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The Book Club Traduções

Hunting
The BookTe
Lila – Livro 1 – Sarah Alderson
The Book Club Traduções

Sinopse:
Aos 17 anos, Lila tem dois segredos que está preparada para levar
ao túmulo. O primeiro é que pode mover as coisas apenas com o olhar. E o
segundo é que ela está completamente apaixonada por Alex, o melhor
amigo do seu irmão Jack.

Depois que um assalto expõem a sua habilidade única, Lila decide


recorrer às únicas pessoas em que pode confiar: seu irmão Jack e Alex.
Eles vivem no sul da Califórnia onde trabalham para uma organização
secreta chamada A Unidade, e Lila descobre que eles estão à caça do
homem que assassinou a sua mãe há 5 anos atrás. E até agora eles não o
encontraram.

Em um mundo onde nada é oque parece, Lila descobre rapidamente


que não está sozinha. Existem outros com poderes especiais como os dela,
e o assassino da sua mãe é um deles...

Primeiro Livro da Série Hunting Lila

Hunting Lila – Livro 1 – Sarah Alderson


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Capítulo 1
S omente quando a ponta da faca começou a apontar contra o

branco de seus olhos como um bisturi ao ponto de perfurar uma ferida, eu


me dei conta que era eu que a tinha.

Ou, melhor dizendo, eu acontrolava.

Nós três apenas olhamos hipnotizados enquanto a faca movia-se


sozinha no espaço irregular entre nós. O menino que estava me segurando
era aquele cuja a lâmina da faca apontava exatamente na direção de seus
olhos. E então ele me soltou, seus braços caíram para baixo como uma
marionete cujas cordas tinham sido cortadas.

E então eu senti. O peso da faca em minha mente. E o som dela


caindo no chão da rua.

Eu não conseguia tirar os olhos dela, apenas caída ali, como um


objeto que alguém tinha colocado diante de mim.

O som de metal batendo no chão me fez olhar para cima. Os dois


meninos já estavam montados em suas bicicletas, pedalando com força,
tentando não perder o equilíbrio naquela rua estreita. Eles colidiram entre
si quando eles fugiam, mas conseguiram manter o equilíbrio, e seguiram
em frente, com suas bicicletas andando em ziguezague no meio das ruas,
até enfim desaparecerem pela esquina mais próxima.

Eu estava de joelhos. O barulho do tráfego na rua principal que


estava há uns dez metros ou menos de distância, me despertou
novamente, interrompendo o som de alguém prestes a se afogar em seus
próprios pensamentos. Virei a cabeça da esquerda e para a direitapara ver
de onde vinha aquele som, e então eu percebi que vinha de mim mesma.
Mordi o lábio para tentar parar aquilo, então eu me levantei lentamente.

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Uma pontada de dor subiu na minha perna direita, e então me
trouxe de repente de volta de uma vez à realidade.

Olhei em volta, hesitante, tentando me recompor. Demorou um


tempo para eu perceber que estava de pé na esquina da minha rua.
Minhas meias estavam rasgadas e sujas, onde a roda dianteira e o guidão
de uma das bicicletas havia batido em mim. Um ruído metálico escapou
dos fones de ouvido pendurados em volta do meu pescoço e minha mão
direita agarrava a minha mochila, a mesma que aqueles ladrões haviam
tentado roubar.

Maria não estava quando eu cheguei em casa e nem meu pai. Ele
não estaria de volta em uma semana ou algo assim. A casa era tão imensa
e fria, como uma geladeira vazia. Eu tranquei a porta e me encostei
nela,respirando profundamente. Fui mancando até o banheiro no andar
de baixo, levantei a tampa do vaso e vomitei até que não houvesse nada
além de uma bile verde filamentosa. Minhas mãos tremiam com tanta
força que batiam no chão branco de porcelana. Encostei-me à parede,
abraçando meus joelhos no meu peito,tentando estabilizar minha
respiração.

Eu não poderia voltar à fazer isso -esse poder mental estranho que
eu não fazia idéia do que era- isso já estava demais para mim. Mas eu não
tinha a intenção de usá-lo em primeiro lugar.

Em vez disso, acabou acontecendo sem querer, foi tão inconsciente


como respirar. Exceto pelo fato de que respirar nunca tinha quase deixado
uma pessoa cega. Isso agora estava fora de controle.

Perigosamente fora de controle. Com apenas um lampejo de


pensamento, sem mover uma polegada, eu poderia ter empurrado a
lâmina através da partebranca do olho desse cara tão fácil como cortar

um ovo cozido. Uma onda de bile correu na minha garganta novamente.


Eu aperteios dentes e engoli.

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Até agora, essa capacidade psíquica estranha de mover objetos sem
alcançá-los era um segredo. Algo escondido e guardado fortemente
dentro de mim como uma deformidade oculta: um sexto dedo, um
terceiro braço. Nadapara se gabar. No entanto, agora dois estranhos
sabiam sobre isso, um dos quais eu tinha quase cegado.

Sentei-me na escuridão sussurrando, esperando a batida na porta


da polícia ou dos homens de jaleco branco. Talvez eu devesse ir com eles.

Evidentemente que sou muito perigosa para andar pelas ruas do sul
de Londres. Possivelmente eu sou perturbada. Eu definitivamente não sou
normal.

Eu esperei e esperei, tremendo no chão, mas a batida na porta não


veio.

Finalmente, soltei minhas mãos das minhas pernas e me levantei,


resolvida. Eu tinha de recuperar o controle. Não ia usar aquilo de novo,
nunca mais. Para sempre.

Eu não usaria para abrir portas, nem para acender as luzes ou ligar a
torradeira, e certamente, nunca mais iria usá-lo para me defender de
ladrões adolescentes.

Se eu pudesse usar isso para ajudar os outros.

Ou melhor,eu não ia usar para mais nada. Ou era isso ou um futuro


com um uniforme laranja da prisão.

Eu joguei um pouco de água no meu rosto e na minha boca e


levantei o rosto para cima para me olhar no espelho, eu tinha olheiras
eestava pálida como um cadáver. Apesar de que até um cadáver de uns 10
dias, provavelmente ficava melhor.

Meu cabelo loiro estava uma bagunça, todo emaranhado e cheio de


nós e meus lábios estavam tão brancos que fundiam com a minha pele.

Eu olhei para as minhas pernas e, inclinando-me sobre a pia,tirei


com cuidado as meias rasgadas. Uma contusão do tamanho da palma da
minha mão cobria o lado direito da minha coxa em um tom interessante
de preto. Estava horrível e parecia se destacar contraa palidez da minha
pele. Eu toquei no hematoma e tremi um pouco. Eu podia sentir a

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durezade sangue coagulado sob a superfície. Eu pressionei de novo o
hematoma, e logo comecei a chorar. Olhei para o meu reflexo, tremendo
de novo em um súbito choro compulsivo. Eu queria a minha mãe. Eu
queria meu irmão Jack. Queria que ele viesse me resgatar como quando
eu tinha cinco anos e tinha quebrado a perna. Eu amava o meu irmão,
simplesmente o amava muito. Bem, na verdade, quem eu amava mais
ainda era Alex. Eu amava o melhor amigo do meu irmão com cada pedaço
do meu ser tanto quanto amava meu próprio irmão, ou até à mim mesma.

O Terminal nº5 de Heathrow era uma enorme cúpula branca. Já era


meia-noite. Eu olhei para as saídas querendo manter a minha coragem e
desejando entrar no avião naquele momento e nãodentro de seis horas,
porque até então meu pai poderia ter descoberto que eu tinha roubado
seu cartão de crédito e era provável que ele faria um escândalo
suficientemente grande para não só segurar à mim, mas ao avião inteiro.

Olhei para os detalhes do avião. Eu não deveria pensar se seria


capaz de fazê-lo se mover. Eu não deveria tentar. Supunha-se que eu não
faria mais nada nunca mais.

Me afundei em uma cadeira, sentindo algo parecido com desespero


tomando conta de mim. Ou talvez fosse pânico total. Ainda teria que
inventar uma história convincente para Jack e para meu pai. O e-mail que
enviei à Jack não seriasuficiente. Na verdade eu apenas escrevi um recado
curto dizendo:

“Surpresa! Eu estou indo para Los Angeles. Meu vôo chega por volta
de meio-dia.Beijos, Lila”.

Nenhuma explicação além desta.

Mas o que poderia ser considerado uma explicação convincente?

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"Surpresa! Eu tenho um estranho poder na mente e quase
apunhaleio olho de alguém com ele. Tudo bem se eu ficar com você?”

Isso soaria tão bem para ele quanto se eu confessasse que sou
apaixonada pelo seu melhor amigo durante praticamente toda a minha
vida.

Eu tomei uma respiração profunda. Eu estava em apuros. Então fiz


o que eu sempre faço em tempos de stress, relembrei cada memória de
Alex guardada na parte mais acessível do meu cérebro e comecei a juntá-
las como peças de um quebra-cabeça.

Começando no dia que eu quebrei minha perna; esse foi o dia em


que eu me apaixonei porele. Ele tinha só 9 anos, e eu apenas 5,mas
certamente foi aquele dia. Eu tinha corrido com o trenó em direção à
árvore ou foi Jack que sem querer me empurrou. Mas o osso quebrou
como um lápis cutucando através da minha pele e ainda assim isso
permaneceu como uma das minhas melhores memórias com Alex, porque
junto com o acidente, vinha a lembrança do rosto de Alex me socorrendo
e me envolvendo em seu moletom vermelho. Ele me levantou e me
colocou de volta no trenó e me empurrou, com a ajuda de Jack suponho,
meia milha em direção ao adulto mais próximo. Esse foi definitivamente o
dia em que me apaixonei.

Depois disso, minha memória seguinte era de nós três no nosso


jardim na velha casa em Washington DC. Estava frio. Eu sabia porque eu
podia ver cristais de gelo no chão, e o som de uma pá cavando no chão
ainda congelado, um zumbido alto e claro ainda vivo na minha cabeça. Eu
devia ter mais ou menos uns sete anos, porque ohamster que eu tinha
havia sido um presente dos meus pais por eu ter sido corajosa sobre a
minha perna quebrada dois anos antes. O hamster viveu "uma vida longa,
feliz e despreocupada", havia dito Jack algum tempo depois em frente à
sua caixa- sepultura. Lembrei-me também a bola de papel que Alex, de pé
ao meu lado, solenemente colocouno buraco que tinhaescavado com uma
pá do vizinho. Lembrei-me das lágrimas quentescorrendo pelo meu rosto
em córregos frios e da mão quente que Alexcolocou sobre a minha. Ele
não disse nada, apenas segurou a minha mão até eu parar de lamentar.

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Sem aviso, minha mente saltou para outra memória, isso há uns
cinco anos atrás, um eco mais escuro do que a última. Eu tinha doze anos
e três dias. Eu sabia disso com certeza pois foi há exatos sete dias depois
que minha mãe tinha morrido e estávamos em seu funeral. Alex pegou a
minha mão, nesta ocasião novamente. Por razõespráticas, na verdade, já
que o meu pai, quem deveria ser o que faria esse trabalho, não estava
muito estável, ajoelhado diante do túmulo vazio, chorando. Um bom
número de braços cheiosde boas intenções o cercavam. Jack era um
borrão na borda, antes de sair da multidão e vir em minha direção. Alex,
eu percebo só agora, preferiu deixá-lo ali e ficar comigo no lugar.

Eu conseguia me lembrar com perfeita clareza as pequenas


plantinhas grudadas com barro nas solas dos sapatos de meu pai quando
ele se ajoelhou ao lado do túmulo de minha mãe, mas isso era tudo. Eu
não conseguia me lembrar das pessoas, das palavras, das músicas, das
flores. Me lembro apenasdestes sapatos, e Alex de pé ao meu lado, me
confortando em seu abraço.

Na recepção após o funeral, Alex não me soltou uma única vez. Não
foi atrás de Jack. Eu não sei porquê. Na realidade, era Jack quem precisava
mais ser cuidado e não eu. Mas Alex não tentou procurá-lo. Ele ficou
comigo. Ele me sentou em um sofá fora do caminho e ficou
comigo,respondendo educadamente quando rostos borrados apareciam
sussurrando palavras vazias. Foi Alex que me tirou do meio da multidão,
resmungando pelas escadas e me levou até o meu quarto. Ele me deitou,
colocou o edredom em cima de mim e sentou-se na beira da cama, com a
mãodescansando nas minhas costas até que eu estava finalmente
dormindo.

Então, literalmente, dias depois, o meu pai me levou com ele


paraLondres. Não tive nenhuma escolha, nem mesmo um aviso. Ele
apenas disse: "Otáxi está chegando”. Eu não tinha arrumado minhas
coisas e nem consegui me despedir de meus amigos da escola. Encerrada
na minha bolha silenciosa de tristeza, fui incapaz de discutir. Era como se
fôssemos ao supermercado, tão pouco o impacto que teve sobre mim.
Jack, por outro lado, ficou louco de raiva. A fúria com que reagiu à notícia
era devastadora.

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Isso minou todas as emoções simples dentro mim como sea bateria
estivesse descarregada. Meu pai não tinhamais energia paralutar com ele,
também. A bateria se descarregou de alguma forma
permanentejuntamente com a morte de minha mãe.

Então, Jack passou a viver com a família de Alex e permaneceu em


Washington, enquanto eu tive que mudar para Londres, a cidade natal do
meu pai. No começo, eu não sentia nada também com relação à isso, nem
mesmo no vôocom a cadeira de Jack vazia como um buraco negro entre
nós. Mas nos meses seguintes, quando saí do coma paralisado em que
estava, veio a raiva. Uma ira enorme cresceu dentro de mim contra meu
pai por ter me levado para longe de tudo o que eu tinha, tudo que eu
conhecia, minha casa, meus amigos. E raiva de Jack, por me deixar para
trás. E por ser o que ficou morando com Alex.

Mas, como quase tudo na vida, a não ser que você realmente se
esforce para conservar isso vivo, a raiva foi passando, e depois de alguns
meses a raiva se dissolveu, sendo completamente substituída pela dor de
perder Jack. Eu voltei a me comunicar com ele por email e falar com ele de
novo por telefone também, e percebi que não poderia me ressentir com
ele. Porque, se eu tivesse a opção de ficar com o Alex, eu teria feitoo
mesmo. Num piscar de olhos.

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Capítulo 2
E u passei pela alfândega com cautela, tropeçando, um pouco por

culpa do sono e um pouco por causa do cansaço nas pernas. Olhei para os
rostos borrados tentando me concentrar nas portas de correr da entrada.
Eu não tinha certeza de que Jack estaria lá. E se estivesse, talvez fosse
apenas para me dar uma passagem de volta e ir diretamente ao balcão de
check-in.

- Lila!

Uma voz familiar me fez virar a cabeça. Jack estava abrindo caminho
através da multidão, sorrindo. Eu senti um alívio tão intenso que parecia
que eu ia entrar em colapso ali mesmo, me desfazer e deixar os pedaços
ali para ele recolher. Quando alcancei Jack e senti seus braços em volta de
mim, um soluço veio do nada. Ele se viu obrigado a dar um passo para
trás, tamanha era a força com que pressionava o meu rosto contra seu
ombro. Ele me conduziu, segurando a minha mala. Mepassou por baixo da
barreira e colocou o braço livre em volta da minha cintura, gentilmente
me guiando pela multidão.

Quando estávamos livres da multidão e caminhando ao redor do


terminal, ele me olhou com curiosidade.

-E então, bonvoyage?

Eu não conseguia nem responder, então eu sorri, ridiculamente


agradecida e aliviada por ele não estar me levando para o check-in no
balcão e não estar fazendo já naquele momento a pergunta que eu temia:
porque eu estava ali?

-Sim, foi tudo bem - Eu respondi.

Jack parecia diferente. Era difícil dizer exatamente o porquê, mas


havia algo nele, algo que definitivamente não haviaantes. Jack tinha sido

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sempre uma pessoa segura: boa aparência e popularidade tendem a ter
esse efeito sobre as pessoas. Mas agora, no entanto, à medida que
manobrávamos através do terminal lotado, parecia que até a sua aura
havia sido melhorada, como se tivesse sido picado por uma aranha e se
tornado um super-herói.

Considerando que, antes ele mesmo sendo totalmente consciente


de seu charme e ainda assim se esforçava para maximizar seu efeito de
atração nas meninas, agora ele parecia totalmente alheio a si mesmo. Ele
estava completamente indiferente ao efeito que tinha sobre as pessoas.
Uma mulher arrastando uma mala com rodas se virou para olhar por cima
do ombro enquanto passávamos e um grupo de meninas, um pouco mais
jovens do que eu, sorriam e davam cotoveladasumas nas outras.

Ele atraía as pessoas para ele, mas deixava apenas a miragem sua,
pairando atrás dele.

Jack usava jeans e uma camisa branca. Seus óculos de sol estavam
pendurados em seu pescoço. Quando finalmente saímos à alegre luz do
sol, ele colocou os óculos e abriu um sorriso para mim. “Sim, ele poderia
ter saído de um anúncio de propaganda óculos de sol, aqueles da Police”,
pensei com uma pontada familiar de inveja. Eu, por outro lado, me sentia
pálida e abatida nesta terra de pessoas bronzeadas e refinadas. Eu queria
ir para casa e tomar um banho. “Casa”, eu pensei, de repente me dando
conta de que eu já estava pensando naquele lugar como minha casa. E eu
tinha cruzado apenas o hall de chegada do LAX (Aeroporto de Los
Angeles).

Jack manteve o fluxo constante de conversa no caminho para o Sul de


Oceanside. A razão de minha chegada repentina pairando entre nós, como
um grande elefante branco no carro. Ignorei aquilo e preferi me
concentrar em entender tudo sobre ele. E o carro. Eu não sabia nada
sobre carros, mas esse carro era impressionante. Como os fuzileiros navais
podiam ser tão bem pagos nos dias de hoje? Era todo de couro por

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dentro, teto baixo, um sistema de som potente e uma voz automatizada
só para nos dar boas-vindas quando entramos. Jack dirigiu o carro
suavemente, conduzindo exatamente no limite sem um pingo de
hesitação enquanto tentávamos nos afastar do tráfego da autopista na
estrada. Eu relaxei contra o banco e esperei ele falar. Seus olhos corriam
de mima estrada à frente, seguiam para o espelho retrovisor, e em
seguida, de volta para mim. Eu estava ansiosa para chegar em sua casa,
que ficava perto da praia, o que parecia bom, muitomelhor do que viver
no sul do centro de Londres.

Suas palavras começaram chegar enquanto eu encarava ele,


observava o seu perfil. Parecia muito mais adulto do que o adolescenteda
última vez que o vi, estava bronzeado e o seu cabelo escuro tinha
crescidomais do que o seu cabelo raspado habitual. Três anos, se supõe
que é muito tempo, de modo que ambos mudamos muito. Fiquei
imaginando como eu aparentava para ele.

Como se estivesse lendo minha mente, ele cravou os olhos em mim,


depois olhou de volta à estrada.

- Você mudou. Está diferente , Lila – ele disse.

- Sim, eu estou super abatida, disse eu. Fazem mais de 30 horas que
eu não durmo.

Ele fez uma pausa. Eu esperava que não fosse perguntar por quê.
Ele poderiaver que eu estava pensando nisso.Mas ele apenas disse:

- Eu quase não te reconheço quando você apareceu no corredor de


desembarque.

Eu não respondi. Nos três anos desde a última vez que nos vimos eu
tinha crescido um pouco mais, mas ainda media menos de 1.60m. Meu
cabelo ainda era longo, mas já não era aquele saudável louro mel de
antes. A Inglaterra não tinha aquele sol de dourar os fios. Nós tínhamos
exatamente os mesmos olhos, verde escuros, com espessos cílios negros,
embora os dele eram ainda maismaiores e mais grossos do que os meus.
Havia, é claro, uma mudança ainda mais importante,mas não era uma
coisa física e já que ele não podia ler minha mente, eu tinha certeza de
que não ia falar sobre isso. Eu me mexi no meu lugar, tentando evitar
pensar naquele estranho poder.
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Quando ele foi trocar de marcha, algo chamou minha atenção e eu me
inclinei para tocar o seu braço acimada manga de sua camisa. Ele viu
minhas sobrancelhas subirem e se esticou para levantar a manga,
expondo seus bíceps e uma tatuagem preta de duas espadas cruzadas. As
palavras “SemperFi”estavam escritas sobre o desenho.

- Mamãe ficaria tão brava se visse isso!

- Sim? Bem, ela não está por perto para ver, certo? - Ele abaixou a
manga e olhouna estrada à frente.

Eu me virei para olhar para fora da janela também. Não devia ter
falado de nossa mãe. Era óbvio que cinco anos não pareciam ter
amolecido o efeito de ouvir falar sobre ela. Eu podia ver os músculos de
sua mandíbula apertarem. Ele era tão fácil de ler, igual eu era também,
cada emoção transparecia em seu rosto como uma placa de néon. Não
conseguia acreditar que tinha conseguido irritar meu irmão em menos
meia hora desde que cheguei. Eu realmente precisava tomar mais cuidado
se eu quisesse ter alguma esperança de convencê-lo a me deixar ficar.

- O que é isso? Eu perguntei para distraí-lo.

O queixo de Jack relaxou.

-É o lema do Corpo de Fuzileiros Navais. Sempre fiel. As espadas


cruzadas são o emblema da Unidade. É algo que todos nós fizemos quando
nós terminamos o recone somos reconhecidos nas operações especiais.

Sua Unidade ... Ele tinha falado muito brevementeno telefone à


respeito de sua unidade. Não sei quase nada sobre isso; Eu tinha levado
mesespara perceber que o tal “recon” significava reconhecimento.
Embora eu não tenha obrigação nenhuma de decifrar exatamente o que
eles fizeram no reconhecimento. O que eu sabia era que o treinamento
durou dois longos anos, durante o qual ele mal entrou em contato. Tinha
sido difícil.

Um pensamento me ocorreu.

- Alex também tem um?

- Sim, é claro.

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É claro. Eu poderia ter adivinhado. Eu me segurei para não
perguntar: Se Alextomar veneno, você tomaria também? Isso é o que a
minha mãe costumava dizer o tempo todo, mas eu pensei melhor, e
aquilo não cairia muito bem.

-Certamente ele virá mais tarde. Está louco para te ver.

Meu coração acelerou. Eu tinha certeza que mais um pouco ele iria
pular para fora do meu peito, como nos desenhos animados. Olhei para o
meu irmão, mordendo o interior das minhas bochechas para controlar
meu inevitável sorriso. Eu não quero que ele perceba o quanto eu estou
em êxtase por causa dessa maravilhosa informação.

Meia hora depois, ainda estávamos envoltos no ar condicionado frio


do carro. Eu estava olhando fixamente para o oceano azul à minha direita,
envolta em fantasias envolvendo Alex de uniforme, quando Jack
interrompeu meu devaneio com um aceno de cabeça para a esquerda.
Estávamos passando por um desvio. Uma grande placa anunciava a
entrada para a base principal dos Marines em CampPendleton. Alguns
caminhões do exército passavam à frente de nós.

Eu olhava para a estrada enquanto passávamos.

-Então, este é o lugar onde você trabalha?

-Na verdade, é.

- É grande? Parece ótimo.

-Quinhentos quilômetros quadrados. Estou dirigindo ao redor da base


pelos últimos trinta minutos.

Eu pensei sobre isso por um segundo.

- Você não vive na Base?

-Não, nossa unidade não. Precisamos estar em San Diego e perto da


fronteira.
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Fronteira? Com o México, eu presumi, não com Orange County. Eu
me perguntava por que era tão importante. A única coisa que eu
conseguia pensar era em drogas, ou talvez os imigrantes ilegais, mas não
perguntei porque eu já sabia que Jack não iria me dar uma resposta direta.
Ele sempre mudava de assunto quando eu perguntava o que ele
realmente faziana sua Unidade. Eu sabia que ele não tinha sido treinado
para defender-nos no exterior, graças a Deus, mas parecia um pouco
estranho que tudo o que ele tinha passado no treinamento apenas para se
instalar tranquilamente no sul da Califórnia, vestido em roupas civis e
dirigindo carros velozes. E de qualquer maneira, não deveria a polícia
federal controlar as fronteiras e lidar com as drogas e imigrantes ilegais?

À alguns quilômetros adiante na estrada, chegamos a Oceanside.


Eraum pequeno edifício iluminado de frente pelo sol e pela brisado
Pacífico, o tipo de lugar você vê nos filmes, com palmeiras balançando
preguiçosamente. Nós dirigimos por algumas ruas, afastando do oceano, e
paramos em frente de uma bela casa de dois andares, isolada das demais.
Havia um jardim na frente, com pouca grama e um alpendre de madeira
ao longo do caminho para a entrada. A casa foi pintada de cinza. Havia
uma garagem integrada, Jack apertou um botão no carro que fez o portão
da garagem abrir para nós.

Quando entramos na casa pela porta interna, parei de repente.


Havia imaginado algo bem simples, como a casa de um homem solteiro
deveria ser, mas na verdade me senti em uma sessão de fotos da “Casa
Ideal”. Prendi a respiração quando vi uma pequena mesa de madeira
perto da porta. Parecia estranha ali, naquele ambiente. A última vez que
tinha visto aquela mesa, tinha sido há cinco anos atrás, em nossa casa, em
Washington. Olhei ao redor da casa com mais cuidado, encontrando mais
um ou dois objetos da nossa infância. A estante de livros enorme na sala, a
cópia moldada de Klee pintada no lobby, um casaco velho pendurado na
porta. Não admira que eu tenha me sentido tão á vontade jáà primeira
vista. Era como colocar um casaco velho que a gente sempre usa no
inverno. Mesmo nunca tendo entrado nesta casa, o toque de minha mãe
estava em todo o lugar.

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A cozinha, aonde Jack levou-me agora, foi ligeiramente decorada,
com uma grande pia de cerâmica, um piso de linóleo e uma frágil mesa
envernizada com cadeiras. Olhei em volta em busca de algo familiar lá. A
única coisa que eu reconheci foi um cartão do Big Ben presona porta da
geladeira. Eu enviei para Jack há um ou dois anos atrás. Eu me perguntava
o que eu tinha escrito no verso, provavelmente alguma mentira sobre
como estava feliz.

Eu me aproximei do cartão. Estavapreso junto à uma pilha de outros


papéise uma ou duas fotos. Estremeci quando vi que umadas fotos era
minha, tirada na última vez que estive em Washington há três anos. Eu
senti pena do meu eu aos 14 anos de idade, quando eu olhei. Havia em
mim uma expressão de dor, como se eu estivesse escondendo um segredo
terrível. A ironia é que, naquele momento, eu nem mesmo sabia o quão
terrível era o segredo que eu carregaria; eu só era uma menina assustada
de quatorze anos, confusa com a briga entre seu pai e seu irmão, e não
tendo certeza que voltaria a ver meu irmão ou seu melhor amigo alguma
vez novamente.

Eu resisti à vontade de arrancar a foto da geladeira e rasgar.Eu não


queria nem olhar para aoutra foto, no canto do meu olho. Olhar aquilo
seria como arrancar uma crosta de uma ferida que depois ia arder:
sentimentos momentâneos de satisfação, rapidamente seguidos por dor e
tristeza. Era uma foto desgastada de uma mulher loira e linda, pega no
meio de uma risada, umseus braços segurando firmemente um garotinho,
olhando para ela, com a cabeçasombreada abaixo do queixo, o céu azul
por trás deles. O menino eraJack ea mulher era a minha mãe. O topo de
uma cabeça loira aparecia na parteinferior esquerda da foto, mas era
impossível dizer que era eu com certeza. Eu me afastei, tentando proteger
Jack de ver aquela foto, mas então me lembrei que ele tinha colocadolá e
era confrontado por aquela imagem toda vez que ia tomar leite. Aquilo
era umprogresso.

-É um lugar agradável, Jack. Realmente bonito.

- Sim - ele concordou. É bom voltar para casa.

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Eu balancei a cabeça em silêncio, então tentando me fazer soar o
mais indiferente possível, eu perguntei:

-Então, onde Alex vive? Estou surpresa que não são colegas de
quarto. – E com certeza eu precisava praticar muito mais a minha “voz
indiferente”.

Jack riu.

-Ao contrário da opinião popular, minha irmã, Alex e eu não


somosunidos pelo quadril como siameses. Alex vive há uns cinco minutos.
Tem um ótimo apartamento de solteiroà beira-mar.

Meu coração saltou de volta para o meu peito. Apartamento? De


Solteiro? É claro.

Era absurdo eu esperar que Alex não tivesse seus relacionamentos


com outras mulheres. Ele era tão bonito, e sim, eu estava cega de amor
por ele, mas a sua beleza ainda era um fato indiscutível. Para qualquer
mortal.Juntos, ele e Jack praticamente poderiam conquistar o mundo em
beleza e carisma.

Quando eu tinha uns dez anos, eu tive que assistir em agonia


silenciosa Alex ficando com algumas meninas, todas mais velhas do que
eu, todas capazes de encher um sutiã,e eu queria morrer de ter que olhar
aquilo. Mas no mundo da fantasia que eu criei emminha mente enquanto
eu crescia, Alex vivia em um vácuo de abstinência total de mulheres. Era a
únicamaneira de me manter sã. Agora as palavras "solteiro" e
"apartamento" se fixaram com força na minha mente e estavam apagando
de uma vez a fantasiacuidadosamente elaborada ao longo dos anos e no
lugar daquela fantasia, vinham imagens de uma jacuzzi cheia de garotas
de biquíni.

Respire, eu me lembrei. Este é Alex. E não Jack. Alex, que sempre


andou no meio dos populares, se juntou facilmente à Jack. Mas ele nunca
foi um dos que perseguiam as meninas, na verdade ele era aquele que
sempre se desculpava por Jack viver esquecendo os nomes delas. Ele era
aquele amigo que sempre andava atrás, olhandosilenciosamente com a
sobrancelha levantada cada vez Jack escolhia sua próxima vítima. Emesmo
que fosse um apartamento de solteiro, isso não significava um fluxo
constante de mulheres à cada noite, ou na mesma noite.
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Sim, continue se agarrando à sua própria inocência, Lila

- Você está com fome? Sede?- Jack me perguntou.

Certamente não estava com fome agora. Meu estômago estava em


nós.Eu balancei minha cabeça.Jack então me levou ao fundo do corredor,
onde eu reparei em uma pequena caixa branca na parede perto da porta
da frente.

-Este é o alarme - ele disse, abrindo a caixa. Dentro, haviauma linha


de luzes cintilantes que pareciam da era espacial e um teclado com as
letras e números nele.

-O código é 121205 - disse ele. Você tem que colocar o alarme


quando você estiver em casa, e não apenas quando você sair. Se alguém
ativá-lo quando você estiver aqui dentro, toda a casa automaticamente
será bloqueada. Você não será capaz de sair. Aí aguente firme e espere por
mim ou ligue para a polícia.

Eu olhei para ele em silêncio por alguns segundos. Eu não consegui


prestar a atenção nas suas instruções, apenas no código. Era a data da
morte de minha mãe. Jack ignorou a minha expressão e fechou a caixa. Eu
entendia toda a paranóia. Papai também tinha instalado um alarme em
nossa casa, em Londres. Mesmo sabendo que ter um alarme não ajudou
nossa mãe em nada.

Jack pegou minha bagagem jogada ao pé da escada e a levou no


andar de cima. Eu ia subindo na frente, parando nos degraus semter
certeza de qual direção tomar.

Jack deu um passo adiante no corredor, passando pela porta no


final do corredor. Ele abriu a porta e me deixou entrar primeiro no que
seria o meu quarto pelos próximos dias, tantos quantos ele me permitisse.
Era um quarto bonito e simples. Tinha uma cama de solteiro, um armário
de roupas grande e uma cadeira azul confortável encostada no canto;
outra relíquia das nossas vidas passadas.A janela tinha vista para o jardim
traseiro. Definitivamente eu faria desse quarto o meu quarto para a vida
toda.

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- É ótimo. Obrigado - eu disse, voltando-me para olhar para ele. Era
bastante desconfortável, ele não sabia porque eu estava lá. Eu não dizia, e
ele não perguntava.

Ele colocou as malas na cadeira.

- Você quer dormir um pouco? Provavelmente precisa. Eu tenho


algumas coisas parafazer esta tarde. Vá dormir e quando você acordar,
jantaremos e conversaremos -ele disse.

Sim, aí está, “conversaremos”. Eu acho que eu sabia o que estava


por vir. Mas teria algumas horas para pensar em algo para dizer. Olhei
para o relógio na mesa de cabeceira. Era cerca de 3:30 da tarde. Na
verdade dormir um pouco parecia uma boaidéia, especialmente quando
eu olhei de volta para a cama.

- Bem, isso soa como um plano - eu disse.

Eu olhei para ele e, em seguida, caminhei até onde ele estava de pé


na porta. Parei em frente à ele e deixei minha cabeça cair em seu peito.
Ele passou os seus braços em volta de mim e eu disse: Obrigada.

-Ei, não há problema - ele disse em voz baixa. Senti seus lábios
pressionadoscontra o topo da minha cabeça e então, depois ele se
afastou.

Sentei-me na beira da cama e tirei meus sapatos, e então me joguei


de costas sobre os lençóis suaves da cama. Eles eram tão macios, mas
minhapele estava pegajosa e úmida e eu precisava de um banho mais do
que tudo primeiro. Eu gemi e me sentei de novo, olhando em volta
procurando minha bagagem.

A bolsaestava em cima da cadeira, e então o zíper se abriu sozinho e


o que eu precisava veio flutuando pelo ar, até mim. Comsurpresa, me dei
conta que eu estava fazendo aquilo de novo e então deixei cair no chão
com umbaque.

- Lila? Você está bem? - Jack gritou em baixo.

-Sim, estou bem, só a minha bagagem que caiu - eu gritei em


resposta.

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Me ajoelhei no chão, respirando de forma audível. Eu tinha que
manter esta “coisa” sob controle. Não mais iria usar minha habilidade
mais. Essa era a regra. E ela teria que ser cumprida se eu quisesse evitar
mais incidentes envolvendo globos oculares. Ou coisas piores. Tinha que
me concentrar. Eu conseguia controlar muito bem na escola e quando eu
estava com outras pessoas. Era só quando eu estava cansada que ficava
difícil de controlar. Quando estava cansada e quando tinha uma faca
contra a minha garganta.

Eu fucei a minha bagagem, tateando em busca de minhas coisas de


banho e de uma roupa limpa. Me sentia estranha. Eu estava usando os
meus músculos, o meu corpo para pegar algo, e não tinha usado meus
músculos para pegar as coisas quando estava sozinha por muito tempo. É,
eu teria que me acostumar com isso.

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Capítulo 3
M esentei na ponta da cama, me sentindo estranha por causa da

mudança do fuso horário, mas ao mesmo tempo com o corpo elétrico,


como se um fio de alta tensão tivesse sido conectado à mim enquanto eu
dormia. Ele havia sido conectado por vozes no andar de baixo; uma das
vozes era de Jack, eu podia ouvi-lo rindo e brincando. A outra voz era mais
suave, profunda, e eu poderia reconhecê-la em qualquer lugar, até
mesmo durante o sono. Havia atravessado o meu sono e grudado na
minha consciência. Alex.

O quarto estava escuro, e era noite lá fora. Eu me virei para olhar


para o relógio. Eram 7:30, mas era como se eu tivesse dormido por dez
minutos. A mudança de horário estava mexendo com o meu corpo, mas
nem a metade do que a voz de Alex mexia. Meu coração estava disparado,
eu podia sentir meu rosto começando a queimar. Olhei para o interruptor
de luz e concentrei ele em meus olhos, a luz piscou, então acendeu
imediatamente. Levantei-me, franzindo a testa para mim mesma e
apertando o botão com a mão.

Uma parte de mim, uma grande parte de mim queria correr para
fora do quarto e descer as escadas naquele segundo. A necessidade de vê-
lo, de repente, era avassaladora. Era como se eu tivesse ficado presa no
oceano durante os últimos três anos, sobrevivendo de uma respiração
profunda, e agora pudesse ver a superfície, ou um tanque de oxigênio, a
poucos metros de distância.

Mas o cabelo emaranhado e uma camisa amarrotada não me davam


uma boa aparência e a vaidade tomou conta de mim. Alguns minutos não
me fariam mal, enquanto que Alex olhar para mim e sentir enjôo,
certamente me mataria.

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Mas o que eu devo vestir, no entanto? Eu não estava pensando em
todos os detalhes quando eu fiz minhas malas e, conseqüentemente,
acabei levando uma variedadede roupas aleatórias. Embora pareça ter
trazido o que era necessário. Peguei um vestido de seda azul. Eu nem
tinha certeza de onde eu poderia usar aquilomas, hey, nunca se sabe!
Havia também uma camisa da escola, a qual eu joguei no cesto de roupa
suja. Eu não precisava do lembrete de onde deveria estar agora. No final,
optei por colocar um jeans, e troquei a camiseta que estava usando por
uma blusinha roxa.

Eu me virei para olhar no espelho sobre a cômoda. Meu cabelo


estava armado, tinha ido para a cama com ele molhado e agora estava
fazendo um boa imitação de uma loira do tipo Alice Cooper. Tentei
melhorar, passando o pente algumas vezes para desfazer os nós. Me
aproximei mais do espelho. Eu não costumo me preocupar com
maquiagem, mas hoje realmente era necessário para dar uma boa
impressão. Um pouco de rímel, talvez um pouco de gloss. Eu não
precisava de blush, isso era certo. Lancei os olhos em torno do quarto,
procurando minha bolsa de maquiagem. Não estava em lugar nenhum.
Deixei escapar um gemido. Que ótimo. Simplesmente ótimo. O único dia
eu precisava estar surpreendente, parecer mais velha, a minha bolsa de
maquiagem estava cinco mil quilômetros de distância.

Apreciei o meu reflexo de novo e senti uma espécie de pânico.


Ontem parecia quase morta, agora parecia muito, muito viva. Eu escovei
meu cabelo atrás das orelhas e mordi meus lábios para eles ficarem mais
vermelhos, esperando com isso manter a atenção longe das minhas
bochechas vermelhas. Tomei uma respiração profunda, e depois outra. Eu
podia fazer isso.

Cheguei ao topo da escada e agarrei o corrimão com todas as


minhas forças. Como era possível eu conseguir fazer objetos inanimados
realizarem minhas ordens, apenas com a força da mente e agora não
conseguia fazer minhas próprias pernas obedecerem? Dei o primeiro
passo e a voz na cozinha parou no meio da frase. Eu me senti como uma
atriz prestes à entrar no palco em frente ao mundo, sem saber as palavras
ou mesmo ter lido o roteiro.

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Eu podia ouvir o som de cadeiras se afastando da mesa, então eu
aumentei meu ritmo querendo chegar ao final da escada antes que eles
estivessem lá. Comecei a descer os degraus de dois em dois. Eu podia ver
o topo da cabeça de Alex e comecei a respirar rápido, sentindo minha
frequência cardíaca alcançar o pico máximo. Pisei em falso no degrau
seguinte e quando vi, estava caindo para a frente. Na fração de segundo
antes de bater contra a parede à frente, eu só consegui pensar que essa
não era a maneira que eu tinha fantasiado na minha cabeça a cada hora
de cada dia dos três últimos anos.

Meus olhos se fecharam involuntariamente para evitar a colisão e


me preparar para o baque. Bati em alguma coisa boa e macia, que não era
uma parede. Abri um olho lentamente, dando uma olhada. Alex estava me
segurando pelos meus braços, onde tinha me pegado. Eu tinha acabado
de bater no seu peito. Minhas mãos estavam estendidas contra ele. Ele
balançou para trás em seus calcanhares, sem me soltar. Eu sabia que
deveria tirar as minhas mãos, mas, como as minhaspernas antes, elas não
obedeciam.

Ali estava ele, literalmente, na palma das minhas mãos. Eu tinha


sonhado por um longo tempocom isso, embora nos meus sonhos havia
bem menos roupas. Eu podia sentir os músculos de seu peito e sim, eles
estavam à altura da minha fantasia. Minha cabeça apenas alcançava a
altura de seus ombros. Eu só queria colocá-la lá e não sair mais de perto,
mas Jack estava entrando em minha visão periférica e não queria que ele
visse o olhar atordoado de prazer que certamente estava estampado no
meu rosto. Eu me endireitei, afastando-me abruptamente. Alex me soltou.
Eu respirei. Ele estava ainda mais bonito do que eu me lembrava. Seu
rosto bronzeado e olhos azuis como o gelo fizeram meu estômago girar
violentamente e agarreio fim do corrimão com uma mão para me impedir
de cair novamente. Isso seria ruim.

-Lila. Que bom te ver.

Alex riu.

Eu sorri de volta com pesar.

-Olá para você também - eu disse incompreensivelmente, enquanto


o poder de um discurso coerente me abandonava momentaneamente.

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- Vou receber um abraço adequado agora?- Ele disse, e abriu os
braços.

Me lancei em seus braços. Parecia familiar, acolhedor e, de fato, de


forma inesperada, doloroso demais. Não fisicamente, mas sua
proximidade, seu cheiro, aquela sensação familiar, trouxe muitas
lembranças de antes; era como se alguém tivesse ligado uma TV apenas
na minha cabeça desde o silêncio até ao volume total.

- Faz muito tempo ... você está muito bem.- Alex disse quando
entramos na cozinha.

Ele puxou uma cadeira para mim e eu me sentei enquanto ele se


inclinava contra o balcão da cozinha. Jack virou-se para o fogão onde algo
cozinhava.

-Então, qual é o problema? - Alex disse -Para fugir para o sul da


Califórnia? Londres não era suficientemente agitada para uma
adolescente, então você tem que conferir o grau de entretenimento de
uma cidade militar?

Talvez Jack tinha pedido para que ele fizesse essa pergunta. Embora
eu duvidava. Alex nunca faria nada que realmente não quisesse fazer.

Mais ou menos - eu murmurei.

Eu não queria responder a quaisquer perguntas neste momento. Eu


só queria aproveitar o momento. Tentei não dar importância ao fato de
ele ter dito adolescente. Eu estava com as duas pessoas que mais amava
no mundo. Eu me senti completa. E mais feliz do que eu jamais estive em
um longo tempo.

-Então, quando Sara vem? - Alex perguntou à Jack.

Bem, a alegria não durou muito tempo. Eu senti o sorriso no meu


rosto derreter, minha caixa torácica começando a rachar. Quem era Sara?

- Ela está trabalhando. Ela disse que viria nos ver amanhã - disse
Jack sobre seu ombro.

-É uma pena. Ela está muito ansiosa para conhecê-la, Lila. Você vai
amar ela - disse Alex.

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Agora era o limite. Meu coração derrapou até parar. Alex tinha uma
namorada e tinha usado seu nome ea palavra "amor" na mesma frase.

- A mulher que domou Jack - continuou Alex -Eu tenho que


reconhecer, ela conseguiu algo que nenhuma outra mulher foi capaz de
conseguir.

Eu balancei minha cabeça e senti meu coração começar a bater


novamente.

- Não estou entendendo. O que você está dizendo? - Virei-me para


Jack -Você... você tem namorada?

Jack, no meu conhecimento, era um candidato à namorado quase


tão provável como eu receber um prêmio porfreqüência na escola este
ano. Aventuras, flertes, traquinagens de uma noite eram comuns, mas
Jack normalmente corria gritando antes da palavracompromisso ser dita.
Ou talvez não. Talvez nos últimos três anos tivesse mudado.

- Sim, irmã, eu tenho uma namorada - ele disse.

Meu queixo caiu. Me levantei e saltei sobre o balcão ao lado do


fogão, para que eu pudesse olhar diretamente para Jack.

-Eu quero detalhes.

- O nome dela é Sara. Passe a mostarda.

Ele virou-se, segurando uma frigideira escaldante em direção a


mesa.

- Sara de quê? Eu não sei onde você guarda a mostarda. Não mude
de assunto.

Alex mudou-se para o meu lado do fogão e se aproximou para abrir


o armário atrás da minha cabeça. Eu tiveque me curvar um pouco para
que ele pudesse abrir. Enquanto me inclinava para um lado, encostei em
seu braço estendido. Meus pensamentos se desviaram de repente,
enquanto o meu coração disparou. O gabinete bateu atrás de mim e Alex
virou-se para dar a mostarda para Jack. No segundo em que sua cabeça
estava de perfil para mim, eu gravei cada detalhe dele em minha mente
como se eu fosse papel fotográfico e ele fosse o sol.

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Ele estava tão perto que se eu movesse a minha cara uma polegada
ou duas para a frente poderia pressionar os meus lábios contra seu
pescoço. Eu resisti à vontade de passar a mão em seu queixo, em seu
rosto.

Seu cabelo loiro escuro estava cortado em um corte estilo militar


recente, o que destacou seu bronzeado. Havia uma ruga perto de seus
olhos que eu suspeitava como o início de uma linha de rir. Senti uma
pontada de inveja que alguém estava fazendo-o rir, podendo ouvi-lo rir.
Sentir isso era totalmente patético, e eu percebi isso.

Alex virou-se para mim, como se sentisse que eu estava encarando-


o e eu desviei o meu olhar, olhando por cima do ombro para os filetes que
Jack tinha colocado na mesa. De repente, senti o calor sobre a pele nua de
minha cintura onde minha blusa tinha subido acima dos meus jeans. Então
fui tirada da bancada e colocada suavemente no chão. Inclinei a cabeça
para cima. Ele realmente havia crescido muito, era três ou quatro
centímetros mais alto do que Jack agora. Alex tirou suas mãos da minha
cintura e me deu um sorriso rápido.

- Jantar?- Ele disse, apontando para a mesa.

Ele puxou minha cadeira e eu me joguei nela. Ele virou e sentou em


outra cadeira na diagonal oposta.

Me recompus e voltei meu foco à Jack.

- Então vamos lá, começar a falar. Quem é Sara? Onde vocês se


conheceram?

Jack sentou perto de mim.

- Ela trabalha com a gente, com a nossa Unidade.

Seus olhos brilharam para Alex.

- Ela é ótima - disse Alex.

Eu não gostava de Alex se referindo à qualquer garota como


“ótima” , até mesmo a namorada do meu irmão. Um pensamento horrível
veio como um tubarão à minha mente. Não é porque Sara não era sua
namorada que isso não queria dizer que ele não tinha uma. Mas se
tivesse, Jack teria dito que ele vivia em um apartamento de solteiro?
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Eu não sabia qual a versão eu preferia que fosse verdade. Era como
brincar de roleta russa em câmera lenta.

-Mas eu pensei que as mulheres não podiam trabalhar em batalhões


da Marinha - Eu sabia disso porque eu tinha pesquisadono Google.

-Elas não podem. Ela não é umafuzileira naval. É uma


neurocientista.

Isso me parou completamente.

- Uma neurocientista? Por que precisam de uma neurocientista na


sua unidade?

Eu peguei o olhar de soslaio que Alex estava dando à Jack. Como se


ele também estivesse interessado em ver o que Jack diria. Isso foi
estranho.

-Hum, bem, é uma espécie de prática comum - disse Jack se


atrapalhando.

Comum? Que tipo de coisas estranhas o exército estava fazendo


esses dias?

Apertei os olhos para ele.

-Então você está namorando alguém que estuda o cérebro? Este é


tipo um experimento para ela ou algo assim?

-Ha, há, ha.

- Quantos anos ela tem? -Eu tinha certeza de que os neurocientistas


só saiam da faculdade depois de alguns bons anos. Jack devia estar
namorando uma mulher mais velha.

-Vinte e seis. -Ele pegou o meu olhar. Um aviso para parar ali.

Eu segurei minha resposta original.

- Há quanto tempo você está namorando? Onde ela mora? - Eu


perguntei.

- Oito meses. Ela vive na base.

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- Eu pensei que você tivesse dito que sua Unidade vive fora da base?
– Aha,agora eu peguei ele.

Ele continuou em voz baixa.

-Nós vivemos fora da base. Ela não. É melhor para ela estar na base.

- Por quê?- Eu perguntei.

- Você pode passar a mostarda?- Alex interrompeu, dando à Jack


um olhar duro.

Então ele se virou para mim.

-Então, vamos falar sobre coisas da vida ...

Eu olhei para ele agora. Eu sempre percebia quando estes dois


estavamagindo de maneira suspeita. Exatamente como na vez em que
tinha entrado no quarto de Jack e encontrei os dois agindo exatamente da
mesma maneira. Tentando me distrair. Eles haviam tentado esconder uma
cópia da Playboy.

As palavras de Alex ainda pairavam no ar. Ambos estavam olhando


para mim com perguntas, na verdade, uma pergunta única em seus olhos.
Era um ataque duplo. Eu cortei um pedaço de carne para tentar ganhar
algum tempo. A faca tinha uma borda irregular. Eu coloquei de volta no
meu prato e olhei. De repente, eu não tinha vontade de comer.

-Lila, você vai nos dizer por que está aqui?

Olhei para Jack e as palavras não saiam. Eu não sabia como dizer a
ele. O segredo. Escondido dentro de mim por tanto tempo que agora
simplesmente não conseguia dizer. Eu não sabia como encontrar palavras
para descrever. E eu estava com síndrome de abstinência. Não havia como
dizer. Eu poderia inventar mil desculpas mas a verdade era que eu não
podia suportar a idéia de Alex olhar para mim como umaaberração. Já era
ruim o suficiente ele olhar para mim como “a irmã de Jack”.

Eu respirei.

- Está chegando o fim da escola. Apenas por um capricho, eu pensei


que seria uma bom momento para vir e conhecer as universidades.

- Universidades?- Jack estava franzindo a testa.


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-Sim, sabe o que é né, os lugares que você vai para ter um ensino
superior? Ou, em alternativa, os lugares que você deixa quando você
decide se inscrever em milícias.

- Muito engraçado. Você está pegando fogo hoje à noite, Lila. Por
que você está olhando universidades aqui?

Ele não parecia feliz. Olhei para Alex, que tinha parado de comer e
agora observava cuidadosamente. Eu não poderia dizer o que ele estava
pensando. Droga, ele poderia ser tão reservado, às vezes.

- Eu pensei que a faculdade seria melhor aqui. A Universidade de San


Diego tem uma boa reputação. Ou é a USC (Universidade do Sul da
Califórnia) ...-Eu terminei fracamente.

-Lila ... não tenho certeza de que a Califórnia é uma boa idéia.

- ... mas ... eu não posso ficar na Inglaterra.

- Olha, não é que eu não quero você aqui. É que ... - Ele procurou
encontrar as palavras. -Há lugares mais seguros.

Sim, seguro como o sul de Londres, pensei. Ocorreu-me então de


dizer que eu fui assaltada, só essa parte. Talvez então ele veria a lógica de
que seu argumento era gravemente falho. Mas isso só iria abrir caminho
para um enorme interrogatório. E, de qualquer forma, não havia lógica em
seu argumento. Oceanside não era um viveiro de delinquentes. A enorme
base militar na estrada agia como uma sirene intermitente para a maioria
dos criminosos, com exceção dos realmente estúpidos. Mas então por que
ele tinha o alarme louco na casa? Talvez Oceanside era uma cidade
criminosa e eu não sabia. Mas ainda assim...

De repente, os olhos de Jack se estreitaram. Ele colocou a faca e


garfo para baixo.

- É um menino?

- O quê?De onde é que isso veio? - Minha mente se congelou com


essa virada totalmente inesperada.- Um cara? O que? Não!

Ele sabia sobre o Alex? Era tão óbvio? Estão ambos estavam me
seguindo ou monitorando a minha vida? Por anos eu estava planejando
minha fuga de volta pra cá, pensando que a faculdade seria a opção certae
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meu raciocínio não tinha nada a ver com a diversidade de opções de
estudo e tudo a ver com um cara. Embora ele não era tecnicamente um
menino mais.

- Então, por que a súbita pressa? Isso não poderia ter esperado? Você
não vai universidade antes de mais de 1 ano.

Sim, ele me pegou com isso.

-Você partiu no meio da noite. Nem sequer me ligou. Apenas enviou


um e-mail. O que você estava planejando fazer se eu não tivesse recebido?

-Hum, pegar um ônibus?

-Lila!

Jack estava com raiva agora. -Você não pode simplesmente


atravessar todo o mundo sem pelo menos avisar alguém.

- Enviei um email - eu disse -e deixei um bilhete para Maria.

- Esqueça esse email, deixar uma nota para a empregada também


não conta. Você sabia ela ligaria para nosso pai e ele me ligaria. Ele não
estava ... bem, vamos apenas dizer que ele não estava muito feliz.

Jack parou.

Eu sabia que ele não falava com o papai há muito tempo e só


poderia imaginar a tensão entre eles zumbindo como interferência.

-Eu disse que ia ser bom para você ... mas você tem que ligar amanhã
para ele na primeira hora.

- Jack, nós temos que falar sobre isso agora?

A noite está indo ladeira abaixo rapidamente. Alex estava olhando


sério e eu estava me sentindo doente. Eu sabia que eu teria que falar com
o papai em algum momento, mas não agora, nem na primeira hora. Com
Jack e Alex, não havia saída nenhuma fácil. E estava claro que ambos
foram treinados em práticas de interrogatório. Provavelmente foram os
melhores da turma.

-Lila, e se eu não estivesse aqui? O que você faria então?

Olhei para Alex. Sua expressão não mudou, ainda era indecifrável.
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Parecia que ele estava prestes a pular em meu socorro.

-Eu acho que ... não sei. Eu não sei o que faria.

Teria sido bom, eu queria gritar. Eu posso cuidar de mim mesma.


Estive cuidando de mim muito bem, na verdade, considerando todas as
coisas. Olhei meu prato. As lágrimas picando atrás dos meus olhos. Eu não
podia acreditar que tínhamos passado de uma brincadeira à repreensão
paternal em minutos, e justo meu irmão de todas as pessoas.

- Bem, talvez você deveria ter pensado em primeiro lugar.

Eu atirei-lhe um olhar nervoso. O que ele estava dizendo? Que eu


não deveriater vindo? Que ele não me quer aqui? Eu ouvi a minha faca e
garfo se chocando com meu prato e a cadeira raspando o linóleo
enquanto eu me afastei da mesa. Eu não queria continuar ali para,
novamente, ser interrogada. Eu precisava de ar. Eu estava cambaleando
em direção a porta de trás, abri com um empurrão e sai, deixando a porta
bater atrás de mim. Eu podia ouvir Alex dizer algo a Jack e o som de uma
cadeira mover-se.

Eu tentei me acalmar antes que um deles saísse atrás de mim. Olhei


ao redor. Estava no deck traseiro. Eu me inclinei contra a alta soleira,
observando as silhuetas de duas palmeiras acenando contra o céu cor de
malva. A porta abriu-se suavemente atrás de mim, mas eu não ouvi
ninguém se movendo. Virei a cabeça ligeiramente para olhar. Era Alex. Ele
estava de pé apenas trinta centímetros atrás de mim.

-Lila.- Ele falou em voz baixa, quase um sussurro. - Você está bem?

-Sim, estou bem - eu disse.

Ele colocou a mão no meu ombro e fechei os olhos enquanto meu


corpo por dentro soltava um suspiro.

- Hey- disse ele, voltando-se suavemente, a fim de olhar para mim.


Seus olhos brilhavam tão azuis, mesmo no escuro. Sua mão caiu do meu
ombro e eu senti meu corpo tenso novamente. É só porque ele quer cuidar
de você - disse ele.

- Ele não me quer aqui - Eu olhei para ele para me tranquilizar, mas
nem assim vinha o consolo.

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- Não é isso, Lila. Ele está apenas preocupado com você. Você veio
do nada, com uma desculpa esfarrapada sobre a faculdade.

- Não era uma desculpa ...

Mas mesmo aos meus próprios ouvidos, soava pouco convincente.

Alex inclinou a cabeça para um lado e me deu um meio sorriso.

-Lila, há quanto tempo eu conheço você? Você não acha que eu vejo
através de você em segundos?

Eu esperava que não fosse tão óbvia ou estaria em apuros.

- Olha - disse ele -não há necessidade de falar sobre isso, se você


não quiser. Você está aqui com a gente e você pode ficar o tempo que você
precisa. Vou segurarJack por agora, mas você deve falar com ele uma
hora, ele é seu irmão.

O tempo que você precisa, disse ele. Hmmm, eu não acho que ele
percebia que poderia significar para sempre.

Alex estava certo, no entanto, eu tinha que falar com Jack. Ele tinha
que perceber que eu não era mais uma criança. E se eu decidir ir para uma
universidade aqui, eu realmente irei e ele não pode fazer nada. Até
voltaria para mais um ano de escola em Londres, se eu tivesse que ir, mas
retornaria aqui no mesmo dia que meu último exame terminasse. A coisa
era que eu queria que os dois me quisessem também aqui, caso contrário,
poderia muito bem ficar em Londres.

Eu ouvi a porta abrir novamente quando Jack veio se juntar a nós.


Ele moveu-se rapidamente passando por Alex, dando-lhe um tapinha nas
costas ligeiramente quando ele passou, como se ele estivesse dizendo,
obrigado, eu vou tomar as rédeas a partir daqui. Alex pegou a dica, se
virou e voltou para a cozinha. Eu tinha um enorme desejo de segui-lo, mas
Jack veio até mim. Debrucei-me contra o seu ombro e suspirei quando o
seu braço passou ao redor de mim.

- Sinto muito, irmã. Só que só recebi seu e-mail e eu estava


preocupado. Isso é tudo. Parecia que algo graveaconteceu para fazer você
vir... bem. É como praticamente fugir.

- Eu não estava fugindo. Estava com pressa, e há uma diferença.


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-Ainda assim é fugir, Lila.

-Nada aconteceu, Jack. Você não tem que se preocupar comigo.

- É claro que eu me preocupo com você. Eu me preocupo com você


todos os dias. Você é minha irmã.

-Não sou mais criança, Jack.

- Você sempre será minha irmãzinha.

Eu sabia que não podia discutir com isso.

- Estou muito feliz por você estar aqui, Lila. -Ele beijou um lado da
minha cabeça. -Eu senti sua falta. Você pode ficar o tempo que quiser,
uma semana, duas semanas, o que for. Vamos conversar sobre isso
amanhã.

Uma ou duas semanas? Meu coração ardia com o pensamento. Isso


não seria o suficiente.

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Capítulo 4
E ramapenas duas da manhã e eu estava sentada ereta na cama,
apertando os lençóis com os punhos. Meu coração batia forte, como se eu
tivesse acabado de fazer uma corrida em um campo aberto, eu podia
ouvir a corrente sanguínea desangue em meus ouvidos. Levei um tempo
para me concentrar em meu redor,deixando meus olhos se acostumarem
à escuridão.Minha freqüência cardíaca diminuiu quando eu reconheci
onde estava ea adrenalina começou a desacelerar. Eu levantei minhas
pernas sobre a cama e fiquei lá por um momento, olhando para a
escuridão completa.
Aqueles sonhos corriqueiros eram algo que eu já estava
acostumada. Depois que minha mãe morreu, eu tive o mesmo pesadelo
durante meses, minha mãe correndo empânico por nossa casa, com o
vestido manchado de vermelho. Nesses sonhos, euestava sempre atrás
dela, olhando-a afastar móveis do caminho, antes de tropeçar no degrau
mais alto da escada. Em seguida, ela olha para trás em direção a mim por
cima do ombro e começa a gritar e gritar na minha cara até que seus
gritos me acordam do sonho.
Mas hoje tive um pesadelo pior. O pesadelo habitual estava de
volta, mas parecia que desta vez estava em alta definição. Eu podia sentir
o cheiro de seu sangue. Era como ferrugem e cerejas já passadas. Eu podia
ver o grão de madeira em espiral na escada. De acordo com a regra, no
sonho, minha mãe tropeçava na escada, olhando para trás por cima do
ombro e gritando comigo. Mas em vez de despertar depois disso, como
sempre acontecia, o pesadelo mudou. Assim, eu não estava mais em
frente a ela, estava em cima dela, assistindo ela morrer. Euvestia
meuuniforme escolar com meias rasgadas e um rosto pálido, com os olhos
bem abertos, segurando a mesma faca que quase cegou o olho do ladrão
em Londres. O sangue corria ao longo da ponta serrilhada da faca e senti
ele escorrendo quente e pegajoso na minha mão. Então eu acordei.
Corri meus dedos pelo meu cabelo, soltando do prendedor que já
estava frouxo. Eu tinha que pegar um pouco de água. Eu tinha que apagar
a imagem na minha cabeça, e também parar de ficar obcecada sobre o
que quase havia feito ou não para aquele garoto de Londres.
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Eu andei na ponta dos pés pelo corredor. A luz do quarto de Jack
estava apagada. Eu não queriaacordá-lo, sabia que tinha de se levantar
cedo para ir trabalhar amanhã, então eu caminhei suavemente até as
escadas o mais silenciosamente que pude, o que não foi tão
silenciosamente já que as escadas rangiam o suficiente. Parei no meio do
caminho para ouvir ... nenhum som do seu quarto. Claramente enganar
um agente das Forças Especiais não era tão impossível.
Meus pés descalços alcançaram o chão de linóleo na cozinha, eu fui
em direção à geladeira e fiquei lá por cerca de cinco minutos olhando para
a foto da minha mãe rindo, tentando esquecer a imagem dela no meu
sonho. Talvez por isso Jack deixava a foto lá, em um esforço para apagar
as outras imagens, muito piores do que a imaginação poderia
produzir. Finalmente, eu abri a porta da geladeira e deixei o ar
condensado e frio para passar por cima de mim, apreciando a pele
arrepiada e picante de friona minha pele.
-Não está com fome, certo?
Deixei escapar um grito e então eu cobri minha boca com a mão
para me calar.
- Mas que? Você me assustou - eu disse em voz baixa, me apoiando
na porta do refrigerador, enquanto o meu coração se acalmava. Eu não
podia ter muito mais desses picos de adrenalina.
Alex estava à poucos centímetros de pé atrás de mim. Ele tinha
aparecido de sabe Deus de onde. Eu me virei lentamente, olhando para
ele, e cambaleando em direção à mesa.
- Desculpe - disse ele, olhando para mim com preocupação
enquanto acendia a luz do teto.
- Tudo bem- eu murmurei, piscando na luz repentina. –
Simplesmente não esperava vê-lo, isso é tudo. Eu pensei que você havia
voltado para a sua casa.
- Sim, nós, um ... - Ele hesitou e olhou para cima. -Tivemos um
pequenoproblema no trabalho, Jack tinha que ir e se encarregar disso,
então eu vim para dormir no sofá, caso você acordasse e não soubesse
para onde ele tinha ido.
Eu sorri e balancei a cabeça para ele.
- Normalmente um bilhete funciona muito bem.
Ele estava usando o mesmo jeans de antes, mas ele havia trocado a
camisa e estava vestindo apenas uma camiseta branca. Era fisicamente
doloroso para os meus olhos verem aquelesombros e braços. A mesma
tatuagem em tinta preta que eu tinha visto em Jack cobria a curva de seu
braço e eu queria pressionar os dedos contra ela e tocá-la com a minha
mão.
Quando eu consegui forçar a minha mente à voltar para a realidade,
eu percebi que ele estava olhando para baixo e seu rosto estava com uma
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expressão de interrogação. Com um sobressalto, lembrei-me que eu tinha
apenas vestido uma camiseta que mal chegava até a metade de minhas
coxas, apenas cobrindo o hematoma que eu tinha ganhado no dia do
incidente da faca. Mas não era para as minhas pernas nuas que ele estava
olhando, ou para a contusão.
- Ei, eu reconheço essa camisa!
Oh Deus. Dentro da minha cabeça eu me curvei, encolhendo os
ombros. Eu podia sentir oaumento de calor no meu rosto quando,
coincidentemente, com toda a indiferença que eu era capaz de juntar
dentro de mim, empurrei para a frente a camisa do meu corpo como se eu
também me perguntasse porque eu estava usando aquilo. Não que eu não
saiba de verdade. Como se eu não percebesse que apenas algumas horas
atrás eu vesti essa camisa e assimcomo eu fiz quase todas as noites. Sem
pensar, ou pelo menos não imaginei de jeito nenhum que a pessoa que
era o legítimo dono da própria camisa cruzaria comigo no meio da noite.
Eu tentei olhar inocentemente.
- O quê? Esta?
Ele estava franzindo a testa para o logotipo do Estado de
Washington que quasedesapareceu no meu peito. Gostaria que tivesse
desaparecido completamente.
-Sim, isso foi meu, eu tenho certeza disso.
-Ah, é mesmo? -Minha voz já tinha subido uma oitava. Eu baixei o
tom novamente – Pensei que era alguma antiga de Jack. Eu encontrei lá
fora um dia e de alguma forma eu adotei.
Arrisquei uma olhada para ele.
Alex olhou intrigado.
-É bom para dormir.
- Sim, eu posso ver isso.
Ele sorriu agora.
Eu me apressei. Precisava mudar de assunto antes que morresse.
-Então, você quer um pouco de chá?
- Sim, está bem, obrigado.
Eu enchi a chaleira, sentindo seus olhos ardendo em minhas costas.
- Foi realmente assim tão mau?
Virei-me, franzindo a testa.
- O que quer dizer?
- Londres. Viver lá com seu pai. Eu posso ver que você não é feliz. Eu
percebi em seus e-mails também. Diga-me o que está acontecendo.
A chaleira quase caiu fora das minhas mãos.
- Nada. Eu só não me sinto em casa, sabe?
Alex não disse nada, mas não tirava os olhos de cima de mim de
maneira nenhuma.

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Como explicar isso? Dizer a ele que eu estava tão infeliz porque vivia
longe dele não era uma opção a menos que eu não quisesse vê-lo na frente
nunca mais.

Urgh. Isso era tão difícil. Especialmente porque ele focou em mim
com tanta força que era como se ele estivesse tentando ver através de
mim. Era difícil manter uma linha de pensamento em ordem. Eu olhei para
o chão.
-Em Washington, eu sempre me senti parte de tudo. No meio de
uma família. Eu tive você e Jack. - Arrisquei olhar para ele. Ele sorriu
brevemente e depois permaneceu em um meio sorriso. - Em Londres não
conhecia ninguém que não fosse o meu pai e ele não estava muito perto
na maioria das vezes.
Eu não conseguia falar por um longo tempo, eu me sentia tão
entorpecida. Minha voz se quebrou. – Quando tudo aconteceu, eu só ... Eu
me senti tão estranha, tão diferente de todos os outros, como se não me
encaixasse. - Fiz uma pausa.
Haviam tantas coisas que não eu poderia dizer. Por exemplo,
quando eu disse a ele que me sentia diferente de todos, eu não estava
falando sobre ter um sotaque americano e uma mãe morta; eu estava
falando sobre ser capaz de, de repente e inexplicavelmente, mover coisas
apenas ao olhar para elas. Acho que isso me classifica com louvor na
categoria "diferente". Aliás, eu me colocaria até acima disso.
Houve um silêncio constrangedor. Eu me virei, liguei o fogão e
percorri a cozinha, procurando os saquinhos de chá na parte superior do
gabinete.
-Há tantas coisas que eu não sei sobre você.
Mordi o lábio. Ele não tinha idéia de quanto.
- Mas que?
Virei a cabeça para ver o que Alex estava xingando. Ele olhava para
a minha perna direita e fazia uma careta. Eu tentei com a minha mão livre
puxar a camisa para baixo para cobrir o machucado preto feio que se
espalhava ao longo de minha coxa.
Alex se inclinou, seus dedos vagaram sobre a minha mão quando ele
empurrou ela para o lado. Ele começou a desenhar a linha da contusão no
meu joelho, como um médico examinando um paciente. Foi rápido e
metódico sobre isso, e eu me perguntavase isso eraparte de algum
procedimento da Marinha para o qual foram treinados sempre que eles
vissem ferimentos. Se era assim eu tinha que me machucar com mais
freqüência. Eu respirava acelerado, não porque sentisse dor, mas porque
o toque dos seus dedos causavam descargas elétricas na minha pele.
Ele tirou a mão.
- Eu sinto muito.
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Na verdade, era eu que deveria estar lamentando. Eu poderia ter
ficado lá a noite toda e um pouco mais. Eu puxei a camisa para baixo e me
virei para que Alexnão pudesse ver a contusão, com vergonha de olhar na
cara dele e ele ver nos meus olhos as mentiras que eu estava prestes a
contar.
Mas Alex apenas caminhou silenciosamente até a geladeira, abriu-a
e tirou algo da bandeja do congelador. Então ele se virou, pegando uma
toalha. Ele envolveu o bloco de gelo na toalha e voltou, e então, com a
mão no meu ombro me sentou em uma cadeira. Ajoelhou-se e apertou a
toalha contra a minha perna. Eu gemia pelo frio repentino, mas ele me
ignorou, pegando a minha mão e colocando-ana toalha para que eu
segurasse.
Ele olhou para mim.
- O que aconteceu com você?
-Não é grande coisa - respondi.
Ele levantou-se lentamente.
-Então por que você não me contou? - Uma pequenalinha franzida
apareceu entre os olhos. O que aconteceu? Será que isso tem algo a ver
com o motivo pelo qual você está aqui?
Então eu percebi que eu não conseguiria sair com as minhas
nisso. Ele me conheciamuito bem para saber quando eu estava
mentindo. E talvez uma parte de mim, a parte enfraquecida pelo toque de
seus dedos em minha perna, queria contar a verdade.
-Ok, eu vou dizer sobre isso ... mas você tem que prometer que não
vai dizer uma palavra aJack ou então eu não direi nada disso.
- Eu não gosto de guardar segredos de Jack.
- O quê? Vocês são casados ... ou algo assim? Prometa, ou eu não
vou dizer –Como ele não disse nada, então eu fiz a tentativa de sair
da cadeira.
Levou metade de um passo em frente para ele vir me impedir.
-Ok, ok, eu não vou contar.
-Bem. - Fiz uma pausa-. Fui atacada. Dois meninos em bicicletas. Eles
colidiram contra mim. Não é importante.
Ele olhou para mim, seus olhos se estreitando.
- Então por que você não nos contou? - Ele perguntou em voz baixa.
Engoli em seco.
- Porque eu sei exatamente como Jack teria reagido. Você sabe que
ele iria querer pegar o próximo avião só para ir pegá-los. Você sabe como
ele é. – Respirei profundamente. - Olha, vocês dois não podem sair por aí
me protegendo toda a minha vida. Eu posso cuidar de mim mesma. Você
tem que fazer coisas especiais na Marinha ... você sabe, coisas
importantes, como a missão impossível de salvar o mundo. Eu não acho

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que ser babá te qualifica nessa categoria e aliás, se você for ficar de minha
babá não poderá sair por ai explodindo coisas.
Olhei para Alex e percebi que sua mandíbula estava apertada e os
lábios emuma linha dura. Não necessariamente um bom sinal. Eu tentei
de novo, e ele ainda não tinha dito nada.
-Você não tem que se preocupar comigo. Como eu disse, eu posso
cuidar de mim mesma.Eu cuidei de tudo. Eles nem levaram o iPod.
Seus olhos se arregalaram.
- O quê? Como você cuidou disso?
Minhas bochechas se encheram para cima como um baiacu e soltei
o ar ao mesmo tempo.
-Hum, eu acho que sou muito boa ninja.
Esperei pela próxima pergunta. Alex parecia absorver as
informações. Talvez ele estivesse me imaginando fazendo alguns
movimentos loucos no ar. Eu me preparei para mais uma rodada de
perguntas de disparo rápido, imaginando por que abri a boca pela
primeira vez.
Por fim, ele quebrou o silêncio.
- Não, nós não explodimos coisas.
- Não é?
- Não.
Eu estava grata pela mudança de assunto.
- O que vocês fazem então? Eu pensei que vocês eram uma unidade
especial ... unidades especiais não têm autorização para explodir coisas?
Eu não queria que ele respondesse. Eu realmente não queria saber
o que Jack e Alex fazem em um dia de trabalho. Minha única referência
para o mundo sombrio das operações especiais eu havia adquiridodepois
de 24 filmes de James Bond. A idéia de qualquer um deles realmente se
ferir me causou dor física, e uma sensação de ardor em minhas costelas
que me deixou sem fôlego, e para ser exata, há muito tempo eu tinha
criado uma versão da Disney do que era uma unidade de operações
especiais. Isto envolvia animais falando e cantando em sintonia e
velhinhas precisando de ajuda para atravessar a rua.
- Você ficaria surpresa com a nossa missão-disse Alex. Um sorriso
torceu o canto da sua boca e depois desapareceu, para ser substituído
novamente por uma linha franzindo a testa.
- Você deveria ir para a cama - disse ele de repente. - Você deve
estar exausta.
Eu suspirei. Ele estava certo. Eu podia sentir um peso de exaustãoa
me puxar para baixo. Eu queria dar um beijo de boa noite, mas ele
permaneceu onde estava, encostado ao balcão, os braços cruzados sobre
o peito, e não tive a coragem de caminhar até ele.
- Sim, deveria - Fiz uma pausa, depois acrescentei -Boa noite,Alex.
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- Eu vou estar aqui no sofá, se você precisar de alguma coisa. Durma
bem.
Virei-me para o corredor em direção à minha cama, me
perguntando como ele iria reagir se eu dissesse que tudo o que eu
precisava era ele ...

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Capítulo 5
A cordei tarde na manhã seguinte, já havia passado das 11 horas
da manhã. A luz quente do sol já entrava pela janela. Eu joguei as cobertas
e me estiquei, me sentindo acordada e deliciosamente relaxada. De
repente, a minha mão encostouem um pedaço de papel perto do meu
travesseiro. Apertei os olhos para a caligrafia familiar.

“Lila
Você disse que um bilhete era suficiente. Eu tive que sair e não
queriaacordá-la, você parecia tão tranquila. Jack já deverá estar em casa
no momento em quevocê ler este bilhete. Até logo.
Alex.”

Ele veio ao meu quarto! Fiz uma inspeção com o olhar. Os lençóis
estavam espalhados pelo chão. A minha – ou melhor, sua camiseta, subia
em um lado do meu quadril expondo um triângulo da partetrás e dando
uma boa visão da minha calcinha. Eu espero não ter sidovista chutando ou
gritando durante o sono, mas não me lembro de nenhum pesadelo. Eu li o
bilhete pela terceira vez. Ele tinha dito que eu parecia tranquila, por isso
espero que isso significasse silêncio. E paz. Ou talvez não. Eu não queria
ter um olhar angelical para ele ...queria ter um olhar sexy. E as duas coisas
juntas não eram compatíveis como adjetivos. Oh Deus, tinha que desligar
o interruptor na minha cabeça.
Eu decidi ir correr um pouco lá fora, em um esforço para reduzir o
ruído no meu cérebro. Me levantei, fiquei alguns minutos no banheiro e,
em seguida, vesti uma calça de lycra que cobria bem a minha contusão e
uma camiseta. Eu amarrei bem meus cadarços dos meus tênis de corrida e
desci as escadas, prendendo meus cabelos em um rabo de cavalo
enquanto descia.
- Jack? - Eu gritei. Minha voz ecoava pela casa.
A casa estava vazia, o silêncio extremo. Eu pensei que ele ainda
estava notrabalho, com certeza fazendo horas extras. Saí em meio aocalor

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do meio dia da Califórnia, fechando a porta atrás de mim, e tomando a
direção rumo ao oceano.
Minha mente se acalmou, enquanto que a consciência só
registravaa batida rítmica dos meus pés no concreto, o farfalhar das folhas
secas ao longo da rua e o som distante do tráfego lento. Eu continuei até a
conversa com Alex ter sido reduzida àum ruído de fundo na minha mente
e, em seguida, virei-me de volta para casa.
Conforme eu dobrava a esquina da rua, acelereia minha corrida nos
últimos cinqüenta metros, desesperada para chegar à sombra da entrada
e sair daquele sol escaldante, que pareciaperfurar minha cabeça como um
laser. Uma sombra escura chamou minha atenção em cima do muro na
entrada. Quando cheguei mais perto, vi que era uma menina, agachando-
se desconfortavelmente tentando verificara caixa de correio. Ela usava um
vestido preto e branco curto, suas pernas desnudas brilhavam como
pérolas nas sombras. O que ela estava fazendo?
Rapidamente eu olhei a rua, meus pés ainda me levando para a
frente mas meu pulso acelerado agora maispor causa dela do que por
causa da minha corrida. Tudo ao redor continuava normal, uma cena
suburbana perfeitamente comum: crianças brincando nos quintais, o
barulho de grama molhada. Era ridículo entrar em pânico. Era apenas uma
garota. Eu não podia deixar dois caras com uma faca aterrorizar meus
pensamentos para o resto da minha vida.
O bater dos meus pés no concreto chamou a atençãodela e ela
levantouo rosto, preparada e alerta como um gato com suas costas
arqueadas. Quando ela me viu, sua pose relaxou, os ombros caíram e um
sorriso lento surgiu em seu rosto. Eu me aproximei até chegar no saguão
de entrada
- Posso ajudar? - Engoli em seco, olhando para ela.
Minha primeira impressão era de alguém que parecia tersaído direto de
um desenho demangá. Desenhadacom linhas irregulares rápidas, a partir
de suas maçãs do rosto acentuadas à forma ziguezague do seu vestido. Ela
estava cambaleando em saltos de 7 centímetros que davam a impressão
de quem se equilibra sobre varas. Seu cabelo preto foi cortado em um
estilo assimétrico curto que seguia o ângulo de sua mandíbula e cobria o
rosto em ambos os lados. Ela tinha sobrancelhas pretas retas e olhos
escuros emoldurados por cílios finos. Eu me perguntava se aquela era
Sara, mas ela definitivamente não se parecia com uma neurocientista, isso
era certo, estava mais para uma super-heroína japonesa, era linda, a
ponto de não parecer real, e estava me olhando como se eu fosse um
passarinho que estava decidindo se deveria ou não atacar.
Enquanto esperava por uma resposta ou algum tipo de explicação,
ela baixou acabeça para um lado como se pudesse ouvir um som de algum
lugar atrás da casa e estreitou os olhos. Ela me olhou de cima a baixo.
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- Você mora aqui? - Ela perguntou com uma voz melodiosa.
-Sim. - Eu balancei a cabeça, limpando o suor da minha testa com as
costas da minha mão. - Posso ajudá-la?
Ela dançava descendo as escadas, saltando para mim tão rápido que
eu fui forçada a dar um passo para trás. Ela sorriu, mostrando os dentes
brancos.
-Eu acho que talvez você possa ajudar. Procuro Jack - Ela disse com
segurança.
Agora tudo fazia sentido. De todas as palavras de Jack de estar na
monogamia, e na verdade ele claramente tinha algo com essa
garota. Leopardo e seus pontos, depois de tudo.Fiquei decepcionada e
isso transpareceu através da minha voz.
- Eu sou sua irmã.
Ela parecia muito satisfeita ao ouvir, contente por eu não ser uma
rival eu suponho. Eu já conhecia a rotina e esperei. Este era o ponto onde
as meninas mudavam para o modo bajulador começando a me perguntar
qual a minha banda favorita e o meu signo do zodíaco.
-Muito prazer, irmã de Jack. Sou Suki. - ela estendeu suamão.
-Oi, sou Lila - eu disse, estendendo a mão para apertar
suareflexivamente. Eu ainda estava confusa sobre quem ela era eo que
exatamente ela vinha fazendo olhando pela caixa de correio. Isso era um
comportamento de perseguidor.
- Então, hum, deveria dizer que você veio?
Ela não respondeu, nem soltou minha mão. Seu aperto era forte, e
ela cuidadosamente olhava para mim com um olhar estranho em sua
distorcida face. Eu ia falar muito sério com Jack sobre isso. Que tipo de
lugares ele estava frequentando para andar com garotas como ela?
Então de repente ela pareceu regressar a si, balançando acabeça e
rindo com uma risadinha delicada.
-Não, não se preocupe com isso. Duvido que ele lembra de mimde
qualquer maneira.
Ela me deu outro grande sorriso e se foi ao longo da estrada,
parando uma veznovamente para me olhar por cima do ombro com uma
expressão quase infantil.
Que estranha, murmurei para mim.
Eu subi as escadas da entrada. A porta aindaestava fechada com
duas voltas, então eu sabia que Jack não estava em casa. Com um frio na
barriga, eu lembrei que eu tinha esquecido de ligar o alarme. Ainda assim,
Jack não precisava saber. Entrei, deixando meus tênis de corrida na
entrada e subi as escadas para o banheiro, onde eu abri o chuveiro apenas
com um olhar em sua direção e, em seguida, abri o box com uma segunda
olhada antes de me lembrar mais uma vez que eu tinha que parar com
essa coisa de usar o tal poder.
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Enquanto eu estava secando meu cabelo, eu ouvi o som de chaves
na porta da frente. Coloquei a toalha em torno de mim, saipara o corredor
para espreitar. Era só Jack.
- Olá - ele disse quando apareceu no corredor. Parecia cansado.
- Olá- acenei de volta.
- Porque o alarme está desligado?
Eu estremeci.
-Hum, por que eu esqueci de ligar?
- Você saiu? - Ele perguntou.
- Sim, eu fui fazer uma corrida.
Ele me fulminou com o olhar.
-Não saia sem me dizer primeiro, ok? E não se esqueça de ligar
oalarme.
Olhei para ele. Por que simplesmente não me enfia um
chiplocalizador e algemas enquanto não está aqui?
-Vou dar um passe para usar o ginásio da base, pode correr lá.
Ele se virou para ir para a cozinha e eu o observei ir, me
perguntando se algum dia ele deixaria de ser um irmão tão
superprotetor. Então voltei para o banheiro e me vesti.
Quando eu entrei na cozinha, ele cozinhava algo com um pouco de
bacon eovos.
-Então, o que aconteceu com você na noite passada? Onde você
estava? -Pergunteisentando à mesa.
-Ah, só uma coisa de trabalho. -Ele estava de costas para mim,
enquanto virava o bacon com a espátula.
- Que tipo de coisa? Por que você tem que passar a noite? Ou, eu
não posso saber? Tudo é super secreto?
- Sim, é tão super secreto que se eu te dissesse, eu teria que matá-
la. E como você é minha irmã, acho que isso pode não ser muito bom para
o nosso relacionamento.
-Ha, Há, ha. Uau, muito James Bond. - Fiz uma pausa por um
momento -Esperemos que sem mulheres seminuas.
Não queria imaginar nenhum momento envolvendo Alex e uma
Bond Girl.
-Então, quem eram os bandidos?
Eu estava explodindo de curiosidade, embora muito de mim ainda
não queria saber. Era uma apreensão de drogas? Guerra de gangues? Algo
com terroristas? traficantes? Eu tinha certeza, pela maneira com que Jack
estava tentando fugir da questão que não era uma simples contravenção.
Ele colocou a faca para o lado para me encarar percebendo que eu
não estava pronta para deixar isso pra lá.
- Ninguém com quem precise se preocupar. - Ele me deu uma olhada
e, em seguida, voltou-se para colocar os ovos nos pratos.
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- Eu não estou preocupada. Por que eu deveria me preocupar? Eles
não foram capturados na noite passada? - Eu inocentemente levantei
minha sobrancelha.
-Pegamos um. - Ele não parecia muito feliz, como se tivesseganhado
o bronze e não o ouro. Ele sempre foi tão competitivo.
Um deles, isso parecia sugerir que era um número finito. Talvez
fosse uma quadrilha então. Jack veio e sentou-se no lado oposto. Olhei
para o seu rosto e tentei novamente imaginar ele e Alex pegando
bandidos. O pensamentode Alex em um uniforme atraiu um sorriso
automático, mas então eu lembrei das armas elutas queestão envolvidas
em parar bandidos e tive que lutar para não ter um ataque de pânico
total.
- Então você teve uma conversa com Alex na noite passada?
Eu quase engasguei com os ovos. Minha mente girava tentando
pensar no que você poderia ter dito Alex. Quanto ele tinha falado?
- Er, sim, sim. Eu estava com sede, e eu desci para tomar uma
bebida. E nós conversamos. E você não precisavapedir para ele vir dormir
aqui.
-Eu não pedi, ele se ofereceu.
-Oh. - Isso me surpreendeu.
- Do que vocês falaram?
-Oh, você sabe, sobre nada realmente. -Eu enchi minha boca de
comida para que eu não pudesse falar. Ele ainda estava olhando para
mim. - Você sabe ... sobre a escola, Londres, esse tipo decoisas.
- Falando de coisas, você precisa ligar para o papai.
Eu fiz uma careta. Jack me ignorou e empurrou o seu prato para o
lado e saiu da cozinha. Um segundo depois ele estava de volta com o
telefone na mão. Eu peguei com força. Ele me deu um breve sorriso.
-Boa sorte.
Eu disquei o número que ele me deu. O código de área era 39. Itália,
pensei. Papai ainda estava viajando, então. Algumas coisas nunca
mudam. Eu fiz as contas, estava perto de meia-noite na Itália. Espero que
ele esteja dormindo ou com muito sono para discutir comigo. O telefone
deu um longo bip, pausa, um sinal longo, pausa. Me perguntei quantos
tons deveria esperar antes que eu pudesse legitimamente desligar e ainda
assim poder dizer que eu tentei. Mas então houve um clique e um: Olá?
Ele não parecia sonolento, de fato, muito pelo contrário. Eu poderia
imaginar ele andando pela sala enquanto falava.
-Oi, pai. – Isso era estranho. Jack estava olhando para mim assim eu
saí andandopelo corredor. Ouvi um suspiro do outro lado da linha
telefônica.
- Então Lila, você vai me dizer por que você está na Califórnia,
quando você deveriaestar em Londres?
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Não era que eu achasse que ele não ia perguntar, mas ainda não
tinha preparado a resposta.
- Eu ... eu só precisava ver Jack, pai.
Nada.
-Eu senti falta dele.
Papai suspirou novamente.
-Eu sei. Lila. Mas você não pode simplesmente ligar?
Ele tinha um ponto.
- Sim, provavelmente, mas realmente não pensei. Eu queria ver ele.
-Lila. Você precisa voltar para casa. – e lá vai....
- Pai, eu gosto daqui. - Eu podia ouvir o pânico em minha voz. Oh,
meu Deus, haviam alguns milhares de quilômetros entre nós. Eu poderia
muito bem me impor e dizer tudo. - Eu quero ficar.
- Você está no meio do período escolar.
Afastei-me da porta aberta para as minhas palavras não ecoassem
dentro da casa.
-É hora de revisão de matérias. Bem, eu estou bem e não me faz mal
perder algumas semanas. E, na verdade. Eu estive pensando ...
-Lila, eu quero que você volte para casa.
- Pai, nem você está lá. Para que eu tenho que voltar?
Ele ficou em silêncio por um tempo. Eu podia ouvir sua respiração
estáticana linha.
-Desculpe, Lila. É só trabalho ...
-Eu entendo, pai. Não precisa se desculpar - Eu precisava que ele
entendesse que qualquer calmante ou distração que seu trabalho
oferecesse era o que estar com Jack e Alex significavam para mim. - Você
consegue entender que às vezes é difícil para mim também? Estar longe de
Jack e ficar sozinha por conta própria tanto tempo?
Ele ainda estava em silêncio.
- Pai, eu quero ficar. Eu quero ficar com Jack. - E com Alex-
. Nãoquero ir para casa.
Assim que eu disse aquelas palavras, eu percebi que estava
preparada para lutar com todas as minhas forças para que isso
acontecesse. Meu pai teria que me extraditar se queria que eu voltasse
para casa. Era a minha vida e eu estava cansada até a morte de fazer o
que os outros queriam, que decidissem onde eu ia viver e o que era
melhor para mim. É claro que havia a pequena questão de dinheiro eo
fato de que até eu fazer dezoito anos, em outubro, o que era daqui cinco
meses, eu ainda era legalmente menor, mas iria lidar com isso mais tarde.
-Lila, não estamos tendo essa conversa. Você volta para casa. Eu vou
voarde volta hoje à noite e eu vou encontrá-la quando sair do avião. Eu
quero você lá.
- Por quê? - Eu estava mais determinadado que nunca.
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Ele hesitou. Talvez porque ele estava percebendo que era a primeira
vez que eu o desafiava e que ele não poderia fazer muita coisa além de
voar para SanDiego e discutir comigo. As lembranças de minha mãe
funcionavam melhor do que uma cerca elétrica e arame farpado para
mantê-lo afastado. Ele me disse que nunca mais voltaria e embora Jack o
acusava de ser melodramático, eu acreditava nele.
-Lila, há coisas que você não entende. Razões pelas quais eu não
quero você ai.Mesmo com Jack.
-Oh, meu Deus, por favor, não me diga que você está preocupado
com a minhasegurança também? - Quase chorei. Era tão frustrante essa
compulsão que ele e Jack tinham de querer me envolver em algodão e me
tratar como uma boneca de cerâmica. Como eu estou menos segura aqui
do que vivendo em Brixton?
-Deixe-me falar com seu irmão.
- Por quê?
- Porque eu tenho que perguntar uma coisa.
Eu tomei uma respiração profunda. Conversar com Jack não era
uma boa maneira deajudar a minha campanha.
- Bem, eu vou passar.
Eu cobri o receptor e caminhei de volta para a sala onde Jack ainda
estava sentado. Sem mover as mãos sobre o teclado do seu laptop eu
poderia dizer que ele estava ouvindo.
- Ele quer falar com você - eu disse.
Jack franziu o cenho para mim, e em seguida, fechou o laptop. Ele
virou-se em sua cadeira e estendeu a mão para o telefone. Eu dei a ele,
implorando com os olhos. Não tinha muita esperança. Parecia que Jack e o
papai concordavam em apenas uma coisa:que era me mandar de volta
para casa.
Eu estava grudadaem sua cadeira, tentando ouvir o que o meu pai
estava dizendo, mas Jack parou e ficou perto da estante de livros, dando-
me avolta.
-Não, eu lhe disse que, ela ... - Ele estava agindo como uma
testemunhahostil - Ela pode ... bem. Sim, isso é bom.
Uma pausa.
-Você sabe que eu vou. Não é o fim do mundo, no entanto, você
percebe isso?Você deve perguntar você mesmo. Eu vou passar novamente
para ela, espere.
Peguei o telefone, a minha mão tremendo um pouco.
-Oi, pai.
Ele foi direto ao ponto.
- O que Jack quis dizer quando disse que não será o fim?

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-Eu te disse. Eu quero ficar. Eu não quero voltar para
Londres. Estivepensando que eu poderia me transferir aqui para terminar
a escola, e em seguida, ir para a faculdade.
- Você está brincando, certo? Você não pode ir para a escola aí!
Comecei a protestar, mas ele me interrompeu.
-Você pode ficar por duas semanas, por agora...-comecei a
interromperele também, porém ele apenas continuou falando mais alto -
... e falaremos sobre essas coisas quandovoltar.
Eu refleti um pouco. Não era grande coisa a sua oferta. Mas eu não
tinha escolha.
-Bem. Você promete que vamos conversar sobre isso, certo? Não é
apenas uma artimanha para eu voltar para casa?
-Não. Eu prometo que vamos discutir isso.
- Obrigado, papai - eu sussurrei.
Jack estava franzindo a testa, os seus olhos verdes escurecendo.
-Eu te amo.
-Eu também te amo.
Eu desliguei. E eu coloquei o telefone em sua base.
- O que ele disse? - Jack estava sentado no sofá, com os braços sobre
os joelhos, as mãos entrelaçadas.
- Ele disse que eu poderia ficar duas semanas. E vamos conversar
sobre a faculdade.
Então as palavras alcançaram efeito dentro de mim. Duas semanas
não era nada. E depois haveria mais um ano inteiro antes que eu pudesse
voltar. Se meu pai me deixasse voltar. Talvez ele só disse que ia conversar
comigo para que eu voltasse e então não me deixaria pisar nos EUA nunca
mais.
- Bem, então - disse Jack, levantando-se lentamente do sofá - Eu
acho melhor fazer alguns planos para as próximas semanas. Garantir que
você tenha um pouco de diversão.
Pensei em oferecer algumas sugestões, mas tudo envolvia cenários
com Alex, só nós dois, e eu não acho que Jack estaria interessado emouvir
essas sugestões.

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Capítulo 6
-Q uem é Suki, Jack?
- O quê?
Já haviam passado algumas horas e eu estava cortando os tomates
nobalcão da cozinha. Eu usava um avental por cima do meu vestido e
tinha recolhido meu cabelo em um rabo de cavalo para manter meus fios
longe do rosto. Jack tinha ido até seu quarto, se trocar. Quando ele voltou
para a cozinha, fiz apergunta tinha ficado gravada na minha mente desde
que ele tinha mencionado que Sara estava vindo esta noite.
-Suki. Quem é ela?
- O quê? - As sobrancelhas de Jack se ergueram em confusão.
-Deixe-me refrescar sua memória: japonesa, bonita, um pouco
estranha.
A confusão se foi no rosto de Jack, apenas para ser substituída
porum olhar que arrancou o sorriso dos meus lábios.
- Onde vocês se conheceram? - Ele exigiu bruscamente.
- Ela estava aqui antes. Quando voltei da minha corrida. Eu a peguei
olhando na caixa de correio. Ela estava te procurando.
Ele me segurou pelos ombros.
- Por que você não me disse antes? - Sua voz tinha um tom duro.
-Hum, você não estava no melhor dos humores?
-Lila, isso é importante. Que aspecto ela tinha?
-Eu acabei de dizer. Talvez você devesse tirar fotos das meninas com
quem costuma ficar, Jack, assim você disfarça o fracasso vergonhoso que é
a sua memória.
Seus dedos cravaram em meu ombro.
-Lila. Responda à pergunta. Como era ela?
-Eu lhe disse: japonesa, como uma modelo ou algo assim, e estava
vestindoroupas muito estranhaspara estar por aqui.
- Qual a altura? Alta assim?- Ele indicou uma altura de cinco
centímetros ou mais,mais baixa do que eu.
Eu tentava lembrardisso, tentando levar em conta os seus saltos
altos.
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-Sim, acho que sim.
- Seu cabelo cortado assim? - Ele estendeu a mão em um ângulo de
suaface.
Eu balancei a cabeça. Então ele a conhecia mesmo.
- Você falou com ela?
-Sim.
- O queela disse?
-Ela me perguntou se eu morava aqui, e quando soube que era sua
irmã parecia bastante aliviada. Assim eu imaginei que era alguém com
quem você tinha ... bem, você sabe.
Ele parecia não ouvir a última parte.
- Você disse a ela que era minha irmã? - Ele se afastou de mim,
tirando seu telefone do bolso traseiro.
- Quem é ela? - Eu estava muito confusa agora.
- Não é ninguém importante.
Eu levantei uma sobrancelha.
- Então, isso é algo que não deveria mencionar a Sara?
Ele fez uma pausa, prestes a discar um botão de discagem rápida, e
viroupara mim.
-Lila, não é isso que você pensa.
Senti que ele estava dizendo a verdade, então eu evitei dar meu
típicoolhar cético.
- Fique aqui - disse ele, caminhando pelo corredor.
Olhei ao redor da cozinha: o molho no fogão fervendo e a salada
estava apenas metade picada na tábua de frios. Eu não estava planejando
ir a lugar nenhum.

Cerca de dez minutos depois, Jack voltou. Ele veio até onde
euestava arrumando a mesa e colocou o braço em volta do meu ombro.
-Alex vai chegar em breve. Ele vai ficar com a gente.
Tentei agir indiferente, apesar das borboletas no meu estômago
que tinham começado a dar voltas.
-Vou colocar um outro lugar na mesa, então. Você acabou de
chamá-lo? É por causa da Suki?O que está acontecendo? - Perguntei
enquanto colocava mais um prato.
- Não é nada para se preocupar. Ela é alguém com quem nós
estamos interessados em conversar.
- Conversar? Eu vejo CSI, Jack, eu sei o que isso significa. O que ela
fez? – A curiosidade dominava minhas palavras. Afinal o que poderia ter
feito uma menina, baixinha e de saltos altos, para interessar à uma

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Unidade de fuzileiros como a de Jack? Um pensamento me ocorreu, talvez
ela fosse uma espiãafinal de contas.
-Nada. Nós só queremos falar com ela sobre qualquer informação
que puderter.
- Quais informações? - Eu era como um cão agarrado à perna de seu
dono, mas ele ainda se livrou de mim.
- Você sabe que eu não posso te dizer.
-Sim, eu sei, ou você teria que me matar. Realmente, isso já está
ficando muito usado. Teremos que pensar em uma frase melhor.
Eu pressionei meus lábios.Obviamente, não me diria nada. Agora, a
minha imaginação corria solta. Quem era ela que deixou ele tão
preocupado apenas pelo simples de que ela estar perto de casa ... e de
mim? Ela não parecia perigosa, um pouco louca, talvez, mas não mais
perigosa do que era o seu cabelo: um movimento brusco daquele corte de
cabelo angular eu provavelmente teria a cabeça cortada.
A campainha tocou e eu pulei.
Jack foi atender enquanto eu esperava na cozinha. Eu tinha uma
idéia súbita de quem poderia ser Suki, mas, naquele momento, a voz de
Alex chegou até mim a partir do corredor. Tirei o prendedor do cabelo,
puxei o avental sobre minha cabeça, arrumei meu cabelo e respirei fundo
várias vezes. Eu podia ouvi-los murmurando no corredor, então eu fui na
ponta dos pés até atrás da porta para ouvir melhor.
- ... Eu não tenho certeza, no entanto, temos de descobrir, e não
podemosdeixar ...
Alex de repente parou de falar e virou a cabeça para mim.
-Oi, Lila - ele gritou.
Saí detrás da porta, sentindo minhas bochechas queimarem.
-Olá.
Alex estava sorrindo, mas eu podia ver a tensão em seus olhos. Ele
entrou nacozinha.
Jack fez um gesto para o seu telefone.
- Vou ligar e ver onde Sara está.
Como sempre, quando eu estava diante de Alex, eu sentia que a
atmosfera mudava um pouco, e meu corpo começou a formigar. Pelo
canto do olho vi ele ir para a geladeira e abrir a porta. Ele estava de costas
para mim, olhando alguma coisa, então eu virei minha cabeça para olhar
para ele. Ele usava jeans novamente, mas esse era ainda mais escuro do
que o de ontem. Ele estava muito bem. Muito bem. E sua camisa cinza
revelava uma linhade músculos marcando os ombros. Ouch. Eu percebi
que estava mordendo o lábio inferior.
Ele se virou e eu me apressei para olhar para o outro lado, nervosa,
me queimando com água quente.
-Então, um bom dia?
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Eu me virei para encará-lo. Agora, ele sentou-se com uma Coca-Cola
na mão. Não era um grande dia, mas poderia melhorar definitivamente.
Era difícil manter a coerência quando eu olhavaele nos olhos, então
eu me virei para mexer a massa.
- Jack me fez ligar para o papai. Provavelmente te contou.
-Sim, contou.
-Eles chegaram a um acordo sobre mim. Eu posso ficar por duas
semanas.
Aventurei-me a olhar para ele para ver se poderia avaliar sua
reação. Seu rosto estava ilegível.
- Eu não terminei de lutar, Alex. Eu vou voltar. -Eu disse isso para a
massa, que já estava desmanchando na panela, de tão rápido que eu
mexia.
Alex soltou uma risada suave.
-Você nunca se deu por derrotadano que você queria.
Se ele soubesse a verdade sobre isso. Deixei a colher de pau de
lado. Observando que Jack ainda estava fora do alcance da voz, eu me
virei para Alex.
- Por que Jack ainda está tão zangado com o papai?
Ele franziu o cenho diante disso, os olhos azuis de repente
nublaram, e em seguida, deixou escapar um grande suspiro.
-Eu sei que é difícil para você ficar no meio deles. Tentei falarcom ele
sobre isso, mas você sabe como Jack é, ainda mais teimoso do que você.
Ele estava me dando um meio sorriso, então eu sorri com relutância
emresposta.
- Mas por quê?
- Isso não é algo que eu posso te dizer, Lila.
- Oh, pelo amor de Deus. - Eu mantive minha voz baixa, mas a
frustração era nítida. - Por que ninguém nunca pode dizer nada?
Alex não disse nada. No entanto, se levantou e veio em minha
direção. Por um pequeno momento em que eu pensei que ele iria colocar
os braços em volta de mim, mas ele só pegou a colher de pau que eu tinha
posto de lado e mudou-se para o fogão para virar o molho. Já havia
fervido. Eu estava esperando que ele terminasse, esperando que ele me
respondesse.
Ele desligou o gás e se virou para mim novamente.
-Lila, há um monte de coisas que não podemos contar. Eu sei que
deve serfrustrante, mas você tem que confiar em nós.
Deixei que isso me calasse só por um segundo.
-Vocês estão me pedindo para confiar em vocêso tempo todo. Mas
nenhum de vocês confia em mim.
- Agora não - disse ele.

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Eu fiz uma careta para ele, mas ele balançou a cabeça um pouco,
dando-me um olhar de advertência. Minha carranca virou para franzir
mais, mas antes que eu pudesse dizer algo,ele tinha ido.
-Ei, Sara- ele disse suavemente.
Eu me virei.
Meu primeiro pensamento foi que eu podia entender totalmente
por que meu irmão tinha se apaixonado por ela. Sara era linda, mas não
de uma forma óbvia. Ela tinha um cabelo castanho escuro com ondas
caindo abaixo dos ombrose uma pele lustrosa cor de oliva. Seus olhos
eram castanhos e grandes no rosto. Eu sorri, e gostei dela imediatamente.
-Estou muito feliz em conhecê-la- ela disse, dando um passo à frente
e vindo me dar um abraço. - Eu já ouvi muito sobre você.
- Oh, Deus! - Eu disse, olhando para Jack, que estava de pé ao lado
dela.
Ela riu, olhando para sua mão.
-Não, não, está tudo bem, confie em mim.
Eu me perguntava o que Jack tinha compartilhado com ela e olhava
para Alex. Ele voltou para a cozinha para arrumar o resto do jantar que ele
tinha abandonado.
-Eu acho que eu tenho que agradecer pela domesticação de Jack,-
eu disse.Eu realmente queria dizer "agradecer por domá-lo”.
-Ah, bem, foi um prazer.- Sara disse com um sorriso em direção a
Jack -Mas, na realidade, Jack não precisava de muita ajuda. Dei uma
pequena mão na decoração e é tudo. Ele estava seguindo uma abordagem
bastante minimalista para móveis, por assim dizer, quando eu o
conheci. Alex segue sendo assim. Você já viu a casa dele?
-Não. Ainda.
Alex não tinha dito nada e eu me perguntei o que ele estava
pensando. Poderia eu ter a oportunidade de ver o "apartamento de
solteiro minimalista" dele? A imagem na minha cabeça mudou de lençóis
de seda e teto espelhadopara um simples futon e paredes brancas. Sem
dúvida, eu preferia.
Alex colocou os pratos de massa sobre a mesa e sentou-se. Ele
puxou a cadeira à direita e ficou com a perna esticada tão perto de mim,
que a minha própria perna saltou de repente e bateu na mesa, sacudindo
os pratos e talheres. Eu olhei para baixo, horrorizada, e aperteia mão na
minha coxa para evitar que isso acontecesse novamente.
-Então, quanto tempo você vai ficar? - Sara perguntou,
quandocomeçou a comer.
Olhei para Jack. Ele não falou nada? Tinha certeza de que ele tinha
falado. Mas ele não estava prestando atenção em mim, na verdade, ele
ainda estava olhando para Sarah como um adolescente diante de um

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carro potente. Seja qual fosse o poder secreto de Sara, queriausá-lo com
Alex.
-Duas semanas- eu disse. - Por enquanto.
- Ótimo! Tempo de sobra para nos conhecermos então.
Eu não perdi o olhar que Alex lançou para Jack do outro lado da
mesa, mas eupreferi ignorar e concentrar-me em Sara. Mas era difícil
concentrar-se em qualquer outra coisa, mesmo na bela namorada de meu
irmão, com Alex tão perto. Eu podia sentir cada mudança, por mais sutil,
em seu corpo. Meus olhos pegaram o movimento de seus tendões do
antebraço endurecendo e eu sabia que ele estava pensando em alguma
coisa. Preocupado com alguma coisa.
-Então qual é o plano para o seu aniversário? - Sara disse, olhando
para Alex.
- Não há nenhum plano. - A cabeça de Alex inclinou-se sobre o
prato, mas ele mantinha o olhar fixo, olhando para Sara através de seus
cílios marrons, com um leve sorriso no rosto. Seus olhos piscavam com
algo como diversão.
- Alex, não tente evitar, vamos fazer algo para comemorar, goste ou
não.- Ela disse, rindo.
- Além disso, quando é? - Perguntou Jack.
-No sábado - eu respondi, um pouco rápido demais.
- Por que não vamos noBelushi ... os rapazes vão? Vamos mostrar
um pouco da vida noturna de Oceanside para Lila - Sara sugeriu.
- A vida noturna de um fuzileiro naval? Tenho certeza que ela vai
adorarisso - disse Jack.
-Não ... eu quero. Eu gostaria de conhecer o resto da sua unidade.
- Sim, e eu acho que eles gostariam de conhecê-la, Lila. - Sara
soltourisadinha.
O rosto de Jack se fechou. Sara riu mais e beliscou ele antes que ele
pudesse dizer qualquer coisa.
- Então está resolvido. Eu vou avisar todo mundo.
Alex ergueu as mãos num gesto de derrota.
-Eu acho que é isso. Veja como ela quer organizar a nossa vida
social, igual a nossa vida doméstica, Lila.
-Você só precisa de uma boa mulher, Alex - Sara respondeu.
Ele olhou para a mesa, e em seguida, levantou novamente, seus
olhos azuis, sério.
- Provavelmente, sim - disse ele.
Alívio corriadentro de mim. Sem namorada! Alex precisava de uma
boa mulher. Ele próprio admitiu. Eu queria saber como poderia me
encaixar em seu estereótipo de boa mulher. Não era nem uma mulher
ainda, nem muito menos boa.

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Em algum momento a conversa parou. Os pratos foram empilhados
numa pilha de um lado e as cadeiras foram afastadas da mesa. Alex estava
brincando com seu copo, conversando com Jack sobre alguém da
Unidade... seu chefe, ou assim parecia. Parecia que eles gostavam dele. Eu
estava falando com Sara sobre seu trabalho. Ela me contou que estava
fazendo doutorado em Berkeley, e foi recrutadadiretamente da faculdade
para a Unidade.
- Como você foi parar lá?- Eu perguntei - Como é que você sabia que
você queria trabalharcom uma unidade de Marine?
-Eu não queria. Nada poderia estar mais longe do que eu pensava.
-Então, o que fez você dizer sim? - Baixei a voz, esperandoobter
algumas informações mais substanciais de Sarah do que as recebidas de
Jack e Alex.
- Eu não poderia deixar de dizer sim, quando eu descobri do que era
trabalho.Era muito importante. E então eu conheci Jack. E agora eu vou
ficar até que se acabe.
- Se acabe? Acabe o quê?
Sara corou e de repente eu percebi que ela tinha falado mais do que
devia. Jack de repente se levantou.
- Café? Alguém quer café?
Sara olhou para ele.
- Sim, isso seria ótimo, obrigado - Ela olhou de volta para a mesa e,
em seguida, levantou-se, jogando o guardanapo sobre o prato.- Bem, eu
vou limpar isso.
-Não se preocupe - eu disse, descruzando as pernas e me
levantando para ir limpar os pratos sujos.
-Não, você e Alex prepararam toda a refeição. Fique onde está.
Sentei-me alisando automaticamente minha saia sobre a
minhaperna.
- Como você se sente?
Eu olhei para cima. Alex apontou para minha perna.
-Ainda dolorida. Mas melhor. Obrigado pelo gelo ontem.
-Você provavelmente não deveria ter ido fazer corrida de hoje.
Então Jack lhe dissera cada pequeno detalhe.
- Eu tinha que correr. -Eu não disse o porquê. - E eu estou bem - eu
adicioneirapidamente.
-A próxima vez que você for, me deixe ir com você, ou vá correr na
base.
Eu olhei para ele com as sobrancelhas levantadas.
-Você teria que andar para manter o meu ritmo.
-Eu acho que eu poderia lidar com isso. Você pode definir o
ritmo. Por que você não vemamanhã na base? Pode ir correr ao redor, e eu
posso mostrar-lhe o ginásio.
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Eu pesava as vantagens de ficar sozinha com ele contra as
desvantagenspara estar com ele enquanto ele me via toda suada. Minha
vaidade perdeu.
-Talvez você possa me mostrar suas habilidades ninja, enquanto
estamos correndo.
Olhei para os lados, tentando descobrir se ele estava brincando.
- Er, sim, é claro. No entanto, eu não vou te machucar.
- Eu assumo o risco- Seus olhos estavam brilhantes. Eu podia ver a
luz âmbar no interior, e fiquei surpresa de eu nunca ter notado antes.
- O café está servido.
Sara se inclinou para colocar o café e as xícaras de café sobre a
mesa.
- Na verdade, eu tenho que ir depois disso. – Ela disse enquanto
servia café em cada uma das xícaras.
- Vou com você para acompanhar e então eu pego um táxi para
voltar para casa- disse Jack para Sara. Ele olhou para Alex. - Você se
importaria de ficar com Lila?
- Claro que não - disse Alex.
Eu queria protestar e dizer que não era uma menina, que eu estava
acostumada a ficar em uma casa maior, mais vazia e solitária do que essa
quase todas as noites em Londres; que se alguém tentasse me fazer
alguma coisa, inconscientemente seria capaz de me proteger, mesmo até
não tendo a intenção de fazê-lo e que realmente, realmente mesmo, eu
queria saber por que eles estavam insistindo neste nível de proteção. Mas
eu não disse uma palavra, porque eu sabia que isso significava tempo a
sós com Alex.
Eu gostava de Sara, mas neste momento eu não podia esperar para
vê-la indo embora. Eu não tinha tocado ainda no meu café, mas estava
eufórica esperando eles saírem. Eu podia sentir meu ritmo cardíaco
acelerando quando eu me levanteipara dar-lhe um abraço de despedida.
-Vejo você em breve. - Ela apertou-me em um abraço apertado e
sussurrou em meu ouvido. - De verdade é muito bom ter te
conhecido. Você é tão bonita quanto me disseram.
Disseram... Senti-me o sorriso esticar no meu rosto. Alguém tinha
dito isso.Será que Alex havia dito?
-Voltoem meia hora - disse Jack, dirigindo-se para a porta.
-Demore o quanto quiser - E Alex tirou as palavras da minha boca.

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Capítulo 7
E les se foram e a cozinha ficou em silêncio, com exceção de Alex
lavando as canecas e o próprio som da torneira aberta. Perguntei-me
comocomeçar.
Limpei a garganta.
- Sara é encantadora.
- Sim, ela é. Jack é um cara de sorte.
De repente, encontrei-me com o pensamento de que talvez tivesse
sido uma cega. Talvez Alex também tivesse sentimentos por Sara. Não,
isso não podia ser verdade. Me obriguei a manter a calma. A adrenalina
pulava em mim, e então conclui, por que não ser direta?
- E você? Porque sem namorada?
Pronto, a pergunta estava feita. Era uma pergunta comum, eu
imaginei. No entanto, eu não conseguia olhar para eleenquanto ele
respondia, então eu fui para a porta da geladeira e comecei a mexer nos
ímãs, tentandocom um deles, cobrir uma foto minha com o meu rosto de
quatorze anos de idade.
-Oficialmente não nos permitemnamorar.
Minha mão congelou. Essa não era a resposta que eu esperava.
- O que você faz? - Eu disse virando-me para ele.
Ele riu da minha reação.
-Oficialmente não nos permitem encontros constantes com a mesma
pessoa.
- Por quê? - Eu perguntei. Então, imediatamente já acrescentei mais
uma pergunta,-e permitiram que Jack namorasse então?
-É melhor, mais fácil, se não nos apegamos às pessoas. Temos que
estar em tantos lugaressempre, é difícil deixarquando você se apega à
alguém.
Eu balancei a cabeça sem entender.
- Mas e Sara?
- Ela trabalha na base. É uma de nós e sabe os riscos. Isto
éadmissível.
Houve uma pausa enquanto eu tentava assimilar tudo aquilo.
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- E você?
Eu olhei para cima.
- Eu?
-Sim. Sem um namorado?
Ele havia feito isso de novo, desviando o assunto, sempre
conseguindo me distrair.
-Hum, não. Não, eu disse a você. Não é assim em Londres. Além
disso, vou à uma escola só para garotas.
Além disso, eu estou apaixonada por você, eu adicionei
mentalmente. Não tinha tido nenhum namorado. Houveram beijos, sim,
mas não namorados. Um menino que morava na esquina, uma vez
queperguntou se eu queria ir ao cinema e eu disse que sim, pensando que
poderia me distrair e parar de sonhar acordada com um menino que
ninguém tinha idéia de que eu gostava. Mas no final, eu ficava imaginando
o filme inteiro que eu estava com Alex e que seu braço estava próximo ao
meu. Razão pela qual quando o rapaz se inclinou para me beijar, eu fechei
os olhos e o beijei de volta. Depois eu abri meus olhos e voltei à realidade
imediatamente. Ele não era Alex. Alex beijaria muito melhor.
O segundo beijo foi ainda pior. Meu pai tinha me arrastado para
uma festa de Natal no hospital e um estudante de medicina bêbado tinha
cismado comigo. Foi uma sorte que estivéssemos cercados por médicos e
enfermeiros, já que eleprecisou de três pontos em sua sobrancelha. Não
que eu tenha jogado o copo no rosto dele de propósito. O vidro
simplesmente voou sozinho. Aquela não foi a reação que nenhum de nós
esperava.
Portanto, nunca tive um namorado.
Alex mudou o assunto. Ele estava tentando me enrolar e aquilo me
incomodou.
- Então me diga, por que Jack não fala com o meu pai? Por que o
ódio de ambos?
Alex caminhou até onde eu estava de pé na geladeira. Mudou o ímã
de onde eu tinha colocado por cima da minha foto e, em seguida, olhou
para a outra foto. Como, pelo amor de Deus, ele tinha visto eu mudar
aquele imã? Eu balancei minha cabeça com relutância para olhar para a
foto da minha mãe.
-Por causa disso, Lila- ele disse e voltou os olhos azul-acinzentados
em minha direção.
Senti minha mandíbula apertar.
- Isso é um absurdo. Meu pai não matou minha mãe, Alex.
Ele me olhou por um momento, uma linha tênue se formou entre as
sobrancelhas de seus olhos.
- Venha, vamos sentar e conversar - ele disse finalmente.

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Entramos na sala de estar, onde Alex foi até a janela e fechou
ascortinas, antes, verificando com cuidado o quintal da frente exatamente
como Jack faria. Os dois eram tãoparanóicos. Mudou-se para acender a
luz.
Sentei-me no sofá com os pés enrolados debaixo de mim,
esperandoAlex falar. Ele caminhou até a prateleira de canto e parou na
frente de um grande retrato da minha mãe. Quando eu o vi pela primeira,
eu me perguntei por um momento onde Jack tinha tirado essa foto de
mim. Ela e eu éramos tão semelhantesque chegava a ser incrível. Eu nunca
tinha notado antes, porque meu pai não guardou muitas fotos de minha
mãe em casa. Eu tinha o queixo e o nariz reto do meu pai, mas fora isso,
era óbvio que era filha da minha mãe, tinha exatamente a mesma cor de
cabelo e dos olhos, mas também, claramente, tinha seu rosto em forma
oval e as maçãs do rosto salientes. Eu sempre achei minha mãe uma
mulher bonita, e perceber que eu herdei um pouco de suas feições,
genuinamente me surpreendeu.
-Você parece tanto com ela - Alex disse, lendo meus
pensamentosnovamente.
Levantei-me do sofá e caminhei até seu lado.
- Eu realmente não tinha notado antes, mas agora eu posso notar.
Eu podia sentir o calor que irradiava do corpo de Alex. Minha altura
só chegava até o seu ombro e era tão tentador me apoiar nele.
-Jack está com raiva de seu pai por não lutar por ela. Na opinião
dele, a luta não deve parar até que as pessoas que fizeram isso, que a
mataram, sejam capturadas.
Eu fiquei sem palavras por alguns segundos e, em seguida, me
recompus, ainda gaguejando.
- Mas isso é ridículo. A polícia tentou. Ninguém foi pego. Como
poderiameu pai fazer alguma coisa?
Alex estava a centímetros de mim. Eu podia sentir sua respiraçãono
meu cabelo. Então ele virou-se e sentou no sofá, com os braços
descansados nos joelhos.
- Nada, Lila. Seu pai não podia fazer nada. Jack sabe disso, no fundo,
masaté encontrarmos as pessoas que mataram sua mãe, ele vai culpar seu
pai. É o seu bode expiatório.
Eu não disse nada enquanto absorvia a informação. Então eu
percebiuma coisa.
-Você disse que até nósencontrarmos as pessoas ... o que quis
dizer? Vocês estão procurando?
Uma onde de pânico começou a me invadir, fazendo com que
minha respiração acelerasse. Cambaleei para a frente e me ajoelhei na
frente de Alex. Lentamente ele levantou os olhos para o meu rosto.

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- Diga-me, Alex- eu implorei. - O que você quis dizer? Vocês estão
procurando eles?
Se issoera verdade, Jack não estava fazendo nada por conta
própria. Até onde eu sabia.
Ele me olhou diretamente nos olhos por alguns segundos, pesando
sua resposta. Mas eu podia vê-la antes de ele responder.
-Sim. Estamos procurando.
Minha voz tremeu.
- E já os encontraram?
Eu não tinha certeza se queria ouvir a resposta. Era como caminhar
na corda bamba podendo cair para a esquerda ou direita, o resultado final
sempre seria o mesmo. Estava paralisada.
-Sim.
Meu coração pulou na minha boca. Parecia impossível. Cinco anos
tinham se passado e todo mundo havia desistido de buscar
respostas. Parecia que só haviam três a quatro pessoas – aí incluindo Alex,
que gostariam de encontrar os assassinos de minha mãe.
- Como? Como você sabe quem fez isso?
- Temos informações - Alex respondeu com simplicidade.
- Não estou entendendo. Que informação? Onde?
- Da Unidade. Encontramos as coisas através da Unidade.
- Que coisas? O que a sua unidade tem a ver com a minha mãe ou
seu assassinato?Não estou entendendo.
-A Unidade não tem nada a ver com isso. - Alex parou de
novo,pesando as palavras com cuidado. - Jack e eu conseguimos acessar
algumas informações através da Unidade que nos ajudou a encontrá-los.
- E agora que os encontraram ... o que vão fazer? - Eu sentia como
setodo o sangue no meu corpo tivesse congelado e, em seguida,
começado a se mexer.
- Nós vamos pegá-los.
- Por que Jack não disse nada sobre isso?
- Ela não quer te colocar dentro desse assunto. - A voz de Alex era
baixa e calma, eu estava tendo asensação de que ele estava tentando me
tranquilizar.
- E por que você me dissetudo então?
Alex mordeu o lábio inferior, pensando, e depois de um ou dois
segundos,disse:
- Porque eu não gosto de vê-la sofrer e eu acho que você merecia
saber.
Olhamos um para o outro sem falar nada, seu olhar segurando o
meu, sua concentração inabalável, tentando antecipar minha próxima
pergunta.
Era uma que eu nunca pensei que ele iria responder.
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- Quem são eles? Quem matou a minha mãe?
Ele não respondeu. Ele não parava de olhar para os meus olhos. Eu
podia sentir uma lágrima escorrendoenquanto lembrava das imagens do
meu pesadelo.
- Não é o suficiente para você saber que vamos pegá-los? - Ele disse
finalmente.
- Não - eu respondi. - Não se isso significarvocês dois feridos no
processo.
Eu olhei para o tapete, segurando as lágrimas. A mão de Alex de
repente estava embaixo do meu queixo, levantando o meu rosto e então
eu estava olhando em seus olhos mais uma vez. Ele segurou meu rosto em
suas mãos com tanta força que eu não podia me afastar. Minha respiração
parou.
- Nós não vamos nos ferir. Eu prometo.
Eu queria acreditar, mas ter uma mãe assassinada quando você
ainda é uma menina faz com que promessas como essa sejam
redundantes.
- É melhor que não mesmo - isso foi tudo o que eu disse. O medo
parecia retroceder, como uma onda que está sendo empurrada para longe
da costa. Eu sabia que só eratemporário, mas poderiame manter em
controle por enquanto.
- Você pode tentar perdoar Jack, agora que você entende?
As mãos de Alex ainda estavam segurando meu rosto. Eu balancei a
cabeça.
O som de um carro parando do lado de fora quebrou o silêncio que
tinha sido aberto entre nós. Alex estava fora da cadeira em um segundo,
caminhando até a janela.
-É Jack - disse Alex, olhando pela fresta que havia aberto nas
cortinas. Gostaria de saber quem mais ele pensou que poderia ter sido.
Meio minuto depois, Jack entrou pela porta.
' - Olá - disse ele com um sorriso.
- Olá - responderam os dois simultaneamente.
Jack olhou para mim, seu sorriso desapareceu e, em seguida, ele
perguntou:
- Você está bem?
- Eu estou bem -Eu dei uma olhada para Alex que estava me olhando
estranho.
- É que eu ... eu ... - Só acabei de descobrir que ele vocês estão
caçando os assassinos de nossa mãe em uma missão de vingança
louca. Estou mais de umbilhão de quilômetros de estar bem.
-Nós estávamos falando sobre os velhos tempos- Alex deu um passo
adiante.
Tentei me recuperar.
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- Sim, sobre o tempo que eu quebrei minha perna. - Essa foi a
primeira coisa que me veio àmente.
-Oh, sim, eu me lembro disso.
Alex me deu um olhar que eu achei difícil de ler. Eu não tinha
certeza se perguntando se eu havia perdido a cabeça ou se perguntando
por que eu escolhi aquela lembrança, em particular. Mas ele olhou para
Jack e, sem perder tempo, disse:
-Te dei o meu casaco Lila ... lembra-se? Você reclamou que eu
poderia ter uma hipotermia e você teria que me arrastar de volta no
trenótambém.
- Mas era a verdade- Jack sorriu.
Eu observava impotente Alex pegar o paletó pendurado no
corrimão.
Não, não vá, não vá! - Eu queria gritar.
- Vejo você amanhã - disse ele - Jack, eu disse à Lila que vou levá-
lapara correr amanhã na base, espero que esteja tudo bem para você.
-Claro, é uma boa idéia.
Estávamos amontoados no corredor estreito. Alex de repente
passou seus braços em volta de mim, me puxando em seu peito. Eu
respirei profundamente.
Ele beijou o topo da minha cabeça.
- Boa noite, Lila.
Então ele se foi e Jack foi ligar o alarme da porta da frente. Ele
começou a apitar algumas vezes e, em seguida, ele foi até a porta de trás
para garantir que estava fechada. Olhei para ele desde o corredor, todas
asperguntas como a água correndo em minha mente e ameaçando
derramar sobre meus lábios.
Eu não podia acreditar que ele estava escondendo tudo isso. Virei-
me e caminhei até as escadas antes de abrir a boca e falar tudo.
- Boa noite - disse Jack.
- Sim, boa noite - eu respondi.

Hunting Lila – Livro 1 – Sarah Alderson


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Capítulo 8
A ssim que a porta do meu quarto fechou, caí na cama e
meenroleide um lado, abraçando um travesseiro contra o meu
peito. Havia sido um erro perguntar para Alex quem eles eram. Os nomes
não importavam, tampouco como eram. Por que ... apenas uma única
questão importava. O porquê. Precisava saber por que, por que alguém
iria querer matar uma mulher a sangue frio em sua própria casa em plena
luz do dia.
E o meu irmão e Alex sabiam o porquê, uma vez que conseguiram
descobrir os responsáveis. Com as informações obtidas em seu
trabalho. Nãofazia sentido para mim. Como eles conseguiam encontrar
informações cinco anosapós o fato quando nem a polícia havia sido capaz
de encontrar? Como eles souberam por onde começar a procurar? Afinal,
o que fazia essa tal Unidade?
Me estiquei a partir da posição fetal em que estava na cama e me
sentei. Isso era ruim. Muito ruim. Nós não estamos mais falando de
ladrões adolescentes. Agora se trata de assassinos. Eu não podia deixá-los
fazer isso. Eu tinha que falar com Alex e Jack sobre isso.

-Lila, por que está demorando tanto?


-Nada. Eu estou aqui.
Desci correndo as escadas. Jack caminhava no fundo da sala, com
um olharimpaciente em seu rosto. Eu estava atrasada porque dormi
apenas quando já estava amanhecendo. Eram dez horas da manhã agora e
eu havia tido cerca de quatro horas de sono que pareceram apenas cinco
minutos, um sono inquieto e cheio de pesadelos.
- Vamos - eu disse -sorrindo e caminhando para a porta da
garagem.
Pela primeira vez percebi que seu carro era um Audi. Era elegante,
preto ebrilhante, e eu me perguntei como ele pagou por ele. Eu passei as
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mãos por um de seus lados. Eu não entendia quase nada de carros, mas
esse era um que eu desejava.
- Lindo carro - eu disse, enquanto me acomodava no banco do
passageiro.
Estávamos indo para a base. Jack iria ter que fazer algum trabalho, o
que não fazia idéia do que era, e eu estava indo para encontrar Alex. Nós
estávamos indo correr e eu planejava usar o tempo para convencê-lo a se
afastar, desistir, parar de procurar os assassinos da minha mãe. Iria
implorar e suplicar, se fosse preciso. Seria mais convincente do que a noite
passada. Eu não deixaria que suas mãos, seus olhos, sua voz me
distraíssem. Estaríamos correndo mesmo. Era só eu me concentrar na
estrada.
- É um carro da empresa - disse Jack -girando a chave na ignição.
Eu encarei Jack. Carros. Nós estávamos falando sobre carros.
- O Exército paga por carros de setenta mil dólares? Os contribuintes
devem adorar isso.
-Cento e vinte mil dólares com os acessórios e, sim, os contribuintes
ficariam muito felizes se eles soubessem por que precisamos deles.
- Que acessórios? - Não tinha asas. Não haviam faixas laterais
decorativas. Nem mesmo algumas luzes piscando.
-Vá um pouco mais rápido do que a marca do velocímetro e
temalguns recursos ocultos.
Acho que ele não falou dos assentos com aquecimento. Eu iria
fuçaralguns desses botões quando estivesse perto disso sozinha. Jack
apertou um botão em seu chaveiro. A porta da garagem abriu diante de
nossas cabeças, deixando um sol brilhante entrar. As janelas possuíam
vidros escuros, mas ainda assim coloquei meus óculos de sol para
proteger os olhos. Um cartão laminado caiu no meu colo. Virei-me e vi
que era uma foto de Jack. Ele parecia um pouco mais jovem, mais
cansado,e mais magro do que está agora. Corpo de Fuzileiros Navais dos
Estados Unidosestava gravado na parte superior e, em seguida, numa letra
menor estava escrito Negócios Especiais Stirling. No entanto, a única coisa
que me chamou a atenção foi a palavra antes do seu nome: Tenente. Eu
lia o resto das informações quando Jack tirou a foto minha mão e colocou
em seu bolso lateral enquanto acelerava para fora da garagem. A rua
estava vazia, exceto por uns poucos carros estacionadosrefletindo o sol
como uma fileira de espelhos.
- Tenente Jack Loveday? - Eu disse. - Isso é bom, certo? Isso quer
dizer quevocê está no comando?
- Depende de como você olha. E não, eu não estou no comando, há
um monte de escalões acima do tenente. Mas eu sou um líder de equipe.
- E Alex é o que, então?

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Eu queria saber se algum deles havia superado o outro. Isso seria
muito desconfortável.Jack fez uma pausa.
-É a mesma coisa - disse ele. - Embora ele comande uma
outraequipe. Ele é da Alpha Team e eu sou responsável pela Beta.
-Ok, então é um pouco mais organizado do que o Time A, então?
Ele riu da minha descrição amadora.
- Sim, um pouco. Há três equipes na nossa unidade. Cada uma
possuioito homens em um determinado momento.
-É pequena, certo? Quero dizer, vinte e quatro homens no total, não
é nada. - Eu parecia um cão de caça, farejando em busca de pistas.
- Vinte e quatro homens é muito.
Eu balancei a cabeça como se entendesse.
- Mas não muitos para lidar com traficantes de drogas.
Ele soltou uma risada.
- O que fez você pensar que eu procuro traficantes de drogas?
Risquei esse item da minha lista com relutância. Era o meu melhor
palpite.
- Bem, você disse que precisava ficar perto da fronteira. E então você
temeste carro realmente bom, talvez você poderia usar para o trabalho à
paisana.
Ele continuou rindo de mim.
- Qual é a graça? Eu realmente posso imaginar este carro
pertencendo à um traficante. Sabe, eu tenho vivido no sul de Londres. Eu
tenho conhecimento em primeira mão sobre o tipo de carros que os
traficantes de drogas usam para dirigir.
- Primeira mão? - Um sorriso puxou o canto da sua boca.
-Você sabe o que quero dizer. Se pôr dois e dois juntos.
- E o resultado é três. Lila, não temos nada a ver com drogas. Para
isso já tem o FBI, a CIA e a polícia.
-Oh. -Eu ponderei isso enquanto ele nos levou para a rodovia -
Bem,você nunca me conta nada, então eu tenho que deduzirdas poucas
pistas que você me dá. Próxima vez vou dizer que você é um agente
infiltrado.
- E não pode esquecer isso?
-Talvez eu possa. Depois que você me conte.
Ele balançou a cabeça e pisou fundo no acelerador. Eu olhei para
trás, esperandover marcas de pneus na estrada. Em vez disso, vi um SUV
preto abraçando nosso pára-choque. Suas janelas eram coloridas e eu não
conseguia ver o motorista, embora eu pudesse ver uma forma quadrada
escura atrás do volante. Jack virou-se bruscamente para a pista em alta
velocidade, mas o carro continuava em cima de nós como se fosse passar
por cima mesmo.

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-Er, não querendo ser paranoica - eu disse- mas tem um carro
seguindo a gente.
-Sim, eu sei- Jack disse em voz baixa, voltando-se para a faixa do
meio. Eu olhei por cima do meu ombro, mas a SUV ainda estava na nossa
cauda. – Tá tudo bem Lila, é um dos nossos.
- O quê?
- É um dos nossos, ele está vigiando a nossa casa. Está estacionado
do lado de fora desde que você falou que Suki veio nos fazer uma visita.
- E por que você entra e sai do meio do tráfegocomo se estivesse
tentando fugir?
- Eu só estou brincando com eles. Deixando eles em estado de alerta.
- Espere um segundo. Não estou entendendo. Por que o carro está
nos seguindo? Porquê não ficar em casa, vendo se Suki volta?
-Porque foram substituídos por um outro carro. Esses caras estão
nos seguindode volta à base.
Eu olhei para a frente, sentindo o ar congelado do ar condicionado
me alcançando. Fechei a trava da porta e pensei no fato de nós termos
atrás de nós uma escolta armada. Eu não tinha certeza se isso me fez
sentir melhor ou pior.

Quando chegamos na base, Jack pegou o cartão com a foto que


havia encontradoe entregou para o check-out.
- Não se preocupe - disse ele -já verificaram todos os seus
antecedentes, por isso você já pode entrar.
Oh, merda. Uma verificação de antecedentes? Fiquei imaginando o
que haviam encontrado. Ainda assim, não poderia ter sido nada muito
ruim, porque apenas alguns segundos depois, dois fuzileiros navais
transportando armas enormes vieram nos cumprimentar.
Minutos mais tarde, Jack parou diante um edifício de dois andares
com aspecto ultra moderno. Era todo de vidro escuro e aço, totalmente
inconsistente com os outros edifícios baixos de tijolos pelo qual havíamos
passado. Este não tinha portas, eu me dei conta, apenas o que pareciam
ser três cilindros de vidro gigantes. Enquanto eu olhavamais de perto, um
homem vestindo azul apareceu de repente vindo de um deles, parecendo
um brinquedo gigante do GI Joe em uma caixa de papel celofane. A janela
de vidro foi aberta e ele saiu à luz do sol.
Jack já estava fora do carro, andando ao meu lado. Ele abriu minha
portae eu cambaleei para fora, meus olhos ainda na construção de ficção
científica e as suas portas em forma de tubo.

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- É altamente seguro - disse Jack, enquanto eu olhava observando
tudo.
-Sim, eu percebi. Eu não vi isso no Walmart.
Um rugido forte balançou nossos ouvidos e ambos nos viramos para
ver uma moto vermelha se aproximando pela calçada atrás do carro de
Jack. O piloto levantou a mão em saudação e, em seguida, tirou o
capacete. Fiquei de boca aberta. Era Alex. E com um sorriso de orelha a
orelha.
Alex? Pilotando uma moto? Desde quando? E, mais importante
ainda, quando poderia dar um passeio nela?
Enquanto eu estava ali, fora de órbita, ele passou a perna sobre o
corpo da moto, abriu o zíper de sua jaqueta e tirou uma mochila de trás
de si, guardando o capacete e a jaqueta dentro. Esta foi a terceira vez que
eu o encontrava em dois dias, mas eu ainda cambaleava e ficava tonta
cada vez que eu o encontrava. A força vigorosa de sua imagem fazia meu
coração bater como se eu tivesse bebido dez expressos regados com um
balde de cola.
Ele andou até onde estávamos.
- Prontos? - Ele perguntou.
-Sim. Eu só preciso de um lugar para colocar a minha bolsa e então
eu estou pronta -Eu disse, incapaz de tirar os olhos de seus lábios.
- Tudo bem, dá pra mim. Eu tenho que ir trocar de roupa. Vou deixá-
la no vestiário.
Ele pegou minha bolsa e rapidamente correu na direção do tubo de
vidro deslizante.Eu o vi desaparecer na escuridão. Fui até a moto e li a
palavra Triumph na lateral.
- Há quanto tempo ele tem?- Perguntei à Jack.
-Não. Só sobre o meu cadáver. - A expressão de Jack era dura.
- O quê? Nem mesmo pedi isso. Perguntei há quanto tempo ele tinha
a moto!
- Você não vai subirnesta moto. Ou em qualquer outra moto.
- Por que não?
- Porque, Lila, eu tenho que lembrá-la quantas vezes você tentou
imitar a gente e quase morreu como resultado?
Ele estava se referindo ao tempo em que quase me afoguei
nadando os 350 metros de diâmetro de um lago em busca deles. Revirei
os olhos.
-Eu tinha nove anos e poderia facilmente ter conseguido nadar essa
distância, só não esperava que fosse tão frio.
-Eu nem sequer lembrava disso. Eu lembrei da árvore que você
tentou escalar no quintal do vovô. E, hmmm, lembra do acidente com o
trenó? incidente que todos sempre lembraremos tão carinhosamente? –
Ele continuou sua palestra, dando um grande suspiro. - Em algum
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momento em sua vida, Lila, você vai ter que perceber que você não pode
querer fazer tudo. - Ele parecia um advogado apresentando um
argumento vencedor.
Isso me irritou do mesmo jeito dequando eu tinha nove anosanos.
- E em algum momento de sua vida, Jack, você vai perceber que eu
não sou mais uma menina. Eu posso ser cinco anos mais nova do que você,
mas isso deixou de ser um problema já faz um bom tempo. Qualquer coisa
que você pode fazer, eu posso fazer isso também.
Me movimentei rapidamente.
-De qualquer forma, nem mesmo sugeri que queria dirigir a
moto. Ele poderia me dar uma carona.
-Tanto faz. Isso não vai acontecer enquanto eu viver. Eu prometi ao
papai que vou mantê-la segura e você sabe que Alex não é Alex dirigindo
uma moto. Elenão sabe respeitar o limite de velocidade.
Agora eu definitivamente queria andar naquilo. A idéia de ter uma
desculpalegítima para envolver meus braços em torno de Alex significava
que eu não podiame importar menos com o perigo, ainda que isso
significasse morte certa.
- Você não fazer um alongamento? - Jack era quase tão bom quanto
Alex em me distrair.
Eu suspirei e comecei a esticar meus tendões.
- O que você vai fazer enquanto meus dotes esportivos serão
testados pelo tenente Wakeman?
Ele sorriu para a descrição de Alex.
-Enquanto o tenente Wakemanfaz você se exercitar, vou fazer
alguma papelada e seguir algumas pistas.
- DeSuki?
Ele acenou para mim com diversão.
-É possível.
Alex deixou o prédio naquele momento e eu perdi minha linha de
pensamento. Ele estava com suas roupas de corrida. Shorts apertado cinza
e umacamiseta branca que provaram minha teoria anterior sobre o corpo
dele. Era perfeito. Ele ajoelhou-se para apertar os cadarços e uma dor
aguda no meu ombro me acordou do transe, já que eu ainda estava
fazendo alongamento. Eu parei e comecei a girar um pé frente e para trás,
flexionando os músculos da panturrilha.
- Pronta? - Ele disse, olhando para mim através de seus cílios de
ouro. Seus olhos eram tão azuis.
Eu respirei fundo e assenti.
-Vamos lá, então.
Jack se despediu de nós dando um aceno com a mão e entrou no
prédio.

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Capítulo 9
A lex me deixou coordenar o ritmo, o que foi sorte minha, porque
na minha corrida eu mal podia acompanhar o seu ritmo de trote. Lutei
contra a tentação de olhar, mantendo meus olhos no trecho muito menos
atraente de asfalto à frente.
Eu corri por um par de estradas laterais lotadas com casas idênticas
até chegarmos a uma trilha que levava ao longo do perímetro ocidental da
Base.
Nós não conversamos muito. Eu estava meditando sobre as
perguntas que eu queria fazer para ele, querendo saber por onde
começar. Uma vez que o caminho foi aberto, Alex diminuiu o ritmo para
correr comigo. O chão era irregular e tropecei uma vez ou duas vezes e ele
teve que estender a mão para me firmar.
- Cuidado com o degrau - disse ele - Eu não quero te levar de volta
com sua perna quebrada, não tenho um trenó dessa vez para levá-la de
volta.
- Ha há - eu respondi, imaginando como Alex poderia me levar de
volta se eu cair e quebrar o meu tornozelo. Eu já estava sofrendo muito só
por estar perto dele.
Eu levei a minha mente de volta para a tarefa em mãos e fiz uma
pergunta.
- Por que isso?
Alex continuou correndo, olhando para a frente. Eu esperei. Ele
muito ligeiramente acelerou os passos largos para chegar à frente de
mim. Apertei o passo para alcançá-lo.
- Se você sabe quem eles são, Alex, com certeza você sabe por que
eles fizeram isso.
Mais uma vez, nada, apenas o som dos nossos pés batendo no chão
como um trovão. Dei-lhe uma olhada. Seu rosto era de pedra. Ele foi para
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a frente novamente. Estendi a mão e segurei o seu braço. Eu queria que
ele desacelerasse. Mas, em vez disso, ele parou completamente. Eu estava
forte, ainda segurando. Ele virou-se para me encarar e eu encarei
também.
- Você sabe? - Eu disse.
- Sim.
- Então me diga-me – exigi.
Ficamos frente a frente no caminho estreito, cercados por arbustos
baixos e fendas da terra, algumas árvores aqui e ali, mas estávamos
completamente fora da vista dos edifícios ou pessoas.
- Lila, o que eu disser deve ser entre você e eu. Você tem que
prometer. Estou traindo Jack por lhe dizer. Ele não vai me perdoar
facilmente. Mas eu acho que você merece saber alguns detalhes. Eu não
posso dizer-lhe tudo, por isso não me pressione para eu dizer mais do que
eu estou disposto a lhe dizer.
Eu levantei meu queixo e o observei cuidadosamente, tentando ler
sua expressão.
- Venha, venha aqui.
Ele virou-se e caminhou alguns metros até uma rocha deitada ao
lado do caminho.
- Sente-se.
Corri até ele e então eu me inclinei contra a rocha. Ele ficou na
minha frente e eu tive que inclinar o pescoço para vê-lo.
- Você me perguntou ontem quem matou sua mãe. Eu não posso te
dizer quem. Mas posso dizer-lhe porquê.
Prendi a respiração. Alex fez uma pausa, a preocupação piscando
em seu rosto. Eu balancei a cabeça para ele continuar. Ele hesitou por
uma fração de segundo, e depois disse:
- Sua mãe foi assassinada por que sabia demais.
Olhei para ele. Ambos calados.
- Eu não entendo O que ela sabia?
Alex respirou.
- Você sabe o que sua mãe estava fazendo no trabalho?
- Sim, é claro. Por que pergunta isso? Ela trabalhou como consultora.
- Para quem?
- Para um senador de idade.
- Na verdade, era mais do que isso.
- Desculpe?
- Sim, ele era ligado à política. Mas mais ligado à algo em nome da
segurança nacional.
- O quê? Por quê? Por que ela faria isso? Minha mãe não sabia de
nada sobre segurança. Era assessora de assuntos políticos, trabalhando
em coisas ambientais.
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- Eu não posso lhe dar mais detalhes. A informação é altamente
confidencial.
Eu cerrei os dentes.
- Então, diga-me o que você pode.
Alex franziu a testa, os olhos implorando por misericórdia.
- Ela descobriu algo sobre um grupo de pessoas - Eu podia ver que
ele esforçava-se para censurar a informação ao máximo - Descobriu algo
que poderia ter enormes consequências para o governo. Não só o governo,
mas também para o público em geral.
Agora era a minha vez de fazer cara feia para ele.
- Parece o enredo de um filme ruim série B.
Alex mordeu o lábio inferior.
- Eu percebo como deve soar.
Eu levantei minhas sobrancelhas um pouco.
- Lila, apenas escute e depois julgue.
Eu tentei perder minha expressão cética.
- Sua mãe descobriu algo. E foi o suficiente para levar as pessoas a
que estava prestes a ... expor, vamos dizer ... matá-la.
Levei um minuto para absorver as palavras. Eu repensei elas,
tentando montar como um anagrama na minha cabeça, minha mente
repetindo a mesma lista anterior: drogas, a corrupção, o crime
organizado; mas não fazia sentido. O que ela poderia ter
descoberto? Tudo parecia tão absurdo.
- O que foi que descobriu? - Perguntei.
- Eu não posso te dizer.
Se ele voltasse a dizer isso novamente, eu acho que eu poderia
começar a jogar coisas inconscientemente, não que houvessem muitas
coisas para jogar, ao menos que eu tentasse arrancar a raiz de uma
árvore. Em seguida, a parte racional do meu cérebro de repente apareceu,
e meu coração batendo reagiu violentamente.
- Mas, Alex, se a minha mãe encontrou algo e foi morta por isso ...-
mal conseguia terminar a frase - ...o que acontece com você e Jack? Se
você sabe o que é também ... e quanto à vocês?
Ele me deu um meio sorriso que desapareceu no nada.
- Não há necessidade de se preocupar com a gente, Lila.
Olhei para ele, perguntando-me se ele sabia o quão louco aquilo
soava.
- Você contou para a polícia? Eles não deveriam contar a alguém? O
FBI, talvez? Para que eles possam fazer alguma coisa? - Eu já não estava
sentada na rocha, estava de pé olhando para ele gritando - Se você sabe
quem a matou e sabe por que ... por que não estão presos? Por que não
deixar o assunto para os profissionais?

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Alex olhou para mim, seu meio sorriso tinha retornado. Eu não
entendi.
- Lila, o que você acha que somos?
Eu estava confusa.
- Jack e eu somos profissionais. Estamos mais altamente treinados
do que a Polícia e os federais. Temos um equipamento melhor e mais
inteligência do que qualquer outro organismo público. Estamos usando
tudo isso para ajudar a encontrar os assassinos de sua mãe.
Agora eu entrei no reino da descrença. Mas, quando eu estava
prestes a abrir a boca para dizer algo sarcástico, uma sombra atravessou o
seu rosto e vi ele de forma diferente, como veria um estranho. Não o Alex
da minha infância, mas o tenente Wakeman. Era como aqueles quebra
cabeças que você vai olhando até que de repente a imagem vai se
formando, ficando óbvia. De repente, eu me sentia intimidada, como se
ele tivesse crescido de repente mais quinze centímetros.
- É por isso que se juntou à eles, em primeiro lugar? - Tudo se
encaixou.
- Sim.
De repente, a decisão de Jack de deixar a universidade tornou-se
óbvia.
- Mas ainda não entendo o que tem a ver seu trabalho com isso.
Ele parecia desconfortável, como se tivesse sido pego de surpresa.
- Nós estamos usando a informação, como eu disse a você.
- Sim, você fica dizendo isso, mas eu ainda não entendo o porquê –
Meu humor alterado transparecia nas bordas da minha voz.
Alex olhou para o lado, de frente para o oceano.
Eu tentei uma abordagem diferente.
- Essa menina, Suki, quem é ela?
- Ela é alguém com quem queremos falar.
Seu rosto ainda estava ilegível.
- Por quê? Ela tem algo a ver com eles?
Minha mente estava frenética. Quem poderia saber que Suki tinha
conhecimento de algo? Ela parecia com alguém que mal sabia a tabuada.
Alex negou.
- Não. Ela só poderia nos ajudar com as nossas investigações.
Eu sabia que essa a linha que os detetives usavam quando eles
pensavamque alguém era culpado, mas não tinham provas suficientes
para provar isso. Ainda.
- Poderia ser mais enigmático?
- Sim.
E ele estava falando sério.
- O que posso dizer para fazer você mudar de idéia sobre essa
missão de vingança em que você está? Diga-me e eu vou fazer.
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Ele olhou para mim com tristeza.
- Desculpe, Lila. Nós não vamos parar. Agora é mais do que apenas
sua mãe. É por isso que nós nos juntamos. Esperávamos encontrar os
assassinos dela. E quase encontramos. Estamos muito perto.
Ele olhou para mim, com os olhos ardendo.
- Mas Lila, é mais do que isso agora. Lutamos com algo maior do
que eles, e continuaremos a lutar, mesmo depois que eles forem presos.
Fiquei em silêncio. O processamento do filtro no meu cérebro
estava em sobrecarga. Nada mais poderia entrar. Contra o que lutava? Por
quê?
Tudo era tão irreal que eu me perguntei por um segundo se talvez
não estava ainda jogada, desmaiada na rua de Londres, em estado
catatônico, imaginando tudo isso.
- Vamos, eu já disse tudo o que eu ia dizer. Nós devemos retornar.
Alex estendeu a mão e gentilmente pressionou a palma da mão na
minha, me trazendo de volta para a realidade. A energia pulando que eu
sentia só poderia existir em um mundo real, não imaginário.
- Mas ... - Eu tentei dizer duas palavras coerentes juntas, mas meu
vocabulário derreteu com a visão de uma parte de seu bronzeado em seu
torso quando ele esticou os braços acima da cabeça. Outra pontada de
medo misturado com desejo, revirando em minhas entranhas.
- Não, Lila. Te trouxe para correr aqui, porque eu sabia que queria
me fazer perguntas, e queria fazer longe de Jack . Mas eu já disse tudo o
que podia e agora você só tem que confiar em mim.
É claro que eu confiava nele. Eu confiava nele com a minha
vida. Mas havia tanta coisa acontecendo que ele não disse. Coisas ruins,
eu tinha certeza. E eu tinha falhado completamente em mudar
completamente a sua opinião sobre continuar envolvido. Isso não estava
funcionando como o planejado.
Nenhum dos dois falou, e Alex partiu novamente, olhando
calmamente para a frente. Entramos para a pista e corremos para o meio
da estrada. Eu era apenas ciente do caminho que fazia ou do tráfego
passando por nós.
Eu estava muito ocupada no fato de que o meu irmão e Alex se
colocassem em perigo como em um jogo. Como se as consequências não
fossem fatais. Quando na verdade eram.
Eu tropecei e cai, gritando quando eu bati o asfalto, as palmas da
minha mão se arranhando no chão. Eu fiquei onde eu estava, respirando
com dificuldade, a terra rompendo a pele das minhas mãos. Os grânulos
pegajosos da estrada encheram minha visão. As mãos de Alex sobre meus
ombros me trouxeram volta, e ele facilmente me fez levantar os joelhos e,
em seguida, virar as mãos. Eu vi que ele estava falando comigo e balancei
a cabeça, olhando para os seus lábios em movimento.
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- Você está bem? Deixe-me ver.
Delicadamente, balançou a sujeira, revelando alguns arranhões em
minhas mãos. Eu fiz uma careta para a coceira, dobrando minhas
mãos. Ele apertou meus pulsos forte para que eu não pudesse me afastar.
- Você está bem? - Ele disse novamente.
- Sim - Eu não podia olhar para ele.
- Você tem certeza? - Ele perguntou, ainda segurando meus
pulsos. A pressão era firme, mas eu gostei, querendo que ele pressionasse
mais. Isso me fez sentir ligada à ele, ancorada nele.
Eu olhei para ele. A expressão em seu rosto era de tanta
preocupação que eu sabia que não era só pelas minhas mãos.
- Eu não quero que você faça isso - eu soltei de repente.
- Eu sei - disse ele.
Esperei o momento em que ele diria: Bem, eu não vou fazer,
deixarei a polícia assumir. Mas ele não o fez. Um pássaro cantou para
preencher o silêncio que deveria ter sido preenchido por suas palavras.
- Lila - A voz de Alex era suave - Eu lhe disse ontem, nada de ruim vai
acontecer.
- Prometa.
Seus olhos nublaram e um músculo em sua mandíbula se contraiu.
- Eu prometo. Agora venha, temos que limpar isso.
Esfreguei meus joelhos, que estava pegajoso com arranhões, e
suspirei. Meu corpo andava passando um mau momento com tantos
golpes. Baixei o ritmo de trote, meus joelhos gritando em protesto
quandoesticava e contraía até no final tornar-se uma pontada
constante. Faltavam uns cem metros para chegar.
Um grupo de homens estava na frente. Daquela distância, não
conseguia distingui-los. Todos eles tinham mais de 1,80m de altura,
ombros largos, pernas fortes, como troncos de árvores. Eles estavam
vestidos com roupa igual, em calças de combate preta, e camisas que se
agarravam com força em seus abdomens trabalhados. Eu dei uma rápida
olhada em Alex, com seu corte de cabelo curto e um físico semelhante
deveria facilmente se misturar com a multidão, mas havia algo nele que o
fazia se destacar. Era menos quadradão, mais magro e elegante, para o
meu olho totalmente imparcial, não havia concorrência.
O grupo se separou quando nos aproximamos, e virou-se para
nós. Eu comecei a correr mais lento, de repente, consciente de ser a única
menina, e estar toda machucada e suja. Alex olhou por cima do ombro,
parecendo perceber minha relutância, e em seguida, diminuiu o ritmo e
também disse:
- Não se preocupe, são apenas alguns rapazes da Unidade, vou
apresentá-la.

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Eu olhei para ele com desconfiança e me preparei. Depois de mais
alguns metros, nós paramos. Fiquei um pouco atrás de Alex, em sua
sombra, tentando sacudir a poeira dos meus calções e o cabelo para longe
do meu rosto.
Em seguida, Alex virou-se, e de repente eu estava no meio de um
círculo sendo examinada. Me senti estremecer.
- Bem, com certeza você ganha toda a atenção na família Loveday.
Pobre Jack. Não admira que ele te tenha escondido de todo o mundo.
Os outros começaram a rir e olhei para Alex. Ele riu também.
Outro homem com os braços tão enormes e carnudos que ficavam
apertados nas mangas da camisa, como se estivesse vestindo um colete
salva-vidas, estendeu a mão.
- Prazer em conhecê-la. Sou Nick, eu estou na equipe do seu irmão.
Eu apertei sua mão, sentindo minhas mãos minúsculas serem
esmagadas pelas suas. Os outros rapazes seguiram o exemplo, com um
bombardeio de braços me abraçando e as mãos apertando as minhas.
- Olá, prazer em conhecê-los - eu disse a todos, reparando que a
maioria era muito mais velho do que Alex, ao menos em seus vinte e
tantos anos ou trinta e poucos anos. Eu me perguntava como se sentiam
por ele estar no comando da equipe.
Só havia um que era mais jovem, parecia ter a minha
idade. Acredito que disse que seu nome era Jonas. Agora, ele deu um
passo adiante, dando-me um sorriso deslumbrante.
- Vai vir para a festa de Alex?
Ele tinha olhos penetrantes e um sorriso fácil. Era o menos
musculoso de todos eles e um pouco menos intimidante também.
- Sim, eu vou estar lá - eu disse, olhando para Alex.
Ele estava agora alguns passos atrás do grupo, observando as
coisas. Ele tinha um leve sorriso brincando no canto de sua boca, mas seus
olhos eram de um azul gelo.
Jonas sorriu amplamente.
- Ótimo. Nos vemos lá.
Um outro homem de sua unidade o chamou.
Senti meu rosto corar. Queria que Alex me salvasse disso, me senti
como se estivesse em uma exposição no Museu. Ele deve ter visto a
expressão no meu rosto, porque ele andou para o grupo de novo. Desta
vez, eu senti a mudança de humor, as brincadeiras acabaram e todos
ficaram em silêncio e se aproximaram, como se pensando que Alex os
queria reunidos. Ele ainda não tinha dito nada.
- Bem, eu tenho que fazer essa garota se limpar – disse ele.
Não houveram insinuações de nenhum dos outros homens, embora
estivesse extremamente atenta a eles. Alex colocou o braço em volta do
meu ombro e começou me virar em direção às portas.
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- Vejo vocês depois - disse, levando-me para dentro do prédio.
Apenas no momento em que as portas se abriram, uma mulher, tão
magra e retocada como uma modelo na passarela, saiu para a luz solar. Os
homens atrás de mim estavam em silêncio, em clima de espanto. Senti
que me encolhi também quando ela se dirigiu em direção à nós.
Então eu ouvi Alex dizer: Oi, Rachel. E alguma coisa em mim se
partiu em dois. Acredito que foi o último vestígio de esperança de que ele
poderia me ver como mais do que a irmã de Jack.
Um sorriso deslumbrante dividiu o rosto perfeitamente simétrico da
mulher. Ela tinha maçãs do rosto salientes e olhos amendoados que eram
quase tão azuis como os de Alex. Ela marchou em direção a ele como um
míssil programado em direção à um novo alvo. Eu já estava quase
esperando que esticasse uma das suas longas pernas e se envolvesse em
torno dele como hera. Ela usava um conjunto de duas peças com saia
cinza, enrolado em seu corpo, agarrando-se a sua cintura fina. Quando ela
se aproximou, vi que era quase tão alta quanto Alex, mas pelo menos
cinco centímetros se deviam aos saltos.
Senti meu coração gelar. Era tão incrivelmente bela que Alex tinha
esquecido completamente que eu existia.
- Bem, Olá Alex - Rachel disse, balançando seu cabelo loiro em linha
reta por cima do ombro. Sua voz era rouca, com um toque do sul.
De repente, eu me senti coibida. Minhas roupas eram como trapos
contra minha pele e desejava arrancar e colocar algo limpo, que não me
fizesse tão parecida com um rato de esgoto em pé ao lado de uma raposa
do ártico.
- O que você está fazendo aqui?
Ela arrastava as palavras, com vogais longas se entrelaçando ao
dizê-las. Os lábios dela brilhavam como uma cereja.
- Eu só vim correr - disse.
Lembrando que estava lá, Alex de repente virou-se para mim,
olhando surpreso que eu estava tão perto atrás dele. Mudou-se para o
lado e o olhar de Rachel caiu sobre mim como um feixe de holofote.
- Esta é Lila - disse ele - a irmãzinha de Jack.
Irmãzinha? Eu me senti como se eu tivesse o corpo todo cortado
com papel.
O olhar de Rachel pousou sobre mim, das minhas roupas sujas para
o meu cabelo suado, e meu rosto banhado pelo sol. Por um breve
momento, parecia que ela tinha quebrado um dente, mas depois me deu
um sorriso branco perolado e levantou a mão toda cuidada por manicure
para mim.
- Que bom te conhecer. Jack me falou muito sobre você.
Eu realmente queria dizer que ele não tinha me falado nada dela,
mas reprimi o impulso e, educadamente, apertei suas mãos.
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- Rachel trabalha na Unidade - disse Alex, sorrindo - Ela é a nossa
chefe.
Era a patroa? Dava ordens para Alex? As razões para odiá-la se
acumulavam.
Rachel me dispensou com um toque sutil de seu ombro e seus olhos
se focaram em Alex de novo, fixando-o com seus grandes olhos
azuis. Olhei para trás e entre eles, era cerca de seis centímetros mais baixa
do que os dois, me sentia como uma menina que está sendo ignorada por
seus pais.
Eu acho que suspirei, ou talvez ele ouviu o som do meu coração
explodir, porque de repente Alex olhou para mim.
- Eu tenho que levar Lila - disse e começou a se mover - Te vejo mais
tarde, Rachel.
Mais tarde? Outro corte de papel. Desta vez, esse deixou uma ferida
aberta.
- Tchau, Alex - disse ela - Nos falamos. Divirta-se de babá.
Demorou um segundo antes que eu pudesse digerir o comentário e
quando o fiz, respirava com dificuldade. Minhas bochechas começaram a
queimar. Recusei-me a voltar e vê-la, mas arrisquei um olhar para Alex e
eu peguei o traço de uma carranca. Sua boca em uma linha firme. Ele
também me deu um olhar, sem dúvida, para verificar se eu tinha escutado
o comentário. Quando ele me viu, sacudiu a cabeça com desdém, como
dizendo: Apenas ignore.
Então, duas coisas aconteceram quase simultaneamente. Um grito,
um trovão como algo explodindo, rasgando o céu. Parecia que tudo iria
para baixo, com a força das vibrações. E então, com um choque confuso,
eu percebi que não era o barulho que me arremessou para o chão, o peso
estava me pressionando fortemente era Alex contra o chão. Eu estava de
joelhos e Alex estava encostado em mim, prendendo-me para o chão, seus
braços em volta da minha cabeça e seu peito se inclinou contra minhas
costas. Eu não conseguia entender por que em primeiro lugar, o meu
único pensamento era que ele tinha sido ferido, mas só quando eu estava
começando a entrar em pânico e empurrar, Alex desenrolou e se
levantou, erguendo-se.
O ruído ainda estava perfurando meus tímpanos, fazendo meu
cérebro sentir como se tivesse sido cortado em dois, e tudo parecia ir mais
devagar. Eu podia ver os homens da Unidade correndo em direções
diferentes. Era como vê-los através de luzes estroboscópicas. Alguns
tinham armas nas mãos e outros procuraram desembainhar as
suas. Demorei alguns segundos para somar dois mais dois. O barulho,
pânico, armamento, alguém estava atacando. Nos atacando, percebi com
surpresa.

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Fui arrastada para longe do ruído, que vinha do prédio. O aperto de
Alex era como torniquete de aço em volta do meu braço e me equilibrava
nele. Ele estava meio correndo e tropecei enquanto ele estava me
empurrando para sua moto, a dor na minha cabeça era o que tornava
impossível colocar um pé na frente do outro.
Senti algo me levantar, e, em seguida, de alguma forma, eu estava
na parte traseira da moto. Minhas pernas se prenderam automaticamente
no banco de couro para evitar escorregar, mas, em seguida, Alex estava de
frente para mim, suas costas contra meu rosto. Ele chutou o suporte e deu
partida. Enquanto ouvi o estrondo da moto, Alex levou o braço para trás e
pegou a minha mão, puxando-a em torno dele e pressionando com força
contra sua cintura.
- Segure firme - disse ele.

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Capítulo 10
N ão era exatamente o que eu tinha em mente quando manifestei
o desejo de pegar uma carona na moto de Alex. Eu estava muito
aterrorizada para assimilar sua proximidade. Fechei os olhos e deixei que
o barulho da moto sobrepusesse o da sirene, que rapidamente
desapareceu na distância. O vento soprava meu cabelo em volta do meu
rosto, mas eu não podia soltar as minhas mãos do corpo de Alex para
arrumá-lo. A dor na minha cabeça diminuiu, até que se tornou uma
vibração fraca contra meu crânio.
Depois do que pareceu apenas alguns minutos eu senti a moto
desacelerar. Ele virou um pouco e depois parou em um suave balanço.
Abri os olhos. Já estávamos na frente da casa de Jack. Senti a mão quente
de Alex encima da minha e percebi que estava segurando demais. Meus
dedos estavam cerrados com tanta força que ele precisou apertar minha
mãe um pouco para poder se soltar. Lentamente, ele virou-se para que ele
pudesse me ver.
- Você está bem?
- Acho que sim.
Ele desceu da moto. Eu não tinha certeza de como descer, eu estava
tão travada no assento que Alex me pegou como uma menina, o que
agora, me dava conta que era exatamente como ele me via. As palavras de
Rachel ainda picavam meus ouvidos.
- O que aconteceu? - Perguntei.
- Eu não tenho certeza. Era o alarme. Mas eu não tenho certeza o
que causou isso.
- Então, por que a grande fuga?
- Porque quando um alarme soa na Base, fugir é geralmente uma
boa idéia.
Eu fiz uma careta, então me lembrei de Jack.
- Onde está Jack? Será que ele vai ficar bem?
- Ele vai ficar bem.

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Mas ele já estava puxando o telefone. Ele apertou na discagem
rápida e em seguida, estava falando com outra pessoa, Jack, eu pensei,
porque suas primeiras foram:
- Sim, ela está comigo. Tudo certo. Sim ... com a moto ... Sim, vai ser
a última vez.
De repente, ele olhou para cima e observou a rua. Eu segui seu
olhar para o SUV preto na rua com as janelas fechadas.
- Sim, eles estão aqui. Eu vou deixa-los saber. Ligue quando você
souber algo. Eu vou ficar até que você retorne.
Ele desligou o telefone.
- Fique aqui - disse ele.
Então, realmente ele estava sendo a minha babá, Rachel tinha
razão. E agora ele estava mandando em mim como uma criança. Minhas
narinas se dilataram, mas Alex não percebeu, ele estava indo para o
carro. Talvez eu só seja um fardo para eles. Tanto ele como Jack haviam
deixado claro que realmente não me queriam aqui. Mas não eram
necessários tantos cuidados assim comigo. Isso me fez querer gritar.
A janela do carro se abriu e vi Alex inclinar a sua cabeça loira para
conversar com o condutor.
Eu olhei em volta e pensei por um segundo. Então eu me levantei e
andei em direção à porta da frente, tirando a minha chave. Eu abri a porta
e entrei. Enquanto introduzia o código de segurança no alarme, Alex subiu
correndo os degraus e entrou na casa.
- Eu lhe disse para esperar.
- Eu sei.
- Então espere por mim na próxima vez.
Seus olhos eram duros como granito.
Eu olhei para ele.
- Eu sou uma garota grande, Alex. Você não pode me dizer o que
fazer.
Ele me ignorou, indo para a cozinha. Ele empurrou a porta,
deixando-a bater contra a parede, e então rapidamente foi até a porta dos
fundos, para conferir algo. Revirei os olhos diante de todo o drama e subi
as escadas para o banheiro. Estava suada, cansada e irritada, mas
principalmente, o meu coração estava partido. Um banho não iria corrigir
isso.
A porta do banheiro se fechou atrás de mim e o chuveiro começou a
ligar sozinho antes de eu sequer me dar conta do que eu estava
fazendo. Eu caí de joelhos, com nojo de mim mesma. Eu não conseguia
nem controlar a minha habilidade. Este dia não podia piorar. Eu tirei
minhas roupas correndo e entrei no chuveiro, me esfregando e lavando a
sujeira que me cobria. O sorriso brilhante e perfeito de Rachel e seus
sedutores olhos semicerrados surgiram na minha cabeça.
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Divirta-se como babá. Eu ainda estava furiosa quando eu saí do
banho. Eu limpei o espelho com a parte de trás do meu braço e olhei. Não
havia como competir com Rachel. Ela era o par perfeito para Alex. Eles
combinavam perfeitamente de pé um ao lado do outro. E ela tinha uma
outra grande vantagem que eu não tinha: tinha permissão para sair com
ele.
Uma batida na porta interrompeu meus pensamentos.
- Está tudo bem aí? - Alex parecia tenso.
- Tudo certo.
Eu podia jurar que a maçaneta virou por um momento.
Levantei-me antes que ele pudesse entrar de supetão e abri a
porta. Alex estava encostado no batente. Parecia cansado, o stress
gravado em torno de sua boca. Ser minha babá devia ser uma tarefa
árdua.
- Como estão as suas mãos e joelhos?
Eu tinha esquecido daquilo quando Rachel apareceu. Eu me virei e
vi minhas mãos arranhadas em alguns lugares.
- Bem - eu disse, passando por ele em direção ao meu quarto e
fechando a porta atrás de mim.
Ele não me seguiu. Eu me perguntava se ele iria terminar
entregando seu dever a um dos "guardas" fora. Eu me joguei na cama,
colocando a toalha em torno de mim, e eu senti as lágrimas rolando do
nada.
A escova de cabelo no meu armário começou a se mover mais ou
menos por conta própria. Eu nem sabia que estava fazendo até que ela já
estivesse suspensa no ar, em cima da minha cabeça. Aí já era tarde
demais. Ela se lançou pela janela como um míssil. Por causa da batida
violenta, me lancei ao lado da cama, com os cacos de vidro espalhados
nos meus pés.
Eu congelei por um momento, aguardando os passos de Alex e sua
repreensão, mas nada aconteceu. Eu fui na ponta dos pés para a porta e
abri com cuidado. Eu podia ouvir a voz de Alex, mas de um jeito abafado.
Ele estava andando pela varanda da frente, falando ao
telefone. Provavelmente com Rachel. Definitivamente marcando um
encontro com ela para quando tivesse terminado de fazer sua hora como
minha babá.
Voltei-me para o meu quarto. Esta era a minha
oportunidade. Coloquei um jeans e uma camisa limpa e dei um olhar para
trás no buraco do tamanho de uma bola de futebol no vidro na janela, e
logo depois eu estava do lado de fora.
Desci o mais rápido que pude, pulando o degrau que rangia mais
forte. Então cheguei à cozinha, abri a porta de trás, sai e fechei
suavemente atrás de mim. Eu coloquei minhas sandálias enquanto descia
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os degraus e corri para o fundo do jardim. Eu não sabia o que havia por
trás da casa, provavelmente outro jardim, mas eu pularia a cerca e
cortaria pelo caminho detrás. Eu não sabia para onde eu estava indo, mas
a praia parecia um lugar tão bom como qualquer outro. Em cima do muro,
eu olhei para a casa, não havia nenhum movimento, nenhum som, apenas
um grande buraco na janela acima. Agarrei-me a um galho de árvore e
subi até estar na parte de cima da cerca e, em seguida, pulei, caindo em
um jardim quase idêntico ao da casa de Jack. Corri para o lado da casa e
desci o beco ao lado dela, cheio de latas de lixo. Olhei ao redor da varanda
da casa em busca de carros pretos com vidros escuros, mas não havia
nenhum, então eu comecei a andar rapidamente em direção ao oeste, em
direção à praia Harbour.
No momento em que cheguei à rua principal, comecei a
relaxar. Não havia nenhum sinal da moto de Alex vindo atrás de mim para
me levar de volta. A luz verde brilhante de uma Seven-Eleven no caminho
piscou, então eu cruzei e corri para dentro do armazém, caminhando por
um pequeno corredor das bebidas. Peguei uma lata de Sprite e fui para o
balcão para pagar. Um homem idoso com aspecto sujo estava em pé no
corredor estreito, verificando a seção de macarrão. Eu andei
desconfortavelmente, esperando para ele me ver e sair do caminho, mas
ele continuou ali parado, resmungando para si mesmo.
Limpei a garganta, esperando ele me notar, mas ele parecia estar
distraído na lista de ingredientes na parte de trás do pacote de
macarrão. Minha mão estava entorpecida com o frio de estar segurando a
lata de Sprite gelada. Eu pisei na frente.
- Desculpe-me - eu disse, quando comecei a passar pelo velho,
comprimindo meu estômago e me esmagando contra a prateleira para
avançar.
De repente, ele olhou para cima com o pacote de macarrão e me
lançou um olhar mortal. Minha impressão inicial dele se foi. Ele não era
velho, talvez apenas em seus quarenta e poucos anos. Tinha a pele escura
com pó cinza sobre ela. Haviam sombras sob seus olhos e grandes dobras
ao redor de sua boca.
- Preciso de sua ajuda - ele sussurrou, sua voz áspera como uma lixa.
Meus olhos correram para o canto direito da loja. O funcionário no
caixa não nos notou. Eu podia ver o topo de sua cabeça careca ajudando
outro cliente. Eu realmente não queria ajudar agora uma pessoa louca em
sua escolha de tipo de macarrão.
- Er ... Eu acho que não sou a pessoa certa – eu disse.
- Sim, sim, você é - disse ele.
Os olhos do homem eram sinceros e sua respiração no meu rosto
era nebulosa. Me estremeci um pouco e tentei passar. Eu só queria pagar
a minha lata de Sprite e ir embora dali. O homem parou, bloqueando o
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meu caminho com o seu corpo, e me senti dar um passo para trás, o
cabelo em pé por trás do meu pescoço. Algo não estava certo. Ele deu um
passo em minha direção, a mão estendida como se para me pegar, mas
depois parou, sua cabeça subindo de repente, olhando para algo acima do
meu ombro. Antes que eu pudesse me virar para seguir o seu olhar, ele se
apressava em direção à saída de emergência na parte de trás da loja,
deixando cair o pacote de macarrão no chão quando ele se foi.
Virei-me para a porta da frente, observando a figura vermelha
através do vidro. A moto de Alex. Minha cabeça caiu para trás contra a
prateleira. Não conseguia acreditar que eu não fui sequer capaz de chegar
à praia. Pega dentro de uma Seven-Eleven. Deus, eles foram bem
treinados. Eu coloquei a lata de volta e caminhei de volta para a porta.
Na calçada em frente de mim, Alex estava encostado em sua moto,
com os pés no chão e os braços cruzados sobre o peito. Suas sobrancelhas
estavam levantadas. Ele não disse nada. Apenas me entregou um
capacete. Peguei e, suspirando, coloquei. Alex deu um passo adiante para
me ajudar a prender debaixo do meu queixo.
- Suba – ele disse, e eu subi atrás dele.

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Capítulo 11
À medida que Alex correu pela rua, eu pressionei meu corpo
contra o dele,apertando firmemente em torno de sua cintura. Ouch. Algo
estavapressionado contra o meu estômago, tinha a pressão e o volume de
metal pesado, então eu me afastei um centímetro quando eu percebi que
erauma arma. Eu tinha certeza de que Alex não estava usando uma arma
antes, eu teria sentido-então de onde ele tirou isso? E o mais
preocupante, por que ele tinhaconsiderado necessário trazer uma arma
quando estava me perseguindo? O que ele estava planejando fazer ...
atirar em mim se eu resistisse?
Ele reduziu a velocidade em frente à um moderno bloco de
apartamentos quebrilhava à luz do sol e deu uma guinada em direção a
um estacionamento subterrâneo. Alex digitou um código para abrir o
portão e, depois, já não via mais o sol da tarde deslumbrante e sim uma
escuridão úmida por baixo do edifício.
Ele andou com a motocicleta em torno de alguns pilares, estacionou
e parou no elevador. Ele desceu primeiro, mas eu pulei antes que ele
pudesse me ajudar. Ele se deteve e me olhou por alguns segundos
enquanto eu lutava com o capacete, e em seguida, deu um passo para
ajudar, reprimindo um sorriso.
A pergunta foi se formando em minha boca, mas ele já esperava.
-Aqui é omeu apartamento- ele disse simplesmente.
Eu balancei a cabeça. Claro, era exatamente o tipo de lugar que eu
tinhaimaginado.
- Venha - disse ele, entrando no elevador e apertando o
botãocorrespondente ao sexto andar.
Sara estava certa em sua descrição. O apartamento de Alex era
minimalista ao extremo. Os pisos eram de madeira clara. As paredes eram
brancas sem nada nelas. Tinha aquele ar de apartamento novo, recém
pintado.

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Alex passou por mim, me chamando para segui-lo para a sala. Ali
era um pouco melhor. Havia um sofá preto macio, uma enorme TV de tela
plana, um tapete de cor creme, felpudo e uma mesa de vidro. Mas meus
olhos foram atraídos para a parede em frente de mim. Havia uma janela
que ia do chão ao teto, feita inteiramente de vidro. Tinha uma vista
deslumbrante da praia, do porto e do cais. Eu atravessei a sala para
observar e fiquei olhando para as pequenas pessoas correndo na rua
abaixo, deslizando ao longo da avenida e deitando na praia, como linhas
de doces. Pelo canto do olho vi um SUV preto estacionado na calçada em
frente a entrada principal. Eu não estava totalmente certa de que era o
mesmo que estava estacionado em frente a casa de Jack, mas parecia
muito e me perguntei o que estava fazendo ali, em vez de vigiar à procura
de Suki perto da casa de Jack.
-Vou tomar um banho rápido - Alex disse.
Eu me virei. Ele me olhou atentamente.
-Por favor, não saiacorrendo enquanto estou no banho. - O alerta
estava implícito.
Eu balancei a cabeça.
-Eu não vou.
Ele me deu um sorriso rápido e, em seguida, virou-se um pouco
cansado, para o corredor novamente. Notei quando ele abriu a porta e
desapareceu de vista. Um minuto depois, ouvi o som de um chuveiro
sendo ligado. Eu tentei não deixar minha imaginação correr para o
banheiro com ele.
Eu hesitei por um momento e então, na ponta dos pés pelo
corredor,parei em frente à porta aberta. Havia um colchão de casal no
chão. Armários embutidos com espelhos que revestiam a parede oposta à
cama. Os únicos outros acessórios eram uma pilha de livros espalhados
por toda a cama e um despertador. O banheiroficava no quarto e a porta
estava aberta, baforadas de vapor escapando dela. Imaginei que Alex
havia deixado as portas abertas para que ele pudesse ouvir se eu tentasse
escapar. Então, mais uma vez na ponta dos pés, voltei para a sala e
novamente me perdi olhando a janela com aquela linda vista.
O carro preto ainda estava parado na frente da calçada e, enquanto
eu tentava ver a placa, a porta do passageiro se abriu e saiu um homem
de botas de combate preta e uma camiseta preta. Usava óculos sol e
esquadrinhou a rua, antes de lançar um olhar para o apartamento. Eu dei
um passo para trás rapidamente me afastando da janela, acertando a
minha perna na mesa de vidro. E de repente tudo se tornou claro.
Os homens em carros pretos não estavam guardando a casa, eu é
que estava sendo vigiada. Caso contrário, por que eles estariam aqui no
apartamentode Alex também? Tudo se encaixava e eu ri de mim
mesma. Alex não estava sendo minha babá. Ele estava me protegendo.
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Eu pensei um pouco mais: Jack querendo que eu fosse embora o
quanto antes possível; Alex querendo correr na base; os dois obcecados
com alarmes e segurança; o estilo serviço secreto de Alex cuidar de
mim. Senti um grande alívio ao perceber que não era só por causa de
mim, afinal ... não era porque ele me via como uma criança.
E então eu percebi, com uma sensação de perplexidade unida à
preocupação, que se elesestavam me protegendo, tinha que ser alguma
coisa. Algo tão ruim que era necessário uma equipe de seguranças
altamente treinada por todas as 24 horas do dia.
Suki? Eu ri novamente e balancei a cabeça. Por que uma
equipehomens seriam necessários para manter Sukilonge? Eu mesma
conseguia me proteger sozinha dela. Ela jamais conseguiria correr
muitorápido naqueles saltos plataforma. Eu nem mesmo teria que usar
minhas habilidades.
O chuveiro parou quando enquanto eu me sentei pensando nesse
último dia e tentando me lembrar dos outros momentos suspeitos até
agora.
Poucos minutos depois, Alex apareceu vestindo apenas calçaslimpas
e com os pés descalços, a água ainda escorria do seu cabelo para o
pescoço. Meu estômago virou cento e oitenta graus, quando eu vi os
músculos em seu torso. Então ele colocou uma camisa e eu suspirei
audivelmente.
-Me dá as tuas mãos - disse Alex, sentando ao meu lado.
- O quê?
-Me dá as suas mãos - disse ele de novo.
Eu estiquei as mãos timidamente, palmas para baixo, e ele as
segurou nas suas. Meu coração começou a galopar com seu toque. Ele as
virou e começou a passar um pouco de creme anti-sépticopara as
contusões que eu tinha esquecido completamente. Estremeci com a
ardência.
- Então você vai me dizer por que fugiu daquela maneira? - Ele
perguntou.
Olhei para as minhas mãos e dedos com creme e, depois de cerca
de dezsegundos tentando conseguir colocar meus pensamentos em
ordem, eu levantei a cabeça para encontrar seus olhos.
- Você vai me dizer por que você me segue?
-Porque eu estava preocupado com você. - Ele franziu a testa
ligeiramente, como se a sua resposta fosse óbvia. Ele soltou minhas mãos
e elas caíram no meu colo.
- O que Rachel quis dizer quando disse “que você gosta de ser
babá”? – Pergunteifriamente, observando a reação dele.
- O que você acha que ela quis dizer? - Ele perguntou. Parecia que
ele estava rindo daquilo e seu tom sugeriu que ele estava sendo
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deliberadamente obtuso. - Ouça, Lila, eu não estou sendo uma
babá. Primeiro porque você não precisa de uma babá, e em segundo lugar
porque eu realmente gosto de passar o tempo com você, e Jack não está
me pagando para isso de modo que não me qualifico como babá.
Eu bati nele de leve no braço e desviei com um sorriso.
-Eu acredito em você - eu disse - Eu não acho que você ainda é
minha babá.
Alex me deu um sorriso de alívio, relaxando suas defesas.
-Eu acho que você está me espionando.
- O quê? - Ele disse, seu sorriso desaparecendo, mas, em seguida,
jogou a cabeça para trás e caiu na gargalhada.
No entanto, eu tinha visto a mudança nos olhos dele ... o jeito que
ele tinha congelado, como se um escudo tivesse vindo abaixo.
Eu insisto.
- Você não é uma babá, você é um guarda-costas.
Ele parou de rir.
- Você está certa.
Agora era a minha vez de ser surpreendida. Ele tinha se rendido tão
facilmente.
-É claro que estou te vigiando. Os caras da Unidade estariam como
piolhos se eu lhes desse a oportunidade. Jack iria matá-los sesoubesse
como metade deles estava olhando para você esta tarde.
Eu estava certa, afinal.Embora eu não estava feliz de estar certa. Em
vez disso, eu sentia um medo lento engatinhando em mim.
-Não, não é isso que eu quis dizer- eu disse, tentando manter a
calma - Você está me protegendo de alguma coisa.
-Como eu disse, a única coisa de que estou te protegendo são das
menos nobres intenções de um monte de homens cheios de testosterona.
Eu balancei a cabeça para ele, frustrada.
-Não. Eu não sou cega, Alex, eu posso entender as coisas. O carro
não está guardando a casa, está me seguindo, me vigiando. É por isso que
está lá fora agora mesmo.
Eu vi o brilho de surpresa nos olhos dele, e depois desapareceu.
- Você não queria que eu fosse correr pela rua, insistiu que fosse na
base. Não me deixam sozinha por um minuto. Jack está agindo de forma
estranha com respeito a minha estadia e você está grudado em mim como
cola.
Quando eu disse isso, eu realmente desejava que a realidade fosse
tão literal quanto isso.Mas Alex estava balançando a cabeça para mim,
então eu continuei.
- Eu vou descobrir, Alex. Mesmo que isso signifique escapar
furtivamentenovamente.

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Isso foi um blefe. Não havia nenhuma maneira de que eu me
afastasse de Alex ou de Jack novamente até que tudo o que estava
acontecendo não estivesse mais. Mas eu tive a reação que eu
esperava. Sua expressão endureceu e seus olhos azuis como gelo, vívidos
agora, passavam através de mim. Ele se inclinou para a frente no sofá
eagarrou meu pulso, segurando-o firmemente com os polegares
pressionando.
-Não, você não vai fugir. Você não pode ficar fora da minha vista.
Isso foi bom. Ótimo, na verdade. Eu tinha razão. Eu não tinha
certezasobre o que exatamente, embora estava claramente implícito que
era algo muito perigoso para mim, onde eu era um possível alvo. Mas eu
não senti pânico com as notícias, apenas uma onda de entusiasmo com a
idéia de não me separar de Alex, e também alívio porque ele não estava
pensando que estava como minha babá ... não exatamente.
-Lila. Você me ouviu? - Eu estava tremendo agora e voltei meu foco
novamente para ele. O rosto dele estava rígido, a carranca familiar de
volta ao seulugar. Eu queria passar as mãos e suavizar as linhas de seu
rosto com o dedo indicador.
- Sim- eu disse. - Sim, eu ouvi. - A gravidade em sua voz perfurou
minha tagarelice.Obviamente, uma parte do meu cérebro que não foi
superada pela presença de Alex estava tentando ter uma voz; talvez fosse
parte de um instinto de sobrevivência.
Alex então me soltou e se levantou.
-Olha, eu tenho que ligar para Jack e dizer-lhe onde estamos e ...- Ele
parecia irritado. - Eu tenho que ver o que eu vou fazer. -Quando ele saiu da
sala, sentialgo dentro do meu peito puxando como um elástico esticado.

Cerca de cinco minutos depois, ele voltou para a sala. Suaexpressão


era tão grave que eu tremi um pouco para o que poderia vir. Ele foi até o
sofá e sentou-se na borda, inclinado para a frente e olhando para fora da
janela. Ele colocou o telefone sobre a mesa e, em seguida, virou-se para
mim.
- Tudo bem - disse ele - Eu disse a Jack exatamente o que vou te
dizer. –Ele fez uma pausa, como se reproduzisse primeiro a conversa em
sua cabeça. Uma pequena linha ondulada apareceu na testa e, em
seguida, desapareceu.
Eu estava abraçando os joelhos. A dor em meu peito havia
diminuído no momento em que Alex se sentou perto de mim, mas ainda
era nítida aminha tensão.

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-Eu não estava muito feliz, mas eu estou convencido de que é a
nossa únicaopção se queremos te manter ... - Eu pensei que ele ia dizer
vigiar, mas disse: - Fora de problemas.
E ele olhou para mim seriamente. Ele não deixaria que eu me
esquecesse que eu tinha fugido dele.
Fiquei parada, meus olhos se encontraram com os dele.
- Você sabe que nós prendemos alguém no outro dia? Na primeira
noiteque você chegou aqui? Bem, a equipe de Jack pegou.
Eu balancei a cabeça.
Bem, parece que despertamos um ninho de vespas. Nós não
tínhamos pensado em nada disso, até que você disse queSukiestava
rondando a casa. Então, nós nos perguntamos o que eles estavam
fazendo, já que poderiam muito bem estar planejando uma retaliação.
Retaliação. Tentei assimilar isso, mas ainda não fazia muito sentido
para mim.
-Mas quem? Quem foi pego? Quem são eles? E o que tem a ver
comigo?
-Não tinha nada a ver com você- disse Alex, se mexendo um pouco -
até que você disse para Suki que era irmã de Jack.
-Mas por que isso importa?
-Olho por olho. Dente por Dente. É uma possibilidade. Pegamos um
deles, eles poderiam estar procurando uma maneira de pegar um dos
nossos. No caso, ser você também uma opção.
- Uma Opção? Igual em um cardápio? - Minha voz estava subindo. -
Por quê?Por que não outra pessoa ... alguém da Unidade ou, sei lá, com
certeza existem outras pessoas. Eles não podem mexer com todos os
membros da família de cada pessoa na Unidade!
-Eles não mexeriam com os homens da Unidade diretamente, é
muitoarriscado para eles e, mais importante, não valeria a pena o seu
tempo.
- Por quê?
-Eles sabem que nós nãonegociamos se um de nós é tomado
comorefém.
- O quê? Não negociam se você ou Jack forem presos?
-Não. - Ele balançou a cabeça para mim. Eu estava paralisada.
- Mas por que eu? - Eu sussurrei. - E os outros e as suas famílias?
-Lila, lembre-se do que eu disse sobre isso, não estamos autorizados
a namorar?
Eu balancei a cabeça novamente.
-Esse é o motivo. Existe sempre a possibilidade de eles encontrarem
uma maneira de chegar até nós. É mais seguro se não tivermos família que
vive nas proximidades. Ninguém for casado ou ter filhos.
Eu olhei para ele perplexa. Então me lembrei de algo.
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- Sara ... está segura?
- Ela está segura na base. Jack ficou com ela até agora para
descobrir o que ativou o alarme.
Outra peça do quebra-cabeça se encaixou.
- É por isso que Jack parece não me querer aqui, nem agora, e nem
quando falei sobre voltar para a faculdade?
-Sim.
Apesar do que Alex estava dizendo, que eu era um possível alvo
para ser refém, a confirmação de minhas suspeitas me deixou
delirantemente feliz. Não era nada pessoal, eles ainda gostavam de
mim. Então eu me lembrei que a minha abordagem para convencer Jack
do meu retorno para a faculdade se baseava em que eu não precisava de
proteção. Agora seria um pouco complicado. A esperança estava
morrendo em mim em muitos níveis.
Olhei para Alex.
-Você ainda não me disse quem são essas pessoas.
Alex não disse nada, estava olhando pela janela com uma expressão
estranha novamente. As possibilidades iam acumulando e passavam sobre
a minha cabeça. Eu havia descartado a questão com as drogas mais cedo,
deixando espionagem ou máfia ... eu já estava semidéias. Então, de
repente me veio algo: talvez eles fossem os assassinos de minha
mãe. Abaixei minha cabeça no meu joelho.
-As pessoas que mataram a minha mãe. São eles? São eles que
vocês estão procurando?
- Não- disse ele.
Examinei seu rosto em busca de qualquer sinal de mentira. Alex
segurou o meu olhar,seus olhos azuis em chamas.
- E Lila - disse, apertando minha clavícula, -eu sinceramente não sei
se eles estão querendo pegar você. É pura suposição de nossa parte. Pelo
que sabemos, eles se renderam e estão a meio caminho para o Alasca
agora. Se eu fosse eles, eu faria a mesma coisa.
Eu considerei isso por um momento.
-Você não vai nunca me dizer nada sobre essas pessoas, ou Suki,
ouos assassinos de minha mãe, certo?
Alex respirou fundo e olhou para mim.
- Eu não posso, Lila. Mas eu vou dizer quando encontrá-los e tudo
acabar.Lamento que você está no meio de tudo isso.
Meu rosto deve ter sido a expressão exata do terror que estava
sentindo ... eironia. Eu estive tão ansiosa para voltar novamente. Então ele
moveu-se em direção à mim e colocou o braço em volta dos meus
ombros.
- Hey - disse ele. – Você vai ficar bem.

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Eu deixei minha cabeça repousar contra o peitodele, sentindo-me
calma.
- Você está comigo - ele murmurou -e eu não vou deixar nada
acontecer com você, nunca.

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Capítulo 12
U m zumbido alto me despertou, me assustando, enviando
vibrações atravésmeu corpo. Senti uma mão nas minhas costas e Alex saiu
do sofá onde ele estava sentado ao meu lado.Quando ele chegou à porta,
olhou para trás e disse:
- Não se preocupe, é apenas Jack e Sarah.
Eu estiquei meu corpo dolorido, chutando o cobertor longe de mim
e tirando meu cabelo da minha cara. O pôr do sol irradiava suas últimas
notas de cor no quarto. Eu me perguntei que horas eram e há quanto
tempo eu estava dormindo.Levantei-me, meu coração pulando ao ouvir a
voz de Jack nocorredor.
Ele entrou na sala de estar, Alex e Sara vinham em seguida. Jack
veiodiretamente para mim e me abraçou com força por um minuto ou
dois.
- Você está bem? - Ele sussurrou em meu cabelo.
Eu assentiu contra seu ombro.
-Então, o que você descobriu?- Alex tinha atravessado a sala em
direção à janela e fechou as cortinas. Ele apertou um interruptor e uma luz
lateral acendeu, lançando um brilho laranja quente ao redor da sala. Sara
sentouao meu lado no sofá, Jack se sentou no braço.
- Está tudo bem. Foi um alarme falso - disse ele. - Nós não sabemos
o que desencadeou isso, mas deve ter sido uma falha de energia,
porquenão houve violação da segurança. Todas as fitas de vigilância
foram verificadas e nãohaviam sinais de qualquer coisa incomum.
- Pelo menos sabemos que as fitas de vigilância funcionam - Alex
disse com um leve encolher de ombros.
-Sim, acho que sim - disse Jack. Olhei agora. - E você não precisase
preocupar com nada, Lila, você não está em perigo. Conseguimos captar a
trilha deles.Eles cruzaram a fronteira com o México.
Olhei para Alex. Isso significava que ele estava livre para me deixar
fora da vista de novo?

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-Se você sabe onde eles estão, por que você não prende eles? -Eu
perguntei.
- Não é tão fácil assim - disse Alex.
Homem, o quão difícil pode ser? Uma unidade completa de
fuzileiros treinados não está sendo capaz de capturar os assassinos de
minha mãe, e agora eles mesmos me diziam que não podiam parar esses
caras, também. Me peguei começando a imaginar se era realmente bom
esse treinamento da Marinha.
-Ouça, Lila pode ficar aqui esta noite? - Disse Jack, desviando a
conversa. - Eu tenho que consertar a janela de seu quarto.
Olhei timidamente em direção a Jack. Ele estava me dando uma
olhada.
- Como você conseguiu isso?
-Hum, bem, eu ...
- Tudo bem -interrompeu Alex, me salvando. - Claro que Lilapode
ficar. Vou levá-la de volta amanhã de manhã.
Eu olhei, grata pela salvação. Talvezele percebeu que não queria
explicar ao meu irmão que quebrei uma janela porque estava zangada
com ele e sua chefe. Jack levantou-se e caminhou até Alex e os dois se
afastaram pelo corredor.
Sara olhou para mim e sorriu.
- Jack me disse que você estava do lado de fora quando o alarme
soou, isso deve ter te deixado bem surpresa.
Lembrei-me do peso esmagador de Alex enquanto estava deitado
nopavimento em cima de mim e meu primeiro passeio em uma
motocicleta.
-Sim. Foi muito emocionante.
-Nunca aconteceu antes. Você deveria ter visto a reação dentro do
edifício.
- Sério? - Eu perguntei - Eu não vi ninguém sair para fora para
verificar o queestava acontecendo.
-Segurança - Sara explicou- Todo o edifício é automaticamente
fechado quandoo alarme é ativado. Nós não podemos sair.
- Eu estou contente por estar do lado de fora então -Se Rachel
tivesse ficado alguns minutos mais lá dentro, eu nunca a teria conhecido,
pensei. Haveria escapado. Mas então eu não teria sabido que estava
sendo vigiada e não poderia passar a noite com Alex.
O que importa, afinal? Alex e Rachel, obviamente, tem alguma
coisa.
Fechei os olhos. Quando abri os olhos, vi Sara olhando para mim
com uma expressão depreocupação. Eu tentei sorrir, mas saiu como uma
careta.

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-Não se preocupe. A Unidade é responsável por isso. Você ficará
perfeitamentesegura até você voltar a Londres.
Minha mandíbula se apertou. Voltar para Londres. Como se eu
precisasse de um lembrete disso.
Jack voltou para a sala. Ele veio e me deu um beijo no topo da
cabeça.
-Vou voltar para a base com Sara agora. Nos vemos amanhã.
Olhei curiosa.
- Amanhã é o aniversário do Alex, lembra? Você ainda concorda com
uma festa, certo? - Ela disse, olhando para Alex.
Ele olhou para ela.
- Eu tenho escolha?
- Não! - Ela riu - Mas vamos fazer um jantar primeiro. Nós quatro.
Pelo menos não haveria cinco. Se eu tivesse que me sentar em um
encontro duplo comRachel era mais provável quetodas as janelas do lugar
se quebrassem. Seria muito perigoso estar em um salão com garfos. E
facas.
Alex seguiu pelo corredor e eu ouvi o alarme.
-Tudo bem, agora você vai para a cama - disse ele quando voltou.
-Não, na verdade, eu estou bem aqui no sofá- eu protestei.
- Escute, se eu tiver que te buscar e te levar à força tudo bem, mas
você vai dormir na minhacama.
As palavras soavam tão boas, que era uma pena que elas não
significassem o que eu gostaria que significassem. Pensei de protestar um
pouco mais, mas não valeria a pena, era mais digno andar. Já em seu
quarto, Alex abriu o armário. Eu me vi no espelho que tinha comprimento
até o chão. Ainda usando uma camiseta rosa e um shorts, com o cabelo
caindo em ondas pelas minhas costas, eu notei arranhões nos
meusjoelhos. Meus olhos estavam cansados, sombras tênues haviam
abaixo deles. Eu sentia que havia vivido o dia mais longo da minha vida.
Alex virou-se e me jogou uma camiseta.
-Tome, você pode dormir com ela, se quiser. Só não vai
roubarnovamente.
-Eu não roubei - gaguejei em protesto. Sim,eu roubei.
- Eu só estou brincando com você. Pode ficar pra você se quiser.
Ele estava rindo.
Eu me virei para ele não ver o meu rosto ficando beterraba.
Ele cruzou para as janelas, fechou as cortinas e, em seguida, se
aproximou e colocou o braço em volta de mim.
- Durma bem – ele disse, então se inclinou e me beijou no topo da
cabeça.
Sempre no topo da minha cabeça.

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Capítulo 13

H ouve uma batida suave na porta. Eu me virei, me desenrolando


de um emaranhado de lençóis que mais ficaram parecendo uma camisa de
força. Ele abriu a porta enquanto eu me virei e vi Alex sem camisa, apenas
de calção, ali de pé com uma xícara de algo quente na mão.
- Chá? - Ele disse.
-Feliz Aniversário !-eu disse, me sentando. O quarto girou um pouco
quando eu levantei de uma vez, e o peito nu de Alex era como um quadro
de avisos piscando na Times Square. Meus olhos eram atraídos de volta
para ele de novo e de novo, antes do meuolhar se fixarnas sombras
profundas em ambos os lados de seus quadris que marcava pelo cós da
cueca. A minha vontade era rastrear as sombras com as pontas dos meus
dedos.
Ele sorriu um pouco timidamente, colocando chá ao meu lado.
-Eu é que deveria te levar chá na cama - eu disse, embora, na
verdade, não me importaria de Alex me servir o café na cama todas as
manhã para o resto da minha vida ...
Ele foi até a janela e levantou as cortinas, deixando entrar os raios
do sol. Ele, então, foi até o armário, me dando uma visão simultânea de
seu rosto, refletido no espelho, e suas costas musculosas. Mordi o lábio
enquanto eu fixava o olhar em sua coluna e na sombra suave de suas
costelas sob sua pele. Ele puxou uma camisa de uma gaveta e vestiu. Eu
suspirei de decepção.
- Dormiu bem? - Ele disse, dando-me um olhar.
-Bem. E você?
- Nada mal - ele disse caminhando em direção à porta. - Se você
quiser tomar um banho , não tenha pressa. Eu vou fazer o café da
manhã. Jack virá em meia hora.
Eu saí da cama. Minhas pernas doíam da corrida de ontem. Olhei no
espelho. O vermelhidão do sol havia diminuído trazendo uma cor saudável
ao meu rosto e contribuindo para o retorno de algumas sardas no nariz,

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mas eu ainda parecia cansada. Não, não estava cansada, estava triste. Eu
parecia triste.
Eu ria, embora logo e ao que parece, talvez não fosse voltar nunca
mais. ERachel afundaria suas garras bem cuidadas em Alex e isso seria
tudo. Minha vida terminava aí.

Jack chegou enquanto eu estava me vestindo. Eu ouvi ele falando


com Alex na cozinha, e segui sua voz no corredor.
- Ela não pode voltar. Não é seguro. Isso nunca vai ser seguro. Não
aténão pegarmos ele.
Eu congelei no meio do caminho. Era Jack quem estava falando.
-Pode não ser por um tempo - Alex respondeu. - Você não pode
segurar ela.Lila tem vontade própria. Talvez você devesse contar a história
toda. Eu não gosto de esconder as coisas dela.
- Você sabe que não pode. Rachel nunca permitiria isso.
Meu pulso estava tão forte que eu acho que ecoou na sala. A
conversa se tomou uma direção diferente.
- Café? -Eu ouvi Alex perguntar.
Eu fui para a cozinha.
- Olá - disse Jack, olhando desconfiado. Eu realmente esperava que
no seu trabalho nunca requeressem que ele fizesse espionagem, agindo
como alguém infiltrado.
- Olá - eu disse.
- Pronta para o café da manhã? - Alex perguntou, colocandobacon e
ovos em um prato e puxando um banquinho para mim. Olhei por um
segundo. Ele estava evitando meu olhar. Minha pressão subia. Qual era a
história toda, afinal? Quem é que eles estavam falando que poderia
querer me pegar? Por que Jack não podia ouvir o que Alex disse e me
contar logo tudo? Por que Rachel não permitiria? Quem era ela para dizer-
lhes o que fazer?
Somente a chefe, lembrei-me com um sentimento que afundou
meu peito.

Assim que eu disse adeus à Alex ea porta se fechou atrás de mim, eu


sentia como se houvesse um elástico esticado ao redor do meu coração
novamente. Como eu me sentiria com um oceano inteiro nos
separando? Eu não ousava sequer pensar nisso.

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Abaixo, no estacionamento, a moto de Alex estava parada em um
ângulo como se estivesse pedindo para ser acariciada. Jack me viu
olhando para ela com amor.
-Espero que tenha gostado da sua primeira viagem nessa coisa -
disse ele -porque também foi a última.
Na verdade, eu tive dois passeios na moto de Alex, mas não iria
contar para Jack esse pequeno detalhe... talvez Alex não tinha contado da
minha fuga.
Nós caminhamos até o Audi de Jack, que abriu com o clique de um
botão. Me sentei no banco do passageiro e tentei ver o que 120.000
dólares haviam comprado. O medidor de velocidade percorreu todo o
caminho em250 quilômetros por hora. Talvez isso fosse tudo. Fiquei me
perguntando se eu poderia convencer Jack à me mostrar um pouco
quando a velocidade ultrapassava. Olhei o painel. Haviam dois botões sem
ícones neles. Faróis? Som? ? Liga / Desliga? Ou era algo mais
emocionante, tipo, um assento ejetor? Eu considerei apertar um, mas
desisti ao me dar conta que isso poderia ser algo diferente do que
aumento do som do carro, e o medo do desconhecido me fez voltar atrás.
Nós saímos do estacionamento e demos de encontro ao sol
quente. Vireia cabeça, tentando encontrar o carro preto que estava
parado na rua na noite anterior. Não estava ali. Poucos minutos depois, eu
verifiquei novamente para ver se ele estava atrás de nós, mas nada. Mordi
o lábio, tentando encontrar uma maneira de abordar a questão
novamente.
- Jack- eu finalmente disse- se eu for embora na próxima semana,
quando eu posso voltar?
Ele pisou no acelerador.
-Lila, você viu o que aconteceu nos poucos dias em que esteve
aqui. Você precisa ficar em Londres, onde você não pode ser um alvo. Se
você voltasse para cá, eu não poderia mantê-la segura.
-Mas você não que me manter segura de nada. Eu posso cuidar de
mim mesma - eu disse, com convicção.
Jack olhou para mim com uma sobrancelha levantada, bufou e, em
seguida, olhou para a estrada.
Olhei firmemente à frente. Tinha que contar para eles. Pareceu de
repente tão óbvio. Eu tinha que dizer sobre a minha habilidade com a
mente para Jack e Alex, então talvez eles não achassem mais que
precisassem ficar me protegendo. Eles poderiam relaxar e me deixar
ficar. Era uma aposta arriscada, e ainda havia uma chance de que eles
enlouquecessem completamente e me enviassempara um laboratório do
governo, para ser usada de cobaia em testes, mas eu tinha que confiar no
fato de que um deles era o meu irmão e o outro era, bem, era Alex, aquele
que nunca reagia com exagero à nada.
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Jack tinha estacionado o carro e desligado o motor antes que eu me
desse conta de que havíamos chegado em casa.
- Sara vai vir mais tarde - disse ele, abrindo a porta da casa - Ela
pensou que você gostaria de se arrumar para a festa junto com ela.
Eu sorri. Seria bom para passar o tempo com outra garota e, talvez,
quem sabe conseguir mais informações de Sara do que as que eu já havia
conseguido de Alex. Olhei para o relógio de parede. Eu tinha dez horas
inteiras para matar o tempo antes de ver Alex novamente. Pareciam cinco
séculos. Mas talvez fosse o tempo suficiente para pensar em um presente
para ele, um presente legal de verdade, não um dos presentes imaginários
que eu me imaginava dando. Também poderia ser tempo suficiente para
encontrar uma maneira boa de dizer sobre a minha habilidade sem ter
qualquer um deles fugindo de mim aos gritos.
O problema de dar um presente seria facilmente resolvido no
final. Na parte de trás do meu diário eu havia guardado uma trança de
couro marrom, que Alex tinha me dado: foi um presente que ele deu às
pressas quando eu fui embora há cinco anos atrás. Andei com ela no meu
pulso por cerca de uma semana emLondres antes do meu novo professor
me dizer para tirá-la ou ele me faria perdê-la.
Imaginei que Alex iria gostar de recebê-la de volta. Havia o risco de
que ele olhasse para aquilo eme perguntasse por que eu estava dando um
pedaço gasto de couro como um presente de aniversário, mas valia a pena
arriscar. Eu não tinha dinheiro, somente algumas moedas, por isso era ou
a trança de couro ou um sorvete.
Eu também acho que resolvi o outro problema. A verdade é que
tudo dependia da forma como se expressar com as palavras. Eu poderia
convencê-los da minha capacidade como algoabominável, ou eupoderia
convencê-los como algo como um superpoder. A imagem na minha
cabeça mudou: de Alex olhando para mim com horror e saindo correndo
para ele olhando para mim como Jack olhava para Sara, e me convidando
para sair. Um super poder poderia me colocar em igualdade com Rachel.
Eu tinha tudo planejado: Eu contaria tudo hoje à noite. Depois da
festa. Havia apenas um detalhe no plano que era o fato de que a minha
habilidade não era tão “super poder” uma vez que não estava sob meu
controle ainda. Mesmo assim, me preocuparia com esse detalhe quando
chegasse a hora para isso.

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Capítulo 14
U ma batida na porta do meu quarto me despertou de meu
cochilo.Sara colocou a cabeça para dentro. Ela usava um vestido preto
com um detalhe dourado em torno da borda que refletia em sua pele,
fazendo-a brilhar. Ela também tinha uma pequena bolsa do tamanho de
uma pequena mala na mão.
-Você está linda – ela disse, se aproximando até parar ao meu lado.
Eu olhei no espelho. Eu estava usando um vestido de seda azul que
tinha trazido. Não que isso importasse em alguma coisa. Se a versão
“Barbie patroa” estivesse na festa, Alex sequer me notaria.
-Bem, vamos nos divertir - Sara disse, abrindo o broche de ouro de
sua bolsa. Estava cheia de maquiagem e sapatos. Nunca me senti tão grata
em toda minha vida. Agora eu poderia realmente ter uma chance de ser
notada. Alex não seria capaz de me ver como uma garotinha se eu
estivesse usando saltos e maquiagem, e se Rachel estivesse lá, talvez
tivesse que pensar duas vezes antesfazer outro comentário sobre ser
babá.
- Então, quando foi a última vez que vocês três estiveram assim,
reunidos juntos? - Sara perguntou, enquanto polvilhava pó em minhas
bochechas.
- Três anos - eu disse. Três longos anos.
-Isso foi em Washington, certo? - Ela parou o que estava fazendo
eajoelhou-se em frente a mim.
-Sim. Logo depois que Jack desistiu da faculdade. Meu pai voou até
aqui para tentar argumentar com Jack, e eu vim também.
- Sim, ele me contou sobre essa visita. Ele disse que seu pai estava
muito irritado.
Isso era um eufemismo. Meu pai estava completamente louco. Me
perguntei na época como Jack poderia ter causado tal reação. Mas eu não
podia reclamar, porque antes que eu me desse conta, estávamos em um
avião voltando para casa e eu estava desejando que Jack tivesse desistido
de tudo antes.

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Eu olhei para Sara. Ela estava olhando de um jeito divertido, rindo
de mim perdida em minhas lembranças.
- Você sabe - disse ela -Jack acha que foi a melhor decisão que ele já
fez.
-Para ele, talvez - Eu não conseguia parar de pensar sobre o quão
melhor as coisas teriam sido ele se não tivesse largado tudo. Como ele
provavelmente ainda estaria falando com meu pai. Como eu poderia
tranquilamente voltar e ficar aquicom ele.
-Eu sei que é muito difícil para qualquer um entender e eu não tenho
certeza se um dia vai dar para ser capaz de explicar de forma adequada a
você, mas para Jack, juntar-se a Unidade foi a sua maneira de lidar com o
que aconteceu com sua mãe.
-Eu acho que eu entendo - Mais do que ela imaginava.
- Sério?
-Sim.
Ela apertou meu joelho.
- Tenho certeza que ele vai fazer as pazes com seu pai. Você não
deve se preocupar com isso. Basta dar tempo à eles.
Sim, o tempo curaria tudo. Gostaria de ser tão positiva comoela.
Jack entrou quando Sara estava terminando. Ela insistiu de me
emprestar um par de saltos com o qual eu mal podia suportar ficar em pé,
muito menos andar. Olhei no espelho e sorri paraa estranha que eu via
ali. Com o cabelo fora meu rosto, minhas bochechas se destacaram
maisproeminentes e meus olhos estavam enormes.
O rosto de Jack disse tudo. Se o seu maxilar tivesse caído um pouco
mais,teria atingido o chão. Seus olhos quase pularam para fora e rolaram
para baixo como bolas de golfe.
-Linda blusa - foi tudo o que conseguiu dizer.
- É um vestido-eu respondi.
Sara deu um tapinha em Jack nas costelas.
- Ela está linda. Vamos – ela disse, empurrando ele pelo corredor. -
Nãopodemos nos atrasar para o aniversário de Alex.

O restaurante era tranquilo e iluminado com velas, e quando


entramos eu queria imaginar que nós estávamos em um encontro duplo
com meu par já ali, esperandona mesa do canto.
Alex levantou-se quando ele me viu e eu quase tropecei caindo para
trás em cima dogarçom. Eram os sapatos. Eu não estava acostumada a
usar saltos e andar simultaneamente. Alex usava calça preta e uma
camiseta cinza escura.

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Olhei para cima e capturei uma tensão familiar nos músculos da sua
mandíbula e um lampejo de algo em seus olhos que brilhavam como uma
luz safira no salão.Peguei meu presente cuidadosamente embrulhado e
empurrei para ele.
Alex pegou com um sorriso apertado e um agradecimento em
seguida, colocando no bolso sem abrir. Olhei para ele, sentindo meu
coração travar. Jack baixou o menu.
- Você se lembra de quando você veio aqui antes? Como o garçom
não conseguia tirar os olhos de Rachel?
Eu levantei o meu menu para esconder minha cara quando a minha
fantasia de encontro duplo desapareceu.
-Alex, os garçons vão pensar que você é O Homem, na semana
passadavocê apareceu com Rachel, este mês você está com outra menina
bonita!
Sara estava rindo. Alex não respondeu. Me aproximei mais ainda do
menu e fiquei encarando as letrinhas pequenas. Ele a trouxe aqui. Em um
encontro. Eu senti como se tivessem me partido em dois com uma faca
sem corte.
O garçom chegou para pegar nossos pedidos. Chegou em um
momento ruim. A caneta disparou de sua mão como um foguete
rebelde. Eu vi ela saltar fora e cair a seus pés, onde ele procurava por ela.
Olhei para os outros para ver se eles tinham notado. Apenas
Alexparecia confuso. Quando ele me viu olhando para ele, desviou o olhar.
Depois do comentário sobre Rachel ele tinha ficado um pouco mais
quieto, sem dúvida, desejando que elaestivesse ali com ele em vez de
mim. Tinha certeza de que ele estaria olhando muito mais nessa direção
se ele tivesse o rosto perfeito de Rachel diante dele. Tirei meus sapatos
debaixo da mesa e queria soltar meus cabelos e limpar a minha
maquiagem. Qual foi o ponto disso tudo? Provavelmente eu poderia ter
sentado ali nua com um sinal na minha cabeça dizendo Eu te Amo e ele
ainda não notaria. Sempre seria a irmã de Jack. A irmãzinha de Jack.
Alex voltou os olhos e para a porta da cozinha que estava
balançando para frente e para trás, enquanto um fluxo constante de
garçons iam e vinham, com pilhas de pratosempilhados. Eu sabia onde
isso ia terminar antes mesmo que eu pudesse parar.O próximo prato
saltou da mão do garçom como se um torpedo o tivesse atingido. Eu vi o
olhar de confusão em seu rosto quando o prato sozinho voava para fora
de seus dedos e atingia o outro lado do salão, deixando uma porção
grande de spaghetti emaranhado no chão como se fosse uma tela de
Jackson Pollock. O salão inteiro se virou para olhar, várias dezenas de
pares de olhos se dividiam entre o prato caído no chão até o garçom com
calças manchadas de molho de tomate. Mordi o lábio inferior, com todas
as minhas forças.
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A saída do restaurante para o Belushi só ajudou a aumentar o meu


desespero. Alex mal havia me dirigido um olhar durante toda a refeição e,
agora, nemmesmo falava comigo. Jack e Sarah estavam muito à frente,
deixandoAlex e eu na parte traseira, andando alguns metros de distância
um do outro em um silêncio frio. Tirei meus sapatos de salto alto
emprestados de Sara, que já estavam me deixando um pouco agoniada e
andeicom meus pés descalços. Eu podia jurar que vi um sorriso piscando
no rosto de Alex, quando me abaixei para pegar osapatos, mas ele ainda
mantinha os olhos no caminho e as mãos nos bolsos.
Eu tremia no meu vestido e me abracei, esfregando a pelegelada em
meus braços. Alex virou-se para mim e eu pensei, ou talvez só esperei
quecolocasse o braço em volta de mim, mas ele permaneceu firmemente
com as mãos no bolso. O luar descoloria o seu cabelo deixando de um
loiro quase branco e fazia sombrasem seu rosto. Sem dúvida, ele tinha
andado por esse mesmo caminho comRachel. Aposto que ela conseguiu
andar em saltos bem altos. E ele tinha colocado seu braço ao redor
dela. Eu lutei não dobrar o poste de luz que havia no meio do caminho.
O clube estava lotado. Olhei em volta dos corpos apertadoscontra o
bar e agrupados em torno de pequenas mesas de cocktail. A Unidade
inteira estava lá. Eles não usavam uniforme, mas eram tão óbvios como só
eles poderiam ser. O resto dos homens do lugar ficavam à uma ampla
distância, como ficaria uma matilha de cães selvagens.
Alex foi direto em direção à um grupo deles em uma das mesas e eu
estava atrás dele, me sentindo completamente desfeita, como se um
zípertivesse sido aberto e tudo dentro de mim estivesse se derramando.
-Ei, você está aqui.
Eu me virei. Era o garoto mais jovem da Base. Qual era o nome
dele? Jonas? Talvez?
- Posso te buscar uma bebida?
-Hum, er ...
-Não, estamos bem, obrigado, eu vou cuidar disso - meio que
rosnouJack.
Dei de ombros para Jonas e olhei para Sara. Ela revirou os olhos
para mim.
- O que você quer? - Jack disse, olhando para mim como se eu fosse
surda. Eu então percebi que ele já tinha me perguntado duas vezes.
O que eu quero? Agora essa era uma boa pergunta. Olhei para Alex,
e então eu percebi que ele estava me perguntando o que eu queria beber.
-Hum, Coca-Cola, obrigado.

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Jack empurrou através da multidão. Jonas tinha tomado a dica e se
afastou , se reunindo com os outros homens em volta.
-Ele é muito bonito, não é?
Virei a cabeça. Sara balançou a cabeça em direção a Jack.
Olhei para trás em direção à Jack.
-Hum, sim, eu acho. Ele é meu irmão.
- Não. Eu não estou falando sobre ele! - Ela riu suavemente. Ela
assentiu com a cabeça mas para o outro ladodo bar e eu segui seu olhar
até chegar em Alex.
-Oh. -Meu rosto congelou, imaginando como deveriareagir.
- Então, há quanto tempo você está apaixonada por ele?
Eu quase caí.
- Eu nãoestou ... Eu ... hum ...- A negação travou nos meus lábios. Eu
olhei para Sara etomei uma respiração profunda. - Toda a minha vida.
Ela me deu um pequeno sorriso.
- É tão óbvio? -Eu podia sentir escrito tudo na minha face.
-Nem um pouco. Apenas para mim. Sou paga para ver as reações de
pessoas, lembre-se - ela baixou a voz. - Eu vejo como vocêfica sempre que
ele se aproxima de você.
Eu olhei com horror.
- O que, o que eu faço? -Eu tive visões de meu rosto, a forma como
eu estava embaraçada.
-Oh, não é tão ruim assim - Ela estava desesperadamente tentando
me acalmar.
-É muito sutil. Quase como se você tivesse recebido uma pequena
partícula carregada. Você se sente à deriva, ainda assim querendo
cantarolar. Admito que é o que eu sinto quando estou perto de Jack.
Oh Deus.
- Jack sabe? - Olhei novamente para ele. Ele estava no bar agora.
-Oh. Não, claro que não. Eu não vou dizer, Lila. Não se preocupe.
- Obrigado- sussurrei, olhando ao redor para ter certeza de que
ninguém poderia nos ouvir.
- Você já pensou em dizer a ele?
- Quem ... Jack? –Ela estava louca? Preferia ser torturada. - Por que
faria isso? Ele ...
Ela me interrompeu.
-Não Jack, Alex.
-Você está brincando? NÃO. Absolutamente de nenhuma
maneira. Não.Ele não está modo algum interessado em mim dessa
forma. Ele me vê como uma irmã, isso é tudo. -Eu senti meu rosto
estremecer - E de qualquer maneira, não daria em nada.
- Por que não?- Ela parecia genuinamente interessada. Como se não
fosseóbvio.
Hunting Lila – Livro 1 – Sarah Alderson
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-Er. Bem, em primeiro lugar, tem a Rachel. – Meu Deus, eu tenho
que explicar?
Eu vi seu sorriso vacilar.
-Oh, sim. É isso.
Senti um soco no estômago. Então, eu estava certa. Sara
estremeceu.
- Rachel está definitivamente muito interessada nele. Isso é
evidente. Mas eu não tenho certeza de que ele está realmente interessado
nela.
- Por que não estaria? - Perguntei baixinho, com os olhos fixos em
Alex.
-Por muitas razões.
- Mas ela é linda.
-Ah, vamos lá, você sabe que Alex quer um pouco mais do que
isso. Sim, ela é bonita...
- E brilhante.
- Sim, e brilhante. Mas há muita coisa nelaque não é tão atraente.
Sim, é uma cadela, pensei.
- Eu acho que você deveria dizer a ele.
Eu ri.
- Você está louca? Eu nunca mais seria capaz de olhar para ele
novamente. - Eu balancei minhacabeça violentamente. - Isso iria arruinar
tudo, toda a nossa amizade. Ele não me enxerga.
- Ele ama você.
Meu coração pulou algumas batidas e, em seguida, começou a
galopar.
Ele havia dito alguma coisa à ela? Em seguida voltei ao ponto morto
quandopercebi que o amor à que ela se referia era o tipo fraternal.
- Exatamente -eu disse, engolindo em seco - Ele me ama como uma
irmã.
Eu fixei meus olhos na parte de trás de Alex.
- Mas ele pode começar a ver você de forma diferente se você
dissesse como se sente.
- Sim, ele pode começar a me ver como uma completa idiota.
Ela reprimiu um sorriso.
-Se você não disser, você nunca saber o que ele poderia ter dito.
- Er, não. Mas eu tenho uma boa imaginação.
- Talvez não seja tão ruim - ela riu.
Sim, seria pior. Minha mente estava trazendo várias cenas que me
davamvontade de querer me jogar no chão ali mesmo e me enrolar como
uma bola. É impossível, absolutamente impossível.

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-Tudo é possível, Lila - Sara parou por um segundo, como se
estivesse pensando. - Se você o quer realmente. Se fosse comigo, eu
correria o risco.
Eu respirei, mas ela me impediu de falar, segurando sua mão para
cimapara eu esperar ela terminar.
– Você ama ele desde sempre. Eu acho que é seguro assumir que
você continuar amando, certo?
Eu não respondi. É claro que eu continuaria amando ele.
-Então, como você pode não dizer nada? - Ela sussurrou.
Ela estava certa.
-Estou com medo.
Ela olhou para Jack, de volta para nós com as bebidas, e então disse:
-Você sabe, há um velho ditado, eu não tenho certeza da tradução
exata, mas é algo como: "Aquele que teme sofrer, sofre de medo", pense
nisso.
Ela virou-se para dar à Jack um sorriso enorme e tomar a bebida que
ele estava oferecendo.
Olhei para Alex e pensei sobre o que ela disse. Ele aindaestava de
costas para mim. Eu me imaginei andando em direção a ele, tocando seu
ombro,esperando que ele virasse para, em seguida, dizer “eu te amo”.
Sim, eu estava feliz de sofrer de medo.

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Capítulo 15
O Banheiro Feminino ficava na parte de trás do bar. Enquanto eu
caminhava para dentro, a porta se fechou atrás de mim com uma batida, e
eu ouvi o barulho de um trinco. Mevirei, meu coração em minha boca. Um
homem estava encostado na porta,sua mão descansando no trinco.
Meu primeiro e único pensamento foi que eles estavam
errados. Que os assassinos não tinham fugido para o México. Eles tinham
me encontrado e essa seria a vingança da qual Alex tinha me avisado.
Então o homem se virou para mim e eu o reconheci da Seven-
Eleven.Era o homem louco na parte do macarrão. Eu me inclinei contra a
parede oposta, os meus olhosvoando ao redor do banheiro procurando
algo para arremessar. Não havia nada. Apenas toalhas de papel: não iriam
fazer muito dano.
- Preciso de sua ajuda - disse o homem, vindo em minha direção.
- Quem é você? - Gaguejei.
- Eu ... -Ele deu mais um passo em minha direção e eu tremi. Olhei
para a porta, desejado mover o trinco. Ele não percebeu o meu olhar, e
deu mais um passopara mim, com as mãos levantadas defensivamente. Eu
consegui mover um pouco a trinca.
-Eu sou conhecido como Key. Preciso de sua ajuda, Lila.
A trava parou de se mover, quando eu ouvi ele dizer meu nome. Ele
não olhou para a porta, mas somente mantinha os olhos em mim.
- Como você sabe o meu nome? - Perguntei em um sussurro.
- Eu sei o seu nome, e sei quem você é. Eu sei o que você pode
fazer. Eu sei tudo sobre você e seu irmão - falou lentamente, deixando o
impacto de cada palavra me atingir.
- O quê? Quem é você? - Minha mente estava girando. O que ele
sabia? - Não entendo, o que você sabe sobre mim? Sobre Jack?
-Não entre em pânico. Eu não vou te machucar. Eu não sou um deles
- Suas mãos faziam um gesto de rendição.
- Um deles quem? - Eu disse timidamente.

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-Eles. As pessoas das quais o seu irmão está tentando te proteger.
Meu estômago revirou.
- Como você sabe disso? Você não é da Unidade - Agora eu estava
sussurrando.
-Não, não, eu definitivamente não sou um deles, de jeito nenhum -
Ele balançou acabeça uma vez, sua expressão era severa.
- Como você sabe tudo isso, então? - Eu perguntei, me inclinando no
lavabo.
- Porque eu estou procurando pelas mesmas pessoas que o seu
irmão.
- Por quê?
Eu vi a dor aparecer em seus olhos escuros.
-Por que meu filho, Nate, levaram meu filho...
Uma batida na porta nos fez saltar. O homem olhou eem seguida,
voltouos olhos para mim, com o pânico em seu rosto. Ele estava me
implorando para ficar em silêncio, para não trai-lo.
- Um momento- gritei com a voz trêmula.
- O que é? - Gritou uma voz de mulher, em resposta.
-Aqui está com um vazamento, estamos tentando consertar.
Ouvimos passos se afastando. Virei em direçãoao homem. Ele
estava com expressão de alívio e estava encostado contra a porta de um
box. Tentei desembaraçar meus pensamentos.
- Por que levaram o seu filho?
Ele olhou para mim. Seus olhos estavam pequenos e pesados. Não
parecia alguém importante.
- Quem é você para levarem seu filho?
Ele balançou a cabeça para mim.
- Ele não estão me tentando pegar. Eles não sabem sobre mim. O
problema todo é... é o que elepode fazer.
Finalmente comecei a entender, como se a anestesia estivesse
perdendo o efeito.
- O que vocês podem fazer? - Eu sussurrei
- Nós somos como você -O frio tomou meu coração - Nós podemos
fazer coisas.
Ele continuava mantendo firme contato visual comigo.
Engoli em seco, tentando manter a calma.
- Que coisas?
-O mesmo que você. Bem, não exatamente o mesmo, mas coisas
similares; temos talentos ... Eu não posso explicar agora, mas eu preciso de
sua ajuda.
Isso era uma armadilha. Tinha que ser. E se ele fosse um dos caras
maus?Uma das pessoas que estava atrás de mim? Não havia nenhuma
maneira eu fosse admitir algo sobre a minha habilidade.
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- Não estou entendendo. Não faz nenhum sentido.
Ele olhou para mim com as sobrancelhas levantadas, como se ele
me pedisse para parar de mentir. Se ele era uma das pessoas que estava
atrás de mim, por queveio sozinho? Olhei novamente para a porta, em
seguida, de volta para ele. Sua expressão era uma súplica silenciosa.
- Por que você está me dizendo isso? Precisamos dizer isso para
Jack. Ele que pode ajudar. Eu não sei nada sobre as pessoas que estão com
o seu filho.
Ele deu um passo em minha direção.
-Não. Você não pode dizer para Alex ou Jack ou qualquer um deles
da Unidade.
- Por quê? Como você sabe da Unidade?
- Só me escute – Ele se calou um pouco, mas sua expressão era
feroz - Você não podedizer.
Um medo abafado finalmente me encheu, fazendo minha voz ficar
trêmula.
- Por quê?
Ele estava a apenas alguns centímetros de distância de mim
agora. Minhas mãos estavam entrelaçadas.
- Porque, Lila, eles caçam pessoas como nós há 5 anos.
Outra batida na porta me fez afundar no chão.
- Lila?
Meus olhos voaram para a porta.
Jack estava chamando meu nome novamente.
- Lila?
Eu congelei. Key olhava para mim, com os olhos cheios de
medo. Quem era este homem? Como eu poderia acreditar nele? Era o
meu irmão que estava lá fora.
Eu hesitei, me perguntando se não deveria pedir ajuda à Jack, mas
em vez disso eu olhei para Key. E se o que ele estava dizendo era verdade?
- Eu já vou sair em um segundo - eu disse com a voz rouca.
- Por que está demorando tanto? - Jack gritou, tentando virar a
maçaneta -Porque a porta está travada?
-Eu só ...- Eu sentia alfinetadas de suor saindo por todo o meu corpo
- Eu, hum ... só ... são coisas de mulher Jack!
Eu fechei meus olhos e rezei para que Jack ficasse com vergonha de
falar mais alguma coisa e simplesmente saísse. Foram dez segundos
silêncio do outro lado da porta. E então ele largou a maçaneta.
-Oh - Finalmente ouvi ele dizer - Ok, te vejo daqui a pouco.
E então se foi.
Key esperou até eu me endireitar, e então parei.
- Como a gente? - Eu perguntei - O que você quer dizer com “eles
caçam pessoas como nós”?
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Podia ver a cor âmbar de seus olhos, manchados com listras
vermelhas.
-Quero dizer que caçam pessoas como você, como Nate, como
eu. Pessoasque têm um talento. Eles usamnossas habilidades de diferentes
maneiras. A Unidade não sabe sobre mim, mas eu temo que eles saibam
sobre o meu filho.
Eu balancei minha cabeça.
- Eu não sei o que você quer dizer.
Ele suspirou.
-Lila, eu te vi, eu sei quem você é, eu tenho acompanhado você
desde que te vi na base com seu irmão e esse cara Alex. O macarrão no
restaurante há um tempo atrás? - Ele deu um ligeiro toque no lado de sua
cabeça – Eu sei que você fez com a sua mente.
Minha respiração ficou presa na minha garganta.
- Como é que você sabe disso? Como você pode ter visto isso? Você
está mentindo.
- Eu não preciso de estar no meu corpo para me mover. Paraver as
coisas e ouvir coisas.
-Huh-bufei - Correto. - O que eu estava pensando? Eu deveria ter
chamadoJack quando tive a chance.
-Projeção Astral, Lila Eu me projeto; deixo meu corpo e posso estar
em outros lugares.
Desta vez eu ri.
- Então você está dizendo que você pode voar? Você honestamente
espera que eu acredite nisso? - O homem era um lunático. E o que eu
estava fazendo ouvindo aquilo?
- Você pode mover coisas com sua mente?
Eu parei de rir. Quando você coloca as coisas dessa forma. Apertei
os olhos para ele. Nãoparecia alguém que podia voar. Mas então não é
como se eu fosse diferente dos outros também.
- Então você está dizendo que há outros? – Pergunteiem voz baixa.
Ele balançou a cabeça, segurando meu olhar fixamente como se
tivesse medo que eu fizesse uma loucura.
-Alguns, como você; alguns, como eu, outros podem fazer
coisasdiferentes.
Eu ri baixinho. Por que nunca tinha imaginado que houvessem
outros?
-Então ...
Antes que eu pudesse terminar o resto da frase, ele interrompeu
com suavoz urgente.
- Mas isso não importa agora. Preciso de sua ajuda.
Eu o ignorei.

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- A Unidade ... Você diz que eles estão caçando pessoas como nós. O
que quer dizer?
Ele mordeu os lábios e eu me vi implorando por suas palavras.
- Isso é o que eles fazem, Lila - Ele parou - É sua única função:
encontrarpessoas com habilidades como as nossas e ... - Ele parou.
Engoli em seco.
- E o quê?
Key se afastou de mim.
- Eu não sei exatamente. Mas quando eles pegam alguém e levam
para sua Base emPedleton; eles chamam ...de contenção. E as pessoas...
elas nunca mais aparecem. É por isso que ativei o alarme na base, para
que você não fosse pegalá dentro. Eu não tinha certeza se eu iria ver você
novamente se ele percebesse algo.
Por “Ele” certamente Key se referia à Alex.
- Mas ... - Eu não conseguia encontrar as palavras para completar o
pensamento. Alex e Jack, todo esse tempo, caçando algo ; e esse algo era
eu. Ou pessoas como eu.
Eu olhei nos olhos de Key.
- Não estou entendendo. Por quê?
Ele olhou para trás e deu de ombros ligeiramente.
- Medo do desconhecido? Medo do que você seria capaz de fazer?
- Mas por que alguém deveria ter medo? -Então me lembrei do
menino cujos olhos eu apontei a faca apenas usando minha habilidade. Ele
tinha ficado com muito medo.
-Lila, nem todos são como você ou eu. Apenas tentando viver as
nossas vidas, sem chamar a atenção para o que somos. As pessoas que
levaram meufilho, as pessoas que o seu irmão está tentando pegar , esse
homem, Demos, é alguém a temer.
- Demos? Quem é? E por que é alguém a temer?
-Porque Demos quer poder ; quer todo o controle.
Key caminhou até onde eu estava de pé perto da porta. Estava
olhando para mim como se tudo aquilo fosse óbvio, mas eu não tinha
idéia de nada. Poder? Controle? Sobre o quê? A única coisa que eu sabia
era que eu precisava sair e encontrar Alex.
E então eu percebi que seo que ele estava dizendo sobre a Unidade
era verdade, eu não poderia contar mais com Alex. Nem com Jack. Nunca
mais. Eles estavam atrás de mim. As lágrimas rolaram pelo meu rosto e eu
me inclinei para tomar ar. Key me segurou pelos ombros e eu comecei a
tremer muito.
- Preciso de sua ajuda! - Ele estava gritando para mim e me afastei
dele.
- Você continua dizendo isso - eu soluçava - Mas o que eu posso
fazer? Você disse que existem outros como eu, mas piores, e que o meu
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próprio irmão vai me caçar, se soubesse? – dei uma risada vazia. - Isso é
ridículo, Jack é o meu irmão. Nunca deixaria ninguém me machucar.
Key parecia cético.
- De qualquer forma - eu disse - O que te interessa?
-Eu me importo, porque agora você é a única pessoa que pode me
ajudar.
Eu balancei a cabeça e não disse nada.
-Demos tem o meu filho e não sei para onde eles o levaram. Preciso
encontrá-los. Eu preciso pegar ele de volta antes que a Unidade pegue
eles. Não posso perder o meu filho-Um flash de dor atravessou seu
rosto. Ele olhou para mim, rapidamente - Eu estava seguindo a Unidade e,
em seguida, eles pegaram Alicia e então eu o perdi.
- Quem é Alicia?
- A pessoa que a equipe de seu irmão capturou na outra noite. A
noite que você chegou.
Demorei alguns segundos para processar tudo isso.
- Lila? Você sabe de alguma coisa?
- Como o quê? Isso tudo é novo para mim. Eu não sei. Desculpe.
- Mas você deve ter ouvido falar alguma coisa? Seu irmão
mencionou alguma coisa; algo sobre as suas missões?
De repente, lembrei-me de algo.
-Cruzaram a fronteira. Para o México. Eu não sei onde exatamente.
- Você tem certeza? - Ele se aproximou. - Por que eles iriam para o
sul? - Ele se virou e começou acaminhar, descansando a cabeça em suas
mãos.
- Eu não sei, isso é tudo o Jack disse.
Key voltou para mim.
- O que mais?
- Nada, nada para mim.
O homem já estava na minha cara de novo, soprando o bafo de
cigarro nos meus olhos.
- Eles estão perto? A Unidade está perto de pegá-los?
Eu balancei minha cabeça.
- Eu não sei, estão no encalço. Não sei o impede a Unidade de
prendê-los.
- Prisão? É isso que você pensa? - Uma risada áspera saiu de seus
lábios. - Lila, você pode ter certeza que eles não vão prender ninguém, é
por isso que eu preciso encontrá-los antes que a Unidade encontre. Eu
preciso buscar meu filho antes que seu irmão e seus amigos peguem ele
com eles.
Senti as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.
- Eu preciso saber onde eles estão eo que a Unidade está
planejando.
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- Como? O que você espera que eu faça? Pergunte assim,
simplesmente?
- Não.
Passei a palma da minha mão no meu rosto.
-Se você sabe tanto sobre mim; Jack e a Unidade, se você pode fazer
o que você diz que faz, estar em vários lugares e voar ... - Ele fez uma
careta, mas eu continuei. - Então por que não pode conseguir a
informação sozinho? Por que você precisa da minha ajuda?
- Eu não posso entrar na sua casa por causa desse sistema de
alarme.
Deixei escapar uma respiração afiada.
- É para isso que serve?- Eu perguntei. – Para manter pessoas como
você impedidas de entrar?
Key levantou uma sobrancelha.
-Pessoas como nós, Lila.
- Bem, como eu posso entrar, então? -Eu atirei de volta.
- Somente funciona, somente se ativa, se nós usamos os nossos
poderes. Possui tipo de sensor eletromagnético. Um projetor não pode
passar. Nem qualquer telepata.
Pensei em Suki nas escadas espionando correspondências através
da caixa de correio. Se eu tivesse ligado o alarme, naquela manhã, ele
teria tocado se ela usasse seus poderes? Então lembrei-me como tinha
quebrado a janela fazendo uma escova voar e acendi o interruptor de luz
sem tocá-lo.
- Bem, como é que eu não fiz ele tocar, então? - Eu exigi, minha voz
tremendo. - Todo o tempo que eu estive lá, como é que eu não ativei o
alarme? Houve uma dúzia de vezes que eu poderia ativá-lo.
- Eu não sei - disse ele, parecendo confuso – estava ligado?
Eu fiquei com a boca aberta e tentei me lembrar. Quando a escova
voou, o alarme não foi ativado porque eu havia acabado de entrar na casa
e não liguei. Uma vez quando cheguei, com a mala de viagens, Jack tinha
desativado o alarme quando entramos na casa. Mas houveram outras
vezes. E a vez do interruptor? - Eu fiz uma careta para Key. Parecia muita
sorte que o alarme estivesse desligado no momento em que usava minha
habilidade. Muita sorte. E a sorte não era exatamente meu ponto forte.
- Olha - disse Key de repente. - Você pode apenas dar uma olhada
na casa? Nãoposso correr o risco de ficar perambulando nas
proximidades. Não com toda a segurança e carros do lado de fora.
A Unidade não sabe sobre mim, é muito arriscado.
- Você acha que há alguma coisa na casa? Como o quê? - Eu
perguntei.
Ele deu de ombros.

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- Eu não sei. Talvez Jack tenha informação sobre Demos e seu
pessoal, onde estão ou quando pretendem fazer um movimento. Eu quero
saber se eles sabem sobre Nate. Ouça, eu não estaria vindo até você, se eu
tivesse outra escolha. Mas eu não posso entrar em seus quartéis e eu não
posso entrar em qualquer um de seus apartamentos. Além disso, seu
irmão é um tenente, provavelmente tem acesso a mais informações do
que outros.
Minha mente girava. Se o que Key estava dizendo era verdade e
Jack guardava informações na casa em algum lugar, eu precisava
encontrar. Eu precisava saber o que estava acontecendo. Eu precisava
saber se tudo isso era verdade.
- Tudo bem - eu sussurrei. - Eu vou te ajudar.
O alívio no rosto dele era palpável. Eu pensei que ele iria chorar.
- Obrigado. - Ele apertou minha mão.
-Eu tenho que ir - eu disse - Já devem estar se perguntando onde eu
estou. –Aspalavras escaparam.
Key assentiu.
- Bem, eu vou embora antes que eles venham verificar.
Antes que eu pudesse me virar para olhar de novo para ele, ele se
foi, simplesmente sumiu. Parei no local onde ele estava de pé, minha
respiração começando falhar. Pequenos pontos pretos pulando na frente
da minha visão e eu cambaleei para trás caindo em um dos cubículos. Eu
caí no assento e coloquei a cabeça entre os joelhos. Um soluço quebrado
e profundosaiu para fora do meu peito e pressionei meu punho contra os
lábios para contê-lo.
Eles não sabiam, mas Jack e Alex estavam me caçando. Meu próprio
irmão e a pessoa por quem sempre fui apaixonada iriam me matar ou me
"conter", seja lá o que fosse que isso quisesse dizer, se é que sabiam o que
era.
Nada do que eu tinha imaginado sobre Unidade chegava perto
disso.
Eu me ajeitei e respirei fundo. Talvez Key tivesse inventando
tudo. Tinha que estar. Era muito absurdo. Tinha que ser uma armadilha.
Mas a voz na minha mente estava calma, dizendo alto e claro que
não era uma armadilha. Porque de alguma forma estranha, na verdade,
tudo fazia sentido. Todas as peças se encaixavam: os segredos, o alarme, o
fato de que não fossem capazes de pegar as pessoas de quem eles
estavam atrás,mesmo sabendo onde eles poderiam estar. Porque seus
alvos tinham poderes, habilidades ... assim como eu.
Eutinha que partir. Neste segundo. Pegar um avião e sair dali antes
que eles me descobrissem.
Mas como poderia fugir? Eu hesitei. Talvez eles nunca
descobrissem.Talvez eu pudesse ficar.
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Não. Eu tenho que ir. Dada a minha falta de controle eo número
dealarmes em todos os lugares, era um milagre que Alex e Jack já não
soubessem sobre mim ainda. Será que eu seria presa se eles
soubessem? Eu estava certa sobre isso, eles achariam que eu era uma
aberração e me levariam a uma unidade de segurança para testes. Era
engraçado. Eu realmente ri alto. Não, era muita histeria. Eu poderia até
reconhecer que era exagero.
Eu ouvi a porta do banheiro abrir eo barulho do caminho para o bar
em gritos de algumas mulheres nas proximidades. O som chamou-me de
volta para o presente. Eu estava sentada no cubículo de um banheiro em
um clube cheio de homens que adorariam me prender, me mandar para a
“contenção”. Eu precisava me recompor e sumir de lá.
Levantei-me, arrumando o meu vestido e destravando a porta do
cubículo onde estava. Parei para lavar o rosto e joguei água fria no meu
rosto, limpando os restos da minha maquiagem, voltando a ver a menina
com os olhos abertos no espelho, parecia que eu havia acabado de sair de
um acidente de carro.
Hora de ir.
Eu empurrei a porta devagar, olhando aflita para os membros
dispersos da Unidade no bar,rindo e balançando suas cervejas. Um arrepio
percorreu minha espinha, como se alguém andasse sobre a minha
sepultura. Eu não teria nenhuma possibilidade, mesmo com a minha
capacidade, mesmo com toda a cerveja que aqueles homens haviam
bebido. Ainda assim, ninguém tinha me dado falta enquanto estavano
banheiro com Key, então por que começariam a sentir minha falta agora?
eu não tinha idéia.
Então eu vi Alex. Era fácil notar ele, mesmo na multidão. Era a
maneira que eleparava, como se estivesse constantemente em alerta. De
que, eu já sabia agora. De mim. Contra mim. Ele virou-se e eu pude ver o
contorno de seu rosto, a trilha da barba e as sombras de seus olhos sob as
luzes baixas. Ele estava rindo de algo que alguém estava dizendo.
E de repente a idéiame pareceu absurda. Eu não conseguia deixar
Alex. Era impossível deixar de contemplar. Bastava eu contar tudo. Eu iria
até lá agora e contaria tudo. Ele tinha prometido que não deixaria nada de
mal acontecer comigo. Talvez se eu contasse tudo, a Unidade iria perceber
que eles cometendo um erro ao tentarconter pessoas como eu. Alex
entenderia e faria tudo ficar bem. Ele sempre fazia tudo ficar bem. Eu dei
um passo na direção dele.
Ele então se virou e eu vi a pessoa que estava falando com ele e o
fez rir, era Rachel.
Ela estava incrível: loira, magra e deslumbrante, como se tivesse
sido mergulhada emouro. Eu senti como se estivesse fora do ar, como se

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Rachel com os seus saltos altíssimos, seu minúsculo vestido curto, e com
um sorriso no rosto,brutalmente me golpeasse no estômago.
Eles faziam uma imagem terrível: Alex inclinando seu rosto para ela,
com a mão em sua cintura como se estivesse prestes a empurrá-la em
seus braços. Rachel olhando para ele, com seus olhos arregalados, as
bochechas cheias de luz refletindo. Eles pareciam que estavam posando
para um anúncio de loção pós banho. Tudo o que ela estava dizendo,
estava claramente atraindo ele, ele se inclinava mais ainda para ela, sua
expressão séria. Eu esperava o golpe mortal e engoli em seco.
Eu queria gritar em frente ao bar que ele por favor parasse e
resistisse. Não é isso que se supõem que faria um bom fuzileiro? Sem
esperar por mais nada, eu me virei, tropeçando no meio da multidão sem
direção,com a visão borrada. Os olhos ardiam e eu estava meio cega pelas
lágrimas. Diante de mim, a porta da Saída de Emergência se abriu com
tanta força, apenas pelo mandar dos meus pensamentos, que quebrou
contra a parede oposta. Luteipara controlar as minhas emoções antes que
algo de ruim acontecesse, terminando com um salão cheio de homens,
incluindo meu irmão, sacando suas armas ou pistolas ou qualquer outra
coisa e apontando para a minha cabeça. A porta se fechou atrás de mim
com um estrondo forte. Eu parei em pé numa escada de concreto,
olhando em direção ao estacionamento traseiro.
Sentei no primeiro degrau e tenteime controlar. Eu queria ter o
poder de fazer com que a terra se abrisse ali mesmo na minha frente,
então eu poderia me jogar de cabeça na cratera que abriria. Não
aconteceria isso, no entanto. Não havia mais sentido em ficar. Mesmo se
eu não tivesse encontrado Key no banheiro não haveria sentido em
ficar. Eu precisava voltar para casa, encontrar qualquer informação que
pudesse e ir embora. Esta noite. Não havia outra opção.
Eu tenho me levantei e olhei ao redor do estacionamento. Havia
uma cerca de arame do lado esquerdo, que corria ao longo do edifício, e
um pequeno beco que levava à rua na frente. Eu apertei o corrimão e me
inclinei um pouco.
- Lila!
Eu gelei ao ouvir o som da voz de Jack. Ele passou pelo meio de um
grupo de homens amontoados na área da porta e veio em minha direção.
-Lila, como você está? Você está bem? -Ele desviou o olhar,
envergonhado, enquanto perguntava.
-Sim, tudo certo - Murmurei.
- Temos que ir - Ele gesticulou para os homens atrás dele. Eles
estavam indo para um SUV com vidros escuros. - O alarme da base foi
ativado novamente. Temos que ir verificar, mas eu aposto que é outro
alarme em falso. Realmente sinto muito te deixar aqui.

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A buzina soou de um carro e eu dei um salto. A porta do SUV
próxima à nós estava aberta, e as pessoas dentro chamavam Jack , havia
um outro carro, afastando-se do meio-fio, já entrando na auto-pista.
-Alex está aqui, e também a metade dos meninos. Fique e se divirta -
Ele sacousua carteira. - Aqui, toma.- Jack empurrou cinquenta dólares em
minha mão. - Compre uma rodada para todos. Sara e Alex vão te levar
para casa. Eu estarei de volta logo pela manhã.
Em seguida, rapidamente entrou no carro, a porta se fechou,
emanobrou em direção ao tráfego.
Eu tinha cinquenta dólares na mão, Jack estava indo para a base, eu
nãopoderia voltar para o bar e lidar com Alex e Rachel. Eu pensei sobre
isso por uma fração de segundo, então eu estendi a mão e parei um táxi.

Hunting Lila – Livro 1 – Sarah Alderson


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Capítulo 16
S ubi as escadas da varanda. A luz de segurança acendeu enquanto
colocava a chave e abria a porta. Eu fui para o alarme e desativei tudo,
olhando para cima, pensando se Key estava lá em cima ...
Era assim que funcionava? Se ele estivesse por perto, ele poderia
entrar agora, sem o alarme disparar?
Tirei meus sapatos. Eu precisava me concentrar. Seria apenas uma
questão de tempo antes que alguém viesse atrás de mim e eu precisava
sumir dali antes disso.
Eu estava no começo das escadas, congelada. Nunca mais veria
Alexnovamente. As conseqüências de partir de repente pareciam mais
impossíveis de suportar do que as conseqüências de ficar. Fechei os olhos
e senti as paredes me asfixiando.
Meus olhos se abriram. Precisava encontrar todas as informações.
Depois eu me decidiria se partia ou ficava. Eu não tinha certeza do que eu
estava procurando, mas talvez quem sabe alguns papéis explicando por
que o governo tinha unidades autorizadas dedicadas a erradicar a nós
como um vírus da gripe desagradável. Ou sobre o que eles faziam com as
pessoas quando são capturadas.
-Com a gente - eu disse em voz alta –quando somos pegos.
Corri para a sala de estar. O laptop de Jack estava sobre a mesa e
eu liguei. Me pediu uma senha. Eu hesitei por alguns segundos e, em
seguida, tentei "Sara", mas um sinal sonoro enjoado apitou e pedia que eu
tentasse novamente. Eu digitei o código do alarme. Outro sinal sonoro
agudo e um aviso de que tinha apenas um mais uma chance antes de ter o
acesso bloqueado permanentemente. Amaldiçoei em voz alta. Então meus
olhos encararam a foto da minha mãe na estante. Eu olhei para o teclado
e escrevi o nome de minha mãe, Melissa.
Senha aceita.
Eu olhei para a tela em estado de choque por um momento. Então,
em seguida, eu rapidamente me concentrei em toda a área de trabalho
buscando os últimos documentos de Jack e cliquei no primeiro.
Se chamavaDemos.
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Eu levei um momento para descobrir a conexão. Então me lembrei
das palavras de Key e meu coração ficou preso. Demos era o homem que
Key disse que tinha levado seu filho. Aparentemente, o mesmo homem
que a Unidade havia conseguido rastrearaté o México.
Eu cliquei para abrir o arquivo, minhas mãos tremendo. Um rosto
apareceu na tela. A imagem estava granulada e fora de foco, foi difícil
distinguir claramente os detalhes. O que eu podia ver era um homem de
cabelo preto, um queixo quadrado, olhos azuis sem vida e uma barba
escura. Meus olhos se moveram para baixo para o que dizia o texto abaixo
da imagem.

Nome / apelido: Demos


Nome Verdadeiro: Desconhecido.
Altura: 1,83 m.
Peso: aprox. 82 kg.
Habilidade Conhecida: Psicokenosista.

Mas o que era um psicokenosista? Eu não tinha idéia, mas com


certezaqualquer coisa que combinava com a palavra "psicopata" na frente
não podia ser bom.
Continuei lendo ...

Resumo: Considerado de alto risco, necessária segurança


máxima. Prioridade. Extremamente perigoso. Só se conhece a existência
dos psicokenosistas nos EUA. Fracasso em inúmeras tentativas de
apreensão. Não há armas suficientes para a sua contenção.
Condenações: Julgado e condenado à revelia pelo assassinato de
Melissa Lovedaye pelo assassinato de Andrew Burns , senador (ver
relatório crime e perfil, avaliação e análise forense).

Sentienjôo. As palavras pulavam na frente dos meus olhos. Subi as


informações na tela, para poder ver a foto novamente. O assassino de
minha mãe. Estava ali na minha frente. O homem que havia invadido
minha casa e esfaqueado minha mãe até a morte. O mesmo homem que
estava com o filho de Key. O mesmo homem que poderia ou não poderia
estar vindo atrás de mim para me usar como um peão em seu jogo ou
moeda de troca. Alex tinha mentido para mim. As pessoas que a Unidade
estava caçando eram as mesmas pessoas que mataram minha mãe. E as
pessoas que mataram minha mãe eram como eu.
Fechei meus olhos enquanto a sala praticamente parecia
girar.Pressionei o botão de rolagem para baixo. Eu não queria abrir os
olhos e ver o rosto de Demos novamente. Eu li as informações abaixo.

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Condenado também pelos seguintes crimes: roubo, extorsão,
seqüestro, assassinato em primeiro grau, tentativa de assassinato, traição,
conspiração para cometer traição (ver declarações judiciais, acesso
restrito).
Condenado à revelia à morte por injeção letal. Para ser
administrada dentro de 24 horas após a captura.

Ele já havia sido condenado? E condenado à morte? Eu caí para trás


na cadeira. Meus olhos seguiram a seguinte informação:

Associações conhecidas: liderando um grupo altamente organizado


e em rápida expansão de psigenes.

Psigenes? Eu era um desses? Abaixo estavam os perfis de umas


oitopessoas. Pequenas caixas de texto com fotografias colocadas ao lado
deles.
Eu fiz uma varredura da lista, registrando os nomes e rostos em
minha memória.

Alicia Harmon (telepata) - CONTIDA.

A imagem era de uma mulher negra, os olhos marcantes piscando para a


câmera. O fundo era uma luz branca brilhante. Ela tinha um corte em sua
sobrancelha e seu lábio parecia inchado, mas ela ainda estava
conseguindo inclinar o queixo para a câmera e sorrir.

Relação: Namorada.
Crimes: roubo, traição, conspiração para cometer traição, extorsão.
Sentença: Em processo.

Esta era a mulher que Demos queria de volta. Por ela eles poderiam
estar querendo me pegar para me negociar em troca. Eu estudei a foto
dela. "Contida” estava impresso sob ela.
- Contida - Eu disse em voz alta.
Parecia a palavra que os exterminadores usavam quando
conseguiam conter a proliferação de uma praga.
Rolei para baixo na lista.

Ryder (Tamizador) sobrenome desconhecido.

A foto dele havia sido tirada com o zoom de uma lente, mas era de
melhorqualidade do que a de Demos. Era uma foto de perfil de um tipo
normal andando pela rua, quase trinta anos, cabelos longos, um jeito de
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menino esperto por causa da forma como o seu lábio sorria, como se
soubesse que era alguém especial. Tamizador? O que era isso? Por que
eles não podiam usar uma linguagem mais simples pelo amor de Deus ...
não era como se eu tivesse tempo deconsultar o dicionário e ficar
procurando todas as definições.

Relação:: Associado à Demos à longo prazo.


Crimes: Furto, Roubo, Roubo de Carro com uso de Violência, traição,
conspiração para cometer traição, furto de segredos bancários,
assassinato em primeiro grau, o assassinato em segundo grau ...

A lista continuava em outro parágrafo. Eu tive um pensamento


nítido e claro, no entanto, assim que eu comecei a ler, me perguntando se
ele era uma das pessoas que tinha vindo atrás da minha mãe. Tinha que
ser. Outra onda de raiva tomou conta de mim.

Bill Fields (Telequinético)

Esse era como eu. Outra pessoa que poderia mover todas as coisas
com sua mente. Eu deveria ter ficado entusiasmada com adescoberta,
mas fiquei horrorizada. O homem era um cão de combate, com o pescoço
tão largo e grande como a sua própria cabeça, que estava raspada. Eu fiz a
varredura de sua lista de crimes, era tão longa quanto a de
Ryder. Assassinato em primeiro grau era um dos delitos mais comuns
deles.
Após a sua ficha havia a de uma mulher. AmberStark. Ela tinha um
cabelo vermelho flamejante, lábios carnudos e vermelhos e pele tão
branca que chegava a ser pálida. A imagem fazia parecer que sua cabeça
era uma tocha de fogo. Ela parecia ter quase trinta, mas era difícil
dizer. Olhei mais de perto. Embaixo eu pude ver que a habilidade desta
menina foi classificada como “Leitora”. Claramentenada a ver com os
livros.
Após Amberhavia um homem chamado Thomas Taylor. Era descrito
como um “Projetor”. Thomas também havia sido contido. A informação de
Keyde que quando as pessoas eram pegas elas não retornavampelo que
pude notar era bastante precisa.
Abaixo de Thomas estava Harvey James. A foto mostrava um
homem decerca de trinta anos. Ele tinha um cigarro na boca e ele estava
usando um Ray-Ban. Pela sua aparência, ele poderia se passar por um dos
rapazesda Unidade. Era telecinético. A sua ficha relatava que ele era
acusado de assalto a banco, assalto agravado, roubo de residência e era
suspeito de assassinato. Quem não era? - Pensei. Impresso na parte
inferior da página estavam as palavras: escapou da prisão de San Quentin.
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A última imagem era de uma menina: japonesa, bonita e sorridente
como o gato Risonho (personagem da Alice no País das Maravilhas)
posando para Mario Testino. Eu olhei para o nome sob a imagem sentindo
como se o mundo estivesse desmoronando ao meu redor. Eu já estava
meio em ruínas, mas este foi o golpe finalpara fazer tudo desmoronar.

Suki Nakamura (telepata)

Ela era uma leitora de mentes, então.


Uma mão de repente tapou na minha boca e os meus pés foram
levantados do solo. Meu nariz estava meio coberto pelos dedos
ásperos. Engoli em seco a respiração, com meu cérebro um passo à frente
dos meus pensamentos, me preparando para um grito antes mesmo de
processar o que estava acontecendo. Mas sem ar era difícil gritar e eu
sentia mesmo é que iria me asfixiar.
Uma voz de homem sussurrou em meu ouvido:
- Calma, fica quieta!
Me esforcei para obedecer, o pânico fazia brotarem lágrimas em
meus olhos. Tentei explorar a sala para encontrar um objeto que poderia
atingir nele, mas não conseguia me acalmar o suficiente para me
concentrar em nada ao meu redor.
Idiota– pensei - Uma das únicas pessoas no planeta com um talento
especial para me defender de quem me ataca e mesmo assim eu não
consigo fazê-lo funcionar.
-Shhhh, sou eu, sou eu. Jack está aqui? - O tom de voz era frenético.
A mão afrouxou o aperto e eu pude inalar um pouco de ar,
engolindo. Virei a cabeça, meus olhos brilharam em direção ao
telefone. As palavras que ele havia dito me despertaram, ao mesmo
tempo em que eu vi seu rosto, mas no segundoque comprovei que era Key
quem estava me segurando, o telefone veio voando pelo ar em direção à
sua cabeça. Ele caiu no chão com um barulho, batendo o pé e me
xingando.
Eu me soltei dos seus braços e o encarei.
- Que você está fazendo na minha casa?
- Jack está aqui? Ele voltou? -Key estava pulando para cima e para
baixo,ansioso e com os olhos arregalados.
-Não -Eu balancei e limpei meu rosto, tentando remover o gosto
deixado em minha boca pela sua mão. - Que você está fazendo? Eu disse
que ia ajudar, não precisava invadir minha casa e ...
Ele se lançou-se em minha direção.
- Você tem que sair agora.
- O quê?

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- Você tem que ir agora - Ele começou a me empurrar para fora da
sala, me puxando pelo braço. Eu me deixei ser empurrada.
- O quê? Por quê? - Eu já sabia a resposta antes que ele dissesse, eo
medo se abriu como um túnel através de mim.
-Eles estão vindo. Eles estão a caminho. Foi um deles que acionou o
alarmeda base. Foi uma distração. Eu não posso acreditar que seu irmão
caiu nessa. Porquê você saiu do bar? Sozinha! Você está louca?
Estávamos na cozinha. Keyse atrapalhou com a tranca da porta dos
fundos.
- Mas ... como? Eles estavam no México. Jack disse. –
Key tinha que estar errado.
- Bem, eles não estão no México agora. Eles estão de volta. Assim
que eu saí,uma das pessoas de Demos estavado lado de fora. Estava bem
confiante. Como se nem se importasse de ser reconhecido pela Unidade.
- O que ele estava fazendo lá? - Perguntei hesitante.
-Havia apenas uma coisa neste bar de algum interesse para Demos -
Ele me deuum olhar que gelou meu sangue. - Então você veio saiu por
conta própria e pulou em um táxi. E isso é tudo. O homem de Demos
correu para um carro e eu corri aqui para avisá-la. Com a mesma certeza
que eu tenho de que a minha mãe vai para igreja duas vezes no domingo
sei que eles estão vindo para cá.
Olhei para ele.
- Droga! Como você faz para abrir essa porta ? - Ele estava puxando
tão forte que estava em perigo de arrancar a própria porta.
Me abaixei e girei a trinca na parte inferior ea portaabriu.
- Vamos! -Eu corri para o terraço traseiro.
Eu voei para a frente sobre os degraus de madeira, batendo com o
cotovelo no batente da porta e soltando um grito. Keyde repente caiu em
mim, nas escadas para o gramado. E, em seguida, vi que um homem
estava em cima dele, batendo com o punho em seu rosto.
Eu massageei meus joelhos e me levantei, olhando ao redor para
ver se alguém estava vindo atrás de nós. Minhas pernas tremiam como se
estivessem prestes a começar uma corrida, mas eu não sabia para qual
direção ir ou o que fazer. Key estava enrolado como uma bola,
gritando. Eu me concentrei efixei o olhar em um regador, a primeira coisa
que eu vi. Eu o levantei com a força da mente e o lancei, com toda a força
que eu poderia reunir em direção ao homem que havia atacado
Key. Então eu vi algo mais. Uma mesa de madeira na outra ponta no final
do terraço era o único outro item que eu poderia levantar. Olhei para ela
firmemente e então ela voou para longe, em uma fração de segundo em
direção ao homem na grama.
Pouco antes, o homem rolou para o lado se afastando de Key.O
choque ao ver quem era me fez perder a concentração e a mesa derrapou
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perigosamente pela metade do caminho, chegando à milímetros do rosto
de Alex. Ela ficouparada no arcomo uma pena, enquanto todos
observavam. O tempo parecia ter congelado juntamente com a
mesa. Olhei para Alex, sentindo a adrenalina nos meus pulmões. Ele
estava olhando para a mesa com descrença, então seus olhos lentamente
fizeram a viagem até mim e vi a engrenagem em seu cérebro girando e
finalmente chegando à conclusão óbvia.
A mesa caiu no chão ao lado dele. Ele não vacilou, e ficou de pé, eo
olhar em seu rosto era um que eu nunca tinha visto antes. Eu quase caí
para trás tamanha a força daquele olhar. A raiva mal contida. Alex deu um
passo em minha direção e me debrucei recuando no batente da porta. Eu
nunca tinha sentido tanto medo assim. Preferia Demos do que aquilo.
Fechei os olhos, esperando ele vir me prender. Ouvi Alex xingar e
meus olhos se abriram. Key tinha conseguido agarrar ele pela perna e
estava arrastando ele para trás.
- Corre, Lila! - Key estava gritando, a boca cheia de sangue.
Alex estava tentando reagir. Eu podia ver ele tentando se soltar com
a outra perna e antes que eu soubesse o que eu estava já estava correndo
em direção à eles. Me choquei com Alex com força, levando ele ao chão,
aterrissando com um estrondo em cima dele. Eu não tinha esperança de
contê-lo por muito tempo no chão, mas eu agarrei ele com força,
segurando seus braços e apoiando todo o meu peso sobre o seu peito.
-Pare, pare, pare - eu estava implorando - Por favor, não machuque
ele. Por favor, pare. Ele está tentando me ajudar.
Alex parou de lutar contra mim. Eu soltei meu aperto e me
sentei. Havia montado nele. Key tinha rolado e estava tentando ficar de
pé.
Alex se sentou e eu saí de cima dele rápido. Ele ficou parado, seu
corpo tenso. Fui para perto de Key, ajudando-o a se levantar. Ele cuspiu
um jato sangrento de saliva na grama e apoiou-se em mim, ofegante. Eu
podia ver as mãos de Alex com os punhos fechados, mas ele ficou
andando na grama alguns metros de distância de nós, disparando olhares
para mim e Key.
-Alex- tentei falar, mas saiu em um sussurro rouco -Alex, este é Key.
Ele veio me dizer que eles estão vindo para a casa.
- Quem está vindo? - Alex parou de andar, seus olhos piscando em
mimcomo dois raios.
-Demos -Key levantou a cabeça para cuspir a palavra.
Alex deu um passo em direção a ele e Key recostou-se, fazendo-me
tropeçar.
- O quê? Como você sabe disso? - Seu tom de voz era feroz, afiado.

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- Eles estão a caminho. Você tem que tirá-la daqui. Eles querem
ela. –Keytossiu. - Para usar como moeda de troca -. E então ele cuspiu
mais saliva de seus pulmões.
Por um segundo, Alex olhou para Key, e em seguida, balançou a
cabeça e eu senti seus olhos queimando em mim novamente. Voltei a
olhar desafiadoramente, a minha frequência cardíaca aumentando. Então
eu senti sua mão agarrando meu cotovelo e logo eu estava rastejando
pela grama.
Key caiu de joelhos quando soltei ele. Enfiei os pés descalços no
chão e me liberei do aperto de Alex.
Alex virou-se, com o rosto em chamas.
- Para onde você está me levando? -Eu estava gritando.
Ele estendeu a mão para me pegar de novo, mas me esquivei.
- Venha - disse ele. Era uma ordem.
Eu fiquei firme.
- Eu não vou deixar ele. Ele veio para em ajudar. Pegaram o seu
filho.
Vi a hesitação de Alex. Ele olhou para a porta de trás e, em seguida,
para Key. Eu podia vera tensão em sua mandíbula, os tendões de seu
pescoço apertados.
-Vamos então, rápido, para a garagem, para o carro.
Ele levantou Key e colocouum braço em volta dos ombros, puxando
ele de pé.
- Vamos, vamos! - Alex gritou e correu.
Acendi a luz da garagem e mantive a porta aberta enquanto Alex
passava levando Key com ele. Ele encostou Key contra o carro.
- Fique aqui.
Eu corri para o lado de Key, enquanto Alex correu para o corredor.
Ele voltou em um segundo com as chaves do carro, abriu as portas com
um bip. Pegou minha mão e empurrou Key no banco de trás.
- Entra! - Ele gritou.
Do lado de fora, ouvimos o som repentino de motores
barulhentos,carros ou caminhões. Era alto, rasgando a noite
tranquila. Nós três levantamos nossas cabeças. Eles
desaceleraramparando na frente da casa.
Alex afundou no assento do motorista e abriu a porta do
passageiro. Eleinclinou-se e agarrou meu pulso, puxando-me dentro do
carro. Fechei a porta às pressas, enquanto o portão da garagem se abria.
O impulso da acelerada que Alex deu quando enfiou com toda a
força o pé no acelerador me jogou para frente. Ouvi Key rolando para fora
do banco de trás e depois o som de um duro golpe quando ele atingiu o
chão do carro.

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Capítulo 17
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V asculhei em busca do cinto de segurança quando saíamos de


casa à caminho para a estrada, passando por carros vazios na
calçada. Dois homens já estavam no jardim da frente,um no terraço, com
a mão na porta. O motoristado carrojá estavade motor ligado e quando
passamos praticamente voandoaoseulado eu me virei para vê-lo com sua
expressão de surpresa.
- Cinto de Segurança! - Alex arrancou da minha mão e pressionou no
lugar de encaixe, em seguida, enquanto virava o carro em cento e oitenta
graus. Os homens no quintal estavam correndo de volta para os carros,
mas o que estava na porta, de pé embaixo da luz branca da entrada
permaneceu parado. Era ele.
Eu sabia.
Demos olhou para mim com um sorriso no rosto. O assassino da
minha mãe estava sorrindo para mim. Minha mente ficou em branco. E o
mundo se transformou em um ruído surdo. Uma dor lancinante
atravessou meu olho ebateu contra o interior do meu crânio como uma
faca. Me dobrei, agarrando minha cabeça, tentando fazer parar, ocinto de
segurança cortando meu pescoço.
- Vai parar em um minuto - A voz de Alex era fria.
A dor se intensificou. Então, de repente parou.Demorou alguns
minutos antes que eu pudesse me sentar ereta novamente,pressionando
a mão na minha cabeça e no meu olho direito, tentando silenciar a dor ao
fundo que permaneceu.
- O que foi isso? - Eu resmunguei.
-Uma pequena arma contra eles.
Eles. Eu queria dizer contra mim, mas me encolhi contra a porta, os
olhos fixos na maçaneta, querendo saber o que os outros estavam
fazendo.
-Isso nos deu uma vantagem.
- Como?
-Emite umafreqüência que interfere com o padrão de suas ondas
cerebrais. Isso os deixa... incapacitados, travados, assim como aconteceu
com você - Ele ficava verificando seu espelho retrovisor a cada segundo, e
não tinha olhado para mim uma única vez – Eles não estão nos
seguindo. Funcionou.
O medo tomou conta de mim novamente.

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- Qualquer vantagem para o que? Para onde vamos? –Ele estava
nos levando para a base?
Ele não respondeu, seu rosto era tão impenetrável quanto cimento
quando endurece. Me encolhi ainda mais para trás, contra a porta e olhei
pela janela para ver se estávamos indo para o norte, mas os sinais que eu
pude ver enquanto estávamosna estrada apontavam que seguíamos para
o sul. O que significava que estávamos indo para longe da base. Para onde
estávamos indo então?
O único barulho que se ouvia era Alex mudando de marcha,
aumentando cada vez mais a velocidade. Ele estava dirigindo pelo menos
duas vezes acima do nível máximo de velocidade de qualquer carro na
estrada, desviando de todos, indo para dentro e fora da pista. Eu olhei
para seu rosto, que tinha uma expressão de absoluta concentração, e me
perguntei como ainda podia sentir tanta dependência de estar perto dele,
como ainda podia sentir meu coração dar uma sacudida quando ao
mesmo tempo o seu ódio era tão forte que eu quase podia sentir em
ondas.
Alex enfiou a mão no bolso de trás, em seguida, jogou o celular no
meu colo, juntamente com sua carteira.
-Dentro tem umoutro chip para o telefone, tire o que está e troque
por esse.
Eu olhei na parte de trás do telefone, finalmente conseguindo
encontrar a abertura. Tirei o chip e Alex agarrou ele da minha mão, abriu a
janela e jogou para fora. Sua carteira estava cheia de notas, haviam pelo
menos quinhentos dólares, e meus dedos tremiam enquanto tentava
encontrar o chip reserva entre eles. Quando eu encontrei, já coloquei
rapidamente no telefone e fechei a tampa traseira. Alex arrancou da
minha mão junto com a carteira que estava no meu colo e guardou
novamenteno seu bolso.
Key de repente falou do chão do carro, com a voz rouca.
- Me deixe sair.
Alex ignorou, então eu me virei e disse:
-Tudo bem, estamos indo para o sul. Nós não estamos sendo
seguidos.
- Me deixe sair – Ele estava tentando sentar-se, esfregando a
cabeça. Estava um desastre - Eu preciso voltar. Preciso seguir eles - Ele
olhou para Alex, colocou a mão node volta em sua cadeira. Alex observava
no espelho retrovisor - Por favor. Eu posso ajudar. Deixe-me sair. Eu posso
rastrear eles para vocês, avisar quando estiverem se aproximando.
Olhei para Alex, esperando para ver o que ele diria.
- Como você poderia rastrear eles? - Ele perguntou, com os olhos de
volta para a estrada.

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Key suspirou, em seguida, olhando diretamente para Alex no
espelho disse:
-Eu posso me projetar. Eu não sou do grupo de Demos - ele
acrescentou rapidamente - Eu só quero meu filho de volta antes que a sua
Unidade pegue eles.
Os lábios de Alex estavam pressionados juntos. Eu vi sua mandíbula
apertartensamente. Finalmente, ele falou.
- Quem é o seu filho?
- Nate, seu nome é Nathaniel Johnson - Sua voz falhou ao falar no
nome.
-Você disse que seu nome era Keye não Johnson-disparou Alex em
resposta.
-Meu verdadeiro nome é Johnson. Anthony Johnson. Key é um
apelido desde quando eu era uma criança.
- Eu nunca ouvi falar de você ou de seu filho. Por que eu deveria
acreditar em você?
Eu ouvi Key suspirando novamente.
-Eles levaram o meu filho porque ele é especial. Como eu. Como
ela. – Ele apontou para mim, e Alex estremeceu. Key continuou, elevando
a voz - Eu quero o meu menino de volta. Ele não é um deles. É apenas uma
criança. Ele tem dezesseis anos. Não, não tem nada a ver com o que você
acha que eles fizeram.
Alex olhou para ele por alguns segundos no espelho, depois de
voltaa estrada.
- O que você sabe sobre o que eles fizeram?
-Nada. Nada, eu juro. Nunca tive contato com eles, até há três
semanasquando levaramNate. Segui Lila do bar e vi um deles, então eu sai
e fui para a casa dela para avisá-la. É isso aí. Eu não sei nada mais- Ainda
saía sangue do canto de sua boca e ele apenas olhou para mim.
Alex virou a cabeça bruscamente para olhar para Key.
- Por que você estava seguindo Lila? -Eu comecei a desejar para
elevoltar a olhar para a estrada. Estávamos à 150 km/h. Minhas mãos
estavam agarradas nas bordas do assento.
- É uma longa história. Ele queria a minha ajuda - eu disse em voz
alta - Ele pensou que talvez eu pudesse conseguir algumas informações de
você ou Jack.
Alex me ignorou, mas seus olhos se voltaram para a estrada em
frente.
- Olha - disse Key - Por que não podemos ajudar uns aos outros? Se
você me deixar ir, eu posso voltar e avisá-lo se eles estiverem se
aproximando. Eu posso dizer para onde estão indo, o que estão
planejando, qual é o seu próximo movimento. Vocês precisam de alguém
que possa chegar perto deles.
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- Isso depende de você ser capaz de comunicar-se comigo. Como
você faria tudo isso? O que foi? É telepata também?- Suas palavras
transbordavam desprezo.
Os olhos de Key estreitaram.
-Realmente você não sabe muito sobre nós, não é? - Ele disse,
soando surpreso - Eu posso voltar para o meu corpo instantaneamente,
bem, quase imediatamente, em questão de segundos. Não importa onde
eu estou, poderia ser outro continente, eu só penso em você e pronto, aqui
estarei, de volta. Ou então me dê o seu número de telefone e você
receberá atualizações instantâneas. Eu sou melhor que a CNN.
Eu não podia sequer imaginar o que ele estava falando. Eu
realmente queria perguntar o que acontecia com seu corpo quando ele
estava flutuando para fora, mas estava com muito medo de interromper a
conversa.
Alex desviou para a via rápida, pisando no acelerador um pouco
mais.
- Por quê? O que você ganha?
-Vocês me ajudam a conseguir o meu filho de volta. E eu ajudo a sua
Unidade a deter Demos, mas você tem que encontrar uma forma de
manter sua Unidade longe do meu filho.
- Você pode ir agora ... projetar a partir daqui - disse Alex.
- Você acha que eu confio em você? - Key respondeu em resposta -
Sem ofensa. Masvocê é um deles.
Alex franziu a testa, olhando como se estivesse pesando os prós
econtras. Depois de alguns segundos ele deu paraKey um número de
telefone. Keyrepetiuvárias vezes, memorizando.
- Entendeu? - Alex perguntou.
-Sim, entendi. E você? Eu faço isso e você vai manter a sua promessa
para me ajudar a buscar o meu filho?
O silêncio predominava de lado a lado no carro, Alex balançou a
cabeça apenas uma vez, seusolhos nunca deixando a estrada. Ele encostou
no acostamento e foi parando. Os outros carros passavam por nós agora
como flashes.
Key pareceu relaxar ligeiramente, secando o sangue do lado de sua
boca e aproximando-se para a porta, como se estivesse prestes a saltar
para fora. Então, ele olhou diretamente para Alex e balançou a cabeça em
minha direção.
-Você precisa levá-la o mais longe que puder. Falo de distâncias
internacionais.
Alex olhou para ele agora, voltando-se para encará-lo.
- Por quê? - Ele perguntou, de repente cauteloso.
Key balançou a cabeça, encolhendo-se com o seu lábio cortado.

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- Suki será capaz de seguir Lila. Agora que ela já viu Lila, pode ler sua
mente, achar vocês é relativamente fácil para ela. O meu filho também
poderia segui-los. Se eles podemforçá-lo.
- Ele pode fazer isso? Rastrear outros? - Alex tirou as palavras da
minha boca.
-Sim. Outros como ele. O que posso dizer, Suki tem de ler a mente
dealguém antes, para que possa encontrá-los. Nate pode apenas
encontrar, sem precisar de nada.
- Como? -Fui eu quem perguntou agora.
- É difícil de explicar - Não parecia que ele estava prestes a
explicar,quando olhava para fora da janela, mordendo o lábio, e saltando
em seu assento. Sua linguagem corporal gritava dizendo o quanto ele
queria sair.
-Tente-Alex não estava pedindo educadamente.
Key olhou para ele e suspirou como se estivesse tendo que revelar
um segredo mortal.
-Quando projetamos podemos ver auras em torno de pessoas,como
uma luz.
Fiquei de boca aberta.
-É assim que eu sabia que Lila era uma de nós. É como se você
estivesse dando um sinal. A cor da aura é mais brilhante, a luz mais forte,
maisintensa. E quanto mais forte é a habilidade, mais brilhante fica - Era
como se ele fosse um historiador de arte explicando os dados de uma
obra-prima – Eles vão te encontrar. Acredite em mim, vão encontrar. E
querem muito isso.
A mão de Key estava na maçaneta da porta, abrindo-a.
- Por que ainda estão me seguindo? Por que me querem tanto?Por
que não desistir? - Eu podia ouvir a histeria crescente na minha voz.
Key olhou para mim como se eu fosse estúpida.
- Porque, Lila, eles querem pegar você em troca de Alicia. Eles sabem
que se pegam você, Alex e Jack lhes dariam o que quisessem.
Engoli em seco, evitando os olhos de Alex.
- Você tem certeza? –Isso era antes de Alex saber exatamente o que
eu era. Eu duvidava que tinha o mesmo valor de resgate agora.
Key de repente pareceu perceber o que eu estava pensando. Ele
deu de ombros.
- Bem, talvez Demos só queira você simplesmente, para você se
juntar ao seu pequeno exército. O que eu sei? Tudo que eu sei é que ele
não vai parar até você ser encontrada.
E com isso ele abriu a porta de trás e saiu para fora mancando em
direção a linha de árvores e arbustos do lado da estrada. Assim ele se foi.

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Alex já tinha colocado o carro em marcha e agora conduzia em
direçãoao tráfegonovamente. Em poucos segundos, o ponteiro do
velocímetro estava superior a marca dos 100 km/h.
Ficando apenas nós dois agora no carro, a atmosfera tornou-se tão
tensa que eu sentia que o menor ruído ou movimento poderia fazer o
carro entrar em combustão espontânea. Todo o meu corpo estava rígido,
preparado para fugir ou lutar,embora realisticamente fugir não era uma
opção a menos que eu quisesse me ferir.
-Alex-Eu tomei uma respiração profunda -porque não está me
levando para a base?
Ele pensou antes de responder, e então falou com a voz engasgada.
-O alarme disparou. Não é seguro.
- Não, não é isso que eu quis dizer - Eu não podia olhar para ele, e
tentei escolher as minhas palavras com cuidado - Eu não quero estar em
qualquer lugar perto da base ou da Unidade, obviamente, sabendo o que
sei sobre o que vocês fazem e como vocês se sentem sobre nós.
Eu vi seu rosto escurecer com o que parecia ser a raiva. Ele estava
se perguntando o que eu já sabia e como. Continuei.
-O que eu não entendo é por que você não está me entregando,
"contendo"ou seja o que for que você faz.
Senti o rugido profundo do motor quando Alex pisou no
acelerador. Seu pé ia atravessar o chão em breve. Se olhares pudessem
matar, todos na estrada inteira estariam mortos. Eu estava grata que ele
não estava olhando para mim, e não me tinha olhado desde que
chegamos ao carro. E justamente quando eu estava pensando nisso, ele
olhou para mim. Seus olhos estavam sombreados, mas o tom de sua voz
era suficiente para me deixar saber que ele estava voltando a se acalmar.
-Jack pensará que Demos pegou nós dois. Ele vai atrás deles. Ou vai
pegar Demos ou pelo menos os distrair, o que talvez nos dá a
oportunidade de te levar para fora do país em algum lugar seguro antes
que alguém da Unidade ou Demos te peguem.
Isso não respondeu à minha pergunta, mas dava brecha à muitas
mais. Fora do país?Como ele iria explicar isso para Jack? E onde ele estava
planejando para enviar? Eu não poderia voltar para Londres, onde eles
não precisam nem de Suki para me achar, bastava a lista telefônica. Então,
onde eu poderia ir? Onde nesse planeta eu poderia estar segura agora?
Olhei pela janela para as luzes vermelhas e brancas dos carros
fazendoconstelações na distância e repeti as palavras de Alex na minha
mente, tentando imaginar a resposta de Jack. Então algo chamou a minha
atençãoe meus olhos se arregalaram. Será que ele quis dizer que ele não
viria comigo quando disse me dar uma chance para me tirar do país? Era
uma loucura. Eu não podia ir sozinha, eu sequer cruzaria a fronteira antes
de ser capturada. Por um momento eu considerei implorar, para ele vir
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comigo, mas a carranca no rosto dele dissolveu as palavras antes que eu
pudesse dizer.
O relógio no painel mostrava que eram 3:06 hs da madrugada.
-Alex- eu disse quando chegou às 3:30 - Por que você está fazendo
isso? Porquêvocê está ... me ajudando?
Seu rosto estava entrando e saindo das sombras de luzes da estrada
e não podia ver a expressão dele.
- O quê? - Ele perguntou, como se não tivesse ouvido a pergunta.
- Por que você está me ajudando?- Eu disse novamente, minha voz
tremendo- Se você nos odeia tanto, então por que todo esse esforço para
me proteger?
Ele girou o volante, ainda em velocidade.
- Eu não tenho escolha - ele disse, com a voz um rosnado baixo.
Eu desviei o olhar, também, contando as linhas brancas na
estradaturva. Como se eu tivesse uma escolha, eu pensei, como se eu
tivesse escolhido ser assim.Será que ele achava que eu tinha escolhido ter
ele e Jack me odiando?
Apertei a minha mão na maçaneta em frustração. O braço de
Alexpassou por mim, me empurrando fortemente para o banco. Eu estava
olhando como se ele fosse louco e eu percebi que ele tinha pensado que
eu estava tentando abrir a porta. Eu fiquei chocada e ele lentamente
moveu a mão de volta ao volante, dando-me um olhar que ficava em
algum lugar entre uma advertência e uma ameaça. Então ele agora
pensava que eu era suicida também.
Genial. Telekinética e suicida. Simplesmente ótimo.

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Capítulo 18
Q uando eu abri meus olhos, eu estava olhando em direção ao
porta luvas do carro, a minha cabeça e o meu corpo torcido para o lado da
porta do carro e minha mão firmemente apoiada na maçaneta, como se
estivesse em meu sonho, tentando me esconder, ou fugir.
Olhei para cima e para fora da janela. O carro já não estava em
movimento, nós estávamos parados na estrada com o sol ao nosso
redor. Não havia nenhum movimento. Ninguém. Nem carros e nem
barulho ... era como uma pausa entre as respirações. Tentei reconhecer
onde estávamos.
Parecia o deserto, plano, árido, com o pó cobrindo o pára-brisas, e
mesmo a esta hora, ainda tão cedo, a estrada já tinha um brilho forte visto
a longa distância. Pela janela escura do carro, eu podia ver alguns
estabelecimentos, principalmente lojas de ferragens e de materiais de
construção espaçadas. Eu não tinha idéia do que estávamos fazendo ali,
exceto talvez que Alex tinha parado para dormir.
Me movi lentamente no meu lugar e me virei para ele. Ele estava
olhando pela janela e eu me senti tão aliviada que ele ainda estivesse ao
meu lado e logo depois senti um golpe de dor quando me lembrei de que
ele não estava aqui por amor ou amizade, mas por um código de honra
duvidoso. Isso foi o que ele quis dizer quando havia tinha dito que não
tinha escolha. Era tão óbvio. Era tão Alex.
Eu segui o olhar dele para o outro lado da rua. Estávamos parados
em frente a uma loja de carros usados. Haviam cerca de quarenta carros
"para a venda" alinhados, como o início de um comício.
Ficamos em silêncio no carro com o ar condicionado ligado, durante
uma hora e quarenta minutos. Nenhum dos dois disse uma
palavra. Levantei minhas pernas no banco e fiquei sentada abraçando as
pernas, congelando, mas com muito medo de tocar os botões do ar
condicionado do carro ou abrir a boca.
Eu puxei meu vestido para tentar cobrir e proteger minhas pernas e
percebi que a costura havia rasgado na altura da minha coxa. Meus

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joelhos estavam manchados de sangue e sujeira. Também havia um
pequeno rasgo em um dos lados.
Lembrei-me dos eventos da noite passada e olhei rapidamente em
direção a Alex, recordando o ódio que tinha visto em seu rosto quando ele
estava de pé na varanda. O que teria feito se tivesse me alcançado?
Eventualmente, as coisas tomaram seu próprio ritmo, como se
alguém pressionasse o botão para avançar. Um carro parou em frente à
concessionária de carros e um homem em uma camisa de manga curta e
calça de golfe desceu do carro e destrancou o cadeado da loja. Ele
estacionou dentro do estacionamento e Alex ligou o motor.
Baixei as pernas para fora do assento, enquanto ele dirigia para o
outro lado da estrada e entrava na concessionária. Eu tinha uma idéia do
que ele iria fazer e com certeza Jack não ficaria muito feliz com isso.
O homem de calça xadrez saiu diretamente de seu pequeno
escritório, com uma xícara de café na mão. Eu vi o olhar de surpresa em
seu rosto rapidamente ser substituído por um largo sorriso.
- Fique aqui - disse Alex em voz baixa, e abriu a porta.
Eu olhei para fora da janela quando Alex começou a falar. Ele estava
de costas para mim e eu não podia ouvir uma palavra. Em um momento
eu o vi fazer um gesto em direção a mim e o homem se inclinou um pouco
e olhou para o carro, acenando. Eu brinquei com o meu vestido, sabendo
que me parecia exatamente com alguém que havia estado fora durante
toda a noite e parecia como se estivesse voltando da guerra: cabelo
completamente sujo e emaranhado, manchas escuras sob os olhos, onde
o meu rímel tinha borrado completamente, em meu pior estado. Só Deus
sabe que história Alex estava dizendo ao homem. Olhei de novo e vi Alex
apontando para um carro do outro lado do estacionamento e me sentei
mais reta para ver melhor. Era um pequeno Toyota branco, bastante
antigo. Não era exatamente o estilo de Alex. No entanto, contanto que
funcionasse e que corresse o suficiente.
O homem começou a analisar o carro de Jack. Ele abriu a porta do
motorista e sentou ao meu lado, dando-me um sorriso.
- Olá - disse ele.
Olhei para ele sem expressão e, em seguida, forcei um sorriso,
tentando suavizar minha expressão bagunçada, escondendo meu cabelo e
tentando manter o meu vestido mais arrumado ao mesmo tempo.
Ele mexeu na a alavanca de câmbio, ligou o motor, verificou o
velocímetro. Sua mão pairou sobre os botões do rádio e eu senti náuseas
brotarem na boca do estômago.
Alex inclinou-se contra a porta.
- Isso é apenas o sintonizador de rádio.
O homem colocou as mãos no volante. Ele virou a cabeça e viu a
bolsa no banco traseiro.
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-Então, vocês dois pombinhos estão indo para Las Vegas, né?
Parabéns.
Olhei para ele, perguntando se tinha escutado errado. O rosto de
Alex reapareceu atrás do ombro do homem, incentivando-me com os
olhos. Eu imediatamente percebi qual era a mensagem e olhei para o
homem, ainda atordoada.
- Oh, uh, obrigado - Eu olhei de volta para Alex, que me deu um
encolher de ombros – Foi uma decisão repentina.
- Bem, boa sorte para ambos - ele disse, apertando a minha mão.
Ele saiu do carro e eu fiquei lá, sentada e chocada. Quando eu era
mais jovem eu sonhava em me casar com Alex. Quando eu tinha nove
anos eu escrevi no meu diário Lila Wakeman centenas de vezes. Eu até
havia imaginado o meu vestido de noiva e eu sonhava comigo dizendo
"sim" diante de uma foto de Alex colada no meu armário. Nosso
casamento teria acontecido no jardim dos meus pais ou em uma igrejinha
branca.
Provavelmente haveria um pônei lá, também. Mas nunca em todas
as fantasias que eu tinha tido eu me imaginaria casando em Las Vegas e
em um carro de fuga. Eu tive que rir da ironia de que agora era Alex que
teve que imaginar o nosso casamento.
Quando olhei para cima, vi o homem apontando para seu
escritório. Alex se recusou com a cabeça e o homem deu de ombros e foi
sozinho.
Quando me dei conta novamente, Alex abriu a porta e me tirou do
carro. Então ele foi para o porta-malas e pegou uma mala de viagem preta
que eu presumi que era de Jack.
Alex colocou o braço em volta de mim, seu aperto era firme. Eu
sentia uma dor alegre, o meu corpo reagindo normalmente, como sempre
reagia a seu toque.
Eu estava tão cansada que eu queria colocar meu braço em volta
dele também, mas eu sabia que ele só me segurou desta forma para
manter as aparências para o vendedor de carros. Teríamos que convencer
como amantes apaixonados, e não como se estivéssemos correndo de
uma unidade secreta do governo e de um grupo de maníacos homicidas
com poderes sobrenaturais.
O homem saiu de seu escritório, segurando um conjunto de chaves
e várias folhas de papel na mão e eu notei que na verdade eram notas de
cem dólares. Alex estendeu a mão e o homem deu-lhe as notas. Eu me
mexi desconfortavelmente, com os pés começando a queimar, descalços
no asfalto.
- Cinquenta e mais a Toyota.
Cinquenta mil? Jack tinha dito que valia cento e vinte. Mas isso era
contando com os extras que Alex não poderia mostrar, a não ser que ele
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quisesse que o homem elevasse o seu preço me vendo caindo no chão e
segurando minha cabeça. Assim, cinquenta mil foi, provavelmente, um
bom negócio. E Jack ainda ficaria furioso.
Alex pegou as chaves do homem e deu as do Audi em troca.
- Todos os documentos estão no porta-luvas.
- Tudo bem, senhor, mas eu preciso que você assine este papel e
também tenho que verificar a sua licença e então nós terminamos por
aqui.
Eu não podia ver o rosto de Alex porque ele me segurou tão
apertado, que eu só conseguia olhar para o queixo. Ele teve que me soltar
para pegar a sua licença para dirigir no seu bolso.
Senti ele se mover-se muito ligeiramente perto de mim, de modo
que seu corpo ainda estava tocando o meu. Era claro que ele estava
nervoso e com medo de que eu fugisse.
Instintivamente eu me inclinei em direção a ele para diminuir ainda
mais a distância. Eu definitivamente já tinha desistido de fugir.
- Tudo bem, senhor ... - O homem olhou mais de perto para o
documento na mão de Alex - Foi um prazer fazer negócio com você - Ele se
virou para mim. E com você também, futura Senhora Hunt, foi um prazer.
Ele estendeu a mão e eu olhei até que eu senti Alex empurrando
suavemente minhas costas. Peguei sua mão e apertei, murmurando o meu
agradecimento.
- Senhor Hunt? - Perguntei. Nós estávamos andando rápido em
direção ao Toyota. Alex pegou a mala e atirou-a por cima do ombro, o seu
outro braço em torno de mim ainda. Eu estava andando desajeitadamente
pelo chão e ele não parecia ter percebido que eu não usava sapatos -
Como você tem uma identidade falsa?
Alex estava destrancando o carro e abrindo o porta-malas. Ele
finalmente me soltou.
- Como você acha que eu tenho uma identidade falsa? É uma pena
que você não tenha uma também. Seria útil agora.
Ele abriu a porta do passageiro para mim e eu entrei. Os assentos de
couro grudavam na parte de trás das minhas pernas nuas e o interior do
carro cheirava a cerveja misturada com shampoo para estofados.
- Simpática escolha - eu disse, quando Alex entrou.
Olhei rapidamente e pensei detectar o início de um sorriso no canto
da sua boca. Os músculos do meu estômago contraíram. Era o primeiro
sinal de calor que ele tinha me dado. O braço em volta de mim não tinha
sido sinal de nada, aquilo foi pura atuação. Eu deixei meus olhos
percorrerem todo o seu rosto. Ele estava ocupado manobrando o carro
para fazer o retorno, olhando por cima do ombro. Talvez fosse pela luz do
dia e as sombras se haviam ido, mas a raiva de ontem à noite parecia ter
se dissipado. Ele ainda estava tenso, eu poderia dizer pelos sulcos na testa
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e a forma como sua boca estava em uma linha apertada, mas não parecia
mais zangado, apenas muito concentrado.
- Por que você vendeu o carro de Jack?
- Vamos precisar do dinheiro. Eles já devem ter expedido um
mandado de prisão contra nós. Cada policial no país vai estar
procurando. E o Audi chama muito a atenção.
Ele dirigiu uns poucos quilômetros fora da cidade. Alex ficou em
silêncio todo o caminho e o ar estava cheio de perguntas não feitas. Eu
tinha tanta coisa para perguntar que eu não sabia nem por onde começar,
mas eu sabia que ele provavelmente também tinha perguntas para
mim. Eu me perguntava quando ele ia começar com o Interrogatório.
Justo quando eu estava prestes a testar as águas, perguntando
novamente para onde estávamos indo, Alex entrou no estacionamento de
um grande centro comercial. Ele estacionou em uma vaga afastada da
entrada, entre dois grandes SUV. Antes que eu pudesse perguntar o que
estávamos fazendo ali, Alex começou a desabotoar sua camisa. Meu
queixo caiu enquanto eu olhava. Quando ele terminou com os botões, ele
a tirou. Ele usava uma camisa branca por baixo e eu não podia parar de
olhar para seus braços nus e seus ombros, me perguntando o que estava
fazendo.
- Aqui, coloque isso - Ele jogou a camisa para mim.
Eu olhei para ele com uma pergunta nos olhos.
- Você não pode entrar no shopping vestida assim - ele disse
apontando para o meu vestido rasgado.
Ele estava certo. Eu não respondi, eu só coloquei a camisa sobre o
meu vestido, meus dedos torciam nos botões pois tremiam muito.
Olhei para ele quando terminei. As mangas eram compridas,
passavam longe das minhas mãos. Alex agarrou meu braço e começou a
arregaçar uma manga.
Seus olhos, eu percebi, retornaram à suavidade azul normal, mas
ainda assim sua expressão estava fechada e não conseguia ler o seu
humor. Quando ele terminou, ele saiu e levei um segundo para me olhar
no espelho pequeno no interior do carro. Os olhos pareciam de um
guaxinim assustado. Cabelo todo embaraçado. Eu não poderia fazer quase
nada além de limpar a mancha negra sob meus olhos. Eu saí do carro.
- Você pode caminhar com os pés descalços? - Ele estava balançando
a cabeça em direção à entrada.
Eu balancei a cabeça afirmativamente em resposta. Atravessamos
rapidamente a frente do shopping e caminhamos em direção ao ar
condicionado frio. Alex não colocou o braço em volta de mim desta vez,
embora ainda estivesse perto. Eu estava super consciente da forma que
nós certamente estávamos já que a camisa não foi uma grande
melhoria. Eu havia passado de parecer uma menina suja que não tinha
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voltado para casa para uma menina suja que não tinha voltado para casa
com a camisa do homem com quem tinha passado a noite. Ainda assim,
era melhor não tirá-la.
Na verdade, a idéia de Las Vegas foi uma jogada de gênio. Isso era
exatamente o que parecia. Duas pessoas festeiras, de ressaca, à caminho
para Las Vegas ou voltando de Las Vegas.
Entramos na primeira loja que encontramos, uma Gap. Alex
caminhou em largos passos, claramente com pressa, e eu corri atrás
dele. Ele estava na seção feminina escolhendo blusas. Ele olhou os jeans e
tirou um par e depois os devolveu e tomou outro par, avaliando por um
segundo e, em seguida, colocou em seu braço.
Pareceu se lembrar que eu estava lá e olhou em volta.
- Sapatos- disse, como se ele achasse que eu já deveria ter
adivinhado o que estávamos procurando.
Eu me virei e vi uma pilha de sandálias perto da caixa registradora.
Peguei o primeiro par no meu tamanho e me virei para ele. Ele
estava de pé ao lado da seção de lingeries agora.
Corri, sentindo meu rosto queimar. Eu pedia a Deus que ele não
estivesse escolhendo lingerie pra mim e imaginando qual era o meu
tamanho neste departamento também, mas quando eu fui até lá, ele
disse:
- É melhor você pegar algumas coisas. Eu estarei esperando.
Ele caminhou para a seção masculina. Entrei em pânico por ficar
longe dele agora. Estendi a mão e peguei as primeiras coisas que eu pude
ver, e em seguida, corri em direção a ele.
- Tem um suéter? Você vai precisar de algo quente.
Para onde íamos? Alaska? Eu me virei e corri para a seção de
suéteres. Estávamos praticamente no deserto, não haviam muitas blusas
de frio sendo vendidas nesta loja, muito menos qualquer uma que fosse
me manter quente se eu estava fadada à ir ao Ártico.
Achei uma por sorte e corri de volta à Alex. A mulher atrás do
balcão entregou para Alex uma tesoura para que ele pudesse cortar a
etiqueta das minhas sandálias. E parecia que ela queria entregar muito
mais que isso, com seu corpo quase nu em cima do balcão. Coloquei meus
sapatos enquanto observava ferozmente. Alex agarrou meu braço e me
puxou para fora da loja.
- Está com fome?
Não era uma pergunta. Já estávamos na frente de um restaurante
de fast-food. Eu não tinha pensado nisso até agora. Meu estômago tinha
dado voltas o dia todo, mas agora que ele tinha dito a palavra “fome”, ele
gemeu como um lobo para a lua. Eu me apertei e olhei para Alex
assentindo.

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Nós compramos o suficiente para alimentar dez homens e também
levamos um grande café preto, que Alex entulhou de açúcar. Eu me senti
mal pelo pouco sono que ele tinha tido. E tudo isso justamente no seu
aniversário, o qual eu percebi que havia arruinado por completo.
Sentamos em uma mesa afastada, perto da saída. Alex ficou de
costas para a parede, comendo como se nem soubesse o que estava
levando à boca, sem olhar sequer uma vez, com os olhos muito ocupados
no movimento do restaurante. Eu comi até me sentir completamente
satisfeita e, em seguida, me inclinei para trás na cadeira, de repente
sentindo a imensa exaustão que me tomava por completo. Eu poderia ter
colocado a minha cabeça sobre a mesa ali e caído em um sono profundo
sem nem me importar de estar ou não fugindo de Demos. Ou da Unidade.
Apoiei o queixo na mão e vi Alex olhar todo o ambiente em volta de
nós. Havia uma sombra de seus olhos.
- Por que está fazendo isso? -Perguntei.
- O quê? - Alex desviou os olhos para mim. Aquela linha no meio
testa, de quando ele está preocupado, estava de volta.
- Eu ainda não entendo por que você está me ajudando.
Ele desviou o olhar para um grupo de adolescentes barulhentos que
tinha acabado de entrar.
- Eu te disse, eu não tenho escolha - Sua voz era neutra, não havia
raiva nela, como se ele estivesse apenas afirmando um fato simples.
Continuei.
- Mas sei o que você pensa de pessoas como eu.
Ele balançou a cabeça e deu um meio sorriso, um pouco triste.
- Você não sabe o que eu estou pensando.
Isso era verdade, mas a noite eu nem precisava ser telepata para
saber o que quanto ele me desprezava.
- Você me odeia.
Eu esperei para ver o que ele diria. Ele estava olhando para a
entrada mais uma vez, como se esperasse ver Demos aparecer a qualquer
momento. Depois de alguns segundos, virou lentamente a cabeça para
olhar para mim novamente.
- Lila, eu não te odeio.
Eu captei a pequena ênfase que ele colocou sobre a palavra "odeio"
como se negando aquilo mas em sua mente substituindo por outra como
"desprezo" ou "menosprezo". No entanto, era apenas questão de
semântica.
Olhei para a mesa e peguei um guardanapo, torcendo-o em uma
corda.
- Por que você mentiu?
Ele franziu o cenho.
- Mentir? Sobre o que?
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- Sobre Demos. Eu sei que ele matou a minha mãe. Eu sei que ele é
quem está atrás de mim. Mas você disse que não eram as mesmas
pessoas. Que eu não precisava me preocupar. E você disse Suki não tinha
qualquer ligação com as pessoas que fizeram aquilo com minha mãe e eu
sei que ela tem. Sempre existiu uma conexão.
Por um momento, as sobrancelhas de Alex se juntaram e ele olhou
para mim. Eu estava corando com seu olhar. Sua expressão se acalmou
depois um momento, sua testa ficou sem rugas.
- Eu suponho que você sabe de tudo isso através de Key?
- Algo assim - Melhor não revelar sobre a invasão ao computador de
Jack.
Ele acenou com a cabeça.
- Desculpe, eu menti.
Eu me senti um pouco envergonhada por seu pedido de desculpas,
foi tão inesperado. Eu balancei a cabeça como se não fosse nada. Um
pedido de desculpas estava bem, mas eu queria saber por que ele havia
feito aquilo.
Ele olhou para a mesa por um momento, e depois de volta para a
porta, e finalmente, de volta para mim.
- Você acreditaria em mim se eu dissesse que eu estava tentando te
proteger?
Eu levantei minhas sobrancelhas para indicar que não, eu não
acreditava.
Ele suspirou.
- Eu pensei que se você soubesse que as mesmas pessoas que
mataram sua mãe estavam atrás de você, você poderia tentar fazer algo
estúpido. Agir como isca. Ou que fugiria, pensando que não poderíamos te
proteger. Você parecia tão assustada.
- Você pensou que eu fosse fugir? - Antes de ontem à noite, eu
jamais teria fugido de Alex. Eu só fugiria para estar com ele.
- Você faz isso, Lila, não é uma conclusão absurda de se chegar.
Ele tomou um gole de café.
Ele estava certo, então eu pressionei meus lábios e deixei ele
continuar.
- Achei que você merecia saber sobre seu pai ... Jack e a razão por
que Jack parecia tão desconfortável com você aqui - Ele colocou as mãos
sobre a mesa -Mas eu não achava que você merecia saber que as mesmas
pessoas que estavam atrás de você eram as mesmas que mataram sua
mãe. Por que você mereceria o medo que isso causaria? Quando a ameaça
nem havia sido feita ainda ... - Ele passou a mão pelo cabelo e colocou de
volta na mesa, perto de seu café. Ele me olhou através de seus profundos
olhos azuis e de repente era o meu Alex novamente. O menino que havia
segurado a minha mão no funeral, me mantendo à distância dos
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estranhos - Lila, eu odeio te ver com medo ou mágoa e queria só te
proteger. É tão simples.
Eu balancei a cabeça. Ele não havia falado aquilo no tempo
passado. Ele havia dito, eu odeio te ver com medo. Foi o suficiente para
acender uma chama de esperança de que nem todos me desprezavam.
- Por que você deixou o bar e saiu correndo daquele jeito?
- Key estava lá. Ele disse ... disse o que você e Jack fazem da vida.
Não havia necessidade de dizer que o fator decisivo não era isso,
mas ver ele com Rachel.
Alex estava me observando.
- O que Key te disse?
Eu comecei a rasgar o guardanapo em pedaços pequenos e espalhar
pela mesa.
- Que a missão da Unidade é caçar pessoas como eu e que quando
acontece... eles desaparecem e não retornam nunca mais depois que são
capturados.
- Como ele sabe disso? - Alex disse calmamente.
Eu me grudei em minha cadeira. Se eu quisesse uma confirmação de
que Unidade fazia exatamente isso, ela estava aí.
Quando saímos, Alex ficou em silêncio. Ele examinou o
estacionamento várias vezes antes de sair das sombras da entrada. Ele
pegou minha mão, desta vez, empurrando-me atrás dele. Segurei as
compras e ele tinha a outra mão em suas costas, sobre a sua arma. Meu
coração estava disparado; voltar para o lado de fora era a sensação de ser
um coelho saindo da sua toca.
Voltamos para a Toyota e esperei ele desbloquear a porta. Mas Alex
não abriu as portas , ao invés disso ele só abriu o porta-malas, pegou a
mala e, em seguida, fechou novamente.
- Venha - disse ele.
Caminhamos várias filas de carro e paramos perto de um Lexus
preto. Eu estava esperando que ele estivesse apenas olhando o carro, mas
eu tinha um pressentimento do que ele ia fazer. Ele deslizou para baixo do
lado do carro, me empurrando à sua frente. Meus olhos percorreram o
estacionamento para ver se alguém estava chegando, a adrenalina
começava a bombear meu coração. Alex permaneceu frio como gelo. Em
um movimento rápido, ele tirou algo da mala e pressionou contra a
fechadura. A coisa na mão emitiu um som e as travas elétricas do carro
foram desbloqueadas.
Ele olhou para mim e inclinou a cabeça.
- Você vem?
Engoli em seco, olhei em volta novamente e pulei para o banco do
passageiro. Ele rapidamente deu a volta para o outro lado, jogou a mala
na parte de trás e entrou. A mesma máquina que liberou as travas da
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porta do carro, ligou na ignição. Ele ligou o motor. Eu olhei com descrença
quando ele saiu do estacionamento, e me deslizei para baixo no meu
banco tanto quanto eu conseguia. Já não era o suficiente ter a Demos e a
Unidade atrás de nós, e Alex tinha que trazer a polícia para a equação
também?

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Capítulo 19
P elas placas na interestadual, vi que estávamos indo para o Norte
de Palm Springs. Alex, em algum momento durante a noite, havia revisado
os seus passos e se dirigia para o norte.
- O que estamos fazendo? – Perguntei - Qual é o plano? - Eu
esperava que ele tivesse um, e dos bons ... e que envolvesse ele vir
comigo todo o caminho, não apenas até um aeroporto. Então me lembrei
de que não tinha um passaporte. Alex poderia ter uma mala cheia de
todos os brinquedos úteis, dispositivos e documentos de identidade
falsos, mas não tinha um passaporte para mim. Então, eu não iria a lugar
nenhum.
- Vamos encontrar um motel e dormir um pouco.
Procurei não pensar na palavra motel.
- Tudo bem ... E depois? - Perguntei.
- Uma coisa de cada vez - Ele olhou para mim e eu senti meu
coração parar de bater.
Eu queria que ele me dissesse o que estava acontecendo e que eu
estava pensando.
Ele manteve a velocidade sempre perto do limite. Uma hora mais
tarde, no caminho para Palm Springs, parou em um motel, um dos vários
que cercavam a estrada. Este tinha palmeiras na frente e uma piscina
quadrada com corrimãos ao redor. Os quartos estavam dispostos em L em
dois andares. Ele entrou no estacionamento e parou ao lado de um carro
com um reboque, bem escondido da estrada.
- Vamos - ele disse, desligando o motor.
Ele pagou por um quarto com duas camas no piso térreo. Alex abriu
a porta, me deixando entrar primeiro. Eu parei no centro da sala, sem
saber o que fazer a seguir.
Ele se aproximou e colocou a mala e nossas sacolas na cadeira ao
lado da porta.
- Por que você não toma um banho? Tome - Alex entregou-me as
sacolas com minhas roupas dentro.

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Eu peguei e fechei a porta do banheiro atrás de mim. O espelho não
foi amigável comigo. Estava horrível. Eu tirei a camisa de Alex e meu
vestido, olhando para a contusão agora verde na minha coxa. Por alguns
segundos eu fiquei ali sentindo uma espécie de déjà vu, revivendo o
momento exato em que toda essa cadeia de eventos havia começado. Eu
também estava de pé em um banheiro, em um estado muito similar
àquele. Ainda que em retrospecto, aquela situação foi um passeio para as
crianças em comparação com a montanha-russa que eu estava vivendo
agora.
Foi um banho rápido. Eu estava com muito medo de ficar ali muito
tempo, sabendo que, se Demos decidisse me buscar justo agora, não
queria começar uma luta enquanto estava nua.
Quando eu terminei, eu rapidamente me sequei na toalha e
coloquei uma camiseta e um jeans que Alex tinha escolhido. Servia
perfeitamente. Ele tinha escolhido o meu tamanho exato.

Alex estava de pé junto à janela olhando através de uma fenda na


cortina quando eu saí. Ele virou para mim.
- Venha aqui - disse.
Eu me aproximei dele lentamente. Seu rosto estava duro de novo e
eu estava com medo de repente. Parecia que ele ia me interrogar.
Quando eu finalmente estava diante dele meu estômago revirou:
ele ia sacar sua arma. Ele não precisava usar uma arma, eu diria o que ele
quisesse saber. Ele a pegou, mantendo o cano apontado para baixo.
E então passou para mim.
- Você sabe como usar isso?
Eu balancei minha cabeça negando.
- Segure - Ele apertou minha mão em volta do punho. A arma era
mais pesada do que eu esperava e mais quente - Esta é a trava. Está
travada agora, basta empurrar para soltar - Ele empurrou a trava com o
polegar para cima e ficou de pé atrás de mim com o braço em volta do
meu ombro. Levantou a arma apontando para um quadro na parede
oposta – Mire e dispare.
Ele colocou a trava de novo e tirou a mão da minha. O peso da arma
fez cair minha mão poucos centímetros; ele levantou de novo até a altura
do meu peito.
- Aponte alto, mas especialmente no peito. Eu acho que você não
precisa de ajuda para lidar com mover as coisas, mas apenas no caso de
precisar.

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Eu senti meu rosto começou a queimar, mas eu escolhi ignorar o
comentário.
- Apenas no caso de o quê?
- Eu me sinto melhor sabendo que você sabe atirar. Só não me
dispare, enquanto eu estou no chuveiro - Eu não sabia como ele ainda
conseguia brincar. Ou não estava brincando? Ele pensava que eu poderia
fazer isso? Se ele pensasse assim não me daria a sua arma, certo?
Alex entrou no banheiro, mas deixou a porta entreaberta. Eu estava
ao lado da janela, olhando para fora, a arma pendurada na mão,
apontando para o chão. Eu queria deixar ela guardada em algum lado,
mas eu também me senti estranhamente segura tendo ela comigo.
O chuveiro desligou. Virei da janela ao mesmo tempo em que Alex
voltou para a sala. Ele tinha uma toalha ao redor da cintura e segurava sua
roupa na mão. Ele deixou a roupa sobre a cama e tirou algumas roupas
novas de uma das sacolas. Então ele voltou para o banheiro, sem sequer
olhar para mim. Eu consegui voltar a respirar.
Ouvi Alex entrar no chuveiro de novo e fui até a janela, olhando
para o estacionamento até a piscina vazia com folhas. Não havia nenhum
sinal da polícia, ou sirenes ou SUVs pretas. Apoiei a cabeça contra o
vidro. Quando iria acabar essa perseguição eterna? E quem iria ganhar?
Uma mão se fechou sobre a minha e eu quase pulei para fora da
minha pele. Eu não tinha escutado ele sair do banheiro.
Alex tirou a arma da minha mão.
- Lila, eu te dou uma arma e você nem mesmo me ouve chegar.
- Eu não passei três anos na Marinha, não tenho nada especial ...-
Ops. Parei de falar. Eu estava prestes a dizer "nenhuma habilidade
especial". Alex estava me inclinando uma sobrancelha.
Eu me lancei na cama. Ele parou na minha frente, de pé, olhando
com atenção. Ele parecia prestes a perguntar algo e eu me preparei para o
que estava por vir.
- Você deveria dormir. Eu vou vigiar.
Eu levantei meu olhar, confusa.
- Não, você precisa dormir. Você está exausto - Ele parecia tão
cansado que haviam círculos escurecendo sob seus olhos, todo a barba de
um dia por fazer deixavam seu rosto com um brilho dourado.
- Ok. Você vai dormir primeiro. Eu te acordo em algumas horas - ele
disse, e se afastou.
Deitei na cama; não tinha energia para discutir. Alex moveu a
cadeira perto da janela e sentou-se nela, a arma na mão apontada para a
porta. Eu me virei ficando de costas para ele e olhei para a outra parede,
tentando não pensar em nada, tentando respirar através do meu
medo. Eu já tinha desistido de tentar descobrir o que Alex estava
pensando ou sentindo.
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Desta vez, os homens de meu pesadelo tinham rostos.
Enquanto eu seguia o rastro de sangue, notei o vaso quebrado na
porta da frente e a mesa da sala tombada. Minha mãe estava caída nas
escadas como uma boneca, o sangue jorrando de seu peito, e eu cai de
joelhos, minhas mãos ficando vermelhas enquanto eu tentava cobrir a
ferida e fazê-la voltar à vida. Um ruído súbito me fez virar a
cabeça. Demos estava atrás, com uma faca na mão. Atrás dele estavam
outros três homens, homens cujas fotos eu tinha visto no laptop de
Jack. Um jogou a bituca de cigarro para mim, sorrindo. Suki parecia um
borrão atrás deles, saltando em uma poça sangue. Comecei a gritar e
tentei atacar Demos para tirar a faca da sua mão, mas meus braços não se
moviam, eles seguravam com tanta força.
- Shhhh, shhhh, está tudo bem.
Ele estava lutando e lutando, tentando me libertar.
- Lila, tudo bem. Acalme-se.
Meus olhos se abriram com a voz. Alex estava sentado na borda
cama, segurando meus pulsos com suas mãos. Eu estava inclinada em
direção a ele como se fosse estrangulá-lo. Eu desisti de lutar e deixei meus
braços relaxarem. Então, sem pensar, eu me lancei em sua direção. Não
houve nenhum movimento da sua parte para me pegar e então me
lembrei, muito tarde, quando minha cabeça encostou em seu peito, que
Alex já não pensava em mim como Lila, que agora ele me desprezava pelo
que eu era. Comecei a levantar-me e ir para longe dele quando de repente
senti os braços dele ao meu redor e as suas mãos no meu cabelo,
acariciando. O sentimento era tão elétrico que eu me perguntava se ainda
estava sonhando. Era como se um carretel de linha dentro de mim
estivesse se desenrolando. Tudo, todo o medo, terror e humilhação
pareciam estar me invadindo, deixando-me sentir como se tivesse
acabado de inalar um tanque de gás.
- Tudo bem - ele disse de novo e de novo, e eu comecei a acreditar
nele, a me acalmar e deixar que seu toque me confortasse. Então eu me
lembrei do sonho e o medo me tomou mais uma vez, ondas e ondas de
medo, me afogando. Comecei a chorar fortemente em seu ombro,
sacudindo a cabeça.
- Não, não está tudo bem, nada está bem. Eles vão me encontrar. -
Como eles não nos encontraram ainda? Era apenas nós dois contra muitos
deles, com habilidades que vão além das minhas e armas muito além das
de Alex.
Os braços de Alex se apertavam mais em torno de mim e eu me
agarrei à ele, tentando me confortar nele, apavorada de ele me deixar. Eu
não podia acreditar que ele estava tão perto de mim, e muito menos me
apertando tão forte. O que havia mudado enquanto eu estava

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dormindo? Desde ontem à noite, ele olhava para mim como se quisesse
me matar.
- Eu vou levar você para bem longe ... – Ele estava murmurando
essas palavras enquanto seus lábios roçaram meu cabelo. Meu couro
cabeludo estava formigando.
- Eu vou encontrar um lugar seguro, eu prometo. Então, vamos detê-
los - Sua voz era calma e a suavidade dela fazia um grande contraste com a
frente fria de raiva com a qual eu estive lutando até agora, o que me fez
chorar de novo.
Eu queria acreditar nele. Seria tão fácil deixar-me hipnotizar pelas
suas palavras, mas eu me afastei um pouco para olhar para ele.
- O que é um psicokenosista?
Suas mãos se apertaram em meus braços.
- Como você ...? - Então ele parou, me soltou, levantou-se e saiu.
Todo o meu corpo esfriou e começou a tremer, com o choque. Um
choque atrasado, que estava guardado desde o assalto em Londres até
agora.
Eu passei meus braços em volta de mim, tentando manter o calor e
evitar que meus dentes começassem a cerrar.
- Derivado do grego. Psique significa "mente" e Kenosis significa
"esvaziar" -Alex esperou para avaliar minha reação.
- Mente vazia?
- Sim. O poder do Demos é único. Ele pode literalmente esvaziar sua
mente de cada pensamento e cada sentimento que você tem. Ele pode
parar qualquer um de fazer qualquer coisa - Ele parou quando viu que eu
entendi - Demos é o mais poderoso de sua espécie que conhecemos.
Minha espécie? Então, era somente isso que eu significava para ele
agora.
- Quantos como eu você conhece? - Perguntei em um sussurro.
- Nove. Bem, agora doze, se eu te contar você, Key e seu filho. Mas a
Unidade não sabe de vocês três. Ainda - Ele passeou pelo pequeno
quadrado que era a área entre a cama e a porta do banheiro.
Ainda? Será que ele estava pensando em contar sobre nós? De que
outra forma eles poderiam saber?
- Apenas nove? Quantos mais você acha que existem?
-Uma estimativa conservadora? Acreditamos que há provavelmente
cerca de duzentos ou até mais, somente nos Estados Unidos. Com base nas
estatísticas de até agora. Mas esse número pode ser maior.
Duzentos? Duzentas pessoas como eu. Quais eram as
probabilidades, então? Não somos muitos. Mas somos realmente um
grande número de pessoas, se nos colocarem todos juntos em um só
lugar.
Eu ainda estava tremendo.
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- Há quanto tempo você está na Unidade de caçando eles ... Eu
quero dizer, caçando nós?
Uma carranca se instalou de novo no rosto de Alex. A raiva estava
de volta e eu instintivamente recuei, segurando na beira da cama. Ele
deve ter visto a minha expressão porque sua carranca desapareceu. Ele
puxou o lençol da outra cama e se sentou na beirada, colocando o lençol
em volta dos meus ombros.
- Há mais ou menos uns cinco anos - ele disse com os dentes
cerrados.
Cinco anos era o tempo que havia passado desde que minha mãe
morreu.
- E só encontrou nove?
- Vocês são bons em se manter fora do nosso radar.
Eu não conseguia ler a expressão em seu rosto. Ressentimento,
impaciência, talvez.
Eu continuei.
- Nosso foco está em Demos. E no seu grupo - A carranca era mais
fácilde interpretar, e desta vez eu percebi que não era para mim.
- Por quê? Por que se concentrar nele? Você disse que a missão da
Unidade não era encontrar os assassinos de minha mãe.
- Não é mesmo. Eu não menti. A missão é impedi-los, sim, mas não
se trata de querer resolver um assassinato.
Eu fiz uma careta para seu uso casual da palavra assassinato. Ele
estava falando sobre o assassinato de minha mãe.
Ele apressou-se, como que para explicar.
- Quando nos juntamos à Unidade, tudo o que importava era fazer
justiça por tudo o que ele fez com sua mãe. Mas depois de um tempo
tornou-se mais do que isso. Quando vimos o que ele poderia fazer, e o que
ele estava planejamento deixou de ser apenas a nossa vingança e tornou-
se mais uma missão de detê-lo antes que ele pudesse fazer muito pior.
Engoli em seco. O que poderia ser pior do que o homicídio?
- Essa coisa que ele está planejando, poderia ter algo a ver com o
por que ele matou a minha mãe? Porque ela? Ela descobriu alguma
coisa? É por isso que ele matou o senador também?
Alex olhou para mim com surpresa.
- Sabe disso?
- Sim - Eu ignorei as perguntas em seus olhos, se formando em seus
lábios - Porquê? Por que ela foi morta? Eles... quero dizer. O que estão
planejando? – Eu precisava saber o que de pior poderia acontecer. Já que
eu já estava envolvida em toda a situação
Alex mordeu o lábio e fez uma pausa, depois sacudiu a cabeça
lentamente, olhando para mim com uma expressão estranha no rosto.

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- Você sabe de uma coisa? Eu achava que sabia tudo. Eu tinha tanta
certeza que estávamos todos tão ... seguros. Jack também. Mas agora eu
não sei se tudo que a Unidade está dizendo é a verdade ou é uma mentira.
Olhei para ele, atordoada. Após um minuto eu quebrei o silêncio.
- O que eles disseram?
- Lila, isso vai parecer loucura.
- Sim, porque a minha vida é tão completamente normal agora.
Diga-me.
- Ok, bem, a Unidade ... toda a nossa missão é basicamente a lutar
contra o terrorismo. Com uma parte disso.
- Terrorismo?
- Sim.
- Então, o que você está dizendo? Demos é um terrorista? Sinto
muito, mas eu não entendo.
- Ouça, quando a Unidade descobriu sobre sua habilidade foi porque
Demos estava usando um de seus associados, um telepata, para acessar o
banco de informações de um senador que estava trabalhando em defesa
nuclear. Isso foi durante o governo Bush. Lembra-se daqueles rumores
sobre o projeto novas armas nucleares após o 11 de Setembro (Ataque
Terrorista contra os EUA, nas Torres Gêmeas em NY).?
Olhei para ele sem entender.
- Talvez você fosse muito jovem. Bem, não era foi boato. Era a
verdade. O projeto era tão secreto que apenas algumas pessoas estavam
envolvidas na investigação inicial. Uma pequena equipe dentro do
Departamento de Segurança Nacional.
- Minha mãe ...
- Não. Não nesta fase. Sua mãe não tinha nada a ver com a
investigação e desenvolvimento inicial. Os rumores de que as armas
estavam sendo construídas se manteve circulando em Washington e além
disso. É difícil manter algo grande em segredo. Em 2004 pediram à sua
mãe uma lista para um comitê secreto que estava investigando os
assuntos de arsenais de armas.
- E fez? Mas não entendo ...
- Este é o ponto onde a informação é cada vez mais vaga. De alguma
maneira no processo se descobriu o que Demos estava fazendo. Ele estava
usando telepatia para ter acesso a informações sobre os estoques.
- Por favor, me diga por que ele queria informações sobre arsenais
nucleares.
- Por que alguém iria querer uma arma nuclear? Para ter o controle,
pelo poder. Com tal ameaça em suas mãos, você poderia criar o caos.
- Você sabe o que? Você está certo, isso parece loucura. Por
quê? Por que fazer isso?
- Por dinheiro, provavelmente, e definitivamente por poder.
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- Mas você não pode simplesmente sair por aí com uma arma
nuclear nas mãos se exibindo para o mundo. O que você pode fazer com
uma arma nuclear, afinal? Colocar em uma catapulta e disparar? Atirar de
onde?
Um sorriso se torceu no canto de sua boca e de repente eu não
queria falar mais. Eu só queria vê-lo. Ele sorriu para mim. Primeiro um
abraço, agora um sorriso. Talvez realmente ele não me odiasse. Talvez eu
pudesse convencê-lo de que eu não era uma sub-humana ou o que quer
que ele pensasse de mim, eu ainda era Lila.
- Ele não precisaria usar, apenas ameaçar fazê-lo, isso seria o
suficiente.
- Mas temos um exército inteiro nesse país ... por que ir atrás dele
com vinte e quatro homens? Por que não colocar todo o exército atrás
dele, se ele é essa ameaça?
Por um momento eu pensei que quem estava no comando deveria
ser demitido. É claro que não era um bom estrategista.
- Nada disso pode ser do conhecimento comum, Lila. Você quer que
o público em geral saiba o que você pode fazer? O que você acha que
aconteceria se as pessoas soubessem que pessoas como você
existem? Que existem pessoas que podem controlar seus pensamentos e
ações, ler suas mentes, ou reorganizar suas memórias?
Era isso que era um tamizador? Eu não tinha certeza do que
aconteceria se isso se tornasse de conhecimento público ... linchamentos
talvez? Os homens de jaleco branco nos usando de cobaias de
laboratório? Outros tipos de testes?
Pela expressão no rosto de Alex eu sei que seria ruim. Eu pensei
sobre como instintivamente escondi a minha capacidade de todos,
incluindo as pessoas que eu amava. Algo dentro de mim sabia que a
exposição seria perigosa. Mas, novamente, se manter escondido pode não
ser muito mais seguro. A Unidade estava atrás de nós como se fossemos
roedores de rua e estar em “contenção” não soava como uma opção
muito boa ... na verdade, soava péssimo.
- Eu não tenho certeza - eu disse finalmente - Se a opção for ser
perseguida pela Unidade ou fazer com que o público saiba sobre mim ... Eu
acho que agora eu estou preferindo ir a público.
Alex olhou para mim com uma expressão que eu só entendia como
angustia.
- Bem, você não tem escolha nisso. A ordem vem diretamente de
altas autoridades. É tudo mantido em segredo.
- Que autoridade? O presidente?
- Não. Gente acima.
Existia uma autoridade maior do que o presidente? Deveria ser
Deus somente.
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Ele encarou meu rosto, meus olhos em direção ao teto, e riu de
mim.
- Não, não é esse tipo de autoridade. Você não acredita
sinceramente que o presidente está no comando, certo?
- Er, certo? - Se ele não estava no comando, quem então estava?
- Lila, somos uma operação secreta. Até o presidente não sabe nada.
Eu olhei para ele com as sobrancelhas levantadas.
- A única opção que temos é estar atrás deles. Detê-los. Sempre que
há uma ameaça de exposição pública, deve ser encoberta rapidamente. Da
mesma forma que outras ameaças terroristas. Tudo é uma questão de
manter sob o radar.
Eu olhei para ele com a boca aberta, sentindo minha ingenuidade
correr longe de mim como uma camada de roupa.
- Estamos nos aproximando deles. A Unidade tem três deles agora.
Logo pegaremos Demos. Então, vamos começar a nos concentrar nos
outros ... para pegá-los todos.
Ele percebeu o que tinha dito e parou abruptamente, olhando com
uma expressão de culpa. Nenhum dos dois falou durante alguns segundos.
Eu olhei para longe dele e tentei engolir, respirar e chorar.
- Lila não significa que eu ...
Fechei os olhos. Eu não queria ouvir mais nada.
Não ouvi ele se mover, mas eu senti a sua mão no meu
ombro. Sacudi para fora. Ficou claro onde estava no assunto.
- Como é que você vai parar Demos? Você disse que ele tem um
poder especial.
Alex hesitou antes de falar.
- Ele só pode se concentrar em algumas poucas pessoas de cada
vez. Por isso precisa de um exército. Com as habilidades que está
coletando ao redor, é cada vez mais difícil de encontrá-lo e ainda mais
difícil de combatê-lo. Nossas armas são limitadas ... você já viu a extensão
delas.
Sim, artilharia pesada e alarmes ruidosos.
- Nós só podemos usá-las em rajadas curtas e seu povo é geralmente
capaz de parar tudo antes que possamos reagir de novo. Eles nos vêem
chegando ... essa menina,Suki, pode nos ouvir chegando à quilômetros de
distância. Há outros que podem nos captar, sentir quando nos
aproximamos, como agora, eu suponho, o filho de Key, isso explica como
eles são capazes de prever os nossos movimentos, estar sempre um passo
antes de nós. Esta nos seguindo e permite que saibamos o que esta
planejando. Enquanto prendemos um dos seus, ele já está recrutando
outro - Ele olhou para mim com pequeno encolher de ombros.
- E tudo isso, tudo o que você acabou de me dizer sobre isso e Demos
e terrorismo. Agora você está dizendo que você não realmente não tem
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certeza de que é verdade? - Eu balancei a cabeça para ele, confusa -
Porquê?
Alex olhou para o chão, franzindo a testa, e, em seguida, olhou para
cima e encontrou meus olhos.
- Porque se eles puderam mentir sobre você, então eles podem
mentir sobre qualquer coisa.

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Capítulo 20
M antive meu olhar em Alex, minha respiração correndo rápido.
- Mentiram sobre mim? O que você quer dizer? - Gaguejei.
Alex balançou a cabeça.
- As coisas que eles me fizeram acreditar sobre pessoas como você...
já não faz sentido para mim. Eu olho para você e eu começo a questionar
tudo o que eles disseram.
Mais uma vez ele me deixou sem palavras. Obviamente, o quadro
que haviam pintado sobre nós era bem feio e distorcido. Eles realmente
acreditavam que caçavam monstros. E no caso de Demos obviamente
estavam certos.
- Mas você acreditou neles antes de ontem ... por quê?
Ele desviou o olhar de novo e eu podia ver a frustração em seu
rosto.
- Porque quando Jack e eu fomos recrutados em Washington, e nos
foi oferecida a oportunidade de uma vingança, nós acreditamos porque
queríamos acreditar.
- O que eles disseram? Como foram recrutados?
- Dois homens apareceram no campus um dia. Nós não fomos
informados para quem estavam trabalhando. No início supomos que fosse
a CIA, mas nós logo percebemos que não era o caso. Nos mostraram as
informações que tinham sobre Melissa, e eu sinto muito, sobre o assassino
de sua mãe. Eles nos mostraram tudo o que tinham sobre Demos:
fotografias, relatos de crimes, julgamentos à revelia, uma série de
relatórios e provas. No início, pensei que eles estavam inventando. Você
tem que entender... para nós, foi como descobrir que existem alienígenas
vivendo entre nós. Nós não acreditamos. Então, nós fomos levados para
Pendleton, uma Unidade, e nos provaram tudo o que diziam. Eles tinham
um, alguém tinha sido capturado. Vi com meus próprios olhos. Ele
conseguia fazer o mesmo que Key. Começamos a acreditar neles, a fazer
perguntas, fomos informados que a missão da Unidade era
capturarpessoas como os assassinos de sua mãe. Não precisou de nenhum
outro incentivo. Nós assinamos os papéis ali mesmo. Parece loucura agora,
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mas naquele tempo não havia outra opção para qualquer um de
nós. Tivemos que fazer.
Não parecia loucura de jeito nenhum. Amava os dois por isso. Só
desejava não terminar sendo parte de sua lista negra.
- Posso lhe fazer uma pergunta agora? - Alex olhou para mim, seus
olhos azuis penetrando através de mim. Eu me preparei - Como isso
aconteceu?
Eu me inclinei contra a cabeceira da cama e abracei os meus
joelhos.
- Eu não sei. Achei que você pode ser capaz de me dizer isso.
Ele pensou por um momento.
- Nós não sabemos. Tudo que conseguimos fazer foi isolar o
gene. Ainda que...Não temos certeza do que isso provoca. Algumas
pessoas têm o gene, mas eles simplesmente permanecem inativos.
Era genético? Uau. Então, por que Jack não era como eu?
- Quando isso começou? - Alex perguntou de repente.
Era tão estranho estar admitindo isso, falar sobre isso
abertamente. Mas, ao mesmo tempo, se havia alguém no planeta à quem
eu gostaria de contar, era Alex. Só não sob estas circunstâncias.
Tomei algumas respirações profundas e então eu comecei.
- Três anos atrás. Bem, na verdade houve um incidente antes disso
mas eu não sabia que era eu ...
Alex esperou que eu continuasse.
- Quando cheguei a Londres, foi muito difícil. Na minha primeira
semana de escola fiquei irritada com um professor. Ela, hum, ela ...-Eu
olhei para a cama, acariciando a borda com o meu dedo - Ela me pediu
para retirar a pulseira que você deu. Você se lembra? - Eu olhei para cima
e encontrei os olhos de Alex, mas ele não mostrou nenhum sinal de
reconhecimento. Talvez ele não tivesse nem aberto meu presente.
Segui.
- Eu disse que não. Ela me disse novamente para eu tirar ou iria ela
mesma cortar e disse que não. Ela veio até mim com a tesoura ... e eu não
sei o que aconteceu. Um minuto a tesoura estava na sua mão e no
próximo tinha voado no meio do caminho para o outro lado da sala e ficou
pregada na parede.
Olhei para Alex. Ele estava pressionando os lábios, se segurando
para não dizer o que quer que fosse que quisesse dizer. Foi realmente
muito irônico que a minha capacidade, de certa forma, tenha sido
acionada pelo seu presente.
Apressei-me para continuar.
- Eu não tinha idéia que o que tinha feito fosse possível. As outras
pessoas acharam estranho, mas sinceramente não tinha idéia de que era
eu.
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- E então?
Eu notei que tinha parado de falar. Eu relembrei tão firme aquele
momento e o rosto da professora quando a tesoura voou da sua mão. Eu
fiz uma careta para contar rapidamente quando eu fiz novamente
consciente do que realmente estava fazendo.
- Bem, da próxima vez que realmente aconteceu foi um ano depois,
mais ou menos. Na escola, no refeitório alguém fez um comentário sobre a
minha mãe e simplesmente perdi o controle.
Mordi o lábio. Não tinha necessidade de fazer ele pensar que eu era
instável ou incapaz de controlar a minha capacidade. Isso era a verdade,
mas ele não precisava saber.
- Eu não me importo com comentários em geral ... Quer dizer, eu
acho que me comportei um pouco estranha; um pouco distante,
indiferente, mas não foi um bom tempo para mim. Eu perdi minha mãe. Eu
perdi você e Jack. - Eu senti meu estômago apertar - Então uma garota
disse algo e eu joguei um rocambole de na sua cabeça. -Houve um
silêncio, então eu acrescentei - Sem usar as mãos, obviamente.
- Você fez o quê? - Ele soltou uma gargalhada. Não era a reação que
eu esperava.
Eu comecei a rir também.
- Sim, foi muito estúpido. Mas ela merecia. De qualquer forma,
depois disso, quase todo mundo me evitou. Eles realmente pensavam que
eu tinha atirado, que estava na minha mão. Qualquer um chegaria à essa
conclusão, certo? Entrei em problemas. Mas eu não me importo ... Eu
fiquei bastante surpresa de poder fazer isso, essa coisa. Então eu comecei
a praticar. Você sabe, com lápis e livros e coisas pequenas. Levei anos para
ganhar algum controle sobre isso. Pensei que talvez isso fosse criação da
minha mente, que eu estava imaginando, mas, em seguida, foi um pouco
como andar de bicicleta, um dia eu comecei a conseguir mover coisas sem,
hum..., realmente precisar tocar nelas, o que passou a ser a coisa mais
natural do mundo.
Não mencionei que era um pouco como andar numa bicicleta sem
freios, em um morro muito íngreme.
- E não tem nada a ver com o por que você veio aqui? Você
realmente foi assaltada?
- Sim. Essa é a verdade. Só não disse toda a história - Eu fiz um
pausa, Alex olhou para mim com um olhar fulminante - Eu ... eu não
queria feri-los.
- O que eles fizeram?
Eu percebi que ele não estava com raiva de mim, ele estava com
raiva deles.... Isso era bom... em qualquer lugar que sua raiva não fosse
dirigida à mim estava bom.

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- Nada. Bem, quero dizer, eles estavam apenas tentando tirar minha
bolsa. Mas eles tinham uma faca apontada para mim e eu não sei o que
aconteceu, mas no próxima segundo eu estava segurando a faca. Bem,
não exatamente segurando. Era ... -
Eu não conseguia descrever com precisão, então parei.
Alex colocou a cabeça entre as mãos. Eu não tinha pensado que era
tão ruim assim.
Oh Deus, ele pensava que eu era uma sociopata.
- Não era a minha intenção fazer aquilo. Eu não queria ferir
ninguém. Eu sei que estava errada. Tentei parar. Eu parei. Eu prometi que
não iria fazer mais novamente. Depois de tudo isso acontecer e ...- Eu
falava incessantemente.
Ele olhou para mim com uma expressão que eu aprendi a não
realmente interpretar. Como se alguém lhe dissesse que sua bicicleta
havia sido roubada.
- Você vai contar para o Jack? -Perguntei.
Sua expressão era determinada.
- Ele precisa saber.
- Por quê? Eu não quero dizer a Jack - Eu sabia que sua reação me
faria ver a de Alex como uma meditação pela paz.
- Porque, Lila, você é a irmã dele. E eu tenho que levá-la para fora do
país e preciso da ajudar dele para fazer isso.
Eu joguei o lençol de lado e levantei-me da cama.
- Mas ele vai me odiar, olhar para mim como você olha. Como se eu
fosse um tipo de monstro, algo horrível. Como as pessoas que mataram a
minha mãe.
De repente, ele se levantou.
- Lila, não é isso que eu penso. Eu disse que não penso assim. Não é
o que Jackvai pensar, assim que expliquemos tudo para ele.
- Mas você ainda não tem certeza de mim ... Eu posso ver a dúvida. E
a maneira como olha para mim agora ... é óbvia.
- Não ... não é isso. Eu estou com raiva agora, com certeza. Mas não
de você. Estou zangado com aqueles meninos que você agrediu. Poderia
matá-los. Você tem muito mais auto controle do que eu ou Jack sabe?
Sentou-se na cama, de frente para mim.
- Sinto muito sobre ontem à noite, e hoje. A maneira com que eu
tenho te tratado é... – ele disse - Foi surpreendente - Ele fez uma pausa,
tentando pensar o que dizer - Isto é o que eu estava tentando dizer
antes. Nos últimos três anos eu tenho sidoprogramado para pensar em
você, pessoas como você, como algo menos do que humanos. Como eles
são tudo de ruim. Como se o gene que dá essas habilidades fosse um gene
defeituoso, como um câncer, destruindo tudo de bom nas pessoas, e então
eu vi você ... e foi, foi um pouco como perder a gravidade.
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Ele pôs as mãos sobre o rosto, apertou os dedos sobre as têmporas.
- Tudo mudou. Eu não sei o que pensar ou em quem confiar.
Eu estava olhando diretamente para ele. Será que ele confia em
mim? O silêncio começou a bater como se tivesse o seu próprio batimento
cardíaco. Ninguém se moveu ou disse nada por um longo tempo. Eu
estava tentando reconstruir toda a noite a partir desta nova perspectiva.
- É por isso que você quase matou Key também? Porque sabia que
ele era como eu? Foi sua reação automática de nos exterminar?
- O quê? - Seus olhos brilharam, sua voz era baixa, mas com raiva -
Quase matei o Key porque eu o vi rastejando para fora da casa.
- Oh - Eu caí na cama oposta.
- Eu não tinha idéia de quem ele era, eu só vi você com ele e... -
olhou para mim desculpando-se e eu senti meu coração dar um pequeno
salto. Ele havia tentado me salvar. Posto assim, estava desculpado então,
embora duvidasse que os hematomas no rosto de Key fossem concordar.
De repente, nada disso importava mais. Todos os eventos de ontem
à noite poderiam ser reescritos na minha cabeça. Ele não estava zangado
comigo. Não me odiava. Agora, tudo o que eu precisava era ele me dizer
que iria embora comigo.
- Para onde eu vou?
Seus olhos encontraram os meus. Ele realmente parecia muito
cansado. Como se não tivesse a energia para se levantar. Ele não tinha
dormido ainda.
- Eu não sei ainda. Estou pensando sobre isso.
Um pensamento borbulhava para fora.
- E o meu pai? O que vocês vão dizer de eu simplesmente
desaparecer?
- Vamos pensar em algo. Você pode vê-lo novamente quando isto
acabar. Quando for seguro.
- Você sabe que ele não vai ficar muito feliz quando eu faltar nos
meus exames escolares – Parecia ridículo se preocupar com exames
escolares quando eu estava prestes a potencialmente ser assassinada,
mas eu sabia como funcionava na mente do meu pai.
- Sim, estou ciente disso. Sinto muito. Talvez você possa remarcar
em alguns meses.
- Hmmm. Talvez - Eu não me importava. Não fazer os exames e fugir
para ver o pôr do sol com Alex era um negócio incrível. Faria isso mil
vezes.
No entanto, um pensamento estava correndo ao redor da minha
mente, e eu não poderia ignorar. Eu me escutei falando em voz baixa.
- Você vem?
Levou um momento para ele responder, e então disse:

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- Você acha que eu deixaria você ir sozinha? - Meu coração pulou
uma batida. Alex se levantou e se aproximou de mim, ajoelhando diante
de mim.
- Lila, quando você me perguntou antes porque eu estava te
ajudando e eu disse que não tive escolha, o que eu quis dizer é que eu não
tenho escolha porque você é ...
Um telefone vibrando interrompeu a conversa. Agarrei-me às
últimas palavras: Eu sou o quê? Eu sou o que?
No entanto, ele tinha ido para a mesa onde o telefone estava
vibrando.
- Olá ...? Nós estamos bem. Onde você está? Você achou?
Tinha que ser Key. Houve uma pausa.
- Tudo certo. Tudo certo. Isso não é bom. Sim, eu te ligo mais
tarde. Nós vamos estar fora em vinte e quatro horas. Isso é tempo
suficiente?
- Sim, eu prometo, eu vou estar lá .. Sim - Uma pausa - Não. Não é
por sua conta. - Outra pausa - Sim. E Key ... Obrigado.
Ele desligou e virou-se para mim. Eu esperei. Ele colocou o telefone
na mesa.
- Estão atrás de nós. Eles estão em San Diego. Eles estão tentando
nos encontrar lá. A Unidade está se aproximando. Eles pensam que
estamos com eles - Ele parou e eu captei a preocupação em seu rosto -
Espero o Key escape. Não posso fazer nada daqui.
Senti todo o ar saindo para fora de mim. Então nós estávamos
seguros naquele momento. O medo não se foi, mas foi
silenciado. Ninguém estava prestes a entrar pela porta. Além da polícia,
talvez, mas eu tinha certeza que Alex poderia lidar com
isso. Provavelmente tinha algum dispositivo na bolsa que poderia
convencê-los a manter suas armas longe e deixar-nos em paz. Pela
primeira vez em quase 24 horas, eu me senti relaxada e meus músculos
começaram a gritar por descanso.
- Eu tenho que chamar Jack.
Minha cabeça se levantou.
- Agora?
Não, ele não poderia chamar Jack agora. Ele tinha que terminar a
frase. Era o quê? Ele parecia ter esquecido a nossa conversa. Em vez disso,
ele foi até a cadeira onde a mala ainda estava e começou a vasculhar
dentro dela. Ele puxou um pequeno objeto metálico e cruzou em direção
ao telefone na mesa entre as duas camas. Pegou o telefone e juntou a
coisa de metal no cabo do telefone. Então, rapidamente discou.
Em dez segundos que levou para estabelecer a chamada, eu prendi
a respiração, trazendo meus joelhos até meu peito. Meus olhos nunca
deixaram os olhos de Alex em mim.
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- Olá, Jack ... não, escuta, escuta. Sim, não, não se preocupe ... está
aqui, de...Ok, ... - Ele se virou e me passou o telefone - Diga-lhe que você
está bem.
Peguei o telefone.
- Olá, Jack, sou eu.
- Jesus, Lila, onde você está? Você está bem? Onde você esteve?
- Er ...
Alex pegou o telefone de volta e fiquei imensamente grata. Eu não
sabia por onde começar com isso.
- Estamos bem – ouvi Alex dizer - Não. Eu posso explicar. Não era
Demos. Não estamos com eles - Houve uma pausa -Segundo flanco.
O que? Flanco?
- É sério. Eles vieram para a casa. Eu tive que tirá-la rápido e não
poderia levá-la para a base. Não era seguro ... o alarme, sim, eu sei. Bem
... e você está onde?
Minha respiração ficou presa como se tivesse arame enrolado na
garganta.
- Ok. Isso é bom. Fique com eles. Mantenha-os em direção ao sul.
Outra pausa. Eu podia ouvir a voz de Jack ficando mais forte.
- A SUV preta? Sim, pois é. Vou explicar quando nos vermos. O
carro? Sim, eu vou explicar mais tarde também ... Não. Não. Tudo bem.
- Não, eu acho que é melhor ficar longe de San Diego e da Base
tanto quanto possível. Você pode nos encontrar? Sozinho. Você deve vir
sozinho, se alguém te ver, vai suspeitar de algo. Venha sozinho e deixe a
Unidade cuidar do resto. Quero dizer, Jack. Nem sequer lhes diga para
onde você está indo. Demos está conseguindo informação interna. Eu não
posso lhe dizer os detalhes por telefone.
Alex baixou a voz, me deixando de fora.
- Eu preciso falar com você cara a cara.
Houve uma longa pausa dramática e eu comecei a me preocupar. Os
ombros de Alex estavam se endurecendo, eu podia vê-lo, mesmo por
trás. Ele estava passando amão pelo cabelo curto. Me lembrei de como
seu cabelo se sentia suave. Uau, eu realmente precisava me concentrar.
- Só o passaporte dela. E alguns papéis para você e para mim.
Para os dois?
- Quando é o mais rápido que você pode nos encontrar?
- Ok. Às oito. Perto de Palm Springs. Eu vou te ligar e dizer-lhe onde
nos encontrar.
Dei uma olhada no relógio. Eram 23:13 hs.
Alex desligou e virou-se para mim. Seu rosto estava
expectante. Seus lábios franziram.
- O que ele disse sobre Demos?

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- Como Key já disse, eles estão em San Diego, a Unidade está atrás
deles. Eles pensam que Demos pegou nós dois. Isso causou um grande
pânico. Toda aUnidade está atrás deles.
- Mas eu pensei que você disse que não fariam nada se alguém na
Unidade fosse tomado de refém?
- Não sou eu - disse ele, olhando para mim intencionalmente.
Eu continuei olhando para ele. Alex continuou.
- Ele queria saber sobre o carro.
Apostava que sim. Eu não queria estar por perto quando Alex
contasse a verdade sobre isso.
- E segundo flanco? –Perguntei - O que isso significa?
Ele sorriu.
- Apenas uma palavra do nosso código para que o outro saiba que
não estamos sob coação.
- Por que você disse que Demos obteve informações internas?
- Era o único jeito de ele não contar a ninguém o que iria fazer e vir
sozinho.
Oh. Eu fiz uma careta.
- Então, a gente vai se encontrar com Jack amanhã? - De repente,
eu me senti como em uma noite antes de um exame. Eu estava exalando
medo - Você tem certeza?Eu tenho mesmo que dizer? Eu não estou segura
...
- Sim, nós temos que contar.
Olhei para ele.
- Por quê?
- Por muitas razões. Principalmente porque eu preciso dele para
saber a verdade.
- E quanto a mim? Eu não quero que ele saiba a verdade. Isso
conta? Não? Posso ter uma palavra a dizer sobre isso?
- Lila, vai ficar tudo bem. É o Jack. Eu vou falar com ele, ele precisa
saber - Alex estava usando o tom normalmente usado para acalmar a
situação, a voz macia e suave, que derrubava o meu estômago.
Genial. Eu só esperava que, onde quer que fossemos nos encontrar ,
fosse num lugar público, de modo que Jack não pudesse fazer nada, por
causa das várias testemunhas.
Alex parecia contente outra vez, envolto em algum pensamento, e
eu me perguntei se ele estava imaginando como dizer a Jack sobre a
minha capacidade sem matá-lo ou fazê-lo me conter.
- Vem, vamos dormir enquanto podemos. Temos que estar
acordados antes do amanhecer, eu tenho que roubar outro carro.
Ele foi para a segunda cama e caiu cansado nela, empurrando a
arma para debaixo do seu travesseiro, sua mão descansando sobre ela. Ele
estava já com os olhos fechados.
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Eu estava de pé, encalhada, sabendo que eu tinha que ir para a
cama ao lado, mas querendo muito entrar na cama dele e afagá-lo.
- Posso dormir com você? - Perguntei. Minha mão voou para a
minha boca. Aquilo tinha escapado. Parecia um pouco com a minha
habilidade quando simplesmente surgia do nada quando eu estava
cansada ou de alguma maneira muito emotiva.
Alex abriu um olho e me deu um olhar desconfiado por um tempo,
mas, em seguida, finalmente ergueu o braço e eu me deitei junto à ele.

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Capítulo 21

E u estava deitada de lado e o braço de Alex estava firmemente


em torno de mim, sentia o peso dele na minha cintura e quadril. Apenas
abri meus olhos e vi sua mão sobre o lençol na minha frente, a arma ainda
descansando na palma da mão. Eu podia sentir o calor irradiando de seu
peito contra as minhas costas, embora ele não estivesse grudado contra
mim – havia pelo menos um centímetro de espaço entre nós dois - e eu
lutava muito contra a tentação deme empurrar e fechar a distância. Eu me
concentrei em manter minha respiração estável.
Eu me virei lentamente, mudando o meu peso, tentando não
acordá-lo, nãoquerendo correr o risco de ele despertar e retirar o braço
para longe de mim. Uma vez que estava deitada de costas, o seu braço nu
caiu no meu estômago. Eu olhei para ele. Alex estava dormindo ainda, e
era ainda mais bonito do que acordado. Nunca estive tão perto dele antes,
e jamais o tinha visto dormindo. As dormidas dele em casa quando eu
tinha sete anos não contam. E, além disso, ele tinha dormido na cama do
quarto de cima.
Senti-me feliz que meus braços estavam presos pelo peso de seu
braço porque senão eu teria esticado minha mão para acariciar o rosto
dele, traçar os cílios, seguir a linha dos lábios. Eu me esforcei bastante
para manter a minha respiração controlada. Seu corpo pareceu tenso por
um segundo, e em seguida, relaxou novamente. Sua respiração era estável
e eu fiquei olhando seus lábios, pensando em como eles se sentiriam se eu
me movesse um centímetro e pressionasse os meus nos dele. Era
realmente como fazer uma festa na frente de um homem faminto. Até
comecei a lamber meus lábios em modo de antecipação.
Então, de repente os olhos de Alex estavam abertos. Em um
segundo, ele estava dormindo e no próximo seus olhos azuis perfuravam
os meus. Respirei profundamente. Nos olhamos na crescente escuridão
do quarto. Eu estava perdida. Sem esperança. Eu podia sentir meu
coração batendo em batidas irregulares e tinha certeza de que ele podia
ouvir também.
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Assim, sem mais delongas, Alex moveu o braço da minha
cintura. Onde o peso de seu braço tinha estado, havia agora apenas um
espaço vazio. Senti-me sem restrições, como se pudesse flutuar até o
teto. Esperei para ver o que ele faria, e então, muito lentamente, muito
gentilmente, ele colocou a mão na minha bochecha, seu polegar perto do
canto da minha boca.
Se eu achei que o braço dele sobre minha cintura me lançava uma
carga elétrica, agora isso então era como uma terapia de choque. Meu
cérebro ficou em branco, apenas consciente de um intenso batimento
cardíaco pulsando na minha bochecha.
Ele manteve os olhos nos meus, sem piscar, e eu olhei diretamente
para o azul de seus olhos. E então, de forma quase imperceptível ele se
moveu e no espaço entre as batidas do meu coração, seus lábios tocaram
os meus.
O mundo inteiro se abriu. Era como se eu fosse explodir, sendo
puxada em direção a um buraco negro onde nada era sólido ou real. Eu
me senti etérea, leve, livre. Luzes começaram a piscar na minha
cabeça. Provavelmente por falta de oxigênio.Eu tinha um desejo
desesperado para sentir a pele de Alex contra a minha. Todas estasvezes
ele tinha estado a curta distância e eu não pude tocá-lo, todas aquelas
horas que passei sonhando sobre estar tão perto dele, agora estava
chegando com tudo e mais um pouco.
A realidade era muito melhor do que todos esses sonhos,
infinitamente, incrivelmente melhor. Minhas mãos deslizaram sob a
camisa de Alex. Havia um enorme desejo que não poderia ser parado
mesmo que quisesse tentar parar. A camisa dele subiu, mesmo sem eu
tocá-la. Que habilidade maravilhosa e útil, pensei. E então, meus dedos
estavam quentes contra seu estômago. Eu podia sentir as arestas de seus
músculos sob minhas mãos e ouvia minha respiração tendo ritmo.
Então, Alex congelou, com a mão de repente agarrando o meu pulso
e começou a se afastar.
Abri os olhos. As luzes piscando não eram o produto da minha
imaginação ou falta de oxigênio. As luzes da sala piscavam mesmo,
repetidamente. Elas pararam assim que eu percebi, deixando tudo escuro,
com exceção apenas da luz fraca da rua brilhando através da fenda das
cortinas.
- Desculpe - disse ele, soltando meu pulso e rolando para longe de
mim.
Suas palavras se transformaram em torno de mim, batendo na
minha cabeça, meu cérebro desligou, a sinapse permaneceu em outros
lugares ao redor do meu corpo. Eu sentia as chamas bruxuleantes.
Alex sentou-se e pôs os pés no chão, ficando de costas para mim. Eu
fiquei de joelhos e tentei afastar a sensação de volta ao meu corpo.
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- Por que você está arrependido? - Eu perguntei com a voz
trêmula. Minha mãopairando sobre seu ombro, já que eu estava muito
insegura para fechar a distância e tocá-lo de verdade.
Alex levantou-se e se afastou.
- Lila, isso não está certo.
Não está certo? Ele estava brincando? Porque isso era tão bom.
Tão, tão, tão bom.
- O que você está dizendo? Eu não entendi. Isso é por causa da
minha capacidade?
Ele tinha parado de me beijar por causa da luz. Eu podia entender
como isso devia ser um pouco rude, mas não era como se eu tivesse
disparado uma arma para o teto, estilo rodeio.
Alex se virou.
- Não. Nunca mais pense dessa forma. Não tem nada a ver com
isso. O que seja que você pode fazer, qualquer habilidade que você tenha,
você continua sendo a Lila. É parte de você e de quem você é. E não
mudaria nada em você, a não ser talvez a sua inclinação a fugir - ele
acrescentou no último momento.
Minha mão caiu. Engoli saliva. Então caminhei lentamente para
pegar sua mão. Ele deu um passo para trás, me afastando e o pânico
começou a tecer através de meus membros como veneno. Sem olhar, ele
foi para o banheiro e fechou a porta. Eu ouvi o som da tranca da porta.
Sentei-me na beira da cama, perguntando-me qual o caminho que
me faria sentir segura de novo. Minha mão estava pressionada contra
meus lábios. Tentei memorizar a pressão de seus lábios, o jeito que ele
tinha me beijado. Eu estava olhando para a porta do banheiro, sem fala,
meu cérebro tentando assimilar o que simplesmente aconteceu.
Cerca de cinco minutos depois, ele saiu. Ele evitou contato com os
meus olhos e olhou para o relógio.
- Podemos sair já, enquanto ainda está escuro.
Ele foi para a cadeira no canto e começou a vasculhar a bolsa.
Eu olhei para ele, com a boca entreaberta. Isso é tudo? Isso era tudo
o que ele tinha a dizer? Eu olhei para o lençol, amassado debaixo dos
meus pés. Pelo menos quando eu sabia que ele sentia raiva e fúria eu
sabia onde eu estava ... mais ou menos. Agora eu estava afundando, sem
saber o que pensar. Nós tínhamos acabado de nos beijar, certo? Isso tinha
acontecido, certo?
O som de um zíper fechando me fez olhar para cima. Alex jogou a
mala por cima do ombro. Eu vi quando ele empurrou a arma na mão para
a parte de trás da calça jeans. Ele olhou para mim e eu tive certeza que
detectei um leve brilho de vergonha. Ele pegou as chaves e acenou com a
cabeça em direção à porta.
- Pronta?
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Eu cambaleei para fora da cama sentindo-me tonta e eu rastejei
para os meus sapatos. Meu rosto queimava, minha respiração ainda era
irregular, queimando minha boca.
Eu podia sentir minhas emoções começarem a estourar. Eu não
conseguia entender por que ele ignorava o que tinha acontecido e não
tinha certeza de como lidar com o assunto. Como é que as pessoas fazem
isso? Eu não tinha idéia de qual era o protocolo. Ele está constrangido
porque eu sou a irmã de Jack? Ele está chateado comigo? Não. Eu não
podia acreditar. Não tinha havido nenhum descontentamento naquele
beijo. Então o que era? Culpa, talvez? Por que era irmã de Jack? Oh,
não. Rachel. É claro. Como eu tinha conseguido esquecer isso? Amnésia
seletiva, obviamente. Ou apenas a negação pura e simples.
A mala que Alex estava segurando de repente bateu na cama. Mordi
o lábio inferior e olhei para ele com os olhos arregalados, à espera de sua
reação. Ele parecia confuso e em um estado de choque. Em seguida, ele
me olhou com descrença no rosto. Ele olhou para a bolsa, jogada ao lado
perto do pé da cama. Achei que era muita sorte que Rachel não estivesse
ali, na verdade, porque, sem dúvida, todo o mobiliário do quarto sairia
voando, e não apenas uma bolsa.
- Você acabou de fazer isso? - Sua voz era calma.
- Um. Talvez.
- Lila?
Era como a vez em que fui chamada para o escritório do diretor
depois do rocambole de carne voar.
- Sim. Está certo. Eu fiz isso. Foi um acidente. Eu disse a você, às
vezes simplesmente acontece.
- Como com as tesouras?
Merda.
- Sim.
Ele balançou a cabeça lentamente.
- Eu entendi - Ele levantou o olhar para mim e eu senti uma
sensação de borboletas voando no meu estômago - Talvez eu não devesse
ter te ensinado como remover a trava de uma arma. Eu tenho que tomar
cuidado com as minhas costas?
Ele me deu um pequeno sorriso, seus olhos enrugando nos
cantos. Ele tentou brincar, mas eu não me sentia bem para
brincadeiras. Eu estava zangada com ele. Por que ele tinha me beijado se
gostava da Raquel?
- Por que você está aqui comigo?
- Desculpe? - Ele olhou para mim confuso - Eu pensei que tinha
respondido que...
- Quero dizer - eu continuei, erguendo a voz - por que você está aqui
comigo quando claramente preferia estar com Rachel? -Eu realmente não
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queria dizer isso. Eu quis dizer por que ele estava me beijando, se existia
uma coisa com a “eu sou a chefe aqui e não mexa comigo Barbie”?
- Rachel? - Ele parecia muito confuso agora.
- Sim. Rachel. Por que você não está com ela? Te dou uma chance
agora. Não precisa ficar aqui comigo - Eu parecia tão ciumenta e
ridícula. Eu queria bater em mim mesma com aquela mala e me
nocautear.
- Não seja ridícula.
Oh, ele concordou comigo no ridícula. Genial.
Virei para ele não ver as lágrimas de raiva que começaram picar
atrás do meu olhos.
- Você acha que eu gosto de Rachel? - Alex disse atrás de
mim. Pareceu surpreso.
Virei-me, de repente furiosa por ele estar me fazendo dizer isso em
voz alta.
- Você foi a um encontro com ela, certo? - Eu estava pensando do
restaurante no qual também havíamos ido no aniversário de Alex, mas
Alex parecia não lembrar. Ele franzia a testa - Eu vi você no bar com ela -
eu disse - Eu te vi rindo e brincando com ela. Então, por que você está aqui
comigo?
De repente, ele entendeu. Eu podia ver claramente quando ele
compreendeu tudo e, em seguida, seu rosto ficou sério. Ele levou as mãos
nos meus ombros e desta vez eu tentei não evitá-lo, eu parei como um
chumbo.
- Lila – ele disse, seus olhos segurando os meus - eu não gosto de
Rachel. E eu estou porque aqui é o lugar onde eu quero estar.
Não gosta?
- Não gosta? - Gaguejei.
Ele balançou a cabeça uma vez, com firmeza.
- De jeito nenhum.
Oh. Eu levei um momento para assimilar. Isso foi bastante
embaraçoso, então.
Alex deixou cair as mãos dos meus ombros.
- Eu nunca estive em um encontro com Raquel. Se você está falando
do comentário que Jack fez no restaurante, ele falou de um almoço de
negócios. Todos os líderes de equipe estavam lá.
Oh novamente.
Ele esperou.
- E o que você viu no bar não era o que você pensa. Quando você me
viu com Rachel, ela estava me dizendo algo que eu não acreditava. É por
isso que eu ri. Então eu vi você e... - Ele fez uma pausa.
Dizendo-lhe o quê? Uma piada? Algo sobre mudanças no
trabalho? O que poderia estar dizendo que era tão engraçado? Era a sua
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chefe. Patrões não devem contar piadas. Em particular, os chefes de
operações especiais.
- O que ela estava dizendo? - Eu perguntei, confusa agora.
Alex olhou para baixo e, em seguida, seus olhos azuis brilhavam
para mim me preparando.
- Ela estava dizendo que você tinha sentimentos por mim.
Engoli em seco e tentei manter meu rosto neutro.
- Sentimentos? – Meus batimentos cardíacos voltaram a acelerar
como se estivesse bombeando anfetamina e não sangue em volta do meu
corpo.
Ele tomou uma respiração profunda.
- Ela disse que ouviu você no bar dizer para Sara que me amava.
Ecoando, fazendo eco ao redor da sala, a palavra amor se colocou
entre nós como uma camada de cinzas depois de um incêndio. Eu não
podia encontrar o olhar de Alex. Ele também olhou para o chão,
horrorizado. Rachel? Ela tinha ouvido eu falar disso? Onde ela estava? O
bar estava lotado, mas como eu não tinha notado isso? Talvez porque eu
só tinha olhos para o Alex. Então Rachel ouviu ... mas por que dizer a
ele? Por que fazer isso?
Porque era uma completa cadela. Simples assim.
Eu repeti a cena do bar na minha cabeça. Alex estava rindo porque
tinha acabado de saber que eu o amava. Isso trouxe uma nova perspectiva
para as coisas sem dúvida, mas não das melhores. Ele achou engraçado
que eu o amasse. Olhei para o chão e fiquei imaginando um buraco se
abrindo. Não aconteceu nada. Poder inútil!
Eu tive que ir para o banheiro. Em algum lugar onde eu pudesse
fechar a porta e me esconder. Eu não me importava de encontrar
Jack. Alex poderia ir por sua conta. Eu esperaria que a Unidade viesse me
conter.
Mas Alex chegou à porta antes de mim, bloqueando meu
caminho. Tentei andar para longe dele, mas ele me seguiu e eu não
conseguia me afastar. Virei e voltei para a cama, me deixando cair como
uma pedra e enterrando minha cabeça em meus braços.
Houve um momento de silêncio, e ouvi a minha respiração forte e
desigual em torno de meus braços. Eu esperei, esperando que Alex
simplesmente cansasse, pegasse a mala e fosse embora. Mas ele não o
fez. Ele veio e se sentou ao ladoe eu senti a mão dele nas minhas costas.
- Lila. Por favor. Podemos falar?
Sua voz era tão suave que eu estava começando a me virar, meu
corpo queria rolar em direção a ele e encontrar conforto. Mas eu
parei. Fiquei quieta e prendi a respiração. Eu realmente não sabia o que
dizer. Nem ele, obviamente, já que ele se sentou em silêncio por um
minuto.
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Finalmente, ele falou em voz baixa.
- Quando eu disse que não tinha escolha em te ajudar, eu falei
sério. Não tinha escolha, porque você é a única escolha que eu tenho. Eu
não confio em nada nesse momento. Mas o que eu tenho certeza, a única
coisa que tenho a mais absoluta certeza ... - Ele parou por uma fração de
segundo -... é o que eu sinto por você.
Ele parou e eu abri meus olhos. Como se sente sobre mim? Não
entendi o que ele estava dizendo. Me virei lentamente para olhar para ele
e sua mão saiu das minhas costas. Quando eu encontrei a minha voz,
estava áspera.
- Eu não ... o que você está dizendo?
Alex franziu a testa, apertando sua mandíbula e, em seguida,
soltando, como se estivesse dizendo as palavras contra seu melhor
julgamento.
- Eu estou dizendo que o que eu sinto por você não é a maneira certa
do que eu deveria sentir por você.
- O que quer dizer com que não é a maneira certa?
Eu podia sentir meu corpo começar a tremer.
Ele passou a mão na testa como se tivesse uma enxaqueca.
- Eu gosto de você. Muito.
Tomei uma respiração tão grande que o ar ficou rarefeito ao
redor. Gostar? Alex, que eu tinha amado toda a minha vida, também
gostava de mim. E, com “gostar” ele realmente quis dizer “gostar”. Não
como se gosta de uma tia ou chá com açúcar. Mas não fazia sentido que
ele gostasse de mim. Não tinha sentido nenhum. Sentei-me reta.
- Mas você riu. Quando ela lhe disse, você deu uma gargalhada.
Alex fechou os olhos por alguns segundos e quando ele abriu
parecia decidido de alguma coisa.
- Eu estava rindo, Lila, porque não acredito nela. Eu pensei que
Rachel tinha que estar brincando.
De repente, nada mais importava mais. Nem Rachel. Nem a
Unidade. Nem Demos.
Alex gostava de mim. Ele gostava. Ele amava. Eu não conseguia
ocultar o sorriso no meu rosto.
- Lila. Mas, como eu disse, não é certo. Eu não vou tirar vantagem de
você. - Ele se levantou.
Meu sorriso dissolveu. Ele estava brincando? Eu pulei da cama para
ele.
- Pois tire. Pode tirar proveito. Você pode fazê-lo. Eu estou dando a
vantagem. É sua.
Ele deu um passo para trás.
- Não, Lila. Você é a irmã de Jack.
Parei.
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- É sobre Jack?
Eu não podia acreditar. Como se Jack fosse estender a mesma
cortesia à Alex se a situação fosse o contrário.
- Em parte sim. Ele me mataria se soubesse.
Eu não poderia discordar com veemência. Mas não era a vida de
Jack. Não era assunto seu.
Antes que eu pudesse colocar um pouco disso em palavras, no
entanto, Alex continuou:
- É mais do que apenas Jack. Eu não posso vê-la magoada, é isso ...
isso vai acabar mal.
O que? Ele conseguia ver o futuro agora?
- Então é assim? - Eu apontei para ele e depois para mim - Ou você
está falando sobre Demos e a situação em que estamos? O que vai acabar
mal?
Ele deu um encolher de ombros.
- Eu não vou te machucar – Ele falava como se aquilo fosse uma
promessa - E essa relação pode te machucar - Ele disse isso em um tom
definitivo. Como se ele já tivesse firmado isso em sua mente.
O pânico finalmente chegou no meu peito, enchendo meus
pulmões, me impedindo de respirar.
- Não - eu sussurrei – Isso não vai me machucar. É desistir disso
assim que me machuca.
Ele simplesmente não podia dizer que gostava de mim, me beijar e
depois jogar tudo fora.
Tendo em conta que tudo na minha vida parecia ter sido arrancado
de mim, isso realmente não era justo. Mas desta vez eu não deixaria isso
acontecer.
Alex balançou a cabeça.
- Desculpe, Lila. Eu realmente não devia ter te beijado - Ele passava
uma mão acima da cabeça, como se tentasse apagar a memória do que
aconteceu. Eu estava lá com a boca aberta - Foi um erro da minha parte. E
eu não deveria ter dito como eu me sentia. Só queria que você soubesse
que o que você estava pensando não era certo. Eu podia ver o que estava
passando por sua cabeça. E nada disso era verdade.
- Mas se você sente algo, como você desistir simplesmente? Como
você pode? – Minha voz tremia e tentei detê-lo.
- Porque não se trata sobre o que eu quero. Se trata sobre o que é o
melhor.
- Então, você quer isso? Você me ama? – Ele amava? Ainda não sei o
que ele queria.
Alex fez uma pausa.
- Eu quero que você seja feliz e eu quero que você esteja protegida -
ele disse finalmente.
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- Eu estarei feliz e protegida com você.
Alex parecia angustiado, seu rosto me lembrando como eu me
sentia quando ele apertou o botão no carro e tudo se tornou um ruído
esmagador branco.
No entanto, quando ele percebeu a minha cara, com o coração
quebrado em meu peito e parecendo despedaçar na minha frente, ele
reagiu rapidamente.
- Venha - disse ele, estendendo a mão - vamos falar sobre isso mais
tarde. Agora não é o momento. Temos que sair daqui.
Ele me levou até a porta, parando para pegar a mala. Deixei. É claro
que eu acabei deixando, mesmo por dentro querendo resistir, enfrentar e
exigir saber quando seria o momento certo. Eu estava desesperada para
que ele prometesse que não iria parar com nada, muito menos com me
beijar, ou algo semelhante.
Eu tinha que convencê-lo de que Jack não iria matá-lo, o que
provavelmente iria, e que ele não estava tirando vantagem de mim e que
não poderia simplesmente parar porque eu também queria e necessitava
dele. Absolutamente e completamente necessitava. Eu não poderia
imaginar sobreviver um único segundo do mundo sem ele ao meu lado. E
com isso, não queria dizer apenas em um mundo em que a Unidade está
me perseguindo, mas em qualquer mundo.

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Capítulo 22

E stavámos no início do Teleférico de Palm Springs, perto da


bilheteria. Eu olhei para cima da montanha que emergia do deserto, como
uma mesa gigante. O teleférico parecia frágil, como um brinquedo de
criança, ao seu lado.
Olhei para Alex.
- Vamos por essa coisa?
- Sim.
- Genial - e então, depois de uma pausa - Haverá um grande número
de pessoas no final disso?
- Não. Esse é o ponto.
- Acho que as pessoas ao nosso redor seria bom, como testemunhas.
- Sério? Quer mostrar suas habilidades para uma platéia?
- O que quer dizer, mostrar a minha habilidade?
- Lila, você precisa mostrar a Jack. Ele não vai acreditar, a menos
que você prove o que faz.
- De jeito nenhum.
- É o único caminho. Quer deixar o país? Quer ser livre de Demos?
Eu suspirei.
- Sim.
- Bem, então, vamos lá. Andando.
Alex empurrou-me para o teleférico. Fiquei ali, olhando de frente
para o topo da Montanha e o deserto plano, me perguntando como eu
aguentaria até o final daquilo. Era uma queda grande. Havíamos
conduzido para Palm Springs, parando para um café da manhã em um
restaurante de beira de estrada. Depois Alex ligou para Jack de um
telefone público e marcou um encontro com ele bem aqui. Ou melhor, na
parte superior do teleférico no Parque Estadual San Jacinto , para ser
exata.
Quando comprou os bilhetes, Alex voltou para o carro.
Eu o segui.

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- Para onde você vai? Não estamos indo para o topo? Você mudou
de idéia? - Eu estava esperançosa.
- Vamos esperar - disse ele por cima do ombro.
Eu olhei de volta para a entrada do teleférico.
- Por quê?
- Por causa de Jack ...só quero ver primeiro se ele veio
sozinho. Vamos deixar ele subir primeiro e depois nós vamos segui-lo.
Entramos no carro e senti a primeira espiral de um início de
angústia começar no meu corpo. Meus pés começaram a bater no chão,
meus dedos batendo uma música no peitoril da janela. Alex olhou para
mim um par de vezes e eu dei sorrisos fugazes que não enganavam ele
nem por um segundo.
- Vai ficar tudo bem - disse.
Eu só balancei a cabeça e continuei batendo os dedos.

Ao meio-dia, vimos uma mancha vermelha no horizonte. Parecia


familiar.
Alex estava sentado em sua cadeira suavemente e eu continuei
seguindo a mancha, que tornou-se mais clara. Era a moto de Alex. Jack
dirigia ela. Certamente ele só devolveria as chaves depois que ele
perguntasse sobre o Audi. Me afundei na minha cadeira, escondendo-me.
Esperamos que ele estacionasse e meu coração começou a
galopar. Ele tirou o capacete e olhou para cima, examinando o
estacionamento. Certamente procurando o Audi. Finalmente ele desistiu
da busca e foi até a bilheteria e nós o vimos desaparecer para dentro do
teleférico.
Olhei para Alex.
- Então é só ... vamos?
- Não, vamos seguir acompanhando.

Quinze minutos depois saímos do carro. Jack já estava pendurado


sobre cem pés ou mais acima de nós em um dos bondinhos. Gostaria de
saber se poderia nos distinguir abaixo.
Balançando ao vento, duzentos metros acima, suspensa por um fio
em uma pequena caixa de metal e vidro, estava eu perigosamente perto
do limite de algo, e não era do topo de uma montanha, era de algo mais
parecido com histeria mesmo. Meu irmão estava esperando no topo e eu
podia sentir a ansiedade aumentar mais a cada metro mais perto dele.
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- Lila.
Eu olhei para cima. Alex estava de pé em um canto. Eu cambaleei
em direção a ele, sentindo a trepidação da cabine embaixo de
mim. Quando cheguei para ele, aproximou-se, então nossos braços
roçaram. Eu não sabia o que ele estava fazendo primeiro, até algo pegou
em torno de meu pulso. Então ele tirou a mão eu vi a trança de couro que
havia dado à ele pelo seu aniversário.
Olhei para o seu rosto e senti o sangue subindo pelo meu rosto para
a minha cabeça. Nunca cansava de olhar para ele e por alguns segundos a
minha mente ficou totalmente em branco, surpresa de que alguém tão
bonito pudesse gostar de mim. Ele terminou de amarrar o nó e me olhou,
e eu senti meu olhar cair de seus olhos para os seus lábios novamente.
- Por que você está me devolvendo? - Perguntei.
Ele pressionou seu polegar sobre meu lábio inferior e eu ouvi uma
respiração profunda. Era eu respirando, pensei, antes de minha cabeça
começar a girar. Ele inclinou a cabeça e me beijou. Apenas ligeiramente,
por poucos segundos, antes de se afastar novamente. Meu lábio inferior
começou a latejar onde a pressão do polegar e depois dos seus lábios
tinham estado. Eu olhei para baixo, apenas para conferir o solo cerca de
300 metros abaixo, e eu comecei a oscilar. Alex puxou-me pela cintura,
segurando-me firmemente. Eu me inclinei para a frente, pressionando a
testa contra seu peito.
O que estava acontecendo? Não faziam nem duas horas que ele
tinha afirmado que tudo isso era errado e disse que não iria tirar proveito,
e agora aqui estava ele, feliz tirando proveito. Eu não queria fazer nada
que fizesse ele reconsiderar, de maneira que fiquei ali, imóvel, apenas
respirando.
A cabine balançou ao chegar na estação de pouso no topo da
montanha e Alex pegou a minha mão, dando-lhe um aperto.
Parecia que eu não ia conseguir me equilibrar, minhas pernas
estavam vacilantes e instáveis no corredor de metal que nos levou para o
prédio e, em seguida, em direção ao topo da montanha. O ar estava frio,
muito mais frio do que no chão deserto. Como se estivéssemos nos
Alpes. Era fresco, cortante e fino. Eu coloquei meu suéter. Alex já sabia
desde o shopping que iríamos acabar aqui? O que mais ele havia
planejado?
Estávamos no meio de pinheiros que se estendiam até o azul do céu
e tudo estava em tal tranquilidade que parecia cantar. Poderia ter
pensando que era algum lugar místico ou sobrenatural, se não fossem os
turistas estrangeiros gritando e um grupo almoçando em uma das mesas
de piquenique. E Jack. Ali, em pé na frente de mim. Foi incrível, apesar de
saber que ele estaria esperando por nós. Ele me deu enorme abraço de
urso, me levantando do chão. Eu fiquei tensa em seus braços, querendo
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abraçá-lo, mas também congelada de medo de fazer qualquer
coisa. Mesmo piscar.
Ele me soltou de repente e se virou para Alex, deu um passo
ligeiramente diante de mim, e ficou ali de pé entre o seu melhor amigo e
eu.
- Então o que aconteceu? - Ele perguntou.
Eu senti meu estômago começa a apertar diante do confronto
iminente. Todos os músculos do meu abdômen endureceram.
- Tivemos que fugir, Jack. Eles vieram para a casa - Alex deu um
pequeno suspiro.
- Mas por que não levá-la para a base, onde pudéssemos mantê-la
segura? Você era apenas um homem contra um monte deles. Se algo
tivesse acontecido com ela, eu juro por Deus ...
- Ela está bem, Jack. Nenhum dano. Eu não podia levá-la para a
base. Nós vamos... eu vou explicar.
Alex desceu uma das trilhas na floresta. Eu vi ele ir e senti um puxão
de dor nas minhas costelas como se meus músculos tivessem sido
esticados.
Saí atrás dele, Jack veio seguindo atrás de mim.
- Onde está meu carro? - Disse atrás de mim.
Por que ele tinha que perguntar para mim isso? Não seria eu a dizer
a ele.
- Em um lugar seguro – gaguejei – Ele era um pouco chamativo
assim que deixamos ele em um lugar - Não era exatamente uma mentira.
- Ele não bateu o carro , certo?
- Não. Não bateu.
Vendeu, mas não bateu.
Seguimos Alex por alguns minutos até que estivéssemos em um
bosque de pinhos. Era tão tranquilo e ainda assim, eu podia ouvir o
farfalhar das folhas de pinho sob os nossos pés, mas não o sussurro da
agitação do vento ou folhas.
Alex olhou para mim e me deu um sorriso tranquilizador. Eu não
podia responder. Eu realmente queria muito cruzar o pequeno espaço
entre nós e tomar a sua mão novamente. Mas a posição de Jack para com
Alex estava me dizendo que não, ele parecia uma panela fervendo a fogo
lento. Dar-lhe qualquer munição neste momento seria como jogar uma
granada em uma fogueira. Me perguntei novamente sobre se era
realmente o certo revelar a minha habilidade à ele.
- Você trouxe o passaporte de Lila? - Alex perguntou.
- Sim, aqui está - Jack apontou para uma pequena maleta a seus
pés.
- Eu tenho as suas identidades aqui - disse Alex, brincando com a
mala preta.
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Eu fiz uma careta, algo não estava certo.
Jack acenou com a cabeça.
- Mas por que eu preciso deles? Você vai me dizer o que está
acontecendo?
Eu deslizei de volta para a linha de árvores, caso Alex estivesse
errado e eu precisasse correr rápido.
Alex respirou fundo.
- Há uma razão pela qual nós não pudemos ir para a base, Jack. É
por isso que eu pedi você viesse sozinho. Você tem que ficar quieto e ouvir
tudo o que eu vou contar antes de fazer qualquer julgamento.
Jack não escutou. Ou não quis escutar.
- O que está acontecendo?- Ele gritou - Por que você não ligou
antes? Estava muito preocupado. Toda a Unidade entrou no caso. Você
tem qualquer idéia de que tipo perseguição você deu o pontapé inicial?
Olhei em volta e para o céu, quase esperando ver helicópteros
voando para cima e para baixo e homens vestidos de negro descendo de
rapel para baixo entre as árvores.
- Você não contou a eles que estaria aqui com a gente, certo? - Alex
tirou as palavras da minha boca.
Os olhos de Jack brilharam com raiva.
- Não. Eu prometi que não faria isso. Mas eu quero respostas. Eu tive
que mentir para Sarah e Rachel. Por que não voltaram para a base? Onde
vocês estiveram? - Eu poderia jurar que ele olhou de um para o outro com
uma pitada de desconfiança em seus olhos - O que você estava fazendo
em uma montanha no deserto com a minha irmã?
-Tivemos que escapar de Demos rápido. E eu lhe disse ao telefone, a
base não era uma opção. Tivemos que ficar longe da Unidade.
Eu vi Jack tentando calcular as palavras de Alex. Ele balançou a
cabeça, suas sobrancelhas se uniram em uma carranca.
- Ficar longe da Unidade? Por quê?
- Lila é um deles, Jack.
Meus olhos voaram para encarar Alex. Era assim que ele pensava
em acalmar Jack para revelar o segredo? Seus olhos encontraram os meus
e eu vi um pedido de desculpas instantâneo neles, por ter se referido a
mim como um deles.
- O que você está falando?
Alex interrompeu-o:
- Jack, Lila é umspsico.
Os olhos de Jack rastejaram de volta para mim e eu lhe dei um
sorriso nervoso. Meus pés começaram a raspar a sujeira no chão, mas
meus músculos da panturrilha estavam preparados e prontos para correr.
- De jeito nenhum - A expressão do rosto de Jack era absolutamente
calma -Diga-me que vocês estão brincando, Lila.
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Engoli em seco, sentindo a dureza que se instalara em seu rosto.
- Sem brincadeira, Jack.
Eu vi a maneira como seu rosto começou a se contrair. Um músculo
tremia sob seus olhos e de repente Alex estava lá, bem ali ao meu lado,
colocando-se entre nós, estendendo o braço para cima e para trás e para
o lado para me proteger.
- Eu não acredito - Jack parecia ter se estabilizado. Sua voz era
calma.
- Lila, eu acho que você vai ter que provar - disse Alex.
Eu hesitei por cerca de dez segundos, pesando nas opções. Mas já
era tarde demais para a negação. Então eu olhei ao redor dos arbustos da
paisagem até que eu vi uma embalagem de chocolate no chão e a fiz
voar. Ela veio para Jack, flutuando na frente dele e, em seguida, trouxe
para mim. Eu estendi a mão e deixei ela pousar em minha mão, como uma
pena ao vento.
Eu olhei para cima. O rosto de Jack estava dividido entre surpresa e
horror. Para mim era mais horror.
- Você ... você ...-Jack não era capaz de articular a oração, então eu
estava feliz.
Virou-se e dirigiu-se para a árvore mais próxima. Fiquei imaginando
o que ele estava fazendo. Então ele levantou o braço e deu um soco no
tronco da árvore com todas as suas forças. Estremeci com o som.
- Jack, acalme-se - Alex deu um passo em direção a ele, depois
hesitou, parecendo disposto a colocar uma distância muito grande entre
mim e ele - Ela é sua irmã. Ainda é a Lila. Acredite em mim, eu estava tão
surpreso quanto você ... provavelmente mais. Quando eu descobri, ela
estava jogando uma mesa na minha cabeça.
Jack já estava agachado na base da árvore, longe de nós, embalando
seu punho. Alex continuou.
- É a Lila. E tudo o que nos fizeram pensar, esta errado.
Jack virou-se e, em seguida, marchou em nossa direção. Eu me
escondi perto de Alex, me refugiando atrás dele.
- Como isso aconteceu? - Ele exigiu.
Ele teria pulado na minha cara se Alex não estivesse ali, de
obstáculo entre nós. Estremeci novamente com o veneno em sua voz.
- Ela não sabe - disse Alex- O gene foi ativado de alguma
maneira. Olha, Jack, estávamos errados. Devemos estar enganados. O que
sabemos de tudo isso realmente? Só oque nos foi dito. E nós acreditamos
... em tudo. Mas e se não for verdade?
O rosto de Jack torcia de raiva e ele endireitou os ombros.
- Não é? Então você está dizendo que o que sabemos sobre Demos é
uma mentira? Você está dizendo que ele não matou a minha mãe? - Ele
estava gritando agora - Você está dizendo que todos e cada um deles ...
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Jesus ... o que são mesmo? Eles não são humanos! Você está dizendo que
tudo é... o quê? Um mal-entendido? - O rosto de Jack estava queimando -
Você viu os documentos sobre eles, estão fora escala, são uma nova
subcategoria de sociopatas. - Ele então olhou para mim com uma
expressão que era ódio puro.
Senti meus joelhos começam a ceder. No começo era um monstro e
agora era uma sociopata? Uma sociopata fora de escala. Oh Deus. Alex
voltou para mim e eu senti a sua mão nas minhas costas. Era a única coisa
que me impediu de cair no chão.
A voz de Alex permaneceu calma.
- Sim. Eu vi o que me foi mostrado. Mas isso não significa que é
verdade. Não faz nenhum sentido.
- Não faz sentido? Todo o trabalho que Sara tem feito ... você sequer
leu alguma coisa? Que prova mais você precisa?- Jack gritou.
Eu podia ver o queixo de Alex apertar.
- Sim, eu li. Mas desde quando você acredita em tudo que lê? Agora
eu tenho provas que demonstram o contrário.
Ele acenou com a cabeça em minha direção.
Jack virou-se para ele, quase cuspindo as palavras.
- Então o que? Será que Sarah está inventando tudo isso? Acha que
a sua equipe está sentada pensando no que escrever nos relatórios
falsos? - Ele soltou um riso amargo que ecoou além das árvores que nos
cercavam - De repente você sabe mais do que os especialistas? Você
sempre acha que sabe mais, Alex.
Vi Alex fazer uma careta, então seu rosto se suavizou de novo,
novamente tentando agir de maneira conciliadora.
- Eu não estou dizendo que sei mais. E eu não tenho idéia de por que
eles poderiam estar mentindo para nós. Qual seria o ponto ou se Sara tem
parte com isso, eu não sei. Eu só sei o que meus instintos me dizem sobre
sua irmã.
- Ah, certo. Você tem um instinto sobre a minha irmã agora? - Jack
apertou os lábios, mas eu podia ver a forma como suas narinas estavam
em chamas.
- Sim - Alex preferiu ignorar o tom de Jack - Meu instinto me diz que
alguma coisa não está bem. Talvez a Unidade esteja errada. E se não
houver uma regra estrita? E se nós estamos fazendo suposições perigosas
sobre eles que deveríamos repensar, examinar? Os poderes que eles tem,
têm feito um trabalho muito bom de convencer-nos de que estamos
lutando contra algo menos que humano, mas olhe melhor para o que
estána sua frente e faça um julgamento, Jack. É Lila, vamos Jack. Ela pode
ser um pouco impulsiva, mas isso não faz dela uma sociopata.

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Virei meu olhar para Jack, fazendo o meu melhor para não olhar
como uma sociopata. Os olhos de Jack estreitaram tanto que eu mal podia
ver a íris. Não parecia que havia nenhuma dúvida, apesar de tudo.
Alex me tirou de trás das suas costas, segurando-me pelo braço.
- Lila é sua irmã. Você realmente acha que ela é um deles,
honestamente? Lila não é ruim. Olhe para ela. Ela é incapaz de fazer
qualquer coisa remotamente ruim, ela nem consegue mentir bem.
Eu pensei sobre o assalto e todas as coisas que eu gostaria de fazer
com Rachel e me perguntei sobre isso. Talvez Alex não devesse ser tão
rápido em fazer tais declarações. Talvez eles devessem me levar de volta
para a Unidade e começar a fazer alguns testes.
Alex continuou.
- Não faz sentido, Jack. E se eles estiverem mentindo sobre isso,
sobre o que mais eles estão mentindo para nós?
Jack olhou para mim, nossos olhos fixos como um velcro. Ele franziu
a testa ligeiramente, processando tudo o que viu e o que foi dito. Seu
olhar caiu para os meus pés, onde o papel de chocolate agora estava
caído, e quando ele levantou a vista para mim havia confusão em seus
olhos, como uma criança que acaba de saber que Papai Noel não
existe. Seu sistema de crença foi estilhaçando como o vidro, como se Alex
tivesse disparado um tiro nele. Ele passou a mão sobre o rosto e eu vi o
hematoma roxo azulado em seus dedos onde ele tinha atingido a árvore.
Finalmente, ele abriu a boca.
- Tudo bem, eu não estou dizendo que eu acredite em tudo que você
está dizendo. Não existe forma que Sara tenha inventado alguma coisa,
mas você está certo sobre Lila. Ela é uma terrível mentirosa.
Sorri, sentindo a primeira vibração tênue de esperança de que tudo
poderia talvez dar certo. Mas Jack não retribuiu meu olhar e eu senti
minha explosão momentânea felicidade rastejando longe.
- Então, o que você está propondo? - Questionou Jack.
Alex visivelmente relaxou, deixando cair os ombros. Ele se
aproximou de Jack e levando-o pelo braço, empurrou em direção à linha
de árvores.
- Fique aqui - disse Alex, voltando-se rapidamente para mim. Seu
rosto estava pálido sob o bronzeado.
Eu reconheci as linhas gravadas em torno de sua boca. Ele estava
tenso. Eu balancei a cabeça em silêncio, na esperança de que ele não
fosse muito longe. Ele me deu um sorriso que desapareceu rapidamente.
Enquanto caminhavam para longe, meu estômago se apertou com a
ansiedade. Eles pararam uns dez metros e Alex virou o corpo de modo que
tudo o que podia ver era suas costas, seu braço se mover quando
gesticulava, e um lado da cabeça de Jack atrás dele.

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Olhei por cima do ombro para os amplos espaços entre os pinheiros
nos circundando e, em seguida, para o grande céu azul arqueado em cima
de mim. Eu pensei sobre o que Alex tinha dito sobre a Unidade e as
pesquisas que estavam fazendo. Sarah estava fazendo. E se fosse verdade
e eu que era ruim? Talvez estivesse em mim, escondido nas
profundezas. Talvez cada vez que eu perdesse o controle e uma bolsa ou
uma faca ou tesoura saíam voando, talvez era eu, o meu verdadeiro eu. O
meu eu ruim, assumindo o controle. Talvez Sara e a Unidade estivessem
corretos em nos caçar, afinal.
Depois de alguns minutos, eu olhei em volta e vi Jack olhando
diretamente para mim. A ponta afiada de seu olhar me despedaçava. Ele
tinha seus braços cruzados sobre o peito e estava balançando a
cabeça. Voltou-se para Alex e depois olhou para mim de novo. Eu vi ele
franzir a testa diante do que quer que fosse Alex estava dizendo, e de
repente a voz de Jack estava ecoando como um projétil através do espaço
aberto entre nós.
- De jeito nenhum!
O ar reverberava com o barulho e uma águia voando gritou em
resposta. Depois houve um vácuo de silêncio no ar. Será que Alex contou
sobre o carro? Aproximei-me, sentindo a minha preocupação.
- Você tem que fazer isso, Jack. É a única maneira - Alex estava
dizendo.
Então ele entregou a mala de viagem preta e as chaves do nosso
carro para Jack.
Dei mais alguns passos em direção a eles, tentando não fazer
barulho com os cones de pinho que cobriam o chão. Eles falavam tão alto
agora que não perceberam quando me aproximei. Alex sacudiu a cabeça,
com a voz baixa, mas determinada. Eu não fui convidada para discutir o
que eles estavam falando.
Jack estava escutando, seus olhos verdes escurecendo mas eu podia
ver que tudo o que ele Alex estava dizendo estava começando a
convencê-lo, porque de alguma forma, ele parecia derrotado.
Alex continuou falando e eu senti a urgência em sua voz.
- Você tem que ir agora. Pegue Lila e fuja para a América do
Sul. Não me diga para onde. Eu não preciso saber.
- O quê? - Minha voz era um sussurro quebrado.
Eu vi Alex congelar. Os músculos em seus ombros endurecidos como
pedra. Ele virou-se lentamente para mim. Eu podia ver o esforço que ele
estava fazendo para manter sua expressão neutra, mas seus olhos o
estavam traindo. Normalmente tão conservadores, agora estavam
dizendo uma história diferente que eu não queria escutar..

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Ele respirou fundo, com os ombros para cima e para baixo, seus
olhos nunca deixando o meu rosto. Ele deu um passo para a frente, uma
mão estendida na minha direção.
Eu dei um passo para trás.
- O que está acontecendo? - Eu perguntei em voz baixa.
Vi Alex estremecer ligeiramente. Sua mão caiu.
- Jack vai levá-lo embora para um lugar seguro ...
- Não. Não - Minha cabeça estava tremendo, tentando sacudir as
palavras dos meus ouvidos.
- Eu não posso ir com você, Lila.
- Por quê?
- Porque Jack é seu irmão e vocês precisam ficar juntos. Vocês são a
única família um do outro. Além de seu pai, vocês são tudo o que o outro
tem.
Tudo? Eu tinha pensado que tinha Alex também. Perceber que ele
não iria comigo me fez olhar para longe dele.
Alex me pegou pelo braço e me virou em direção a ele.
- Lila, por favor, não se afaste. Não é que eu não quero ir com você.
Eu olhava para o chão.
- Então, por que não? Você disse que iria.
- Eu disse que não iria deixar você sozinha.
Eu balancei a cabeça para ele. Foi um engano superficial. Ele havia
planejado todos os momentos. Ele havia planejado tudo, até mesmo essa
conversa, sem dúvida.
Isso explicava seus comentários ontem à noite sobre as coisas
terminando mal. Era profético só porque ele já tinha escrito o
roteiro. Olhei para a pulseira no meu pulso.
Isso explicava por que ele tinha me dado. Tinha sido um presente de
despedida como foi há cinco anos atrás. Mordi o lábio, amaldiçoando
minha estupidez, por não ter percebido tudo isso antes.
- Desculpe, Lila. Um de nós tem que ficar. Um de nós tem que detê-
los.
E ele pensava que poderia detê-los por conta própria? Levou cinco
anos e uma Unidade inteira e eles só tinham conseguido capturar
alguns. Alex mesmo admitiu que era impossível caçá-los ou fazê-los cair
em uma armadilha. Ele havia passado a vida tentando. E agora eu nunca
mais o veria.
- Lila - continuou ele - temos que descobrir o que está realmente
acontecendo na Unidade, descobrir a verdade. E, mais do que isso,
precisamos evitar que eles ou Demos te encontrem - Alex ainda estava
falando, os ombros em movimento suavemente - É por isso que vocês tem
que ir agora.
Senti-me tropeçar contra ele, tentando segurá-lo.
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Ele virou-se para Jack.
- Você precisa tirá-la daqui. Agora. Para longe, onde nem a Unidade
e nem Demos podem encontrá-la. Porque você sabe o que eles são capazes
de fazer.
Calafrios percorreram a minha espinha, como se estivesse sofrendo
um forte ataque de gripe. Será que ele estava falando sobre Demos ou
sobre a Unidade? Olhei para Jack. Uma sombra escura mexendo através
de seu rosto. Todo o seu corpo parecia ajustar seu passo. Foi quando ele
me olhou e vi passar sua ansiedade pelos olhos. Alex tinha pressionado o
seu calcanhar de Aquiles, mexendo com a sua culpa do que tinha
acontecido com a nossa mãe. Apesar de tudo o que ele pensava sobre o
que eu era, ele nunca deixaria que as pessoas que fizeram isso com a
nossa mãe tivessem a chance de fazer novamente o mesmo comigo. Ele os
odiava mais do que me odiava.
Olhei para Alex.
- Eu não vou. Eu não vou embora sem você.
Jack olhou para mim, seus olhos verdes queimando cheios de
desconfiança.
Então ele olhou para Alex, uma carranca começando a se formar em
seu rosto.
- Lila ... - O rosto de Alex estava tão dividido que eu sabia que se eu
pressionasse mais um pouco, teria a chance de fazê-lo ir comigo.
- Você não precisa saber o que está acontecendo na Unidade. Não
importa. Nada importa .
Importa nós dois – eu queria dizer, mas Jack estava lá e eu não
podia.
- Eu não quero que você me deixe. Por favor.
- Isso não importa, Lila. Se eu ficar, se eu for com você, vamos passar
toda a vida sendo caçados. Se eu ficar eu posso me assegurar de que nada
aconteça com Jack e com você.
- Como? Você é uma pessoa.
- Eu posso fazer o meu melhor. Pelo menos eu posso cobrir os seus
rastros até que desapareçam. Tentar evitar que a Unidade chegue em
você. Ouça, eu te prometi que eu iria mantê-la segura e esta é a única
maneira que eu posso fazer isso. Deixe-me fazer isso. Um de nós tem que
ficar e tem que ser eu.
- Jack, vocês tem que ir agora - Alex disse ainda olhando para mim.
Jack deu um passo em nossa direção. Ele estava jogando a mala nos
ombros.
- Não! Alex- Eu agarrei o seu pulso.
Senti sua mão quente contra a minha outra face. Ele abaixou a
cabeça e, com um tom de voz que Jack não podia ouvir, disse:

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- Quando você desceu a escada e caiu sobre mim, foi nesse
momento. - E então seus lábios estavam pressionados contra os meus.
Eu ouvi uma inalação aguda de Jack.
Alex deu um passo para trás, os olhos em mim o tempo todo.
- Cuide dela - Ele disse.
- Ela é minha irmã - resmungou Jack. Ele cerrou os punhos.
Alex olhou para Jack e acenou com a cabeça uma vez. Então ele se
virou e começou a correr de volta para a entrada do parque.
Minhas pernas balançavam para a frente, tentando
automaticamente correr atrás dele, e eu senti a mão de Jack no meu
braço como um grampo.
- Não Lila - ele disse.

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Capítulo 23

E ntão eu percebi que não havia mais uma mão no meu


braço. Meu corpo inteiro ficou congelado. Tentei mover minhas pernas,
mas era como tentar andar no concreto molhado. Não aconteceu nada. Eu
não podia sequer mover a cabeça também.
- Não se mexa.
A voz veio de trás e fiquei surpresa de que não era Jack. Era uma
menina.
- Eles não podem - Alguém respondeu. Era a voz de um homem e
causou espasmos e arrepios na minha espinha.
- Sim eu já sei, mas é que eu gosto de gritar: Não se mexa! – Suki
apareceu dançando na minha frente, se deliciando como se houvesse
recebido um presente de aniversário muito esperado.
- Olá Lila – ela disse.
Eu abri minha boca para gritar, mas era como se alguém tivesse
apertado um botão no meu cérebro que me paralisou. Minha mente ficou
em branco.
- Oh, Demos, não faça isso, não é divertido. É só Lila. Deixe-a falar.
Na última vez ela me ajudou tanto. Não precisei nem mesmo ler sua
mente.
Ouvi alguém soltar uma risada. Demos. Ele estava tão perto que
pude sentir sua respiração no meu pescoço. A cascata de adrenalina que
percorria através de meu corpo, mas parava na parte do meu cérebro que
controla os meus reflexos. Como se alguém tivesse fechado uma
torneira. De repente, eu estava tão imóvel que eu senti como se tivessem
injetado diretamente uma garrafa de Valium em meu córtex cerebral.
Um pensamento surgiu através da névoa no meu cérebro. Onde
estavaJack? Ele estava atrás de mim, mas será que ainda está
comigo? Então me lembrei de Alex. Tentei virar o pescoço para ver onde
ele estava. Ele ia me deixar. No entanto, eu não podia me lembrar do
porquê. Onde ele estava agora? Ele estava seguro?
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-Oh, que doce, ela está procurando o Alex. Está preocupada com
ele. – Suki pulou na minha frente novamente, fazendo beicinho.
Eu fiz uma careta. Como ela se atreve a ler os meus pensamentos?
- Ah, vamos lá, você também faria o mesmo, se você pudesse. - Suki
encolheu os ombros e inclinou a cabeça para um lado.
Eu percebi que ela usava um outro par de sapatos altos,
desconfortáveis, algo totalmente inviável para quem vai escalar uma
montanha, e um vestido que se agarrava à seu corpo com tanta força que
era um milagre que aquela menina ainda conseguia se mover.
Eu fechei meus olhos, desejando que fossem todos para um abismo.
Ela recuou, suas sobrancelhas juntas em uma única forma.
Eu ouvi os passos de Demos rangendo pelas folhas antes de vê-
lo. Ele caminhava, sorrindo, e parou na minha frente. Ele usava um terno
escuro e uma camisa branca aberta no pescoço e parecia que estava à
caminho de um funeral. Ele me observou por alguns longos segundos e,
em seguida, começou a rir, como se ele tivesse escutado uma piada, e
acenou com a cabeça.
Meu primeiro instinto foi atacá-lo. Quando minhas pernas não
obedeceram, olhei buscando algo, qualquer coisa, para jogar nele. Não
havia nada. Só árvores. Eu escolhi a menor e me concentrei nela,
querendo arrancar ela do chão e arremessarem sua cabeça. Eu vi as folhas
tremendo, mas apenas assim permaneceu firmemente presa ao chão.
- Oh-oh, Demos. Ela realmente não gosta de você.
Eu trouxe meus olhos de volta para eles. Suki tinha entrelaçado o
braço no de Demos e inclinou-se sobre ele.
- Estou surpreso -Demos moveu-se para mim com os olhos tão azuis
como o céu de novembro - Eu vou te soltar, mas não tente nada, Lila. Não
faz nenhum sentido. Eu acho que você percebeu isso agora. E, além disso,
Jack está bem atrás de você. E eu sei que você não quer que nada
aconteça com ele, certo?
Senti meu corpo se soltar. Minhas pernas estavam de repente livres,
minha voz voltou. Eu virei minha cabeça lentamente para olhar para trás
de mim. Jack estava de joelhos, com as mãos ao seu lado, como se
estivesse congelado. Apesar da expressão de Jack, Demos não nublou
todos os seus pensamentos. Seu rosto era a imagem perfeita da agonia.
Eu caí diretamente ao seu lado, passando os braços ao redor dele.
- Pare de machucá-lo! - Eu gritei.
- Não estou machucando - disse Demos, rindo.
- Então deixe-o livre.
- Não, ainda não.
Eu olhei para cima e vi Demos de pé diante de nós e eu desejei que
ele morresse. Tentei imaginar a sua cabeça sendo arrancada de seu corpo,
seus membros separados de seu torso. Mas nada aconteceu. O assassino
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da minha mãe estava de pé alguns metros na minha frente, ameaçando
meu irmão, e eu não podia fazer nada. A sensação de impotência
começou a me dominar, mas então esse sentimento se foi, tão de
repente quanto havia chegado.
- Ele não está sentindo dor. Bem, não a dor física.
Suki tinha se mudado para a frente, mais perto de Jack, e eu torci o
meu corpo para protegê-lo.
Ela saltou para trás alguns passos em direção à Demos.
- Nossa, ele está muito irritado. Sobre um monte de coisas. Ele não
consegue acreditar que nos trouxe aqui. Ele culpa a si mesmo.
Ela aproximou-se, inclinando-se para conversar cara a cara com
Jack.
- Não se culpe, Jack. Não é culpa sua. Nós os teríamos encontrado de
qualquer maneira. Com o tempo.
- Não. Ele não fez. Sinto muito - Ela estava respondendo a uma
pergunta que Jack pensou. Os olhos de Jack pareciam cheios de ácido
queimando.
- Olha, aqui está - Suki apontou para um lado, logo atrás de Demos.
Eu olhei para cima, seguindo a sua mão estendida, e vi Alex
caminhando em direção à nós. Meu coração pulou com a visão dele. No
começo eu pensei que talvez ele tivesse voltado para nós e a esperança
cresceu através de mim. Então me dei conta de que haviam dois homens
de cada lado dele e a arma pendurada no ar, descansando em sua cabeça
enquanto caminhava.
Levantei-me e corri em direção à Alex antes que alguém pudesse
parar, mas quando me aproximei de Alex, de repente meus pés foram
presos no chão como se eu tivesse sido amarrada ao redor dos
tornozelos. Eu teria caído no chão, mas meu corpo bateu no ar como se
tivesse sido jogado contra um bloco de concreto e eu congelei lá, a poucos
metros dos braços de Alex.
Um filete de sangue escorria pelo seu rosto e seus olhos estavam
focados nos meus, e neles haviam raiva. Ele tinha sido ferido. A raiva
encheu minha cabeça também. Eu vi a arma descansando logo acima de
sua testa e em um galho passou por mim rápido como um
bumerangue. Uma fração de segundo antes de atingir a arma apontada,
balançou, parou, virou-se para a minha direção. Eu não tive tempo para
descobrir o por quê. Minha mente ficou em branco de novo e olhei para
Alex, como ele conseguiu aquele corte em sua bochecha?
O homem ao seu lado, segurando a arma novamente, apontava
para a cabeça de Alex, e franzia a testa na minha direção, como se
quisesse apontar a arma para mim. Eu o reconheci. Era um dos homens no
arquivo do computador de Jack. O que parecia um buldogue. Qual era o
nome dele?
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- Bill, fique atento. Você sabe com quem estamos lidando. - Isso foi
Demos falando. Ele estava ao meu lado.
Bill, esse era seu nome. Eratelecinético, como eu.
- Desculpe, chefe. -Ele fez uma careta para mim.
O som de um telefone tocando me fez pular. Eu percebi que eu
conseguia mover os braços e as pernas novamente.
- Atenda isso, quer? - Demos disse para o homem no outro lado de
Alex, um homem na casa dos vinte anos com o cabelo comprido e um
olhar relaxado. Ele também estava nos arquivos de Jack. Se chamava
Ryder. Lembrei-me da lista crimes imputados à ele, tão longa quanto o
livro Guerra e Paz, e também me lembrei do fato de que era um
tamizador.
Ryder enfiou a mão no bolso de trás de Alex e tirou seu celular. Ele
entregou a Demos, que o pegou e apertou o botão de viva voz
- Olá! - A voz de Key ecoou - Alex, eu sou. Vá embora. Você tem que
ir! Eles estão a caminho. Eles viram vocês no teleférico. Eles te
encontraram.
- Seja você quem for, obrigado. Mas você está um pouco atrasado -
Demos então desligou o telefone. Ele virou-se para Alex – Mesmo assim,
parece que é melhor nos apressarmos e fazermos negócio logo.
De trás, eu ouvi a voz de Jack subindo.
- Tire suas mãos de mim!
Eu me virei. Ele estava sendo empurrado por alguém. Minha mente
correu através das fotos que eu tinha memorizado no computador de
Jack. Eu sabia. James Harvey. Quando ele se aproximou vi o cigarro
pendendo em seus lábios da mesma maneira que estava na foto. Jack deu
alguns passos para a frente e Harvey e Suki foram caminhando logo atrás
dele. Percebi que Jack estava segurando suas mãos para a frente, o
símbolo internacional de rendição.
Quando ele chegou, a arma que estava pendurada nas costas de
Jack, entre as omoplatas, tornou-se visível para mim. Harvey também era
telecinético. Me perguntava se eu conseguiria pegar a arma dele.
- Não, não. Eu não posso ler mentes, Lila, mas seus pensamentos são
bastante evidentes.
Eu me virei. Demos estava me encarando debaixo de suas
sobrancelhas grossas levantadas em ameaça.
Virei-me para Jack. Eu podia ver o esforço que ele estava fazendo
para estar lá e não perder o controle.
- Desculpe - ele disse, olhando para mim, seus olhos verdes
brilhantes olhando para mim.
Eu balancei a cabeça para ele, meus olhos se encheram de lágrimas.
- Não, não é sua culpa.

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- Me levem. Não machuquem ela, fiquem comigo em seu lugar –
Alex disse.
Eu respirei e me virei para ele. De nenhuma maneira permitiria isso.
Não é que eu achasse que qualquer um de nós teria a oportunidade de
sair fora disso. A situação toda era muito ruim. Demos e seu grupo tinham
formado um círculo em torno de nós três e nas bordas, nas árvores vi que
haviam mais alguns outros. Não havia maneira de sair disto.
- Eu aprecio a oferta, mas não. Eu quero ela. Eu sei o que vocês
fariam por ela. Mas não se preocupe, eu não estou planejando machucá-
la. A menos, é claro, se vocês tentarem me enganar. Então, eu acho que é
melhor vocês cooperarem e não estragarem tudo.
- Você gostaria de trocar Lila por Alicia? - Alex perguntou.
- Muito bem, Alex. Nunca subestimei você, aprendi isso ao longo dos
anos.
- Não há necessidade de jurar nada.
Todos olhamos para Suki. Alex deu-lhe um olhar que era mais frio
do que nitrogênio líquido.
Demos inclinou-se ligeiramente para baixo em direção a ela e disse
baixinho:
- Ele não jurou nada, Suki.
Ela olhou para Demos.
- Oh, desculpe - Ela virou-se para Alex - Às vezes eu não consigo
discernir o que é apenas pensamento interno e o que não é. Mas ainda
assim, não há necessidade de jurar por nada.
Demos continuou. Ele deu um passo para ficar entre Jack e Alex,
como um treinador de futebol preparando sua equipe no primeiro
semestre.
- Assim, pelo menos não precisarei explicar nada em
detalhes. Vocês, meninos vão voltar para a base. Tenho certeza que entre
vocês podem planejar a melhor maneira para uma invasão de
domicílio. Confio em vocês dois, e é incrível como algo assim pode forçar a
mente à se concentrar.
Demos andou ao meu lado e colocou o braço em minhas
costas. Fiquei imóvel. Eu senti minha coluna se arqueando para longe de
seu toque e vi nos olhos de Jack a raiva borbulhando, os tendões em seu
pescoço começando a inchar. Alex levantou o braço para segurar Jack.
Demos parecia estar gostando do efeito que tudo isso estava tendo.
- Tragam Alicia de volta e eu devolvo a sua irmã. Não me importo
como vocês farão isso. É um bom negócio, eu acho.
Deixei meus olhos correrem de Alex para Jack. Ambos estavam
olhando para mim. Ambos tentando transmitir-me a mensagem para eu
não me preocupar, que tudo ficaria bem.

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Eu dei um sorriso amarelo, tentando convencê-los de que eu
acreditava neles. O fio de sangue no rosto de Alex tinha secado se
tornando uma casca avermelhada e um hematoma estava inchando seu
rosto.
Jack virou a cabeça para olhar para Alex e Alex tirou os olhos de
mim e olhou para Jack. Eu vi a comunicação silenciosa entre eles. O aceno
de cabeça. Não precisavam ler mentes como Suki para se entenderem,
eles já se conheciam muito bem. Além disso, Jack tinha o rosto
transparente. Eu podia ver que concordaria em fazer o que Demos queria,
e meu estômago deu um nó de medo. Voltar para a base e resgatar
alguém soava como um suicídio.
Alex virou-se para Demos. Ele deu um passo na direção dele. Notei a
arma ainda flutuando sobre suas costas, mas Demos permitiu que ele se
aproximasse. Ele olhou com olhos atentos.
-Se fizermos o que você diz, se entregarmos Alice, você devolve a
Lila. Você jura?
Demos assentiu.
- Eu sou um homem de palavra, Alex. Você deveria saber disso.
Jack deu um passo também, a arma cutucando sua cabeça. Eu vi um
sorriso nos lábios de Ryder.
- Eu juro por Deus, se você tentar alguma coisa ...
- Chega, Jack. Se alguém vai tentar qualquer coisa, nós dois sabemos
que vai ser você. Você é impulsivo, como sua irmã. Como sua mãe também
era – Demos disse de maneira carinhosa.
Meu corpo recuou como se uma serpente tivesse se aproximado e
me mordido. A reação de Jack era exatamente o oposto. Ele pulou para a
frente tão rápido que sua mão tocou a garganta de Demos, seus dedos
fechando em torno antes mesmo que Demos tivesse tempo para reagir.
No instante seguinte, Alex e eu nos abalançamos sobre a arma na
cabeça de Jack. Alex empurrou para fora do caminho e eu a girei entre os
galhos de árvores.
Eu ouvi um grunhido de Bill e vi que Ryder bateu forte nas costelas
de Alex. Alex se dobrou, abraçando seu corpo, e soltou um grito que se
misturou com os gritos de Suki. E então houve um silêncio profundo.
Harvey se adiantou com uma outra arma na mão e apontou para a
cabeça de Jack. Meu coração parou na minha garganta.
Demos soltou a mão estendida e congelada de Jack, seus dedos logo
depois já estavam massageando as crescentes contusões vermelhas em
seu pescoço. Alex levantou-se, se endireitou, massageando suas costelas,
mas com uma expressão confusa no rosto. Seus olhos me seguiram
diretamente. Eu não estava congelada. Eu ainda podia pensar.
- Você está bem? – ele falou baixinho.

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Tudo o que eu podia fazer era acenar. Então ele olhou para Jack e vi
a pergunta em seus olhos e um flash de raiva vindo em sua direção.
Demos estava franzindo a testa para Jack agora.
- Tentando provar minha teoria, Jack? - Ele perguntou.
Então ele virou-se para Bill e Harvey - Esta é uma menina de
dezessete anos -disse, balançando a cabeça em minha direção -
Vocês podem ou não podem lidar com uma garota de dezessete anos?
Eles pareciam envergonhados.
- Eu te disse que ela era poderosa – disse Suki, parando logo atrás de
Demos.
- Talvez você deveria dar algumas aulas aos dois aqui – Demos
virou-se em direção a eles- Agora segurem ela por favor.
Então ele se virou para mim.
-Lila, por favor, contenha seus talentos. Ou eu vou ter que nublar os
seus pensamentos. E eu realmente não quero ter que fazer isso.
Houve uma pausa, e eu percebi que ele estava esperando eu
responder. Eu balancei a cabeça para ele com os dentes cerrados.
- Então, onde eu estava? Eu acho que eu estava dizendo a Jack para
não tentar nada estúpido. O que caiu em ouvidos surdos, certo, Jack? - Ele
empurrou o rosto congelado de Jack - Então, eu vou dizer de novo, para
ficar bem claro. Não. Tente. Nada. Estúpido. Nem pense em trazer a
Unidade até nós. Não vai acabar bem.
Lembrei-me das palavras de Alex. Foi como se tivesse previsto isso.
Então eu ouvi um estalido e vi Harvey inclinando a arma contra a
cabeça de Jack. Eu lutei para manter meu pânico e minha raiva sob
controle, aterrorizada tentando me segurar para não bater na arma
novamente e, inadvertidamente, acabar disparando na cabeça de Jack.
- Tire a arma, Harvey, você está enlouquecendo ela - Suki disse.
Harvey franziu a testa, mas fez o que lhe foi dito, se afastando mas
ainda mantendo a arma apontada para as costas de Jack. Senti o refluxo
do pânico como um entalhe e me perguntei se era isso ou se Demos tinha
feito algo. Ele não tinha deixado Jack solto ainda, já que seu corpo parecia
uma estátua estranha diante de nós, com o rosto estranhamente calmo.
Demos se virou para Suki.
- O que ele está pensando? - Ele estava apontando para Alex. Deus
como eu queria ter tido aquela habilidade hás algumas horas antes, era
tão irônico – Ele vai trazer a Alicia? Ou está planejando para trazer a
Unidade?
Suki fez uma pausa, escutando silenciosamente os pensamentos de
Alex. Eu podia ver Alex tentando lutar contra aquela invasão.
- Não. Pelo que eu sei, ele não vai fazer nada que possa colocar Lila
em perigo - Ela fez uma pausa - Bem, em mais perigo do que já

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está. Embora ele não faça idéia de como vão entrar na Base e tirar Alicia
de lá. A segurança é pesada. Ele ... - Ela balançou a cabeça.
Eu podia ver sua carranca e, em seguida, seus olhos se
arregalaram. Ela se esticou e sussurrou algo no ouvido de Demos. Ele virou
a cabeça para ouvir, as sobrancelhas cresceram com interesse, e então eu
olhei em volta.
Ele virou-se para Alex.
- Isso é interessante, Alex. Obrigado pela informação.
Eu me perguntava o queSuki ouviu de Alex. Ele não pareceu
chateado com ela. Em vez disso, ele fez um gesto quase imperceptível.
- Amber! - Demos estava chamando por uma garota na borda da
clareira. Ela olhou e rapidamente caminhou em nossa direção.
Tudo o que eu podia ver era uma nuvem de cabelo vermelho
brilhante sob o sol da tarde e um par de pernas bem torneadas vestidas
de couro preto apertado. Ela trazia o mesmo impacto que Rachel quando
entrava em um grupo, e se aproximou em silêncio.
- Amber, o que você sente? Está dizendo a verdade? - Demos
perguntou.
Ela se virou para Alex, que encontrou seu olhar com frieza. Ela sorriu
como se fossem velhos amigos.
- Ei, Alex, você está dizendo a verdade?
Vi Alex fazer uma carranca com a pergunta. O que ela era? Um
detector de mentiras humano?
- Sim - respondeu com firmeza.
Amber ficou lá por cinco longos segundos, com os olhos fixos no
corpo de Alex e um sorriso pairando nos lábios. Arrastei-me com
preocupação. Eu reconhecia esse olhar quando via um. Tossi baixinho e
ela despertou de seu devaneio privado.
- Sim, ele está dizendo a verdade - ela disse à Demos - Isso foi
incrível.
O que foi incrível? O que ela estava fazendo para a mente? Eu olhei
para Alex com horror, mas ele parecia tão confuso quanto eu. Amber
caminhou para o lado de Ryder e deslizou o braço por cima do ombro,
sussurrando em seu ouvido. Ele olhou para Alex e para mim novamente.
- Tudo bem. Eu não gosto de mentirosos - disse Demos - E, quanto à
entrar na base e no edifício... você é um homem inteligente, Alex. Tenho
certeza que você vai pensar em algo. E não se preocupe, nós vamos cuidar
bem dela.
Um sorriso malicioso dividiu o rosto de Suki ao meio.
- Ele disse que vai te matar se você não cuidar.
- Eu gostaria de vê-lo tentar - disse uma voz.
- Com certeza - disse Demos - Ok, Jack, está me ouvindo?

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O rosto de Jack, de repente passou de uma expressão de pedra para
ódio frio.
- Vou te descongelar, mas lembre-se que tem uma arma em suas
costas assim que... você tem que se comportar.
Com isso Jack caiu para a frente, tropeçando em seus pés. Os
tendões em seu pescoço estavam tensos como fios e havia uma chama em
seus olhos.
- Alex e eu estávamos discutindo os detalhes. Ele está tentando
encontra um jeito de chegar até Alicia . E eu lhe disse que não tenho
nenhuma dúvida de que vocês vão conseguir dar um jeito. Apesar de ser
uma pena e também bastante surpreendente que você não tenha um
talento como sua irmã. Você sabe que é genético, certo?
Jack não respondeu.
Demos riu de repente.
- É irônico, não é? Sua irmã é uma psico. Como um de nós. Você tem
que achar isso engraçado.
Jack continuou a ignorá-lo, olhando além dele.
- Não? Não é engraçado? - Ele olhou para Suki e suspirou - O que ele
está pensando?
Ela desviou o olhar de Jack.
- Ele está pensando que não importa o que sua irmã é, ela nunca
será como nós. Ela não é uma assassina... ah, isso é interessante.
Sua cabeça inclinou como um cão quando ouviu um som e tentou
descobrir de onde veio.
- O quê? - Perguntou Demos.
- Não ele. É ela- Apontou para mim - Ela está preocupada porque ela
acha que é sim como nós. Algo sobre uma faca em um olho?
Todo mundo se virou para mim e eu arrastei meus pés e tentei fazer
minha mente ficar em branco. Deus, isso era tão chato. Demos refletiu por
um momento antes de se virar para Jack.
- Sabia que nós sabíamos sobre Lila e seus talentos o tempo
todo? Temos ficado só assistindo. Harvey tinha desativado o sistema de
alarme em sua casa para Lila não acioná-lo acidentalmente. Ela não seria
útil para qualquer um de nós, se você descobrisse e mandasse sua própria
irmã para a contenção. Nós estaríamos sem uma moeda de troca, você
estaria sem uma irmã, e provavelmente sem emprego.
O queixo de Jack parecia que poderia estar prestes a deslocar. Eu
balancei a cabeça. Pelo menos agora eu sabia por que a sorte parecia
estar do meu lado.
- Bem, Jack, Alex - suspirou Demos – está na hora de irem. Eu vou
dar a vocês doze horas. Tomem - jogou um telefone para Alex que o
apanhou com sua mão esquerda, seus olhos nunca deixando o rosto de

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Demos - pegue isso. Ligue para o último número marcado. Então, eu lhes
direi onde nos encontrar.
Alex apenas balançou a cabeça para ele.
Demos se virou para Jack.
- É uma pena que não possamos ter mais tempo juntos. Mas eu pelo
menos terei o prazer da companhia de sua irmã, certo?
Amber saltou alguns passos para trás e para longe.
- Demos, sério, pare com isso agora, vai dar-lhe um aneurisma ou
algo. Tudo o que eu posso ver é vermelho, vermelho, vermelho. Ele está me
dando uma dor de cabeça. Eu não gosto disto.
- Prefere ele te perseguindo, querida? - Ele virou-se para Jack - É
melhor vocês se apressarem, o relógio está correndo.
Minhas pernas começaram a tremer. Olhei para Alex, mas seus
olhos já estavam em mim.
- Eu vou voltar, eu prometo. Eu não vou deixar eles machucarem
você - ele sussurrou para mim, como se ninguém estivesse por perto para
ouvi-lo.
Então Jack bloqueou meu ponto de vista, seus braços apertados em
volta de mim.
- Eu te amo - sussurrou em meu ouvido - Sinto muito. Eu vou
resolver isso.
Uma mão nos afastou. Era Ryder.
- Nós vamos enviar alguém com você – Demos virou-se e acenou
para alguém que não tinha reparado até agora. Ele era apenas uma
criança vestindo uma camisa e um tênis All Star metálico. Ele era ainda
mais jovem do que eu. Tinha que ser Nate. Eu me perguntava se Key
estava por perto.
- Como você sabe o nome dele? Quem é Key? - Perguntou Suki. Ela
olhou para mim com curiosidade.
Os outros se viraram para olhar novamente. Nate pareceu de
repente ficar em estado de alerta.
Eu tentei colocar minha mente em branco. La lalalalalalala.
- Você não pode continuar cantando para sempre - Suki disse, com
um toque de ameaça.
La lalalalalala.
- Oh, Demos, faça ela parar.
La ...
Suki olhou para mim com alívio no rosto. Por que estava me
olhando dessa forma?
-Key é o meu pai – O garoto estava falando pelas costas de
Demos. Tinha que ser Nate - Ele pode projetar. Ele provavelmente está
aqui agora mesmo.

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Ao mesmo tempo todos começaram a olhar da esquerda para a
direita, os olhos olhando para os galhos e as árvores, buscando por um
fantasma.
- Por que ele faria isso? - Perguntou Demos.
- Aparentemente, ele acha que seu filho foi trazido para cá à força -
Suki disse, rindo.
- Bem, diga a Key, quando você o ver que eu estou cuidando bem de
seu filho. É feliz, como você pode ver - Demos olhou para Alex e gesticulou
para Nate, que estava com a cabeça para baixo diante da atenção súbita -
Saía de onde você estiver! - Demos riu - Eu sei que você não pode se
mostrar. Mas você pode me ouvir o Sr. Johnson. Eu estou cuidando muito
bem de seu filho. É feliz, você pode ver. E ele não está aqui sob coerção.
- Sério? – Falei - Por que você não está mantendo ele amarrado,
apenas controlando sua mente, ele não está sob coação?
Demos virou para mim com raiva, e eu ouvi um grunhido. Pensei
que veio da direção de Alex.
- Não. Eu não estou controlando o menino. Isso seria muito
esforço. Ele está aqui porque ele quis se unir à nós - Ele virou-se para a luz,
olhando a distância entre o céu e as árvores - Espere aí, Key, talvez você
descubra coisas que vai mudar a sua opinião. Talvez você ficaria feliz em
se unir a nós também, e Lila. Sempre me cai bem alguém que pode se
projetar - Ele olhou para mim - e alguém com habilidade telecinética.
- Por cima do meu cadáver - eu respondi.
Demos franziu a testa e virou-se para Alex e Jack mais uma vez.
- Eu acho que está na hora de vocês dois se porem a caminho. Levem
a moto de Alex, será mais rápido. Lembre-se, Nate, o projetor vai seguir
vocês, por isso não tentem nada, ok? Vejo vocês em 12 horas.
Ele se aproximou de mim e colocou a mão no meu ombro, seus
dedos tão pesados como placas de chumbo. Meu corpo todo enrijeceu e
eu pensei que ele estava me fazendo algo de novo, até que eu percebi que
era apenas a minha reação natural ao seu toque. Eu lutei contra todos os
meus instintos para ignorá-lo e murmurei o palavra "vá" para Alex.
Ele hesitou, os lábios entreabertos, e por um momento eu pensei
que ele ia dizer alguma coisa, mas, em seguida, Jack agarrou o seu
cotovelo.
- Vamos - disse, e puxou-o para trás para fora da clareira.
Eles deram uma última olhada antes de se virarem e começarem a
correr em direção ao teleférico. Engoli em seco várias vezes, sentindo
aquele elástico que me amarrava a Alex se alongando, esticando e depois
rompendo, dividido em dois.
Olhei atrás deles no meio de um círculo formado pelos assassinos
de minha mãe, e eu me perguntei se seria a última vez que iria vê-los.

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Do nada, Suki apareceu de repente ao meu lado e colocou o braço
em torno de meus ombros.
-Não fique triste - ela sussurrou em meu ouvido - Ele ama você. E
agora está lamentando por não ter dito antes.

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Capítulo 24

H avia visto olhos como os seus em um tubarão morto uma


vez. Isso era tudo que eu podia pensar quando estávamos sentados frente
a frente numa mesa de piquenique. Era um local indesejável para estar
cara a cara com um assassino. Demasiada luz. Muito tranquilo. Como uma
cena de Bambi.
Eu me mexi desconfortavelmente no meu assento e olhei em
volta. Me perguntei onde estariam Jack e Alex agora. Provavelmente,
ainda no interior do teleférico ou, provavelmente, já na estrada. Eu sabia
que era inútil, mas mesmo assim eu olhei por cima do ombro para ver se
eles estavam vindo, meio que esperando que eles ainda estivessem nas
montanhas e prestes a se lançarem em uma missão de resgate. Mas a dor
que eu estava sentindo por dentro e a dor nas minhas costelas me
dizendo alto e, claro, que Alex realmente tinha ido embora.
Olhei para o claro de qualquer maneira. Amber e Ryder estavam
andando de braços dados em uma das muitas estradas que levam para
fora da área de piquenique. Harvey e Bill estavam trocando cigarros em
uma mesa há 20 metros de nós. O corpo de Nate estava caído sobre a
mesa entre eles. Parecia que ele estava dormindo depois de uma boa
ressaca. Enquanto eu olhava, Bill pegou um suéter, dobrou e colocou
como apoio sob a cabeça de Nate.
Suki estava sentada ao lado de Demos, me encarando através de
seus longos cílios. Podia senti-la cutucando minha cabeça, causando um
formigamento no meu couro cabeludo. Ou talvez fosse apenas a minha
imaginação. Eu olhei para longe dela, tentando bloquear seu acesso à
minha mente, se isso fosse possível.
Depois de meio minuto de silêncio, ela se virou para Demos,
sacudindo a cabeça.
- Eles estão dizendo todos os tipos de coisas. Algo sobre você querer
roubar armas nucleares? É como uma história de L. Ron Hubbard.
Olhei para ela, meus lábios se separaram.
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- Eu vou pegar algo para comer. Deixo isso para vocêsdois - ela
disse. E então, levantou do banco e pulou em direção ao caminho. Eua vi
sair.
- Eu sou culpado de talvez metade do que eles dizem.
Virei a cabeça para trás para olhar para Demos. As mãos na frente
dele na mesa. Eu considerei suas palavras por alguns segundos.
- Qual metade? -Perguntei.
Ele bufou. Eu achei que fosse uma risada.
- Eu gosto de você. Você é uma lutadora. Assim como sua mãe.
Agarrei a borda da mesa até que eu senti minha mão arrancando
uma lasca abaixo da pele do meu polegar.
- Não fale sobre a minha mãe - Minha voz saiu como um assobio.
- Sinto muito. – Ele disse, enquanto um sulco profundo se formava
entre as suas sobrancelhas – É só que você é como ela ... Eu quero dizer a
maneira como você olha, seus modos. É ... - Ele balançou cabeça e olhou
para mim atentamente enquanto eu tentei absorver a minha surpresa.
Fiquei em silêncio por alguns segundos em um estado de choque
total.
- Como você sabe como minha mãe era? Você só a conheceu tempo
o suficiente para matá-la.
O sulco na testa tornou-se uma depressão. Ele olhou para a mesa e,
em seguida, de volta para mim.
- Lila, eu não matei sua mãe.
Eu fiquei tão incrédula que sequer piscava.
- Eu admito que sou culpado de alguns dos crimes de que me
acusam. Os roubos, traição, provavelmente... definitivamente assassinato.
Eu respirei fundo.
- Mas eu não estou interessado em roubar armas nucleares - ele
disse, erguendo as sobrancelhas, obviamente se divertindo - E eu não
matei sua mãe.
Eu não tinha certeza se Demos estava me acalmando, nublando
minha mente ou se meu cérebro já não conseguia funcionar por si só. No
entanto, eu ainda podia ouvir as engrenagens da minha mente pensando,
pesando cada palavra, correndo atrás das perguntas de porque não podia
ser ele me nublando a mente. E meus sentimentos ainda estavam
lá. Tentei decifrar cada um deles. Havia definitivamente raiva. Mas,
principalmente dor. E um monte de confusão. Eu concluí que ele não
estava me fazendo nada.
- Eu conhecia a sua mãe.
Eu olhei para cima, surpresa.
- Como?
- Ela era uma amiga minha.

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- É claro que era. E Nate não está aqui sob coação e isso que você
está fazendo comigo não é seqüestro. E você realmente é um cara bom, eu
aposto que você adora filhotes e frequentar a igreja aos domingos.
Quando você não está matando as pessoas no seu tempo livre.
Seus punhos bateram na mesa, me fazendo pular, mas ele riu, seu
corpo tremendo.
- Bem, Suki estava certa, realmente pintaram um espetáculo para
você..
Eu o ignorei. Eu sabia o que tinha lido. Mas Alex tinha dito a Jack
que não deveriam acreditar em tudo que haviam lido. Caramba, não sabia
no que acreditar. Mas então eu olhei para Demos e tive certeza de que
não havia nenhuma maneira de que minha mãe tivesse sido sua amiga.
- Minha mãe nunca, nem um milhão de anos, poderia ter sido sua
amiga - eu disse, minha própria certeza já estava começando a vacilar.
Ele parou de rir.
- Ela era, Lila.
- Você está mentindo. Por que mente para mim?
- Por um tempo, ela foi mais que um amiga.
Eu balancei a cabeça e ri.
- Eu a amava muito.
Meu riso morreu tão de repente como começou. Minhas mãos
automaticamente tentaram tapar os ouvidos.
- Chega! - Eu gritei - Por que você está fazendo isso?
- Eu estou dizendo a verdade, Lila. Eu amava sua mãe e por um
tempo ela também me adorava - Ele apertou as mãos contra a testa e
fechou os olhos – Mas eu fiz algo estúpido e ela não me perdoou, não a
culpo - Ele abriu os olhos novamente –Então ela conheceu seu pai ... - Ele
respirou fundo - e não muito tempo depois ela já estava grávida,
esperando seu irmão. Era tarde demais.
- Você ... e minha mãe? Você espera que eu acredite nisso? -
Levantei-me da mesa. Tinha que ficar longe dele.
Antes que eu pudesse ir a qualquer lugar, ele enfiou a mão no bolso
de trás e cai para trás na cadeira novamente, de repente assustada. Mas
ele só estava pegando sua carteira. Ele tirou um quadrado de papel de
dentro e colocou sobre a mesa para mim. Peguei o papel lentamente.
Era uma fotografia. Em preto e branco, tirada em uma cabine de
fotos. O pequeno quadrado mostrava dois rostos familiares. Eu
simplesmente não podia acreditar.
Eu olhei para a pessoa sorrindo para a câmera, o cabelo longo
caindo em cascata pelas costas, os mesmos olhos que eu. Era minha mãe,
sem dúvida. E ela parecia tão feliz. No entanto, a outra pessoa não era
meu pai. Era Demos. Sem dúvida, era ele, embora muito mais jovem. Ele

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tinha seus braços em torno de minha mãe e estava lá acariciando- não
havia nenhuma outra palavra para descrever - acariciando seu pescoço.
Eu coloquei em cima da mesa e empurrei em direção a ele com o
dedo indicador. Notei que a minha mão tremia. Um pouco de água caiu
diante de mim sobre a mesa e olhei surpresa ao perceber que ele estava
chorando.
Demos começou a falar em voz baixa agora, quase com fervor.
- Eu a amava. Ela era apaixonada, idealista e impulsiva. Amava
como sempre queria fazer a coisa certa, não importasse o quê. Como
sempre sabia o que deveria dizer. Eu amava o jeito que ela jogava seu
cabelo longe do lado de fora seu rosto, assim como você está fazendo
agora, e como ela sorria e todo o seu rosto se iluminava.
Tomei várias respirações antes que pudesse proferir as palavras:
- Você não matou ela?
-Isso é o que eu venho tentando lhe dizer.
- Mas se você não fez, quem foi?
Eu podia ouvir meu coração batendo em meus ouvidos como uma
cachoeira.
- O senador, para quem ela trabalhava. Ele a matou.
Vários segundos se passaram diante de mim. Andrew Burns?? Mas
ele também tinha sido morto também. Eu tinha visto um relatório. Demos
foi julgado e condenado por seu assassinato. Me perguntava se ele sabia
que havia uma cadeira elétrica prontinha, esperando por ele na Base.
Meus olhos se estreitaram com suspeita.
- Por que ele iria querer matá-la?
Ele franziu a testa de novo e seus olhos se estreitaram , senti o peso
de seu olhar.
- Porque, Lila, sua mãe era única, como você. Ela tinha um dom
muito especial.
Levantei-me novamente, lutando para desembaraçar as pernas de
debaixo da mesa. Então, eu estava cambaleando e tropeçando contra a
terra batida. No instante seguinte, estava de joelhos no chão e Demos
estava ao meu lado.
- Pare de me fazer isso. Pare de me controlar! – Eu disse, meio
gritando, meio grunhindo.
- Eu não estou fazendo nada, Lila. Eu não estou fazendo nada, eu
juro. Venha ...- Ele estendeu a mão e olhou para mim.
Então ele se aproximou lentamente e me levantou. Uma vez de pé,
eu soltei a mão e fiquei lá por um longo tempo, apenas olhando para cada
ele.
- O que ela fazia? - Eu perguntei por fim.
- Ela podia ler mentes, como Suki.
Fiquei de boca aberta. Demos levantou a mão para mim.
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- Sinto muito. Você deve estar surpresa.
Surpresa??? Ele era o rei do eufemismo. Eu já estava me
acostumando a lidar com surpresas, revelações, assaltos e o sequestro há
uma hora atrás, mas isso ... isso foi um tombo para mim. Como poderia
minha mãe ter escondido um segredo como esse por tanto tempo. Só
havia mantido a minha habilidade em segredo por quatro anos e já sentia
como se metade do mundo soubesse. No entanto, Jack e eu nunca
soubemos dela. Eu me perguntei se o meu pai sabia.
- Agora que você sabe que a sua mãe era uma de nós, você ainda
acredita em todo o lixo de que somos monstros subumanos? - Ele revirou
os olhos - É mesmo? Vamos - Ele estava olhando como se tentando avaliar
exatamente quão ingênua eu era.
Lembrei-me da conversa que tive com Alex no motel. Ele havia dito
que não acreditava mais na Unidade. Para mim. Uma dor que parecia para
remover todos os meus ossos e músculos, correu através de mim. Eu
queria tanto ele aqui comigo, agora mesmo. Ele iria me ajudar a entender
tudo isso.
Olhei para Demos, lutando para encontrar uma resposta.
- Eu...
- Eu trouxe um pouco de comida para vocês dois - Suki repente
apareceu ao lado da mesa de piquenique. Ela trazia um saco de papel
marrom e nos chamava com sinais.
Olhei para Demos. Eu queria terminar a conversa, de preferência
não com ela perto de mim.
- Vamos, sente-se. Você tem que comer alguma coisa - Ele colocou a
mão na parte inferior das minhas costas e começou a me levar para a
mesa onde estava a comida.
Bati a mão.
- Eu não quero comer. Eu quero saber o que aconteceu com minha
mãe.
- Vou lhe dizer, Lila. Mas primeiro venha e se sente.
Deixei-me empurrar de volta para a mesa e me sentei com um
acesso de raiva. Suki sentou perto de mim, ao lado de Demos. Eu dei uma
das minhas melhores olhadas franzindo a testa. Não precisava dela lendo
meus pensamentos agora. Ou nunca mais, de preferência. Como os outros
aguentavam isso? Ela me deu um sanduíche em silêncio, um sorriso
deixou seu rosto. Quando eu ignorei a oferta, ela deixou o lanche sobre a
mesa à minha frente.
- Sua mãe era uma mulher extraordinária, Lila - Demos olhou para
mim com muito amor como se não tivesse dúvidas de que era a minha
mãe que estava ali à sua frente. Pelo menos ele parecia imaginar ver
isso. Eu arqueei uma sobrancelha e cruzei os braços no meu peito.

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- Sinto muito, você sabe disso. Não há necessidade de dizer. É
simplesmente estranho ver você aqui diante de mim - Ele balançou a
cabeça - Isso está fazendo tudo parecer tão real novamente. Como se
tivesse acontecido tudo ontem - Ele fez uma pausa e respirou fundo.
- Eu a conheci quando ela não era muito mais velha do que você é
agora. Era caloura da Universidade de Stanford. Nós nos conhecemos na
faculdade na primeira semana. Para mim, foi amor à primeira vista. Ela
era linda.
Minhas narinas se abriram. Eu não queria ouvir isso.
Ele percebeu minha reação e deu um sorriso e um aceno de cabeça,
mas continuou de qualquer maneira.
- Ela era realmente especial, e viu através de mim imediatamente ...
- Ele riu com a lembrança e eu senti se como um cavalo chutasse as
minhas entranhas - Um talento como o de sua mãe é muito difícil de se
lidar - Ele lançou um olhar em direção àSuki e ela deu um meio sorriso
para ele - Eu tenho visto esse tipo de habilidade levar as pessoas à
loucura. Normalmente ouvir a sua própria voz interior é o suficiente para
deixar alguém no limite, agora imagine quando você é capaz de ouvir a
voz interior todos os outros.
Olhei para Suki, talvez ela tivesse sido levada ao limite. O que
explicava muito.
- Mas sua mãe, ela era especial, ela encarava a sua capacidade
como uma coisa boa. Algo que pode ser utilizado como um presente. Para
ajudar os outros.
- Mas ...
Ele levantou uma mão.
- Eu estou chegando no ponto. Sua mãe era uma idealista. Ela
pensava que poderia seriamente mudar o mundo. Ele acreditava que
entrasse para a política poderia fazer a diferença. Eu acho que isso é o que
a maioria dos políticos pensa. Bem, talvez não a maioria. Mas ela tinha
uma vantagem sobre os outros. Ela pensou que se podia ler a mentes das
pessoas não teria nenhum problema em influenciar pessoas. Acredite em
mim, eu vi sua mãe fazer a sua magia e era incrível. Deveria ter sido
advogada. Ela poderia ter ganhado milhões. Poderia ter convencido um
júri inteiro, em segundos.
- E por que ela te deixou?
Ele fez uma careta.
- Ela conheceu seu pai. Eu não poderia competir com seu sotaque
inglês.
Ou com seu olhar profundo, charmoso ou bondoso, eu pensei.
Ouvi uma pequena risadinha emanar da direção de Suki.
- E tudo terminou então.

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Eu estava tão feliz que minha mãe tinha escolhido aquele caminho.
Demos poderia ter sido meu pai. Não vale a pena nem imaginar isso.
- Eu estava loucamente apaixonado por ela. E quando você está
loucamente apaixonado pode fazer coisas malucas - Eu poderia jurar que
ele estava olhando com um olhar intencional, mas, em seguida, continuou
- Tudo o que eu queria era conseguir impedir ela de sentir qualquer coisa
por Michael, seu pai. Eu pensei que se eu pudesse fazer isso, ela voltaria
para mim, foi estúpido, eu sei. Mas antes que pudesse querer fazer
qualquer coisa, ela me ouviu, leu minha mente assim que eu tive a
idéia. Nem sequer fiz nada disso. Mas ela ouviu, ficou furiosa com isso e
terminou comigo. Não a culpo.
Ele fez uma pausa antes de continuar.
- Nós não falávamos há quase 17 anos. Ela se mudou para a Costa
Leste para longe de mim. Ela se casou com seu pai. E teve você e Jack.
Ele estava esperando conseguir minha simpatia por causa de sua
vida amorosa trágica?
- Ótimo. Então agora eu sei tudo sobre o quanto você amou minha
mãe. No entanto, isso não me diz por que ela está morta, e por que
culpam você.
Ele me ignorou.
- A próxima vez que eu vi sua mãe foi quando ela me telefonou do
nada. Estava trabalhando para um senador e descobriu que havia algo que
ela realmente temia. Ela nunca teria me procurado se não fosse por algo
assim. Nós não tínhamos tido contato por um tempo muito longo.
- O que ela disse?
- Ela precisava da minha ajuda. Ela disse que eu era a única pessoa
que saberia o que fazer. Então eu fui direto para Washington DC - Ele
franziu o cenho para a mesa, e, em seguida, em minha direção - Mas ela
estava morta antes mesmo de eu chegar.
Fechei os olhos e tentei continuar respirando. Quando os abri
novamente, vi Demos e Suki me olhando desconfiados.
- Como você sabe com certeza que Burns foi quem a matou?
Demos se inclinou para frente, seus braços quase tocando os meus.
- Foi ele. Eu tenho provas. Enviei alguém que eu conhecia, um cara
chamadoThomas, para descobrir. Ele pode se projetar. Não demorou
muito para ele descobrir. Não que houvessem outros suspeitos, de
qualquer maneira. Eu queria mesmo era saber o que sua mãe havia
descoberto e por que ele teve que matá-la - Ele riu baixinho - Eu queria
fazer como sei que sua mãe faria. Sem violência. Nada ilegal. Acredite em
mim, isso era contra os meus princípios. Antes, eu o teria matado assim
que o visse.
Era contra meus princípios também. Eu desejava que ele o tivesse
matado.
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- Thomas escutou algumas conversas interessantes. Ele conseguiu
me passar um pouco de informação antes de desaparecer.
Deixei as palavras presas na minha boca.
- O que aconteceu com ele?
- Acho que ele foi assassinado também - Ele olhou e vi Suki lhe dar
um sorriso.
- Então, o que você fez? - Perguntei nervosamente.
Ele olhou em volta por um momento, pesando suas palavras,
tentando provavelmente avaliar minha reação.
- Eu matei Burns.
Eu não reagi. Fiquei com o olhar fixo à frente. Ele nem
estremeceu. E, definitivamente, não se arrependeu.
- Mas era tarde demais para parar o que tinha começado.
- O que você quer dizer? O que havia começado?
Demos respirou profundamente.
- A Unidade. Burns era o homem por trás de tudo.
Minhas mãos caíram sobre a mesa e me inclinei para frente. Nossos
braços se tocaram.
- Burns aceitava subornos de uma empresa de defesa,
StirlingEnterprises. Eles pagaram subornos de seis cifras. Como esperado,
a empresa obteve um grande contrato militar, lucrativo.
- Ele a matou por dinheiro? É isso? – A fúria já se manifestava na
minha voz.
- Os subornos foram descobertos por sua mãe. Eram detalhes no
contrato. Mas eles não podiam se dar ao luxo de tornar isso de
conhecimento público. Na superfície, era um modelo de contrato de defesa
para desenvolver e entregar novas armas para os militares. Mas sua mãe
descobriu exatamente o que estavam pesquisando e desenvolvendo.
Pisquei várias vezes tentando absorver a informação.
- Eles estão nos investigando, Lila. Isso é o que sua mãe
descobriu. Eles tentam isolar o gene que ativa nossas capacidades para
que eles possam usar mais tarde para criar novas armas.
Inclinei a cabeça para trás e ri tanto que Bill e Harvey olharam para
mim.
- Sim, claro, isso faz sentido.
- Não, nós não somos loucos - Suki estava respondendo à acusações
que a minha mente fazia em sua direção - Imagine se alguém pudesse
fazer o que Demos faz, porém à centenas ou milhares de pessoas ao
mesmo tempo?
- Isso não é possível – Tudo bem que eu não era frequentadora
assídua das aulas de biologia, mas eu sabia que isso não era possível.
- Sim, é - Demos interrompeu - A ciência genética é a ciência que
mais rápido progrediu nos últimos tempos. Você pode vero progresso que
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estão fazendo na medicina. É realmente muito fascinante quando você
tem tempo para estudar essas coisas. Tudo isso, tudo o que estamos
falando, é possível.
Ok, talvez eu não soubesse muito de biologia, afinal.
- Então você está me dizendo que esta empresa, a Unidade, não está
só desenvolvendo novas armas, balas ou bombas, mas está realmente
tentando criar um super exército de fenômenos capazes de por exemplo
exercer o controle da mente?
- Eu não usaria esse termo exatamente, mas, sim. Por que mais uma
empresa de defesa emprega geneticistas e neurocientistas?
Pensei imediatamente em Sara. De jeito nenhum. Será que ela sabia
o que estava acontecendo? Eu não podia acreditar. Ela era tão legal. Jack
estava tão apaixonado por ela.
Uma fração de segundo mais tarde, meu corpo congelou, os
músculos se contraindo na minha espinha.
- Jack e Alex, eles sabem?
Suki balançou a cabeça, seu cabelo curto angular batendo nas
bochechas.
- Não. Eles não sabem. Eles pensam que os cientistas estão lá
apenas para fazer avaliações psicológicas. Eles não têm idéia do que está
acontecendo.
- Eles não são mais que soldados, Lila. Como peões em um jogo.
Olhei para Demos.
- Eles foram recrutados propositalmente. Por que mais eles se
aproximariam de dois garotos normais, de dezoito anos, no primeiro ano
da faculdade? Um golpe de gênio. Eles estão explorando o seu irmão e
Alex em sua obsessão por vingança e usando eles para me pegar. Eles
sabem que recrutando Jack, eu pensaria duas vezes antes de reagir.
Eu levantei minhas sobrancelhas com ceticismo.
- Ele é o filho de Melissa. Eles sabiam que eu não seria capaz de
machucá-lo.
Sim - eu pensei - isso depende de como você define
machucar. Seqüestrar e enviar Jack em uma missão suicida louca qualifica
como machucar também, na minha opinião.
- Não tivemos escolha, Lila – Suki falava novamente. Me esqueci de
que ela tinha acesso aos meus pensamentos.
Eu estava prestes a lançar um discurso inflamado, mas Demos me
interrompeu, sua voz tão enérgica que me parou como uma luz vermelha.
- E a tragédia real disso tudo, a coisa realmente doente é que todo
esse tempo em que eles estão perseguindo todos nós, atrás de mim, seu
irmão e Alex têm trabalhado para as mesmas pessoas que mataram sua
mãe. O Burns recebeu ordens da Unidade para fazer aquilo.

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Minha visão começou a brilhar com pequenos pontos. O sanduíche
na minha frente de repente virou-se sobre a mesa. As mãos de Demos
conseguiram pegar o lanche antes que fosse ao chão. Seus olhos se
arregalaram como em um aviso gentil. Eu me concentrei em acalmar a
minha respiração, tentando calar o zumbido na minha mente.
Ele pronunciou as seguintes palavras lentamente, olhando com
cuidado para detectar qualquer reação mais adversa da minha parte.
- Os homens que mataram sua mãe são da Unidade. Seu irmão e
Alex os comandam.
Eu coloquei minha cabeça na mesa, descansando minha testa
contra a madeira áspera, sentindo a onda de náusea dentro de mim. Suor
começou a pingar na parte de trás do meu pescoço. Eu havia
provavelmente apertado as mãos dos homens que mataram minha
mãe. Como uma coisa dessas poderia acontecer?
Senti uma mão, a de Suki provavelmente, acariciando meu braço,
então a sua voz, leve e macia, respondendo a minha pergunta silenciosa.
- A Unidade funciona completamente fora dos parâmetros normais.
Demos falou.
- Eles não tem um superior, não prestam contas à ninguém, Lila. Tão
grande é o segredo que só algumas poucas pessoas no governo sabem a
sua verdadeira missão.
Eu olhei para cima, a cabeça pesando como o mármore da
mesa. Lembrei-me de Alex dizendo que a unidade opera sob uma
autoridade maior do que até mesmo o Presidente. Tudo começou a ficar
claro na minha mente, como se houvesse um carrossel ligado, passando
informações à minha frente. Eu senti meu corpo indo para à esquerda, o
cotovelo fazendo rachaduras no lado da mesa. Eu coloquei minha cabeça
para trás e fechei os olhos.
- Por que te querem tanto? Porque você matou Burns? - Perguntei,
uma vez que o mundo tinha parado de girar.
- Não, não é isso - Ele riu baixinho para si mesmo - Eu fiz um favor a
eles. Livrei eles de um monte de dinheiro perdido na propina e do
aborrecimento de ter que fazer isso toda vez.
Suki interrompeu.
- Estão atrás de Demos porque é o mais poderoso de todos nós. Ele é
único. Não como o resto de nós.
Abri os olhos e olhei para cima. Ela parecia temer muito por ele.
Notei o rubor subindo seu pescoço.
- É o suficiente para a Unidade - Demos disse - Mas sim, a principal razão
por que eles me querem, à todos nós, na verdade, é que se formos
apanhados, entramos para a fila. Cada uma de nossashabilidade será
conhecida. Vão nos testar como ratos de laboratório. Até conseguir o que
querem, para em seguida, se livrar de nós.
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Eu vi como o rubor das bochechas Suki diminuírem. Em seguida, ele
levantou o queixo e virou a cabeça bruscamente para um lado. Ela e
Demos se levantaram do banco, ambos olhando para a mesa onde Bill e
Harvey estavam sentados. Notei que Amber e Ryder se juntaram a eles. Eu
me perguntava o que estava acontecendo, e então eu vi que Nate estava
sentado entre eles. Ele estava de volta.
Corri atrás de Demos e Suki, que já estavam a meio caminho em
direção a ele, Suki lutando para manter o ritmo de Demos.
- O que está acontecendo? - Demos perguntou quando chegamos.
- Eles estão lá. Já entraram.
Eu inalei tão alto que todos se viraram para mim.
- Na Base? Como é que eles fizeram?
- Eles levaram Rachel - O rosto de Nate ficou brilhante o suficiente
de tanta alegria, como se tivesse chegado na fase final de algum jogo de
vídeo game. Amber abriu um espaço ao lado dela no banco e deu um
tapinha no lugar quando olhou para mim. Pensei um pouco e, em
seguida, eu afundei lentamente no banco. Bill sorriu para mim, e Harvey
me deu um sorriso ainda com o cigarro preso no canto da boca.
- Eles são muito inteligentes. Eles foram direto para a casa dela na
Base. Alex subiu os degraus e bateu em sua porta, como se estivesse lá só
para vê-la ou algo assim. Ela foi direto para ele assim que abriu a porta.
Eu estava feliz por ter sentado.
- Ela já se aproximou dizendo: Onde você estava? E então oh, meu
Deus! Alex a dominou completamente. Ele disse que tinha tido que sair
correndo atrás de Lila ...- ele parou, olhando para mim com um leve
sorriso se desculpando - porque ela tinha escapado. Disse que a tinha
encontrado, tinha lhe dado uma boa bronca e a enviado em um avião de
volta para casa. Em seguida, do nada, ele apontou uma arma para a
cabeça de Rachel e disse-lhe para vir para um passeio. Sério, foi tipo, o
melhor movimento do mundo, como Jason Bourne ou algo assim. Eles a
colocaram no carro. Eu mencionei sobre o carro? Eles roubaram da
Base. Um 4 × 4 com motor turbo. É impressionante.
- Nate – A voz de Demos estava dura como uma rocha - O que eles
fizeram?
- Sinto muito - Ele percebeu a repreensão - Ela foi levada para a
Unidade. Eles falaram para ela cooperar ou poderia se considerar já
morta. Jack disse que todos iriam entrar e que ela permitiria uma troca de
prisioneiro. Algo sobre Thomas e Alicia serem transferidos para a sede em
Washington.
Thomas? Thomas estava morto.
- O que ele quis dizer com Thomas?
Todos se viraram para olhar para mim, com exceção de Demos.
- Nate- disse Demos - volte agora mesmo. Diga-nos onde estão.
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Nate assentiu, impaciente como um filhote de cachorro. Ryder
pegou seus ombros, momentos antes de sua cabeça bater na mesa
inconsciente. Ele voltou a colocar a camisa enrolada suavemente como
um travesseiro. Suki se aproximou e acariciou o cabelo de Nate.
Demos me paralisou com seu olhar.
-Thomas está vivo. Alex nos disse.
- Quando foi que ele disse isso?
- Logo que o encontramos. Ele nos disse que Thomas estava vivo e
que ele nos traria com Alicia em troca de você segura.
Lembrei-me de Alex ali com uma arma apontada para sua cabeça. A
comunicação silenciosa que ele teve com Suki. O olhar em seus olhos
antes dele se virar e sair. Meus dedos traçaram minha pulseira no pulso,
lembrando a maneira como suas mãos haviam segurado o meu rosto, a
forma como a sua respiração fazia cócegas meu pescoço, a pressão de
seus lábios nos meus.
E eu não podia agüentar mais. Eu me senti como se minha mente
fosse fechar, fechar.
Eu pulei em pé e comecei a andar para longe da mesa. Eu me
preparei para o congelamento inevitável causado por Demos, mas não
acontecei nada. Eu me virei e comecei a correr em direção as árvores na
distância.
- Deixe-a ir - eu ouvi Demos dizer.

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Capítulo 25

S uki me encontrou. Eu estava sentada contra a base de uma


árvore. Imaginei que devia estar lá há uma hora. Possivelmente até
mais. Os raios de luz que passavam através dos ramos acima de mim
estavam quase horizontais.
- Aí está você - disse Suki.
- Nate está de volta? - Perguntei.
- Não. Ainda não.
Eu caí para trás contra a árvore. Eles haviam sido baleados ou
capturados, eu sabia. Eu cobri o rosto com as mãos e eu apertei meus
olhos já fechados.
- Eles vão ficar bem, Lila. Eles são Alex e Jack. Eles são bons no que
fazem. Vamos esperar por Nate. Pode ser que eles até já estejam de volta.
Eu me levantei, minhas pernas estavam rígidas de tanto estar
sentada com as pernas cruzadas. Regressamos em silêncio. Parecia ter
pouco sentido falar.
O caminho já estava cheio de sombras, o céu acima de nós já estava
escurecido, cor de índigo. Todos estavam reunidos em volta observando
Nate, ainda caído na mesa. Amber virou primeiro, sentindo a nossa
chegada. Todo mundo olhou para cima, seguindo o olhar dela, e vi a
angústia em seus rostos. Pareciam exatamente como uma família à beira
do leito de um paciente doente, em tratamento intensivo. Eles sorriram
quando me viram e eu me senti corar. Apenas algumas horas antes eu
havia tido uma batalha telecinética com Bill e Ryder, que mantinha uma
arma na cabeça de Jack. Agora éramos todos amigos, de repente? Deus, o
que estava acontecendo? Talvez eu estivesse sofrendo daquela coisa –
qual era o seu nome mesmo? Ah, síndrome Estocolmo - onde o refém
desenvolve um vínculo com a pessoa que o sequestrou. Às vezes, até se
apaixona pelo sequestrador. Olhei para Demos.
Não, isso definitivamente nunca acontecer. O que afinal minha mãe
estava pensando?
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Hesitei, parando à alguns metros de distância da mesa.
- Vamos lá, eles não mordem - Suki sussurrou, esfregando meu
ombro ao passar e indo sentar com Demos.
Demos acenou para mim, e em seguida, virou-se para encarar o
rosto inconsciente de Nate. Eu estava parada perto por um minuto, mas
em seguida, fui e me sentei na ponta do banco, ao lado de Ryder. Os
minutos se passaram, o céu escureceu como se um pote de tinta escura
tivesse sido lançado.
Eu estava começando a sentir meu último fio de esperança partindo
e Suki e Amber, ambas pareciam tensas. Amber levantou a cabeça do
ombro de Ryder e Suki saltou para a frente e colocou o braço em torno de
Nate. Todos nós olhamos seu rosto, esperando por sinais de vida. Ele
piscou algumas vezes e, em seguida, sentou-se, sacudindo a cabeça. A
expressão atordoada começou a clarear e, de repente, ele estava sorrindo
para nós.
- Eles conseguiram. Eles estão a caminho.
A tensão evaporou. Harvey apagou o cigarro e começou a acender
outro. Amber deixou escapar um grande suspiro e vi como Ryder
gentilmente acariciou o seu cabelo. Ele havia feito com tanta ternura que
só de ver sentia arrepios na pele. Olhei para Nate, desejando que dissesse
mais. Que me deixasse saber como eles estavam, se eles ficaram feridos.
- O que aconteceu? Como eles fizeram? Alguém se machucou? – Suki
havia perguntando por mim.
- Não, eles estão bem. Eles estão todos bem. Bem ... mais ou menos.
Ele olhou para Demos e vi seu pomo de Adão indo para cima e para
baixo conforme ele engoliu - Alicia está muito brava. Mas ela está
bem. Apenas alguns hematomas. Thomas ... ele não está nada bem.
Senti meu corpo como um balão furado. Meus dedos esticaram da
sua posição de aperto na parte inferior do assento.
Demos disse - Vamos.
Sem dizer uma palavra, todos se levantaram e foram atrás dele.
Nate estava caminhando um pouco à frente de mim, ao lado de Suki. Corri
para estar com eles.
- Alex está bem? Meu irmão?
Os dois se viraram para mim.
- Estão bem - Nate disse, sorrindo amplamente - Foi uma coisa
fácil. Eles nem mesmo suaram, foi tão genial - Parecia que ele agora
admirava eles.
- Como é que eles fizeram?
- Eu não sei. Eu não podia entrar, ou ficar perto do prédio. Esperei do
lado de fora. Só então eles saíram, vinte minutos mais tarde com Aliciae
Thomas. Então, todo mundo entrou no carro e saiu. Eu estava um pouco
com eles no carro e, em seguida, voltei para cá.
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- E Rachel? O que eles fizeram com ela? -Perguntei.
- Ó meu Deus - Suki parou - Nate!
Demos parou à nossa frente, depois se aproximou.
- O quê?
- Rachel. Estão trazendo Rachel - Suki disse.
O rosto de Nate era de dor.
- Sim, desculpe, esqueci de te dizer. Eles não queriam deixá-la,
pensaram que ela poderia dar o alarme, por isso eles trouxeram com
eles. Eles tiveram que colocá-la no porta-malas - Ele deu de ombros.
Não consegui me controlar. Comecei a rir alto.
Demos considerou a notícia por um minuto.
- Nate, você pode voltar?
Os ombros de Natecairam.
- Eu não tenho certeza. Estou muito cansado.
Demos avaliou por alguns segundos e, em seguida, assentiu.
- Tudo bem, eu entendo - Ele colocou a mão no ombro de Nate–
Você faz bem.
- Talvez você possa tentar novamente em pouco tempo?
- Talvez.
Demos balançou a cabeça novamente, depois se virou, tomando
um telefone do bolso e discando.
Eu me perguntei se ele estava chamando Alex ,se ele iria me deixar
falar com ele, mas ele estava fora do alcance rapidamente. Eu estava só
com Nate e Suki.
- É a projeção que te cansa? - Perguntei.
Nate olhou para mim e balançou a cabeça.
- É como uma corrida. Mega, mega-divertido, mas cansativo.
Chegamos ao teleférico, no momento em que eles estavam
fechando para a última volta. Nate soube calcular o tempo muito bem.
Uma vez que estávamos todos lá dentro, eu me movi lentamente,
casualmentecomo podia e fui para o mesmo lugar exato onde Alex tinha
me beijado. Fechei os olhos, tentando reviver o momento, a forma como
o polegar dele tocou meu lábio inferior. A forma como seus lábios se
sentiram quando ele pressionou contra os meus, o jeito que ele me olhou
com aqueles olhos de veludo azul. Eu respirei fundo e senti que a dor no
meu peito estava melhor.
No meio dos meus devaneios, de repente, uma única conclusão
explodiu como uma bomba me atingindo. Alex me ama. Senti um sorriso
dividir meu rosto em dois.
O mesmo pensamento desvaneceu quando me lembrei que, antes
de Demos aparecer, Alex ia me deixar. Na verdade, ele havia
deixado. Suas últimas palavras tinham sido algo sobre um certo

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momento. Ele disse: "Quando você desceu as escadas e caiu sobre mim,
esse foi o momento.”
O momento de quê?
-O momento em que ele se apaixonou por você. Duh. Pelo amor de
Deus, Lila. Não tem que ser uma leitora de mentes para decifrar isso.
Eu afundei no banco do teleférico. Então Alex também me amava o
tempo todo, desde o momento em que tínhamos nos visto novamente?
Todo esse tempo eu estava ficando louca por causa de Rachel? Todo esse
tempo em que eu estive a poucos centímetros dele dormindo em sua
cama; sentada em frente a ele no jantar, quebrando pratos; agarrando-me
a ele na traseira de sua motocicleta; olhando furtivamente através de uma
porta do banheiro entreaberta ... todo o tempo ele também estava
apaixonado por mim? Podíamos ter passado todo esse tempo que
perdemos nos beijando. E ele teve que esperar os últimos segundos para
dizer alguma coisa? Se a Unidade não o matou, eu o mataria.
Mas o sorriso estava de volta, puxando meu rosto. Se eu não
estivesse assim, em êxtase, insanamente feliz, definitivamente iria matá-
lo. Então eu tive uma outra percepção súbita. Alex definitivamente não
poderia mais retornar para a Unidade agora. Ele teria que vir
conosco. Yupiiiii.
- Você está bem, Lila? - Era Nate falando.
Olhei para ele, surpresa.
- Hum, sim, por quê?
- Bem, você só estava suspirando, batendo palmas e sorrindo como
uma criança pequena diante de um brinquedo.
- Ela só está feliz.
Olhei para Amber.
- E continue assim. É um alívio - ela disse.
Ryder abraçou-a por trás e piscou.
Eu não pude deixar de sorrir em resposta. Eu queria ir e abraçar à
ambos também. Eles se amavam. E eu os amava por se amarem. O mundo
era bonito e Rachel estava amarrada em um porta malas e Alex me
amava.
- Bem, Demos, eu acho que eu preciso de você - Suki estava
chamando por Demos por cima do ombro enquanto continuava olhando
para mim.
Eu estremeci.
- Lila, por favor chega já. Eu não posso ouvir nem a mim ou a
qualquer outra pessoa pensando. Ele ama você. Você o ama. Agora, antes
de começar a cantar sobre macieiras e abelhas, por favor, vamos tentar
pensar em outras coisas.
- E Jack? Pense em Jack - Nate sorriu maliciosamente.

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Não quero pensar em Jack. Fiquei muito feliz que ele estivesse a
salvo também, mas quando eu me imaginava com Alex, Jack não estava na
imagem. Ele estava em outro lado, bem longe, de costas.
- Sim. Jack não vai querer ver isso.
Minha atenção voou diretamente para Suki.
- O quê?
- Jack. Você tem razão para se preocupar. Ele estava muito irritado
com Alex antes. Eu ouvi. Em meio a toda a raiva contra nós, tinha um
pouco de raiva dirigida à seu melhor amigo.
Oh Deus.
- O que ele estava pensando?
- Oh, pensar? Menina, eu sei o que ele estava dizendo.
Agora, a minha atenção foi completamente para Nate. Ele tinha
uma mão em seu quadril e outra sobre o ombro de Suki.
- Quando? Oh Deus, o que aconteceu?
Eu olhei para eles.
- Realmente? Eles tiveram uma boa troca de palavras sobre você.
- Sobre mim?
Ele riu.
- Sim, foi difícil.
- O que Jack disse?
- Ele falouassim, "Cara, a minha irmã?", e Alex disse "Eu amo ela", e
Jack respondeu: "De jeito nenhum, cara", e Alex se virou e disse: "Vai ser
assim e pronto. Supere", e foi basicamente isso. Você sabe, eu compreendo
totalmente porque você está apaixonada por ele. É lindo - Seus olhos se
estreitaram, como se ele fosse lamber seu sabor favorito de sorvete.
- Eh, bem, obrigado. Acredito.
- Nate, você é incrível. -Suki o acertou com o cotovelo e em seguida,
virou-se para mim - Eu juro que ele passa mais tempo atrás dos caras
quentes da Unidade do que dos úteis.
- Eu não.
- Claro.
Eles eram como duas crianças brigando.
- Eu não -Suki fez beicinho para mim - É ele.
- Lila ...
Olhei para Nate. Seus grandes olhos castanhos tinham ficado
preocupados de repente.
- Você viu meu pai? Ele está bem?
Olhei para Suki e eu esperava que ela não me traísse.
- Sim, tudo bem - Pensei em seu rosto salpicado de sangue - Bem, eu
quero dizer, ele está muito preocupado com você - Lembrei-me da
promessa que Alex tinha feito à Key sobre proteger Nate da Unidade e
mantê-lo longe de Demos. Já não parecia ser uma promessa da qual Alex
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seria capaz de manter. Nate não parecia querer ir a nenhum outro
lugar. Baixei a voz.
- Por que você fugiu, em primeiro lugar?
- Não, eu não fugi. Sou livre para fazer minhas próprias decisões
sobre como eu vivo minha vida.
Bem, isso eu realmente entendia. E quem era eu para acusar
alguém de fugir?
E mesmo assim, ele continuou.
- O que estou fazendo agora é muito melhor do que a escola. Eu
posso fazer grandes coisas, vencendo na vida real os caras maus...
Ele não pensava que eles poderiam apenas estar o usando? Ele era
apenas uma criança.
- Nós não, Lila - Suki estava franzindo a testa para mim - E ele não é
uma criança. Ele tem a mesma idade que nós. Estamos tomando as nossas
próprias decisões, certo? Você não deveria lutar pelo que você acredita?
- Eu lutaria por Alex. E por Jack.
- Está vendo... - disse Suki.
- Mas isso é diferente. Eles são minha família. Isso não é pessoal
para você.
- Como poderia não ser algo pessoal, Lila? Eles estão atrás de
pessoas como nós, e nos assassinando, nos “contendo”. Demos está
fazendo isso por causa de sua mãe. E nós estamos lutando contra isso
porque acreditamos nele. Se a Unidade te pegasse, você não iria gostar de
saber que alguém iria estar lá fora lutando por você e tentando trazê-la de
volta?
Eu não tive tempo para responder. O teleférico parou e olhei ao
redor, surpresa. Estávamos de volta ao mundo real. Nós todos deixamos o
vagão e seguimos Demos pelo estacionamento. Já estava escuro, as luzes
de Palm Springs brilhando fluorescentes à distância.
- Para onde vamos?
- Para o Batmóvel – Suki riu.

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Capítulo 26

P arei perto de um enorme ônibus com a placa de West


Virginia. Harvey foi abrir a porta. Esse era o Batmóvel? Dei uma boa
olhada. Era enorme e tinha uma aparência suja. Havia um adesivo
dizendo: Toque a buzina se você ama Jesus! E outro dizendo: crianças a
bordo , com um sinal de um sorriso num rosto olhando para nós a partir
de uma janela lateral.
- Bom nosso carro de fuga, hein? - Demos disse no meu ouvido.
- Er, sim - murmurei enquanto ele me ajudou a subir a parte de trás.
Dentro era uma outra história. Parecia haver espaço para dormir um
pequeno exército, com espaço para um salão de dança na parte de trás, se
por acaso ficassem entediados, uma TV com tela plana e sistema de home
theater. Sofás forrados de couro creme em todos os lados e na parte de
trás havia um escuro corredor que parecia ter várias portas que dão fora
do ônibus. Isto deve ser como se sente uma fã dentro de um ônibus de
turnê, pensei enquanto olhava, com a boca aberta, enquanto os outros
começaram a se movimentar ao redor , sentindo–se em casa.
- Para onde vamos? - Amber perguntou para Demos enquanto se
enroscava em um dos assentos.
- Ao parque Joshua Tree.
- Ótimo- Nate gritou - Gosto de U2.
Suki ergueu suas sobrancelhas perfeitas para ele e balançou a
cabeça. Seu rosto escureceu momentaneamente, em seguida, ela bateu
no braço dele e ambos se jogaram nas cadeiras e começaram a rir juntos.
Eu vi quando Harvey subiu no banco do motorista na frente, com
Bill no banco do passageiro ao lado dele. Eles começaram a se entreter
com uma tela de navegação por satélite, que surgiu com o pressionar de
um botão no painel, iluminando comoa cabine de um avião.
Demos desapareceu no corredor e entrou em um quarto atrás no
ônibus e eu procurei um lugar para sentar. Amber e Ryder descansavam
em um dos sofás na frente de Nate e Suki. Eu andei em direção a eles.

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Escolhi como parceiros o casalzinho animado ao invés dos telepatas
amantes do U2.
- Olá - eu disse quando me sentei. Isso foi um pouco
desconfortável.
- Oi - disseram, em resposta, sorrindo.
Eu estava esperando que eles dissessem alguma coisa. Minha mente
estava completamente em branco.
- Então ... o que é um tamizador? - Deixei escapar.
Ryder jogou a cabeça para trás e riu.
- Ela vai direto ao ponto. Eu gosto disso.
Amber encostou a cabeça em seu ombro e beijou a parte inferior de
sua mandíbula. Esperei a pontada aguda de inveja. Mas não veio. Amber
começou a rir e balançou a cabeça, sua cortina de cabelo vermelho
ondulado em torno dela, se isso fosse fisicamente possível.
- Você é tão engraçada.
- Huh? - Eu olhei para ela, confusa.
- Eu tenho essas ondas e ondas de emoção de você. Elas nunca são
uma única cor. É como um arco-íris. É lindo.
Eu não sabia o que dizer sobre isso. Eu nunca fui chamada de arco-
íris antes.
Amor recente - Ryder riu e beijou Amber na parte superior de sua
cabeça.
Recente? Eu estava apaixonada por Alex por dezessete anos, mais
ou menos. Este não era um amor novo.
Virei-me para Amber.
- Então, você pode ver as emoções como cores?
- Mmm, cores. Se eu tentar, eu posso mudar as cores, fazer
sentimentos irem. Com o seu irmão antes, foi horrível. Mas com Alex e
com você é ... - Ela riu para si mesma - ... é assim ... –
Ela balançou a cabeça, tentando encontrar a palavra. Esperei. Assim,
o que ...?
-Assim tão extraordinariamente encantador. Você tem que
entender, eu estou sempre rodeada da preocupação e medo, então é bom
estar ao redor da felicidade de vez em quando.
Olhei para Ryder. Parecia que ela estava mais do que perto da
felicidade do que apenas de vez em quando. Ele era bonito. Muito
bonito. E muito adorável. Sorri ligeiramente. Embora não fosse tão bonito
quanto Alex.
Ele notou me olhando e um riso fácil e lento atravessou seu rosto.
- Então, Lila, Demos te colocou ao nosso lado, então?
A pergunta me surpreendeu.
- Sim, acho que sim. Quer dizer, eu não sei. É tudo tão
confuso. Coisas demais para absorver. Mas eu acho que sim. Quero dizer
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... a foto dele e minha mãe. E o que ele disse sobre a Unidade. E todos
vocês ...
O que eu queria dizer, era que apenas aquelas poucas horas com
eles tinham dissipado muitos medos. Nenhum deles era de alguma forma
intimidante. Eles eram todos lindos. Bem, eu ainda não entendo a questão
da minha mãe com Demos, mas todos os outros eram lindos.
- Não são tão ruins – falei, torcendo um sorriso.
De repente, lembrei-me da fotografia que tinha visto no
computador. Ryder e a lista de crimes imputada à ele. Algum daqueles
crimes era verdade?
Ryder notou minha mudança de humor.
- Então, o que te disseram Alex e Jack sobre nós?
- Ryder! – Amber bateu nas suas costas.
Empalideci.
-Er, eles não me disseram muito. Eu sei o que eu ouvi de Key e dos
arquivos que encontrei no computador - Eu não podia olhá-lo nos olhos –
Não era nada exatamente lisonjeiro - Eu olhei para cima e vi que ele me
olhava com curiosidade – Eu pensava que Demos matou a minha mãe. Isso
é o que Jack acha também.
- Ele não fez isso.
- Sim. Agora eu sei disso. Mas todas as notícias que a polícia nos
contou sobre como ela foi morta ... - Eu tremi, lembrando-me do pesadelo
que eu sempre tive.
- Quer que eu tire isso?
Olhei para Ryder, confusa.
- O que você quer dizer?
- A imagem que você tem em sua cabeça. Posso levá-la?
- É isso que você faz?
- Sim. Com moderação.
Quero ou não quero ter a imagem da minha mãe morta deitada em
uma poça de sangue na minha cabeça?
- Sim - Eu balancei a cabeça.
Amber sentou, movendo-se para dar espaço. Ryder sentou a frente
e colocou a mão sobre o lado da minha cabeça, com o dedo indicador e
médio na minha testa. Ele olhou para mim e eu notei que seus olhos eram
cinza.
Uma cor muito incomum, como uma pedra atirada pelas ondas em
uma praia tempestuosa.
- Bem, a imagem se foi.
- O quê?
- Pense na sua mãe.
Fechei os olhos. Vi minha mãe rindo e tentando colocar grampos no
meu cabelo antes do meu primeiro dia na escola. Em seguida, uma
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memória dela carregando um bolo com oito velas e cantando “Parabéns
pra Você”.
Eu comecei a sorrir quando recordei outra lembrança dela ao meu
lado lendo Harry Potter.
- O que você fez? – Eu perguntei, olhando para Ryder espantada –
Não me lembrava mais de nenhuma dessas coisas.
- Nada – Ryder recostou-se na cadeira, esticando o braço, e Amber
caiu sobre ele, descansando a cabeça contra seu peito. Eles eram tão
adoráveis.
Amber riu novamente.
Uma voz interrompeu o riso.
- Vocês se importam se eu 216ncontra216-los?
Eu olhei para cima. Demos estava diante de nós.
- De modo nenhum– Ryder moveu os pés para fora do caminho e
Demos sentou ao lado dele.
- Está tudo bem?
- Acho que sim– eu murmurei.
Ele parecia não ouvir.
- Nós vamos 216ncontra-los em uma hora.
Meu coração começou a pular fazendo uma caminhada ao redor da
minha caixa torácica.
- Eu preciso de sua ajuda.
Eu olhei para ele com desconfiança.
- Com o quê?
Demos me congelou com seus olhos e senti meus músculos
contraírem.
- Nós temos que pará-los, Lila.
Não. Eu tinha que voltar para Alex e Jack e ir embora com eles para
um lugar seguro. Suki apareceu e sentou no chão ao pé de Demos.
- O que você quer que eu faça?– Eu perguntei, nervosa, olhando
para os dois.
- Nós precisamos convencer Jack e Alex a lutar ao nosso lado – disse
Demos.
Eu senti quatro pares de olhos em mim, e eu podia jurar que Harvey
também lançou um olhar ansioso para mim, através do espelho retrovisor.
- Lutar? – Eu disse a palavra como se fosse um conceito
desconhecido.
- Sim. Lutar.
Não. Eu não gostava do rumo que esta conversa estava
tomando. Não ia acontecer nenhuma luta.
Suki olhou para Demos. Ela apertou os lábios até que eles ficaram
brancos e balançou a cabeça para ele. Ele olhou para mim de novo.
- Lila. Por favor.
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Olhei em volta. Todos estavam rígidos com olhos suplicantes.
- Como é que você vai lutar contra eles? –Perguntei – O que
podemos fazer? Alex disse que a Unidade opera sob uma autoridade ainda
maior do que o Presidente.
Um pequeno sorriso começou a levantar o canto da boca de Demos.
- Se temos Rachel, temos poder.
- Mas Alex me disse que a Unidade nunca trocaria ou faria negócios
por ninguém de lá.
- Eles vão fazer isso por ela.
- Por quê?
- Você não sabe? - Demos estreitou os olhos para mim, surpreso.
- Não sei o que?
- Não, ela não sabe - Suki balançou a cabeça.
- O quê? - Perguntei novamente.
- O pai de Rachel, é dono da StirlingEnterprises.
- Oh.
Eu não tinha certeza por que eu fiquei surpresa. Certamente minha
capacidade para ficar supressa já deveria estar completamente
neutralizada por agora. Eu me inclinei de volta no meu lugar, de repente
aliviada.
- Bem, nesse caso, vocês não precisam de mim. Ou de Jack, ou de
Alex. Você tem todo o poder que você precisa. Como você mesmo disse.
- Não - Demos balançou a cabeça para mim - Não é o
suficiente. Precisamos de pessoas que sabem como opera a Unidade, que
podem ajudar a parar a partir do interior. Precisamos de Jack e de Alex.
- Não.
- Lila, eu não acho que você tenha entendido totalmente como a sua
vida vai ser se você fugir disso. Você vai passar o resto de seus dias sendo
perseguida. Você não poderá ter um lar. Você não poderá ver o seu
pai. Você não será capaz de se estabelecer em um lugar por mais que uns
poucos dias, uma semana no máximo. Você sempre vai olhar por cima de
seu ombro, se perguntando se eles chegarão à você. Eles não vão deixá-la
ir. Você sabe demais e é, geneticamente, muito valiosa. Eles te
encontrarão, matarão Alex e Jack como mataram sua mãe e você irá para
a “contenção”.
Ele fez uma pausa.
- Estou sendo claro?
Como o vidro, pensei. Sentei-me ali, incapaz de me mover, a minha
cabeça zunindo com as opções. Poderíamos fugir? Será que teríamos uma
chance?
- Você não pode fugir, Lila - disse Suki.
Eu olhei para ela com uma careta. Por que não poderia?

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- A Unidade matou sua mãe, Lila - disse Demos - Você não quer
vingança? Não é o que Jack e Alex buscaram todos esses anos? Você não
acha eles vão querer a oportunidade de detê-los?
Ergui a cabeça bruscamente e olhei com raiva. Ele já sabia que me
tinha. Naquele momento, eu aceitaria. Eu não tinha outra escolha. E se
nós pudéssemos fazer Jack e Alex acreditar, eu sabia que não haveria nada
nesta terra para impedi-los de buscar vingança.
Demos cheirava a vitória.
- Temos que lutar. E para isso precisamos de Alex e Jack. Junte-se a
nós.
Olhei para ele por um longo tempo até que Suki começou a sorrir.
- Bem - eu disse - Eu vou ajudar. O que você quer fazer?
Houve uma série de respirações coletivas desencadeantes que
estavam contidas em torno de mim.
- Você tem que falar com eles. Tem que convencê-los da
verdade. Eles não me escutam. Mas confiam em você.
Sim, e eu podia ver a enorme falha em seu plano. Jack nunca ia
estar convencido de que Demos não matou minha mãe.
- Você conhece o meu irmão, certo?
- Sim.
- E você ainda não percebeu que eu não estou realmente numa boa
situação com ele agora mesmo? E você ... bem, deixa pra lá. O que faz
você pensar que ele vai me ouvir? Que ele vai confiar em você?
- Você pode ser bastante persuasiva, quando quer.
Poderia ser? Não tinha sido capaz de convencer Jack a me deixar
ficar na Califórnia. E não tinha sido capaz de convencer Alex a ficar comigo
e não voltar para deter a Unidade.
- Você está basicamente pedindo para eu anunciar que eles têm
vivido uma mentira durante os últimos três anos. E eu não tenho nenhuma
outra evidência além da foto que você me mostrou da mamãe. E eles te
odeiam. Eu não tenho certeza... Eu não posso fazer isso. Jack vai matá-lo
antes de ouvir uma palavra que eu digo.
- Mas não Alex. Ele vai ouvir você.
Ele vai? Eu pensei sobre isso. Eu poderia tentar. Ele já havia
começado a ter dúvidas. Talvez ouvisse? E talvez pudesse convencer
Jack? Eu certamente não esperava isso só de mim.
- E Rachel?
Todos olhamos para Nate sentado no sofá em frente, sozinho.
- Por que não fazemos ela falar? Ela deve saber o que está
acontecendo. Talvez, se eles não acreditarem em Lila, o que eu estou
pensando que pode acontecer... Rachel podia, você sabe, convencer.
Demos olhou para ele com interesse.
- Bem pensado, Nate.
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Então ele se ajoelhou no chão de novo ao meu lado. Ele descansou a
mão no meu joelho e olhou para mim, pensando quão estranho era que
eu não estava me retorcendo de repulsa.
- Quando eles chegarem, Lila, eu preciso que você fique para
trás. Lembre-se que eles ainda pensam que você está contra a sua
vontade. Temos que nos garantir, pegando Alicia e Thomas e então você
pode ir com eles.
- Tudo bem - eu disse, quase em silêncio.
- Chegamos - Bill gritou da frente.

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Capítulo 27

A porta do Parque Nacional Joshua Tree estava fechada e

trancada. Bill levou cerca de dois segundos para remover o bloqueio e


abrir a porta, tudo ainda do conforto de sua poltrona da frente. Harvey
acelerou e dirigiu para dentro.

A estrada era esburacada, desfeita e tudo estava negro como carvão


lá fora. As luzes do veículo deslumbravam várias árvores do Joshua Tree
que se pareciam como sentinelas ao longo da estrada. Nós dirigimos ao
longo do caminho por 10 minutos até que estávamos muito longe da
entrada do parque. Me perguntei o que tinha feito Demos escolher este
lugar no meio do nada.

- Porque é no meio do nada - disse Suki.

- Sim, tudo bem. Você poderia por favor parar com isso?

- Sinto muito.

Harvey desligou o motor. As luzes começaram a desvanecer-se no


ônibus. Apenas umas pequenas luzes nas laterais dos sofás permaneceram
acesas; como em um avião durante um vôo noturno.

Então a voz de Demos veio a mim do meio da escuridão.

- Todo mundo está pronto?

Não, eu não estava pronta. Eu não podia acreditar que tinha


concordado em ajudar. Mas, que escolha eu tinha? Eu não tinha mais
certeza de que haveria livre arbítrio para mim novamente.
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- Bill, Harvey, vocês sabem o que vão fazer? - Questionou Demos.

- Sim - Eles abriram suas portas e pularam para a escuridão. Os vi


fundirem-se com a noite e me perguntei para onde eles estavam indo.

- Muito bem - Demos virou-se para o resto de nós - Eu quero isso


sem problemas. Nós fazemos a troca. Lila vai abordá-los. Convencê-los a
nos ouvir.

Esperava que Demos tivesse bastante fé. Olhei ao redor para todos
os outros para ver o que eles achavam da conversa. Todos pareciam muito
focados e positivos. Talvez somente eu estivesse tremendo como uma
bola de nervos.

- Suki, eu preciso de você do meu lado. Eu preciso que você fale com
Alicia, certifique-se de que ela saiba o que está acontecendo. E vice-
versa. Eu preciso que você descubra o que estão planejando. Alicia estava
no carro com eles todo esse tempo, com certeza ela vai saber se eles estão
pensando em fazer algo inútil.

Ele se virou para Nate.

- Nate, por favor, fique para trás no ônibus, fora de perigo. Você tem
feito o suficiente já. Recupere as suas forças.

- Já passou - disse ele, impaciente.

Demos o ignorou e vi o olhar furioso que atravessou o rosto mal-


humorado de Nate.

- Amber, Ryder ... fiquem com Lila. Tome ... Ele entregou uma arma
para Amber - pegue isso. Você está com a sua, Ryder?

- Sim - disse Ryder, passando as mãos nas costas.

Amber apontou a arma para o chão e comprovou a câmara com um


movimento prático, uma vez, duas vezes.

Eu pulei.

- Espere, porque eles precisam de armas?

- Só para que ninguém tente algo heróico - Demos disse, olhando-


me vigilante.

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A arma estava de repente na minha mão. Amber estava com o dedo
apontando para o chão, tentando descobrir o que tinha
acontecido. Quando Ryder me olhou, eu puxei a arma da sua cintura e
deixei que ela chegasse na minha outra mão. Permaneci parada ali como
um cowboy.

- Ninguém vai ferir Jack ou Alex! - Eu exigi - Eles não vão apontar
uma arma para o meu irmão de novo. Ou para Alex. Ou fazer qualquer
controle da mente, também. Eles têm feito o que você pediu. Trouxeram a
Alicia e o Thomas. E apontar uma arma para eles não vai me ajudar a
colocá-los do nosso lado.

Todo mundo ficou em silêncio e olhou para mim. Não, não


exatamente para mim. Seus olhos corriam para as armas que começaram
a girar conforme aumentava a minha raiva. Abaixei, para que elas
estivessem apontando para o chão e empurrado a trava da de Amber, de
repente feliz por Alex ter me ensinado a fazer isso; antes de eu sem
querer acertar a cabeça de alguém.

Demos manteve sua voz suave e calma.

- Lila, eles ainda acreditam que fui eu que matou sua mãe. Eles
pensam que eu te sequestrei.

- E você sequestrou - eu disse.

Demos hesitou uma fração de segundo.

- O que estou dizendo é que não pode ser que eles não planejem
sair, e deixar as coisas seguirem o seu curso, uma vez que você esteja de
volta com eles. Eles não virão desarmados. Eu só quero estar
preparado. Você pode devolver as minhas armas? Por favor?

- Não.

- Lila - Sua carranca estava de volta. Eu endureci meus ombros e


segurei as armas com ainda mais força. Eu estava feliz que Bill e Harvey
não estavam lá. Eu não teria tido nenhuma chance contra eles.

Ele inclinou a cabeça para mim e ergueu as sobrancelhas.

- Posso te obrigar a devolver.

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Eu levantei o rosto.

- Não, se você quer a minha ajuda você não vai me obrigar.

Vi a carranca aumentar e então desaparecer. Ele assentiu e se


afastou de mim.

- Igualzinha sua mãe - murmurou.

Peguei uma das armas com a minha mão, parando no ar pouco


antes de bater no chão.

- Vamos – ele gritou.

Olhei ao redor e vi os outros. Suki e Nate me encaravam com os


olhos abertos, Amber parecia um pouco irritada, mas Ryder estava rindo.

- Você tem coragem, isso é bom.

Tomei isso como um elogio. Ele passou o braço em torno de Amber.

- Bem, nós devemos nos assegurar de que você não vai sair saltando
em direção à Alex quando eles chegarem. Mas você tem armas. Eu não sei
como nós vamos lidar com essa situação agora.

- Podemos confiar em você, Lila? - Amber disse.

- Sim. Eu prometo.

Guardei a arma de Ryder no meu bolso traseiro da calça. Duas


armas na mão parecia excessivo. Esperamos nas sombras escuras em
ambos os lados dos faróis. Bill tinha estacionado o ônibus para fora da
estrada, mas parado em um ângulo com os faróis iluminando o caminho
para a frente. Eu estava atrás de Amber e Ryder. Suki estava ao lado de
Demos à minha esquerda, a poucos metros de distância e não tinha idéia
de onde estavam Bill e Harvey. Nate estava amuado dentro do ônibus.

Olhei em volta. O chão estava pontilhado com pequenos furos. Eu


olhei para eles, tentando descobrir o que eram, e então eu fiz uma
dancinha quando eu percebi que eram buracos de cascavel. Suki riu na
escuridão.

- Você escuta ela se vier ... elas tem tipo uma campainha.

Ela não podia ver o rosto que eu fiz em sua direção.


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- Mas eu posso ouvir o que você pensa, Lila. É a mesma coisa.

Concentrei-me na escuridão à frente, nas formas das árvores do


parque e nas estrelas iluminando o céu como se alguém tivesse costurado
buracos em uma cortina escura. Duas eram maiores. Não eram estrelas,
eram faróis. Todo mundo ficou em silêncio enquanto se aproximaram de
nós. Eu pisei automaticamente para a frente e senti alguém me contendo.

- Lila- Ryder disse em uma voz cantante. Ele carregava um olhar de


alerta.

Eu dei um passo para trás.

- Sinto muito.

Eu fiquei na ponta dos pés e olhei por cima do ombro de Ryder para
ver como o carro se aproximava. Podia ouvir o motor e as rodas agora
rasgando o terreno acidentado.

- Eles chegaram- disseram Suki e Amber, quase simultaneamente.

- O que eles estão pensando? - Eu sussurrei na escuridão onde Suki


estava de pé.

- Hum, espere, está muito longe. Certo. Eles se perguntando porque


Demos escolheu este lugar. Alex está pensando sobre o que fazer se você
se feriu. Jack, bem Jack também está pensando em como pode nos
matar. Lila, eu realmente espero que você possa convencê-los a não tentar
isso ...

Senti a pressão afiada e ameaçadora da arma na parte de trás do


meu jeans. Esperava ter colocado a trava corretamente.

- Vou tentar.

A estrada à frente de nós de repente brilhou com as luzes do farol


quando o carro virava da esquina. Eles pararam perto da luz emitida pelos
faróis do ônibus. O motor do ônibus foi desligado, deixando o silêncio
voltar entre nós. As luzes do seu carro inundaram a estrada.

Eu tentei ver quem estava no carro, mas encravada atrás de Amber


e Ryder, meu ponto de visão não era bom. Portas foram abertas e a luz
interior acendeu no carro. Embora eu não pude ver qualquer um deles, já

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que desceram e permaneceram nas sombras. No assento de trás eu podia
ver Alicia. Ela estava sorrindo e acenando silenciosamente. Ao lado dela
estava alguém encostado na porta. Eu vi um rapaz com a cor leitosa de um
cadáver, e ouvi Amber dar uma baforada espessa de ar. O aperto de Ryder
em meu braço ficou mais forte.

- Alicia está bem -Sukisussurrou para Demos - Ela diz que eles estão
focados em recuperar Lila. Não há outros planos. Ambos estão
armados. Mas ela diz temos que nos preocupar é com Jack. É volátil. Eu
posso ler seus pensamentos ... também. Eles ficam mudando
constantemente. Ele agora está concentrado, mas Alicia diz que ele mal
consegue manter o controle.

Eu parecia uma cega no escuro tentando enxergar as duas figuras de


pé. Todo o meu corpo estava gritando uma coisa: correr para Alex. Era
como tentar me forçar a estar ao lado de um fogo que estava prestes a me
engolir, em vez de correr para a segurança.

- Devolvam a Lila - gritou Jack.

Meu coração saiu pela minha boca com a familiaridade de sua voz.

Houve um silêncio constrangedor.

- Nos dê Alicia e Thomas, e depois devolvemos a Lila - gritou Demos.

- Onde ela está? - Jack gritou, sua raiva nitidamente latejando em


suas palavras, fazendo Amber recuar contra mim.

- Lila, deixe que te vejam - Demos disse, virando a cabeça para mim,
mas sem tirar os olhos deles.

- Eu estou aqui - eu gritei, e entrei no feixe dos faróis de onde


podiam me ver. Senti uma mão no meu braço, Ryder, apenas
pressionando levemente, me avisando para não correr. Eu segurei meu
outro braço para proteger os olhos do clarão. Houve um barulho de galhos
quebrando quando alguém, talvez os dois, deram um passo em minha
direção.

- Uh-uh- gritou Demos.

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Pisquei no brilho da luz e olhei para a forma escura que sabia que
era Alex. Podia ver seu contorno, em suas mãos podia ver o que parecia
ser uma arma.

- Eu estou bem - eu avisei, moldando um sorriso no meu rosto para


tentar convencê-los de que eles poderiam relaxar e não tentar matar todo
mundo.

- Tragam Alicia e Thomas. Em seguida, vocês terão Lila.

- Não. Alicia primeiro. Então Lila. E então depois entregamos


Thomas.

Demos deu um enorme suspiro.

- Você sabe, eu poderia tê-los antes que vocês pudessem fazer algo
sobre isso. Eu estou jogando limpo, porque eu prometi que o faria. Então,
tudo bem, vamos fazê-lo à sua maneira. Mas não estraguem tudo. Quero
que todo mundo tenha o que quer.

Ele não deveria colocar dessa maneira. Eu ouvi um grunhido da


direção de Jack. Todos nós sabíamos o que Jack queria. Como eu iria
convencê-lo de não fazer algo louco? Era isso o que Harvey e Bill
fariam? Estavam lá apenas observando no escuro, à espera, prontos para
agir se Jack ou Alex tentassem fazer alguma coisa? Com certeza esperava
que sim. Eu não tinha certeza de que seria rápida o suficiente para impedir
um dedo sobre o gatilho. Especialmente no escuro.

Alguns segundos se passaram e, em seguida, Jack abriu a porta


traseira do carro.

Eu vi a luz do carro iluminar seu rosto, vi as rugas na testa, a tensão


em seu pescoço, sua mandíbula apertada. Ele estava
furioso. Caramba. Não ia ser fácil.

- Suki, diga à Alicia para não fazer nada. Diga a ela o que está
acontecendo.

- Eu disse. Ela está bem.

Jack ajudou Alice a sair para fora do carro. Ligeiramente mais bruto
que o necessário. Deu um empurrão nela e começou a guiá-la em nossa
direção e, em seguida, quando ela percebeu que estava livre, ela correu,
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mas ainda um pouco torpe. Suas mãos estavam atadas atrás das
costas. Eu senti a tensão das pessoas ao meu redor em ondas pequenas.

Alicia tropeçou os últimos passos e Demos deu um passo à frente e


a segurou em seus braços quando ela caiu. Ela olhou para ele e todos
viram como Demos se inclinou e beijou-a nos lábios. Ela sorriu de volta.

- Eu sabia - disse ela, rindo baixinho.

Ele a empurrou para trás, e Amber deu um passo em direção a ela,


pondo a mão no ombro de Alicia e apertando suavemente. Eu vi um flash
de metal e, em seguida ,eu ouvi o estalo de algo quebrado. As mãos de
Alicia estavam livres, e ela escorregou a palma da mão na mão de
Demos. Ela inclinou-se para a frente e sussurrou algo em seu ouvido.

- Agora devolvam a Lila.

Era Alex. O som de sua voz era tudo que eu precisava para que os
últimos arrepios de dor desaparecessem dentro de mim. Ryder soltou
meu braço e então, eu estava livre, correndo em sua direção.

Eu não tinha certeza de como percorri a distância entre nós, mas de


repente bati no peito de Alex e seus braços estavam ao meu redor. Meus
pés deixaram o chão e seus lábios estavam firmemente contra os meus, e
não havia nada mais do que ele e eu em um espaço aberto e vazio. Até
que eu senti meus pés entrando em contato com o chão e abri meus olhos
para ver as formas escuras dos outros e ouvi alguém limpando a garganta.

Levantei-me insegura com as mãos fechadas em torno da cintura de


Alex, sorrindo. Seu rosto estava encoberto pelas sombras, mas iluminado
pelo azul cobalto de seus olhos. Suas mãos percorriam meus braços como
se para verificar se eu realmente estava bem, e subiram até minha
garganta até parar no lado do meu rosto.

- Você está bem? Te machucaram?

Eu balancei a cabeça e agarrei a suas mãos.

- Não, não, estou bem. Alex, eu preciso ...

Eu não consegui dizer mais nada porque sua boca estava sobre a
minha outra vez e as luzes dançavam na minha cabeça.

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Ele afastou-se suavemente, apenas um centímetro, e quando eu
abri os olhos, olhava para mim.

- Eu te amo - ele sussurrou.

Meu estômago embrulhou em minha boca, meu coração seguiu


rapidamente de volta.

- Eu acho que a minha irmã está muito bem, não é? - Jack gritou do
outro lado do carro. Ele não parecia muito feliz. Embora ninguém parecia
estar tão feliz como eu estava agora.

- Eu estou bem, Jack - gritei de volta, tentando fazer com que minha
voz funcionasse corretamente.

Mais do que bem. Eu estava voando. Alex acariciou minha bochecha


e depois me levou para seu lado, seu braço firmemente me abraçando.

- Agora o Thomas- falou Demos.

Ouvi o clique da porta do carro se abrir novamente e algum ruído se


debatendo quando Jack alcançou dentro e puxou alguém. Vimos um
homem maltratado como um trapo rastejar para a frente. Houve um
assombro coletivo, e, em seguida, Ryder se adiantou no feixe dos faróis e
ajudou o homem cambaleando. Eu assisti enquanto ele carregava Thomas
até o ônibus e o colocava dentro.

- O que fizeram com ele? - Eu disse, olhando para Alex.

- Eu não sei - disse Alex murmurando - Vamos sair daqui.

Ele abriu a porta traseira e começou a me empurrar para dentro do


carro.

Eu agarrei a porta e encarei.

- Não, Alex, espere.

- Lila!

Congelei ao som da voz de Demos. Alex virou-se, me protegendo


com seu corpo.

- Não, tudo bem, Alex - Tentei contornar a situação -Eu tenho que
falar com você. Você precisa ouvir o que tenho a dizer.
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- Ele te machucou? - Jack apareceu vindo do outro lado do carro.

- Não. Não. Ele não me machucou - Eu empurrei com as duas mãos


contra Alex, em seguida, pulei e corri para ficar na frente do carro. Eu
queria ficar no meio do caminho entreJack e Demos, se necessário -
Ninguém me machucou. Só ... escutem. Eu tenho que falar com os dois.

Ambos se aproximaram de mim. Eu podia ver a fúria no rosto de


Jack, o medo no de Alex. Eu levantei as duas mãos como um guarda de
trânsito, tentando dizer “Pare” .

- Podemos conversar no carro, Lila.

A voz de Alex parecia contida, e eu fiquei paralisada no lugar com


um dos seus olhares hipnóticos.

Eu balancei a cabeça para ele.

- Não. Eu não vou.

Ambos pararam no meio do caminho e me olharam como se eu


tivesse ficado louca.

- Ouçam-me - eu disse – Vocês foram enganados. Eles não mataram


a nossa mãe. Demos não matou ela. Mentiram para vocês. Foi a
Unidade. Eles são os que fizeram mal o tempo todo. Eles que a mataram.

- Entra no carro agora - A voz de Jack era como um relâmpago. Ele


deu um passo à frente, estendendo a mão para me pegar. Eu corri para
trás alguns passos para fora do seu caminho.

- Não. Eu vou ficar.

- Lila, o que você está dizendo? - Desta vez era Alex falando.

Eu me virei para encará-lo.

- Eu sei que parece loucura e confia em mim, nem eu queria


acreditar. Mas eu acredito. Eu acredito nele.

Eu dei um passo em direção a Alex, baixando a voz.

- Demos não matou minha mãe, Alex.

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Nossos olhos se encontraram. Estendi minha mão e agarrei-o,
apertando seus dedos.

- Eles querem falar com você. Eles querem que você lute com eles.

- Lutar contra a Unidade?

- Sim. Precisamos da sua ajuda.

Eu vi como os olhos de Alex se estreitaram para mim.

- “Precisamos”?

- O que você fez com ela? - Jack gritou para Demos.

Ele me agarrou pelo braço e me puxou para fora das mãos de Alex.

- Lila, ele mexeu com sua mente. Vem, vamos embora.

Ele começou a me arrastar para o carro. Lutei contra ele, tentando


me soltar.

- Não, não é. Eu sei que é verdade.

Jack parou de empurrar e eu percebi que Alex estava bloqueando


seu caminho. Sua mão estava descansando no ombro de Jack. Se
confrontando, se encarando.

- Escute ela.

Eu dei um passo entre eles, empurrando-os.

- Por favor, Jack ... por que você não pode me ouvir?

- Porque eles estão mentindo, Lila. Vem, vamos embora.

Ele se virou e começou a caminhar em direção ao carro.

- Nós não estamos mentindo, Jack. Eu conhecia a sua mãe.

Demos de repente estava lá, de pé ao meu lado. Eu senti como eu


apertei o corpo de Alex, sua mão movendo-se para a sua arma na
cintura. Eu pressionei a outra mão para detê-lo e ele congelou. Demos
estava sendo tão fiel com a sua palavra. Se ele quisesse poderia impedir à
ambos mover um músculo, mas não fez isso. Jack virou-se lentamente em
direção a nós, com os olhos flamejantes.

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- Ele conhecia, Jack. É verdade. Ele não a matou. Você tem que
acreditar em nós.

- Eu entendo por que você não confia em uma palavra do que eu


digo, Jack – Demos disse - mas pelo menos pergunte para Rachel ... é só
perguntar. Se você não se convencer depois disso, bem, então você pode
atirar em mim.

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Capítulo 28

P rendi a respiração. Eu podia ver a arma ainda na mão de Jack, o

dedo no gatilho. Jack olhou para mim e me pareceu ver uma sombra de
dúvida queimar em seus olhos, ou talvez fosse apenas intenção
assassina. Sem dizer uma palavra, ele se virou e foi para a parte de trás do
carro e abriu o porta-malas. Ouvi passos atrás de mim e olhei por cima do
meu ombro. Os outros tinham vindo para ficar em um semicírculo para
trás de Demos. Ryder estava de volta também, eu notei.

Alex me puxou para mais perto. Eu dei o sorriso mais tranquilizador


que eu poderia conseguir dar.

Vi aquela linha de tensão entre as sobrancelhas. Parecia ser um


elemento permanente quando eu estava ao redor.

- Tire suas mãos de mim!

Os músculos do meu estômago reviraram com a sua voz.

- Você acha que vai se safar dessa? – Foram as próximas palavras de


Rachel, enquanto tornou-se visível e viu seu comitê de boas-vindas.

Ela estava vestindo uma blusa branca e saia preta até o joelho e só
um sapato, tentando em vão ficar de pé toda ereta, o que deixava a
situação muito engraçada. Suas mãos estavam amarradas na frente e seu
cabelo loiro estava despenteado e caindo solto. Ainda estava linda, mas
como se tivesse sido tirada de dentro de uma secadora.

Quando ela me viu, jogou a cabeça para trás e riu.

- Ela vale tanto a pena, Alex?


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Alex riu e deu um passo na direção dela.

- Agora, você tem duas opções -, ele disse, sua voz calma e suave
como veludo - Você pode dizer a verdade sobre a Unidade para mim. Ou
vamos entregar você para Demos e você pode dizer à ele a verdade - Ele se
inclinou um pouco para a frente e sussurrou em seu ouvido - E não pense
que ele vai ser tão bom para você como nós somos.

Ele deu um passo para trás, deixando-a ver Demos, que sorriu para
ela de uma forma que deu arrepios até em mim. Eu vi o medo começar a
se acumular em seus olhos, embora ela manteve a voz calma e com
aquele tom de paquera. Eu queria entregar ela diretamente ao Demos.

- Você sabe a verdade, Alex. O que eles dizem é uma mentira. A


Unidade está apenas tentando detê-los ... você sabe disso - Ela olhou para
Jack - Ele matou sua mãe, Jack, pelo amor de Deus.

- Não. Ele não matou - Eu corri em direção a ela – A Unidade matou


minha mãe. A empresa da qual seu pai está por trás. Você tem mentido
para Jack e Alex todo o tempo. Admita. Diga-lhes o que a sua Unidade faz
realmente. Por que estão nos caçando. Para que é a pesquisa, Rachel?

A boca de Rachel abriu em surpresa. Ela fechou-a rapidamente.

- Jack, ela está falando bobagem. Fizeram uma lavagem


cerebral. Quem sabe que tipo de coisas que alteram a mente fizeram nela?

- Não fizeram nada, o que é mais do que eu posso dizer que você
anda fazendo – eu a enfrentei e ouvi Alex bufar. Então eu percebi que eu
tinha feito uma bolsa voar.

Os olhos de Rachel se estreitaram.

-Você é uma deles - disse ela. Seus olhos voaram para Jack - Isso
deve ter sido uma surpresa, Jack - ela zombou e a expressão de Jack
escureceu.

Não importava que agora ela soubesse sobre mim. Ryder poderia
remover esse pequeno pedaço de informação mais tarde.

Dei um passo em direção a ela.

- Diga-lhes o que a Unidade realmente faz.

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Eu vi um sinal de medo passar por seu rosto.

- Diga-lhes porque eles precisam de cientistas, Rachel. Diga que a


Unidade matou a minha mãe por descobrir o que estava acontecendo.

Todos nós congelamos quando uma arma foi destravada. Era


Jack. Ele estava apontando diretamente para a cabeça de Rachel. Afastei-
me instantaneamente. O braço de Alex cercou minha cintura, me puxando
para trás.

- É verdade? - Jack falou.

Rachel congelou. Tal como o resto de nós.

- É verdade? - O dedo de Jack estava pressionando o gatilho - Você


me treinou, Rachel. Você sabe que eu vou atirar.

Por um momento todos viram quando o rosto de Rachel mudou de


sua frieza habitual para um rosto pálido de medo. Olhei para Jack, com
medo do que poderia ser capaz de fazer. Então Rachel falou.

- Você está certo, Jack. Eu treinei você. Eu fiz você ser o que é. Diga-
me, nunca passou pela sua cabeça porque ambos foram recrutados? O que
faz de vocês dois tão especiais? Alguma vez você já se perguntou por que
ambos foram promovidos líderes de equipe acima de todos os outros? - Ela
deu uma risada estridente e eu agarrei a mão de Alex contra minha
cintura - Queríamos mantê-los perto, idiotas.

Ela jogou sua cabeça para trás e riu de novo.

Eu estava pressionada contra o corpo de Alex. Senti-me como se


estivesse agarrada à uma rocha, com seus músculos em seu peito e braços
apertando ao máximo. Ninguém teve tempo de reagir antes de Jack voar
para frente e pressionar a arma contra a frente de Rachel. Ela parou de rir
abruptamente e tropeçou em sua sola de sapato.

Eu vi seus olhos deslizando em torno do grupo em busca de


ajuda. Não obtida, obviamente.

Seus olhos azuis caíram novamente em Jack, de repente se


tornando calculistas.

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- Se você fizer isso - ela disse em voz baixa - nunca saberá o que
aconteceu com a sua mãe.

Suki engasgou tão alto que eu pensei que ela tinha sido baleada.

- Não. Oh Deus - Ela se inclinou sobre ela mesma, com as mãos


sobre os joelhos.

- O que, o que é? - Ryder tinha uma mão em seu ombro.

- Ela não está morta - Suki olhou para mim e Jack. Seu rosto estava
pálido, com os olhos brilhando - Ela não está morta.

Jack deixou cair a arma da cabeça de Rachel e olhou para Suki.

- O quê?

- Eu vi. Quero dizer, eu ouvi. Sua mãe está viva. Está presa. Como
Thomas.

Houve um silêncio profundo que quase parou a Terra. Em seguida,


um som de ruído e emoção correu para preencher o vazio. O grunhido
veio do meu peito quando ataquei Rachel. Alex me agarrou pela cintura e
me segurou. Eu lutei como um animal enlouquecido. Eu não tinha certeza
do que queria fazer naquele momento, mas eu queria que ela nos dissesse
mais. Eu queria entrar na cabeça dela, como Suki e descobrir tudo o que
sabia. Minha mãe estava viva. A minha energia foi drenada e eu senti
minhas pernas ficarem soltas nos braços de Alex. Minha mãe estava
viva. Olhei para Jack.

Seu braço estava esticado em um ângulo reto à seu corpo. O cano


da arma estava alinhado com a frente de Rachel.

- Não ...- ecoou a voz de Demos.

- Jack! - Alex gritou.

- Demos! Eles estão chegando!

Eu tropecei diante do som da voz de Amber, tentando vê-la.

Ela estava segurando o braço de Ryder.

- Eu posso sentir.

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Demos imediatamente virou-se para Alicia. Seus olhos ficaram em
branco e sem foco, e de repente se abriram, assustados.

- Sim, eu posso ouvir alguma coisa. Muitas pessoas. Não muito


longe.

- Droga - ele gritou - Vamos. Levem Rachel. Harvey, Bill ... vamos lá!

Duas formas emergiram das sombras de cada lado do carro e


começaram a correr em nossa direção.

- Rachel permanece conosco. Eu não terminei com ela - Jack segurou


o braço de Rachel e houve uma luta silenciosa entre ele e Ryder, que
estava segurando o outro braço. Rachel olhou de um para o outro,
insegura sobre qual destino poderia ser pior.

- Você pode ter o tempo que você quiser com ela depois que isso
acabar – disse Demos, se colocando entre eles - Agora, você precisa nos
deixar levá-la. Você pode nos seguir.

- Vamos, Jack, deixe eles levarem ela - disse Alex, puxando seu
braço.

Jack soltou com relutância óbvia e Rachel saiu arrastada por Ryder,
esperneando e gritando para dentro do ônibus e entrou.

Alex começou a correr para o carro, empurrando-me junto.

Nós tínhamos corrido cerca de dez metros quando ouvimos Suki


dizer:

- É tarde demais. Não vai dar tempo. Eles estão chegando muito
rápido.

Ela estava apontando para algo ao longe. Faróis estavam cortando o


céu. Ouvi Alex xingando baixinho. Seus dedos apertados em torno da
minha cintura, ele começou a se mover mais rapidamente para o carro.

- Teremos que ficar e lutar - A voz de Demos se levantou da escuridão em


direção a nós. Eu fiquei imóvel como uma das árvores do parque,
calculando a distância entre nós e as luzes no horizonte.

- Quantos, Alicia?

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- Eu não posso ter uma boa certeza. Cerca de uma dúzia. Talvez
quinze.

Demos voltou-se para o seu outro lado.

- Suki?

Ela fechou os olhos por alguns segundos.

- Sim, algo assim. Dois carros. Eles têm armas.

- Vamos lá ... ainda há tempo - Ryder gritou da porta do ônibus.

- Não - disse Demos - Nós não podemos fugir deles. Se não for aqui,
será em outro lugar, há alguns quilômetros abaixo da estrada. Aqui temos
vantagem. Nós podemos lutar contra eles ... atrasá-los o suficiente para
que possamos ir embora e eles não possam nos seguir.

Ryder saltou do ônibus.

- Bem, precisamos pará-los antes que eles cheguem perto o


suficiente para nos vencer - ele disse.

Demos virou para Alicia, sua voz estava em tom urgente.

- Alicia, diga-me quem tem quais armas.

- Os que estiverem na frente em ambos os veículos. Você tem que


pegá-los - disse Alex em alta voz - Eles serão aqueles que têm armas que
podem derrubá-lo.

Estremeci, lembrando a dor trovejante na minha cabeça.

Os outros estão armados apenas com armas de fogo.

Demos virou para mim.

- Lila, devolva as pistolas para Ryder e Amber, por favor.

Não hesitei. Eu voei as armas para Ryder e Amber.

Assim que Amber pegou, Alex me agarrou e me empurrou de volta


para Jack.

- Jack, leva Lila para o carro. Leve-a daqui. Vamos atrasá-los.

Eu me virei. Ele estava verificando a câmara da arma.


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- Não. Eu fico. Eu posso lutar também.

Jack interrompeu.

- De jeito nenhum. Você vem comigo. Vamos.

- Não - Eu corri para longe dele - Eu ficarei com eles - Olhei para os
outros aglomerados em torno de Demos. Virei-me para Alex, que estava
olhando para mim. Eu podia ver sua mandíbula apertando
furiosamente. Eu inclinei meus ombros e olhei desafiadoramente. Não
ficaria fora disso de maneira nenhuma. Principalmente se ele fosse ficar.

Ele olhou para o horizonte, onde as luzes estavam


piscando. Tivemos cerca de 30 segundo antes que eles estivessem em
cima de nós. Não foi suficiente tempo para nós nos colocarmos em
segurança.

- Fique atrás de mim - ele rosnou - Fique para trás.

Jack cuspiu um palavrão.

- Lila - Eu me virei para ver Demos de pé ao meu lado - Eu preciso de


você, Harvey e Bill precisam de ajuda. Você precisa jogar o primeiro
carro. Você pode fazer isso, certo?

Lançar um carro? O que ele queria dizer ... capotá-lo? Olhei para
Harvey e Bill e, em seguida, engoli em seco.

- Vou tentar.

- Tudo certo. Alex, Jack e você se concentrarão em tudo o que vem


de fora, especialmente se eles estão com armas. Nós não temos o poder
humano suficiente ou armas para fazer algo agora, mas tente pará-los nos
seguindo. Vamos tentar capotar os carros para deter muitos deles, tantos
quanto possível e, em seguida, sairemos daqui.

Os faróis do primeiro carro saltaram sobre o cume antes que


pudéssemos concordar ou discordar de suas táticas.

- Demos ... agora! - Alicia berrou.

Demos virou-se para encarar o carro dirigindo-se em direção a


nós. Mas não eram carros. Eram tanques. Ou algo muito próximo
disso. Todos eram pesados, deviam ter toneladas, puro metal.
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Alex mudou-se para ficar na minha frente e parte de mim queria rir
do gesto fútil. Nada iria parar aquela coisa, nem uma bala, nem uma
habilidade pouco confiável e certamente nem Alex querendo ficar parado
em seu caminho. Já era tarde demais. Alex não tremeu um músculo, no
entanto. Ele ficou lá diante da ofuscante luz do tanque, com a arma
levantada, sua postura fria como gelo. Em seguida, disparou uma vez e
ouvi o barulho da bala explodindo.

- Vamos, Lila, capote ele - falou com os dentes cerrados, enquanto o


tanque desviou para a esquerda pouco antes de se endireitar e se
aproximar de nós ainda mais rápido.

Concentrei-me mais forte do que jamais me concentrei na minha


vida. O carro escorregou ligeiramente na curva na estrada algumas
centenas de metros à distância. Meus olhos seguiram os pneus. Eu os
visualizei subindo do chão e batendo fora da estrada, capotando. Não,
nada aconteceu. O que estavam fazendo Bill e Harvey?

- Venha! - Alex disparou novamente e a bala ricocheteou no metal


como um grampeador disparando em uma parede de tijolos.

Vi Jack pelo canto do olho, as luzes azuis de sua arma, enquanto


disparava repetidamente. Virei-me para me concentrar, meu coração em
pânico e estagnado. O monstro de metal de repente levantou-se do chão
e ordenadamente virou violentamente para a esquerda. Eu podia sentir a
linha de meu controle sobre aquilo, como uma corrente fina de metal. Eu
imaginei em minha mente que o enrolava com algo como um chicote e,
em seguida, dei um toque longo e delicioso. O tanque ricocheteou no
chão, escorregou e, em seguida, voou para cima, caindo sobre si meia
dúzia de vezes. Ele foi girando, se amassando e impactou com o solo tão
forte que eu tive que tapar os ouvidos. Uma chuva de sujeira, pedras e
galhos de árvores começou a se levantar do céu, cobrindo o chão à sua
volta.

- Oh. Meu. Deus.

- Jesus - Alex estava me olhando com a boca aberta.

Engoli em seco, olhando com horror a carnificina que eu mesma


fiz... não havia sinal de vida de dentro do metal deformado e
torcido. Acabei mesmo de fazer isso?
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- Venha! - Demos estava gritando -Entrem no carro, vão, daremos
cobertura.

O segundo tanque tinha virado para fora da estrada em um ângulo


de cento e oitenta. As portas estavam escancaradas e os homens em
uniformes pretos estavam rolando para o chão e começando a correr para
nós com as armas na mão.

- Vá para trás do carro - Alex ordenou. Sua mão estava no meu


pescoço e foi esquivando-me, empurrando-me para o carro. Jack estava
nos seguindo.

Meu corpo todo tremia de adrenalina. Olhei sobre meu


ombro. Ryder estava cobrindo os outros enquanto se amontoavam dentro
do ônibus. Demos estava parado na estrada, como um escudo entre nós e
os homens que se aproximavam. Orei a Deus para que ele pudesse detê-
los. Eu não tinha idéia de qual era o alcance de seu poder ou quantos
podia manter simultaneamente.

Alex nos jogou no chão atrás do carro e agarrou a maçaneta da


porta. Me inclinei sobre o capô do carro e vi um da unidade correndo em
nossa direção com uma arma do tamanho de uma bazuca em suas
mãos. Sem sequer pensar nisso, arranquei a arma de seus braços e
arremessei, jogando tão duro quanto eu podia em direção à uma árvore
nas proximidades. A árvore caiu e o homem que tinha carregado a arma
se jogou no chão.

Um grito repentino me fez virar a cabeça. Por um momento eu não


podia ver o que estava acontecendo.

Ryder estava deitado de bruços no chão, à vários metros de


distância. Demos estava de pé, à cerca de dez metros de distância, de
costas. Seu olhar focando implacavelmente adiante. Ele ainda não tinha
virado para ver o que havia passado. Ajoelhei-me e estava pronta para
correr para Ryder, mas não consegui. Alex me agarrou pelo braço.

- Você não pode fazer nada por ele – Alex disse, antes de olhar para
trás sobre o capô do carro e começar a atirar.

Olhei para Demos. Ele ainda estava parado lá, imóvel. Então eu
percebi que ele não estava se movendo, porque não podia. Ele estava

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segurando cinco homens congelados no meio da corrida. Ele não poderia
quebrar a sua concentração ou girar para ajudar Ryder. Agora era hora de
alguém para correr e jogar suas armas longe deles e as chaves do carro
também. Por que não havia ninguém ajudando?

Eu olhei para o ônibus. Amber estava gritando da porta e Harvey


tinha seus braços ao redor dela por trás, como se estivesse a
poupando. Ele estava arrastando-a para dentro e ela estava gritando em
desespero.

Alguém tinha que ir e ajudar. Mas antes que eu pudesse me libertar


do agarre de Alex, Jack tinha ido.

- Cubra-me – ele me disse, olhando por cima do ombro.

Eu? Cobri-lo? Voltei-me para Alex. Ele olhou para Jack, agora
correndo no solo escuro. Ele xingou, então começaram a disparar uma
saraivada de balas na grossa escuridão. Jack chegou em Ryder e o
virou. Sua cabeça caiu para trás na terra e um fio de sangue negro se
derramava pelo queixo. Um frio repentino atingiu meu estômago.

Virei a cabeça para trás para ver que Alex estava atirando. Quatro
homens estavam vindo em nossa direção, tendo como objetivo Demos e
Jack. Enquanto eu contava, um deles caiu com um grito. Alex parou para
recarregar a arma.

Concentrei-me no homem na frente. Ele atirou em nossa direção e o


pára-brisa estalou sobre nós.

Alex colocou a mão na minha cabeça e me empurrou para o chão.

- Abaixe-se!

Ele abriu fogo novamente, balas quebrando tudo ao nosso


redor. Virei para ver Jack fora no aberto. Eles estavam indo para disparar
nele.

Eu enfiei a cabeça por cima do capô e me foquei no que estava à


frente, puxei a arma da sua mão no momento em que ele apertou o
gatilho.

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A bala assobiou pelo ar e ouvi um som. A terra estava seca. Quando
eu percebi o que o som significava uma dor dolorosa me inundou. Virando
a cabeça para olhar, eu vi que estava certa.

Jack estava parado, imóvel. Mas estava me olhando curiosamente.


Eu senti uma dor aguda no meu peito, como se a bala tivesse penetrado
no meu coração. Sua mão caiu para seu estômago, pressionando contra
sua camisa. Baixei o olhar para a sua mão. Entre seus dedos estendidos, vi
uma extensa escuridão aparecer.

- Jack! - Eu gritei e pulei de trás do carro.

Alex agarrou o meu ombro e me puxou de volta, agarrando-me pela


cintura e me segurando tão apertado que tudo o que eu podia fazer era
lutar com ele. Ele me balançou em seus braços e me jogou no chão,
olhando com horror como Jack caiu de joelhos e, em seguida, pulou para a
frente com os braços estendidos para os lados de seu corpo.

- Não, não, não!

Eu estava chorando e chutando e tentando me libertar do aperto de


Alex.

- Lila, pare, pare! Eles vão te matar se você for lá fora.

Uma bala passou zunindo pela minha cabeça, acertando no chão


perto do meu tornozelo. Alex virou-se, ajoelhou-se e continuou a disparar
sobre o capô do carro contra os outros dois homens. Lágrimas rolavam
pelo meu rosto enquanto eu olhava impotente para Jack deitado imóvel
no chão. Eu podia ver uma poça de sangue escorrendo na terra em volta
dele.

- Droga. Há dois deles lá fora - Alex estava gritando para Demos,


tentando ser ouvido acima do barulho do fluxo do motor – E outros estão
vindo. Nós não temos chance.

Virei a cabeça para ver. Um outro par de luzes tinha aparecido à


certa distância.

- Vão– Demos gritou em resposta - Eu os segurarei até onde


conseguir.

- Não! - Gritei de novo - Nós não vamos deixar Jack.


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Alex colocou a mão no meu rosto, levantando de modo que pudesse
ver os seus olhos.

- Se formos embora, Lila, ele tem mais chance de sobreviver. Não


poderemos alcançá-lo sem sermos mortos. E se chegarmos à pegá-lo, não
há nada que eu possamos fazer aqui. Ele terá mais oportunidade se eles o
levarem.

Ele olhou de novo, e em seguida, começou a atirar, logo os outros


dois homens caíram.

Olhei para Alex, sem compreender, então olhei para Jack. Seus
olhos estavam abertos e ele estava olhando diretamente para mim. Fiquei
aliviada, mas fui rapidamente consumida pelo pânico. Eu não podia deixá-
lo. Então ele moveu um braço, a mão segurando sua arma. Ainda olhando
para mim, murmurou a palavra "vá", e em seguida, ergueu-se sobre os
cotovelos e começou a atirar.

- Abra a porta - Alex gritou acima do barulho.

- O quê? - Eu gaguejei, com os olhos ainda em Jack.

- Abra a porta do carro. Eu não posso alcançá-la.

Abri a porta, sem sequer olhar para ela. Então eu senti que havia
sido levantada do chão quando Alex veio rastejando e me pegou como um
saco perto da porta do carro e me jogou no banco da frente.

- Cabeça para baixo, mexa-se! - Ele gritou.

Obedeci instintivamente, me aconchegando em uma bola e me


esmagando no banco do passageiro. Alex estava atrás de mim
rapidamente, acelerando o motor. Uma bala assobiou e bateu na lateral
do carro fazendo-o girar em sentido inverso e rugir pela estrada. Eu
agarrei o painel e voltei a olhar para o vulto escuro deitado abandonado
no chão. Era o meu irmão. Era Jack.

Eu o vi soltar sua arma e descansar a cabeça de volta ao chão. Alex


me empurrou para trás no assento. Senti as lágrimas no meu rosto
pulsando ao ritmo da batida e sons de tiros.

Saímos da estrada, Alex desligou as luzes e por isso ficamos


dirigindo no escuro. Desviou violentamente, girando o volante com suas
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mãos. Lutou com ele enquanto eu subia no assento e olhava por cima do
meu ombro.

Estávamos indo longe dos portões do parque na direção oposta às


luzes do terceiro tanque que acabara de aparecer no cume.

Forcei Demos a mover-se. Depois que o ônibus deu partida para a


frente e Demos saltou para dentro, os homens que ele tinha mantido
congelados de repente reanimaram e saíram disparando em todas as
direções. Eu vi quando dois deles correram em direção a Jack e o rolaram
de costas, chutando a arma da sua mão.

Alex pegou a minha mão, entrelaçando seus dedos com os meus.

- Lila, olhe para mim. Olhe – ele implorou.

Eu forcei minha cabeça para virar, para olhar para Alex. Seus olhos
estavam queimando dentro dos meus.

- Não olhe para trás. Basta seguir olhando para mim. Ele vai ficar
bem - disse ele - Tudo vai ficar bem.

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Epílogo

E nquanto amanhecia, nós estacionamos em uma parada de

descanso fora da estrada. Alex abriu a porta e saiu. Segui, olhando em


volta para a meia-dúzia de caminhões ao nosso redor. Não havia nenhuma
mini ônibus com placa de West Virginia entre eles.

Faziam dois dias. Dois dias e duas noites sem saber mais nada. Dois
dias inteiros e duas noites completas relembrando a cena que deixamos
para trás no Parque Joshua Tree; as pessoas que deixamos para trás. Eu
sentia um forte golpe no estômago cada vez que eu lembrava de Jack
deitado no chão, sangrando, com Ryder morto ao seu lado.

Eu apertei meus olhos. Quando os abri novamente o sol começou a


se espalhar pelas sombras através do asfalto. Olhei para a estrada em
ambos os sentidos, suspirando audivelmente. Eu não queria estar ali. Eu
queria estar em Oceanside.

Olhei para Alex. Ele usava seus óculos de sol, então eu não podia ver
as sombras escuras nos olhos e em seu olhar, o que me deixava
agradecida. Alex, geralmente tão impossível de ler, agora estava lutando
para esconder a sua preocupação. Ele continuou me assegurando de que
Jack ficaria bem, e eu estava me esforçando para acreditar, mas seus
olhos diziam o contrário.

Sentindo que eu estava encarando, Alex se virou e caminhou para o


meu lado no carro. Ele colocou seus braços em volta de mim e descansei
minha cabeça contra seu peito, sentindo a ansiedade desaparecer
imediatamente. Ele me segurou, me levantou e me colocou sobre o capô

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do carro e fiquei assim por um tempo, enrolada em seus braços, com o sol
a aquecer lentamente.

- Eles virão, certo? - Perguntei eventualmente, minha bochecha


ainda no peito de Alex.

- Eles vão vir - respondeu ele, como se não estivesse de bom humor
para debates.

Durante quarenta e oito horas que tínhamos ficado ziguezagueando


entre a Califórnia e Nevada, tentando nos livrar da Unidade sempre atrás
de nós. Alex estava convencido de que Demos nos encontraria, através de
Nate ou através Suki. Não tinha mencionado meus medos: que haviam
sido presos pela Unidade ou que a Unidade iria nos encontrar antes deles,
porque nem sequer precisava ser dito. Mas estávamos agora em nosso
terceiro dia de fuga e ainda não havia nenhum sinal de Demos e os meus
medos estavam começando a pressionar contra o meu peito, tratando de
invadir meu coração.

Se não fosse pelos braços de Alex em torno de mim, eu acho que eu


teria me rendido e apenas esperado para que a Unidade me
encontrasse. Pelo menos, em seguida, eu veria Jack e a minha mãe
novamente. Mas, mesmo enquanto pensava isso, no fundo sabia que
nunca iria desistir. Eu nunca me entregaria para a Unidade, muito menos
depois de tudo o que tinham feito para a minha família.

Ergui a cabeça, a fim de ver a estrada, espiando o resto da parada


de descanso à procura de um lugar para me esconder assim que eu visse
mísseis ao nosso redor.

Então, quando o sol estava perto do topo dos ramos das árvores ao
nosso redor, ouvimos o ranger das rodas e elevamos nossos olhares. Um
veículo todo sujo fazia barulho na estrada. Eu apertei o braço de
Alex. Notamos que ele veio para a parada de descanso.

Ele tinha uma placa de West Virginia. Pulei o capô do carro.

Eles tinham nos encontrado.

Eu desci do capô com Alex. A sombra de um sorriso passou por seu


rosto quando ele viu minha expressão.

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- Eu disse - ele falou.

Olhei novamente e fiz sinais para a minivan enquanto ela


estacionava. Demos e Harvey foram os primeiros a sair, Suki e Nate
cambalearam atrás, descendo as escadas atrás deles. Os dois pareciam
sofrer de neurose de guerra. O rosto de Suki estava manchado com linhas
pretas. Alicia e Bill vinham logo atrás. Nenhum sinal de Amber ou
Thomas. Alicia parecia furiosa.

Seu olho estava melhor, mas eu percebi a carranca que ela deu para
Alex. Bill parecia inquieto, como se quisesse fugir de tudo isso.

- Você está bem? - Demos perguntou, dirigindo-se diretamente para


mim.

Ele colocou a mão no meu ombro, seus olhos perfurando os meus.

- Sim, estou bem - eu disse, minha voz rouca - E Jack? Você o viu? Ele
está vivo?

- Eles o colocaram em um dos veículos militares - Demos respondeu


– Estava vivo, mas nós não vimos o que aconteceu com ele.

Meu rosto ficou sombrio. De que valeu toda essa espera, então?

Nós deveríamos ter ido direto para a Base, segui-los e encontrá-


lo. Eu não podia esperar mais tempo sem saber. Eu ouvi uma voz familiar
e olhei para cima.

- Eu vi o que aconteceu - Key estava em pé na minha frente.

Levei uns segundos para responder.

- Q-O que você está fazendo aqui?

Sério, o que ele estava fazendo aqui? Meus olhos voaram de Key
para Demos e em seguida, de volta para Key. Apenas alguns dias atrás Key
estava me alertando sobre Demos. Agora eles estavam do mesmo lado?

Percebi então.

Claro que eles estavam do mesmo lado. Todos nós estávamos


agora.

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- Eu estava nas montanhas também Lila – disse Key, limpando a
boca – Ouvi vocês falando ... Eu ouvi o que Nate tinha a dizer, e então eu
os segui até o Parque Joshua. Vi essa menina, Rachel, falando de sua
mãe. Imaginei que talvez você vá precisar de alguma ajuda para resgatá-
la.

Olhei para ele, as lágrimas ardendo meus olhos. Eu não conseguia


falar.

- Alcancei à eles eventualmente. Mas levou um tempo. Eu tive que


voltar para o meu corpo - disse, encolhendo os ombros e sorrindo ao
mesmo tempo.

Ele olhou para Nate e sorriu. Nate sorriu para o pai também.

- E sobre Jack? Você disse que viu o que aconteceu com ele.

Eu apertei sua mão.

Ele me olhou e o sorriso desapareceu.

- Ele foi levado de volta para a Base. Ele está no hospital militar lá. A
Unidade está sempre vigiando ele - Ele parou - Ele não está muito bem,
Lila.

Senti minha respiração começar a aumentar. O chão começou a


tremer e mover-se sob meus pés. Senti a mão de Alex me alcançar e me
envolver em torno de minha cintura, descansando em meus quadris, me
segurando.

Key fez uma pausa e captei o olhar que ele deu para Alex.

- Ele estava muito ferido. A bala não atingiu nenhum órgão vital,
mas se alojou perto de sua espinha. Eles operaram ele. Ele está bem, mas
está em coma. Eles não sabem qual será a extensão do dano até que ele
acorde.

Alex apertou mais forte minha cintura e me encostei nele, fechando


os olhos, absorvendo as palavras de Key.

- Ele está vivo - sussurrou Alex.

Um alívio tardio passou por mim. Sentei-me, longe de Alex. Ele


estava vivo. Então, agora só precisávamos resgatá-lo.
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Virei-me para Alex.

- Como é que vamos entrar em um hospital militar?

Ele hesitou.

- Não é fácil - disse ele finalmente.

Olhei para ele, querendo uma resposta melhor do que isso, mas só
me encontrei olhando para meu próprio reflexo em seus óculos de sol. Eu
tinha a minha mão no quadril, meu cabelo caindo sobre meus ombros,
meus olhos ardendo. Eu me virei, chutando cascalho com meu sapato.

- E Rachel? - Ouvi dizer Alex.

Eu me virei.

- Ela está lá dentro - Demos respondeu.

- Nós colocamos uma mordaça em sua boca- disse Suki – Ela quer
gritar e berrar o tempo todo e Demos não pode ficar o dia inteiro forçando
ela a se calar.

Demos deu um leve encolher de ombros.

- O que você vai fazer com ela? - Alex perguntou.

Demos estudou Alex de perto, com um olhar inescrutável.

- A usaremos. De algum modo. Ela deve ter alguma informação. Suki


e Alicia estão tentando lê-la, mas ela está nos impedindo de alguma
forma. No entanto, vamos encontrar um jeito, ou a usamos como
garantia.

Alex franziu a testa um pouco, mas apenas balançou a cabeça.

- Você precisa tirar Lila daqui - disse Demos, inclinando a cabeça


para mim.

- Não! - Eu gritei, movendo-me para ficar entre eles - Eu preciso


voltar. Preciso buscar Jack. Precisamos chegar à minha mãe.

- E vamos - Demos virou-se para mim, com a voz baixa. Ele colocou a
mão no meu braço - Só não agora.

- Por que não agora?


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- Vamos traze-los de volta, Lila, eu prometo. Mas primeiro
precisamos nos reorganizar. Ryder se foi.

Parei, meu protesto se dissolvei completamente. Ryder estava


morto. Demos estava com a cabeça inclinada, os olhos baixos. Olhei para
Suki, lágrimas por suas bochechas. Nate estava enxugando os olhos com
as costas da mão. Alicia ainda estava olhando para Alex e Bill estava
apenas olhando para o chão. Eles eram uma família. E eles haviam perdido
um dos seus. Assim como eu também.

- Desculpe - eu me engasguei.

Demos acenou para mim, seus lábios pressionados firmemente. Ele


olhou por cima do ombro até a porta da mini van.

- Os outros estão bem? - Perguntei.

-Sim - Demos olhou para baixo - Ninguém mais ficou ferido - disse,
sob sua respiração.

Houve um momento de silêncio. Só o barulho de tráfego na estrada.

- Vão embora - disse Demos para Alex – Leve a Lila e vá para o


sul. Na fronteira. Continue até chegar na cidade do México. Vamos nos
encontrar lá.

- O que vocês vão fazer? - Alex perguntou.

- Vamos tentar atrasar a Unidade para ganhar tempo para vocês


dois, vamos para o norte.

- Bem - disse Alex e começou a abrir a porta do carro – Nos vemos


no México- Seus olhos estavam fixos em mim de repente - Então, nós
vamos resolver a partir daí.

Eu encarei por um momento, eu encarei à mim mesma em suas


lentes.

Então eu abri a porta do carro.

- Espere.

Eu me virei. Demos tinha tomado o meu braço. Ele me puxou e me


espremeu em um abraço intenso.

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- Fique longe de problemas - ele murmurou antes de me deixar ir.

Eu cambaleei para trás de seus braços e olhei para ele enquanto ele
caminhava de volta para o ônibus. Suki levantou a mão em
despedida. Nate puxou-a para ele e nos acenou um adeus triste. Eu os vi
ir, enquanto um aperto familiar e trêmulo de algo dentro de mim
começou a diminuir. Então eu me virei para Alex. Seus olhos estavam fixos
em mim, cheios de ansiedade e algo mais. Algo que agora
reconheci. Porque eu conhecia muito bem o sentimento, conhecia desde
o dia em que eu quebrei minha perna há 12 anos.

Eu dei-lhe um sorriso fraco.

- Vamos, vamos.

Um sorriso saiu de sua boca. Eu fui puxada pelo braço até que
estava pressionada contra ele e depois ele se inclinou para me beijar na
boca.

- Encontraremos a sua mãe e Jack, eu prometo - disse ele.

E eu acreditei nele.

Fim

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Alex e Lila estão fugindo, tratando de se manter um passo à frente


da Unidade, à qual está, de todas as maneiras, sempre em seu encalço.
Enquanto Alex está decidido à manter Lila à salvo e suas habilidades em
segredo à qualquer custo, o único pensamento de Lila é regressar à
Califórnia e encontrar uma maneira de resgatar seu irmão e sua mãe da
Base Militar onde eles estão detidos. Lutando para controlar tanto o seu
poder crescente como também seus sentimentos por Alex cada vez mais
profundos, Lila decide que chegou o momento para finalmente deixar de
fugir e começar à lutar. Junto com Alex, Demos e os demais, os quais ela
veio a considerar também como uma família, os planos de Lila não são
apenas salvar o seu irmão e sua mãe, mas também destruir
completamente a Unidade e tudo o que ela representa. E esse plano
requer que Lila retorne à Califórnia sozinha, para fazer amizade com o
inimigo: e, ao fazer, ela corre o risco de perder tudo: Alex, sua família e
inclusive sua própria vida.

Losing Lila - Livro 2 da Série Lila

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- SARAH ALDERSON –

Depois te ter passado a maior parte de sua vida em Londres, Sarah


deixou o emprego em 2009 e embarcou em uma viagem de volta ao
mundo com o marido e a filha obcecada por princesas, em uma missão
para encontrar um lugar no mundo para chamar de “lar”. Depois de vários
meses na Índia, Cingapura, Austrália e EUA, eles se estabeleceram em Bali,
onde Sarah passa seus dias escrevendo à beira do mar, e tentando abrir
cocos sem quebra-los.

Ela terminou seu primeiro romance “Hunting Lila” (vencedor do


Book Award Kingston), pouco antes de deixar o Reino Unido. Escreveu a
sequência, Losing Lila, na praia na Índia, e havia assinado um contrato de
dois livros com Simon & Schuster no momento em que tinha chegado à
Bali.

O terceiro livro dela, Fated, sobre um matador de demônios


adolescente, foi publicado em Agosto de 2013, e esse foi seguido pelo
aclamado Out ofControl, em maio de 2014.

Ela também escreve romances “new adult” para Pan Macmillan (UK)
/ Simon & Schuster (EUA) , sob o pseudônimo de Mila Gray.

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ESSA E NÓS RECEBEMOS O PRESENTE DE TER EM MÃOS ESSES LIVROS
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