Você está na página 1de 8

PROVA DE CARGA EM UMA ESTACA HÉLICE CONTÍNUA EM SOLO RESIDUAL DE

MICAXISTO

Maurício M. Sales1; Flávio R. L. Cunha 2; Ricardo T. Pacheco 2; Antônio L. E. Fonseca3 & Sérgio V.
Fleury 4

RESUMO - O presente artigo relata os resultados obtidos em uma prova de carga de uma estaca hélice de diâmetro de
30cm e 16,5m de comprimento, realizada na cidade de Goiânia-GO. O perfil de solo predominante na região mais
povoada da cidade é constituído por uma camada superficial transportada, laterizada e com textura argilosa. Sob esta
camada, encontra-se um manto de solo residual de micaxisto com algumas intrusões de quartzitos. O comportamento
deste solo residual, principalmente pelo alto teor de mica, vem despertando grande interesse da comunidade geotécnica
local. O artigo relata o comportamento carga-recalque da estaca-teste durante o desenvolvimento da prova de carga,
através de carregamento lento, bem como a interação em outras três estacas próximas. Os resultados de campo são
comparados com alguns métodos clássicos de previsão de recalques e carga última do sistema estaca/solo. Face ao
caráter pioneiro do teste na região, o presente artigo tem a pretensão de apenas apontar alguns aspectos preliminares do
comportamento deste tipo de estaca no solo em questão, incentivando, desta forma, a realização de muitos outros testes
a fim de consolidar a experiência regional.

ABSTRACT – This paper presents the field loading test results of a continuous flight auger pile with diameter of 30cm
and length of 16,5m. This test was carried out at Goiânia – GO. A superficial transported and lateritic clayey layer
composes the most common soil profile in the region. Under this layer, it can be found a deep residual soil of mica shist
with some quartz rock intrusions. The behaviour of this residual soil, especially by the high mica content, has been
developing a great interest on the local geotechnical society. The paper shows the test-pile settlement-load behaviour in
a slow maintained load test, as well the interaction with other three close piles. The test data are compared with some
classical methods of settlement and ultimate load predictions of the soil/pile system. Due the test pioneer condition, the
present paper only aim to point out some preliminary behaviour aspects of this kind of pile on the specific soil,
expecting that many other future tests could be carried out to consolidate the local experience.

PALAVRAS-CHAVE – Estaca Hélice Contínua, Prova de Carga, Solo Residual

INTRODUÇÃO
As estacas do tipo hélice contínua começaram a ser empregadas no Brasil a partir do final da década 80 [1], e
nos últimos anos esta solução tem sido cada vez mais empregada, disputando a fatia de fundações profundas em todo o
Brasil. Na cidade de Goiânia, as primeiras fundações com estacas do tipo hélice contínua foram executadas em 2001.
Por se tratar de um novo processo executivo, em um perfil de solo residual, heterogêneo e anisotrópico por
natureza, ainda pouco estudado, foi realizada uma prova de carga pioneira em uma estaca com diâmetro de 30cm e
comprimento de 16,5m, a fim de avaliar a capacidade de previsão da resposta carga-recalque e carga última de alguns
métodos correntes neste perfil de solo. Os resultados foram comparados, em termos de capacidade de carga, com as
previsões dos métodos de Aoki-Velloso [2], Décourt-Quaresma [3], Antunes e Cabral [4] e Alonso [5]. Para a previsão
dos recalques foram utilizados os métodos de Poulos e Davis [6] e Randolph e Wroth [7].
Além do monitoramento da estaca carregada verticalmente, registrou-se o recalque em outras três estacas
próximas para comparar com algumas metodologias de cálculo dos “fatores de interação” empregados na previsão de
comportamento de grupos de estacas.
Face ao caráter pioneiro do teste, o presente artigo tem a pretensão de apenas apontar alguns aspectos
preliminares do comportamento deste tipo de estaca no solo em questão, incentivando, desta forma, a realização de
muitos outros testes a fim de consolidar a experiência regional.

1
Professor Adjunto; Escola de Engenharia Civil; Universidade Federal de Goiás; Praça Universitária, s/n; 74605-220;
Goiânia; GO; Brasil.
2
Mestrando em Engenharia Civil; Curso de Mestrado em Engenharia Civil; Escola de Engenharia Civil; Universidade
Federal de Goiás; Praça Universitária, s/n; 74605-220; Goiânia; GO; Brasil.
3
Engenheiro Civil; SETE – Serviços Técnicos de Engenharia Ltda; Rua 221- no 267 – Setor Universitário; 74603-150;
Goiânia; GO; Brasil.
4
Mestre em Engenharia Civil; FURNAS Centrais Elétricas S.A.; BR-153 km 1290; 74923-650; Aparecida de Goiânia;
GO; Brasil.
DESCRIÇÃO DO LOCAL
A obra onde realizou-se a prova de carga está situada na região sudeste do município de Goiânia, próximo ao
Estádio Serra Dourada. Assim como toda a parte centro-sul da cidade, o solo local é constituído por uma camada
superficial transportada, laterizada, com textura variando entre uma argila arenosa e argila siltosa. Sob esta camada,
encontra-se uma transição do solo transportado e o topo da camada residual com textura silto-argilosa, com presença de
grãos e pedregulhos de quartzo. A camada inferior é resultante da alteração da rocha local, proveniente de um intenso
metamorfismo, onde predominam os micaxistos associados a algumas intrusões de quartzitos com espessuras que
variam de alguns centímetros a vários decímetros.
Na obra foram feitos quatro furos de sondagem do tipo SPT, após uma escavação média de 1,5m, para se atingir
a cota do sub-solo. A Tabela 1 sintetiza os resultados obtidos nestes furos. Observa-se que nos dois metros superiores
predominam os solos transportados. Entre as cotas de 3 – 6m encontra-se uma transição da camada transportada para a
residual, com a presença de pedregulhos de quartzo. Abaixo dos 6m, predominantemente, pode-se observar a presença
da camada siltosa e muito micácea, com coloração variando entre o rosa e variegado, proveniente da alteração do
micaxisto. O nível do lençol freático medido entre os meses de junho a outubro/2001 (final da estação seca local) variou
entre 2,5 a 3,0m abaixo da cota do fundo da escavação.
Em termos de número de golpes dos ensaios SPT, observa-se na Tabela 1 um crescimento nos primeiros quatro
metros, seguidos de uma faixa de oito metros com o NSPT variando entre 16-19. A partir dos 13m, volta-se a observar
um crescimento da resistência da camada, atingindo o impenetrável à cravação em torno dos 17m.

Tabela 1. Resumo dos Ensaios de SPT realizados no local da prova de carga


Prof. (m) SPT 1 SPT 2 SPT 3 SPT 4 Média
1 4 4 4 2 3,5
2 7 7 7 4 6,3
3 5 9 12 14 10,0
4 9 12 13 16 12,5
5 17 13 17 18 16,3
6 22 13 15 15 16,3
7 16 16 15 15 15,5
8 14 14 16 20 16,0
9 12 14 16 18 15,0
10 14 16 14 24 17,0
11 16 19 17 21 18,3
12 18 19 21 16 18,5
13 27 24 16 26 23,3
14 29 38 18 31 29,0
15 42/10 40/10 38/10 40/10 50,0
16 45/5 42/5 20/3 45/10 50,0
17 45/5 40/5 --- 30/5 50,0

Argila siltosa Transição silto- Silte Argiloso,


marrom argilosa c/ pedregulho micáceo, residual

PROVA DE CARGA REALIZADA


A estaca executada para teste localizava-se bem próximo ao furo SPT-3. O diâmetro da estaca-teste era de 30cm
e profundidade de 16,5m, obtida do monitoramento da execução da mesma. O concreto empregado possuía resistência
característica de 20 MPa e slump de 22 ± 2.
O sistema de reação empregado era constituído por dois tubulões de 3m de profundidade, 2,90m de diâmetro de
base e distantes 5,5m um do outro. Os tubulões foram interligados por uma viga metálica em perfil “I”, de grande
inércia, reforçada nos três metros centrais. A interligação do tubulão à viga foi feita através do prolongamento da
ferragem de tração dos tubulões, cujas barras foram soldadas entre si, envolvendo a viga de reação. A Figura 1
apresenta uma foto da montagem da prova de carga.
A aplicação da carga foi feita com um macaco hidráulico com capacidade máxima de 1500 kN, entretanto
monitorando o valor real da carga através de uma célula de carga pré-calibrada.
Os deslocamentos da estaca-teste foram medidos através de três extensômetros mecânicos, dispostos
simetricamente sobre uma espessa chapa metálica colocada na cabeça da estaca. Estes extensômetros possuíam um
curso máximo de 50mm e precisão de 0,01mm.
As três estacas, próximas à estaca-teste, para o monitoramento do fator de influência de recalque, possuíam um
diâmetro de 50cm e o mesmo comprimento, aproximadamente. Os recalques destas estacas foram monitorados com
extensômetros posicionados no centro de cada estaca.
A execução da prova de carga seguiu os procedimentos sugeridos pela NBR 12131 [8] para “carregamento
lento”. A prova de carga pretendia alcançar duas vezes o valor adotado para o projeto, que era de 390 kN, e foi
programada para atingir 800 kN com acréscimos de 50 kN em cada etapa de carregamento. Atingido o valor máximo de
800 kN, esperou-se um tempo de 12h monitorando-se os recalques. O descarregamento foi feito em 6 etapas de
decréscimos similares de carga.

Figura 1. Detalhe da montagem da prova de carga.

ANÁLISE DOS RESULTADOS DA ESTACA-TESTE

Capacidade de carga

A Figura 2 apresenta a curva carga-recalque obtida na prova de carga para a estaca-teste. Até 500 kN o
comportamento foi aproximadamente linear, quando então observa-se o início da caracterização de uma resposta carga-
recalque não-linear, embora não tendo caracterizado perfeitamente a ruptura do sistema estaca/solo.

carga (kN)

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900


0

6
recalque (mm)

10

Figura 2. Curva carga-recalque obtida na prova de carga da estaca hélice contínua (D=300mm e L=16,5m).

Em função da forma da curva apresentada na Figura 2, foram utilizados três métodos para a extrapolação da
carga de ruptura a partir dos dados medidos.
O primeiro, o método de Van der Veen [9], que é um dos mais empregados em todo o mundo como ajuste de
curva quando já se evidencia a não linearidade da mesma. Por se tratar de um ajuste exponencial, tende a previsões de
valores inferiores de carga última.
O segundo método empregado foi o de Chin [10], que propôs um ajuste hiperbólico para a curva carga-recalque.
Este método tende a prever valores de carga máxima superiores aos do método anterior.
O terceiro e último método empregado foi o da norma brasileira NBR 6122 [11], que arbitra a carga máxima de
uma estaca como função de seu diâmetro e do encurtamento elástico da mesma quando carregada.
A Figura 3 traz a comparação das três curvas com os valores encontrados no teste. Para efeito das análises
posteriores, optou-se por considerar como carga última a faixa de carga resultante da combinação dos três métodos, ou
seja, a faixa entre 890 e 970 kN. Para das comparações seguintes, adotar-se-á a carga de 930 kN como valor da carga
última obtida no ensaio.

carga (kN)
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
0

10

15
recalque (mm)

teste
20 Van der Veen
Chin
NBR-6122
25

Figura 3. Comparação de diferentes métodos de previsão da carga última da prova de carga realizada.

A Tabela 2 apresenta a comparação dos valores de carga última prevista por alguns métodos com o valor obtido
no teste. Nesta tabela PL é a parcela de atrito lateral, PP a parcela de ponta e Pult a carga última prevista. Utilizaram-se os
valores de NSPT do furo 3, pela proximidade ao local do ensaio, ainda que com o uso dos valores médios se chegaria a
resultados muito próximos aos apresentados na Tabela 2. Foram empregados os seguintes métodos:
a) Aoki-Velloso: este método não possui parâmetros específicos para estaca hélice, em função de seu ano de
publicação. Portanto foram apresentados os valores extremos para uma estaca escavada (F1=3,0 e F2=6,0) e
para uma estaca de deslocamento (F1=1,75 e F2=3,5);
b) Décourt-Quaresma: neste cálculo os valores de NSPT foram limitados em 15 para o cálculo de atrito lateral
(similar a uma estaca escavada) e adotaram-se os parâmetros “α = 0,3” e “β = 1,0”, sugeridos por [12] para
estacas hélice;
c) Antunes e Cabral: neste método os autores apresentam faixas para os parâmetros de atrito lateral e ponta. Na
Tabela 2 são apresentados os cálculos com os dois valores extremos das faixas apresentadas;
d) Alonso: foram empregadas as correlações sugeridas por este autor para transformar valores de torque em
NSPT (rl = 0,65 N/0,18), já que o método original foi baseado em medidas de torque.

Tabela 2. Comparação dos valores previstos para carga última por vários métodos, baseados nos valores de NSPT.
Pult
Método PL (kN) PP (kN) Pult (kN)
(previsto/medido)
Aoki-Velloso (estaca escavada) 403 271 674 72 %
Aoki-Velloso (estaca de deslocamento) 690 464 1154 124 %
Décourt-Quaresma 847 212 1059 114 %
Antunes e Cabral (valores mínimos) 729 283 1012 109 %
Antunes e Cabral (valores máximos) 1076 283 1359 146 %
Alonso 1110 265 1375 148 %
Pode-se observar na Tabela 2 que:
- a utilização de um método não calibrado para estaca hélice, como o de Aoki-Velloso, usando parâmetros
específico para estacas escavadas, subestimou bastante o resultado encontrado. Para uma maior
concordância deveria se adotar parâmetros F1 e F2 intermediários entre estacas escavadas e cravadas;
- todos os métodos específicos para estacas hélice contínua superestimaram o resultado da prova de carga. A
maior concordância ficou com os métodos de Décourt-Quaresma (modificado) e Antunes e Cabral com os
limites inferiores para os parâmetros β1 e β2 ;
- o método de Alonso resultou na maior discrepância dentre as comparações, superestimando em quase 50% o
valor da carga última.

Recalques

A fim de avaliar a capacidade de previsão dos recalques, principalmente para baixos valores de carga, foram
empregadas as formulações propostas por [6] e [7]. Em ambos os métodos há a necessidade de se estimar os parâmetros
elásticos equivalentes ao longo do fuste e ponta da estacas.
Para a estimativa do módulo elástico unidimensional (E) empregou-se a sugestão de [13], onde sugere-se uma
relação “E/NSPT” entre 2 e 3. No presente artigo adotou-se o valor médio de E/NSPT =2,5. Esta relação mostrou boa
aproximação com valores determinados em laboratório e pelo DMT, em testes realizados numa outra área num perfil
semelhante na mesma formação do micaxisto [14].
Para o cálculo do NSPT médio ao longo do fuste empregou-se a média ponderada dos valores do furo SPT3. Um
valor próximo seria obtido caso se adotasse os valores médios dos quatro furos realizados. Na região da ponta, limitou-
se o valor do NSPT em 50. Como valor médio para o coeficiente de Poisson (ν) usou-se o valor de 0,35, que é bastante
razoável para um silte saturado, mesmo porque tal parâmetro pouco influi no recalque de uma estaca carregada
verticalmente. Desta forma foram utilizados os seguintes valores:

NSPT (fuste) = 20 E = 50 MPa.


NSPT (ponta) = 50 E = 125 MPa.
ν = 0,35

A Figura 4 apresenta a comparação entre os valores previstos por estes métodos e os obtidos no teste. Observa-se
que ambos os métodos conseguiram uma razoável precisão do recalque observado para a faixa de 0 – 550 kN (≈ 60% da
carga última). O método de Poulos e Davis [6] apresentou resultados um pouco mais próximos dos valores medidos.

carga (kN)
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
0
Poulos & Davis

Randolph & Wroth


2
Teste

6
recalque (mm)

10

Figura 4. Comparação das previsões de recalque para a estaca-teste.


RECALQUES INDUZIDOS NAS ESTACAS VIZINHAS
Outras três estacas foram executadas próximo à estaca-teste, com mesmo comprimento e diâmetro de 50cm que
formavam um bloco para suportar um pilar da edificação. O posicionamento destas estacas em relação à estaca
carregada pode ser visto no esquema da Figura 5. Durante o transcorrer da prova de carga mediu-se, também, o recalque
nestas três estacas vizinhas a fim de se avaliar o recalque induzido nas proximidades da estaca carregada. Estes valores
foram muito baixos e estão apresentados na Figura 6.

estaca 2
estaca 1 - teste
1,3 m

estaca 3

2,4 m

1,5 m

estaca 4 1,3 m

Figura 5. Posicionamento das estacas vizinhas à estaca-teste.

-0,2

Estaca 2
-0,15
Estaca 3

-0,1 Estaca 4

-0,05

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900


0 Carga (kN)

0,05
Recalque (mm)

0,1

0,15

0,2

Figura 6. Recalque induzido nas estacas vizinhas.

Na Figura 6 nota-se que, durante os estágios de carregamento, os recalques nas estacas vizinhas, medidos no
final da fase de estabilização dos recalques da estaca-teste (período inferior a 90 minutos), foram muito pequenos e
negativos. Uma provável razão para tanto deve ser fruto do empuxo hidrostático causado nas estacas vizinhas em
função da poro-pressão gerada com o carregamento. Na fase final da prova de carga, quando se esperou 12 horas sob
carga constante, os valores dos recalques tornaram-se positivos, mais ainda com valores muito pequenos. A inversão do
sinal só ocorreu após 6 horas de espera, indicando uma grande lentidão na dissipação da poro-pressão, fruto de uma
baixa permeabilidade do solo residual.
As previsões dos recalques das três estacas próximas foram feitas utilizando equações de fatores de interação
(recalque da estaca vizinha/recalque da estaca carregada) citados por [6] e [15], empregando-se os parâmetros elásticos
médios, anteriormente mencionados.
A Tabela 3 compara os valores previstos com os recalques finais medidos após 12 horas de manutenção da carga
máxima. Nota-se que o recalque das estacas ficou muito aquém do esperado, indicando que o processo de interação foi
pouco relevante.
Resultados tão pequenos de interação indicam que a metodologia elástica não se mostrou adequada para tal tipo
de solo. Uma das possíveis explicações pode estar na estrutura do solo que é extremamente anisotrópica, heterogênea e
com diversos planos de xistosidade, resultando numa baixa transmissão de esforços para zonas mais distantes da
interface estaca/solo. Uma conseqüência deste fato é que o recalque dos blocos sobre várias estacas será bem menor do
que a previsão clássica da Teoria da Elasticidade onde se superpõem campos de deformação (ver [6]).

Tabela 3. Comparação dos valores previstos e medidos de recalque das estacas vizinhas à estaca teste.
Valor Medido ν = 0,35 ν = 0,10
Estaca
(mm) Poulos & Davis Randolph & Wroth Poulos & Davis Randolph & Wroth
2 0,05 1,422 2,094 1,319 1,960
3 0,05 1,003 1,593 0,953 1,491
4 0,09 1,320 1,981 1,231 1,854

CONCLUSÕES
O presente trabalho apresentou a análise dos resultados de uma prova de carga em uma estaca de hélice contínua
inserida em um solo residual de micaxisto, na cidade de Goiânia-GO.
Para a previsão da carga última os métodos que mais se aproximaram foram Décourt-Quaresma (modificado em
96) e de Antunes e Cabral, com os valores inferiores dos parâmetros propostos. No teste em questão a metodologia de
Alonso superestimou a carga última em 72 %.
A previsão da resposta carga-recalque, utilizando métodos elásticos como o de Poulos e Davis foi bastante
satisfatória.
Em termos de interação com estacas próximas, as discrepâncias entre previsões elásticas e os valores medidos
foram grandes. Os resultados medidos apontaram uma menor interação entre estacas próximas neste tipo de solo.
Extrapolando este fato, isto implicaria em recalques menores para os grupos de estacas do que os usualmente previstos.
Ressalta-se, mais uma vez, que o caráter pioneiro do teste apresentado não permite a generalização dos
resultados apontados, mas chama a atenção para a necessidade de maior investigação na região, a fim de se criar um
futuro banco de dados consistente, permitindo previsões mais aproximadas do desempenho de estacas hélice na região
de Goiânia.

AGRADECIMENTOS

Os autores gostariam de agradecer:


- à empresa LUPIEN pela permissão de publicação das análises apresentadas;
- à empresa SETE – Serviços Técnicos Ltda. por todo o apoio na montagem e logística da prova de carga;
- à empresa GEOSERV – Serviços de Geotecnia e Construção Ltda. pelo empréstimo da viga de reação;
- a FURNAS – Centrais Elétricas S.A. pelo constante apoio ao CMEC - Curso de Mestrado em Engenharia
Civil da UFG;
- a muitos outros alunos do CMEC/UFG, pela incansável colaboração nos trabalhos de campo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ALONSO, U.R. Reavaliação do método de capacidade de carga de Estacas Hélice Contínua proposto por Alonso
em 96 para duas regiões geotécnicas distintas. SEFE-IV – Seminário de Engenharia de Fundações Especiais e
Geotecnia, São Paulo, vol. 2, p. 425-429. 2000.
[2] AOKI, N. & VELLOSO, D.A. An approximate method to estimate the bearing capacity of piles. Proc. of V Pan-
american Conf. On Soil Mechanics and Foundation Engineering, Buenos Aires. vol. 1, p. 367-376. 1975.
[3] DÉCOURT, L. & QUARESMA, A.R. Capacidade de carga de estacas a partir dos valores de SPT. Anais do VI
COBRAMSEG. Rio de Janeiro. vol. 1, p.45-53. 1978.
[4] ANTUNES, W.R. & CABRAL, D.A. Capacidade de carga de estacas hélice contínua. SEFE-III – Seminário de
Engenharia de Fundações Especiais e Geotecnia, São Paulo, vol. 2, p. 105-109. 1996.
[5] ALONSO, U.R. Estacas hélice contínua com monitoração eletrônica – Previsão da capacidade de carga através
do ensaio SPT-T. SEFE-III – Seminário de Engenharia de Fundações Especiais e Geotecnia, São Paulo, vol. 2,
p. 141-151. 1996.
[6] POULOS, H.G. & DAVIS, E.H. Pile foundation – Analysis and design. Ed. John Willey and Sons, New York.
397 p. 1980
[7] RANDOLPH, M.F. & WROTH, C.P. Analysis of the deformation of vertically loaded piles. Journal of Geot.
Eng. Division. ASCE, vol. 104, n.GT12, p.1465-1488. 1978.
[8] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12131 – Estacas : Prova de carga estática;
procedimento. Rio de Janeiro. 1992.
[9] VAN DER VEEN, C. The bearing capacity of a pile. Proc. of the 3rd Inter. Conf. on Soil Mechanics. and
Foundation. Eng. Switzerland. 1953.
[10] CHIN, F.K. Estimation of the ultimate load of piles from tests not carried to failure. Proc. of the 2nd South-East
Asia Conf. on Soil Eng. p. 81-90. 1970.
[11] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR6122 - Projeto e execução de fundações, São
Paulo. 1996.
[12] DÉCOURT, L. Análise e projeto de fundações profundas – Estacas. In: HACHICH, W. et al. (Editores).
Fundações – Teoria e prática. Ed. Pini. São Paulo. 751 p. 1996.
[13] DÉCOURT, L. The standard penetration test – State of the art report. Proc. 12th International Conference on Soil
Mechanics and Foundation. vol. 4. Rio de Janeiro. p. 2405-2416. 1989.
[14] PALOCCI, A., FLEURY, S.V. & OLIVEIRA, D.M. Ensaios dilatométricos em um solo residual de micaxisto.
SEFE-IV – Seminário de Engenharia de Fundações Especiais e Geotecnia, São Paulo, vol. 3, p. 238-244. 2000.
[15] RANDOLPH, M.F. & WROTH, C.P. An analysis of the vertical of pile groups. Geotechnique. vol. 29, n.4,
p.423

Você também pode gostar