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E D I Ç Ã O COMEMORATIVA – 20 ANOS DO CEJ

Hélcio Corrêa

MOREQ-JUS – uma contribuição


do Centro de Estudos Judiciários à
preservação da informação jurídica
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digital
MOREQ-JUS – a contribution of the Judiciary Studies Center for the
preservation of digital legal data
Neide Alves Dias De Sordi

RESUMO ABSTRACT
Afirma que o grande volume de processos levou as instituições The author considers that the piling up of cases have led
judiciárias a um alto grau de informatização e, ainda na primeira courts to a high degree of computerization and that still
década deste milênio, o Judiciário brasileiro será modelo para during the first decade of the current millennium, Brazilian
outros países. Judiciary is bound to be a paradigm to other countries.
Discorre sobre o Moreqjus – sistema criado e desenvolvido pelo She discusses Moreqjus – a system created and developed by
CJF – que, dentre outros benefícios, possibilita a preservação CJF – which, among other benefits, enables data preservation
da informação em meio digital, a fim de que esta permaneça in an electronic environment so as to be available to present
disponível às atuais e futuras gerações. and future generations.

PALAVRAS-CHAVE KEYWORDS
Conselho da Justiça Federal – CJF; Centro de Estudos Judiciários Federal Justice Council – CJF; Judiciary Studies Center – CEJ;
– CEJ; Moreqjus; informação digital; Tecnologia da Informação; Moreqjus; digital data; Information Technology; National
Conselho Nacional de Justiça – CNJ. Justice Council – CNJ.

Revista CEJ, Brasília, Ano XV, p. 49-59, julho / 2011


1 INTRODUÇÃO de processo judicial eletrônico ou físico. Em 2010, nos tribunais
O acesso aos documentos públicos é um direito expresso regionais federais o número variou entre três e cinco.
na Constituição Federal. O art. 216, § 2º, da CF, estabelece a Nos primeiros anos da produção de documentos públicos
responsabilidade da administração pública pela gestão da docu- e privados em formato digital, a preocupação maior era com
mentação governamental e as providências para franquear sua validade jurídica das transações realizadas com a sua utilização
consulta a quantos dela necessitem. e a necessidade de dar-lhes o mesmo amparo legal da docu-
Também a Lei n. 8.159, de 1991, em seu art. 20, estabelece mentação em suporte papel.
que competem aos arquivos do Poder Judiciário Federal a ges- Afastada essa preocupação, sobretudo em relação aos pro-
tão e o recolhimento dos documentos produzidos e recebidos cessos judiciais eletrônicos com o advento da MP n. 2.200/2001-
pelo Poder Judiciário Federal no exercício de suas funções, trami- 2 e da mencionada Lei n. 11.419/2006, aparentemente restou às
tados em juízo e oriundos de cartórios e secretarias, bem como instituições do Judiciário preocupar-se com o desenvolvimento
preservar e facultar o acesso aos documentos sob sua guarda. de sistemas informatizados que simplificassem as rotinas carto-
Registra-se ainda que a Lei n. 9.605, de 1998, no art. 62, rárias e acelerassem a entrega da prestação jurisdicional.
inc. II, tipifica a destruição de arquivos como crime contra o Atualmente, a maioria das informações produzidas pelas
patrimônio cultural. instituições do Poder Judiciário nasce em ambiente digital, sob
diferentes formatos – texto, banco de dados, áudios, vídeos,
Atualmente, a maioria das informações imagens – linguagens e contextos.
Essa profusão de iniciativas de desenvolvimento de siste-
produzidas pelas instituições do Poder mas de processos eletrônicos, em sua grande maioria, não in-
Judiciário nasce em ambiente digital, sob teroperáveis, construídos sem a camada de metadados, o que
diferentes formatos – texto, banco de dados, impossibilita a geração de relatórios gerenciais e estatísticos,
veio somar-se ao já caótico processo de informatização do Ju-
áudios, vídeos, imagens – linguagens e diciário brasileiro.
contextos. Mesmo em 2010, nem sempre as informações incluídas em
um sistema processual utilizado nos juizados ou na primeira
A sociedade delega à Justiça o dever de zelar por seus do- instância de um tribunal podem ser exportadas para o sistema
cumentos e de propiciar o acesso a eles, de modo a assegurar utilizado na segunda instância do mesmo tribunal, tampouco,
50 o direito à informação. para os tribunais superiores.
Para o cumprimento desse conjunto normativo é necessário Embora muitas instituições careçam de política de seguran-
o estabelecimento de políticas institucionais que assegurem aos ça da informação e dos sistemas de padrões de metadados e de
cidadãos o direito à informação e também a outros direitos de- interoperabilidade, diversos tribunais e instituições do Judiciário
correntes do uso dos documentos e processos administrativos e estabeleceram normas impeditivas de recebimento de petições
judiciais do Poder Judiciário. em papel, como ocorreu no Supremo Tribunal Federal, no Su-
Além da importância mais direta para os interesses particu- perior Tribunal de Justiça e no Conselho Nacional de Justiça,
lares dos cidadãos e para as suas instituições, os documentos conforme estabelecido em normas dessas instituições ampla-
do Poder Judiciário têm papel fundamental em um processo de mente divulgadas pela imprensa.
longa duração: o direito à memória, à preservação da história da Por falta do estabelecimento de normas e padrões, ambien-
sociedade, do Estado brasileiro e do seu ordenamento jurídico. tes de informática do Judiciário atuam de forma fragmentada,
Eles devem, portanto, ser conservados e organizados de forma com problemas de gerenciamento de dados que dificultam a
que possibilitem a pesquisa histórica. sua troca e reutilização ao longo do tempo, além do aprisiona-
mento a ferramentas e formatos proprietários de manutenção
2 O CONTEXTO TECNOLÓGICO E INFORMACIONAL DO JUDICIÁRIO dispendiosa. A utilização de softwares proprietários tem difi-
Desde a implantação dos juizados especiais federais, regu- cultado a migração dos documentos ou outras mudanças para
lamentados pela Lei n. 10.259, de 2001, os processos judiciais atendimento a necessidades específicas, por falta de acesso aos
em meio magnético entraram em cena. Inicialmente, no âmbito códigos-fontes e documentação insuficiente.
da Justiça Federal e, com a promulgação da Lei n. 11.419, de 19 Esse cenário se completa com a indisponibilidade dos ar-
de dezembro de 2006, que dispõe sobre a informatização do quivos eletrônicos para gestão das unidades arquivísticas e com
processo judicial, em todo o universo judiciário brasileiro. Com a falta de funcionalidades da gestão documental nos sistemas
esta Lei, o Brasil tornou-se um dos primeiro países do mundo processuais, de forma a garantir guarda permanente e o acesso
a ter uma legislação que permite a adoção do processo digital, continuado aos documentos de valor permanente.
popularizado com a denominação de processo eletrônico. A No entanto, a informatização é um recurso indispensável ao
norma não é processual, mas procedimental e, por isso, cada Judiciário brasileiro diante do grande volume de processos em
tribunal procurou se adaptar para o seu cumprimento. tramitação e do sistema processual que possibilita uma soma
Legalmente autorizados, os tribunais brasileiros deram iní- absurda de recursos e outras medidas protelatórias.
cio a uma verdadeira corrida de desenvolvimento ou aquisição Nas cortes superiores e intermediárias australianas, em
de sistemas de processos eletrônicos. A título de ilustração, em 2008, apenas 10% dos processos em tramitação não eram jul-
2009, apenas no Tribunal de Justiça de São Paulo (DE SOR- gados em até 12 meses; na primeira instância, não mais que
DI, 2009) estavam em funcionamento 17 diferentes sistemas 10% ultrapassavam seis meses e nenhum ultrapassava 12 me-

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ses. (WALSH, 2010, p. 88). disseminação da informação em meios Documentação.
No Judiciário brasileiro, segundo o digitais, bem como a importância dos A preservação do documento im-
relatório Justiça em Números 2009 do meios e técnicas digitais de codificação, presso é centrada na preservação do
CNJ, a taxa de congestionamento global armazenamento e transporte da infor- papel, uma vez que nele está o texto, a
foi de 71%, em 2009, percentual que mação. estrutura e, de certa forma, o contexto do
tem se mantido desde 2004, ou seja, No entanto, não são comumente documento. Já a preservação digital tem
71% dos processos distribuídos não fo- mencionados os perigos associados ao diferentes aspectos, engloba a preserva-
ram solucionados no ano. A situação é caráter efêmero da informação digital e ção física, lógica e intelectual dos docu-
mais grave na Justiça estadual, com taxa as dificuldades para a sua preservação. mentos digitais.
de 73%. Na fase de execução, a situação Além das novas oportunidades, a tecno- A preservação lógica está relaciona-
é mais preocupante. A taxa de congestio- logia digital traz novas ameaças e proble- da à atualização de formatos (material
namento chega a 80% na Justiça Federal mas. A questão é bastante complexa. audiovisual, correio eletrônico, etc.), às
e a 90% na estadual. O estudo destaca, O grande volume de processos ju- aplicações de hardware e software para
entretanto, que a quantidade de proces- diciais eletrônicos, assim como as infor- a manutenção dos bits em uso e da
sos baixados aumentou em 2009. A Jus- mações digitais produzidas em todas as preservação da capacidade de leitura. A
tiça Federal baixou 33% mais processos áreas da atividade humana, poderão ser preservação física compreende a conser-
do que em 2008, crescimento ainda insu- completamente perdidos a menos que vação dos conteúdos armazenados e dos
ficiente para equilibrar o fluxo de entrada técnicas e políticas sejam desenvolvi- seus suportes magnéticos (VHS, cassetes
e saída de processos. As exceções são o das para preservar essa documentação. de música) e ópticos (Blu-ray, CD-ROM,
Tribunal Regional Federal da 3ª Região e Saber quais os documentos que serão DVD) que requerem, entre outras ques-
o Tribunal Regional Federal da 5ª Região, demandados pelas gerações futuras e tões, a definição de regras para a migra-
que baixaram, respectivamente, 15,7% e como preservar esses acervos digitais, ção dos formatos em que os documen-
5,3% a mais do que o número dos novos em médio e longo prazo, são hoje um tos estão registrados. (ARELLANO, 2004)
processos. (PAÍS...., 2010) dos principais desafios da Era Digital. Assim, preservação digital exige es-
Ainda exemplificando a questão Por preservação digital compreende- tratégias e procedimentos para garantir
do volume de preocessos nos tribunais se a capacidade de manter a integridade a acessibilidade e autenticidade dos
brasileiros, enquanto a Suprema Corte e a acessibilidade da informação digital documentos, utilizando padrões de me-
norte-americana julga, anualmente, uma por longo prazo. Esta preservação da in- tadados e registros que visam a manu- 51
média de cem processos, os ministros do tegridade e acessibilidade não se limita, tenção e recuperação de dados, no caso
Superior Tribunal de Justiça, em 2009, apenas, a proteger a informação digital de sinistros, para resguardar as mídias e
julgaram uma média de 10.718 proces- contra o acesso não autorizado, mas, seu conteúdo.
sos. A taxa de congestionamento do STJ, também, contra o uso inadequado re- A má preservação dos documentos
em 2009, foi negativa, sendo que foram sultante da má interpretação ou má re- digitais, em longo prazo, resultará na per-
distribuídos, em média, 9.524 processos presentação da informação por parte dos da irreversível do registro, da prova, do
por relator. (BRASIL, STJ, 2009) sistemas computacionais. Percebe-se, testemunho, da memória. Assim, a ques-
aqui, o aspecto da inseparabilidade entre tão da preservação pode ter um impacto
3 PROBLEMAS ASSOCIADOS À as atividades de preservação e acesso do negativo na memória coletiva, pública e
PRESERVAÇÃO DA INFORMAÇÃO DIGITAL mundo digital.(TASK FORCE..., 1996). privada da sociedade, com repercussão
Como um meio de registro e acesso
à memória cultural da humanidade, a [...] a informatização é um recurso indispensável ao Judiciário
tecnologia digital tem inúmeras vanta-
brasileiro diante do grande volume de processos em
gens. Ela soluciona o tradicional conflito
entre preservar o documento ou facultar tramitação e do sistema processual que possibilita uma soma
o seu acesso, ao possibilitar a milhares absurda de recursos e outras medidas protelatórias.
de usuários, simultaneamente, a partir
dos seus próprios computadores, o aces- A questão da preservação da infor- em questões legais, comerciais e organi-
so a documentos originais armazenados. mação apresenta-se, pois, como algo zacionais.
Além de dar acesso ao texto completo fundamental, sistêmico e indissociável dos No caso dos arquivos judiciais e ad-
do documento, faculta ao usuário ob- processos de gestão da informação, que, ministrativos, a migração dos documen-
ter as informações necessárias a partir por sua vez, é um dos recursos de gestão tos para o meio digital colocou a questão
da combinação de palavras, frases ou organizacional e preservação da memória da “autenticidade” no centro das preocu-
ideias. Também possibilita a escolha individual e coletiva da sociedade. pações de preservação digital, que exi-
quanto à exibição dos documentos em Assim sendo, a preservação digital gem a definição de políticas, a atribuição
tela, armazená-los para uso posterior ou deve ser incluída na agenda de todos, de mandatos, o aparelhamento adequa-
imprimi-los. especialmente os produtores de infor- do em termos tecnológicos e de capaci-
É bastante reconhecida a redução mação, fabricantes de hardwares, mídias tação de recursos humanos e, sobretudo
de custos e o aumento de eficácia em e softwares e profissionais das áreas de a definição de ações concretas, como a
decorrência da produção, tramitação e Tecnologia da Informação, Arquivologia e avaliação dos modelos, normas e solu-

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ções tecnológicas adequadas à preservação desses recursos. • Rápida obsolescência da tecnologia digital: hardware,
A preservação digital envolve questões inerentes à respon- software e formatos;
sabilidade pela preservação: como preservar, custos associados, • Necessidade de tratamento adequado das entidades in-
autorizações de acesso e estratégias para assegurar essa pre- tegrantes do documento digital: objeto físico: (suporte), lógico
servação em todo o ciclo de vida do documento digital, além (software e formatos) e conceitual (conteúdo);
das questões associadas à seleção do que deve ser preservado. • Complexidade e custos da preservação digital;
O grande avanço da Tecnologia da Informação faz com • Complexidade dos controles para garantir a autenticida-
que a média de vida dos hardwares, mídias e softwares fique de, a confidencialidade, a integridade e a disponibilidade desses
cada vez mais curta. Os componentes tecnológicos tornam-se documentos;
obsoletos em três ou quatro anos após o seu lançamento e são • Preservação, ao longo do tempo, de cópia ou migração
constantemente substituídos por novas gerações mais moder- da informação, fundamental para a salvaguarda da memória
nas, com mais funcionalidades que, ao final, se tornam incom- (ARELLANO, 2004).
patíveis com suas versões anteriores. O estudo dessas questões na literatura internacional teve
início nos anos 80. Entre o grande número de estudos publica-
O grande volume de processos judiciais dos, alguns merecem destaque pela importância que tiveram na
conscientização da comunidade científica para os problemas da
eletrônicos, assim como as informações
preservação da informação digital, como o documentário dirigi-
digitais produzidas em todas as áreas da do por Terry Sanders, (INTO THE FUTURE, 1997), em que per-
atividade humana, poderão ser sonalidades das áreas de Informática e Documentação discutem
a possibilidade de perda do patrimônio digital e o agravamento
completamente perdidos a menos que
dos problemas sociais.
técnicas e políticas sejam desenvolvidas para Também o artigo de Terry Kuny apresentou a questão: Mui-
preservar essa documentação. to do que sabemos agora, muito do que está codificado e escri-
to eletronicamente será perdido para sempre? Ele apresentou
Inicialmente as preocupações com a preservação da infor- um conjunto de estratégias para a preservação do conteúdo,
mação digital estavam focadas no desconhecimento acerca da como a migração das mídias, relegando a questão da preserva-
longevidade das mídias em que a informação está armazenada. ção do suporte. (KUNY, 1998)
52
Mesmo quando o armazenamento se dá sob melhores condi- Destaca-se, especialmente, o relatório Preservação da In-
ções, a mídia digital pode ser frágil e ter vida útil limitada. Além formação Digital do Task Force on Archiving of Digital Informa-
disso, novos dispositivos, processos e softwares são substituídos tion – ArchTF, de 1996, realizado em parceria entre a European
rapidamente. Os produtos e métodos usados para recuperar as Commission on Preservation and Access (CPA) e o The Resear-
informações digitais tem um ciclo de vida de dois a cinco anos. ch Libraries Group – RLG – EUA, que apresentou exemplos de
Assim sendo, em razão dessas mudanças tecnológicas, até mes- perda do patrimônio digital em decorrência da falta de planos
mo as mais frágeis mídias não oferecem preocupações porque, de longo prazo para retenção da documentação em ambiente
na verdade, a obsolescência tecnológica representa uma amea- em permanente mudança tecnológica. O ArchTF definiu a ques-
ça maior à informação em formato digital do que a obsolescên- tão como “ Os limites da tecnologia digital”:
cia física inerente à fragilidade das mídias de armazenamento e • Parte dos documentos do Censo americano de 1960, ar-
à comunicação digital (MALLINSON; GRAVEL, 1996). mazenados em fitas magnéticas cuja leitura exigia um computa-
Embora a questão da preservação da informação digital te- dor tipo UNIVAC II, que em 1976, o Arquivo Nacional americano
nha sido bastante estudada nas últimas décadas, esses estudos descobriu que restavam apenas dois disponíveis para a leitura
ainda não foram incorporados ao fazer das instituições produ- dessas fitas, um no Japão e outro no Smithsonian Institution em
toras de informação em formato digital, sobretudo no âmbito Washington, preservado como relíquia.
do Judiciário. • Em 1964, a primeira mensagem de correio eletrônico foi
Arquivistas e outros profissionais responsáveis pelo armaze- enviada a partir de computadores do Massachusetts Institute of
namento dos registros governamentais e corporativos têm sido Tecnologia (MIT) para a Universidade de Cambridge. A mensa-
extremamente conscientes das dificuldades para assegurar que gem não foi preservada e, por isso, não há registro documental
a informação digital sobreviva para gerações futuras. Eles têm para determinar qual o grupo foi responsável pelo envio da
observado mudanças rápidas dos suportes dos documentos mensagem pioneira.
sob a sua guarda. • No Brasil, em 1970, fotos de satélite com observações fun-
Já é de conhecimento corrente a incapacidade dos atuais damentais para estabelecimento da linha do tempo de mudan-
sistemas eletrônicos de informação em assegurar a preservação ças na bacia amazônica se perderam em razão da obsolescência
dos documentos por um longo prazo. das fitas em que foram registrados.
Em síntese, para garantir a segurança dos documentos • O projeto Land Use and Natural Resources Inventory –
digitais é preciso estabelecer políticas de preservação e de se- LUNR, de 1960, realizado pelo Departamento de Comércio do
gurança de informação, que considere as peculiaridades dos Estado de Nova York e a Universidade de Cornell, que, produziu
documentos em suporte eletrônicos: um sistema informatizado de mapas do Estado de Nova York. Os
• Fragilidade intrínseca do armazenamento digital – degra- dados foram utilizados em diversos estudos sobre padrões de
dação física do suporte; uso da terra e subsidiou o planejamento urbano, o desenvolvi-

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mento econômico e a política ambiental. Space Data System – ligado à NASA por da Carta para a Preservação do Patrimô-
Em meados da década de 1980, funcio- encomenda da ISSO. É um produto de nio Digital da UNESCO, de 2003, que
nários do Arquivo do Estado de Nova York dez anos de trabalho, que resultou na alerta sobre o perigo iminente de desa-
tentaram preservar as fitas LUNR, mas o norma ISSO 1471/2003 e, posteriormen- parecimento de substanciais parcelas do
projeto LUNR havia alterado os programas te, foi adaptada como norma da ABNT. legado digital da humanidade. (BRASIL,
de software para representar e analisar os NBR 15472 – SAAI – Modelo de referên- CONARQ, CARTA....2010)
dados, e os programas não foram salvos cia para um sistema aberto de arquiva- • Resolução n. 20/2004 (BRASIL,
com os dados. Mesmo que o software ti- mento de informação (SAWYER, 2002); CONARQ, 2007), relativa à inserção dos
vesse sido preservado, o hardware e siste- • O Preservation Metadata: Imple- documentos digitais em programas de
ma operacional necessários para executar mentation Strategies – PREMIS, versão gestão arquivística de documentos dos
o software não estavam mais disponíveis. 1.0, que define e descreve um conjunto órgãos e entidades integrantes do Siste-
Em consequência, os pesquisadores que de metadados centrais para repositórios ma Nacional de Arquivos;
desejem estudar esses dados agora têm de preservação digital, bem como alguns • Resolução n. 25/2007 (BRASIL,
que redigitalizar a partir de cópias impres- exemplos e orientações para imple- CONARQ, 2007), que dispõe sobre a
sas.(TASK FORCE, 1996) mentação, em 2005, como iniciativa da adoção do Modelo de Requisitos para
• Na Justiça Federal, registra-se o Biblioteca do Congresso americano e o Sistemas Informatizados de Gestão Ar-
caso dos acórdãos do Tribunal Regional Online Computer Library Center – OCLC quivística de Documentos – e-ARQ Brasil
Federal da 3ª Região, digitalizados na dé- no âmbito National Digital Information pelos órgãos e entidades integrantes do
cada de 90 e redigitalizados nesta década Infrastructure and Preservation Program Sistema Nacional de Arquivos – SINAR.
porque as fitas magnéticas anteriormente – NDIIPP11 (CAPLAN, 2009); • Resolução n. 32 (BRASIL, CO-
produzidas não eram compatíveis com • O Model Requirements for the Ma- NARQ, 2010), que dispõe sobre a in-
os sistemas existentes no Tribunal. nagement of Electronic Records – Mo- serção dos Metadados na Parte II do
Req, cujo desenvolvimento foi patroci- Modelo de Requisitos para Sistemas In-
4 INICIATIVAS INTERNACIONAIS nado pela Comissão Europeia, em 2001, formatizados de Gestão Arquivística de
PARA A CRIAÇÃO DE PADRÕES PARA por meio do programa Interchange Data Documentos – e-ARQ Brasil.
PRESERVAÇÃO DIGITAL (THOMAZ, 2006) between Administrations – IDA. MoReq • O e-ARQ Brasil é uma especifi-
Em razão das peculiaridades da apresenta especificação de requisitos cação de requisitos a serem cumpridos
preservação da informação em formato para o gerenciamento de documentos pela organização produtora/recebedora 53
digital apresentadas, entre as diversas eletrônicos que devem subsidiar o de- de documentos, pelo sistema de gestão
iniciativas de organismos estrangeiros e senvolvimento de sistemas de gestão de arquivística e pelos próprios documen-
internacionais em busca de padrões para documentos. Em 2008, foi lançado o Mo- tos, a fim de garantir sua confiabilidade
a preservação digital destacam-se: Req2. O DLM Forum, gestor do MoReq, e autenticidade, assim como sua acessi-
• A Unesco lançou em 1992 e con- anunciou uma nova versão, denominada bilidade. Especifica todas as atividades e
tinuado até o presente, o Programa Me- MoReq2010, a ser disponibilizada para operações técnicas da gestão arquivística
mória do Mundo como proteção contra consulta pública nos próximos meses. de documentos, desde a produção, tra-
a amnésia coletiva, convidando a preser- (DML FORUM, 2010) mitação, utilização e arquivamento até a
vação dos acervos e coleções de bibliote- sua destinação final. Baseia-se no MoREq
cas em todo o mundo (UNESCO, 2010); 5 INICIATIVAS NACIONAIS PARA da EU.
• O American Standard Code for A CRIAÇÃO DE PADRÕES PARA
Information Interchange (ASCII), em PRESERVAÇÃO DIGITAL 6 MODELO DE REQUISITOS PARA
português, Código Padrão Americano • No Brasil, destacam-se os trabalhos SISTEMAS INFORMATIZADOS DE GESTÃO
para o Intercâmbio de Informação, de- da Câmara Técnica de Documentos Ele- DE PROCESSOS E DOCUMENTOS DA
senvolvido em 1986, sob o patrocínio do trônicos CTDE do Conselho Nacional de JUSTIÇA FEDERAL (MOREQ-JUS)
American National Standards Institute Arquivos – CONARQ, especialmente: A organização sistêmica da Justiça
(ANSI), pelo X3 Comitê, para padronizar • A CARTA PARA A PRESERVAÇÃO Federal foi fortalecida pela denomina-
a transmissão de dados entre diferen- DO PATRIMÔNIO ARQUIVÍSTICO DIGI- da “reforma do Poder Judiciário”, que
tes ambientes de hardware e software TAL, do Conselho Nacional de Arquivos alterou a Constituição Federal, visando
(AMERICAN NATIONAL STANDARDS..., – CONARQ, de 2004, cujo objetivo é manter a unidade da instituição, regio-
2010); conscientizar e ampliar a discussão sobre nalizada, com a criação dos tribunais re-
• O Modelo de referência Open Ar- o legado cultural em formato digital, e gionais federais, para melhor atender ao
chival Information System – OAIS, que que se encontra em perigo de perda e jurisdicionado.
definiu os metadados a serem imple- de falta de confiabilidade. A Carta mani- Sob esse enfoque e visando à inte-
mentados nos sistemas para representa- festa a necessidade de estabelecer políti- gração da Justiça Federal na questão da
ção dos conjuntos de informações e que cas, estratégias e ações que garantam a gestão documental e no acesso às infor-
auxiliam no entendimento e localização preservação de longo prazo e o acesso mações pelo jurisdicionado, o Centro de
do conteúdo da informação nos siste- contínuo aos documentos arquivísticos Estudos Judiciários do Conselho da Jus-
mas. O desenvolvimento foi coordenado digitais. A elaboração da Carta foi inspi- tiça iniciou a realização de estudos para
pelo CCSDS – Consultative Comittee for rada nas proposições e recomendações definir requisitos comuns a serem obser-

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vados pelos tribunais no desenvolvimento de sistemas informa- posteriormente, incorporados à versão 1.1 do MoReq-Jus.
tizados que produzem, recebem, armazenam e possibilitam o • Abril/2008 – Aprovada a Res. CJF n. 7, que disciplinou a
acesso e a destinação dos processos e de outros documentos obrigatoriedade da utilização do MoReq-Jus no desenvolvimen-
em suporte digital e não digital. to de novos sistemas informatizados para as atividades judiciá-
Partindo do pressuposto que a gestão de documentos não rias e administrativas no Conselho e na Justiça Federal.
é um problema exclusivamente das instituições arquivísticas, • Setembro/2008 – Aprovada a Resolução CJF n. 23/
em 2007, o CEJ/CJF, dentro do escopo das suas atribuições de set/2008, que estabeleceu a Consolidação Normativa do Pro-
coordenação do Programa de Gestão Documental da Justiça grama de Gestão Documental da Justiça Federal. O art.17 deter-
Federal, constituiu um grupo de trabalho interdisciplinar para mina que a gestão de documentos na Justiça Federal adote os
propor ações que garantissem a guarda e o acesso aos docu- requisitos e metadados estabelecidos no MoReq-Jus.
mentos digitais e não digitais em todos os seus estágios de vida, • Março/2009 – O CNJ instituiu grupo de trabalho para
envolvendo todos os atores e instituições da Justiça e visando adaptação do MoReq-Jus V. 1.0 da Justiça Federal para o Judi-
ao atendimento de todas as demandas. ciário brasileiro.
Assim sendo, o Modelo de Requisitos para Sistemas Infor- • Julho/2009 – Disponibilizada, no Portal do CNJ, para
matizados de Gestão de Processos e Documentos da Justiça consulta pública, a versão do MoReq-Jus.
Federal (MoReq-Jus) foi elaborado no âmbito do CJF, aprovado • Setembro/2009 – Aprovada a Res. CNJ n. 90 (BRASIL,
por resolução (BRASIL, CJF, Res. n.7, 2008) e, posteriormente, CNJ, 2009), que dispõe sobre os requisitos de nivelamento de
adaptado pelo CNJ e regulamentado para utilização em Judiciá- tecnologia da informação no Judiciário. Estabelece a obrigatorie-
rio brasileiro (BRASIL, CNJ, Res. n. 91, 2009) dade da adoção do MoReq-Jus no desenvolvimento de sistemas
O MoReq-Jus é uma ferramenta para promover a padroni- – Aprovada também a n. 91, que institui o MoReq-Jus v. 1.1 para
zação na gestão da documentação digital e não digital, garan- todo o Judiciário.
tindo que o patrimônio documental da Justiça seja produzido e • Março/2010 – Início do desenvolvimento do Programa
mantido de forma confiável, íntegra, autêntica e acessível. de Avaliação da Conformidade dos sistemas de gestão de pro-
O processo de desenvolvimento do MoReq-Jus foi sintetiza- cessos e documentos do Judiciário ao MoReq-Jus, em conso-
do e é apresentado a seguir. nância com o programa de melhoria contínua de software do
Judiciário previsto na Resolução n. 91/2009.
6.1 HISTÓRICO DO MOREQ-JUS • Agosto/2010 – Selo MoReq-Jus é concluído e encaminha-
54 • Março de 2007 – Na semana que entrou em vigor a Lei do para apreciação do CNJ.
n. 11.419/2006, o Conselho da Justiça Federal (CJF) constituiu
grupo de trabalho para a análise do e-ARQ Brasil, modelo de O quadro a seguir apresenta uma visão sintética da evolu-
requisitos aprovado pelo Conselho Nacional de Arquivo e do ção do MoReq-Jus:
MoReq/EU, modelo de requisitos para sistemas desenvolvido
no âmbito da União Europeia, com o objetivo de adotar um pa-
drão de requisitos para o aprimoramento do processo de cons-
trução de sistemas de gestão de documentos e processos com
vistas a garantir a preservação digital. Foi criado um grupo de
trabalho formado por especialistas em Gestão de Documentos,
Tecnologia da Informação, Comunicação e Direito, integrantes
da Comissão Técnica Interdisciplinar para Gestão de Documen-
tos da Justiça Federal (CT-GeD) e do Comitê Gestor do Sistema
de Tecnologia da Informação e Comunicação da Justiça Federal
(SIJUS) com o apoio de consultoria da Fundação CPqD.
• Abril de 2007 – Início do desenvolvimento do MoReq-Jus
como modelo integrado ao Programa de Gestão Documental
da Justiça Federal, em face da inadequação do e-Arq Brasil à
gestão dos processos judiciais.
• Outubro/2007 – Realizado workshop para debater com 6.2 OBJETIVOS
especialistas a versão preliminar do MoReq-Jus. Constou tam- O MoReq-Jus objetiva fornecer especificações técnicas e
bém da pauta a questão da preservação digital, os padrões de funcionais para orientar a aquisição, o detalhamento e o de-
metadados do Governo Eletrônico, o modelo OAIS/ISO/NBR – senvolvimento de sistemas de gestão de processos e documen-
modelo de referência para um sistema aberto de arquivamento tos no âmbito do Judiciário brasileiro, bem como estabelecer
de informação (SAAI) e o Projeto InterPARES. critérios para certificação do grau de aderência dos sistemas a
• Novembro/2007 – A versão preliminar do MoReq-Jus é ele próprio. Pretende ainda o MoReq-Jus contribuir para a regu-
disponibilizada para consulta pública no Portal do CJF. lamentação de questões associadas ao valor probatório desses
• Dezembro/2007 – É divulgada a versão 1.0 do MoReq-Jus, documentos eletrônicos, à uniformização de procedimentos e
com incorporação das sugestões recebidas na consulta pública. à definição de parâmetros para a certificação de qualidade dos
• Janeiro/2008 – Os metadados de segurança, auditoria e processos e dos serviços dos arquivos. Sua elaboração atende
preservação foram colocados em consulta pública pelo CJF e, também a necessidade de padronizar e integrar esses sistemas

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para o entendimento do jurisdicionado, a gestão processual e gies) Working Group, version March de 2008 .
o aproveitamento das informações processuais das instâncias • ISO 9660:1988 – Information processing – Volume and
inferiores pelas superiores. file structure of CD-ROM for information interchange.
Assim, sinteticamente, pode-se afirmar que o MoReq-Jus foi • ISO 14721:2003 – Space data and information transfer
desenvolvido com os seguintes propósitos: systems – Open archival information system (OAIS) – Refer-
• Dar cumprimento às determinações constitucionais de ence model.
gestão e preservação de documentos institucionais; • ISO 15408 – Common Criteria 2.X.
• Estabelecer diretrizes e especificações técnicas visando • ISO/IEC 9126:1991 Information technology – Software
orientar a aquisição, a especificação e o desenvolvimento dos product evaluation: quality characteristics and guidelines for
sistemas; their use.
• Estabelecer diretrizes para a integração de sistemas; • ISO/IEC 17799:2005 – Information technology – Security
• Definir critérios para avaliação de sistemas, bem como do techniques – Code of practice for information security manage-
seu grau de aderência ao modelo. ment.
O MoReq-Jus, assim como o e-Arq Brasil e o MoReq da • ISO/IEC 27001:2005 – Information technology – Security
União Europeia – documentos de referência utilizados na sua techniques – Information security management systems – Re-
elaboração – fornecem requisitos para o desenvolvimento e a quirements.
avaliação de sistemas de gestão de documentos: • AS ISO 15489.1 – Australian Standard Records Manage-
• Digitais – Os metadados e os próprios documentos são ment. Part 1: General, 2002.
inseridos no sistema; • AS ISO 15489-2 – Australian Standard Records Manage-
• Não digitais – O sistema registra apenas os metadados ment. Part 2: Guidelines, 2002.
dos documentos;
• Híbridos – Possibilita a gestão de documentos não digitais 6.4 ORGANIZAÇÃO DO MOREQ-JUS
e digitais. O MoReq-Jus apresenta inicialmente informações sobre a
O MoReq-Jus descreve os requisitos necessários para o de- gestão de processos e documentos nas instituições judiciárias
senvolvimento de um sistema de gestão de documentos. Esse e aborda ainda questões relativas à política arquivística; aos ins-
sistema hipotético foi denominado genericamente de Gestão- trumentos que devem ser utilizados na gestão de processos e
Doc. Assim, o MoReq-Jus é especialmente dirigido a: documentos; as definições relativas à designação de responsa-
• Potenciais usuários de um sistema de gestão de docu- bilidades; aspectos da funcionalidade dos sistemas; glossário e 55
mentos (GestãoDoc) – Na elaboração de um edital de licitação referências normativas e bibliográficas.
para a apresentação de propostas de fornecimento de software; Em uma segunda parte inclui as funcionalidades e os seus
• Usuários de um GestãoDoc – Como base para auditoria respectivos requisitos que foram relacionados a seguir:
ou inspeção do sistema existente;
• Fornecedores e desenvolvedores de sistemas – Como
guia no desenvolvimento de um GestãoDoc em conformidade
com os requisitos exigidos;
• Profissionais e provedores de serviços de gestão de do-
cumentos – Com vistas a orientar a execução desses serviços a
partir de uma abordagem arquivística;
• Potenciais usuários de serviços externos de gestão de
documentos – guia para a especificação dos serviços a serem
adquiridos.

6.3 MOREQ-JUS – PRINCIPAIS REFERÊNCIAS


O MoReq-Jus é uma iniciativa pioneira no âmbito do Judi-
ciário, não apenas nacional, mas também no cenário interna-
cional. Ele foi elaborado com base nos seguintes documentos: Os requisitos foram classificados em obrigatórios e desejá-
• Modelo de Requisitos para Sistemas Informatizados de veis – de acordo com o grau de exigência – para que o Gestão-
Gestão Arquivística de Documentos (e-ARQ), aprovado pelo Doc desempenhe suas funções.
Conselho Nacional de Arquivos (Conarq); Requisitos são conjuntos de necessidades explicitadas pelo
• Modelo de Requisitos para Gestão de Arquivos Eletróni- usuário que deverão ser atendidas para solucionar um determina-
cos (MoReq), desenvolvido pelo Instituto dos Arquivos Nacio- do problema. Os requisitos de um sistema podem ser funcionais
nais/Torre do Tombo de Portugal; – descrevem as funções que o software deve executar. Ex: Permi-
• Model Requirements for the Management of Electronic tir o cadastro de usuários; não funcionais – expressam condições,
Records (MoReq), elaborado pelo Cornwell Management restrições ou qualidades que o software deve ter. Ex: Garantir que
Consultants para a Comissão Europeia, e no Model Require- o tempo de retorno das buscas não seja maior do que cinco se-
ments Specification for the Management of Electronic Records gundos; e de domínio – descrevem características do sistema e
– MoReq2; qualidades o que se espera que o software faça. Ex: A distribuição
• PREMIS (Preservation Metadata: Implementation Strate- de processos judiciais é feita com base na fórmula X.

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Escopo de cada área temática abrangida pelo MoReq-Jus, A aprovação do MoReq-Jus por resoluções do CJF e CNJ
relacionadas no quadro apresentado, é subdivida em subáreas. não é garantia da sua utilização pelas áreas de Tecnologia da
Ilustrativamente, a área – organização dos documentos in- Informação no desenvolvimento ou aquisição de sistemas. Por
clui em seu escopo o plano de classificação e manutenção dos essa razão, em 2009, o CNJ deu início ao desenvolvimento do
documentos e o esquema de distribuição de documentos em Programa de Avaliação de Conformidade dos Sistemas Informa-
classes, que devem ser elaborados a partir do estudo das estru- tizados do Poder Judiciário ao MoReq-Jus MoReq-Jus.
turas e funções da instituição. No caso específico da organização
de documentos institucionais no Judiciário, os requisitos devem 7 O PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DE CONFORMIDADE DOS
possibilitar a gestão de tabelas processuais unificadas de classes, SISTEMAS INFORMATIZADOS DO PODER JUDICIÁRIO AO MOREQ-
assuntos e de movimentação processual do Judiciário (Resolu- JUS (SELO MOREQ-JUS)
ção n. 46, CNJ, 18 de dezembro de 2007) e ainda para a Justiça Conforme mencionado, atos normativos do Conselho da
Federal, o Plano de Classificação e Tabela de Temporalidade da Justiça Federal (CJF) (Resolução CJF n. 7/2008) e do Conselho
Documentação Administrativa da Justiça Federal – PCTT, apro- Nacional de Justiça (CNJ) (Resoluções CNJ n. 90 e 91/2009)
vado pela Resolução n. 23/2008 do CJF. estabeleceram a obrigatoriedade de os novos sistemas infor-
Ainda, a área de Segurança da Informação tem, entre os matizados da Justiça Federal, em primeiro lugar, e do Judiciá-
seus pilares, requisitos que garantem a confidencialidade; inte- rio, em segundo, atenderem integralmente aos requisitos do
gridade; disponibilidade e autenticidade dos documentos. Os MoReq-Jus.
75 requisitos da área estão subdivididos nos seguintes subgru- A Resolução n. 90, de 2009, que dispôs sobre os requisi-
pos: cópias de segurança; controle de acesso; classificação da tos de nivelamento de tecnologia da informação, no âmbito do
informação; trilha de auditoria; assinaturas digitais; criptogra- Poder Judiciário, em seu art. 6º, especifica que os sistemas de
fia; marcas d’água digital; acompanhamento de transferência; automação deverão atender a padrões de desenvolvimento,
autoproteção; alteração, ocultação e exclusão de documentos suporte operacional, segurança da informação, gestão docu-
digitais. mental, interoperabilidade e outros que venham a ser recomen-
O quadro a seguir apresenta um exemplo de como os re- dados pelo Comitê de Gestão dos Sistemas Informatizados do
quisitos estão registrados no MoReq-Jus: Poder Judiciário e aprovados pela Comissão de Tecnologia e
Infraestrutura do CNJ e ainda, em seu inc. V, os padrões estabe-
lecidos pelo Modelo de Requisitos para Sistemas Informatizados
56 de Acompanhamento e Gestão de Processos e de Documentos
Eletrônicos da Justiça – MoReq-Jus, aprovado pelo CNJ.
Também o documento anexo à Resolução n. 90, na ativi-
dade – Gerenciamento de projetos e desenvolvimento de siste-
mas determinada a adoção e implantação de uma Metodologia
para Desenvolvimento de Sistemas, respeitando as especifica-
ções do MoReq-Jus.
As mencionadas Resoluções do CJF e CNJ, respectivamente
Além dos requisitos, o MoReq-Jus inclui ainda os elementos n. 7/2008 e 91/2009, têm a mesma redação e estabeleceram a
de metadados de segurança, auditoria e preservação. obrigatoriedade de indicação do grau de adesão ao MoReq-Jus
Metadados, segundo a National Information Organization nos documentos de aquisição ou desenvolvimento de software
– NISO é a informação estruturada que descreve, explica, lo- e criaram cronograma de adesão para os sistemas legados:
caliza, ou ainda possibilita que um recurso informacional seja I – Requisitos de “organização dos documentos institucio-
fácil de recuperar, usar ou gerenciar. O termo metadados fre- nais: plano de classificação e manutenção de documentos” (ca-
quentemente designa dados sobre dados, ou informação sobre pítulo 2), “preservação” (capítulo 5) e “segurança” (capítulo 6),
informação (SAYÃO, 2007). “avaliação e destinação” (capítulo 8), até dezembro de 2012;
Os metadados necessários à preservação digital são infor- II – Demais requisitos até dezembro de 2014.
mações que apóiam e documentam os processos associados A par disso, disciplinaram a obrigatoriedade de desenvolver
com a preservação digital de longo prazo. programa de melhoria contínua do MoReq-Jus e programa de
O quadro a seguir apresenta um exemplo de metadado de avaliação de conformidade dos novos sistemas e dos sistemas
segurança da informação do MoReq-Jus. legados ao MoReq-Jus, bem como o desenvolvimento dos me-
tadados de conteúdo dos aplicativos do Judiciário no MoReq-Jus.
Assim sendo, o desenvolvimento do Selo MoReq-Jus objeti-
vou possibilitar o cumprimento dessas determinações normativas.

7.1 ETAPAS DO PROJETO (DE SORDI; MACEDO, 2010)


As etapas de desenvolvimento do Selo MoReq-Jus foram
esquematicamente sintetizadas a seguir:

7.1.1 CONCEPÇÃO E PLANEJAMENTO


• Contratação da consultoria da Fundação CPqD para

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apoiar o CNJ no desenvolvimento dos • Revisão e entrega dos artefatos do avaliação, em seu laboratório próprio, a
trabalhos e constituição de equipe de Programa. fim de se autodeclarar conforme.
trabalho multidisciplinar, composta de • Etapa 2 – O produtor de software
magistrados e servidores das áreas de 7.2 O SELO MOREQ-JUS comunica essa autodeclaração ao CNJ e
tecnologia da informação, gestão docu- As etapas do trabalho relacionadas a um OCS, inscrevendo-se para o pro-
mental e judiciária. Também foi constituí- anteriormente resultaram na definição cesso de avaliação junto a esse OCS. O
do um Comitê Gestor para o projeto. de um modelo de certificação de softwa- CNJ ou qualquer outra instituição do Ju-
• Elaboração e aprovação do plano re com instruções para a implantação do diciário poderá solicitar uma avaliação de
do projeto, que previu a realização de Programa, nos métodos de avaliação e software ao OCS.
reuniões presenciais e a criação de um de autoavaliação e nas normas de fun- • Etapa 3 – o OCS formará uma
ambiente colaborativo para o acompa- cionamento. Essas normas incluía a de- equipe de pelo menos três avaliadores,
nhamento e validação dos artefatos do finição de entidades denominadas Orga- efetuará o planejamento da avaliação e
Programa. nismo Credenciador de Software (OCS), interagirá com o solicitante, conduzindo
• Realização de capacitação no Mo- a serem credenciadas pelo CNJ para a todo o processo de avaliação. O CNJ
delo MoReq-Jus, base para os trabalhos, realização da avaliação dos softwares, cri- indicará pelo menos um avaliador para
para o nivelamento dos conhecimentos térios para a homologação da avaliação e atuar em cada avaliação com a equipe
dos integrantes do projeto. a emissão do Selo MoReq-Jus pelo CNJ. do OCS.
• Aquisição de hardware para mon- O OCS é uma entidade (organismo) • Etapa 4 – a equipe de avaliadores
tagem de laboratório de testes. que será designada pelo CNJ e deverá avaliará o software e toda a sua docu-
estar apta a implementar e a conduzir o mentação técnica, preenchendo o relató-
7.1.2 DESENVOLVIMENTO E processo de avaliação da conformidade rio de testes, que servirá de base para a
ACOMPANHAMENTO baseado no MoReq-Jus e a expedir rela- elaboração do relatório e laudo técnicos
• Elaboração dos artefatos do Pro- tórios e laudos técnicos. que serão encaminhados ao CNJ.
grama de Avaliação de Conformidade ao A norma NBR ISO/IEC 14598-5 – • Etapa 5 – de posse do relatório
MoReq-Jus: check lists, manuais, relató- Tecnologia de Informação – Avaliação de e laudo técnicos, o CNJ homologará a
rios e laudos técnicos. Produto de Software – Parte 5: Processo avaliação realizada, deliberando sobre a
• Realização de reuniões técnicas para avaliadores foi uma das referências emissão do Selo MoReq-Jus para a ver-
para: a) apresentação dos trabalhos; b) utilizadas no delineamento do Selo Mo- são de software avaliada e sua conse- 57
discussões envolvendo questões sobre Req-Jus. (ABNT, 1998) quente publicação em seu sítio.
acreditação, avaliação, conformidade. A figura a seguir traz uma representa- O Programa de Avaliação de Confor-
• Certificação, homologação e emis- ção gráfica desse modelo de certificação: midade dos Sistemas Informatizados do
são do Selo MoReq-Jus; c) controle e
monitoramento do projeto (cronograma,
desempenho, riscos, qualidade) e; d)
controle de mudanças.
• Revisões dos artefatos produzidos
realizadas pela equipe para garantia de
qualidade.
• Preparação de laboratórios: am-
bientes compostos de hardware e sof-
tware para realizar os testes dos sistemas.

7.1.3 VALIDAÇÃO
• Realização de Projeto Piloto do
Selo MoReq-Jus: testes de avaliação de
dois sistemas de gestão de processos ele-
trônicos – Projudi e PJe. Esses sistemas 7.2.1 O PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO DE Poder Judiciário ao MoReq-Jus – o Selo
foram desenvolvidos pelo próprio CNJ SOFTWARE MoReq-Jus – ainda será submetido à
para utilização nas instituições do Judici- O modelo adota princípios básicos apreciação do colegiado para aprovação
ário. Os testes foram feitos in company que garantem a integridade e a credibili- por resolução do Colegiado do CNJ.
(laboratórios do Judiciário) e reproduzi- dade da certificação, tais como imparcia- Após a regulamentação, deverá ser
dos na Fundação CPqD em seu labora- lidade, competência, responsabilidade, feito o credenciamento dos organismos
tório de testes. transparência, confidencialidade e capa- certificadores de software que atuarão
• Realização de autoavaliações em cidade de resolver problemas. junto do CNJ no processo.
outros sistemas do Judiciário pelos mem- • Etapa 1 – a ser cumprida por um
bros da equipe de trabalho. produtor de software, que poderá ser 8 CONCLUSÃO
• Análise dos resultados das avalia- uma instituição do Judiciário ou da inicia- O grande volume de processos levou
ções e autoavaliações da equipe. tiva privada, é submeter-se a uma auto- as instituições judiciárias a um alto grau

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de informatização e, ainda na primeira década deste novo mi- relativas ao desenvolvimento de softwares nas instituições da
lênio, o Judiciário brasileiro será modelo para outros países, a Justiça, especialmente em relação à necessidade de aprimorar
exemplo da modernização ocorrida no sistema bancário, com o esses instrumentos para garantir a preservação da memória do-
uso em larga escala da tecnologia da informação. cumental e o bom funcionamento do Judiciário. Assim sendo,
Para poder operar em época de inflação descontrolada da o MoReq-Jus contribui para o aprimoramento dos mecanismos
economia brasileira anterior à introdução do Plano Real, o sis- de gestão dos conhecimentos, da cultura do compartilhamento
tema bancário lançou mão do uso intensivo da tecnologia da de informações e, principalmente, para a maturidade no desen-
informação. Da mesma forma, apesar do caótico processo de volvimento de sistemas de informação jurídica.
informatização, as perspectivas são favoráveis em relação aos Além da certificação, caberá ao CNJ e ao CJF programar
benefícios que o uso intensivo de tecnologia da informação tra- outras ações para o efetivo aprimoramento do MoReq-Jus e de-
rá ao Judiciário brasileiro. senvolvimento de sistemas processuais do Judiciário.
O Selo MoReq-Jus garantirá a confiabilidade dos sistemas O Moreq-Jus, a exemplo do MoReq da União Europeia, lan-
em uso no Judiciário e o alinhamento destes em relação ao çado em 2001, prevê exigências genéricas para os sistemas de
cumprimento das determinações constitucionais de gestão e gestão de documentos e processos. No entanto, o desenvolvi-
preservação de documentos institucionais, às diretrizes e espe- mento tecnológico e as alterações a ele associadas têm impacto
cificações técnicas que orientam a aquisição, à especificação e profundo no desenvolvimento de sistemas e na criação, capta-
ao desenvolvimento dos sistemas que produzem, recebem, ar- ção e gestão de documentos e processos eletrônicos.
mazenam e possibilitam o acesso e a destinação dos processos Essa evolução tecnológica traz a necessidade de constante
e de outros documentos em suporte digital e não digital, bem revisão dos modelos de requisitos. Em 2008, na União Euro-
como às diretrizes para a integração de sistemas. peia, lançou o MoReq2, cuja principal inovação foi a avaliação
O desenvolvimento do MoReq-Jus pelo CJF para a Justiça de conformidade. A exemplo do MoReq2, o MoReq-Jus desen-
Federal e a sua posterior extensão para o Judiciário brasileiro, volveu o programa de avaliação de conformidade dos sistemas
pelo CNJ, foi mais uma das contribuições do Centro de Estudos ao modelo brasileiro, inovando ao ampliar conceitos e normas
Judiciários do Conselho da Justiça Federal para o aprimoramen- esboçados na versão europeia.
to do Judiciário. Foi disponibilizada, para consulta pública pelo DLM Forum,
Procedimento idêntico ocorreu com as tabelas processuais uma nova versão do MoReq, denominada MoReq2010. A nova
unificadas da Justiça Federal, que foram desenvolvidas, apro- versão apresenta avanços que deverão ser incorporados ao
58 vadas e implantadas em todas as cinco regiões (BRASIL, CFJ, MoReq-Jus.
Res. 317,342, 2003), e a experiência exitosa foi levada ao CNJ, A memória documental registrada em suporte digital neces-
que acolheu a ideia e, utilizando a metodologia e as próprias sita de preservação, a fim de permanecer disponível às atuais e
tabelas da Justiça Federal, desenvolveu as tabelas processuais futuras gerações. A adoção do MoReq-Jus pelos desenvolvedo-
unificadas do Judiciário brasileiro, aprovadas pela Resolução n. res de software no Judiciário é uma política pública eficaz para
46, de 2007 (BRASIL, CNJ, 2010). a garantia de preservação dessa memória. Além da preservação
O Selo MoReq-Jus integra-se a um conjunto de iniciativas digital, os requisitos do MoReq-jus asseguram a confiabilidade
necessárias para dotar o Poder Judiciário de uma política nacio- e autenticidade dos documentos, condições indispensáveis para
nal de gestão documental, bem como dos instrumentos para a que as gerações futuras tenham acesso aos conhecimentos acu-
operacionalização dos programas de Gestão Documental das mulados pela humanidade, para evitar que um “bug do milê-
instituições do Judiciário como o Proname – o Programa de nio” faça com que a humanidade volte à idade das trevas.
Gestão Documental e Memória do Poder Judiciário, coordena- Ao colocar na agenda do Judiciário a questão da padro-
do pelo CNJ, e o JusArq – o Programa de Gestão Documental nização de requisitos para o desenvolvimento de sistemas in-
da Justiça Federal, instituído pelo CJF. formatizados e para a preservação da informação digital, o CEJ
A avaliação do grau de aderência dos sistemas ao MoReq- contribuiu para a preservação das informações que possibilitam
Jus apresenta um indicativo do quanto o sistema atende aos re- o entendimento do papel do Judiciário no aprimoramento da
quisitos mandatórios e desejáveis do MoReq-Jus, distinguindo-o sociedade brasileira.
em relação aos demais, garantindo a integridade, a autentici-
dade, a segurança das informações, a preservação digital dos
documentos e processos administrativos e judiciais, bem como REFERÊNCIAS
a interoperabilidade dos sistemas. AMERICAN NATIONAL STANDARDS INSTITUTE. American National Standard Code
A avaliação do grau de aderência dos sistemas propicia ain- for Information Interchange (7-Bit ASCII) Disponível em: <http://webstore.ansi.org/
RecordDetail.aspx?sku=ANSI+INCITS+4-1986+(R2007)> Acesso em: 7 nov. 2010.
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o diferencial de cada produto que as instituições do Poder Ju- mação, Brasília, v. 33, n. 2, maio/ago. 2004. Disponível em: <http://revista.ibict.br/
diciário irão adquirir e contribui para a melhoria contínua da index.php/ciinf/article/view/305/270> Acesso em: 1 nov. 2010.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR ISO/IEC. 14598-
qualidade, do desenvolvimento tecnológico e da inovação dos 5: tecnologia de informação: avaliação de produto de software: Parte 5: processo
sistemas informatizados do Judiciário. para avaliadores. Rio de Janeiro, 2002. 28 p.
Além de criar o Selo MoReq-Jus, o Grupo de Trabalho, in- BRASIL. Conselho da Justiça Federal. Resolução n. 7, de 7 de maio 2008. Institui
o Modelo de Requisitos para Sistemas Informatizados de Gestão de Processos e
tegrado pelos dirigentes das unidades de Tecnologia da Infor- Documentos da Justiça Federal – MoReq-Jus e disciplina a obrigatoriedade da sua
mação dos cinco tribunais superiores, do CNJ e do CJF, chegou utilização no desenvolvimento de novos sistemas informatizados para as ativida-
a uma compreensão conjunta mais profunda das questões des judiciárias e administrativas no âmbito do Conselho e da Justiça Federal de

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