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Coletivismo

Não tenho dúvida de que a vaidade e a ganância são e deverão continuar a ser os grandes males
que afligem a sociedade brasileira e o país, como um todo. Os valores que nos regem há séculos,
quiçá desde o nosso fatídico descobrimento, mostram-se insuficientes para que façamos deste
sofrido país, algum dia, uma Nação de verdade. A paixão pelo poder que humilha nossos iguais, é
tradição entre nós, ousaria mesmo dizer que faz parte do DNA brazuca, desde que um imbecil
qualquer vomitou o famoso “sabe com quem está falando?”. Desde então...
É fácil ver que esta teoria é válida e ativa em nossas vidas. Quem de nós já não teve um amigo ou
colega de trabalho que ascendeu e depois nos ignorou? E lá vem as assertivas dos amigos sobre o
tal...”subiu e esqueceu dos amigos”, ou “deixa estar, quando eu for rico, vou fazer que nem o
conheço”. Alguns podem dizer que isso é da natureza humana, mas eu lhes digo que não, isso é a
natureza brasileira que aflora, em especial. Os absurdos que vivemos hoje na política são bem
típicos disso. Senão, alguém arriscaria contradizer que toda essa corrupção com que nos brindam
os políticos não é por ganância e/ou vaidade? Alguém ousaria negar que o poder não sublima o
que temos de pior em nós, por isso todos os presidentes após o regime militar têm suspeitas de
corrupção e foram eternos vaidosos no poder, sem falar de seus ministros?
Na contramão dessas vertentes humanamente rasteiras e incivilizadas está o COLETIVISMO, algo
que europeus e alguns asiáticos descobriram depois de guerras. Por isso o que se valoriza lá é o
público e não o individual, ao contrário de nós e de nossa esperança de sermos superiores a iguais
a nós. Para aqueles que acreditam no COLETIVISMO, ser superior é ter à disposição serviços
públicos, como saúde, educação, previdência, zeladoria, cultura e lazer de qualidade, não o que o
nosso dinheiro suado e insuficiente pode pagar de melhor. Essa é nossa grande diferença com o
mundo civilizado: eles exigem que o público seja superior para todos e nós queremos ser ricos para
poder pagar o que os outros não tem. Não temos ainda a consciência de sociedade, muito menos
de Nação. E é por isso que os políticos, os gananciosos e vaidosos de sempre, nos impingem planos
de saúde, escolas caras, planos de previdência privada, segurança particular, condomínios fechados,
carros blindados e etc.
Afinal de contas, que país é este que construímos para o futuro de nossos familiares, já que não
ouso dizer para nossos vizinhos e amigos, se é que me entendem? É explícita a covardia com que
nos tratam como brasileiros, esses, os vaidosos e os gananciosos. Até mesmo os menos abastados
chamam-nos de “pobres”, não de brasileiros, porque eles nos veem assim. Esses gananciosos
deveriam atuar com a vaidade direcionada para que todos pudessem sair das favelas e ir para uma
casa digna, ter ensino e saúde de qualidade, segurança pública e não de traficantes, ou seja, um país
que enxergasse a todos de forma igualitária e coletiva. Mas ao contrário do que pensamos, eles não
possuem a visão distorcida, mas o caráter.
Nos juntam em cidades-dormitórios contra nossa própria vontade, enquanto tomam nossos sítios
e fazendas, e nos obrigam a pagar caro o que quase de graça colhíamos. Fazem-nos pagar por um
ensino que nada irá nos trazer senão a submissão classista, nada mais. Somos escravos sim!
Continuamos a ser, da vaidade e da ganância de muitos que chamamos de brasileiros, mas que não
nos consideram iguais. Cada um de nós significa apenas um voto e uma fonte pagadora de impostos,
um pequeno tijolo que sustenta mansões, litros de combustível especial para iates e carros
esportivos. Aliás, vimos muitos desses bens serem apreendidos pela Polícia Federal dos políticos
famosos presos, que nós fizemos vaidosos e gananciosos.
Um povo só alcança seu status de coletividade quando pensa como alguém que precisa ser apenas
um no meio de tantos, mas indiscutivelmente importante para o todo. Somente assim faremos deste
um país de verdade e uma Nação com futuro. Assim foi feito na história, em todas as revoluções,
e somente assim conseguiremos ser livres de verdade.
E aos que atentam hoje contra um povo e se servem da política como forma de atender às suas
vaidades e ganâncias, a cadeia ou mesmo a forca, que é como devem morrer, não como vingança,
mas como Justiça Coletiva, os que fizeram de seus sonhos o pesadelo de milhões. Devem ser
esquecidos e relegados ao ostracismo, que cai bem aos apátridas.

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