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Universidade de Brasília – UnB

Centro de Educação a Distância - CEAD

MARIA DO CARMO MACHADO RIGON

MÍDIAS NA EDUCAÇÃO:
A TV DIGITAL E A CONSTRUÇÃO DE UM SABER CRÍTICO E PARTICIPATIVO

Brasília – DF
2007
1

MARIA DO CARMO MACHADO RIGON

MÍDIAS NA EDUCAÇÃO:
A TV DIGITAL E A CONSTRUÇÃO DE UM SABER CRÍTICO E PARTICIPATIVO

Trabalho de monografia, apresentado como quesito


necessário à conclusão do Curso em Pós-Graduação Lato
Sensu da Universidade de Brasília, Centro de Educação a
Distância, para obtenção do título de especialista na área de
Educação a Distância.
Orientadora: Profa. Dra. Sandra Lestinge
Co-orientadora: Profa. MSc. Laura Ferreira Macêdo

Brasília – DF

2007
2

MARIA DO CARMO MACHADO RIGON

MÍDIAS NA EDUCAÇÃO:
A TV DIGITAL E A CONSTRUÇÃO DE UM SABER CRÍTICO E PARTICIPATIVO

Este trabalho de monografia, quesito para obtenção do título de especialista na Universidade


de Brasília, área de Educação a distância, foi apreciado por uma Banca Examinadora
constituída pelos professores:

___________________________________________
Profa. Dra. Sandra Lestinge
Universidade de Brasília - UnB
Orientadora

___________________________________________
Profa. Simone aparecida Lisniowski
Examinador
3

Dedico este trabalho a todos que


acreditam na educação como a
base para encurtar os caminhos
das desigualdades.
4

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu filho e meu marido pela paciência, carinho e por terem suportado as minhas
ausências.
Aos meus pais, irmãos e a família toda pelo incentivo e apoio constantes.
Aos amigos e colegas, em especial Vania Barbosa e Lucilene Marques Martins Rodrigues que
estiveram presentes incentivando, motivando e consolidando nossa recente amizade. À
Cristiane Arakaki e Daniela Garrossini pela amizade e apoio constante.
À Orientadora Profª Sandra Lestinge e à Tutora Profª Laura Ferreira Macêdo pelas sugestões
e orientações no projeto e finalização desta monografia.
Aos entrevistados que gentilmente colaboraram para o enriquecimento deste trabalho e em
especial à Cosette Castro pela colaboração e inspiração no amadurecimento dos meus
conhecimentos e conceitos que levaram a execução e conclusão desta monografia.
Aos colegas de trabalho pelo apoio, pela colaboração e amizade, em especial ao Reinaldo
Dimon e Suhelen R. Chaves.
Aos professores, tutores e coordenação do curso que foram importantes para consolidar a base
acadêmica para o desenvolvimento desta monografia.
A TODOS MUITO OBRIGADO!
5

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo principal verificar as possibilidades de utilização dos
recursos da TV Digital para a construção de um saber crítico e participativo, focando-se
principalmente na formação de professores. O estudo considerou ações governamentais com
finalidade de inclusão social através da inclusão digital no meio educacional; a experiência
dos professores com a apropriação tecnológica; e, a expectativa governamental em relação ao
uso da TV Digital para o desenvolvimento da educação a distância, por meio da capacitação
de professores. A pesquisa foi delimitada a professores da rede pública de escolas do ensino
médio do DF, diretor de Escola, gestor representante do governo e pesquisador. O estudo tem
base teórica que analisa o impacto da introdução midiática no contexto escolar, além da visão
de pesquisadores envolvidos com o desenvolvimento do Sistema Brasileiro de TV Digital-
Terrestre (SBTVD-T). Foram realizadas entrevistas e pesquisa documental para o
levantamento dos dados que confirmassem ou refutassem a opinião vigente, além da análise
específica do Programa TV Escola. A análise dos resultados demonstrou que ainda persiste
uma resistência dos professores à apropriação de mais uma mídia, apesar da crescente
preocupação governamental em propiciar o acesso. Esta resistência está relacionada a fatores
como falta de capacitação e de definição clara de políticas públicas que permitam a
continuidade dos programas. O resultado da pesquisa demonstrou que o potencial da TVD é
grande, porém é necessário que o professor seja sensibilizado para o seu uso de forma crítica.

Palavras-chave: Mídias na Educação, TV Digital, TV Escola, Educação a Distância,


Formação Continuada de Professores.
6

ABSTRACT

The goal of this study is to verify the main potential use of Digital TV’s resources for the
construction of a critical and participatory knowledge, focusing mainly on the training of
teachers. The study it considered governmental actions with purpose of social inclusion
through digital inclusion in the education, the experience of teachers with the technological
appropriation and the governmental expectation in relation to the use of Digital TV for the
development of the distance education, by means of the teachers qualification. The research
was limited to high school teachers from the public schools of DF, directors of school,
government representatives and researchers. The study is based on the theoretical views of
authors who analyze the impact of new technologies in schools, as well as the view of
researchers involved with the development of the Brazilian System of Digital TV- Terrestrial
(BSDTV-T). Interviews and desk research were held for the raising of data that confirm or
prove current opinion is wrong, besides specific analysis of School TV Program. Analysis of
the results showed a persisting resistance from the part of the teachers about using one or
more communications media. This resistance is linked to factors such as lack of teachers
training and lack of clear governmental policies so as to allow for the continuity of the
Programs. The outcome of the research showed that the potential of DTV is immense,
however needs that the teacher be aware of this critical use.

Keywords: Education in the media, Digital TV, School TV, The Distance Education,
Continuing Education for Teachers.
7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Proporção de domicílios que possuem equipamentos de TICs (%) - 2005-2006....12

Figura 2 - Set-top Box com controle remoto............................................................................24

Figura 3 – Transição transmissão analógica para digital..........................................................25

Figura 4 – Modelo de orientação para análise do conteúdo das entrevistas.............................31

Figura 5 - Exibição de conteúdo adicional em um aplicativo deTV Digital ............................33

Figura 6 - Exibição de questão de múltipla escolha na TV Digital..........................................34

Figura 7 - Exibição de questão de verdadeiro ou falso na TV Digital .....................................35

Figura 8 - Exibição de questão para preenchimento de lacunas na TV....................................36


8

LISTA DE QUADROS

Quadro 1– Características da era industrial e da era da informação. .......................................18

Quadro 2 – Padrões TV digital .................................................................................................23

Quadro 3 - Avaliação da implementação da TV Escola...........................................................39

Quadro 4 - Fatos iniciais...........................................................................................................40

Quadro 5 – Dados entrevista professor 1 .................................................................................41

Quadro 6 _ Dados entrevista professor 2 .................................................................................42

Quadro 7 – Dados entrevista professor 3 .................................................................................42

Quadro 8 – Dados entrevista diretor.........................................................................................43

Quadro 9 – Dados entrevista pesquisador ................................................................................43

Quadro 10 – Dados entrevista gestor........................................................................................45


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................11

1.1 Objetivos ....................................................................................................................13

1.1.1 Objetivo Geral ....................................................................................................13

1.1.2 Objetivos Específicos .........................................................................................13

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................14

2.1 A TV Digital e a EaD ................................................................................................15

2.1.1 Contextualização da EAD ..................................................................................16

2.1.2 Evolução da EAD no Brasil ...............................................................................19

2.2 TV Digital no Brasil ..................................................................................................21

2.2.1 Interatividade ......................................................................................................25

2.3 Práticas Inovadoras de Aprendizagem.......................................................................26

3 METODOLOGIA.............................................................................................................29

3.1 Tipo de pesquisa ........................................................................................................29

3.2 participantes da pesquisa ...........................................................................................30

3.3 Instrumentos...............................................................................................................30

3.4 Procedimentos de coleta de dados .............................................................................30

3.5 Análise de dados ........................................................................................................31

4 ANÁLISES DOS RESULTADOS...................................................................................32

4.1 Resultados da Investigação Documental ...................................................................32

4.2 Resultados das Entrevistas Individuais......................................................................40

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................................46

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................51

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................53

APÊNDICE A ..........................................................................................................................57

APÊNDICE B...........................................................................................................................59

APÊNDICE C...........................................................................................................................61
10

APÊNDICE D ..........................................................................................................................63

ANEXO A ................................................................................................................................65

ANEXO B ................................................................................................................................69

ANEXO C ................................................................................................................................71
11

1 INTRODUÇÃO

A sociedade contemporânea é caracterizada, principalmente, por uma cultura de


aprendizagem, que procura atender a demanda pela busca contínua do conhecimento.
Considerando as atuais mudanças da sociedade que passou da Era Industrial para a Era da
Informação, o que se vê é a valorização do conhecimento, o desenvolvimento de uma cultura
da aprendizagem para a absorção da quantidade incalculável de informação que é
disponibilizada, principalmente através da internet (FAGUNDES, 1998).
Com o surgimento da internet e seu uso crescente, nos últimos anos, verifica-se um
acelerado crescimento da interação com outros meios de comunicação, tais como a televisão
(TV), o rádio ou o telefone. Neste cenário a produção da informação cresce numa progressão
geométrica, levando as pessoas a buscarem a formação, o aperfeiçoamento e a atualização
profissional para não ficarem à margem da nova ordem econômica e cultural que está sendo
construída. No contexto exposto não se pode mais pensar a Educação como simples
transmissão de conhecimento e valores, sem estimular a expansão das capacidades cognitivas
do indivíduo (WICKERT, 1999).
O surgimento destas novas tecnologias da informação e comunicação (TICs)
possibilitou repensar o modelo de Educação a Distância (EAD), buscando-se o crescimento da
qualidade do ensino não presencial, com a adoção de diferentes soluções.
Apesar das iniciativas governamentais para a inclusão midiática e para o acesso ao
espaço digital, há uma tímida popularização das TICs, percebida na grande dificuldade de
acesso pela maioria da sociedade brasileira. A este respeito, Lima, Pretto e Ferreira (2005),
consideram a inclusão digital como fundamental para inserir grande parte da população na
cultura tecnológica, possibilitando sua participação crítica e interativa.
A Figura 1 ilustra este tímido crescimento no acesso a TICs. No caso da Educação, este
fato pode ser evidenciado pelo Censo Escolar 2006, realizado pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), que mostra que, das 203.973
escolas da Educação Básica no Brasil, apenas 89.822 possuem computador e, destas, somente
51.592 estão ligadas à internet (INEP, 2006). Neste cenário surge a TV Digital (TVD), como
uma possibilidade para o apoio à aprendizagem no Ensino a Distância.
12

Base 2005: 8.540


Base 2006: 10.510

Figura 1 - Proporção de domicílios que possuem equipamentos de TICs (%) - 2005-2006

O desenvolvimento deste trabalho surgiu do interesse no assunto inclusão digital como


forma de inclusão social, defendido amplamente pelo Governo e debatido por pesquisadores
que se dedicam ao estudo da convergência tecnológica e inclusão social. Relacionando o
assunto à Educação a Distância é possível abordar a inclusão midiática, que se refere ao
acesso às tecnologias utilizadas na midiatização do processo educativo. E essa abordagem
será especificada no estudo da TV Digital como opção para auxiliar a aprendizagem.
Como o uso da TV Digital ainda não foi efetivado, será analisada a experiência
adquirida pelos professores na utilização de outras mídias, tais como internet, TV analógica
ou TV por assinatura. Com esta investigação pretende-se levantar dados facilitadores ou
dificultadores para a apropriação de mais uma mídia no contexto educativo.
Complementando esta análise serão levantados aspectos relativos ao entendimento
comum, por parte dos professores, do significado da utilização deste novo meio para o auxílio
à aprendizagem, buscando informações sobre como poderão inovar sua prática pedagógica.
Este estudo tem como norte o seguinte problema de pesquisa: Quais as possibilidades
de uso dos recursos tecnológicos, disponibilizados com a TV Digital, para que os professores
inovem a sua prática pedagógica?
13

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral  

Esta monografia tem por objetivo geral identificar como os professores poderão inovar
suas práticas pedagógicas com os recursos da TV D.

1.1.2 Objetivos Específicos

i. Identificar ações governamentais (Projetos ou programas) que visem ao acesso às


novas tecnologias, como mídias no processo educativo.
ii. Identificar as dificuldades e facilidades estabelecidas no Programa TV Escola para
buscar contribuições à nova experiência disponível com a TV Digital.
iii. Verificar o entendimento dos professores sobre a presença de práticas inovadoras
na utilização de novas tecnologias.
14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O tema Mídias na Educação remete a uma reflexão bastante ampla a respeito das
transformações, impulsionadas pela revolução tecnológica, pelas quais passa a Educação. Um
dos paradigmas que se impõe atualmente é a necessidade de uma atualização constante do
conhecimento. Para diversos autores há uma certeza: o que se aprende com a Educação
formal, do ensino básico à graduação já não é o suficiente para garantir uma boa colocação no
mercado de trabalho (BELLONI, 2002).
A partir desta constatação, a necessidade de atender a demanda crescente de alunos
que o modelo tradicional já não comporta, pode ser satisfeita pela EAD. Esta modalidade de
ensino-aprendizagem, cujas possibilidades foram ampliadas pela adoção das novas
tecnologias da informação e comunicação (TICs), apresenta-se como uma alternativa capaz de
superar limites de tempo e espaço (MORAN, 2000).
Segundo Belloni (2002) caminha-se para uma convergência de paradigmas que
unificará o ensino presencial e a distância. São exatamente as características técnicas da
educação a distância, com o uso crescente das TICs, que determinarão esta convergência, ou
seja, a mediatização técnica dos processos educacionais. Assim, pode-se caminhar em direção
a um modelo híbrido, formado por módulos tanto presenciais quanto a distância.
Como toda época de mudanças históricas, esta é uma que gera sentimentos ambíguos
de deslumbramento, defesas apaixonadas, insegurança, desconfiança e questionamentos em
relação à eficácia dos novos métodos de aprendizagem inseridos no ensino a distância. Sabe-
se que o acesso às tecnologias não são uma prerrogativa de sucesso para os processos de
formação. Sua utilização requer um planejamento prévio, envolvendo diversas áreas tais como
educação, informática e comunicação, num projeto interdisciplinar centrado na interatividade
a ser explorada com as tecnologias digitais, que possibilitarão o estabelecimento de uma
comunicação participativa e critica (WICKERT, 1999).
Numa ampliação desta visão diversos autores têm defendido a adoção de um projeto
transdisciplinar, no qual segundo Morin et al (1994) a educação autêntica deve ensinar a
contextualizar, concretizar e globalizar, num movimento de unificação das disciplinas e
através delas. Castro (2007), por exemplo, analisa a EAD segundo a visão transdisciplinar,
ressaltando os aspectos da inclusão social e da democratização da informação. E Nicolescu
(1999) defende idéias em seu Manifesto da Transdisciplinaridade que potencializam os quatro
15

pilares da Educação1 de Delors (1998), tais como a crítica a fragmentação do conhecimento e


a defesa da compreensão das diversas faces da realidade.
E neste momento, no qual mais uma mídia: a TV Digital, que já faz parte da vida de
alguns norte-americanos e europeus, está para ser inserida no cotidiano dos brasileiros, é de
suma importância que a academia esteja aberta à reflexão e ao estudo das suas possibilidades
de utilização. Nos Estados Unidos as transmissões de TVD-T começaram em 1998, sendo
seguidas pouco depois, pelo Reino Unido e pela Espanha. Por se tratar de uma tecnologia
recente, que ainda não tem 10 anos, requer uma análise criteriosa, assim como, ainda hoje e
cada vez mais, se discute os poderes da TV analógica (SENGE, 2007).
A seguir serão abordados alguns tópicos que servirão para a contextualização deste
estudo.

2.1 A TV DIGITAL E A EAD

A TV Digital é um sistema tecnológico que permite transmitir e receber o sinal de


televisão em formato digital A transmissão, recepção e processamento de sinais de alta
definição, compactados em formato digital, podem ser enviados via satélite, microondas,
cabos e terrestre (radiodifusão) (TONIETO, 2006). O modelo de TVD adotado pelo Brasil foi
o terrestre.
Há três gerações distintas na educação a distância quando analisada sob a olhar da
interação entre alunos e professores, quanto à utilização de mídias. A primeira utiliza-se de
textos escritos enviados pelo correio; a segunda inclui o rádio e a televisão; enquanto a
terceira inclui os computadores, as redes e os avanços das telecomunicações (ALONSO,
2000). A esta terceira geração brevemente deverá se incorporar a TV Digital.
Segundo Castro (2005, p.9) “as mídias digitais e a convergência tecnológica podem
possibilitar uma relação comunicacional dialógica democrática e participativa, porque
permitem não apenas a interatividade em diferentes níveis, mas vão muito além disso.”
Segundo a autora, a possibilidade de interação on-line abre as portas para um mundo ainda
desconhecido na área do ensino aprendizagem.
O diferencial na adoção das novas tecnologias pode ser alcançado com a exploração do
potencial de interatividade das TICs, através de atividades à distância, baseadas na interação e
na produção de conhecimento (ALMEIDA, 2003).

1
Aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender ao longo da vida.
16

Para Prado, Caminati e Novaes (2005) a noção de comunicação bidirecional é uma


característica resgatada pelos recursos tecnológicos, proporcionados pela digitalização. Para
os autores a importância da ampliação dos acessos aos novos conteúdos não pode ser
dissociada da forma como são construídos e compartilhados, ou seja, não basta apenas
disponibilizar o acesso às TICs, tem que se aprofundar a análise de como serão usados.
No caso da educação a distância há que se pensar além da alfabetização para o
domínio da técnica, relacionado à usabilidade dos recursos. É preciso educar para a
apropriação crítica da informação e para a construção do conhecimento coletivo. Lemos e
Costa (2005, p.13) também consideram que “incluir é ter capacidade de livre apropriação dos
meios. Trata-se de criar condições para o desenvolvimento de um pensamento crítico,
autônomo e criativo em relação às novas tecnologias de comunicação e informação”.
A partir da revisão de literatura observa-se uma tendência à valorização da parte
técnica das ações implementadas, encontrando-se pouca ênfase na qualidade do processo
comunicacional. As desigualdades digitais precisam ser diminuídas não só garantindo as
possibilidades de acesso, mas também proporcionando uma formação para a qualidade do
acesso, no sentido de usá-lo com uma visão crítica e reflexiva, selecionando as informações
relevantes que construirão o conhecimento. É imperativa a necessidade de uma formação que
qualifique o usuário para compreender e explorar as possibilidades que poderão ajudá-lo a
encurtar o caminho para a superação das desigualdades sociais. Entenda-se, neste contexto,
usuário como sendo o professor participante de um curso de formação. Nas discussões sobre
produção de conteúdo para a TV Digital, tem sido um tema recorrente a inclusão dos atores,
ou seja, as pessoas que irão utilizá-la podem e devem contribuir, assegurando a participação
democrática na construção da informação gerada (TONIETO, 2006).
E para a concretização desta educação tecnológica é necessário que se priorize a
formação dos professores que serão os multiplicadores que disseminarão a alfabetização
digital.

2.1.1 Contextualização da EAD

Considerando a cultura de aprendizagem, presente na sociedade atual, é imperativa a


necessidade de profundas alterações no modelo educacional para atender a demanda pela
busca contínua do conhecimento. Na visão de Delors (1998), os quatro pilares da Educação
do Século XXI (aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender ao longo da
vida), publicados pela UNESCO, não se restringem a uma fase da vida ou a um único lugar.
Belloni (2002) também previa a substituição da educação básica para o início de uma
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profissão, pela necessidade da Educação ao Longo da Vida, em sua análise sobre a Educação
a distância no Brasil, baseada em pesquisas empíricas sobre experiências de formação de
professores.
Há, porém um receio comum de que as novas tecnologias aprofundem ainda mais as
desigualdades sociais. A este respeito, Delors (1998) observa que os sistemas educativos
devem tomar para si a tarefa de ensinar a todos os alunos o domínio das novas tecnologias,
assegurando assim a difusão de saberes, bem como a igualdade de oportunidades. Semelhante
concepção, porém mais centrada na educação a distância do que Delors, que analisa a
educação em geral, Belloni (2002) enfatiza que a democratização do acesso e a diminuição
das desigualdades sociais, dependem da capacidade da escola e dos cidadãos acreditarem em
processos de educação e comunicação como meios de emancipação. Ambos remetem à teoria
Freireana da educação autêntica, que “não se faz de A para B ou de A sobre B, mas de A com
B, midiatizados pelo mundo” (FREIRE, 2005, p.97).
Adaptando-se a estes novos tempos a Educação passou a adotar novos conceitos que
pudessem ampliar suas características iniciais. Ao analisar as transformações pelas quais a
humanidade passou indo da Era Industrial para a Era da Informação (Quadro 1), pode–se
entender a necessidade de mudanças no processo educacional (FAGUNDES, 1998).
Os dados apresentados no Quadro 1 corroboram a afirmação de Delors (1998, p. 191)
sobre novos papéis e seus relacionamentos, impulsionados pela tecnologia na Educação:
Munidos destes novos instrumentos, os alunos tornam-se pesquisadores. Os
professores ensinam aos alunos a avaliar e gerir, na prática, a informação que lhes
chega. Este processo revela-se muito mais próximo da vida real do que os métodos
tradicionais de transmissão do saber. Começam a surgir nas salas de aula novos tipos
de relacionamento.
Sintetizando as informações do Quadro 1, percebe-se que, para atender a demanda da
Sociedade da Informação e do Conhecimento, caminha-se para a construção de um novo
modelo de Educação, baseado na aprendizagem mediada pela tecnologia, que disponibiliza
uma infinidade de informação. É imperativo que este modelo esteja centrado no aluno, em
suas necessidades, seus interesses e ritmos de aprendizagem. O aluno que assume o papel de
debatedor, além de aprender contribui para o aprendizado do grupo, colocando suas
indagações ou opiniões, para construção do saber colaborativo.
E o professor, neste modelo, assume uma nova proposta pedagógica voltada para a
aprendizagem integrada, estimulando a criticidade do aluno para interligar fatos e construir o
conhecimento em uma perspectiva global. Por meio desta nova proposta garantirá a educação
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ao longo da vida, preparando os indivíduos para um mercado de trabalho competitivo e em


constante mutação.

ERA INDUSTRIAL ERA da INFORMAÇÃO


Professor como transmissor de conhecimento Professor como aprendiz ou facilitador / Estudante
como professor
Aprendiz como consumidor passivo Estudante como produtor
Expressão artística como “Dom” Possibilidade de desenvolvimento da expressão
artística para todo aprendiz
Informação isolada (fatos) Aprendizagem integrada
Memorização mecânica Reflexão crítica
Informação limitada Infinidade de informações disponíveis
Preparação para o trabalho fabril Preparação para a sociedade do conhecimento
Um emprego por 30 anos Muitos cargos em diferentes áreas
Competição Cooperação
Trabalho isolado Trabalho colaborativo
Recebimento de ordens Decisões sobre necessidades prioritárias
Escola como lugar de aprendizagem Aprendizagem em todos os lugares
Escola para a academia Escola para academia e sociedade
Aprendizagem hierárquica Administração cooperativa
Perspectiva restrita Perspectiva global
Escola academicista Escola acadêmica e social
Universidade como o maior objetivo na Educação Mercado profissional exigindo indivíduos altamente
educados/qualificados

Quadro 1– Características da Era Industrial e da Era da Informação.


Fonte: (FAGUNDES, 1998).

Freire (2002, p.9) ao afirmar que “formar é muito mais do que puramente treinar o
educando no desempenho de destrezas“, salienta a importância de uma concepção de escola
que sabe que: “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua
produção ou sua construção” (FREIRE, 2002, p.21).
A criação destas possibilidades está relacionada aos processos de aprendizagem. Sabe-
se que um mesmo ensino, tanto pode resultar em aprendizagem para algumas pessoas, quanto
pode ser ineficaz em relação a outras. Dependerá da motivação, expectativas, interesses e
experiências pessoais.
Partindo do pressuposto de que a educação a distância é uma estratégia, uma
metodologia de ensino a serviço da Educação, ela apresenta-se como uma ferramenta
importante para o resgate da qualidade do processo educativo ao longo da vida.
19

Segundo Levy (1999), a EaD foi considerada, durante muito tempo, um “estepe” do
ensino. Sua utilização acontecia quando o sistema convencional “falhava”. Assim surgiu o
preconceito que definia a Educação a distância como educação utilizada por aqueles que não
tiveram oportunidades melhores, na educação presencial, no ensino convencional.
Porém, com a introdução das novas tecnologias em seu cotidiano, o antigo processo de
ensinar e de aprender a distância, tornou-se mais fácil e atraente (VARGAS, 2002). As
tecnologias digitais e das redes de comunicação interativa estão prolongando certas
capacidades cognitivas humanas. Tais como memória (bancos de dados, hipertextos, fichários
digitais), imaginação (simulação), percepção (sensores digitais, tele-presença, realidades
virtuais) (LÉVY, 1999).
Para se entender o conceito e a prática da educação a distância é preciso refletir sobre
o uso das TICs na educação. Assim, o “fenômeno educação a distância”, passa a ser entendido
como parte de “um processo de inovação educacional mais amplo que é a integração das
novas tecnologias de informação e comunicação nos processos educacionais” (BELLONI,
2002, p.123).
Perseguindo o objetivo de integração das novas tecnologias pode ser citado o
Programa TV Escola que será melhor caracterizado na pesquisa documental. Este programa
serve para ilustrar a definição de políticas públicas que inicialmente podem estar revestidas de
boas intenções, mas que acabam comprometendo a continuidade dos mesmos. Segundo
Belloni (2003, p.293) “a TV Escola descentralizou os serviços técnicos mais elementares
como gravar e catalogar fitas de vídeo, mas continua centralizando fortemente a produção de
programas e as decisões pedagógicas”. Na análise da autora esta descentralização espelha uma
política baseada na concessão de oportunidades, que disponibiliza os programas, porém “se o
professor não aproveitar o problema é dele e de sua escola, não mais do governo que já fez
sua parte” (BELLONI, 2003, p.293).
A partir deste enfoque é que o presente trabalho analisará a apropriação tecnológica
por parte do professores. Na próxima seção apresenta-se, com brevidade, a evolução da EAD
no Brasil, para melhor contextualizá-la.

2.1.2 Evolução da EAD no Brasil

Segundo Niskier (1999), a EAD no Brasil é uma prática que teve seu início associado
ao surgimento da Radiodifusão com finalidades educativas. Em 1923 a Rádio Sociedade do
Rio de Janeiro transmitia aulas de Literatura, Radiotelegrafia e Telefonia, Línguas, Literatura
Infantil e outras.
20

Já em 1941, surge o Instituto Universal Brasileiro, que introduz os cursos por


correspondência, que existem até os dias atuais. Tais cursos, apesar de atenderem a milhares
de alunos, não chegaram a se caracterizar como de boa qualidade, sendo considerados como
uma espécie de supletivo de segunda categoria (NISKIER, 1999).
Com o surgimento da Televisão, na década de 50 e, posteriormente quando entra em
funcionamento a TV Cultura, a finalidade educativa, informativa e cultural deste meio
começa a ser percebido. O primeiro Telecurso, que visava preparar candidatos para o exame
de admissão ao ginásio, vai ao ar em 1960, numa parceria entre a TV Cultura e a Secretaria de
Educação de São Paulo. Foi somente em 1967, com a criação da Fundação Centro Brasileiro
de TV Educativa, que o governo passa a respaldar o surgimento de canais voltados à educação
e à cultura (TONIETO, 2006).
Na década de 70 surgiu o Projeto Minerva, que através do rádio e da televisão,
oferecia cursos supletivos. Também na mesma época havia o Sistema Avançado de
Tecnologias Educacionais (SATE) – que visava atender recomendações das Organizações dos
Estados Americanos (OEA), com o objetivo de integrar organismos nacionais e pesquisas. O
SATE deu origem ao Sistema Avançado de Comunicações Interdisciplinares (SACI), que se
propunha a estabelecer um sistema nacional de teleducação via satélite. Estes dois programas
serviram aos objetivos do poder vigente da época ao qual não interessava a formação de uma
postura crítica em relação aos conteúdos.
Em 1978, aparece o telecurso 1º e 2º Graus, que depois passou a chamar-se Telecurso
2000, atendendo a Educação Básica e ao Ensino Profissionalizante.
Em 1996 o governo implantou o Programa TV Escola, cujo objetivo é desenvolver a
formação, o aperfeiçoamento e a valorização dos professores da rede pública através de um
canal de TV exclusivo para educação. Também na década de 90 surgem os programas Um
Salto para o Futuro e o Pró-formação – Programação de Formação de Professores em
Exercício. De acordo com o MEC/SEED, estes programas buscam a valorização do trabalho
docente, o incentivo à educação a distância e o uso de novas tecnologias visando a qualidade e
igualdade educacional no país.
Além destes programas, hoje temos cursos de graduação e pós-graduação sendo
oferecidos a distância, autorizados pela portaria 2.253/2001 do MEC (BRASIL, 2001).
E mais recentemente, em 2005, foi aprovado o Projeto Universidade Aberta do Brasil
(UAB) que é o nome dado ao projeto criado pelo Ministério da Educação, voltado para o
desenvolvimento da modalidade de educação a distância, com a finalidade de expandir e
interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no País. Esse sistema é
21

formado por instituições públicas de ensino superior, as quais levarão ensino superior público
de qualidade aos Municípios brasileiros que não têm oferta ou cujos cursos ofertados não são
suficientes para atender a todos os cidadãos (BRASIL, 2006 a).
É neste contexto que se discute o emprego dos recursos disponibilizados pela
tecnologia. Os recursos serão mediadores eficazes de um processo de crescimento e
desenvolvimento das pessoas, se estiverem centrados no aprendiz, na parceria entre aluno e
professor, perseguindo uma proposta de aprendizagem colaborativa, e tendo a avaliação como
um aspecto motivador e incentivador (MASETTO, 2000).
Na próxima seção serão apresentados alguns aspectos relativos à TV Digital e as
possibilidades para a EAD, buscando refletir o pensamento vigente entre os autores
pesquisados sobre as suas expectativas quanto à utilização no contexto educacional.

2.2 TV DIGITAL NO BRASIL

O Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD) foi instituído pelo Decreto 4901,
de 26 de novembro de 2003, cuja proposta foi o desenvolvimento de um sistema que
culminasse num modelo brasileiro de televisão digital. Este Decreto deixou claro que a TV
Digital seria uma ferramenta com finalidades sociais e não uma simples evolução tecnológica
(MONTEZ; BECKER, 2005). Já no artigo 1º, incisos I e II (Brasil, 2003) pode ser percebida
esta preocupação:
I. Promover a inclusão social, a diversidade cultural do País e a língua pátria por
meio do acesso à tecnologia digital, visando à democracia da informação;
II. Propiciar a criação de rede universal de educação à distância;

Segundo Tonieto ((2006), a inclusão digital, através da qual pode ser impulsionada a
inclusão social, está fundamentada no tripé TICs, renda e educação. Segundo a autora não
adianta apenas garantir o acesso às tecnologias e renda se não houver educação. Neste ponto
que reside a importância da reflexão sobre a TV Digital como apoio à aprendizagem. Se a
educação é fundamental para que o indivíduo deixe de ter um papel passivo de consumidor de
informações, esta é uma inovação que precisa ser desencadeada a partir da escola, que
formará alunos críticos, capazes de fazerem escolhas diante do dilúvio informacional a que
são expostos. E para que isto aconteça, é primordial que o professor seja formado e
sensibilizado para conduzir este processo.
Belloni (2003, p.289) confirma a importância desta formação ao afirmar que:
O uso pedagógico e, mais especificamente, educacional, de qualquer meio técnico
de comunicação envolve não apenas uma reflexão sobre as concepções de educação
22

que fundamentam as práticas e as políticas pedagógicas, mas, sobretudo, a


consideração das concepções e representações sobre o meio em questão, sua função
social e suas características técnicas e estéticas.

Apesar de a autora afirmar que cabe à instituição escolar democratizar o acesso a esses
meios, ela reconhece que a maioria das escolas não apresenta as condições para assumir tal
tarefa, sem que haja uma união de esforços das diferentes instâncias organizadoras.
Em seu artigo 13º, que trata da possibilidade de exploração pela União de serviço de
radiodifusão de sons e imagens em tecnologia digital, no inciso II, o Decreto 5820 (Brasil,
2006 b) aborda a transmissão de:
II- Canal de Educação: para a transmissão destinada ao desenvolvimento e
aprimoramento, entre outros, do ensino a distância de alunos e capacitação de professores;
Segundo Amaral et al (2004) “o objetivo de ensinar e aprender através da TV Digital
promete ser o meio de comunicação mais potente deste século”. Para os autores a TV Digital
abre as portas para a alfabetização audiovisual, ensinando a pensar a cultura midiática, além
de refletir sobre a realidade.
Com a publicação do Decreto 5820, de 29 de junho de 2006, foram estabelecidas
diretrizes para a transição do sistema de transmissão analógica para o sistema de transmissão
digital. Também foi definido que o padrão a ser adotado seria o padrão japonês – ISDB-T
(Integrated Sercices Digital Broadcasting Terrestrial), com a incorporação das inovações
tecnológicas aprovadas pelo Comitê de Desenvolvimento do SBTVD-T (Brasil, 2006 b, Art.
5º).
O Art. 2º do Decreto 5820 define o Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre
(SBTVD-T), como o “conjunto de padrões tecnológicos a serem adotados para a transmissão
e recepção de sinais digitais terrestres de radiodifusão de sons e imagens.”
Apesar deste trabalho não priorizar os aspectos técnicos da TV Digital, apenas para
situar a escolha do padrão brasileiro, a seguir serão apresentadas as principais diferenças entre
os três padrões adotados pela Europa, Japão e EUA, de acordo com Senge (2007):
23

Padrões Europa Japão EUA

DVB (Digital O sistema privilegia


Vídeo a programação
Broadcasting) múltipla, o que é
visto como
oportunidade para
as empresas de
telecomunicações,
interessadas em
novos canais de
conteúdo.

ATSC (Advanced O sistema privilegia


Television Systems as transmissões em
committee) alta definição e
também a
interatividade.

ISDB (Integrated O sistema privilegia


Service Digital a alta definição
Broadcasting) além da
portabilidade e
mobilidade.

Quadro 2 – Padrões TV Digital


Fonte: autora

O Quadro 2 demonstra que o padrão de TV digital ATSC, o primeiro a ser concebido


e desenvolvido, priorizou a necessidade de melhorar a qualidade do som e da imagem
oferecidos pela TV, adotando, como objetivo principal, a tecnologia de alta definição –
HDTV. O DVB-T surgiu da necessidade de propiciar aos telespectadores variedade na
programação – a chamada multiprogramação. Já o ISDB, concebido no final da década de 90,
buscou resolver novos desafios do mercado, como a mobilidade e a portabilidade, uma vez
que já havia demanda por um sistema que permitisse aos seus usuários utilizá-lo onde quer
que estejam, parados ou em movimento, possibilitando ser assistido em ônibus ou celular.
De acordo com Senge (2007) a TVD permitirá ao espectador dividir a tela e
acompanhar mais de uma programação, além de não ficar restrito a assistir à programação
conforme esta vai sendo apresentada. Através do controle remoto o espectador poderá
programar o que quer ver e como quer ver, acessando um menu de tela, semelhante ao
funcionamento do DVD. Assim como no DVD pode-se selecionar imagens, parar a cena, ver
e ouvir entrevistas ou o making-off. A TVD permitirá que estas e outras alternativas fiquem
armazenadas no aparelho, por algum tempo, para serem acessadas posteriormente.
É claro que tudo depende de certas limitações, tais como capacidade de
armazenamento do aparelho e oferta de uma cesta de opções, pelos difusores. Devido a essas
24

possibilidades que colocam o espectador mais ativo diante do seu aparelho receptor, fala-se
muito que a TVD será interativa. Esta é a chamada interatividade local, ou seja, limitada à
cesta de conteúdos que a operadora estiver oferecendo. Nada que o espectador faça já não
estará lá, armazenado, para o espectador fazer. Há também a chamada interatividade à
distância, isto é, a que permite ao espectador enviar mensagens diretamente para a emissora.
Na TV digital por satélite ou cabo, isto já é feito quando se quer, por exemplo, comprar um
filme para se assistir em determinada hora. Esta interatividade a distância depende
basicamente da existência de um canal de retorno (SENGE, 2007). A interatividade permite
que se tenham serviços parecidos com a internet na televisão, como compras, serviços
bancários, informações sob demanda, bate-papo e correio eletrônico.
A evolução da TV analógica para a TV digital não é marcada apenas pelo aumento da
qualidade do sinal de áudio e vídeo disponibilizados, mas também pelo fornecimento
destes novos serviços computacionais. Novas funcionalidades, como envio de mensagens,
serviços bancários entre outros, permitem “agregar capacidade computacional à TV”
(AFONSO, 2006, p.27).
Segundo o Fórum SBTVD (2007), o conversor de TV digital (ou Set-top Box) é o
equipamento (Fig.2) que será responsável inicialmente pela conversão do sinal da TV digital
aberta para o sinal de TV analógica. Ele executa, basicamente, três funções:
1- Converte a TV Digital em TV analógica para os atuais televisores analógicos ou para as
telas de LCD e Plasma já a venda.
2- Permite Interatividade.
3- Permite funções adicionais como, por exemplo, usar um disco rígido chamado PVR
(Personal Vídeo Recorder – que substitui os atuais Videocassete, mas com qualidade digital)
para gravar programas.

Figura 2 - Set-top Box com controle remoto


Fonte: http://www.forumsbtvd.org.br/
25

O início da transmissão digital não significa o desligamento imediato do sinal


analógico. As pessoas necessitam de um tempo para substituir seus antigos receptores de TV
por novos. (SENGE, 2007). A Fig.3 ilustra esta fase de transição em que as emissoras
transmitirão suas programações tanto por via analógica quanto digital, em canais diferentes
(MINASSIAN, 2007).

... TRANSMISSÃO ANALÓGICA

TRANSMISSÃO DIGITAL ...


FASE ANALÓGICA FASE FASE DIGITAL
TEMPO
SOMENTE “SIMULCAST” SOMENTE
(Dupladifusão)

Julho/2007
Junho/2016

Figura 3 – Transição transmissão analógica para digital


Fonte: (MINASSIAN, 2007)

2.2.1 Interatividade

Segundo a concepção freireana, a interatividade é compreendida como trocas entre


participantes, o que permite afirmar que o modo de interação no projeto pedagógico define o
grau de interatividade e não somente as tecnologias utilizadas (SARTORI, 2005).

Em sistemas de EAD, a dialogicidade e a interatividade estão intrinsecamente


ligados ao desenho pedagógico. Um desenho pedagógico interativo é aquele que
possibilita a participação, a intervenção, a co-autoria, a construção coletiva do
conhecimento, o diálogo e as mais diversas condições de interlocução entre os
docentes e discentes (SARTORI, 2005, p.6).

A genialidade de Paulo Freire já o levava ao questionamento sobre o papel educativo


dos meios de comunicação de massa, ao analisar a utilização do rádio e da cartilha das
campanhas de alfabetização de adultos nos “tempos de Arraes”, devido à inexistência de
diálogo entre educadores e educandos. Em sua análise, para a eficácia deste papel educativo,
seria imprescindível a criação de “caminhos de retorno”. Esta análise se fundamentava na
26

observação de que não existe um receptor que seja apenas receptor, ou seja, o receptor
também será produtor de alguma mensagem se houver canal de retorno (MELO, 2005).
Amaral et al. (2004) salientam que a TV na sociedade capitalista, segundo teóricos
críticos da escola de Frankfurt, é vista como um agente socializador e formador de opinião. O
homem, no modelo tradicional de comunicação (emissor-mensagem-receptor), torna-se objeto
e a sua finalidade última é o consumo. Com a introdução da interatividade na TV este modelo
é colocado em crise, já que o receptor não será mais um receptor passivo, e sim um receptor
ativo. Segundo os autores a TVD combina características tradicionais da televisão analógica
com as potencialidades do computador pessoal e com o impacto da internet. Assim, o que
diferencia um programa da TVD de seu similar na televisão convencional é que o primeiro
pode ser composto por dados (textos, gráficos, ícones e etc.), além de imagens e sons
encontrados na televisão convencional. Com a característica da comunicação bidirecional,
citada anteriormente, é permitido o estabelecimento da dialogicidade, com usuários enviando
mensagens entre si.

2.3 PRÁTICAS INOVADORAS DE APRENDIZAGEM

As instituições de ensino têm enfrentado as mudanças geradas pelo desenvolvimento


tecnológico, buscando adaptar-se à nova ordem estabelecida pela revolução informacional
(AMARAL; PACATA, 2003). No novo modelo educacional estão emergindo novas posturas
para os velhos atores. Assim, o aluno passa de simples receptor de informações para assumir o
papel de debatedor que, além de aprender, contribui para o aprendizado do grupo, colocando
suas indagações ou opiniões, motivando as discussões, que construirão o conhecimento.
Em contraponto está o papel do professor que, ao contrário do que muitos pensam,
continua imprescindível. Ele assume uma nova proposta pedagógica centrada em sua
capacidade catalisadora da atenção do grupo, capacidade de estimular o debate e a interação
aluno-aluno, aluno-professor, além de orientar o aluno a garimpar a informação relevante para
sua formação (AZEVÊDO, 2005). A diferença desta nova postura do professor em relação à
anterior situa-se no estímulo à aprendizagem integrada, desenvolvimento da criticidade do
aluno que interliga fatos para a construção do conhecimento. Assim, coloca-se em oposição
ao velho modelo de transmissão “bancária” (FREIRE, 2005) que tem o aluno como um
consumidor passivo, que recebe informações isoladas, para uma memorização mecânica.
Quando se fala em práticas inovadoras de aprendizagem convém conceituar inovação
e o que seriam práticas consideradas inovadoras, para situá-las no contexto da investigação
que se propõe neste trabalho.
27

A seguir serão apresentadas as opiniões de alguns autores a respeito da inovação e das


práticas inovadoras.

• Inovação
...a inovação consiste na implantação de uma idéia nova, não necessariamente
original, dentro de uma dada realidade (individual, grupal ou institucional),
produzida intencionalmente e que provoca impacto, resultando numa melhoria
concreta do sistema (FONSECA, 2007, p.18).

De acordo com Fonseca (2007) os docentes ainda encontram dificuldades em inovar


seu trabalho pedagógico, mesmo quando diante de condições favoráveis possibilitadas por
estímulos e clima institucional favorável.
Belloni (2003) também relata uma tendência à adoção de modelos pouco inovadores
presente entre os educadores, motivada pelas zonas de incerteza dos processos inovadores que
geram inquietude. A autora salienta a necessidade de diferenciar inovação pedagógica da
inovação tecnológica:
9Inovação tecnológica – ocorre no campo social e econômico, quando uma nova
técnica se impõe como objeto de consumo, mudando hábitos, saberes e modos de
fazer.
9Inovação pedagógica – é um processo que leva a uma ação intencional finalizada,
caracterizado pela novidade (relativa a um certo contexto), pelo produto (o objeto
ao qual é atribuído a virtude inovadora), pela intencionalidade (vontade de mudar,
sempre presente no ato de educar) e por ocorrer num processo pouco planejado.
A introdução de meios tecnológicos permite uma ampliação no acesso à informação, e
o recurso da informática oferece grandes possibilidades, ao apresentar novos conhecimentos e
ensinar competências. As tecnologias da comunicação podem tornar mais eficaz a
aprendizagem e oferecer ao aluno uma possibilidade de acesso a conhecimentos e
competências de forma mais sedutora que a tradicional transmissão efetuada pelo professor.
Mas para que resultem em uma melhoria concreta do sistema, conforme descrito por
Fonseca (2007), é necessário que os professores pesquisem, estudem e adaptem os recursos
disponibilizados, inovando, migrando de uma forma de transmissão simples de conteúdos
para a construção do conhecimento de forma colaborativa.

• Atuação pedagógica inovadora

O modelo tradicional de educação (ROCHA, 2001) baseado na “transmissão” de


conhecimentos e técnicas, vem lentamente cedendo lugar a um novo modelo focado na
28

aprendizagem integrada, na reflexão crítica e que requer uma nova postura do professor como
facilitador e aprendiz ao mesmo tempo (FAGUNDES, 1998).
Os professores têm influência direta na formação de atitudes quer sejam positivas ou
negativas perante o estudo. Diante desta constatação, a importância de seu papel como agente
de mudança, é algo que se impõe como nunca na história da educação. Os professores devem
despertar a curiosidade, desenvolver a autonomia, estimular o rigor intelectual e criar as
condições necessárias para o sucesso da educação formal e da educação permanente
(DELORS, 1998).
Segundo Moran (2000) os maiores desafios enfrentados em todas as épocas e
particularmente agora, com a pressão exercida pela transição do modelo industrial para o
modelo da informação e do conhecimento, são ensinar e aprender.
Uma realidade estabelecida é a familiaridade da nova geração de alunos com as novas
tecnologias, para os quais não existem barreiras de usabilidade no manuseio do controle
remoto, teclado, ou menu de qualquer aparelho eletrônico (LIMA; PRETTO; FERREIRA,
2005). Diante desta realidade impõe-se a necessidade de aprender com foco na integração do
ensino ao cotidiano, ou seja, o professor tem que ser capaz de aprender a apropriar-se
criticamente dos recursos tecnológicos para ensinar aos alunos como tornar a informação
significativa, transformando-a em conhecimento (MORAN, 2000).
A opinião dos diversos autores citados na fundamentação teórica construiu uma base
de análise para a investigação proposta neste trabalho. Sob o viés de comunicadores ou
educadores buscou-se estudar as possibilidades oferecidas pela TV Digital e a relação com
uma aprendizagem significativa fundamentada na inovação da prática pedagógica.
29

3 METODOLOGIA

A metodologia usada nesta pesquisa procurou alcançar os objetivos propostos pelo


trabalho e descritos na introdução. Para identificar as ações governamentais para o acesso às
novas tecnologias e para identificar a experiência adquirida com o Programa TV Escola foi
efetuada uma investigação documental. E foram realizadas entrevistas para a verificação do
entendimento dos professores sobre a relação de práticas inovadoras e uso de novas
tecnologias. Com as entrevistas também foi possível comparar algumas questões encontradas
na fundamentação teórica sobre as possibilidades de uso da TV Digital. A entrevista semi-
estruturada se mostrou adequada devido à flexibilidade que permitiu à pesquisadora introduzir
outras questões a partir das respostas básicas do entrevistado. Com isso algumas questões
puderam ser aprofundadas para um melhor entendimento (DUARTE, 2006).
A combinação da pesquisa documental com os resultados das entrevistas possibilitou
uma análise bem estruturada que culminou na definição de categorias como Fatos Iniciais
(TONIETTO, 2006) e relacionados a seguir com os dados fornecidos pelos entrevistados.
Tendo por base a delimitação de dados obtida com os Fatos Iniciais (FI), a combinação de
resultados foi realizada confrontando-os com os resultados das entrevistas individuais, com o
objetivo de validar ou refutar o fato inicial estabelecido.
Este detalhamento facilitou a discussão dos resultados, permitindo a pesquisadora
interpretá-los e relacioná-los com a opinião dos autores referenciados e com seu próprio
entendimento.

3.1 TIPO DE PESQUISA

Neste trabalho, o uso da pesquisa qualitativa teve por objetivo verificar como poderia
ocorrer a inovação de práticas pedagógicas com a introdução da TV Digital, sendo usada a
técnica de entrevista individual semi-estruturada e a pesquisa documental para a coleta de
dados. Devido a sua característica de permitir a análise de fenômenos, possibilitou que os
resultados fossem interpretados, partindo-se da análise de documentos como Decretos,
Relatórios e Portarias (investigação documental) para a verificação da percepção dos
entrevistados sobre as categorias identificadas, por meio de entrevistas.
30

3.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA

Buscando obter dados que representassem a visão dos diversos segmentos envolvidos
no assunto da pesquisa foram entrevistadas 6 (seis) pessoas representantes das seguintes
instituições:
a) SEED/MEC - pessoa envolvida com o projeto TV Escola;
b) Escola estadual do DF- um diretor e três Professores;
c) Um pesquisador que domina o assunto TV Digital.
Os entrevistados encontram-se na faixa etária dos 30-50 anos, possuem computador
em casa, têm internet, costumam usá-la, basicamente, para pesquisa e acesso a e-mail. Estão,
portanto, no grupo dos “incluídos digitais”.

3.3 INSTRUMENTOS

Foi elaborado um roteiro de entrevista baseado na fundamentação teórica. O tipo de


entrevista escolhido foi a semi-estruturada, que permitiu ao entrevistador uma flexibilidade
para adaptar o roteiro conforme o desenrolar das respostas do entrevistado, possibilitando um
enriquecimento maior na coleta dos dados obtidos.
A pesquisa documental foi a partir de documentos impressos como decretos,
relatórios, portarias, e informações eletrônicas encontradas nos sites da SEED/MEC, da
SE/DF, do Ministério das Comunicações, do Fórum SBTVD, do Tribunal de Contas da União
(TCU) e do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Telecomunicações (CPqD). A seleção
dos documentos teve como pré-requisito que os mesmos fizessem referência às palavras-
chave do trabalho: Mídias na Educação, TV Digital, TV Escola, EAD, Formação Continuada
de Professores.

3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

A realização das entrevistas envolveu o preparo de dois roteiros iniciais, um destinado


aos entrevistados Professor/Diretor e outro aos entrevistados Gestor/Pesquisador. Os roteiros
(conforme Apêndice) apresentaram um cabeçalho de identificação e informações pessoais
para uma caracterização do entrevistado quanto ao nível de inclusão digital. Para isso foram
solicitadas informações sobre usos de computador e internet. Os roteiros Gestor/Pesquisador
(Apêndices C e D) abordaram temas específicos do uso da TVD e a EAD, distribuídos pelas
quatro questões que os compuseram, enquanto os roteiros Professor/Diretor (Apêndices A e
B) abordaram a questão do uso de mídias na educação em geral para no final relacionar ao
assunto TV Digital.
31

As entrevistas foram individuais, sendo gravadas aquelas cujo entrevistado dispunha


de horário para receber a pesquisadora. Elas foram feitas no local de preferência da pessoa
entrevistada, sendo necessária uma adaptação no procedimento devido à dificuldade de
agendar horário com quatro dos entrevistados. Optou-se, nestes casos, pelo envio do roteiro
por meio eletrônico (e-mail) dando liberdade para o entrevistado retornar as questões
respondidas. A pesquisadora colocou-se a disposição para tratar dúvidas em relação ao roteiro
por telefone ou mesmo pelo e-mail. Foi combinado também que as questões respondidas e
que necessitassem aprofundamento seriam retornadas ao entrevistado.

3.5 ANÁLISE DE DADOS

Foi feita análise de conteúdo das entrevistas, de acordo com categorias que retratassem
o resultado obtido com a pesquisa, que estivessem de acordo com o referencial teórico e
possibilitassem o alcance dos objetivos da pesquisa. A categorização adotada foi definida
como Fatos Iniciais, descritos no item 4. Análise dos Resultados. Assim, a análise das
informações seguiu o modelo de orientação proposto por Fielding (1993 apud
RICHARDSON, 1999, p.98) e esquematizado pela autora na Figura 4:

Figura 4 – Modelo de orientação para análise do conteúdo das entrevistas


32

4 ANÁLISES DOS RESULTADOS 

Este capítulo é destinado à apresentação dos resultados da pesquisa realizada


conforme descrição anterior. Seguindo a metodologia especificada foram realizadas
entrevistas individuais e uma investigação documental, cuja realização será descrita a seguir,
compondo os subitens deste capítulo.

4.1 RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO DOCUMENTAL

Foram analisados documentos que pudessem identificar ações governamentais com


finalidades de disseminar o uso de mídias na educação, buscando atingir os dois primeiros
objetivos específicos deste trabalho. Os documentos citados no decorrer da apresentação dos
resultados serão referenciados ao final do trabalho.
Segundo documentos disponíveis no site do CPqD, este Centro e a Unicamp estão
envolvidos em projetos que visam o desenvolvimento de meios para utilizar a TVD para a
EAD (SANTOS, 2005). As Instituições realizaram pesquisas e testes de aplicativos
desenvolvidos que pudessem apoiar o trabalho do professor. Estes aplicativos são divididos
em dois grupos: o primeiro contém um aplicativo para realizar exibição de material de apoio
educacional na tela da TV. O outro grupo possui uma variedade de questões que podem ser
aplicadas aos alunos após a exibição do vídeo-aula. É proporcionada ao aluno a possibilidade
de aprofundar o conteúdo abordado, além de testar o conhecimento adquirido com as
questões.
Para a produção de conteúdo, o professor poderá utilizar uma ferramenta de autoria,
utilizando um computador comum. A ferramenta possui dois módulos: um para criação de
conteúdo e outro para pré-visualização do conteúdo produzido. Na criação de conteúdo
podem ser inseridos textos e figuras como material de apoio ao aluno. Para a criação de
questões há possibilidades de inserção de questões tipo múltipla escolha, verdadeiro ou falso,
associativa ou preenchimento de lacunas.
Todo o conteúdo produzido pode ser testado com o módulo da pré-visualização, que
permite ao professor fazer uma simulação. Neste módulo é exibido um vídeo, representando a
televisão e uma figura representando o controle remoto do Set-top Box. O professor poderá
clicar nos botões do teclado, utilizando o mouse para simular o uso da ferramenta, navegando
pelo sistema, visualizando os materiais de apoio e respondendo às questões propostas.
Santos et al (2005) apresenta os seguintes aplicativos desenvolvidos para analisar as
potencialidades do uso da TVD pela EAD:
33

9 Exibição de material de apoio:


Este aplicativo permitirá ao aluno encontrar mais informações sobre temas específicos
trabalhados durante a aula. O material pode conter texto e figuras, com apresentação na forma
de hipertexto. A Figura 5 exemplifica a exibição do material de apoio, na qual o vídeo foi
minimizado e apresentado no canto superior esquerdo da tela, enquanto o texto de apoio
aparece à direita.

Figura 5 - Exibição de Conteúdo Adicional em um aplicativo de TV Digital


Fonte: Santos et al (2005)

Semelhante ao sistema já disponível em alguns canais da TV a Cabo, como a Globo


News, aparece um ícone que indica se existe algum tipo de interatividade. Ao pressionar o
botão i do controle remoto o vídeo será redimensionado e um menu inicial será exibido na
parte da tela onde não se encontra o vídeo. Usando este menu o aluno poderá escolher entre as
opções de exibição de Materiais de Apoio ou de Questões. Ao selecionar Material de Apoio,
será exibido outro menu com a relação dos textos disponíveis. Selecionando um dos textos, o
aluno poderá navegar usando teclas acima e abaixo do controle remoto do Set-top Box, caso o
texto for maior do que o tamanho da tela da TV. Para retornar ao menu inicial basta pressionar
a tecla Back do controle remoto.

9 Exibição de questões (testes objetivos): São testes elaborados para terem uma única
resposta correta, a qual terá um feedback que informa se a resposta está correta e faz
um comentário sobre a resposta dada. Para possibilitar várias formas de avaliação
foram definidos quatro tipos de teste:
34

I. Múltipla escolha – teste composto de um enunciado e algumas alternativas. A


navegação pelas alternativas e enunciado poder ser realizada pelas teclas acima
e abaixo do controle remoto. A Figura 6 mostra a exibição da múltipla escolha.

Figura 6 - Exibição de Questão de Múltipla Escolha na TV Digital


Fonte: Santos et al (2005)

II. Verdadeiro ou falso – é o teste no qual o aluno deverá demonstrar a assimilação


de conceitos com o exercício de associação das teclas vermelhas ou verdes de
acordo com a validade ou não das alternativas. Este tipo de teste possibilita ao
aluno a interpretação de diferentes conceitos e a diferenciação entre os mesmos.
A Figura 7 ilustra este tipo de teste.
35

Figura 7 - Exibição de Questão de Verdadeiro ou Falso na TV Digital


Fonte: Santos et al (2005)

III. Associativa – são questões semelhantes ao Verdadeiro ou Falso, porém com


foco na associatividade entre as alternativas. Os conceitos presentes nas
alternativas devem ser fornecidos no enunciado, para que o aluno interprete-os e
marque com a mesma cor (vermelho, amarelo, azul e verde) as alternativas que
tiverem conceitos semelhantes.

IV. Preenchimento de lacunas - é o teste que apresenta um texto no qual algumas


palavras não são exibidas. As alternativas para preenchimento encontram-se no
canto inferior esquerdo da tela. Na figura 8 é possível visualizar esta exibição.
36

Figura 8 - Exibição de Questão para Preenchimento de Lacunas na TV


Fonte: Santos et al (2005)

As ferramentas de apoio a EAD apresentadas anteriormente demonstram que a TVD


tem potencial para ser utilizada em cursos a distância, possibilitando uma linguagem
semelhante à conhecida em cursos disponibilizados via internet.
A partir da análise do site da SEED/MEC e documentos lá disponibilizados foi
verificada a preocupação em promover a inclusão da tecnologia no processo educativo através
de programas tais como Mídias na Educação, o Pro-Info, TV Escola, entre outros.
A seguir serão detalhados alguns aspectos destes três programas que foram
considerados relevantes para o trabalho, sendo que no TV Escola haverá uma profundidade
maior de análise com o propósito de atingir o segundo objetivo específico deste trabalho que é
a identificação de dificuldades e facilidades de sua implementação.

- Mídias na Educação
É um programa a distância, desenvolvido em módulos, que objetiva a formação
continuada de profissionais da educação, para o uso pedagógico de diferentes tecnologias da
informação e da comunicação. Por meio da integração da TV e vídeo, informática, rádio e
impressos ao processo de ensino e aprendizagem, visa contribuir para a formação de um leitor
crítico e criativo, capaz de estimular a produção nas diversas mídias. Neste programa estão
previstos três níveis de certificação chamados ciclos de estudo:
9 Ciclo Básico, de Extensão, com 120 horas de duração;
37

9 Ciclo Intermediário, de Aperfeiçoamento, com 180 horas;


9 Ciclo Avançado, de Especialização, com 360 horas.
O programa Mídias na Educação é desenvolvido pela SEED/MEC em parceria com
Secretarias de Educação e Instituições Públicas de Educação Superior (IPES) - sendo estas
responsáveis pela produção, oferta e certificação dos módulos, assim como pela seleção e
capacitação de tutores.

- Pro-Info
É um programa educacional destinado a promover o uso pedagógico da informática na
rede pública de ensino fundamental e médio. Tem como característica a descentralização de
funcionamento, tendo uma coordenação estadual em cada unidade da federação. As
Coordenações Estaduais e Municipais do programa são responsáveis pela definição de metas
e identificação de necessidades, que definirão os pré-requisitos de atendimento, que se
diversificam a cada nova distribuição, de forma a atender da melhor forma possível às
demandas dos programas Municipais, Estaduais e Federais.
O Pro-Info é desenvolvido pela Secretaria de Educação a Distância (SEED), por meio
do Departamento de Infra-Estrutura Tecnológica (DITEC), em parceria com as Secretarias de
Educação Estaduais e Municipais.

- TV Escola
O programa TV Escola é um canal de televisão que tem por finalidade a capacitação,
aperfeiçoamento e atualização de educadores da rede pública. Sua proposta é garantir ao
educador acesso ao canal e estimular a utilização de seus programas, contribuindo para a
melhoria da educação construída nas escolas.
Na implantação do Canal, cada escola pública com mais de 100 alunos recebeu um kit,
composto por uma antena parabólica para sintonizar o canal e um vídeo-cassete. Assim, é
permitido ao educador gravar os programas, exibi-los em sala de aula ou usá-los para uso
próprio, enriquecendo seu conhecimento e sua prática pedagógica.
A SEED acredita no impacto positivo que a TV Escola pode ter na qualidade da
educação. Segundo informações do site, a SEED/MEC, acompanha e avalia permanentemente
sua implementação, com o objetivo de aperfeiçoá-lo, corrigir rumos e realizar intervenções
mais efetivas. Desde seu lançamento, a TV Escola realizou as seguintes avaliações:
• Projeto de Apoio à Implementação, ao Acompanhamento e à Avaliação da TV
Escola (com recursos do Acordo Brasil-Unesco: novembro de 1995 a maio de 1997 -
divulgação interna);
38

• Pesquisa de Avaliação Qualitativa (em convênio com a Cesgranrio - fase piloto:


maio/junho de 1996; pesquisa nacional: setembro de 1996 a março de 1997 – resultados
publicados em TV da Escola, volume 1 da Série Estudos;
• Pesquisa de Avaliação dos Programas de Descentralização de Recursos do FNDE -
Programas de Apoio Tecnológico e TV Escola (abril e maio de 1997 – resultados publicados
na Revista TV Escola – Edição Especial de dezembro de 1997);
• Pesquisa Comparativa (abril e maio de 1998 – resultados publicados na Revista TV
Escola – Edição Especial, julho de 1998 e nº 12 agosto/setembro de 1998, p. 26);
• Pesquisa Controle de Qualidade do Censo Escolar (outubro de 1997 e fevereiro de
1998- resultados publicados na Revista TV Escola – Edição Especial de julho de 1998 e na
publicação Controle de Qualidade do Censo Escolar-1997, MEC/INEP);
• Avaliação da Revista TV Escola (setembro/outubro de 1998 - divulgação interna);
• Avaliação do PNUD (2º semestre de 1999 – divulgação interna e no âmbito do
PNUD);
• Avaliação qualitativa da TV Escola (2º semestre de 1999 – Vox Populi – divulgação
interna);
• Avaliação da TV Escola (2º semestre/99 – Núcleo de Estudos de Políticas Públicas
da Unicamp - resultados publicados pela revista TV Escola nº 20 ago/set, 2000);
• Avaliação da TV Escola (2º semestre de 2001 – Núcleo de Estudos de Políticas
Públicas da Unicamp - divulgação interna);
• Avaliação da Revista TV Escola (março/abril de 2002 - divulgação interna).

As informações acima revelam que, apesar da expressa preocupação com a avaliação


do programa, existe uma lacuna no período de 2003 a 2007.
O modelo adotado para o Programa prevê que as escolas se tornem auto-suficiente, em
termos operacionais, em relação às respectivas Secretarias de Educação. Cada escola deve
criar o seu próprio acervo de fitas, a partir da programação transmitida pelo canal TV Escola,
e disponibilizá-lo aos professores.
Segundo o Relatório da TV Escola sobre o período de 1996-2002 (SEED, 2002) foram
identificadas sugestões para a melhoria do desempenho do programa, apresentados no Quadro
3. As sugestões podem ser agrupadas em três grandes grupos:
9 Necessidade de capacitação;
9 Resolução de problemas técnicos e
9 Definição de atribuições e responsabilidades.
Estes dados confirmam a constatação da auditoria realizada pelo TCU – Tribunal de
Contas da União (SECEX 2000), de que a maior parcela dos problemas enfrentados pelo
programa é relativa ao funcionamento da infra-estrutura das escolas. Também a dificuldade de
incorporação da tecnologia de TV e vídeo no processo ensino-aprendizagem, pelos docentes é
apontada como impedimento. A importância destes itens para a melhoria do desempenho de
39

programas que visem o uso de TICs é amplamente defendido pelos autores que embasaram o
referencial teórico desta pesquisa.
%
Capacitação de Professores para utilizar a programação da TV Escola 54,6
Professores assumirem a tarefa de incorporar os vídeos 49,0
Solução de problemas técnicos ainda existentes 31,3
Secretaria Estadual nomear um técnico para gravar as fitas 29,5
Professor mais incentivado a utilizar a programação 28,7
Melhor utilização do material impresso 27,7
Coordenador pedagógico assumir as tarefas de planejamento e uso dos vídeos 24,7
Maior divulgação por parte do MEC 18,7
Prefeitura Municipal nomear um técnico para gravar as fitas 17,9
Secretaria Estadual realizar as gravações 13,5
Revezamento entre funcionários para realizar as gravações 12,5
Prefeitura realizar as gravações 10,9
Diretor da escola assumir as tarefas de planejamento e uso dos vídeos 9,5
Não informaram 8,8
Total 48.327

Quadro 3 - Avaliação da implementação da TV Escola


Fonte: (SEED, 2002)

Segundo a auditoria do TCU, com o Programa TV Escola foram criados encargos para
estados, municípios e escolas (treinamento do professor, gravação de programas, aquisição de
fitas, montagem de videoteca, manutenção dos equipamentos e etc.), sem que houvesse um
acordo prévio entre os mesmos para definição formal de atribuições e responsabilidades. A
inexistência destas definições torna-se um obstáculo à utilização do Programa (SECEX 2000).
Este fato foi constatado pela pesquisadora ao procurar duas escolas do DF para
realizar as entrevistas. Na primeira escola foi informada pela Vice-diretora que não faziam
uso dos programas do TV Escola devido às dificuldades de manutenção e operacionalização
dos equipamentos existentes, encontrando-se os mesmos fechados em uma sala. Na outra
escola o professor responsável pelo Laboratório de informática relatou dificuldades
econômicas da escola para aquisição de fitas para a gravação dos programas, contratação de
técnicos para manutenção dos equipamentos, já que o agendamento da visita do técnico
disponibilizado pelo NTE (Núcleo de Tecnologia) não é imediato.
40

4.2 RESULTADOS DAS ENTREVISTAS INDIVIDUAIS

Foram realizadas seis entrevistas com pessoas que pudessem representar a visão dos
três principais segmentos envolvidos no assunto da pesquisa: um Gestor representante do
governo, um Pesquisador, um Diretor de escola e três professores.

• Levantamento de Fatos Iniciais:


Seguindo o modelo de orientação de Fielding (1993 apud RICHARDSON, 1999, p.98)
após a transcrição dos dados obtidos na pesquisa documental e nas entrevistas, partiu-se para
a definição de categorias. Para esta definição foi adaptada a metodologia de análise usada por
Tonietto (2006) conforme descrito a seguir.
A partir dos dados obtidos com a pesquisa bibliográfica, que embasou a
fundamentação teórica deste trabalho e da pesquisa documental, foi realizado o levantamento
dos Fatos Iniciais (FI). Os dados considerados relevantes para atingir os objetivos que se
propõe neste trabalho foram categorizados nos Fatos Iniciais (FI) a seguir:
Novas tecnologias e inclusão social
FI 1 (TVD ampliará possibilidades da EAD, como forma de promover inclusão social)
Garantia de acesso às TICs
FI 2 (equipamentos)

FI 3 Resistência dos professores ao uso de TICs

FI 4 Capacitação
Adequação de conteúdos da TV Educativa
FI 5 (menos monótonos)

FI 6 Inovação da prática pedagógica

FI 7 Definição de políticas públicas


Quadro 4 - Fatos iniciais
Fonte: autora

Após a realização da primeira entrevista, com o Gestor ligado a SEED/MEC, a


pesquisadora percebeu a necessidade de adaptação de algumas questões para realizá-la com o
entrevistado pesquisador. Da mesma forma o roteiro Professor/Diretor precisou de adaptações
devido à especificidade de suas funções no ambiente escolar. A partir destes fatos os dois
roteiros iniciais foram desmembrados em quatro roteiros que se encontram nos apêndices A,
B, C e D.
As entrevistas, que no projeto inicial deste trabalho estavam previstas para serem todas
gravadas, não puderam ser realizadas desta forma. As entrevistas gravadas tiveram duração
41

média de 50 minutos e foram degravadas com o software Via voice, da IBM. O uso deste tipo
de software consistiu, inicialmente, na gravação exaustiva da voz da pesquisadora para que o
mesmo pudesse reconhecê-la. Após este procedimento iniciou-se a escuta da gravação e o
ditado para que o software convertesse-o em texto. A fidelidade entre o ditado e a gravação
não é 100%, devido ao fato de não existirem versões em português do software. Isso
demandou uma revisão criteriosa com uma segunda escuta para possíveis correções. A
pesquisadora precisou adaptar o método de coleta devido à dificuldade de agendar com alguns
entrevistados. Para aqueles que não puderam agendar a entrevista presencial foi combinado o
envio do roteiro por meio de e-mail, sendo muito bem recebido pelos entrevistados. A
pesquisadora argumentou com os entrevistados o uso deste recurso, tendo em vista justamente
se tratar de pesquisa para finalização de um curso a distância. Nada mais adequado que o
exercício da comunicação assíncrona.
A seguir serão destacados os dados obtidos com as entrevistas e relacionados aos
Fatos Iniciais definidos anteriormente.

Professor 1: gênero masculino, faixa etária 45-50 anos, professor de escola pública de Ensino
Médio.
Dados da entrevista:

FI 1: Novas Tecnologias e Com a disponibilização da TVD para oferta de


inclusão social programas educativos podemos ter mais um
elemento para contribuir para a exclusão social.

FI 2: Garantia de acesso as Equipamentos ultrapassados e sem manutenção,


TICs internet banda curta.
FI 3: Resistência dos Certa resistência dos professores mais antigos na
professores ao uso de TICs utilização das TICs.
FI 4: Capacitação Dificuldades na utilização de mídias devido à falta
de capacitação.
FI 5: Adequação de conteúdos Problema da TV educativa é que ela não se apropriou
da TV Educativa da linguagem do cinema e das novas tecnologias.
Programas, apesar da relevância dos temas, se
tornam monótonos para os alunos.
FI 6: Inovação prática A ampliação das possibilidades de novos trabalhos
pedagógica pedagógicos já é um ganho para a educação.
Facilidades na utilização de mídias: acesso à
informação e aos novos instrumentos pedagógicos.

Quadro 5 – Dados da entrevista - Professor 1


Fonte: autora
42

Professor 2: gênero feminino, faixa etária 45-50 anos, professor de escola pública de Ensino
Médio.
Dados da entrevista:
FI 1: Novas Tecnologias e O papel da EAD como uma forma de democratizar o
inclusão social acesso à Educação. Portanto, é, sem dúvida uma
forma de inclusão.
FI 2: Garantia de acesso as Essa discussão ainda não foi amplamente socializada.
TICs Há que se promover, de alguma forma, a
interatividade, sem a qual não se pode afirmar que há
um trabalho confiável de EAD.
FI 3: Resistência dos Há um julgamento negativo prévio, sem que haja
professores ao uso de TICs conhecimento de causa, porque os professores bem
como os gestores não sabem exatamente o que são as
tecnologias da informação e comunicação.
Quadro 6 _ Dados da entrevista - Professor 2
Fonte: autora
Professor 3: gênero feminino, faixa etária 45-50 anos, professor de escola pública de Ensino
Médio.
Dados da entrevista:
FI 2: Garantia de acesso as TICs Vejo a questão técnica como o maior problema
do uso de tecnologias na escola pública.
FI 3: Resistência dos professores ao Ainda não fomos educados para a leitura dos
uso de TICs meios, tais como rádio, TV, revistas.
FI 5: Adequação de conteúdos da Vídeos com “cara” de aula expositiva, enfim...a
TV Educativa subutilização de recursos e linguagens.
FI 6: Inovação prática pedagógica Sempre gostei de utilizar textos e fotos de
jornais, revistas, programas de TV (propagandas,
principalmente, e cenas de novela previamente
gravadas, filmes, como também a informática.
Quadro 7 – Dados entrevista professor 3
Fonte: autora
Diretor: gênero masculino, faixa etária 45-50 anos, professor de escola pública de Ensino
Médio.
Dados da entrevista:
FI 2: Garantia de acesso as TICs Nossa escola está com previsão de um
computador por sala para o próximo ano letivo.
Dado ao alto custo dos aparelhos acredito que a
escola pública ainda demorará a ter acesso (à TV
Digital).
FI 3: Resistência dos professores ao Dificuldade de alguns professores com o
uso de TICs domínio do uso das TICs e, em alguns casos a
resistência em aprender.
Dificuldade de manutenção dos hardwares.
FI 4: Capacitação Participei do curso Gestão Escolar e TICs do
MEC e foi muito útil em razão de trabalhar numa
escola com dois laboratórios de informática com
43

acesso a internet.
FI 6: Inovação prática pedagógica Nossa escola utiliza-se de recursos como sites da
escola, blogs, chats e comunicação por e-mail
com professores, pais e alunos.
FI 7: Definição de políticas Conservadorismo da SEDF, basta ver a
públicas dificuldade em autorizar o uso do Diário
Eletrônico.
Quadro 8 – Dados entrevista diretor
Fonte: autora
Pesquisador: gênero feminino, faixa etária 45-50 anos, pesquisador da área da Comunicação,
formação acadêmica: doutorado.
Dados da entrevista:
FI 1: Novas Tecnologias e inclusão O casamento entre EAD e TVD terrestre vai
social ampliar rapidamente o projeto de inclusão digital
porque diferente dos processos anteriores de
aprendizado via correio tradicional ou via TV
analógica, pela primeira vez alunos e professores
terão oportunidade de relacionarem-se em tempo
real.
FI 2: Garantia de acesso as TICs A maioria dos professores não tem computador e
internet em casa, uma situação que se
transformará radicalmente com a utilização do
aparelho de TV analógica com caixa conversora
para TV digital que possibilitará o uso da TV
que todos temos em casa como um grande
computador para mandar e receber mensagens ou
acessar provedores.
Se não houver interatividade plena, com canal de
retorno, a própria possibilidade de inclusão
digital cai por terra... a interatividade não vai
funcionar antes dos seis primeiros meses de
implantação da TVD terrestre, que ainda é
considerado um período de testes e adaptação à
situação brasileira.
FI 3: Resistência dos professores ao Os professores têm que aprender a lidar com
uso de TICs computadores e internet como aliados no
processo educativo, mas antes precisam deixar
de ter vergonha de não conhecer as máquinas e
também precisam deixar de ter medo desse
“novo mundo eletrônico”.
FI 4: Capacitação Não é só “dar um cursinho” para os professores.
Eles precisam introjetar essas mudanças,
entenderem os motivos pelos quais poderá ser
bom para eles, para os alunos e para a escola. A
máquina tem que “fazer sentido” para o
professor.
Quadro 9 – Dados entrevista pesquisador
Fonte: autora
44

Gestor: gênero feminino, faixa etária 30-40 anos, Gestor de empresa pública, formação
acadêmica: mestrado incompleto.
Dados da entrevista
FI 1: Novas Tecnologias e inclusão O Ministério das Comunicações tem como
social preocupação fazer com que a “TV digital
diminua o gap social”, por meio da
disponibilização de uma série de conteúdos às
pessoas que hoje estão excluídas deste mundo
das TICs. Se houver interatividade será
garantido acesso ao posto de saúde, aulas,
marcar consultas e esclarecimentos de dúvidas
em relação a aposentadoria, por exemplo.
FI 2: Garantia de acesso as TICs Sem a interatividade (da TVD) a gente poderá
fazer a TV Escola chegar com qualidade de
áudio e vídeo na periferia. Então a gente abre a
possibilidade de alcance da TV Escola.
FI 3: Resistência dos professores ao A resistência de professores na utilização das
uso de TICs TICs ocorre “quando o professor não sabe usar
plenamente, não sabe explorar, não domina
determinado equipamento”. Daí a necessidade
de um amplo, sério programa de formação, de
capacitação de professores no uso das
tecnologias de informação e comunicação.
FI 4: Capacitação É primordial o preparo das pessoas que vão
trabalhar pedagogicamente com as novas
mídias, principalmente com esta nova
televisão. É preciso pensar no preparo de toda
a cadeia envolvida, de professores a técnicos,
passando pela indústria também.
FI 5: Adequação de conteúdos da TV Antecipando-se a definição da questão
Educativa tecnológica, o MEC já começou a pensar em
um novo formato de produção para a TVD
interativa. Foi produzido um programa piloto,
em parceria com a faculdade de medicina da
USP e com a PUC do RJ, chamado Geração
Saúde. O programa apresenta um formato
composto de três partes: pré-exibição, exibição
e pós-exibição. Na pré-exibição é apresentado
um vídeo que explica ao professor como o
programa foi feito, produzido e como pode ser
trabalhado em sala de aula, auxiliando-o a
elaborar um plano de aula mais completo com
aproveitamento das potencialidades do
conteúdo. A exibição é a veiculação do vídeo,
sem cortes. A pós-exibição é disponibilizada
na Internet, através de um site, que
disponibiliza roteiros ilustrados, textos
complementares, para que o professor dê
continuidade ao trabalho iniciado com a
45

veiculação. Com a TVD este processo será


menos linear, pois o professor após assistir o
vídeo, selecionará o trecho que irá trabalhar,
gravando-o em seu repositório, para acessar
quando estiver em sala com alunos.
FI 7: Definição de políticas públicas A educação do usuário não deve ser um ônus
apenas do MEC. Esta tem que ser uma ação
que congregue vários ministérios, por exemplo,
o Ministério do Desenvolvimento Social,
Ministério das Comunicações articulados com
o MEC.
O MEC tem participado do comitê da Casa
Civil que vem discutindo a questão dos canais
da educação. O posicionamento do Secretário
tem sido o de garantir o canal de educação, na
verdade dois canais. Sendo um destinado ao
TV Escola e outro a uma parceria do MEC
com televisões universitárias.
O MEC está realizando uma pesquisa sobre a
utilização do TV Escola onde pretende avaliar,
entre outros, a utilização do Programa Geração
Saúde pelas escolas. A última avaliação
qualitativa realizada foi em 2002. O senso do
INEP 2006 possui alguns dados, porém
quantitativos.
O MEC não interfere diretamente na definição
dos professores a serem capacitados.
Secretarias de Educação, municípios e estados
tem autonomia para escolha. Entretanto,
desenvolve um trabalho de sensibilização dos
gestores estaduais e municipais para a
necessidade da capacitação dos professores,
pois no momento em que o gestor apóia a
iniciativa, entende a importância daquela ação,
então ele quer que os professores dele recebam
aquela formação.
Quadro 10 – Dados entrevista gestor
Fonte: autora
46

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A identificação de ações governamentais para o acesso às novas tecnologias revelou o


estabelecimento de políticas públicas com a preocupação de garantir o acesso, através de
programas disponibilizados pela SEED/MEC. A pesquisadora identificou algumas limitações
nas definições destas políticas públicas que, em sua opinião, comprometem os resultados das
ações. Esta opinião também foi reforçada com as informações encontradas na auditoria do
TCU sobre o Programa TV Escola (SECEX, 2000). A descentralização da operacionalização
dos programas, conforme analisada na teoria por Belloni (2003), foi citada pelo entrevistado
Gestor e revelada na pesquisa documental. Os resultados encontrados confirmam o que a
autora coloca, quando o entrevistado Gestor afirma que “o MEC não interfere diretamente na
definição dos professores a serem capacitados”. E na pesquisa documental foram encontrados
dados, tanto no relatório de avaliação da SEED (2002) quanto no relatório da auditoria do
TCU (SECEX, 2000) sobre as conseqüências negativas geradas pela falta de definição formal
de atribuições e responsabilidades. Ambos revelam que algo que deveria ser uma solução,
torna-se um problema quando as responsabilidades não são claramente definidas ou quando
não são estabelecidos mecanismos de controle gerencial e operacional.
No caso do Programa TV Escola, a SEED/MEC provê os equipamentos e
transmissões; as secretarias estaduais e municipais e as escolas que os recebem são
responsáveis pelos recursos materiais e humanos necessários à instalação e manutenção dos
equipamentos. No entanto, esta contrapartida nem sempre é efetivada. Aqui no DF, por
exemplo, a Gerência Regional do Plano Piloto/Cruzeiro, que recebeu equipamentos para
gravação dos programas para disponibilizar as escolas teve os equipamentos roubados em um
assalto, e ainda hoje não providenciou a reposição dos mesmos. As escolas que a procuram
são encaminhadas à Gerência de Multimídia (GEMUT), descaracterizando o projeto inicial
que previa a organização de videotecas nas Gerências Regionais de Ensino, para a criação de
acervo dos programas veiculados pelo TV Escola. Este fato evidencia a descontinuidade dos
programas estabelecidos devido à falta de controle sobre o uso, a manutenção e a segurança
dos equipamentos distribuídos. Conforme informações contidas no Relatório TV Escola
(SEED, 2002) esta questão da falta de segurança enfrentada pelas escolas é apontada como
um agravante para a não utilização do Programa.
Outra questão relativa à definição de políticas públicas é a falta de sintonia entre as
instâncias responsáveis por sua disseminação, também encontrada na teoria deste trabalho, na
análise de Belloni (2003). A autora apesar de colocar à instituição escolar como responsável
47

pela democratização do acesso aos meios tecnológicos, não deixa de reconhecer que a maioria
das escolas não apresenta as condições para assumir tal tarefa, sem que haja uma união de
esforços das diferentes instâncias organizadoras.
O entrevistado Diretor ilustra este fato com o relato de seu pioneirismo na adoção do
Diário Eletrônico, apesar do conservadorismo da SE/DF, que dificultou a autorização.
Com a análise de relatórios, tais como o do Programa TV Escola - 1996-2002, foi
constatado que uma das principais causas da não utilização do programa está ligada à
qualidade da recepção do sinal (imagem e áudio ruins). Esta dificuldade constatada reforça a
importância revelada na entrevista do Gestor para a garantia de qualidade de áudio e vídeo
que a TVD proporcionará para as comunidades periféricas.
A pesquisadora, no início deste trabalho, percebia como principal benefício da nova
mídia apenas a possibilidade interativa. Porém, com o desenrolar da pesquisa, foi-se
evidenciando que a interatividade ideal não será proporcionada no início das transmissões
digitais, e que apesar disto a melhoria da qualidade da recepção do sinal já significará um
grande avanço. Fato também presente na entrevista do Pesquisador, ao afirmar que a
interatividade não funcionará antes dos seis primeiros meses de implantação da TVD. Os
dados destas entrevistas confirmam a teoria encontrada em Afonso (2006) que caracteriza a
evolução da TV analógica para a digital como sendo marcada pela qualidade do sinal de áudio
e vídeo, além do fornecimento de novas funcionalidades que agregam “capacidade
computacional à TV”.
Considerando o tímido crescimento no acesso as TICs, conforme Figura 1 deste
trabalho, cujos dados demonstram que apesar de ter havido um crescimento maior na
proporção de domicílios que possuem computador de mesa (2,7%) em relação a Televisão
(1,3%), a penetração do meio Televisão continua alto em relação aos demais (TV: 97,0% ,
computador de mesa :19,3%). Este é um dado que a coloca como o meio de maior potencial
para promover a inclusão digital. Sobre este aspecto, dados da entrevista do Pesquisador
confirmam que a situação atual em que poucos domicílios possuem computador e internet
será transformada radicalmente com a possibilidade de transformar a TV analógica em um
computador, utilizando a caixa conversora (Set-top Box).
Na identificação de dificuldades e facilidades estabelecidas no Programa TV Escola,
de acordo com o relatório final do Projeto Piloto de Gestão Compartilhada (RUA, 2002)
também foi verificada a falta de informação, de sensibilização e capacitação do professor
sobre a importância do Programa. Passados seis (6) anos da conclusão do Relatório do Projeto
48

Piloto, as entrevistas com os professores revelam que ainda hoje estas dificuldades persistem.
A afirmação encontrada na entrevista do Professor 1 sobre a possibilidade de que com a TVD
se estabeleça mais um elemento de exclusão social confirma o exposto na fundamentação
teórica, por Belloni (2002), de que existe um receio comum de que as TICs aprofundem ainda
mais as desigualdades sociais. Assim como esta, as outras duas entrevistas com professores
expressam este receio, evidenciando a necessidade de um maior esclarecimento para a
disseminação da cultura de uso da tecnologia como apoio a aprendizagem.
A capacitação de professores para o uso das novas tecnologias precisa enfatizar a
importância que os mesmos terão na tarefa de garantir o acesso de muitos indivíduos, cuja
única ou primeira oportunidade de inclusão digital encontra-se na escola. Aqui é evidenciada
a citação de Fagundes (1998) sobre a transformação da “Escola para academia” em “Escola
para academia e sociedade”, atendendo a demanda do mercado profissional por indivíduos
altamente educados/qualificados. O entrevistado Pesquisador afirma que “os professores têm
que aprender a lidar com computadores e internet como aliados no processo educativo”,
deixando de sentir vergonha por não conhecê-los ou sentindo medo desse “novo mundo
eletrônico”. Também os dados da entrevista com o Professor 3 remetem a necessidade de
capacitação quando afirma que “ainda não fomos educados para a leitura dos meios, tais como
rádio, TV, revistas”. E esta afirmação faz coro ao que foi teorizado por Belloni (2003) sobre o
uso pedagógico envolver “a consideração das concepções e representações sobre o meio em
questão, sua função social e suas características estéticas”. O uso da TV digital em processos
educativos requer a qualificação para o entendimento da linguagem audiovisual, para a
exploração da característica não linear da tecnologia digital, que permite o desenvolvimento
colaborativo de conteúdo.
A afirmação de Fonseca (2007), presente na teoria, sobre a dificuldade encontrada
pelos docentes em inovar seu trabalho pedagógico, mesmo quando diante de condições
favoráveis e estimulados por um clima institucional favorável, é confirmada pelo entrevistado
Diretor, que relata a falta de domínio das TICs de alguns professores, apesar do alto nível de
apoio e investimento encontrado na política pedagógica de sua escola. A escola em questão,
segundo o entrevistado, conta com dois laboratórios de informática, utiliza recursos como site
da escola, blogs, chats e comunicação por e-mail com professores, pais e alunos, incluindo em
seu projeto pedagógico o uso de Mídias tais como vídeo, DVD, internet, jornais e revistas.
Em resposta ao problema de pesquisa colocado neste trabalho, ou seja, as
possibilidades de uso dos recursos tecnológicos da TV digital para a inovação da prática
49

pedagógica, foram encontrados dados na pesquisa documental que confirmam a teoria


defendida por Amaral et all. (2004) sobre a existência de recursos que combinam
características tradicionais da TV analógica com as potencialidades do computador pessoal e
com o impacto da internet. Os testes de aplicativos desenvolvidos pela Unicamp e CPqD,
apresentados na pesquisa documental exemplificam os recursos que os professores terão
disponíveis.para apoiar seu trabalho. Para o Professor 1 a utilização destes recursos significará
a ampliação das possibilidades de novos trabalhos pedagógicos.
A pesquisa também revelou que o simples acesso aos recursos tecnológicos não são
garantia de ocorrência da inovação, confirmando o exposto por Fonseca (2007): para haver
inovação que resulte numa melhoria concreta do sistema, tem que haver intencionalidade.
Esta intencionalidade está presente na predisposição para uso de diferentes mídias como apoio
pedagógico relatada pelo professor 3. Conforme afirmação do entrevistado Pesquisador os
professores precisam introjetar as mudanças tecnológicas, entendendo os motivos pelos quais
será bom para eles, para os alunos e para a escola. É com a máquina fazendo sentido para o
professor que poderá acontecer o que Belloni (2003) chamou de inovação pedagógica e que
deve acontecer paralelamente à inovação tecnológica.
Este “fazer sentido” passa também pelo que foi teorizado por Lemos e Costa (2005,
p.13) sobre a capacidade de livre apropriação dos meios. A criação de “condições para o
desenvolvimento de um pensamento crítico, autônomo e criativo em relação às novas
tecnologias de comunicação e informação” envolvem, no caso da TV digital, a adequação de
conteúdos da TV Educativa. A necessidade desta adequação foi confirmada na entrevista do
Professor 1, cuja opinião sobre o assunto é que o problema da TV Educativa reside no fato
desta não ter se apropriado da “linguagem do cinema e das novas tecnologias”. Dessa forma,
apesar da relevância dos temas, os programas se tornam monótonos para os alunos. Visão
semelhante possui o Professor 3 que percebe os vídeos com “cara” de aula expositiva,
revelando a subutilização de recursos e linguagens.
A este respeito o entrevistado Gestor informa que já existe uma preocupação da
SEED/MEC em adequar seus conteúdos às características da TV digital. Pensando em um
novo formato de produção, foi produzido um programa piloto em parceria com a Faculdade
de Medicina da USP e com a PUC do RJ, chamado Geração Saúde. O programa apresenta um
formato composto de três partes: pré-exibição, exibição e pós-exibição. Este formato
possibilita que o professor tenha orientação prévia sobre como trabalhar o vídeo, faça a
50

exibição propriamente dita e desenvolva um trabalho de pós-exibição com seus alunos, dando
continuidade ao assunto abordado.
51

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste trabalho era identificar como os professores poderão inovar suas
práticas pedagógicas com os recursos da TVD. Assim, com as questões aqui levantadas
buscou-se estimular a reflexão sobre o potencial educativo disponibilizado com a TV Digital e
a busca de maiores informações sobre o Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre
(SBTVD-T), para melhor entender as suas possibilidades para a EAD.
O desenvolvimento do estudo evidenciou os problemas e obstáculos enfrentados pelos
professores na apropriação de novas tecnologias. Pode-se pensar que este tema já foi debatido
a exaustão. No entanto, apesar das inúmeras pesquisas realizadas, dos artigos e livros
publicados a este respeito ainda hoje se percebe que muito pouco se avançou em direção a um
efetivo uso de Mídias na Educação.
Foi evidenciada a resistência de professores ao uso de novas tecnologias e pouco
crédito ao valor agregado à inovação de práticas pedagógicas. Revelou-se neste trabalho que a
superação destes obstáculos depende de uma maior divulgação dos programas existentes, da
capacitação, da definição de políticas públicas que garantam o acesso as TICs.
A pesquisa revelou que com a TVD abrem-se possibilidades de acesso a recursos até
então apenas disponibilizados através da internet. A nova mídia possibilitará o acesso aos
recursos computacionais, como armazenamento e envio de dados, uso de e-mail, ampliando
os recursos de interação existentes hoje. Entretanto, o efetivo acesso interativo não acontecerá
de imediato, com o início das transmissões digitais em 02 de dezembro de 2007. Mesmo
assim, não deixa de ter valor a melhoria da qualidade de som e imagem que garantirão as
comunidades periféricas o uso de programas educativos.
O resultado alcançado com a pesquisa demonstrou que, para os professores inovarem
sua prática pedagógica com os recursos da TVD, além da garantia da oferta dos recursos
interativos, será necessário uma maior divulgação, que envolva a sensibilização para o uso por
meio de programas de capacitação. Considerando que esta é uma área de conhecimento ainda
não consolidada, a preparação destes professores para atuarem com a nova tecnologia, deve
iniciar com a divulgação de informações que despertem seu interesse. A partir desta nova
realidade, entende-se como essencial a formação de professores, que irão conduzir o processo
de aprendizagem, tendo em vista a emergente forma de pensar e construir introduzida com a
tecnologia digital. Esta capacitação não pode envolver apenas aspectos técnicos do uso. Para
que ocorra a construção de um saber crítico e participativo, conforme explicitado no problema
de pesquisa deste trabalho será necessário a educação para o meio, para o entendimento da
52

linguagem audiovisual, para a exploração da característica não linear da tecnologia digital,


que permite o desenvolvimento colaborativo de conteúdo. A análise das formas de utilização
dos recursos (guia eletrônico de programação educativa, solicitação dos vídeos pela web site,
suporte à lição de casa) é de extrema importância para que não se continue a reproduzir
práticas antigas que apenas reforçarão a desconfiança generalizada em relação à EAD. A
apropriação de mais uma mídia precisa ser pensada não apenas em termos das ferramentas
disponíveis, mas principalmente com uma nova leitura do meio que permitirá a construção de
um saber crítico e participativo. Ao professor caberá a tarefa de conduzir o processo de
apropriação, orientando o aluno e compartilhando informações para juntos construírem o
conhecimento. Além destes aspectos é importante a definição de políticas públicas, com
mecanismos de controle, avaliação, e clara definição de responsabilidades dos diversos atores
envolvidos.
A relevância desta pesquisa para a Educação a Distância está no estudo do potencial
dos recursos da TV Digital que a colocam como mais uma mídia disponível para a oferta de
programas educativos. Há necessidade de se aprofundar a discussão, considerando as
características do meio TV digital, qual será a cobertura de escolas que terão acesso à nova
tecnologia e como serão treinados os professores que farão a mediação do processo
produzindo e/ou utilizando os conteúdos. Este enfoque remete a várias questões hoje
debatidas quando se fala em Educação e as mudanças ocorridas e que ainda estão por vir com
a apropriação dos meios tecnológicos inseridos no dia-a-dia de qualquer aluno, professor e
seus familiares. Estes aspectos não puderam ser respondidos totalmente com a pesquisa
realizada, pois ainda não foram iniciadas as transmissões digitais.
As questões aqui verificadas não se esgotam neste trabalho. Muito pelo contrário, são
colocadas como questões que devem alavancar a discussão no meio acadêmico,
principalmente considerando que a tão esperada rede de educação a distância proposta no
decreto presidencial de criação do SBTVD não se efetivará nos primeiros meses de
transmissão digital. A pesquisadora acredita que é o momento para se aprofundar a discussão
e refletir sobre os motivos pelos quais o sistema educacional ainda não consegue absorver
plenamente as inovações tecnológicas. Esta discussão pode ser por meio de seminários e
eventos que reúnam pesquisadores ligados a Educação, Tecnologia e Comunicação para
debaterem o assunto, inclusões do tema nas disciplinas da graduação que tratem sobre uso de
mídias na educação, ou por meio de cursos de capacitação de professores que incluam esta
reflexão.
53

REFERÊNCIAS
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57

APÊNDICE A

Universidade de Brasília – UnB


Centro de Educação a Distância – CEAD
Pós-Graduação em Educação a Distância

Roteiro Entrevista 1

(Professor)

Nome:

Faixa etária: ( ) Menos de 20 anos ( ) 21 – 30 anos( ) 31 – 40 anos

( ) 41 – 50 anos ( ) Mais de 51 anos

Local de trabalho:

Tem computador em casa?( ) sim ( )não

Em caso negativo, onde costuma usar computador?

Tem internet em casa? ( ) sim ( )não

Em caso negativo, onde costuma acessar a internet?

Quais usos costuma fazer da internet?

( )trabalhos escolares e pesquisa ( )e-mails ( ) chats ( )blogs ( )fotoblog

( ) baixar música ( )Youtube ou páginas similares ( )wikipedia (_ )outro: .......

1- Você possui alguma experiência com uso de Mídias como apoio a aprendizagem?

1.1 Quais? (exemplifique descrevendo a forma de utilização e pontos positivos e/ou


negativos)
a.Vídeo
b.DVD
c.Internet
d.TV aberta
e. TV por assinatura
f. Rádio
g. Jogos
h. Jornais
i. Revistas
58

2- Você já participou de algum curso de formação continuada para utilização de mídias


na educação (por exemplo, Mídias na Educação, TV Escola, Pro-Info ou outros)?

2.1 Em caso afirmativo, descreva sua experiência no curso e as aplicações no cotidiano


escolar:

2.2 Em caso negativo, descreva sua percepção sobre o uso de mídias na educação –
aspectos motivadores e desmotivadores:

3- Quais dificuldades/facilidades você encontra para utilização de mídias na educação


(Faça uma análise considerando aspectos tais como, domínio das capacidades técnicas,
qual tipo de mídia pode ser considerada mais eficaz com relação à aprendizagem, qual
mídia desperta maior interesse no aluno, nível de apoio/investimento encontrado na
política da escola para uso da TICs).

4- Você já leu ou conhece algo sobre TV Digital? A partir dos decretos 4901 e 5820 há
uma previsão de disponibilização da TV Digital para a oferta de programas
educativos, destinados, entre outros, ao aprimoramento da educação a distância e
capacitação de professores. Qual sua opinião a respeito?

5- Que tipo de serviços/recursos você gostaria de encontrar numa TV Educativa Digital?

Exemplos:
a. Conteúdos Educativos
b. Jogos e Games
c. Vídeos
d. Agenda Escolar
e. Textos de apoio
f. Planos de Aulas
g. Simulações de Experimentos
h.Participar de programas de debate, como numa videoconferência
i. Veiculação de conteúdos gerados pelos alunos.

6- A partir de sua experiência com outras mídias, como você poderia ressignificar seu
fazer pedagógico utilizando os serviços/recursos encontrados num sistema de TV
digital?
59

APÊNDICE B

Universidade de Brasília – UnB


Centro de Educação a Distância – CEAD
Pós-Graduação em Educação a Distância

Roteiro Entrevista 2

(Diretor)

Nome:

Faixa etária: ( ) Menos de 20 anos ( ) 21 – 30 anos( ) 31 – 40 anos

( ) 41 – 50 anos ( ) Mais de 51 anos

Local de trabalho:

Tem computador em casa?( ) sim ( )não

Em caso negativo, onde costuma usar computador?

Tem internet em casa? ( ) sim ( )não

Em caso negativo, onde costuma acessar a internet?

Quais usos costuma fazer da internet?

( )trabalhos escolares e pesquisa ( )e-mails ( ) chats ( )blogs ( )fotoblog

( ) baixar música ( )Youtube ou páginas similares ( )wikipedia (_ )outro: .......

1- A escola inclui em seu projeto pedagógico o uso de Mídias como apoio a


aprendizagem?

1.1 Quais? (exemplifique descrevendo a forma de utilização e pontos positivos e/ou


negativos)
a.Vídeo
b.DVD
c.Internet
d.TV aberta
e. TV por assinatura
f. Rádio
g. Jogos
h. Jornais
i. Revistas
60

2- Você já participou de algum curso de formação continuada para utilização de mídias


na educação (por exemplo, Mídias na Educação, TV Escola, Pro-Info ou outros)?

2.1 Em caso afirmativo, descreva sua experiência no curso e as aplicações no cotidiano


escolar:

2.2 Em caso negativo, descreva sua percepção sobre o uso de mídias na educação –
aspectos motivadores e desmotivadores:

3- Quais dificuldades/facilidades você encontra para utilização de mídias na educação


(Faça uma análise considerando aspectos tais como, domínio das capacidades técnicas,
qual tipo de mídia pode ser considerada mais eficaz com relação à aprendizagem, qual
mídia desperta maior interesse no aluno, nível de apoio/investimento encontrado na
política da escola para uso da TICs).

4- Você já leu ou conhece algo sobre TV Digital? A partir dos decretos 4901 e 5820 há
uma previsão de disponibilização da TV Digital para a oferta de programas
educativos, destinados, entre outros, ao aprimoramento da educação a distância e
capacitação de professores. Qual sua opinião a respeito?

5- Que tipo de serviços/recursos você gostaria de encontrar numa TV Educativa Digital?

Exemplos:
a. Conteúdos Educativos
b. Jogos e Games
c. Vídeos
d. Agenda Escolar
e. Textos de apoio
f. Planos de Aulas
g. Simulações de Experimentos
h.Participar de programas de debate, como numa videoconferência
i. Veiculação de conteúdos gerados pelos alunos.

6- A partir de sua experiência com outras mídias, como você analisaria a inclusão da TV
Digital no projeto da escola? Que ações poderiam ser incluídas na política de gestão
escolar para sensibilizar os professores e ajudá-los a incorporá-la à seu fazer
pedagógico?
61

APÊNDICE C

Universidade de Brasília – UnB


Centro de Educação a Distância – CEAD
Pós-Graduação em Educação a Distância

Roteiro Entrevista 3

(Gestor)

Nome:

Faixa etária: ( ) Menos de 20 anos ( ) 21 – 30 anos ( ) 31 – 40 anos


( ) 41 – 50 anos ( ) Mais de 51 anos

Local de trabalho:

Tem computador em casa?( ) sim ( )não

Em caso negativo, onde costuma usar computador?

Tem internet em casa? ( ) sim ( )não

Em caso negativo, onde costuma acessar a internet?

Quais usos costuma fazer da internet?

( )trabalhos escolares e pesquisa ( )e-mails ( ) chats ( )blogs ( )fotoblog

( ) baixar música ( )Youtube ou páginas similares ( )wikipedia (_ )outro: ................

1- Diante das finalidades sociais, claramente explicitadas no Decreto 4901 sobre


TVD, no sentido de promover a inclusão social por meio do acesso à tecnologia digital, como
você vê o papel da Educação a Distância neste processo?

2- Com o Decreto 5820 o Governo reforça a questão do papel da EAD, através da


transmissão de um canal de Educação destinada, entre outros ao aprimoramento da educação
a distância de alunos e capacitação de professores? Já existe algum estudo de viabilidade,
algum fórum de discussão entre gestores escolares, professores e administradores da
SEED/MEC, algum planejamento neste sentido?
(lembrar a falta de memória de programas recentes que poderiam resgatar experiências
para estas decisões)

3-Segundo pesquisas de avaliação de programas de disseminação do uso das TICS na


educação, verifica-se um preconceito na sua utilização por parte dos professores. Em sua
opinião quais motivos podem ser apontados como causa deste preconceito? Que ações, em
62

sua opinião poderiam ser implementadas no sentido de desmistificar o uso da TVD, para que
seja alcançado o objetivo de formação da grande rede de EAD, proposto pelo Decreto 4901?

4- E a questão da interatividade, primordial para o sucesso de programas de EAD,


como ficará se os conversores mais simples não tiverem o canal de retorno? Segundo o
governo serão estes, sem a interatividade plena, os destinados à parcela mais pobre da
população.

(Estas decisões não estariam colocando as facilidades do canal de retorno longe do alcance
exatamente daqueles que mais se beneficiariam com seus recursos, devido à capilaridade do
meio? A interatividade foi sempre colocada como o diferencial em relação aos demais
padrões. Se houver a restrição da interatividade, ou seja, apenas interatividade local, os
programas de EAD não seriam meras reproduções do que já existe na TV Analógica, apenas
com maior qualidade de imagem? )
63

APÊNDICE D

Universidade de Brasília – UnB


Centro de Educação a Distância – CEAD
Pós-Graduação em Educação a Distância

Roteiro Entrevista 4

(Pesquisador)

Nome:

Faixa etária: ( ) Menos de 20 anos ( ) 21 – 30 anos ( ) 31 – 40 anos


( ) 41 – 50 anos ( ) Mais de 51 anos

Local de trabalho:

Tem computador em casa?( ) sim ( )não

Em caso negativo, onde costuma usar computador?

Tem internet em casa? ( ) sim ( )não

Em caso negativo, onde costuma acessar a internet?

Quais usos costuma fazer da internet?

( )trabalhos escolares e pesquisa ( )e-mails ( ) chats ( )blogs ( )fotoblog

( ) baixar música ( )Youtube ou páginas similares ( )wikipedia (_ )outro: ................

1- Diante das finalidades sociais, claramente explicitadas no Decreto 4901 sobre


TVD, no sentido de promover a inclusão social por meio do acesso à tecnologia digital, como
você vê o papel da Educação a Distância neste processo?

2- Com o Decreto 5820 o Governo reforça a questão do papel da EAD, através da


transmissão de um canal de Educação destinada, entre outros ao aprimoramento da educação
a distância de alunos e capacitação de professores? Você tem conhecimento de algum estudo
de viabilidade, algum fórum de discussão entre gestores escolares, professores e
administradores da SEED/MEC, algum planejamento neste sentido?
(lembrar a falta de memória de programas recentes que poderiam resgatar experiências
para estas decisões)

3-Segundo pesquisas de avaliação de programas de disseminação do uso das TICS na


educação, verifica-se um preconceito na sua utilização por parte dos professores. Em sua
64

opinião quais motivos podem ser apontados como causa deste preconceito? Que ações, em
sua opinião poderiam ser implementadas no sentido de desmistificar o uso da TVD, para que
seja alcançado o objetivo de formação da grande rede de EAD, proposto pelo Decreto 4901?

4- E a questão da interatividade, primordial para o sucesso de programas de EAD,


como ficará se os conversores mais simples não tiverem o canal de retorno? Segundo o
governo serão estes, sem a interatividade plena, os destinados à parcela mais pobre da
população.

(Estas decisões não estariam colocando as facilidades do canal de retorno longe do alcance
exatamente daqueles que mais se beneficiariam com seus recursos, devido à capilaridade do
meio? A interatividade foi sempre colocada como o diferencial em relação aos demais
padrões. Se houver a restrição da interatividade, ou seja, apenas interatividade local, os
programas de EAD não seriam meras reproduções do que já existe na TV Analógica, apenas
com maior qualidade de imagem? )
65

ANEXO A
66
67
68
69

ANEXO B
70
71

ANEXO C
72
73

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