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PETRÓLEO, NOVAS TÉCNICAS DE EXPLORAÇÃO

PODEM POLUIR NOSSOS MANANCIAIS ?


Gilmar Ualt Nobre
Prof. André Gregorski
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Licenciatura em Geografia (GED 0154) – Módulo VI
07/06/2016

RESUMO

Imagine-se numa viagem, quilômetros e quilômetros já foram percorridos, porém quase ao final
você é surpreendido pela falta de combustível para concluir seu objetivo, seja de férias ou a
trabalho o deslocamento atualmente necessita de uma fonte energética que garanta a conclusão de
seu percurso, dentre os diversos combustíveis existentes o petróleo ainda é de longe o mais
utilizado, porém as reservas não são infinitas e muitos estudiosos já veem um horizonte nebuloso
quanto ao destino da humanidade sem o uso do petróleo. Com esta incerteza, ou pelo menos a
certeza do fim deste combustível fóssil, a humanidade depara-se com uma decisão que poderá
alterar drasticamente seu modo de vida e quem sabe até mesmo sua existência, trata-se do uso de
rochas metamórficas que contém petróleo na sua composição, seu processo de extração
atualmente, além de ser extremamente poluente utiliza o bem mais precioso depois do ar, ou seja, a
água.

Palavras-chave: Petróleo, Extração, Água.

1 PETRÓLEO, O COMBUSTÍVEL DA VIDA MODERNA

O petróleo é uma mistura complexa de hidrocarbonetos, sua origem geológica tem duas
teorias, a biogênica e a abiogênica, esta última estudiosos do continente oriental, especialmente os
russos, acreditam que os hidrocarbonetos são gerados em grandes profundidades e deslocam para
níveis próximos a superfície devido a movimentação das rochas continentais, o processo químico
sob uma faixa de temperatura utilizando oxigênio, metano e hidrogênio foi demonstrado no
processo Fischer-Tropsch, o qual é utilizado até hoje em escala comercial. Na Rússia há poços
perfurados que ultrapassam 40.000 pés (12000 metros), o petróleo e gás formado no processo
biogênico nesta profundidade sofreria ação da gravidade e subiria para superfície facilmente,
portanto a teoria abiogênica sugere que os hidrocarbonetos sejam contaminados durante sua
migração das profundezas para superfície, com isso o suprimento seria sob o ponto de vista do
tempo geológico muito maior do que o sugerido na teoria biogênica.

A teoria biogênica sugere que os detritos orgânicos soterrados nos diversos períodos
geológicos expostos a temperaturas e pressão constantes produzam o querogênio, o qual seria a base
de todos os hidrocarbonetos e enfim do petróleo extraído nos dias de hoje, o processo de conversão
da matéria orgânica em petróleo se daria então em três etapas, sendo diagênese (decomposição
bioquímica da matéria orgânica), catagênese (craqueamento pelo aumento de pressão) e metagênese
(formação final do óleo e gás natural do processo), assim as reservas naturais de petróleo seriam
então finitas e resultantes de um processo geológico lento que em comparação com a idade
geológica humana não poderia se repetir com a mesma velocidade com que estamos consumindo as
reservas.

Comparando as duas teorias, usando as informações disponíveis na mídia eletrônica, vemos


que os hidrocarbonetos naturais são formados no interior da terra sob grandes pressões e
profundidades (150 km aprox) e chegam as zonas de menor pressão (superfície) trazidos por
processos geológicos, já os hidrocarbonetos orgânicos são formados pelo processo bacteriológico da
decomposição, nos dois casos o tempo geológico ainda é acentuadamente grande para que a geração
humana possa aguardar novos suprimentos sem acabar com os atuais. O homem moderno está mais
dependente deste combustível do que na antiguidade, diversos produtos e subprodutos usam o
petróleo como matéria prima, o uso racional e a constante pesquisa de consumo mais eficiente
poderá trazer uma sobrevidando modo moderno deste estilo de vida.

Dados estatísticos disponíveis no site da Central de Inteligência Americana (CIA) indicam


que o Brasil em 2014 estava na 13° (décima terceira) posição na exploração (produção) de óleo cru,
na 9° (nona) posição em produção de produtos refinados de petróleo e na 6° posição mundial no
consumo de produtos refinados de petróleo; A exploração e consumo de gás natural também pode
ser observada no mesmo site e que indica o Brasil na 30° (trigésima) posição em produção de gás e
na 25° (vigésima quinta) no consumo deste tipo de combustível, as reservas de óleo cru e gás
também posicionam o Brasil em 15° (décimo quinto) e 35° (trigésimo quinto) respectivamente,
vemos rapidamente que o Brasil consome mais do que produz e sua atividade de exploração está
mais voltada ao óleo cru do que ao gás natural.

No mesmo site verificamos que o Brasil estava em 2010 na 4° (quarta) posição, quando
comparado à outros países, ao que se refere ao comprimento total da rede rodoviária, considerando
rodovias pavimentadas e não pavimentadas, na 3° (terceira) posição em 2012 em referencia ao
comprimento total de rios navegáveis, canais e outros corpos de água, também na 2° (segunda)
posição em 2013 ao que se refere ao número total de aeroportos ou aeródromos pavimentados ou
não, incluindo instalações fechadas ou abandonadas reconhecíveis a partir do ar, já nas ferrovias o
Brasil quando comparado à outros países está classificado na posição 11° (décima primeira) em
2014, considerando a rede total da malha ferroviária; Nesta análise observamos que o pais usa o
modal rodoviário para seu deslocamento interno, possuindo ainda uma das maiores extensões de
rios navegáveis do mundo e sobre os aeroportos e aeródromos o Brasil também tem uma grande
demanda neste tipo de modal, enfim em todos estes o combustível necessita refino a partir do
petróleo.

2 A EXPLORAÇÃO NACIONAL DO PETRÓLEO

Na década de 50 a empresa Petróleo Brasileiro – PETROBRAS foi criada após inúmeras


campanhas populares nas quais o slogan “o petróleo é nosso” era utilizado para simbolizar que a
exploração dos hidrocarbonetos deveria pertencer ao povo brasileiro e não à iniciativa privada
estrangeira, Getúlio Vargas ao sancionar o texto da lei de criação da Cia explanou: “É, portanto,
com satisfação e orgulho patriótico que hoje sancionei o texto de lei aprovado pelo poder
legislativo, que constitui novo marco da nossa independência econômica”.

Daquele momento histórico até os dias de hoje a Petrobrás teve uma evolução significativa
no cenário mundial, inúmeras tecnologias foram desenvolvidas para a exploração do petróleo em
águas profundas, patentes e inovações tecnológicas já fazem parte da história do petróleo, o Brasil
é reconhecido por sua política de proteção e preservação do meio ambiente oriunda da exploração
deste recurso natural, a preocupação com o legado às próximas gerações é um dos pilares da Cia, a
expertise da Petrobras em seu processo de exploração procura sempre poluir o menos possível,
embora em sua história alguns acidentes aconteceram estes foram usados para depurar e intensificar
os processos envolvidos no negócio. A exploração do petróleo em nosso pais é maior na área de
oceano, a marítima, já a exploração terrestre localiza-se nos estados de Espírito santo, Bahia,
Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará e Amazonas, este tipo de exploração, a terrestre,
utiliza as mesmas técnicas da exploração marítima, ou seja, o poço de petróleo recém perfurado
possui uma pressão de subida do óleo correlacionada ao gás natural presente no poço, com o devido
tempo de exploração o poço perde pressão e o óleo não sobe para a superfície com a mesma fluidez
do início, quando isso acontece é necessário injetar água e gás para forçar a saída do óleo, as
informações abaixo foram coletadas no site da Petrobras e auxilia a compreensão do que
explanamos acima.

Conheça as principais diferenças entre os poços:

a) Poço pioneiro: é o primeiro poço perfurado quando buscamos petróleo e/ou gás natural;

b) Poço estratigráfico: fazemos esse tipo de perfuração para mapear dados geológicos das
camadas de rocha e obter outras informações relevantes;

c) Poço de extensão ou delimitatório: esse tipo de poço é perfurado quando queremos


ampliar ou demarcar os limites de uma jazida;

d) Poço pioneiro adjacente: perfuração que fazemos para descobrir novas jazidas em uma
área adjacente a uma descoberta anterior;
e) Poço para jazida mais rasa: quando queremos testar se existem jazidas mais rasas do que
as já descobertas numa determinada área;

f) Poço para jazida mais profunda: quando queremos testar se existem jazidas mais
profundas do que as já descobertas numa determinada área;

Depois de todas as pesquisas e testes exploratórios nos poços pioneiros e adjacentes,


quando nos certificamos de que uma descoberta tem viabilidade econômica, passamos para
os seguintes tipos de poços:

g) Poço de produção ou desenvolvimento: é com esse tipo de poço que drenamos o petróleo
de um campo;

h) Poço de injeção ou injetor: para aumentar ou melhorar a recuperação de petróleo e gás


natural de um reservatório, injetamos fluidos como água e gás.

i) Poço especial: para quaisquer outros tipos de poço.

A figura a seguir esclarece a explanação acima.

FIGURA 1 – POÇO PRODUTOR E POÇO


Fonte:
http://www.petrobras.com.br/data/files/FE/51/FB/E7/6B59C410F3A410C446CD61A8/poco-
injetor-produtor.jpg
A injeção de fluidos nos poços para aumentar a recuperação do óleo é comumente utilizada
por todos os países produtores de petróleo, o poço maduro é aquele em que a produção declinou a
níveis bastante baixos e necessitam de artifícios técnicos para a recuperação do óleo incrustado nas
rochas, as condições geológicas de formação da rocha reservatório são estudadas criteriosamente
para determinar o tipo de injeção mais adequada a cada poço de petróleo, a porosidade1 e a
permeabilidade2 são consideradas para uma melhor solução, o gráfico com o tempo de
utilização/exploração de um poço de petróleo segue abaixo:

FIGURA 2 – FASES NA VIDA DE UM CAMPO

Os métodos de recuperação do petróleo seguem em três momentos distintos, sendo primário,


secundário e terciário, o método de recuperação primário é aquele que aproveita a energia natural
do reservatório, a pressão do gás e da água existente no reservatório garante a expulsão do petróleo
até o declínio natural. A recuperação secundaria do petróleo no reservatório utiliza a injeção de
água e gás pelo poço injetor, com isso o óleo mais espesso é extraído com mais facilidade, já a
recuperação terciaria usa técnicas que usam métodos físicos, químicos, biológicos e miscíveis, as
figuras a seguir ilustram os métodos de recuperação terciária:

1
Porosidade de uma rocha: capacidade de acumular fluidos.
2
Permeabilidade de uma rocha: capacidade de escoar fluidos.
FIGURA 3 – RECUPERAÇÃO TERCIARIA POR INJEÇÃO DE VAPOR

FIGURA 4 – RECUPERAÇÃO TERCIARIA POR INJEÇÃO DE GÁS MISCIVEL


FIGURA 5 – RECUPERAÇÃO TERCIARIA POR INJEÇÃO DE MICRORGANISMOS

TÉCNICA DE RECUPERAÇÃO TERCIÁRIA EM RESERVATÓRIOS DE PTERÓLEO –


FRATURAMENTO HIDRAULICO

Nas diversas literaturas disponíveis em sites relacionados à recuperação do petróleo vimos


que as técnicas usadas na recuperação ficam mais agressivas a medida que o reservatório decaí de
produção, na recuperação terciária em que utiliza-se microrganismos há inúmeros equipamentos e a
probabilidade de acidentes ambientais graves aumenta, muito embora a Petrobras possua um
programa de segurança bastante efetivo nesta área o risco ainda é alto, mas uma técnica de
recuperação terciaria que precisa de nossa atenção é o fraturamento hidráulico, a técnica consiste na
injeção de fluidos em alta pressão, acima do suportado pelas paredes do reservatório, com isso o
óleo impregnado na rocha acaba escoando para dentro da área do reservatório em que a formação
rochosa é mais densa e então extraído. O fracking é muito utilizado nos Estados Unidos da
América, seu uso atualmente está relacionado à exploração do óleo cru nas reservas de xisto
betuminoso daquele país, as companhias petrolíferas também usam esta técnica quando o poço
produtor entra em declínio e todas as outras formas de recuperar petróleo foram esgotadas, a figura
6 ilustra a técnica, o fracking usa um volume de água considerável, em torno de 20 (vinte) milhões
de litros de água por poço explorado e outros tantos milhões de litros de produtos químicos
diversos, alguns até mesmo com potencial cancerígeno.
FIGURA 6 – FRATURAMENTO HIDRAULICO DO RESERVATÓRIO

XISTO BETUMINOSO, A NOVA FRONTEIRA DE EXPLORAÇÃO DO PETRÓLEO NO


MUNDO

As jazidas de xisto betuminoso são as próximas a serem exploradas em escala mundial, os


americanos tem desenvolvido equipamentos e técnicas de engenharia para explorar o xisto
betuminoso impregnado nas rochas, o xisto é uma rocha sedimentar rica em querogenio e substitui o
petroleo sem grandes perdas de eficiencia, o problema é que a extração do petroleo de xisto utiliza
uma gama de recursos quimicos e naturais (agua doce), além de ser poluente nas camadas de rochas
adjacentes, inúmeros casos de tremores de terra e aguas de poços artesianos foram relatados na área
de exploração do xisto betuminoso, a imagem abaixo mostra um enorme campo de exploração do
petroleo de xisto:
FIGURA 7 – CAMPO DE EXPLORAÇÃO DO GÁS DE XISTO

PETROSIX – UMA PROPOSTA BRASILEIRA NA EXPLORAÇÃO DO PETROLEO DE


XISTO

A Petrosix é uma tecnologia criada pela Petrobras para obter óleo combustível a partir do
xisto pirobetuminoso, o processo usa o minério xisto extraído de uma jazida a céu aberto e
conduzido até a unidade de processamento, ou seja, o processo é realizado em uma unidade e
diferencia-se do fracking, pois realiza o craqueamento do minerio e a transformação de subprodutos
utilizados na indústria química, como é o caso da nafta, gás natural e enxofre, não há injeção de
água e produtos químicos na jazida, a imagem do processo de extração do xisto pirobetuminoso
abaixo auxilia na compreensão da tecnologia.
FIGURA 8 – PETROSIX

LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE O USO DA TÉCNICA FRACKING

A exploração do gás de xisto foi assunto de debate na Camara de Deputados, o


PL6904/2013 de autoria do Deputado Sarney Filho (PV-MA) visa suspender por cinco anos as
atividades que utilizam o fraturamento hidráulico (fracking) para a extração do gás de folhelho, a
íntegra da lei segue abaixo:

Estabelece medidas relativas à atividade de exploração de gás de folhelho (também


conhecido como xisto).

O Congresso Nacional decreta:

Art. 1º Esta Lei estabelece medidas relativas à atividade de exploração de gás de xisto ou
gás de folhelho.

Art. 2º A exploração de gás de folhelho e a sua respectiva autorização ficam suspensas pelo
período de cinco anos.

Art. 3º No curso do período estabelecido pelo art. 2º desta Lei, o Poder Público deverá:

I - fixar modelos de procedimentos para a exploração de gás de folhelho de modo a evitar


danos ao meio ambiente e prover a segurança das pessoas que atuam na indústria;

II - proceder à revisão dos critérios vigentes para a concessão de autorizações de


exploração;
III – promover estudos para atualizar a tecnologia de exploração do gás de folhelho de
modo que seja ambientalmente sustentável e garanta a segurança dos trabalhadores que
atuam na atividade.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação oficial.

O projeto de lei está postergando a exploração do óleo e gás de xisto pelo período de 5
(cinco) anos para que haja uma reflexão da sociedade sobre o uso do fracking, porém deve haver a
contrapartida do poder publico, especificamente do poder legislativo, o qual deve desenvolver
estudos e métodos de regulação que assegurem o cumprimento do artigo 225 da Constituição
Federal brasileira, de acordo com a justificativa do PL.

https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/br.html

http://www.bp.com/en/global/corporate/energy-economics/statistical-review-of-world-
energy/natural-gas-review-by-energy-type/natural-gas-consumption.html

http://www.petrobras.com/pt/quem-somos/nossa-historia/

http://www.hotsitespetrobras.com.br/petrobrasmagazine/Edicoes/edicao56/pt/internas/sondagem-
terrestre/

http://www.indymedia.ie/fracking

https://pt.wikipedia.org/wiki/Xisto_betuminoso

http://www.geocities.ws/giovanitonel/chemical_eng_files/process_xisto.html

http://www.dangersoffracking.com/

http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/MEIO-AMBIENTE/444297-DEPUTADOS-E-
CIENTISTA-ALERTAM-PARA-RISCOS-NA-EXPLORACAO-DE-GAS-DE-XISTO.html

http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=1EDB8F8C4A01A2D2
9590D64E8C3D1BEF.proposicoesWeb1?codteor=1207610&filename=PL+6904/2013

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