Você está na página 1de 42

1

Pedro Henrique de Araújo Cabral

MANUAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
DE DIREITO DA EMPRESA EM CRISE

Direito Empresarial III


2

MANUAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
DE DIREITO DA EMPRESA EM CRISE

Direito Empresarial III


3

Pedro Henrique de Araújo Cabral


Advogado. Mestre em Direito Constitucional pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Graduado em Direito
pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará – UFC. Especialista em Direito Empresarial pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP. Pós-graduado em Direito Tributário pelo Instituto
Brasileiro de Direito Tributário – IBET/SP. Pós-graduado em nível de extensão em Direito Societário, em Direito
do Seguro e Resseguro, em Processo Civil, em Inglês Jurídico e Economia Aplicada ao Direito, tudo, pela
Fundação Getúlio Vargas – FGV/RJ. Professor de Direito Falimentar e de Direito Processual Tributário da
Faculdade de Direito da FAMETRO. Professor de Direito Societário, de Direito de Falência e da Empresa em
Crise, de Direito Tributário, de Direito Cambiário, de Direito Contratual, de Direito Bancário e de Direito Penal
Bancário na Fundação Getúlio Vargas.

MANUAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
DE DIREITO DA EMPRESA EM CRISE

Direito Empresarial III

ORIGINAIS

JAN/2019
4

NÃO CATALOGADO
CABRAL, Pedro H. de A.
Direito Empresarial: Manual Didático-Pedagógico de Direito da Empresa Em Crise / Pedro H. de A. Cabral
Manuscritos Originais – Fortaleza, 2018
95p.

Inclui bibliografia
Sem ISBN

1. Direito Empresarial. 2. Direito da Empresa em Crise. 3. Recuperação Judicial. 4. Falência.


5

SUMÁRIO
PRÓLOGO
1. PROPEDÊUTICA
1.1 Destruição Criativa
1.2 Falência como Estímulo Econômico
1.3 Interdisciplinaridade do Fenômeno Falimentar
1.4 Espécies de Cries Empresarial
2. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
2.1 Disposições Preliminares da LREF
2.1 Disposições Preliminares à Lei de Recuperação de Recuperação de Empresas e Falência
2.1.1 Por que as empresas do governo, mesmo apresentando prejuízos bilionários, não vão à Falência? Ou,
quem está sujeito aos efeitos da Lei de Recuperação de Empresa e Falência - LREF1
2.1.2 Magaempresas do Varejo de eletrodomésticos, Crise Econômica e Dificuldade de Identificação do
Principal Estabelecimento
2.2 Disposições Gerais Comuns à Recuperação Judicial e à Falência
2.2.1.1 Comentários - Capítulo II
- Disposições Comuns à Recuperação Judicial E À Falência; Seção I -
Disposições Gerais; Parte 01
2.2.1.2 Custo Brasil e os créditos que, Apesar de Legítimos, não Podem ser Cobrados nem na Recuperação
Judicial, nem na Falência; Ou Porque O Art. 5º. Da LREF é Injusto
2.2.1.6 Exercício de Fixação Capítulo II
- Disposições Comuns à Recuperação Judicial E À Falência; Seção I -
Disposições Gerais; Parte 01
2.2.2.1 Comentários - Capítulo II
- Disposições Comuns à Recuperação Judicial E À Falência; Seção I -
Disposições Gerais; Parte 02
2.2.2.11 Suspensão do Procedimento Executivo Fiscal por Ausência de Garantia do Juízo Fiscal
2.2.2.12 Prevenção de Jurisdição em Caso de Grupo Econômico
2.2.2.13 Prazos Processuais Devem Ser Contados em Dias Úteis com Novo CPC
3. DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL
3.1 Disposições Gerais Relativas à Recuperação Judicial
3.2 Do Pedido de Recuperação Judicial
3.3 Processamento da Recuperação Judicial
3.4 Da Verificação e da Habilitação de Créditos na Recuperação judicial
3.5 Do Administrador Judicial e do Comitê de Credores na Recuperação Judicial
3.6 Da Assembleia-Geral de Credores na Recuperação Judicial
3.7 Do Plano de Recuperação Judicial
3.8 Do Procedimento de Recuperação Judicial
3.9 Do Plano de Recuperação Judicial para Microempresas e Empresas de Pequeno Porte
3.10 Da Recuperação Extrajudicial
3.11 Do Convolação da Recuperação em
4. DA FALÊNCIA
4.1 Disposições Gerais Relativas à Falência
4.2 Fundamentos do Pedido de Falência
4.3 Decretação da Falência
4.4 Da Verificação e da Habilitação de Créditos na Falência
4.5 Da Classificação dos Créditos
4.6 Do Pedido de Restituição
4.7 Do Administrador Judicial e do Comitê de Credores na Falência
4.8 Da Assembleia-Geral de Credores na Falência
4.9 Efeitos da Decretação a Falência em Relação à Pessoa do Falido: Da Inabilitação Empresarial, dos Direitos e Deveres
do Falido
4.10 Da Falência Requerida pelo Próprio Devedor
4.11 Da Arrecadação e da Custódia dos Bens
4.12 Dos Efeitos da Decretação da Falência sobre as Obrigações do Devedor
4.13 Da Ineficácia e da Revogação de Atos Praticados antes da Falência
4.14 Da Realização do Ativo
4.15 Do Pagamento aos Credores
4.16 Do Encerramento da Falência e da Extinção das Obrigações do Falido

1 Disposições preliminares da lei 11.101/2005: Sujeição Passiva;


6

PRÓLOGO
O bacharel em Direito exerce as chamadas profissões jurídicas: advogado público ou particular,
consultor jurídico, magistério superior, juiz, promotor, procurador da república, defensor público,
cargos da estrutura do poder judiciário, do ministério público, dos tribunais de contas e de outras
áreas do estado e do mercado privado.

Todas elas são profissões que envolvem o trato com os direitos e interesses dos indivíduos, tais como
vida, propriedade e liberdade, além do manejo de institutos jurídicos de larga escala derivados do
conjunto dos interesses “difusos” e “coletivos”, de grande repercussão social.

Pelo que resta evidente a capital importância do ensino jurídico, da formação desses profissionais do
Direito, que manipularão o saber jurídico como instrumento de atendimento às necessidades
concretas dos seres humanos, na composição de seus conflitos e na orientação de condutas pela trilha
da segurança jurídica e, principalmente, na busca pela justiça.

Nesse contexto, o professor desempenha importante papel, não só como mediador da construção do
conhecimento, mas também, como membro ativo da comunidade acadêmico-jurídica sob a égide de
uma ética profissional e pessoal que, dentro e fora da sala de aula, ensina, forma, oferece modelo de
conduta, cultura e intelectualidade.

No seu mister, faz imprescindível também o seu compromisso com a satisfação dos alunos, primando
sempre pelo respeito aos seus direitos e pela busca de soluções que atendam a seus interesses,
sempre em consonância com os objetivos de desenvolvimento e princípios éticos.

Outrossim, já sob o prisma pedagógico, cabe ao professor auxiliar o educando na construção de sua
autonomia, vez que a “autonomia do sujeito” é outro princípio expressamente assumido, pois
consubstancia um dos objetivos da prática educacional em geral, não só na área jurídica, assumindo-
se como tal a competência para governar a si mesmo, nos pedagógicos termos de Marilena Chauí,
para quem o ser autônomo é

“... aquele que controla interiormente seus impulsos, suas inclinações e suas paixões, discute
consigo mesmo e com os outros o sentido dos valores e dos fins estabelecidos, indaga se devem
e como devem ser respeitados ou transgredidos por outros valores e fins superiores ao existente,
avalia sua capacidade para dar a si mesmo suas regras de conduta, consulta sua razão e sua
vontade antes de agir, tem consideração pelos outros sem se subordinar nem se submeter
cegamente a eles, responde pelo que faz, julga suas próprias intenções e recusa a violência
contra si e contra os outros.”2

Ressalta-se, como efeito natural do agir autônomo, a responsabilidade pela ação, do que se conclui
que autonomia pressupõe responsabilidade, da qual o profissional do direito deve estar sempre
consciente e diante da qual deve sempre estar preparado e disposto a assumir.

Por todo o exposto, a presente apostila de notas de aula propõe-se a construção de saber teórico-
prática contextualizada, estimulando o educando a cotejar normas e os fatos juridicamente

2 Convite à filosofia, pp. 434/435, disponível em http://edgarrogerio.net/arquivos/autonomia.pdf, acessado em 10/10/2010.


7

relevantes, a refletir sobre sua repercussão na vida das pessoas e o seu significado social, para além
do mero eruditismo e a eloquência impecável das teorias. Enfim, propõe-se a empreender encontrar-
se com a verdade da vida e do homem.

Exatamente aí é que entra proposta metodológica ativa de ensino-aprendizagem jurídicos a ser


implementada, alternando momento de exposições teóricas com estímulo à reflexão e ao
uso/exposição do conhecimento prévio do aluno, dos dados de sua experiência pessoal e de sua
realidade de vida. Sempre com prudência e progressividade, empregar-se-á uma pedagogia viva de
base dialógica e interdisciplinar.

Haverá também o estímulo à pesquisa por meio de sugestão de texto para leitura complementar, de
tema para trabalho e discussão acadêmica mais aprofundada, bem como indicação de jurisprudência
a ser estudada em complemento à exposição didática operada.

Como instrumentos de apoio pedagógico serão manipulados trecho de filmes, obras plásticas e
literárias. Será, ainda, ocasionalmente feito uso de recurso audiovisual, datashow, para conferir maior
dinâmica e fluidez à aula, bem como, propiciar o aguçamento dos canais de percepção de todos.

Com isso, a intenção é que a aulas sejam efetivas na transmissão do conteúdo e, ao mesmo tempo,
seja atraente, despertando a curiosidade de todos, o interesse pela matéria e o gosto pelo debate e
participação.

O material foi elaborado com o cuidado de ter uma linguagem clara, objetiva e rica em situações concretas,
coletadas durante diretamente da nossa pratica profissional. E motivado exatamente pela necessidade do
mercado, absolutamente carente de profissionais bem preparados, resolvemos criar estruturar a disciplina
voltada para a prática, sensível às dificuldades do cotidiano dos estudantes d dos profissionais do direito.

Professor Pedro Cabral


Julho de 2018
8

Capítulo 01 01.1 Falências e Destruição


Propedêutica Criativa, o Insight de
Schumpeter

Texto 01
Verbete Draft: o que é Destruição Criativa
Por Gisela Blanco

A invenção dos CDs destruiu o mercado de discos de vinil. Até vir um novo ciclo, no qual a Polysom,
que fica no Rio de Janeiro, prospera imprimindo vinis "por fetiche".

Gisela Blanco, que assina este texto, é jornalista mestre em Business Innovation pela University of
London.

Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova
economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas
que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e
investidores. O verbete de hoje é…

DESTRUIÇÃO CRIATIVA

O que acham que é: Algo que é radicalmente criativo.

O que realmente é: O termo não se refere especificamente a criatividade, mas a uma das teorias mais
importantes sobre o capitalismo — a dos ciclos econômicos. A também chamada “destruição
criadora” explica o efeito que as inovações produzem no mercado. Quando uma tecnologia nova
chega para substituir a que antes era dominante, começa todo um novo ciclo — que vai se renovar
mais uma vez no futuro, quando esta tecnologia ficar obsoleta e seu monopólio for quebrado. São
esses ciclos que empurram a economia para a frente, fazendo o mercado se renovar e ganhar fôlego.
“As inovações são a força motriz do crescimento econômico, e a destruição criativa é essencial para o
capitalismo. Ao mesmo tempo que se cria um negócio, se destrói outros”, afirma o professor Luis
Carlos Di Serio, coordenador adjunto do Fórum de Inovação da FGV. Nesses ciclos, muita coisa muda:
fábricas fecham e outras são abertas, gente é demitida e outras contratadas, mudam os modelos de
negócios, as formas de ganhar dinheiro, os hábitos dos consumidores. Quando os discos de vinil foram
substituídos pelos CDs, por exemplo, começou uma nova Era para a indústria da música. Os vinis
sumiram das lojas e as pessoas aos poucos trocaram as vitrolas por CD players. Mas só até vir o
próximo ciclo de destruição criativa, quando os CDs começaram a ser substituídos pelo mp3 e pelo
streaming.
9

Imagem 2

Quem inventou: O economista austríaco Joseph Schumpeter, Professor de Harvard considerado o


mais importante teórico sobre capitalismo. Para ele, a destruição criativa era a essência do sistema
econômico, ou como ele escreveu, “fato essencial do capitalismo”. Um caos perene, uma capacidade
infinita se de destruir e se reinventar, sem a qual não há progresso.

Quando foi inventado: Schumpeter explica o conceito pela primeira vez no livro Capitalismo,
Socialismo e Democracia, publicado em 1942. “Ao longo dos anos, autores como Marx ou Keynes
acabaram tendo muito mais visibilidade do que Schumpeter. Mas a melhor explicação sobre como
funciona o motor do capitalismo foi oferecida por ele”, afirma Marcos Troyjo, economista e cientista
político que é professor da Universidade de Columbia. “O mais extraordinário é que o capítulo sobre
destruição criativa tem apenas quatro páginas”, diz. Mas causou um baita impacto nas teorias sociais,
ajudando a entender o sistema econômico de uma forma como ninguém antes havia conseguido.

Para que serve: Para explicar por quê as inovações são tão importantes para a economia. Não é só
uma questão de moda, capricho ou expressão de criatividade. As inovações radicais e as incrementais
são mesmo necessárias para que a economia continue funcionando. “Não é possível levar adiante
choques de produtividade ao longo do tempo sem ciclos de inovação. Estes, no limite, são os
propulsores do crescimento econômico”, afirma Troyjo. Assim, tanto novas empresas quanto as já
estabelecidas precisam ficar atentas para não perderem o passo e serem engolidas pelos novos ciclos.

Quem usa: Praticamente todas as tecnologias que usamos atualmente — dos carros que dirigimos aos
aplicativos dos nossos smartphones — só existem porque “destruíram” a que existia antes. A
popularização dos carros desempregou milhares de chocheiros e ferreiros. Os aplicativos que
aparecem a cada dia ameaçam tomar o lugar de outros serviços ou profissões, como das cooperativas
de taxi ou personal trainers. Os inovadores que sonham entrar no mercado e causar esse tipo de
disrupção, podem usar a teoria para entender a hora certa de se movimentar. Para quem já domina o
mercado, a ideia é aprender a inovar sempre, para não deixar a bola cair. “As empresas precisam ficar
atentas para perceber quando entrarem numa curva de declínio. A Nokia, por exemplo, já foi muito
importante mas falhou em manter suas inovações. Já a Apple, continuou inovando e por isso ainda
está em curva ascendente”, afirma o professor Luis Carlos Di Serio. Um ótimo exemplo de adaptação
10

é o da marca Montblanc, que soube usar a destruição criativa a seu favor. Como conta o professor
Marcos Troyjo: “Nos anos 1990, o conselho se reuniu para discutir o futuro da empresa. Eles
fabricavam canetas e as pessoas estavam usando cada vez mais computadores para escrever. Um
executivo sugeriu fazer uma ‘autodestruição criativa’ da marca. Aproveitaram a receita das canetas
para levar o estilo da marca a outros produtos: relógios, assessórios finos, cosméticos e perfumes
masculinos”. Já dá para imaginar o resultado. “Eles cresceram, enquanto outras marcas de canetas
ficaram atreladas a noções arcaicas de ‘core business’, como é o caso da Parker, Cross ou Sheaffer,
que não se reinventaram e viram suas fatias de mercado cada vez mais delgadas”. Ser líder em um
certo segmento não deve significar que “em time que está ganhando não se mexe”, afirma Troyjo.

Efeitos colaterais: As consequências da destruição podem ser severas: demissões, quebra de


empresas, falências. Os adeptos de tecnologias antigas também podem se sentir prejudicados (já não
há lugar no mundo para os entusiastas dos disquetes, por exemplo). “Ciclos de inovação produzem
vencedores e perdedores. A única certeza que temos na vida econômica é a de que a prosperidade
chega por meio de destruição criativa ou, como eu gosto de chamar, em um caminho alternativo, de
‘adaptação criativa'”, diz Troyjo. Assim, para não sofrer demais com os efeitos colaterais, empresas e
trabalhadores precisam se adaptar. Abraçar um nicho e ter paciência também pode ser uma solução.
Um caso interessante é o dos discos de vinil. Depois de terem sua morte decretada, serem substituídos
pelos CDs e depois pelos formatos digitais, as poucas fábricas que sobreviveram agora experimentam
um renascimento deste mercado, baseado não mais na simples entrega da música, mas no valor da
experiência de se tocar um vinil (a Polysom, no Rio de Janeiro, é emblemática deste ciclo de renovação
após a destruição). Segundo a Associação da Indústria de Discos dos Estados Unidos (RIAA), a venda
de álbuns encolheu 12% de 2013 para 2014. No mesmo período, as vendas de discos de vinil cresceu
50%.

Quem é contra: Principalmente críticos do sistema capitalista, além de empreendedores e


profissionais que não conseguem se adaptar às mudanças dos ciclos econômicos. Um crítico ilustre às
teorias de Schumpeter é o economista americano Herbert Gintis, que argumenta que o professor
austríaco falhou em entender a liderança social e a influência do ambiente externo nas atitudes dos
líderes. Diz também que o livro Capitalismo, Socialismo e Democracia trás uma visão muito limitada
do capitalismo, por ter sido escrito em uma época em que o socialismo era muito jovem e ganhava
espaço no mundo. Enquanto isso, o capitalismo, na visão do próprio teórico, parecia fadado ao
fracasso.
11

Capítulo 01 Exercícios de Fixação


Propedêutica Texto 01
01 - Gisela Blanco, jornalista mestre em Business Innovation pela University of London, ao introduzir
o “Verbete Draft: o que é Destruição Criativa” (Texto 01), observa que “a invenção dos CDs destruiu o
mercado de discos de vinil. Até vir um novo ciclo, no qual a Polysom, que fica no Rio de Janeiro, prospera
imprimindo vinis ‘por fetiche’". Tal observação, de perspicácia ímpar, traduz a essência da teoria
Schumpeteriana sobre a qual pode-se, inclusive, não se pode afirmar que:
a) A expressão Destruição Criativa refere-se especificamente à criatividade, mas a uma das teorias
mais importantes sobre o capitalismo — a da exploração da mais valia que destrói o trabalha dos
proletariado.
b) As inovações são a força motriz do crescimento econômico, e a destruição criativa é essencial
para o capitalismo. Ao mesmo tempo que se cria um negócio, se destrói outros. Nesses ciclos, muita
coisa muda: fábricas fecham e outras são abertas, pessoas são demitida e outras contratadas,
mudam os modelos de negócios, as formas de ganhar dinheiro, os hábitos dos consumidores.
c) Schumpeter explica o conceito pela primeira vez no livro Capitalismo, Socialismo e Democracia,
publicado em 1942. “Ao longo dos anos, autores como Marx ou Keynes acabaram tendo muito mais
visibilidade do que Schumpeter. Mas a melhor explicação sobre como funciona o motor do
capitalismo foi oferecida por ele”, afirma Marcos Troyjo, economista e cientista político que é
professor da Universidade de Columbia. “O mais extraordinário é que o capítulo sobre destruição
criativa tem apenas quatro páginas”, diz. Mas causou um baita impacto nas teorias sociais,
ajudando a entender o sistema econômico de uma forma como ninguém antes havia conseguido.
d) Praticamente todas as tecnologias que usamos atualmente — dos carros que dirigimos aos
aplicativos dos nossos smartphones — só existem porque “destruíram” a que existia antes.
e) Um ótimo exemplo de adaptação é o da marca Montblanc, que soube usar a destruição criativa
a seu favor. Como conta o professor Marcos Troyjo: “Nos anos 1990, o conselho se reuniu para
discutir o futuro da empresa. Eles fabricavam canetas e as pessoas estavam usando cada vez mais
computadores para escrever. Um executivo sugeriu fazer uma ‘autodestruição criativa’ da marca.
Aproveitaram a receita das canetas para levar o estilo da marca a outros produtos: relógios,
assessórios finos, cosméticos e perfumes masculinos”.

02 - Gisela Blanco, jornalista mestre em Business Innovation pela University of London, ao introduzir
o “Verbete Draft: o que é Destruição Criativa” (Texto 01), observa que “a invenção dos CDs destruiu o
mercado de discos de vinil. Até vir um novo ciclo, no qual a Polysom, que fica no Rio de Janeiro, prospera
imprimindo vinis ‘por fetiche’". Tal observação, de perspicácia ímpar, traduz a essência da teoria
Schumpeteriana sobre a qual pode-se, inclusive, não se pode afirmar que:
a) A também chamada “destruição criadora” explica o efeito que as inovações produzem no
mercado. Quando uma tecnologia nova chega para substituir a que antes era dominante, começa
todo um novo ciclo — que vai se renovar mais uma vez no futuro, quando esta tecnologia ficar
obsoleta e seu monopólio for quebrado. São esses ciclos que empurram a economia para a frente,
fazendo o mercado se renovar e ganhar fôlego.
b) Esse teoria foi concebida pelo economista austríaco Joseph Schumpeter, Professor de Harvard
considerado o mais importante teórico sobre capitalismo. Para ele, a destruição criativa era a
essência do sistema econômico, ou como ele escreveu, “fato essencial do capitalismo”. Um caos
perene, uma capacidade infinita se de destruir e se reinventar, sem a qual não há progresso.
c) A popularização dos carros desempregou milhares de chocheiros e ferreiros. Os aplicativos que
12

aparecem a cada dia ameaçam tomar o lugar de outros serviços ou profissões, como das
cooperativas de taxi ou personal trainers. Os inovadores que sonham entrar no mercado e causar
esse tipo de disrupção, podem usar a teoria para entender a hora certa de se movimentar.
d) As consequências da destruição podem ser severas: demissões, quebra de empresas, falências.
Os adeptos de tecnologias antigas também podem se sentir prejudicados.
e) Essa teoria não explicar por que as inovações são tão importantes para a economia. É uma
questão de moda, capricho ou expressão de criatividade. As inovações radicais e as incrementais
são mesmo necessárias para que a economia continue funcionando. É possível levar adiante
choques de produtividade ao longo do tempo sem ciclos de inovação. Estes, no limite, são os
propulsores do crescimento econômico. Assim, tanto novas empresas quanto as já estabelecidas
precisam ficar atentas para não perderem o passo e serem engolidas pelos novos ciclos.

03 - Gisela Blanco, jornalista mestre em Business Innovation pela University of London, ao introduzir
o “Verbete Draft: o que é Destruição Criativa” (Texto 01), observa que “a invenção dos CDs destruiu o
mercado de discos de vinil. Até vir um novo ciclo, no qual a Polysom, que fica no Rio de Janeiro, prospera
imprimindo vinis ‘por fetiche’". Tal observação, de perspicácia ímpar, traduz a essência da teoria
Schumpeteriana sobre a qual pode-se, inclusive, não se pode afirmar que:
a) A também chamada “destruição criadora” explica o efeito que as inovações produzem no
mercado. Quando uma tecnologia nova chega para substituir a que antes era dominante, começa
todo um novo ciclo — que vai se renovar mais uma vez no futuro, quando esta tecnologia ficar
obsoleta e seu monopólio for quebrado. São esses ciclos que empurram a economia para a frente,
fazendo o mercado se renovar e ganhar fôlego.
b) A popularização dos carros desempregou milhares de chocheiros e ferreiros. Os aplicativos que
aparecem a cada dia ameaçam tomar o lugar de outros serviços ou profissões, como das
cooperativas de taxi ou personal trainers. Os inovadores que sonham entrar no mercado e causar
esse tipo de disrupção, podem usar a teoria para entender a hora certa de se movimentar.
c) As ajudas financeiras dadas pelos governos são uma alternativa de combate às recessões, de
combater o insucesso econômico. Mas tais esforços inevitavelmente solapam o aspecto "prejuízo"
do mecanismo de lucros e prejuízos. Lucro e prejuízo andam lado a lado - como direita e esquerda,
bem e mal. Se tentarmos abolir os prejuízos, acabaremos estimulando os lucros
d) As consequências da destruição podem ser severas: demissões, quebra de empresas, falências.
Os adeptos de tecnologias antigas também podem se sentir prejudicados.
e) Um ótimo exemplo de adaptação é o da marca Montblanc, que soube usar a destruição criativa
a seu favor. Como conta o professor Marcos Troyjo: “Nos anos 1990, o conselho se reuniu para
discutir o futuro da empresa. Eles fabricavam canetas e as pessoas estavam usando cada vez mais
computadores para escrever. Um executivo sugeriu fazer uma ‘autodestruição criativa’ da marca.
Aproveitaram a receita das canetas para levar o estilo da marca a outros produtos: relógios,
assessórios finos, cosméticos e perfumes masculinos”.
13

Capítulo 01 01.2 Falências como


Propedêutica Estímulos Econômicos
Texto 02
As falências são o verdadeiro estímulo econômico
Por Ron Paul

Há muita discussão hoje em dia sobre socorros financeiros e estímulos - o caso mais recente é o da
GM. Eles são mesmo necessários? Eles são justos? A resposta para ambos é não e não. Entretanto,
vários economistas, políticos e empresários seguem dizendo que os socorros são medidas
emergenciais necessárias para se impedir o agravamento de recessões. Sem levar em consideração a
justiça e a moralidade dessas medidas, eles nos alertam que haverá um enorme e desnecessário
sofrimento se ficarmos inertes e permitirmos que o mercado faça seu serviço, liquidando os
ineficientes. Os socorros podem estancar essa dor, alegam eles, e restaurar ordem e calma a uma
economia.

Sim, sabemos que uma onda de falências significa desemprego maciço e uma economia em contração
- isto é, recessão. Mas o risco moral por trás de medidas supostamente tidas como benfeitoras não
pode ser desprezado. (Fora isso, a ideia de que estímulos podem curar recessões está bem debatida
aqui e aqui).

O capitalismo depende de três instituições fortemente complementares, porém distintas: preços,


propriedade e o mecanismo de lucros e prejuízos. Os liberais clássicos demonstraram a função
essencial que esses pilares da prosperidade tiveram durante séculos. Essas instituições fundamentais
da economia de mercado são como as pernas de um tamborete. Se formos debilitando gradualmente
uma perna, inevitavelmente iremos fazer com que o tamborete desmorone - um colapso econômico.

Quando uma empresa obtém um lucro, é sinal de que ela está utilizando racionalmente seus recursos,
aumentando seu valor ao mesmo tempo em que controla seus custos. Quando uma empresa opera
com prejuízos, é sinal de que ela está ou diminuindo o valor de seus recursos ou deixando que seus
custos operacionais superem o valor daquilo que ela esteja criando. Portanto, uma empresa que
opera com prejuízo é uma máquina de destruição de riqueza. (O mecanismo sinalizador que orienta
todas as decisões e fornece os resultados é o sistema de preços).

Falências são algo positivo para uma economia porque permitem que aqueles concorrentes mais
produtivos tenham a oportunidade de comprar os ativos das empresas falidas a preços de barganha,
permitindo-os fortalecer suas operações. Em uma economia que permita esse tipo de crescimento e
mudança, os empregos perdidos em um processo de falência serão rapidamente repostos por outros,
uma vez que as empresas mais eficientemente geridas ganham acesso a mais ativos e se expandem.

Dito isso, as implicações das ajudas financeiras são claras. Esses socorros são concebidos para
imunizar alguns empreendedores dos efeitos de suas decisões ruins. Quando os preços de mercado
se alteram dramaticamente, deixando a descoberto as más escolhas de investimento, os socorros
financeiros "vêm ao resgate", prometendo àqueles que erraram em seus cálculos que eles não terão
14

de sofrer as consequências de seus erros.

Mas quem está na área de empreendedorismo precisa entender uma questão básica, porém crucial:
os preços estão sujeitos a mudanças. Mudança é uma característica indelével dos
mercados. Empreendedores ganham dinheiro pesquisando e buscando preços "errados" - preços que
seus concorrentes estão superestimando ou subestimando - e apostando em qual direção esses
preços irão se mover no futuro. Os empreendedores de sucesso, aqueles que corretamente
antecipam as mudanças de preços, são recompensados com lucros. Os empreendedores mais
inaptos, aqueles que não estimam corretamente os movimentos desses preços, são penalizados com
prejuízos. Essa é a essência do processo de mercado.

As ajudas financeiras dadas pelos governos, portanto, são uma tentativa de abolir os efeitos dos
prejuízos, do insucesso econômico. Mas tais esforços inevitavelmente solapam o aspecto "prejuízo"
do mecanismo de lucros e prejuízos. Lucro e prejuízo andam lado a lado - como direita e esquerda,
bem e mal. Se tentarmos abolir os prejuízos, acabaremos diluindo o significado dos lucros. Afinal, por
que se esforçar para servir bem o consumidor e obter lucros se no final o governo vai cobrir seus
prejuízos com o dinheiro do contribuinte? Por que se esforçar para competir e ter sucesso se, ao
invés, você pode apenas se recostar e reclamar sua fatia num pacote de ajuda financeira? Os socorros
governamentais destroem a busca pelo lucro - e todos os benefícios trazidos por uma economia
concorrencial.

Falências não são o fim do mundo. Ao contrário, elas fazem com que haja menos máquinas de
destruição de riqueza atuantes no mundo. O exemplo do Japão não deve ser esquecido. A década de
1990 foi para os japoneses a "década perdida" por causa de seus bancos zumbis que foram mantidos
artificialmente vivos pela ajuda do governo japonês. Toda a produtividade e riqueza gerada pela
economia japonesa foi redirecionada para essas máquinas de destruição de riqueza, o que resultou
em uma estagnação de longo prazo.

Pra finalizar, um último detalhe, quase nunca mencionado: por causa da grande acumulação de
riqueza trazida pelo capitalismo, vivemos em um mundo de relativa abundância, o que suaviza
enormemente as agruras e privações de um desempregado. Quando um indivíduo perde o emprego
em uma recessão, certamente ele terá de apertar os cintos e procurar outro emprego. Mas ele não
corre o risco de morrer de inanição. E quanto mais livre for o mercado, maiores serão as
oportunidades para ele ir se ajustando às mudanças econômicas. Sim, esse indivíduo irá sofrer um
bocado durante a transição, mas essa dor oriunda do fracasso econômico irá guiá-lo para escolhas
mais produtivas e exitosas.

O fracasso não é divertido, mas ele nos ensina lições essenciais. Não devemos ignorar essas lições só
porque acreditamos que o certo é despejar dinheiro do contribuinte nos cofres de empresas
insolventes. Ao invés de tentar abolir as falências por meio de socorros financeiros, deveríamos deixar
o mercado funcionar, deixar que os ineficientes quebrem e aprender a lição.

Disponível em, http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=256


15

Capítulo 02 Exercícios de Fixação


Propedêutica Texto 02
04 - Na Nota de Aula 02, estudamos o Texto de Ron Paul, “As falências são o verdadeiro estímulo
econômico”, que muito bem introduzido nos seguintes termos:
Há muita discussão hoje em dia sobre socorros financeiros e estímulos - o caso mais recente
é o da GM. Eles são mesmo necessários? Eles são justos? A resposta para ambos é não e
não. Entretanto, vários economistas, políticos e empresários seguem dizendo que os
socorros são medidas emergenciais necessárias para se impedir o agravamento de
recessões. Sem levar em consideração a justiça e a moralidade dessas medidas, eles nos
alertam que haverá um enorme e desnecessário sofrimento se ficarmos inertes e
permitirmos que o mercado faça seu serviço, liquidando os ineficientes. Os socorros podem
estancar essa dor, alegam eles, e restaurar ordem e calma a uma economia. Sim, sabemos
que uma onda de falências significa desemprego maciço e uma economia em contração -
isto é, recessão. Mas o risco moral por trás de medidas supostamente tidas como
benfeitoras não pode ser desprezado.
Daí, prossegue o Congressista Americano refletindo seriamente sobre o sistema de estímulos
econômicos no contexto da crise empresarial. Face dessa reflexão qual assertiva está errada?
a) Quando uma empresa obtém um lucro, é sinal de que ela está utilizando racionalmente seus
recursos, aumentando seu valor ao mesmo tempo em que controla seus custos. Quando uma
empresa opera com prejuízos, é sinal de que ela está ou diminuindo o valor de seus recursos ou
deixando que seus custos operacionais superem o valor daquilo que ela esteja criando. Portanto,
uma empresa que opera com prejuízo é uma máquina de destruição de riqueza.
b) As implicações das ajudas financeiras do estado a empresas em crise são claras. Esses socorros
são concebidos para imunizar alguns empreendedores dos efeitos de suas decisões ruins. Quando
os preços de mercado se alteram dramaticamente, deixando a descoberto as más escolhas de
investimento, os socorros financeiros "vêm ao resgate", prometendo àqueles que erraram em seus
cálculos que eles não terão de sofrer as consequências de seus erros.
c) As ajudas financeiras dadas pelos governos são uma alternativa de combate às recessões, de
combater o insucesso econômico. Mas tais esforços inevitavelmente solapam o aspecto "prejuízo"
do mecanismo de lucros e prejuízos. Lucro e prejuízo andam lado a lado - como direita e esquerda,
bem e mal. Se tentarmos abolir os prejuízos, acabaremos estimulando os lucros
d) Por causa da grande acumulação de riqueza trazida pelo capitalismo, vivemos em um mundo de
relativa abundância, o que suaviza enormemente as agruras e privações de um desempregado.
Quando um indivíduo perde o emprego em uma recessão, certamente ele terá de apertar os cintos
e procurar outro emprego. Mas ele não corre o risco de morrer de inanição. E quanto mais livre
for o mercado, maiores serão as oportunidades para ele ir se ajustando às mudanças econômicas.
e) Ao invés de tentar abolir as falências por meio de socorros financeiros, deveríamos deixar o
mercado funcionar, deixar que os ineficientes quebrem e aprender a lição.

05 - Na Nota de Aula 02, estudamos o Texto de Ron Paul, “As falências são o verdadeiro estímulo
econômico”, que muito bem introduzido nos seguintes termos:
Há muita discussão hoje em dia sobre socorros financeiros e estímulos - o caso mais recente
é o da GM. Eles são mesmo necessários? Eles são justos? A resposta para ambos é não e
16

não. Entretanto, vários economistas, políticos e empresários seguem dizendo que os


socorros são medidas emergenciais necessárias para se impedir o agravamento de
recessões. Sem levar em consideração a justiça e a moralidade dessas medidas, eles nos
alertam que haverá um enorme e desnecessário sofrimento se ficarmos inertes e
permitirmos que o mercado faça seu serviço, liquidando os ineficientes. Os socorros podem
estancar essa dor, alegam eles, e restaurar ordem e calma a uma economia. Sim, sabemos
que uma onda de falências significa desemprego maciço e uma economia em contração -
isto é, recessão. Mas o risco moral por trás de medidas supostamente tidas como
benfeitoras não pode ser desprezado.
Daí, prossegue o Congressista Americano refletindo seriamente sobre o sistema de estímulos
econômicos no contexto da crise empresarial. Face dessa reflexão qual assertiva está errada?
a) O capitalismo depende de três instituições fortemente complementares, porém distintas:
preços, propriedade e o mecanismo de lucros e prejuízos. Os liberais clássicos demonstraram a
função essencial que esses pilares da prosperidade tiveram durante séculos.
b) Falências são algo negativo para uma economia porque permitem que aqueles concorrentes
mais produtivos tenham a oportunidade de comprar os ativos das empresas falidas a preços de
barganha, e com isso, grandes corporações tiram vantagem de pequenos negócios. Em uma
economia que permita esse tipo de crescimento e mudança, os empregos perdidos em um
processo de falência dificilmente serão repostos por outros.
c) Quem está na área de empreendedorismo precisa entender uma questão básica, porém crucial:
os preços estão sujeitos a mudanças. Mudança é uma característica indelével dos mercados.
Empreendedores ganham dinheiro pesquisando e buscando preços "errados" - preços que seus
concorrentes estão superestimando ou subestimando - e apostando em qual direção esses preços
irão se mover no futuro. Os empreendedores de sucesso, aqueles que corretamente antecipam as
mudanças de preços, são recompensados com lucros. Os empreendedores mais inaptos, aqueles
que não estimam corretamente os movimentos desses preços, são penalizados com prejuízos. Essa
é a essência do processo de mercado.
d) Falências não são o fim do mundo. Ao contrário, elas fazem com que haja menos máquinas de
destruição de riqueza atuantes no mundo. O exemplo do Japão não deve ser esquecido. A década
de 1990 foi para os japoneses a "década perdida" por causa de seus bancos zumbis que foram
mantidos artificialmente vivos pela ajuda do governo japonês. Toda a produtividade e riqueza
gerada pela economia japonesa foi redirecionada para essas máquinas de destruição de riqueza, o
que resultou em uma estagnação de longo prazo.
e) Ao invés de tentar abolir as falências por meio de socorros financeiros, deveríamos deixar o
mercado funcionar, deixar que os ineficientes quebrem e aprender a lição.

06 - Na Nota de Aula 02, estudamos o Texto de Ron Paul, “As falências são o verdadeiro estímulo
econômico”, que muito bem introduzido nos seguintes termos:
Há muita discussão hoje em dia sobre socorros financeiros e estímulos - o caso mais recente
é o da GM. Eles são mesmo necessários? Eles são justos? A resposta para ambos é não e
não. Entretanto, vários economistas, políticos e empresários seguem dizendo que os
socorros são medidas emergenciais necessárias para se impedir o agravamento de
recessões. Sem levar em consideração a justiça e a moralidade dessas medidas, eles nos
alertam que haverá um enorme e desnecessário sofrimento se ficarmos inertes e
permitirmos que o mercado faça seu serviço, liquidando os ineficientes. Os socorros podem
estancar essa dor, alegam eles, e restaurar ordem e calma a uma economia. Sim, sabemos
que uma onda de falências significa desemprego maciço e uma economia em contração -
17

isto é, recessão. Mas o risco moral por trás de medidas supostamente tidas como
benfeitoras não pode ser desprezado.
Daí, prossegue o Congressista Americano refletindo seriamente sobre o sistema de estímulos
econômicos no contexto da crise empresarial. Face dessa reflexão qual assertiva está errada?
a) Falências são algo positivo para uma economia porque permitem que aqueles concorrentes mais
produtivos tenham a oportunidade de comprar os ativos das empresas falidas a preços de
barganha, permitindo-os fortalecer suas operações. Em uma economia que permita esse tipo de
crescimento e mudança, os empregos perdidos em um processo de falência serão rapidamente
repostos por outros, uma vez que as empresas mais eficientemente geridas ganham acesso a mais
ativos e se expandem.
b) As implicações das ajudas financeiras do estado a empresas em crise são claras. Esses socorros
são concebidos para imunizar alguns empreendedores dos efeitos de suas decisões ruins. Quando
os preços de mercado se alteram dramaticamente, deixando a descoberto as más escolhas de
investimento, os socorros financeiros "vêm ao resgate", prometendo àqueles que erraram em seus
cálculos que eles não terão de sofrer as consequências de seus erros.
c) Quem está na área de empreendedorismo precisa entender uma questão básica, porém crucial:
os preços estão sujeitos a mudanças. Mudança é uma característica indelével dos mercados.
Empreendedores ganham dinheiro pesquisando e buscando preços "errados" - preços que seus
concorrentes estão superestimando ou subestimando - e apostando em qual direção esses preços
irão se mover no futuro. Os empreendedores de sucesso, aqueles que corretamente antecipam as
mudanças de preços, são recompensados com lucros. Os empreendedores mais inaptos, aqueles
que não estimam corretamente os movimentos desses preços, são penalizados com prejuízos. Essa
é a essência do processo de mercado.
d) Falências são muito ruins para o mercado, elas fazem com que haja mais máquinas de destruição
de riqueza atuantes no mundo. O exemplo do Japão não deve ser esquecido. A década de 1990 foi
para os japoneses a "década perdida" por causa de seus bancos zumbis que faliram por falta de
ajuda do governo japonês. Toda a produtividade e riqueza gerada pela economia japonesa foi
redirecionada para essas máquinas de destruição de riqueza, o que resultou em uma estagnação
de longo prazo.
e) As ajudas financeiras dadas pelos governos são uma tentativa de abolir os efeitos dos prejuízos,
do insucesso econômico. Mas tais esforços inevitavelmente solapam o aspecto "prejuízo" do
mecanismo de lucros e prejuízos. Lucro e prejuízo andam lado a lado - como direita e esquerda,
bem e mal. Se tentarmos abolir os prejuízos, acabaremos diluindo o significado dos lucros.
18

Capítulo 01 Case 01
Propedêutica Caso Bayer X Confertil

Imagem 03

01. Descrição

No Recurso Especial nº 1.107.937 - MT (2008⁄0278535-8), da Relatoria da MINISTRA NANCY


ANDRIGHI e interposto por BAYER S.A., com fundamento no art. 105, III, “a”, da Constituição
Federal, contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso (TJ⁄MT), que
confirmou em cede de Apelação a sentença que julgou improcedente o pedido de falência dessa
empresa em face de COFERTIL COMÉRCIO DE FERTILIZANTES LTDA discutiu-se acerca da
possibilidade ou não da decretação de falência de empresa que já tivesse encerrada a atividade
empresarial.

O julgado em referência é de 2010 e ainda versava sobre pedido feito na égide da legislação
falimentar anterior ao atual sistema de Direito da Empresa em Crise (Lei nº. 11.101/2005), o sistema
do Decreto-Lei 7.661⁄1945, mas o Voto da Ministra Relatora deixa explícita as funções do processo
de falência que desde sempre foram considerados pela doutrina e pela jurisprudência.

A Ministra resume o caso da seguinte forma:

1. Ação: pedido de falência formulado pela recorrente em face de COFERTIL COMÉRCIO DE


FERTILIZANTES LTDA., com fundamento no art. 1º do Decreto-Lei 7.661⁄45. O pedido
encontra-se lastreado em instrumento particular de confissão de dívida (fls. 14⁄16) no valor
19

de R$ 60.779,36 (sessenta mil setecentos e setenta e nove reais e trinta e seis centavos),
atualizados até a data da propositura da ação (fls. 5⁄20);

2. Sentença: julgou improcedente o pedido com fundamento no art. 4º, VII, do Decreto-
lei 7.661⁄45, tendo em vista que a requerida cessou suas atividades há mais de dois anos (fls.
161⁄163);

3. Apelação: interposta pela recorrente, sob a alegação de que os documentos que instruíram
a inicial, a defesa e os juntados no decorrer do processo demonstraram claramente que a
Apelada não cessou suas atividades mercantis, mas apenas e tão-somente
está temporariamente com suas atividades paralisadas (fls. 168⁄174 – com destaques no
original);

4. Acórdão: o TJ⁄MT negou provimento à apelação, nos termos da seguinte ementa (fls.
214⁄222): RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL – FALÊNCIA - CESSAÇÃO DO EXERCÍCIO DO
COMÉRCIO HÁ MAIS DE DOIS ANOS – CONJUNTO PROBATÓRIO ROBUSTO - DECRETAÇÃO –
IMPOSSIBILIDADE - INTELIGÊNCIA DO ART. 4º,VII, DO DECRETO-LEI Nº 7.661⁄45 – RECURSO
IMPROVIDO - Nos termos do art. 4º, VII, do Decreto-Lei nº 7.661⁄45, vigente à época
dos fatos, que não se declara a falência da empresa que provar a cessação do exercício do
comércio há mais de dois anos, por documento hábil do registro docomércio, o qual não
prevalecerá contra a prova de exercício posterior ao ato registrado.

5. Recurso especial: alega violação dos arts. 2º, I, IV e VII e 4º, VII, do Decreto-lei 7.661⁄45.
Sustenta a recorrente que os documentos que instruíram a inicial, a defesa e os juntados
com a réplica demonstram que a Recorrida não cessou suas atividades mercantis, tanto que
não cancelou seu registro junto ao CNPJ⁄MF e não está em situação tributária regular. Não
bastasse isso, (...) a paralisação temporária do exercício do comércio não se equipara,
para efeitos do Decreto-lei n.º 7.661⁄45, à cessação prevista no seu art. 4º, inciso VII (fls.
238⁄247).

2. Atividade

A partir da leitura do Voto da MINISTRA RELATORA NANCY ANDRIGHI, responda:

1. Qual a função jurídica do processo de falência?

2. Qual a função mercadológica (econômica) do processo de falência?

3. É possível o requerimento e a decretação da falência de sociedade empresária que já tenha


encerrado as atividades empresariais? Justifique.

Fonte de Pesquisa
Acesse o inteiro teor do Julgado no seguinte link 3.
20

Capítulo 02 Exercício de Fixação


Case 01

07 - No Recurso Especial nº 1.107.937 - MT (2008⁄0278535-8), da Relatoria da MINISTRA NANCY


ANDRIGHI e interposto por BAYER S.A., com fundamento no art. 105, III, “a”, da Constituição
Federal, contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso (TJ⁄MT), que
confirmou em cede de Apelação a sentença que julgou improcedente o pedido de falência dessa
empresa em face de COFERTIL COMÉRCIO DE FERTILIZANTES LTDA discutiu-se acerca da
possibilidade ou não da decretação de falência de empresa que já tivesse encerrada a atividade
empresarial. O julgado em referência é de 2010 e ainda versava sobre pedido feito na égide da
legislação falimentar anterior ao atual sistema de Direito da Empresa em Crise (Lei nº. 11.101/2005),
o sistema do Decreto-Lei 7.661⁄1945, mas o Voto da Ministra Relatora deixa explícita as funções do
processo de falência que desde sempre foram considerados pela doutrina e pela jurisprudência. Dos
termos desse julgado pode-se inferir o que se segue, exceto:
a) A falta de inscrição do distrato social no Registro Público de Empresas Mercantis é irrelevante
se for comprovada, por outros meios, a inatividade da empresa pelo período de dois anos
contados do requerimento da falência;
b) Se a empresa que teve suas atividades temporariamente paralisadas permanece nessa
situação por um período superior a dois anos, é razoável pressupor a “cessação do exercício do
comércio”;
c) A falência deve ser vista somente como um instituto necessário para impedir a dissipação dos
bens da sociedade insolvente e assegurar, assim, o tratamento igualitário dos credores no
pagamento de seus créditos;
d) O decreto falimentar objetiva também afastar da atividade mercantil as empresas que não são
mais economicamente viáveis e que, por esse motivo, podem comprometer o regular
desenvolvimento da economia como um todo.
21

Capítulo 01 01.3 Interdisciplinaridade do


Propedêutica Fenômeno Falimentar

Texto 03
Multidisciplinaridade do Tema

1. Exigências do mercado

Pode parecer, em princípio, que um curso de falências e de recuperação de empresas tem por público-
alvo apenas os estudiosos de Direito.

Essa visão, no entanto, certamente está deturpada e em desacordo com as exigências do mercado.

A recente crise financeira mundial, por exemplo, afetou a situação econômica de muitas empresas e
intensificou o número de processos de falência e de recuperação judicial – ainda chamados de
concordata nos Estados Unidos.

A crise é enfrentada, do primeiro ao último estágio, por profissionais de diferentes ramos e somente
aqueles que tiverem uma visão multidisciplinar terão chances de vitória.

Em outras palavras, o melhor caminho para enfrentar a crise só poderá ser encontrado pelo
empresário que consiga implementar as melhores práticas econômicas sem esbarrar em proibições
jurídicas.
22

2. Atuação conjunta

A concordata da General Motors, a recuperação judicial das brasileiras Varig, Parmalat e Casa & Vídeo, a
falência da Vasp são exemplos vivos de grandes empresas envolvidas em falência ou recuperação judicial.

Os primeiros a sentirem os reflexos de uma crise são os diretores das empresas, os contadores, os
responsáveis pela produção e pela distribuição...

Os profissionais em Direito terão, certamente, papel fundamental na orientação do melhor caminho


a ser trilhado em momentos de turbulência.

Contudo, a decisão final será sempre do empresário, que precisará de uma boa noção dos
instrumentos jurídicos que a lei coloca a sua disposição para tentar superar as dificuldades.
Na corrida contra a crise, o tempo é fundamental.

3. Nova lei de falências

Sem destoar desse cenário de cooperação, a nova Lei de falências e recuperação de empresas é
verdadeiramente multidisciplinar.

A principal novidade do novo sistema, a recuperação judicial, é a que mais depende dessa visão abrangente.

O plano de recuperação de uma empresa em crise reflete as opções do empresário por alguns dos
diferentes caminhos postos a sua disposição pela legislação.

O empresário devedor, como auxílio de seus técnicos, deverá demonstrar a viabilidade econômica do
plano de reestruturação de sua empresa para o Juiz da causa e, principalmente, para seus credores.

Trata-se de uma complexa negociação coletiva.

O sucesso de um processo de recuperação empresarial depende não apenas do comprometimento e


da especialização de seu departamento jurídico ou do escritório de advocacia contratado...

São os profissionais das áreas econômica, contábil e de administração de empresas que têm fornecido
os subsídios mais eficazes para a reestruturação de um negócio.

4. Questões societárias

Outro viés do curso passa, necessariamente, pela abordagem de questões societárias...

Como a falência da sociedade empresária afeta seus sócios e seus administradores? Seus bens
pessoais correm algum risco?

Quem administra as empresas em regime de recuperação?

A especialização no tema de falência e de recuperação de empresas não é caro apenas para aqueles
envolvidos com a empresa em crise, ou seja, com o empresário devedor.
23

O conhecimento também interessa – e muito – às empresas credoras e a seus profissionais.

Da ótica do credor, o que esperar de um processo de falência ou de recuperação de uma


empresa devedora?

Eventuais créditos podem ser considerados ativos perdidos?

Qual é o risco de negociar com empresas em crise?

Qual é a melhor forma de se prevenir contra a falência de um cliente?

Ao longo do curso, vamos dissipar essas incertezas.

Apostila FGV, Curso de Falência e Recuperação Judicial, com adaptações.


24

Capítulo 01 1.4 Espécies de Crises


Propedêutica Empresarial
Texto 04
A Empresa Em Crise
Por Fabio Ulhoa Coelho

1. INTRODUÇÃO

Quando se diz que uma empresa está em crise, isso pode significar coisas muito diferentes. Para
sistematizar o assunto, proponho que se distinga entre crise econômica, financeira e patrimonial.
Normalmente, uma desencadeia a outra, mas a complexidade da economia e das relações jurídicas do
nosso tempo tem gerado, cada vez mais, situações em que se manifesta uma dessas crises, sem
despertar nenhuma preocupação nos agentes econômicos.

Por crise econômica deve-se entender a retração considerável nos negócios desenvolvidos pela
sociedade empresária. Se os consumidores não mais adquirem igual quantidade dos produtos ou
serviços oferecidos, o empresário varejista pode sofrer queda de faturamento (não sofre, a rigor, só
no caso de majorar seus preços). Em igual situação está o atacadista, o industrial ou o fornecedor de
insumos que veem reduzidos os pedidos dos outros empresários. A crise econômica pode ser
generalizada, segmentada ou atingir especificamente uma empresa; o diagnóstico preciso do alcance
do problema é indispensável para a definição das medidas de superação do estado crítico. Se o
empreendedor avalia estar ocorrendo retração geral da economia, quando, na verdade, o motivo da
queda das vendas está no atraso tecnológico do seu estabelecimento, na incapacidade de sua empresa
competir, as providências que adotar (ou que deixar de adotar) podem ter o efeito de ampliar a crise
25

em vez de combatê-la.

A crise financeira revela-se quando a sociedade empresária não tem caixa para honrar seus
compromissos. É a crise de liquidez. As vendas podem estar crescendo e o faturamento satisfatório —
e, portanto, não existir crise econômica —, mas a sociedade empresária ter dificuldades de pagar suas
obrigações, porque ainda não amortizou o capital investido nos produtos mais novos, está endividada
em moeda estrangeira e foi surpreendida por uma crise cambial ou o nível de inadimplência na
economia está acima das expectativas. A exteriorização jurídica da crise financeira é a impontualidade.
Em geral, se a sociedade empresária não está também em crise econômica e patrimonial, ela pode
superar as dificuldades financeiras por meio de operações de desconto em bancos das duplicatas ou
outro título representativo dos créditos derivados das vendas ou contraindo mútuo bancário mediante
a outorga de garantia real sobre bens do ativo. Se estiver elevado o custo do dinheiro, contudo, essas
medidas podem acentuar a crise financeira, vindo a comprometer todos os esforços de ampliação de
venda e sacrificar reservas imobilizadas.

Por fim, a crise patrimonial é a insolvência, isto é, a insuficiência de bens no ativo para atender à
satisfação do passivo. Trata-se de crise estática, quer dizer, se a sociedade empresária tem menos
bens em seu patrimônio que o total de suas dívidas, ela parece apresentar uma condição temerária,
indicativa de grande risco para os credores. Não é assim necessariamente. O patrimônio líquido
negativo pode significar apenas que a empresa está passando por uma fase de expressivos
investimentos na ampliação de seu parque fabril, por exemplo. Quando concluída a obra e iniciadas
as operações da nova planta, verifica-se aumento de receita e de resultado suficiente para afastar a
crise patrimonial.

A crise da empresa pode manifestar-se de formas variadas. Ela é econômica quando as vendas de produtos
ou serviços não se realizam na quantidade necessária à manutenção do negócio. É financeira quando falta à
sociedade empresária dinheiro em caixa para pagar suas obrigações. Finalmente, a crise é patrimonial se o
ativo é inferior ao passivo, se as dívidas superam os bens da sociedade empresária.

Esses índices de crise são muito relativos e não se revelam úteis à análise de mercado em algumas
situações. No fim do século XX, por exemplo, com o início da difusão do comércio eletrônico via
internete, muitas empresas que realizavam ainda incipientes negócios através da rede mundial de
computadores, registravam prejuízos consideráveis e ostentavam patrimônio líquido acentuadamente
negativo foram, apesar desses indicativos clássicos de crise, negociadas por milhões de dólares.

Se confirmadas, no futuro, as estimativas de lucratividade do comércio eletrônico que embasaram a


avaliação dessas empresas, o preço terá sido vantajoso para quem o pagou. Em geral, cabe dizer que
determinada sociedade empresária está em crise quando presentes as três formas pela qual se
manifesta. A queda das vendas acarreta falta de liquidez e, em seguida, insolvência: este o quadro
crítico que preocupa os agentes econômicos (credores, trabalhadores, investidores etc.).

A crise da empresa pode ser fatal, gerando prejuízos não só para os empreendedores e investidores
que empregaram capital no seu desenvolvimento, como para os credores e, em alguns casos, num
encadear de sucessivas crises, também para outros agentes econômicos. A crise fatal de uma grande
empresa significa o fim de postos de trabalho, desabastecimento de produtos ou serviços, diminuição
na arrecadação de impostos e, dependendo das circunstâncias, paralisação de atividades satélites e
problemas sérios para a economia local, regional ou, até mesmo, nacional. Por isso, muitas vezes o
26

direito se ocupa em criar mecanismos jurídicos e judiciais de recuperação da empresa (Lobo, 1996).
Nos Estados Unidos, o primeiro diploma de direito estatutário dispondo sobre recuperação judicial de
empresas surgiu em 1934, visando atenuar os efeitos da crise provocada pela quebra da Bolsa de
Valores de Nova York em 1929. Em França, o instituto foi introduzido na lei em 1967 e aperfeiçoado
em 1985 e 1995. Na Itália, sob a denominação “administração extraordinária”, ele apareceu nos fins
do ano 1970. Em Portugal, em 1976, criou-se a “declaração da empresa em situação economicamente
difícil”, embrião do “Código dos Processos Especiais de Recuperação da Empresa e de Falência”, de
1993. Áustria (1982), Reino Unido (1986), Colômbia (1989), Irlanda (1990), Austrália (1992), Espanha
(1992) e Argentina (1994) são outros países que, no fim do século passado, introduziram mudanças
no direito falimentar com o objetivo de criar mecanismos mais eficientes de preservação das empresas
viáveis diante das crises. No Brasil, a Lei de Falências de 2005 introduziu o procedimento da
recuperação das empresas, em substituição à concordata (Cap. 48).

2. SOLUÇÃO DE MERCADO E RECUPERAÇÃO DA EMPRESA

Nem toda falência é um mal. Algumas empresas, porque são tecnologicamente atrasadas,
descapitalizadas ou possuem organização administrativa precária, devem mesmo ser encerradas. Para
o bem da economia como um todo, os recursos — materiais, financeiros e humanos — empregados
nessa atividade devem ser realocados para que tenham otimizada a capacidade de produzir riqueza.
Assim, a recuperação da empresa não deve ser vista como um valor jurídico a ser buscado a qualquer
custo. Pelo contrário, as más empresas devem falir para que as boas não se prejudiquem. Quando o
aparato estatal é utilizado para garantir a permanência de empresas insolventes inviáveis, opera-se
uma inversão inaceitável: o risco da atividade empresarial transfere-se do empresário para os seus
credores (Lynn Lo Pucki, apud Jordan-Warren, 1985:657).

Se as estruturas do livre mercado estão, em termos gerais, funcionando de modo adequado, as


empresas em crise tendem a recuperar-se por iniciativa de empreendedores ou investidores, que
identificam nelas, apesar do estado crítico, uma alternativa de investimento atraente. Imagine-se que
uma indústria líder de mercado e lucrativa esteja com dois problemas: a sua planta reclama urgente
modernização tecnológica e há excesso de pessoal. Se significativos investimentos não forem feitos
na construção de uma nova fábrica e não houver redução na folha de pagamentos, em poucos anos a
sua posição econômica confortável pode reverter-se. Se o empreendedor não dispõe de capital e
vontade para implementar essas mudanças, a sobrevivência da empresa, a médio ou longo prazo,
depende de alguém (outro empreendedor ou investidor) vislumbrar nela uma oportunidade de ganhar
dinheiro e, motivado por essa perspectiva, procurar o controlador da sociedade empresária para
propor algum tipo de negócio: alienação do controle, trespasse, assunção de ativos, ingresso na
sociedade, incorporação etc. Pois bem, se prevalecer a racionalidade nos dois lados, quer dizer, se
ambos considerarem vantajosa a transação, a empresa recapitaliza-se e reorganiza-se, continuando a
operar, e deve até mesmo crescer. Nesse exemplo, a recuperação da empresa foi fruto do normal
funcionamento das forças do livre mercado. Isso se costuma chamar de “solução de mercado”.

A superação da crise da empresa deve ser resultante de uma “solução de mercado”: outros empreendedores
e investidores dispõem-se a prover os recursos e adotar as medidas de saneamento administrativo
necessários à estabilização da empresa, porque identificam nela uma oportunidade de ganhar dinheiro. Se
não houver solução de mercado para determinado negócio, em princípio, o melhor para a economia é mesmo
a falência da sociedade empresária que o explorava.
27

Nesse contexto, pode-se afirmar que, em princípio, se não há solução de mercado para a crise de
determinada empresa, é porque ela não comporta recuperação. Se nenhum empreendedor ou
investidor viu nela uma alternativa atraente de investimento, e a recapitalização e a reorganização do
negócio não estimulam nem mesmo os seus atuais donos, então o encerramento da atividade, com a
realocação dos recursos nela existentes, é o que mais atende à economia. Quando não há solução de
mercado, aparentemente não se justificaria a intervenção do estado (Poder Judiciário) na tentativa de
recuperação da empresa. O próprio instituto jurídico da recuperação parece, prima facie, um
despropósito no sistema econômico capitalista. Se ninguém quer a empresa, a falência é a solução do
mercado, e não há por que se buscar à força a sua recuperação.

Não é bem assim, contudo. Quando as estruturas do sistema econômico não funcionam
convenientemente, a solução de mercado simplesmente não ocorre. Nesse caso, o estado deve
intervir, por meio do Poder Judiciário, para zelar pelos vários interesses que gravitam em torno da
empresa (dos empregados, consumidores, fisco, comunidade etc.). Exemplo característico de
desfunção do sistema é o do valor idiossincrático da empresa. Para entendê-lo, deve-se recuperar a
lição sobre o valor da ação, que se aplica inteiramente à questão da valoração da empresa. Interessam,
aqui, o valor de negociação e o econômico. Como examinado antes (Cap. 19, item 1), a ação de uma
companhia, ao ser alienada, tem o valor que vendedor e comprador contratam, isto é, aquele que o
vendedor considera oportuno receber em troca da participação societária, e o comprador, por sua
vez, tem por interessante pagar para adquiri-la. Nenhuma outra variável atua na equação. Se as partes
não atribuem à ação o mesmo valor, simplesmente não há compra e venda. Esse é o valor de
negociação. Por sua vez, o valor econômico é o calculado por especialistas a partir das perspectivas
de rentabilidade da ação e fornece o parâmetro para as negociações racionais. O vendedor que alienar
a ação por preço significativamente inferior ao valor econômico ou o comprador que a adquirir por
preço significativamente superior estão fazendo um mau negócio.

O valor idiossincrático da empresa é o atribuído exclusivamente pelo seu dono (melhor: pelo
controlador da sociedade empresária que a explora). É muito comum que o empreendedor valorize a
sua empresa de modo bem particular, principalmente se foi o seu iniciador e lhe devotou muitos anos
e energia. Trata-se de um valor subjetivo e individual, derivado da autoimagem do empreendedor, da
qual a empresa serve de projeção psicológica. Por vezes, o controlador resiste à realização de negócios
voltados à recapitalização e reorganização do negócio porque não sente devidamente considerado
pelos adquirentes ou investidores o esforço pessoal dele impregnado na empresa. A característica
essencial da valoração idiossincrática é a de que nenhum empreendedor, especulador, corretor,
especialista em avaliação de ativos ou qualquer outro agente econômico acha que a empresa vale o
quanto o dono quer (cf. Jackson-Scott, 1989:151/153).

A recuperação da empresa por intervenção do aparato estatal (Executivo ou Judiciário) é justificável apenas
se a solução de merca- do não pôde concretizar-se por disfunção do sistema de liberdade de iniciativa, na
hipótese de o empreendedor atribuir à empresa, por exemplo, valor idiossincrático.

O valor idiossincrático compromete a racionalidade das negociações. O mercado não soluciona a crise
da empresa, não porque inexistem interessados em recapitalizá-la e reorganizá-la, mas porque o seu
titular quer um preço que ninguém vê vantagem em pagar. Se, de um lado, o valor de negociação não
precisa corresponder necessariamente ao econômico, e, por isso, pode ocorrer de se pagar pela
empresa mais do que o recomendado pelos especialistas, de outro, quando o valor idiossincrático
interfere fortemente na relação negocial, e o vendedor mostra-se insensível aos argumentos técnicos
28

que fundamentam o valor econômico, é provável não ocorrer nenhuma negociação. Esse é um
exemplo de disfunção do sistema econômico: o princípio basilar da livre iniciativa, em que se assenta
o direito de propriedade do empreendedor capitalista, impede que o próprio mercado recupere a
empresa em crise. Nesse caso, porém, interesses que transcendem os dos empreendedores, e, muitas
vezes, expressam alcance social e econômico de relevo — como são os dos empregados, da
comunidade, dos consumidores, do fisco etc. —, podem ser prejudicados de forma injusta. Se o
controlador quer receber algo que ninguém está disposto a pagar, não será realizado negócio nenhum,
e a empresa em crise tenderá a desaparecer. Agride ao senso de justiça ver o fim de postos de
trabalho, redução de abastecimento, falência de pequenas e médias empresas satélites e outros
efeitos negativos da crise de uma grande empresa, quando o mercado poderia tê-la solucionado, mas
a idiossincrasia de um homem impediu.

O instituto da recuperação da empresa tem sentido, assim, no capitalismo para corrigir disfunções do
sistema econômico, e não para substituir a iniciativa privada.

3. A REFORMA DO DIREITO FALIMENTAR

Neste item, gostaria de apresentar algumas ideias gerais para a reforma do direito falimentar.
Considero que a sistemática atual de execução concursal do patrimônio da sociedade empresária
devedora acarreta grande desperdício dos sempre parcos recursos do Poder Judiciário e prejuízos
certos para todos os envolvidos. Alerto, portanto, que se seguem considerações de lege ferenda. A
recuperação judicial não pode significar, como visto, a substituição da iniciativa privada pelo juiz na
busca de soluções para a crise da empresa. Se a sobrevivência de determinada organização
empresarial em estado crítico não desperta o interesse de nenhum agente econômico privado
(empreendedores ou investidores), então, em princípio, as suas perspectivas de rentabilidade não são
atraentes quando comparadas com as das demais alternativas de investimento. Ora, se assim é,
ninguém vai perder dinheiro investindo naquele negócio. Contudo, pode ocorrer de a solução de
mercado não se viabilizar por alguma disfunção do sistema econômico, como no exemplo do valor
idiossincrático. Nesse caso, e com o objetivo de garantir o regular funcionamento das estruturas do
livre mercado, pode e deve o juiz atuar. Note-se, a solução da crise não é dele, nem sequer deve ser
aprovada por ele; o papel do estado-juiz deve ser apenas o de afastar os obstáculos ao regular
funcionamento do mercado.

Se é essa a premissa, conclui-se que o direito falimentar deve passar por profundas alterações,
norteadas pela equação do law as market mimicker, desenvolvida pela análise econômica do direito
(Cap. 2, item 2). Em termos gerais, quando a empresa está em crise — econômica, financeira ou
patrimonial —, o direito deve regular o procedimento extrajudicial, iniciado e desenvolvido pela
própria sociedade empresária devedora, de cessação de pagamentos. O objetivo é criar condições
para renegociações globais das dívidas. Ao fazer a declaração unilateral de cessação de pagamentos,
a devedora convoca a assembleia de credores, na qual apresenta seu plano de recuperação da
empresa e uma proposta de renegociação do passivo. Até a realização da assembleia, para que cada
credor possa aferir a viabilidade do plano e ponderar o interesse em aceitar ou não a proposta, é
indispensável ampla transparência sobre a realidade econômica, financeira e patrimonial da devedora.
Note-se que os credores da sociedade empresária em crise podem interessar-se em abrir mão de
parte do crédito, prorrogar o vencimento da obrigação ou renunciar a garantias e privilégios se ficarem
convencidos das boas intenções dos empreendedores e administradores e da consistência do plano
de recuperação. Para tanto, devem ter inclusive o direito de realizar auditoria (due diligence) na
29

devedora, individual ou coletivamente.

Se a proposta de renegociação apresentada em assembleia for aprovada pela maioria dos credores, a
renegociação obriga também os credores que votaram vencidos. De certa forma, passa a ser problema
dos credores a sobrevivência de devedora em estado crítico, e tem sentido considerá-los uma
comunhão de interesses e, em decorrência, submeter todos à vontade da maioria (Ferreira, 1963,
15:263/266), que deve ser computada, como no direito norte-americano, por dois critérios
cumulativos: o do valor do crédito e o da quantidade de credores. Além disso, a maioria deve
reproduzir-se em cada classe de credores, já que nem sempre convergem os interesses dos titulares
de preferências e garantias e os dos quirografários, relativamente à recuperação da empresa — os
primeiros, tendo em vista a preferência ou garantia titula- rizada, podem ter seus direitos satisfeitos
na liquidação falimentar, enquanto os últimos, muitas vezes, só receberão algum pagamento se a
sociedade devedora conseguir recuperar-se da crise (cf. Jackson-Scott, 1989:159). Se, por outro lado,
não for aprovada a proposta da devedora, configura-se o conflito de interesses. Instaura-se, então, o
processo judicial, iniciado com a publicação de edital, convidando instituições financeiras a formular
oferta pública de aquisição dos créditos. A ideia é criar condições para operação do mercado
secundário das obrigações da empresa em crise. As instituições financeiras tenderão a fazer as
propostas, levando em conta o risco de não realização do crédito, e os credores, por sua vez, ao
cederem seus direitos creditícios, sofrerão o prejuízo correspondente ao deságio, mas livrar-se-ão do
risco da inadimplência e insolvência.

Se a maioria dos credores vende seus créditos a uma ou mais das instituições financeiras licitantes, o
juiz declara que os demais credores terão seus direitos satisfeitos com os descontos ou prorrogações
propostos pela sociedade empresária devedora na assembleia. É realista, contudo, imaginar que essa
hipótese não será comum. A experiência norte-americana, diga-se, tem revelado que tanto devedor
como credores procuram evitar a imposição judicial da revisão da obrigação (cram down),
empenhando-se realmente em encontrar uma saída negociada para a crise que afeta os interesses de
ambos (White, 1989:219/220). É realista esperar, também, que empreendedores e investidores se
articulem com instituições financeiras para, nessa oportunidade, manifestar, inclusive como apêndice
às propostas de aquisição dos créditos, o interesse em assumir a empresa, ou parte dela, com seus
planos de recapitalização ou reorganização. Estatísticas mostram que é rara a apresentação, por
credores, de proposta de recuperação da empresa de devedores em crise (Weiss, 1990:266/267), de
modo que não há razões para a criação de procedimento específico destinado a motivá-los nesse
sentido.

Caso nenhuma instituição financeira realize oferta pública de aquisição dos créditos ou os credores
não se interessem pelas realizadas, e também não se habilite nenhum capitalista para assumir o
negócio, ficará então caracterizado que o mercado não tem solução para a crise daquela empresa.
Assegurada, em assembleia, a oportunidade para a sociedade devedora e os credores reverem suas
posições anteriores, bem como para a manifestação de demais interessados, como o sindicato de
empresas e de trabalhadores envolvidos e o Poder Executivo municipal, estadual ou federal, e
persistindo o quadro de inexistência de solução de mercado, é decretada a liquidação da sociedade
empresária devedora por falência.

Mesmo após a decretação da falência, o direito falimentar pode continuar prestigiando as soluções
de mercado. A realização do ativo não precisa ser de responsabilidade da estrutura judicial. O melhor
é que empresas cadastradas e fiscalizadas pelo Poder Judiciário sejam convidadas a formular
30

propostas de aquisição dos bens da sociedade falida. A venda é feita em favor da proponente de
melhor oferta, sem demora, de modo a se transformar em dinheiro o ativo da sociedade falida o mais
rápido possível. Além do mais, nada obriga a paralisação da atividade no transcurso do processo:
mesmo estando a sociedade empresária em liquidação, o negócio pode conservar seu potencial
econômico, ainda que em patamares mínimos. E, de novo, se nenhuma empresa de ativos cadastrada
atender ao edital, deve-se concluir que não há interesse do mercado nos bens da sociedade em
liquidação. O destino deles deve ser, então, a pronta doação a entidades beneméritas, igualmente
cadastradas e fiscalizadas pelo Poder Judiciário.

Em 2005, a reforma da lei falimentar brasileira, embora tenha introduzido importantes avanços no campo da
preservação da atividade econômica, não alterou os fundamentos do sistema anterior. O direito brasileiro
continua presumindo o litígio em qualquer hipótese de crise da empresa, envolvendo em demasia o Poder
Judiciário.

Em 1993, o Poder Executivo enviou ao Congresso o projeto de reforma da Lei de Falências que vigia
desde 1945. O projeto era bastante tímido em termos de alterações. Em 2004, o Poder Legislativo
aprovou, depois de longa tramitação, um projeto bem diferente, com alterações mais significativas.
Ele foi sancionado como Lei n. 11.101/2005 (LF). Além de atualizar a lei falimentar, a reforma teve o
objetivo de contribuir em duas frentes importantes para a economia brasileira do início do século XXI:
a luta contra o desemprego e a retomada do desenvolvimento econômico. Na primeira, procurou-se
desacelerar a elevação do nível de desemprego por meio da introdução do instituto da recuperação
judicial. Na medida em que empresas viáveis possam se reorganizar, mantêm-se os postos de trabalho
a ela correspondentes. Na segunda frente, medidas como a venda dos bens do devedor
independentemente da verificação dos créditos e investigação de crime falimentar ou alterações na
classificação dos credores foram introduzidas com o objetivo de reduzir o risco associado à insolvência
do devedor e, consequentemente, os spreads e juros bancários.

A reforma de 2005 não alterou os fundamentos da lei falimentar anterior. A crise da empresa continua
sendo vista como essencialmente litigiosa, demandando por isso constante presença do Poder
Judiciário em cada passo dos seus desdobramentos. Considero, assim, as ideias gerais de reforma do
direito falimentar aqui apresentadas como sendo ainda pertinentes.

4. OBSERVAÇÃO

Como pretende ser uma obra do seu tempo, este Curso de direito comercial deve concentrar-se na
exploração da atividade empresarial por pessoas reunidas em sociedades (limitada ou anônima),
porque as empresas exploradas individualmente ou por sociedades de tipos menores (nome coletivo,
comandita simples ou por ações) correspondem a situações marginais e desimportantes. Do mesmo
modo, ao voltar sua atenção ao direito falimentar, deve privilegiar a falência e recuperação judicial
daqueles tipos principais de sociedades empresárias (Caps. 45 a 48), relegando a plano secundário as
do empresário individual (Cap. 49) e dos tipos menores.

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. V. 3 – Direito de Empresa,


Cap. 44, 13a. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
31

Capítulo 01 Case 02
Propedêutica Caso Reapertos

01. Descrição

Famosa oficina mecânica especializada em desvendar onde se encontravam os pontos com folga ou
desgaste nas peças de veículos novos e usados, a Reapertos Caça Grilos (Galba Borges de Melo Jr —
Micro Empresa), fundada em 1993, teve seu auge empresarial em meados da década de 2000, mas
por volta do 2010 começou a passar por dificuldades de diversas ordens.

Em 2011, diante do quadro agudo de crise empresarial, patrocinada pelo famoso Advogado e
saudoso e querido Professor José Alberto Rola, Reaperto Caça Grilos protocolou pedido de
Recuperação Judicial, cujos termos da petição seguem para leitura e análise minuciosa sobre a
espécie de crise empresarial experimentada pela empresa, se econômica, financeira ou patrimonial:

EXCELENTISSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA ___ VARA DE FALENCIAS E CONCORDATAS
DA COMARCA DE FORTALEZA-CEARÁ.

Acão de Recuperacão Judicial

Requerente: Galba Borges de Melo Jr — Micro Empresa

GALBA BORGES DE MELO JR - Micro Empresa, pessoa jurídica individual, CNPJ 41.652.090/0001-82 com sede à Rua
Carolina Sucupira, 456, Aldeota, Fortaleza vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por seu procurador
judicial adiante firmado, propor a presente Ação de Recuperação Judicial, ao amparo da Lei nr. 1 1.101, de 9 de
fevereiro de 2005, artigo 47 e demais, especialmente o seu artigo 70, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir
expostos:

I - DOS FATOS:
32

A requerente está em atividade desde 1993, sempre como firma individual, microempresa, tendo consolidado sua
imagem pelo diferencial da alta qualidade dos seus serviços (especializada em reaperto de veículos automotores,
conhecido como" CAÇA GRILOS"). O reconhecimento perante um seguimento especial de proprietários de veículos,
com o consequente crescimento paulatino ao longo do tempo decorre, especialmente, do esmero artesanal com
que seu titular exerce a profissão, perfil assimilado por sua equipe de mecânicos, o que se reflete no
reconhecimento inconteste de seus clientes, cujos veículos, em geral de grande valor, apresentam problemas em
razão das péssimas condições de conservação de nossas ruas e avenidas.

Desde o início de suas atividades, em 1993, quando se instalou em terreno sem qualquer benfeitoria senão um
simples telhado de amianto de 5 x 10 metros para seu titular trabalhar, a requerente vem progredindo, sempre
diferenciada por prestar serviços de reconhecida qualidade. Apesar de viver modestamente, o titular sempre
retirou seu sustento das atividades de sua microempresa, tendo ainda, paulatinamente, feito investimentos na
melhoria de suas instalações, as quais hoje oferecem razoável condição de conforto aos empregados e clientes,
conforme fotos (anexo nr. 10);

No início de 2007, após ter feito substancial melhoria nas instalações físicas, apesar de o imóvel ser alugado, a
Requerente, atendendo demanda/sugestões de clientes, passou a dar assistência técnica e manutenção a veículos
blindados, uma vez que esse tipo de serviço era oferecido basicamente fora de Fortaleza. Este novo serviço
proporcionou expressiva elevação das receitas e, como consequência natural, motivou a Requerente a atuar nesse
segmento de serviço (blindagem de veículos);

Para oferecer esse novo serviço, mantendo-se fiel à imagem de qualidade, a Requerente decidiu, equivocadamente,
acelerar os investimentos necessários para compor a infraestrutura adequada (adaptação das instalações físicas,
aquisição de equipamentos e ferramentas especiais, processos de legalização do serviço, certificações, etc.). Esta
decisão passou a ser implementada no início de 2010 e, fruto da total ignorância em temas relacionados a
planejamento, marketing, métodos de gestão, principalmente financeira, por parte do seu titular, a Requerente
cometeu equívocos, com destaque para:

i) Acreditar que sua imagem em relação ao serviço "caça grilo" - o seria suficiente para imediatamente
apresentar demanda expressiva de clientes para blindagem de veículos;
ii) Acelerar os investimentos utilizando, primeiramente, recursos o através de instrumentos
absolutamente inadequados para essa finalidade (cheque especial, capital de giro de banco comercial,
cartões de crédito, descontos em factoring, etc.), todos a juros e prazos totalmente incompatíveis.
Neste caso, o equívoco foi agravado pelo fato da Requerente não ter considerado a possível incerteza
da demanda por tais serviços e que, como costuma acontecer quando as decisões de investimentos
contam com orientação adequada, qualquer financiamento precisa oferecer carência, justamente para
dar tempo de "maturação" do negócio e conclusão da implantação, definição de processos, etc.;
iii) Recorrer, somente em segundo momento, a linhas especificas e adequadas à atividade, concedidas
pelo Banco do Brasil e posteriormente também pelo BNDES, mas já quando tinha expressivo
endividamento caro. Ainda assim, sem que essas instituições tenham alertado para a desproporção dos
investimentos realizados com recursos de terceiros, em comparação com a exígua/nula capacidade de
pagamento, enquanto não ocorresse o aumento das receitas;
iv) Atuar, através de seu titular, cujo nome e trabalho pessoal está intimamente ligado aos serviços que
diferencia a Requerente no mercado, focada unicamente em ações relacionadas à blindagem de
veículos, acarretando, obviamente, a estagnação e até redução do segmento "caca grilo";
v) Não perceber a tempo que essa estratégia de priorizar a implantação do setor de blindagem, além de
não propiciar qualquer contribuição ao faturamento da titular, impediu o desempenho normal dos
serviços "caca grilo" e consumiu recursos de terceiros, sendo a maior parte de grande monta. De
ressaltar, também, que a titular, no afã de trazer clientes para o novo serviço e mal aconselhada, se
comprometeu com investimento em propaganda sem, sequer, ter avaliado adequadamente sua efetiva
capacidade de atender eventual demanda;

Concluído o processo de estruturação do serviço de blindagem, a Requerente havia se deteriorado tanto


administrativamente quanto financeiramente, que não dispunha da menor condição para oferecer esse serviço. Isto
porque, ao contrário do serviço "caca grilo", onde prevalece a mão de obra, na blindagem o maior volume de
recursos consumidos é na aquisição de material, da ordem de 65% do orçamento. Como ao Requerente não
dispunha de recursos próprios para capital giro, margem de crédito e sendo o fornecimento do material utilizado
e o ICMS, pagos antecipadamente, a titular deparou-se com a situação que justifica o presente pleito;
33

Efetivamente, o fato de a Requerente, humildemente, reconhecer suas falhas, principalmente nos campos de
planejamento e gestão administrativa e financeira, não altera sua drástica situação, caracterizada por uma grave
crise econômico-financeiro; que a imobiliza e sufoca com uma avalanche de problemas diários relacionados a
dívidas com fornecedores, empregados e principalmente bancos, impedindo que seu titular se dedique a fazer o
que sabe ,ou seja, executar e coordenar os profissionais nos serviços de "caca grilos", recuperando a clientela e,
simultaneamente, iniciar ao prestação dos serviços de blindagem, para os quais está totalmente preparada.

II - OS FUNDAMENTOS JURIDICOS:

A requerente pertence a um segmento da sociedade brasileira que somente nos últimos anos tem merecido dos
Legisladores, Poder Executivo e das Instituições Públicas, uma percepção mais correta de seu papel. As micro e
pequenas empresas representam mais de 90% das empresas e empregam mais de 60% das pessoas
economicamente ativas, embora respondam por apenas 20% do Produto Interno Bruto do país. No entanto, as
mesmas têm um lado que ainda não despertou o olhar correto da sociedade. Trata-se do fato de que seus
titulares/sócios são profissionais empreendedores que, ao invés de buscar a condição de empregados, hoje
amplamente protegidos pela legislação, preferem correr riscos como empreendedores, se expondo a perder, em
situação de crise, o pouco que possam ter amealhado economicamente, para desenvolver atividades úteis, pagar
impostos e oferecer empregos.

Importante reafirmar que, além de admitir seus próprios erros, de boa fé e querendo fazer o melhor, a Requerente
reconhece hoje, à luz dos estudos e colaboração que vem recebendo para diagnosticar sua situação e identificar
saídas, que também acabou recebendo ajuda para errar, na medida em que instituições financeiras experientes lhe
entregaram recursos sem uma análise mais adequada quanto à conveniência e oportunidade dos empréstimos que
contraiu. Desta forma, admite que foi um grande equívoco requerer recursos dessas instituições financeiras, em
valores e condições indicadas nos anexos, os quais se mostraram inadequados para o fim em que foram utilizados
e em lugar de colaborar com a Requerente, acabaram por empurrá-la para a crise que hoje enfrenta.

A Lei n o 1 1.101, de 09.02.2005, diante de um país carente de oportunidades de emprego e geração de riqueza,
veio melhorar a proteção legal às empresas que de boa-fé, mas por problemas que não conseguiram superar
entram em situação de crise econômico-financeira aguda permitindo, através do mecanismo da Recuperação
Judicial, como oportunidade para evitar os desperdícios que a falência acarreta à sociedade. Nesse sentido, o art.
47, do diploma legal referido proclama textualmente: a recuperação judicial tem por objeto viabilizar a superação
da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do
emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua
função social e o estimulo à atividade econômica.

Na mesma lei foi reservado tratamento diferenciado às micro e pequenas empresas, na secção V, justamente para
permitir ao Magistrado uma alternativa de agilidade e singularidade no exame dos pleitos, como o que a
Requerente apresenta. Reafirmando sua disposição de continuar lutando para manter a Requerente em atividade,
seu titular precisa de tempo razoável para reorganizar a empresa e mesmo sua vida pessoal, bem como um prazo
preliminar para, com ajuda de terceiros especializados, planejar não apenas a forma de pagar suas obrigações, mas,
também, esquematizar e implementar ações comerciais lhe permitam elevar o faturamento e, por consequência,
o lucro voltar a ser um ente econômico e socialmente útil e não mais um fracassado parasita social, dependente da
benevolência do Estado.

Sem prejuízo aos elementos constantes dos anexos e àqueles que constarão pormenorizadamente no PLANO DE
RECUPERACAO JUDICIAL, o qual será apresentado dentro do prazo legal e com todos os requisitos necessários para
evidenciar a disposição e capacidade de honrar as sujas obrigações, e em condições realistas para a empresa e
credores, registramos a seguir, resumidamente, a situação atual da requerente:

• Faturamento mensal: (média dos últimos 12 meses)........ R$ 21 .000,00


• Déficit mensal, incluídas obrigações financeiras................ R$ 17.000,00
• Déficit mensal, excluídas obrigações financeiras............... R$ 5.000,00
• Total das dívidas (60%.com instituições financeiras) ........ R$ 385.822,00

Portanto, a Promovente atende aos requisitos para concessão da RECUPERACAO JUDICIAL prevista na Lei 11.101,
de 09.02.2005, inclusive a especificidade da secção V, apresentando em anexo os documentos seguintes:

i. Anexo 01: Declaração Anual Simples Nacional — DASN — 2008, 2009 e 2010;
34

ii. Anexo 02: Declaração Imposto de Renda Pessoa Jurídica Física do titular de Galba Borges de Melo Jr-
ME. — ano 2009;

iii. Anexo 03: Declaração nominal de Credores;

iv. Anexo 04: Relação de Empregados e Débitos de Folha de Pagamento;

v. Anexo 05: Extratos Bancários — Banco do Brasil e Banco Itaú;

vi. Anexo 06: Certidões de Protestos;

vii. Anexo 07: Declaração Imposto de Renda Pessoa Física — 2008/2009/2010;

viii. Anexo 08: Copia dos Contratos de Financiamentos Banco do Brasil e Banco

ix. Anexo 09: Extrato Cartão de Credito;

x. Anexo 10: Fotos das instalações da Requerente;

III - DO PEDIDO:

Face o exposto, requer que Vossa Excelência, após a análise da petição inicial e documentos anexados, defira o
que segue:

A) O devido processamento da Recuperação Judicial, nos termos preconizado pelo Plano Especial previsto no
art. 70 e seguintes da Lei no 11.101/2005;

B) A nomeação do administrador judicial;

C) A dispensa da apresentação de certidões negativas para que a empresa possa exercer suas atividades;

D) Cientificar todos os interessados, através da expedição de edital, contendo o resumo do pedido e a relação
dos credores;

E) A proibição de que os credores, uma vez avisados, protestem títulos ou iniciem ações de cobrança;

F) Determinar que o Banco do Brasil mantenha ativa sua conta corrente nr. 19.776-9, mantida na Agencia
3655-2, para permitir a correta gestão dos recursos que venha receber e necessite movimentar antes da
apresentação e aprovação por Vossa Excelência, do Plano de Recuperação Judicial, com proibição de
qualquer apropriação ou débito de qualquer natureza, por parte daquele Banco, sem anuência expressa da
Requerente;

REQUER, por fim, que lhe seja concedido prazo de até 60 (sessenta) dias, a contar do deferimento para
processamento da RECUPERACAO JUDICIAL, para apresentação do PLANO DE RECUPERACAO JUDICIAL.

Atribui-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

Nestes termos, pede espera e deferimento.

2. Atividade

A partir da leitura da petição acima, construa um texto entre 15 e 30 linhas explicitando qual a
espécie de Crise Empresarial que se abateu sobre Reaperto Caça Grilos (Galba Borges de Melo Jr —
35

Micro Empresa), levando em consideração as noções expostas por Fábio Ulhoa Colelho no Texto 04,
“A Empresa Em Crise”.
36

Capítulo 01 Resumo Executivo


Propedêutica
RESUMO EXECUTIVO
GRUPO COURO CALÇADOS

Notas Preliminares

Objetivo – O presente visa demonstrar o perfil empresarial do Grupo Couro Calçados, em formato de
sumário executivo, preliminar, e propor plano de ação para superação da crise empresarial.

Suporte ao Trabalho – o site de Couro Calçados (http://www.courocalcados.com.br) e documentos


fornecidos pelo cliente, tais como, contratos sociais e requerimentos perante a junta.

Registro do trabalho – Registram-se os dados aqui de maneira formal para as finalidades de estilo.

Forma – Vai o mesmo em forma de resumo analítico e propostas de plano de ação.

Conteúdo – A linha de raciocínio de que se fez uso foi a lógico-analítica e descritiva, buscando responde
às questões chaves sobre a dinâmica empresarial de Grupo Couro Calçados e suas unidades
empresariais.

Perfil Empresarial

Crise Interna – O Grupo Couro Calçados consiste na reunião informal de duas empresas: 1) MARIA DA
SILVA EIRELI - ME (COURO EVIDÊNCIA) e, 2) JOÃO DE SOUZA DA SILVA – ME (COURO CALÇADOS).

Fundação – Pode-se considerar a data da fundação da COUTO CALÇADOS como a data de fundação do
Grupo, qual seja, 24 de setembro de 2001, na cidade de Fortaleza, por Maria DA Silva.

Presença – Hoje, o Grupo possui três unidades econômicas na cidade?

o ATACADO - COURO LOJA DA FÁBRICA

o ATACADO - COURO MARAPONGA MART MODA

o VAREJO - COURO SHOPPING PARANGABA

Atuação – O Grupo Couro Calçados concentra suas operações na indústria, no atacado e no varejo
especializados em calçados femininos, há mais de 15 anos.

Expansão – Contudo, a direção do Grupo pretende diversificar sua atuação por meio da entrada no
mercado de Franquias, já estando o projeto em andamento.

Estrutura de Capital – O seu capital total é de R$ 156.000,00 subscritos. Hoje, a estrutura de capital
integralizado do Grupo é a seguinte: 1) COURO EVIDÊNCIA – R$ 78.000,00 e, 2) COURO CALCADOS – R$
78.000,00.

Análise Sumária da Crise


37

Situação Interna – De posse das informações


repassadas pelo cliente, pode-se identificar,
preliminarmente, como principal fator interno da
crise do Grupo Couro Calçados o baixo
desempenho de sua unidade de varejo,
somando-se a isso os efeitos dos esforços
financeiros despendidos na estruturação física de
tal unidade.

Cenário Econômico Pretérito – No entanto,


analisando o contexto macroeconômico do país
nos últimos 24 meses, vemos que fatores como a
queda de 3,8% do PIB 2015, dentre outros, como
a alta da inflação acima de 10% e a queda na
renda das famílias por conta do aumento do
desemprego em 6,8%, só naquele ano,
acarretaram a queda de 8,7% do varejo,
especialmente, no seguimento de calçados,
segundo o IBGE. Sendo essa a maior queda
registrada desde 2001, ano de fundação do
Grupo Couro Calçados.

Perspectivas do Mercado – Observa-se que,


desde o início da crise econômica, o consumo
das famílias reduziu mais de 6% e que o
investimento foi reduzido em impressionantes
25%. Esses números são muito preocupantes
para o crescimento futuro do país – pois com
menos investimento, há menos acumulação de
capital, o que significa que a produtividade (e,
consequentemente, os salários) dos
trabalhadores não vai ser tão alta quanto
poderia ser. E o que é pior, dentre
os componentes do PIB, aquele que menos caiu
foram os gastos do governo – o que contraria a
ideia de que teria sido o “ajuste fiscal” (que é
difícil de ser observado nos dados) o responsável
pela crise.

Outro bom termômetro da situação econômica


do país é a taxa de desemprego. Quando a taxa
de participação na força de trabalho é mantida
constante, os números são impactantes. Em
dezembro de 2015, a taxa de desemprego Todos esses fatores permitem estabelecer a
chegou a 10%. perspectiva de que a economia brasileira
deve encolher 3,7% em 2016 e se manter quase
estável, em -0,2%, em 2017, repercutindo no
setor de varejo de vestuário e calçados numa
queda aproximada à de 2015 para 2016, ou seja,
cerca de 8,5% e para 2017 uma queda menor, em
torno de 4,7%, que ainda é bastante expressiva.

Pode-se ainda esperar que a taxa de juros


continue alta, o que torna a tomada de crédito
extremamente desaconselhável, nos próximos
anos. Conforme a previsão da tabela abaixo.
Além disso, como o mercado de trabalho tem Ano Juros Inflação PIB
uma forte relação com a economia, a
2016 14,25% 7,7% -3,7%
intensa contração econômica tenderá a
continuar com a tendência de destruição de 2017 13,5% 5,3% -0,2%
empregos formais. Nós projetamos que, até o 2018 12,3% 4,3% 1,7%
fim desse ano de 2016, cerca de 3 milhões de Fonte: Instituto Mercado Popular
38

empregos formais terão sido destruídos. Tal situação na economia como um todo, se
materializada, tornaria a recessão atual a pior da
história do país. Pois, desde a Grande Depressão
não há dois anos seguidos de crescimento
negativo do PIB. De forma que 2016
provavelmente será o momento de maior
retração da economia brasileira desde que o PIB
começou a ser estimado.
39

Capítulo 01 Exercícios de Fixação


Crise Empresarial
Texto 04
08. Temos acima um instrumento muito usado no ambiente empresarial para apresentar diagnósticos
do desempenho econômico-financeiro das empresas, é o chamando Resumo Executivo. Nesse
exemplo Resumo Executivo são franquiadas informações sobre o Grupo empresarial objeto da análise,
bem como, sobre o mercado que ele está inserido. Diante dessas informações e sobre o tema crise
empresarial, não é pertinente afirmar que:
a) O Grupo Couro Calçados está inserido no contexto de crise macroeconômica e setorial, além de
enfrentar problema de baixo desempenho da uma unidade de varejo, somando-se a isso os efeitos
dos esforços financeiros despendidos na estruturação física de tal unidade. Constata-se que a
diretoria já está tomando providências para debelar a crise interna com a diversificação das
operações passando funcional também como Franqueadora. Porém, estima-se que tais medida não
sejam suficientes para fazer frente à crise que atinge o setor no qual se está envolvido.
b) Quando se diz que uma empresa está em crise, isso pode significar coisas muito diferentes. Como
se sabe, distinguem-se crise econômica, financeira e patrimonial. Normalmente, uma desencadeia
a outra, mas a complexidade da economia e das relações jurídicas do nosso tempo tem gerado,
cada vez mais, situações em que se manifesta uma dessas crises, sem despertar nenhuma
preocupação nos agentes econômicos.
c) A crise econômica pode ser generalizada, segmentada ou atingir especificamente uma empresa;
o diagnóstico preciso do alcance do problema é indispensável para a definição das medidas de
superação do estado crítico. Se o empreendedor avalia estar ocorrendo retração geral da
economia, quando, na verdade, o motivo da queda das vendas está no atraso tecnológico do seu
estabelecimento, na incapacidade de sua empresa competir, as providências que adotar (ou que
deixar de adotar) podem ter o efeito de ampliar a crise em vez de combatê-la.
d) Em geral, se a sociedade empresária não está também em crise econômica e patrimonial, ela
pode superar as dificuldades financeiras por meio de operações de desconto em bancos das
duplicatas ou outro título representativo dos créditos derivados das vendas ou contraindo mútuo
bancário mediante a outorga de garantia real sobre bens do ativo. Se estiver elevado o custo do
dinheiro, contudo, essas medidas podem acentuar a crise financeira, vindo a comprometer todos
os esforços de ampliação de venda e sacrificar reservas imobilizadas.
e) A crise econômica apresentar uma condição temerária, indicativa de grande risco para os
credores. Não é assim necessariamente. O patrimônio líquido negativo pode significar apenas que
a empresa está passando por uma fase de expressivos investimentos na ampliação de seu parque
fabril, por exemplo. Quando concluída a obra e iniciadas as operações da nova planta, verifica-se
aumento de receita e de resultado suficiente para afastar a crise patrimonial.
09. Temos acima um instrumento muito usado no ambiente empresarial para apresentar diagnósticos
do desempenho econômico-financeiro das empresas, é o chamando Resumo Executivo. Nesse
exemplo Resumo Executivo são franquiadas informações sobre o Grupo empresarial objeto da análise,
bem como, sobre o mercado que ele está inserido. Diante dessas informações e sobre o tema crise
empresarial, não é pertinente afirmar que:
40

a) O Grupo Couro Calçados não está inserido no contexto de crise, apensa de enfrentar problema
de baixo desempenho da uma unidade de varejo, constata-se que a diretoria já está tomando
providências para enfrentar a crise setorial com a diversificação das operações passando funcional
também como Franqueadora, que atuar fora do setor afetado e com boas perspectivas.
b) Quando se diz que uma empresa está em crise, isso pode significar coisas muito diferentes. Como
se sabe, distinguem-se crise econômica, financeira e patrimonial. Normalmente, uma desencadeia
a outra, mas a complexidade da economia e das relações jurídicas do nosso tempo tem gerado,
cada vez mais, situações em que se manifesta uma dessas crises, sem despertar nenhuma
preocupação nos agentes econômicos.
c) O Grupo Couro Calçados enfrenta uma crise econômica que deve ser entendida como a retração
considerável nos negócios desenvolvidos pela sociedade empresária - os consumidores não estão
adquirindo igual quantidade dos produtos oferecidos por si devido as condições da gerais e setoriais
da economia.
d) A crise econômica pode ser generalizada, segmentada ou atingir especificamente uma empresa;
o diagnóstico preciso do alcance do problema é indispensável para a definição das medidas de
superação do estado crítico. Se o empreendedor avalia estar ocorrendo retração geral da
economia, quando, na verdade, o motivo da queda das vendas está no atraso tecnológico do seu
estabelecimento, na incapacidade de sua empresa competir, as providências que adotar (ou que
deixar de adotar) podem ter o efeito de ampliar a crise em vez de combatê-la.
e) Em geral, se a sociedade empresária não está também em crise econômica e patrimonial, ela
pode superar as dificuldades financeiras por meio de operações de desconto em bancos das
duplicatas ou outro título representativo dos créditos derivados das vendas ou contraindo mútuo
bancário mediante a outorga de garantia real sobre bens do ativo. Se estiver elevado o custo do
dinheiro, contudo, essas medidas podem acentuar a crise financeira, vindo a comprometer todos
os esforços de ampliação de venda e sacrificar reservas imobilizadas.
10. Temos acima um instrumento muito usado no ambiente empresarial para apresentar diagnósticos
do desempenho econômico-financeiro das empresas, é o chamando Resumo Executivo. Nesse
exemplo Resumo Executivo são franquiadas informações sobre o Grupo empresarial objeto da análise,
bem como, sobre o mercado que ele está inserido. Diante dessas informações e sobre o tema crise
empresarial, não é pertinente afirmar que:
a) Quando se diz que uma empresa está em crise, isso pode significar coisas muito diferentes. Como
se sabe, distinguem-se crise econômica, financeira e patrimonial. Normalmente, uma desencadeia
a outra, mas a complexidade da economia e das relações jurídicas do nosso tempo tem gerado,
cada vez mais, situações em que se manifesta uma dessas crises, sem despertar nenhuma
preocupação nos agentes econômicos.
b) O Grupo Couro Calçados enfrenta uma crise patrimonial pois está a insolvência, isto é, apresenta
insuficiência de bens no ativo para atender à satisfação do passivo. Trata-se de crise estática, quer
dizer, o Grupo tem menos bens em seu patrimônio que o total de suas dívidas, ela parece
apresentar uma condição temerária, indicativa de grande risco para os credores.
c) O Grupo Couro Calçados enfrenta uma crise econômica que deve ser entendida como a retração
considerável nos negócios desenvolvidos pela sociedade empresária - os consumidores não estão
adquirindo igual quantidade dos produtos oferecidos por si devido as condições da gerais e setoriais
da economia.
41

d) A crise econômica pode ser generalizada, segmentada ou atingir especificamente uma empresa;
o diagnóstico preciso do alcance do problema é indispensável para a definição das medidas de
superação do estado crítico. Se o empreendedor avalia estar ocorrendo retração geral da
economia, quando, na verdade, o motivo da queda das vendas está no atraso tecnológico do seu
estabelecimento, na incapacidade de sua empresa competir, as providências que adotar (ou que
deixar de adotar) podem ter o efeito de ampliar a crise em vez de combatê-la.
e) Em geral, se a sociedade empresária não está também em crise econômica e patrimonial, ela
pode superar as dificuldades financeiras por meio de operações de desconto em bancos das
duplicatas ou outro título representativo dos créditos derivados das vendas ou contraindo mútuo
bancário mediante a outorga de garantia real sobre bens do ativo. Se estiver elevado o custo do
dinheiro, contudo, essas medidas podem acentuar a crise financeira, vindo a comprometer todos
os esforços de ampliação de venda e sacrificar reservas imobilizadas.

11. Leia a seguinte notícia do portal IG sobre ambiente de crise empresarial que o país experimente
hodiernamente:
Pedidos de recuperação judicial aumentam 61,2% no acumulado de 2016, diz Serasa
Por Brasil Econômico - Com informações da Serasa Experian
| 05/09/2016 15:53
De acordo com indicador da entidade, micro e pequenas empresas lideram os
requerimentos de recuperação judicial e de falência de janeiro a agosto/2016.
A Serasa Experian afirmou, nesta segunda-feira (05), que o número de pedidos de
recuperação judicial entre janeiro e agosto de 2016 das empresas no País subiu 61,2% em
relação ao mesmo período do ano passado.
O indicador Serasa Experian de Falências e Recuperações mostrou que houve 1.235
pedidos no período contra os 766, apurados entre janeiro e agosto do ano anterior. Em
2015, houve um total de 1.287 pedidos. Com isso, o resultado de empresas que já
requereram recuperação judicial este ano bate recorde histórico, sendo o maior para o
acumulado do ano desde 2006, após a entrada em vigor da Nova Lei de Falências
(junho/2005).
Entre os perfis diferentes de empresas, as micro e pequenas lideraram os pedidos de
recuperação judicial no período avaliado, sendo 741. Depois disso, vêm as médias, com 317
pedidos e, por fim, as grandes empresas, com 177.
Já na análise mês a mês, a Serasa verificou uma queda de 21,7% na quantidade de
requerimentos em agosto em relação a julho deste ano (137 em agosto contra 175 em
julho). Já na comparação entre agosto deste ano e no de 2015, a queda foi de 1,4%, sendo,
respectivamente, de 137 e 139.
Na verificação mensal de agosto de 2016, as MPEs também ficaram na frente com 84
requerimentos, seguidas pelas médias empresas, com 35, e as grandes com 18.
Segundo os economistas da Serasa Experian, o baixo dinamismo econômico e as altas taxas
de juros continuam pesando sobre a saúde financeira das empresas, acarretando elevadas
quantidades de pedidos de falências e de recuperações judiciais neste ano de 2016...
42

http://economia.ig.com.br/2016-09-05/empresas-recuperacao-falencia.html
Como se vê, o ano de 2016 registra-se o recorde histórico de pedidos de Recuperação Judicial, reflexo
da grave crise econômica que assola a economia desde o ano passado. Infelizmente, as perspectivas
econômicas não são das melhores e o país ainda haverá de amargar bastante dificuldades até que a
economia como um todo comece a se recuperar, isso ainda num cenário nebuloso e incerto que
depende, em grade medida, do ajuste fiscal do governo federal. Na seara do direito, não seria
irrazoável anotar que muitos pedidos de Recuperação Judicial ainda serão feitos e, por isso, o
profissional da área deve estar muito bem preparado para atender a demanda das empresas em
situação de crise. Isso posto, analise as proposições abaixo e aponte a alternativa errada:
a) A principal inovação da Lei nº 11.101/05 é, sem dúvida, o instituto da recuperação de empresas,
que guarda certa semelhança com a antiga concordata preventiva. Contudo, essa novidade trouxe
uma complicação, qual seja, a falta de material doutrinário que analise o tema com profundidade.
b) É entendimento corrente que as empresas devem ser preservadas sempre que possível, pois
gera riqueza e cria empregos e renda, contribuindo com para o crescimento e o desenvolvimento
social do país.
c) O legislador deixou clara a mudança de orientação a ser adotada na Lei 11.101/2005 ao regular
os planos de recuperação judicial. O Plano previsto na Lei de Falência e Recuperação de Empresas
– LFRE – com o objetivo de permitir as empresas em crise financeira o retorno na competição e
produção econômica.
d) O Plano de Recuperação Judicial baseia-se na análise aprofundada dos fatores críticos que
levaram a empresa ao fracasso, sendo necessário também dar chance de opinião a todos os
credores, com o intuito de encontrar alternativas de recuperação da empresa em bancarrota.
e) Em razão do princípio da preservação da empresa vem previsto no Artigo 47 da Lei nº
11.101/2005 – Lei de Falências e Recuperação de Empresas - afirma-se que em razão de sua função
social, a empresa deve ser preservada sempre.

Você também pode gostar