionalizados. Há de se considerar que o propósito de que qualquer organização
e de seus participantes é a utilidade e este princípio tende a ser incorporado na função inerente
às estruturas, logo, podem ser visualizados aqui, elementos das abordagens funcionalistas e
sistemistas. Primeiramente, a institucionalização de mitos agiria no sentido de obter
homogeneidade e assegurar o papel da organização, tal como afirmara Selznick (1967), onde
seria necessária a segurança em relação às forças sociais de seu ambiente e como argumentou
Radcliffe-Brown (1973), a estrutura deve se voltar à harmonia das partes de um organismo.
Depois, o comprometimento dos participantes favorece para que as partes “funcionem”,
sincronizando as inter-relações tal como o modelo biológico baseado na estrutura e função, e
o modelo mecânico, que aspira ao equilíbrio, conforme propõe a teoria geral dos sistemas.
Proposição 6: Organizações institucionalizadas buscam minimizar a inspeção e a
avaliação pelos gestores internos e os constituintes externos (MEYER e ROWAN, 1977, p.
359). Isso ocorreria em função do isomorfismo das organizações com um ambiente
institucional elaborado, estimulado pela dissociação das subunidades estruturais a partir de
cada uma e de cada atividade, de rituais de confiança e boa fé, e de se evitar a inspeção e
avaliação efetiva. Ao que parece, a abordagem sistêmica se encarregaria de explicar a
configuração de organismos frente a ambientes que lhe impunham condições para
sobrevivência e perpetuação. Cabe destacar que esta abordagem, segundo Demo (1985),
apresenta traços funcionalistas, contudo, representa uma opção metodológica nova, uma vez
que leva em conta o dinamismo da sociedade.
Isomorfismo e legitimidade das organizações são conceitos importantes no âmbito da
teoria Neo-institucional e são abordados em especial, por DiMaggio e Powell (1983). A
inferência das empresas de maior porte de um campo sobre as que têm menos expressão
quanto a inovações e mudanças tende a tornar organizações diferentes mais similares umas às
outras. Este processo de homogeneização é melhor explicado pelo conceito de isomorfismo.
DiMaggio e Powell (1983, p. 76), com base em Hawley (1968), destacam que “o isomorfismo
constitui um processo de restrição que força uma unidade em uma população a se assemelhar
a outras unidades que enfrentam o mesmo conjunto de condições ambientais”. Os autores
avançam no detalhamento deste conceito ao relatar que,
“Na esfera populacional, tal abordagem sugere que as características organizacionais
são modificadas na direção de uma compatibilidade crescente com as características

12
do ambiente; o número de organizações em uma população é função da capacidade
de sustentação do ambiente; e a diversidade de configurações organizacionais é
isomórfica à diversidade ambiental” (DIMAGGIO; POWELL, 1983, p. 76).

Outro ponto de vista que favorece o entendimento deste conceito é apresentado por
DiMaggio e Powell (1983, p. 76) com base em Hannan e Freeman (1977), afirmando que o
“isomorfismo pode acontecer porque as formas não-ótimas são excluídas de uma população
de organizações, ou porque os tomadores de decisões nas organizações aprendem respostas
adequadas e ajustam seus comportamentos de acordo com elas” (DIMAGGIO; POWELL,
1983, 77). Podem ser tecidas considerações no sentido de que as ocorrências que caracterizam
o isomorfismo podem ser associadas às premissas da teoria geral dos sistemas – TGS. Neste
entendimento as organizações segundo Rosenweig e Kast (1980), são compostas por um
sistema ou ambiente externo e internamente, por um sistema de relações, sendo que tais
sistemas são interdependentes. Este sistema formal (a organização) estaria sujeito à pressão do
ambiente institucional (externo) o qual, influenciaria inclusive, os moldes de sua estrutura. A
organização seria considerada “um sistema aberto em interação com seu ambiente, [...]
também pode ser encarada com um sistema sociotécnico estruturado” (ROSENWEIG; KAST,
1980, p. 133). Para os autores, os sistemas apresentariam mecanismos de ajuste e manutenção,
com propósito de garantir o equilíbrio interno e adequação às novas feições externas. Frente a
tais características, Demo (1985) refere-se ao sistemismo como de caráter funcionalista, uma
vez que sob determinado ângulo, os sistemas apresentam inter-relações entre partes de uma
estrutura e esta demanda um sistema para atingir sua funcionalidade, enfatizando as relações
entre unidades funcionais de uma estrutura. Outro aspecto da visão de Demo (1985) é a que se
refere ao fato de que a TGS estaria mais voltada para um modelo social “fechado” em
detrimento às afirmações de que seria um sistema “aberto” em função de sua interação com o
ambiente institucional. A afirmação de Demo (1985) ampara-se no fato de que a abertura
propagada do sistema não o é no sentido literal e o que se observa é seu direcionamento para
se captar melhor as tensões e gerar condições para que o equilíbrio seja restabelecido,
proposição dos modelos funcionais positivos.
A concepção epistemológica aqui apresentada sobre o isomorfismo tende a ser
observada também na legitimação e na institucionalização como um todo. Para se analisar a
institucionalização toma-se por base Tolbert e Zucker (1998, p. 196) e uma de suas
afirmações é de que ela “é quase sempre tratada com um estado qualitativo: ou as estruturas
são institucionalizadas ou não o são”. Estes autores, com base no que chamaram de
implicações do trabalho de Meyer e Rowan (1977), seguem apresentando elementos sobre
estrutura e institucionalização,
“Na maior parte das vezes, as organizações formais estão frouxamente agrupadas
(...) elementos estruturais estão apenas frouxamente ligados entre si e às atividades,
normas são freqüentemente violadas, decisões não-implementadas, ou se
implementadas, têm conseqüências incertas, tecnologias são de eficiência
problemática, e sistemas de avaliação e inspeção são subvertidos ou tornados tão
vagos de modo a garantir pouca coordenação” (MEYER; ROWAN, 1977, apud
TOLBERT; ZUCKER, 1998, p. 201).

Os autores pretendiam evidenciar que a relação entre atividades cotidianas e


comportamentos dos atores organizacionais e das estruturas formais poderia ser fruto de
negligência. Neste sentido, haveria um descolamento entre estrutura formal e ação, dando esta
característica às estruturas institucionalizadas. Toma-se por base tal perspectiva para seguir na
busca do entendimento de institucionalização, apesar de salientarem que Meyer e Rowan
(1977) haviam considerado o conceito de estruturas institucionais como o tinham feito Berger
e Luckmann (1967) e Zucker (1977) para os quais “uma estrutura que se tornou

13
institucionalizada é a que é considerada, pelos membros de um grupo social, como eficaz e
necessária; ela serve, pois, como uma importante força causal de padrões estáveis de
comportamento” (TOLBERT; ZUCKER, 1998, p. 201-202).
Mesmo sem se adentrar no mérito do que propunham os autores, que era destacar a
ambigüidade da argumentação de Meyer e Rowan, mantém-se o foco no sentido de coletar
subsídios em torno da institucionalização e analisar seus traços epistemológicos. Resgatam-se
também as definições de Berger e Luckmann (2001) que consideram a institucionalização
como elemento central para a perpetuação dos grupos sociais e de Schultz destacada por
Tolbert e Zucker (1998), onde uma instituição seria o resultado de um processo de
institucionalização e esta, teria como definição “uma tipificação de ações habituais por tipos
específicos de atores”. A tipificação envolveria o desenvolvimento recíproco de definições
compartilhadas, ou significados, que ligados aos comportamentos, tornar-se-iam habituais.
Outros dois conceitos entrariam ainda na pauta destes estudos: a objetificação e a
habitualização.
Considerando o exposto nos parágrafos acima relacionados à institucionalização e
considerando também que legitimar, segundo o dicionário Aurélio, é tornar legítimo, de
acordo com as leis, pode-se destacar que sua proposta não se fundamenta numa concepção
crítica ou de racionalidade substantiva consoante às premissas de Guerreiro Ramos (1989) do
qual emerge a idéia de se desenvolver análises livres de padrões distorcidos de linguagem e
conceptualizações, que ao considerar o significado substantivo das organizações, apresenta
propensão maior à emancipação humana. O que se percebe nas afirmações sobre
institucionalização, tanto do “velho” institucionalismo, quanto da abordagem do neo-
institucionalismo, apesar deste se propor a enfatizar aspectos que a teoria organizacional
tradicional não considerava, tendo em vista seu cunho paradigmático basicamente funcional,
que sua conformação não simboliza postura epistemológica que se afaste significativamente
do paradigma racional dominante. Esta ótica pode ser abstraída de afirmações como a de que
“ou as estruturas são institucionalizadas ou não o são” e ao serem, terão associadas a si o fato
de serem consideradas pelo grupo social, como eficazes e necessárias. Salienta-se de que se
percebem fundamentos de utilidade em tais afirmações e principalmente, uma base funcional
que propõe que toda estrutura tende a ser acompanhada de função e que se caracteriza ainda,
como algo cuja finalidade, seja atender uma necessidade. Ou seja, novamente remete a análise
para a concepção funcional e distante do que Chanlat e Seguín (1992) propunham ao
apresentarem o paradigma crítico, que se volta para a humanização nas organizações, onde
consideram como elemento de análise a historicidade, concepções dialéticas, as organizações
como não estáticas e formas alternativas de poder.

4. Considerações finais
Neste momento é relevante retomar a proposta do estudo que foi desenvolver uma
reflexão que permitisse captar e descrever a episteme da Teoria Neo-institucional, focando
seus alicerces e traços teórico-filosóficos.
É importante ter claro que se vive um período de transição no campo da ciência e do
conhecimento diante do papel do conhecimento científico para a sociedade e, entender como
este é concebido, suas formulações, seus postulados epistemológicos e filosóficos, e de
maneira geral, a relação entre ciência e sociedade, passa a ser relevante. São com estes
esforços que se ocupam aqueles envolvidos com práticas epistemológicas.
Ao se analisar epistemologicamente a teoria neo-institucional vê-se em suas raízes, sua
origem funcionalista. Selznick é considerado o precursor do neo-institucionalismo nos
estudos organizacionais e destacam Fachin e Mendonça (2003), que o mesmo foi discípulo de
Merton, e seu pensamento apresentavam vínculos entre a sociologia, o funcionalismo e a
preocupação com a harmonia e o consenso, elementos racionais positivos. É possível reforçar

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esta ênfase com base em Misoczky (2003), que destaca a influência de Parsons sobre o
institucionalismo e que o neo-institucionalismo, apesar de se propor a observar elementos
simbólicos do ambiente organizacional e a superar as limitações de racionalidade de seu
antecessor, não se afastaria de sua natureza funcionalista. Ao se analisar as seis proposições
de Meyer e Rowan (1977), mais elementos que caracterizam sua abordagem com base
funcionalista racional foram encontrados e ficam reforçadas as influencias do pensamento
mecanicista das ciências naturais positivas.
O isomorfismo e a legitimação, elementos marcantes do neo-institucionalismo,
corroboram em suas finalidades, os pressupostos do paradigma funcionalista vigente. O que
se observa nestes componentes neo-institucionalistas são elementos de racionalidade
instrumental como coerção, persuasão, adequação a regras e padrões, mecanismos de
controle, homogeneização, seleção natural, subserviência, primazia das leis da ciência
moderna do tipo causa formal, padrões pré-estabelecidos de comportamento, tipificação,
habitualização, utilidade e funcionalidade.
Ao finalizar, observa-se que os esforços no sentido de se desenvolver habilidades em
torno de atividades voltadas a análises epistemológicas devem ser intensificados e estas
análises, aprofundadas. A transição paradigmática depende desta capacidade de entendimento
das abordagens teórico-filosóficas e como as mesmas permeiam e influenciam o
desenvolvimento do conhecimento científico. No campo das ciências administrativas o
desafio está em reduzir a hegemonia do paradigma funcionalista e dar espaço a abordagens
alternativas fundamentadas na visão dialética e crítica, onde se possa contemplar de forma
mais ampla, a complexidade e a substantividade do meio organizacional. Apesar de óbvio,
entende-se que é profícuo, recomendar que trabalhos de cunho epistemológico sejam
fomentados.

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