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MÍDIAS NA EDUCAÇÃO:
A TV DIGITAL E A CONSTRUÇÃO DE UM SABER CRÍTICO E PARTICIPATIVO
Brasília – DF
2007
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MÍDIAS NA EDUCAÇÃO:
A TV DIGITAL E A CONSTRUÇÃO DE UM SABER CRÍTICO E PARTICIPATIVO
Brasília – DF
2007
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MÍDIAS NA EDUCAÇÃO:
A TV DIGITAL E A CONSTRUÇÃO DE UM SABER CRÍTICO E PARTICIPATIVO
___________________________________________
Profa. Dra. Sandra Lestinge
Universidade de Brasília - UnB
Orientadora
___________________________________________
Profa. Simone aparecida Lisniowski
Examinador
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu filho e meu marido pela paciência, carinho e por terem suportado as minhas
ausências.
Aos meus pais, irmãos e a família toda pelo incentivo e apoio constantes.
Aos amigos e colegas, em especial Vania Barbosa e Lucilene Marques Martins Rodrigues que
estiveram presentes incentivando, motivando e consolidando nossa recente amizade. À
Cristiane Arakaki e Daniela Garrossini pela amizade e apoio constante.
À Orientadora Profª Sandra Lestinge e à Tutora Profª Laura Ferreira Macêdo pelas sugestões
e orientações no projeto e finalização desta monografia.
Aos entrevistados que gentilmente colaboraram para o enriquecimento deste trabalho e em
especial à Cosette Castro pela colaboração e inspiração no amadurecimento dos meus
conhecimentos e conceitos que levaram a execução e conclusão desta monografia.
Aos colegas de trabalho pelo apoio, pela colaboração e amizade, em especial ao Reinaldo
Dimon e Suhelen R. Chaves.
Aos professores, tutores e coordenação do curso que foram importantes para consolidar a base
acadêmica para o desenvolvimento desta monografia.
A TODOS MUITO OBRIGADO!
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RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo principal verificar as possibilidades de utilização dos
recursos da TV Digital para a construção de um saber crítico e participativo, focando-se
principalmente na formação de professores. O estudo considerou ações governamentais com
finalidade de inclusão social através da inclusão digital no meio educacional; a experiência
dos professores com a apropriação tecnológica; e, a expectativa governamental em relação ao
uso da TV Digital para o desenvolvimento da educação a distância, por meio da capacitação
de professores. A pesquisa foi delimitada a professores da rede pública de escolas do ensino
médio do DF, diretor de Escola, gestor representante do governo e pesquisador. O estudo tem
base teórica que analisa o impacto da introdução midiática no contexto escolar, além da visão
de pesquisadores envolvidos com o desenvolvimento do Sistema Brasileiro de TV Digital-
Terrestre (SBTVD-T). Foram realizadas entrevistas e pesquisa documental para o
levantamento dos dados que confirmassem ou refutassem a opinião vigente, além da análise
específica do Programa TV Escola. A análise dos resultados demonstrou que ainda persiste
uma resistência dos professores à apropriação de mais uma mídia, apesar da crescente
preocupação governamental em propiciar o acesso. Esta resistência está relacionada a fatores
como falta de capacitação e de definição clara de políticas públicas que permitam a
continuidade dos programas. O resultado da pesquisa demonstrou que o potencial da TVD é
grande, porém é necessário que o professor seja sensibilizado para o seu uso de forma crítica.
ABSTRACT
The goal of this study is to verify the main potential use of Digital TV’s resources for the
construction of a critical and participatory knowledge, focusing mainly on the training of
teachers. The study it considered governmental actions with purpose of social inclusion
through digital inclusion in the education, the experience of teachers with the technological
appropriation and the governmental expectation in relation to the use of Digital TV for the
development of the distance education, by means of the teachers qualification. The research
was limited to high school teachers from the public schools of DF, directors of school,
government representatives and researchers. The study is based on the theoretical views of
authors who analyze the impact of new technologies in schools, as well as the view of
researchers involved with the development of the Brazilian System of Digital TV- Terrestrial
(BSDTV-T). Interviews and desk research were held for the raising of data that confirm or
prove current opinion is wrong, besides specific analysis of School TV Program. Analysis of
the results showed a persisting resistance from the part of the teachers about using one or
more communications media. This resistance is linked to factors such as lack of teachers
training and lack of clear governmental policies so as to allow for the continuity of the
Programs. The outcome of the research showed that the potential of DTV is immense,
however needs that the teacher be aware of this critical use.
Keywords: Education in the media, Digital TV, School TV, The Distance Education,
Continuing Education for Teachers.
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LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................11
3 METODOLOGIA.............................................................................................................29
3.3 Instrumentos...............................................................................................................30
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................53
APÊNDICE A ..........................................................................................................................57
APÊNDICE B...........................................................................................................................59
APÊNDICE C...........................................................................................................................61
10
APÊNDICE D ..........................................................................................................................63
ANEXO A ................................................................................................................................65
ANEXO B ................................................................................................................................69
ANEXO C ................................................................................................................................71
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVOS
Esta monografia tem por objetivo geral identificar como os professores poderão inovar
suas práticas pedagógicas com os recursos da TV D.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O tema Mídias na Educação remete a uma reflexão bastante ampla a respeito das
transformações, impulsionadas pela revolução tecnológica, pelas quais passa a Educação. Um
dos paradigmas que se impõe atualmente é a necessidade de uma atualização constante do
conhecimento. Para diversos autores há uma certeza: o que se aprende com a Educação
formal, do ensino básico à graduação já não é o suficiente para garantir uma boa colocação no
mercado de trabalho (BELLONI, 2002).
A partir desta constatação, a necessidade de atender a demanda crescente de alunos
que o modelo tradicional já não comporta, pode ser satisfeita pela EAD. Esta modalidade de
ensino-aprendizagem, cujas possibilidades foram ampliadas pela adoção das novas
tecnologias da informação e comunicação (TICs), apresenta-se como uma alternativa capaz de
superar limites de tempo e espaço (MORAN, 2000).
Segundo Belloni (2002) caminha-se para uma convergência de paradigmas que
unificará o ensino presencial e a distância. São exatamente as características técnicas da
educação a distância, com o uso crescente das TICs, que determinarão esta convergência, ou
seja, a mediatização técnica dos processos educacionais. Assim, pode-se caminhar em direção
a um modelo híbrido, formado por módulos tanto presenciais quanto a distância.
Como toda época de mudanças históricas, esta é uma que gera sentimentos ambíguos
de deslumbramento, defesas apaixonadas, insegurança, desconfiança e questionamentos em
relação à eficácia dos novos métodos de aprendizagem inseridos no ensino a distância. Sabe-
se que o acesso às tecnologias não são uma prerrogativa de sucesso para os processos de
formação. Sua utilização requer um planejamento prévio, envolvendo diversas áreas tais como
educação, informática e comunicação, num projeto interdisciplinar centrado na interatividade
a ser explorada com as tecnologias digitais, que possibilitarão o estabelecimento de uma
comunicação participativa e critica (WICKERT, 1999).
Numa ampliação desta visão diversos autores têm defendido a adoção de um projeto
transdisciplinar, no qual segundo Morin et al (1994) a educação autêntica deve ensinar a
contextualizar, concretizar e globalizar, num movimento de unificação das disciplinas e
através delas. Castro (2007), por exemplo, analisa a EAD segundo a visão transdisciplinar,
ressaltando os aspectos da inclusão social e da democratização da informação. E Nicolescu
(1999) defende idéias em seu Manifesto da Transdisciplinaridade que potencializam os quatro
15
1
Aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender ao longo da vida.
16
profissão, pela necessidade da Educação ao Longo da Vida, em sua análise sobre a Educação
a distância no Brasil, baseada em pesquisas empíricas sobre experiências de formação de
professores.
Há, porém um receio comum de que as novas tecnologias aprofundem ainda mais as
desigualdades sociais. A este respeito, Delors (1998) observa que os sistemas educativos
devem tomar para si a tarefa de ensinar a todos os alunos o domínio das novas tecnologias,
assegurando assim a difusão de saberes, bem como a igualdade de oportunidades. Semelhante
concepção, porém mais centrada na educação a distância do que Delors, que analisa a
educação em geral, Belloni (2002) enfatiza que a democratização do acesso e a diminuição
das desigualdades sociais, dependem da capacidade da escola e dos cidadãos acreditarem em
processos de educação e comunicação como meios de emancipação. Ambos remetem à teoria
Freireana da educação autêntica, que “não se faz de A para B ou de A sobre B, mas de A com
B, midiatizados pelo mundo” (FREIRE, 2005, p.97).
Adaptando-se a estes novos tempos a Educação passou a adotar novos conceitos que
pudessem ampliar suas características iniciais. Ao analisar as transformações pelas quais a
humanidade passou indo da Era Industrial para a Era da Informação (Quadro 1), pode–se
entender a necessidade de mudanças no processo educacional (FAGUNDES, 1998).
Os dados apresentados no Quadro 1 corroboram a afirmação de Delors (1998, p. 191)
sobre novos papéis e seus relacionamentos, impulsionados pela tecnologia na Educação:
Munidos destes novos instrumentos, os alunos tornam-se pesquisadores. Os
professores ensinam aos alunos a avaliar e gerir, na prática, a informação que lhes
chega. Este processo revela-se muito mais próximo da vida real do que os métodos
tradicionais de transmissão do saber. Começam a surgir nas salas de aula novos tipos
de relacionamento.
Sintetizando as informações do Quadro 1, percebe-se que, para atender a demanda da
Sociedade da Informação e do Conhecimento, caminha-se para a construção de um novo
modelo de Educação, baseado na aprendizagem mediada pela tecnologia, que disponibiliza
uma infinidade de informação. É imperativo que este modelo esteja centrado no aluno, em
suas necessidades, seus interesses e ritmos de aprendizagem. O aluno que assume o papel de
debatedor, além de aprender contribui para o aprendizado do grupo, colocando suas
indagações ou opiniões, para construção do saber colaborativo.
E o professor, neste modelo, assume uma nova proposta pedagógica voltada para a
aprendizagem integrada, estimulando a criticidade do aluno para interligar fatos e construir o
conhecimento em uma perspectiva global. Por meio desta nova proposta garantirá a educação
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Freire (2002, p.9) ao afirmar que “formar é muito mais do que puramente treinar o
educando no desempenho de destrezas“, salienta a importância de uma concepção de escola
que sabe que: “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua
produção ou sua construção” (FREIRE, 2002, p.21).
A criação destas possibilidades está relacionada aos processos de aprendizagem. Sabe-
se que um mesmo ensino, tanto pode resultar em aprendizagem para algumas pessoas, quanto
pode ser ineficaz em relação a outras. Dependerá da motivação, expectativas, interesses e
experiências pessoais.
Partindo do pressuposto de que a educação a distância é uma estratégia, uma
metodologia de ensino a serviço da Educação, ela apresenta-se como uma ferramenta
importante para o resgate da qualidade do processo educativo ao longo da vida.
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Segundo Levy (1999), a EaD foi considerada, durante muito tempo, um “estepe” do
ensino. Sua utilização acontecia quando o sistema convencional “falhava”. Assim surgiu o
preconceito que definia a Educação a distância como educação utilizada por aqueles que não
tiveram oportunidades melhores, na educação presencial, no ensino convencional.
Porém, com a introdução das novas tecnologias em seu cotidiano, o antigo processo de
ensinar e de aprender a distância, tornou-se mais fácil e atraente (VARGAS, 2002). As
tecnologias digitais e das redes de comunicação interativa estão prolongando certas
capacidades cognitivas humanas. Tais como memória (bancos de dados, hipertextos, fichários
digitais), imaginação (simulação), percepção (sensores digitais, tele-presença, realidades
virtuais) (LÉVY, 1999).
Para se entender o conceito e a prática da educação a distância é preciso refletir sobre
o uso das TICs na educação. Assim, o “fenômeno educação a distância”, passa a ser entendido
como parte de “um processo de inovação educacional mais amplo que é a integração das
novas tecnologias de informação e comunicação nos processos educacionais” (BELLONI,
2002, p.123).
Perseguindo o objetivo de integração das novas tecnologias pode ser citado o
Programa TV Escola que será melhor caracterizado na pesquisa documental. Este programa
serve para ilustrar a definição de políticas públicas que inicialmente podem estar revestidas de
boas intenções, mas que acabam comprometendo a continuidade dos mesmos. Segundo
Belloni (2003, p.293) “a TV Escola descentralizou os serviços técnicos mais elementares
como gravar e catalogar fitas de vídeo, mas continua centralizando fortemente a produção de
programas e as decisões pedagógicas”. Na análise da autora esta descentralização espelha uma
política baseada na concessão de oportunidades, que disponibiliza os programas, porém “se o
professor não aproveitar o problema é dele e de sua escola, não mais do governo que já fez
sua parte” (BELLONI, 2003, p.293).
A partir deste enfoque é que o presente trabalho analisará a apropriação tecnológica
por parte do professores. Na próxima seção apresenta-se, com brevidade, a evolução da EAD
no Brasil, para melhor contextualizá-la.
Segundo Niskier (1999), a EAD no Brasil é uma prática que teve seu início associado
ao surgimento da Radiodifusão com finalidades educativas. Em 1923 a Rádio Sociedade do
Rio de Janeiro transmitia aulas de Literatura, Radiotelegrafia e Telefonia, Línguas, Literatura
Infantil e outras.
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formado por instituições públicas de ensino superior, as quais levarão ensino superior público
de qualidade aos Municípios brasileiros que não têm oferta ou cujos cursos ofertados não são
suficientes para atender a todos os cidadãos (BRASIL, 2006 a).
É neste contexto que se discute o emprego dos recursos disponibilizados pela
tecnologia. Os recursos serão mediadores eficazes de um processo de crescimento e
desenvolvimento das pessoas, se estiverem centrados no aprendiz, na parceria entre aluno e
professor, perseguindo uma proposta de aprendizagem colaborativa, e tendo a avaliação como
um aspecto motivador e incentivador (MASETTO, 2000).
Na próxima seção serão apresentados alguns aspectos relativos à TV Digital e as
possibilidades para a EAD, buscando refletir o pensamento vigente entre os autores
pesquisados sobre as suas expectativas quanto à utilização no contexto educacional.
O Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD) foi instituído pelo Decreto 4901,
de 26 de novembro de 2003, cuja proposta foi o desenvolvimento de um sistema que
culminasse num modelo brasileiro de televisão digital. Este Decreto deixou claro que a TV
Digital seria uma ferramenta com finalidades sociais e não uma simples evolução tecnológica
(MONTEZ; BECKER, 2005). Já no artigo 1º, incisos I e II (Brasil, 2003) pode ser percebida
esta preocupação:
I. Promover a inclusão social, a diversidade cultural do País e a língua pátria por
meio do acesso à tecnologia digital, visando à democracia da informação;
II. Propiciar a criação de rede universal de educação à distância;
Segundo Tonieto ((2006), a inclusão digital, através da qual pode ser impulsionada a
inclusão social, está fundamentada no tripé TICs, renda e educação. Segundo a autora não
adianta apenas garantir o acesso às tecnologias e renda se não houver educação. Neste ponto
que reside a importância da reflexão sobre a TV Digital como apoio à aprendizagem. Se a
educação é fundamental para que o indivíduo deixe de ter um papel passivo de consumidor de
informações, esta é uma inovação que precisa ser desencadeada a partir da escola, que
formará alunos críticos, capazes de fazerem escolhas diante do dilúvio informacional a que
são expostos. E para que isto aconteça, é primordial que o professor seja formado e
sensibilizado para conduzir este processo.
Belloni (2003, p.289) confirma a importância desta formação ao afirmar que:
O uso pedagógico e, mais especificamente, educacional, de qualquer meio técnico
de comunicação envolve não apenas uma reflexão sobre as concepções de educação
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Apesar de a autora afirmar que cabe à instituição escolar democratizar o acesso a esses
meios, ela reconhece que a maioria das escolas não apresenta as condições para assumir tal
tarefa, sem que haja uma união de esforços das diferentes instâncias organizadoras.
Em seu artigo 13º, que trata da possibilidade de exploração pela União de serviço de
radiodifusão de sons e imagens em tecnologia digital, no inciso II, o Decreto 5820 (Brasil,
2006 b) aborda a transmissão de:
II- Canal de Educação: para a transmissão destinada ao desenvolvimento e
aprimoramento, entre outros, do ensino a distância de alunos e capacitação de professores;
Segundo Amaral et al (2004) “o objetivo de ensinar e aprender através da TV Digital
promete ser o meio de comunicação mais potente deste século”. Para os autores a TV Digital
abre as portas para a alfabetização audiovisual, ensinando a pensar a cultura midiática, além
de refletir sobre a realidade.
Com a publicação do Decreto 5820, de 29 de junho de 2006, foram estabelecidas
diretrizes para a transição do sistema de transmissão analógica para o sistema de transmissão
digital. Também foi definido que o padrão a ser adotado seria o padrão japonês – ISDB-T
(Integrated Sercices Digital Broadcasting Terrestrial), com a incorporação das inovações
tecnológicas aprovadas pelo Comitê de Desenvolvimento do SBTVD-T (Brasil, 2006 b, Art.
5º).
O Art. 2º do Decreto 5820 define o Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre
(SBTVD-T), como o “conjunto de padrões tecnológicos a serem adotados para a transmissão
e recepção de sinais digitais terrestres de radiodifusão de sons e imagens.”
Apesar deste trabalho não priorizar os aspectos técnicos da TV Digital, apenas para
situar a escolha do padrão brasileiro, a seguir serão apresentadas as principais diferenças entre
os três padrões adotados pela Europa, Japão e EUA, de acordo com Senge (2007):
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possibilidades que colocam o espectador mais ativo diante do seu aparelho receptor, fala-se
muito que a TVD será interativa. Esta é a chamada interatividade local, ou seja, limitada à
cesta de conteúdos que a operadora estiver oferecendo. Nada que o espectador faça já não
estará lá, armazenado, para o espectador fazer. Há também a chamada interatividade à
distância, isto é, a que permite ao espectador enviar mensagens diretamente para a emissora.
Na TV digital por satélite ou cabo, isto já é feito quando se quer, por exemplo, comprar um
filme para se assistir em determinada hora. Esta interatividade a distância depende
basicamente da existência de um canal de retorno (SENGE, 2007). A interatividade permite
que se tenham serviços parecidos com a internet na televisão, como compras, serviços
bancários, informações sob demanda, bate-papo e correio eletrônico.
A evolução da TV analógica para a TV digital não é marcada apenas pelo aumento da
qualidade do sinal de áudio e vídeo disponibilizados, mas também pelo fornecimento
destes novos serviços computacionais. Novas funcionalidades, como envio de mensagens,
serviços bancários entre outros, permitem “agregar capacidade computacional à TV”
(AFONSO, 2006, p.27).
Segundo o Fórum SBTVD (2007), o conversor de TV digital (ou Set-top Box) é o
equipamento (Fig.2) que será responsável inicialmente pela conversão do sinal da TV digital
aberta para o sinal de TV analógica. Ele executa, basicamente, três funções:
1- Converte a TV Digital em TV analógica para os atuais televisores analógicos ou para as
telas de LCD e Plasma já a venda.
2- Permite Interatividade.
3- Permite funções adicionais como, por exemplo, usar um disco rígido chamado PVR
(Personal Vídeo Recorder – que substitui os atuais Videocassete, mas com qualidade digital)
para gravar programas.
Julho/2007
Junho/2016
2.2.1 Interatividade
observação de que não existe um receptor que seja apenas receptor, ou seja, o receptor
também será produtor de alguma mensagem se houver canal de retorno (MELO, 2005).
Amaral et al. (2004) salientam que a TV na sociedade capitalista, segundo teóricos
críticos da escola de Frankfurt, é vista como um agente socializador e formador de opinião. O
homem, no modelo tradicional de comunicação (emissor-mensagem-receptor), torna-se objeto
e a sua finalidade última é o consumo. Com a introdução da interatividade na TV este modelo
é colocado em crise, já que o receptor não será mais um receptor passivo, e sim um receptor
ativo. Segundo os autores a TVD combina características tradicionais da televisão analógica
com as potencialidades do computador pessoal e com o impacto da internet. Assim, o que
diferencia um programa da TVD de seu similar na televisão convencional é que o primeiro
pode ser composto por dados (textos, gráficos, ícones e etc.), além de imagens e sons
encontrados na televisão convencional. Com a característica da comunicação bidirecional,
citada anteriormente, é permitido o estabelecimento da dialogicidade, com usuários enviando
mensagens entre si.
• Inovação
...a inovação consiste na implantação de uma idéia nova, não necessariamente
original, dentro de uma dada realidade (individual, grupal ou institucional),
produzida intencionalmente e que provoca impacto, resultando numa melhoria
concreta do sistema (FONSECA, 2007, p.18).
aprendizagem integrada, na reflexão crítica e que requer uma nova postura do professor como
facilitador e aprendiz ao mesmo tempo (FAGUNDES, 1998).
Os professores têm influência direta na formação de atitudes quer sejam positivas ou
negativas perante o estudo. Diante desta constatação, a importância de seu papel como agente
de mudança, é algo que se impõe como nunca na história da educação. Os professores devem
despertar a curiosidade, desenvolver a autonomia, estimular o rigor intelectual e criar as
condições necessárias para o sucesso da educação formal e da educação permanente
(DELORS, 1998).
Segundo Moran (2000) os maiores desafios enfrentados em todas as épocas e
particularmente agora, com a pressão exercida pela transição do modelo industrial para o
modelo da informação e do conhecimento, são ensinar e aprender.
Uma realidade estabelecida é a familiaridade da nova geração de alunos com as novas
tecnologias, para os quais não existem barreiras de usabilidade no manuseio do controle
remoto, teclado, ou menu de qualquer aparelho eletrônico (LIMA; PRETTO; FERREIRA,
2005). Diante desta realidade impõe-se a necessidade de aprender com foco na integração do
ensino ao cotidiano, ou seja, o professor tem que ser capaz de aprender a apropriar-se
criticamente dos recursos tecnológicos para ensinar aos alunos como tornar a informação
significativa, transformando-a em conhecimento (MORAN, 2000).
A opinião dos diversos autores citados na fundamentação teórica construiu uma base
de análise para a investigação proposta neste trabalho. Sob o viés de comunicadores ou
educadores buscou-se estudar as possibilidades oferecidas pela TV Digital e a relação com
uma aprendizagem significativa fundamentada na inovação da prática pedagógica.
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3 METODOLOGIA
Neste trabalho, o uso da pesquisa qualitativa teve por objetivo verificar como poderia
ocorrer a inovação de práticas pedagógicas com a introdução da TV Digital, sendo usada a
técnica de entrevista individual semi-estruturada e a pesquisa documental para a coleta de
dados. Devido a sua característica de permitir a análise de fenômenos, possibilitou que os
resultados fossem interpretados, partindo-se da análise de documentos como Decretos,
Relatórios e Portarias (investigação documental) para a verificação da percepção dos
entrevistados sobre as categorias identificadas, por meio de entrevistas.
30
Buscando obter dados que representassem a visão dos diversos segmentos envolvidos
no assunto da pesquisa foram entrevistadas 6 (seis) pessoas representantes das seguintes
instituições:
a) SEED/MEC - pessoa envolvida com o projeto TV Escola;
b) Escola estadual do DF- um diretor e três Professores;
c) Um pesquisador que domina o assunto TV Digital.
Os entrevistados encontram-se na faixa etária dos 30-50 anos, possuem computador
em casa, têm internet, costumam usá-la, basicamente, para pesquisa e acesso a e-mail. Estão,
portanto, no grupo dos “incluídos digitais”.
3.3 INSTRUMENTOS
Foi feita análise de conteúdo das entrevistas, de acordo com categorias que retratassem
o resultado obtido com a pesquisa, que estivessem de acordo com o referencial teórico e
possibilitassem o alcance dos objetivos da pesquisa. A categorização adotada foi definida
como Fatos Iniciais, descritos no item 4. Análise dos Resultados. Assim, a análise das
informações seguiu o modelo de orientação proposto por Fielding (1993 apud
RICHARDSON, 1999, p.98) e esquematizado pela autora na Figura 4:
9 Exibição de questões (testes objetivos): São testes elaborados para terem uma única
resposta correta, a qual terá um feedback que informa se a resposta está correta e faz
um comentário sobre a resposta dada. Para possibilitar várias formas de avaliação
foram definidos quatro tipos de teste:
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- Mídias na Educação
É um programa a distância, desenvolvido em módulos, que objetiva a formação
continuada de profissionais da educação, para o uso pedagógico de diferentes tecnologias da
informação e da comunicação. Por meio da integração da TV e vídeo, informática, rádio e
impressos ao processo de ensino e aprendizagem, visa contribuir para a formação de um leitor
crítico e criativo, capaz de estimular a produção nas diversas mídias. Neste programa estão
previstos três níveis de certificação chamados ciclos de estudo:
9 Ciclo Básico, de Extensão, com 120 horas de duração;
37
- Pro-Info
É um programa educacional destinado a promover o uso pedagógico da informática na
rede pública de ensino fundamental e médio. Tem como característica a descentralização de
funcionamento, tendo uma coordenação estadual em cada unidade da federação. As
Coordenações Estaduais e Municipais do programa são responsáveis pela definição de metas
e identificação de necessidades, que definirão os pré-requisitos de atendimento, que se
diversificam a cada nova distribuição, de forma a atender da melhor forma possível às
demandas dos programas Municipais, Estaduais e Federais.
O Pro-Info é desenvolvido pela Secretaria de Educação a Distância (SEED), por meio
do Departamento de Infra-Estrutura Tecnológica (DITEC), em parceria com as Secretarias de
Educação Estaduais e Municipais.
- TV Escola
O programa TV Escola é um canal de televisão que tem por finalidade a capacitação,
aperfeiçoamento e atualização de educadores da rede pública. Sua proposta é garantir ao
educador acesso ao canal e estimular a utilização de seus programas, contribuindo para a
melhoria da educação construída nas escolas.
Na implantação do Canal, cada escola pública com mais de 100 alunos recebeu um kit,
composto por uma antena parabólica para sintonizar o canal e um vídeo-cassete. Assim, é
permitido ao educador gravar os programas, exibi-los em sala de aula ou usá-los para uso
próprio, enriquecendo seu conhecimento e sua prática pedagógica.
A SEED acredita no impacto positivo que a TV Escola pode ter na qualidade da
educação. Segundo informações do site, a SEED/MEC, acompanha e avalia permanentemente
sua implementação, com o objetivo de aperfeiçoá-lo, corrigir rumos e realizar intervenções
mais efetivas. Desde seu lançamento, a TV Escola realizou as seguintes avaliações:
• Projeto de Apoio à Implementação, ao Acompanhamento e à Avaliação da TV
Escola (com recursos do Acordo Brasil-Unesco: novembro de 1995 a maio de 1997 -
divulgação interna);
38
programas que visem o uso de TICs é amplamente defendido pelos autores que embasaram o
referencial teórico desta pesquisa.
%
Capacitação de Professores para utilizar a programação da TV Escola 54,6
Professores assumirem a tarefa de incorporar os vídeos 49,0
Solução de problemas técnicos ainda existentes 31,3
Secretaria Estadual nomear um técnico para gravar as fitas 29,5
Professor mais incentivado a utilizar a programação 28,7
Melhor utilização do material impresso 27,7
Coordenador pedagógico assumir as tarefas de planejamento e uso dos vídeos 24,7
Maior divulgação por parte do MEC 18,7
Prefeitura Municipal nomear um técnico para gravar as fitas 17,9
Secretaria Estadual realizar as gravações 13,5
Revezamento entre funcionários para realizar as gravações 12,5
Prefeitura realizar as gravações 10,9
Diretor da escola assumir as tarefas de planejamento e uso dos vídeos 9,5
Não informaram 8,8
Total 48.327
Segundo a auditoria do TCU, com o Programa TV Escola foram criados encargos para
estados, municípios e escolas (treinamento do professor, gravação de programas, aquisição de
fitas, montagem de videoteca, manutenção dos equipamentos e etc.), sem que houvesse um
acordo prévio entre os mesmos para definição formal de atribuições e responsabilidades. A
inexistência destas definições torna-se um obstáculo à utilização do Programa (SECEX 2000).
Este fato foi constatado pela pesquisadora ao procurar duas escolas do DF para
realizar as entrevistas. Na primeira escola foi informada pela Vice-diretora que não faziam
uso dos programas do TV Escola devido às dificuldades de manutenção e operacionalização
dos equipamentos existentes, encontrando-se os mesmos fechados em uma sala. Na outra
escola o professor responsável pelo Laboratório de informática relatou dificuldades
econômicas da escola para aquisição de fitas para a gravação dos programas, contratação de
técnicos para manutenção dos equipamentos, já que o agendamento da visita do técnico
disponibilizado pelo NTE (Núcleo de Tecnologia) não é imediato.
40
Foram realizadas seis entrevistas com pessoas que pudessem representar a visão dos
três principais segmentos envolvidos no assunto da pesquisa: um Gestor representante do
governo, um Pesquisador, um Diretor de escola e três professores.
FI 4 Capacitação
Adequação de conteúdos da TV Educativa
FI 5 (menos monótonos)
média de 50 minutos e foram degravadas com o software Via voice, da IBM. O uso deste tipo
de software consistiu, inicialmente, na gravação exaustiva da voz da pesquisadora para que o
mesmo pudesse reconhecê-la. Após este procedimento iniciou-se a escuta da gravação e o
ditado para que o software convertesse-o em texto. A fidelidade entre o ditado e a gravação
não é 100%, devido ao fato de não existirem versões em português do software. Isso
demandou uma revisão criteriosa com uma segunda escuta para possíveis correções. A
pesquisadora precisou adaptar o método de coleta devido à dificuldade de agendar com alguns
entrevistados. Para aqueles que não puderam agendar a entrevista presencial foi combinado o
envio do roteiro por meio de e-mail, sendo muito bem recebido pelos entrevistados. A
pesquisadora argumentou com os entrevistados o uso deste recurso, tendo em vista justamente
se tratar de pesquisa para finalização de um curso a distância. Nada mais adequado que o
exercício da comunicação assíncrona.
A seguir serão destacados os dados obtidos com as entrevistas e relacionados aos
Fatos Iniciais definidos anteriormente.
Professor 1: gênero masculino, faixa etária 45-50 anos, professor de escola pública de Ensino
Médio.
Dados da entrevista:
Professor 2: gênero feminino, faixa etária 45-50 anos, professor de escola pública de Ensino
Médio.
Dados da entrevista:
FI 1: Novas Tecnologias e O papel da EAD como uma forma de democratizar o
inclusão social acesso à Educação. Portanto, é, sem dúvida uma
forma de inclusão.
FI 2: Garantia de acesso as Essa discussão ainda não foi amplamente socializada.
TICs Há que se promover, de alguma forma, a
interatividade, sem a qual não se pode afirmar que há
um trabalho confiável de EAD.
FI 3: Resistência dos Há um julgamento negativo prévio, sem que haja
professores ao uso de TICs conhecimento de causa, porque os professores bem
como os gestores não sabem exatamente o que são as
tecnologias da informação e comunicação.
Quadro 6 _ Dados da entrevista - Professor 2
Fonte: autora
Professor 3: gênero feminino, faixa etária 45-50 anos, professor de escola pública de Ensino
Médio.
Dados da entrevista:
FI 2: Garantia de acesso as TICs Vejo a questão técnica como o maior problema
do uso de tecnologias na escola pública.
FI 3: Resistência dos professores ao Ainda não fomos educados para a leitura dos
uso de TICs meios, tais como rádio, TV, revistas.
FI 5: Adequação de conteúdos da Vídeos com “cara” de aula expositiva, enfim...a
TV Educativa subutilização de recursos e linguagens.
FI 6: Inovação prática pedagógica Sempre gostei de utilizar textos e fotos de
jornais, revistas, programas de TV (propagandas,
principalmente, e cenas de novela previamente
gravadas, filmes, como também a informática.
Quadro 7 – Dados entrevista professor 3
Fonte: autora
Diretor: gênero masculino, faixa etária 45-50 anos, professor de escola pública de Ensino
Médio.
Dados da entrevista:
FI 2: Garantia de acesso as TICs Nossa escola está com previsão de um
computador por sala para o próximo ano letivo.
Dado ao alto custo dos aparelhos acredito que a
escola pública ainda demorará a ter acesso (à TV
Digital).
FI 3: Resistência dos professores ao Dificuldade de alguns professores com o
uso de TICs domínio do uso das TICs e, em alguns casos a
resistência em aprender.
Dificuldade de manutenção dos hardwares.
FI 4: Capacitação Participei do curso Gestão Escolar e TICs do
MEC e foi muito útil em razão de trabalhar numa
escola com dois laboratórios de informática com
43
acesso a internet.
FI 6: Inovação prática pedagógica Nossa escola utiliza-se de recursos como sites da
escola, blogs, chats e comunicação por e-mail
com professores, pais e alunos.
FI 7: Definição de políticas Conservadorismo da SEDF, basta ver a
públicas dificuldade em autorizar o uso do Diário
Eletrônico.
Quadro 8 – Dados entrevista diretor
Fonte: autora
Pesquisador: gênero feminino, faixa etária 45-50 anos, pesquisador da área da Comunicação,
formação acadêmica: doutorado.
Dados da entrevista:
FI 1: Novas Tecnologias e inclusão O casamento entre EAD e TVD terrestre vai
social ampliar rapidamente o projeto de inclusão digital
porque diferente dos processos anteriores de
aprendizado via correio tradicional ou via TV
analógica, pela primeira vez alunos e professores
terão oportunidade de relacionarem-se em tempo
real.
FI 2: Garantia de acesso as TICs A maioria dos professores não tem computador e
internet em casa, uma situação que se
transformará radicalmente com a utilização do
aparelho de TV analógica com caixa conversora
para TV digital que possibilitará o uso da TV
que todos temos em casa como um grande
computador para mandar e receber mensagens ou
acessar provedores.
Se não houver interatividade plena, com canal de
retorno, a própria possibilidade de inclusão
digital cai por terra... a interatividade não vai
funcionar antes dos seis primeiros meses de
implantação da TVD terrestre, que ainda é
considerado um período de testes e adaptação à
situação brasileira.
FI 3: Resistência dos professores ao Os professores têm que aprender a lidar com
uso de TICs computadores e internet como aliados no
processo educativo, mas antes precisam deixar
de ter vergonha de não conhecer as máquinas e
também precisam deixar de ter medo desse
“novo mundo eletrônico”.
FI 4: Capacitação Não é só “dar um cursinho” para os professores.
Eles precisam introjetar essas mudanças,
entenderem os motivos pelos quais poderá ser
bom para eles, para os alunos e para a escola. A
máquina tem que “fazer sentido” para o
professor.
Quadro 9 – Dados entrevista pesquisador
Fonte: autora
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Gestor: gênero feminino, faixa etária 30-40 anos, Gestor de empresa pública, formação
acadêmica: mestrado incompleto.
Dados da entrevista
FI 1: Novas Tecnologias e inclusão O Ministério das Comunicações tem como
social preocupação fazer com que a “TV digital
diminua o gap social”, por meio da
disponibilização de uma série de conteúdos às
pessoas que hoje estão excluídas deste mundo
das TICs. Se houver interatividade será
garantido acesso ao posto de saúde, aulas,
marcar consultas e esclarecimentos de dúvidas
em relação a aposentadoria, por exemplo.
FI 2: Garantia de acesso as TICs Sem a interatividade (da TVD) a gente poderá
fazer a TV Escola chegar com qualidade de
áudio e vídeo na periferia. Então a gente abre a
possibilidade de alcance da TV Escola.
FI 3: Resistência dos professores ao A resistência de professores na utilização das
uso de TICs TICs ocorre “quando o professor não sabe usar
plenamente, não sabe explorar, não domina
determinado equipamento”. Daí a necessidade
de um amplo, sério programa de formação, de
capacitação de professores no uso das
tecnologias de informação e comunicação.
FI 4: Capacitação É primordial o preparo das pessoas que vão
trabalhar pedagogicamente com as novas
mídias, principalmente com esta nova
televisão. É preciso pensar no preparo de toda
a cadeia envolvida, de professores a técnicos,
passando pela indústria também.
FI 5: Adequação de conteúdos da TV Antecipando-se a definição da questão
Educativa tecnológica, o MEC já começou a pensar em
um novo formato de produção para a TVD
interativa. Foi produzido um programa piloto,
em parceria com a faculdade de medicina da
USP e com a PUC do RJ, chamado Geração
Saúde. O programa apresenta um formato
composto de três partes: pré-exibição, exibição
e pós-exibição. Na pré-exibição é apresentado
um vídeo que explica ao professor como o
programa foi feito, produzido e como pode ser
trabalhado em sala de aula, auxiliando-o a
elaborar um plano de aula mais completo com
aproveitamento das potencialidades do
conteúdo. A exibição é a veiculação do vídeo,
sem cortes. A pós-exibição é disponibilizada
na Internet, através de um site, que
disponibiliza roteiros ilustrados, textos
complementares, para que o professor dê
continuidade ao trabalho iniciado com a
45
pela democratização do acesso aos meios tecnológicos, não deixa de reconhecer que a maioria
das escolas não apresenta as condições para assumir tal tarefa, sem que haja uma união de
esforços das diferentes instâncias organizadoras.
O entrevistado Diretor ilustra este fato com o relato de seu pioneirismo na adoção do
Diário Eletrônico, apesar do conservadorismo da SE/DF, que dificultou a autorização.
Com a análise de relatórios, tais como o do Programa TV Escola - 1996-2002, foi
constatado que uma das principais causas da não utilização do programa está ligada à
qualidade da recepção do sinal (imagem e áudio ruins). Esta dificuldade constatada reforça a
importância revelada na entrevista do Gestor para a garantia de qualidade de áudio e vídeo
que a TVD proporcionará para as comunidades periféricas.
A pesquisadora, no início deste trabalho, percebia como principal benefício da nova
mídia apenas a possibilidade interativa. Porém, com o desenrolar da pesquisa, foi-se
evidenciando que a interatividade ideal não será proporcionada no início das transmissões
digitais, e que apesar disto a melhoria da qualidade da recepção do sinal já significará um
grande avanço. Fato também presente na entrevista do Pesquisador, ao afirmar que a
interatividade não funcionará antes dos seis primeiros meses de implantação da TVD. Os
dados destas entrevistas confirmam a teoria encontrada em Afonso (2006) que caracteriza a
evolução da TV analógica para a digital como sendo marcada pela qualidade do sinal de áudio
e vídeo, além do fornecimento de novas funcionalidades que agregam “capacidade
computacional à TV”.
Considerando o tímido crescimento no acesso as TICs, conforme Figura 1 deste
trabalho, cujos dados demonstram que apesar de ter havido um crescimento maior na
proporção de domicílios que possuem computador de mesa (2,7%) em relação a Televisão
(1,3%), a penetração do meio Televisão continua alto em relação aos demais (TV: 97,0% ,
computador de mesa :19,3%). Este é um dado que a coloca como o meio de maior potencial
para promover a inclusão digital. Sobre este aspecto, dados da entrevista do Pesquisador
confirmam que a situação atual em que poucos domicílios possuem computador e internet
será transformada radicalmente com a possibilidade de transformar a TV analógica em um
computador, utilizando a caixa conversora (Set-top Box).
Na identificação de dificuldades e facilidades estabelecidas no Programa TV Escola,
de acordo com o relatório final do Projeto Piloto de Gestão Compartilhada (RUA, 2002)
também foi verificada a falta de informação, de sensibilização e capacitação do professor
sobre a importância do Programa. Passados seis (6) anos da conclusão do Relatório do Projeto
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Piloto, as entrevistas com os professores revelam que ainda hoje estas dificuldades persistem.
A afirmação encontrada na entrevista do Professor 1 sobre a possibilidade de que com a TVD
se estabeleça mais um elemento de exclusão social confirma o exposto na fundamentação
teórica, por Belloni (2002), de que existe um receio comum de que as TICs aprofundem ainda
mais as desigualdades sociais. Assim como esta, as outras duas entrevistas com professores
expressam este receio, evidenciando a necessidade de um maior esclarecimento para a
disseminação da cultura de uso da tecnologia como apoio a aprendizagem.
A capacitação de professores para o uso das novas tecnologias precisa enfatizar a
importância que os mesmos terão na tarefa de garantir o acesso de muitos indivíduos, cuja
única ou primeira oportunidade de inclusão digital encontra-se na escola. Aqui é evidenciada
a citação de Fagundes (1998) sobre a transformação da “Escola para academia” em “Escola
para academia e sociedade”, atendendo a demanda do mercado profissional por indivíduos
altamente educados/qualificados. O entrevistado Pesquisador afirma que “os professores têm
que aprender a lidar com computadores e internet como aliados no processo educativo”,
deixando de sentir vergonha por não conhecê-los ou sentindo medo desse “novo mundo
eletrônico”. Também os dados da entrevista com o Professor 3 remetem a necessidade de
capacitação quando afirma que “ainda não fomos educados para a leitura dos meios, tais como
rádio, TV, revistas”. E esta afirmação faz coro ao que foi teorizado por Belloni (2003) sobre o
uso pedagógico envolver “a consideração das concepções e representações sobre o meio em
questão, sua função social e suas características estéticas”. O uso da TV digital em processos
educativos requer a qualificação para o entendimento da linguagem audiovisual, para a
exploração da característica não linear da tecnologia digital, que permite o desenvolvimento
colaborativo de conteúdo.
A afirmação de Fonseca (2007), presente na teoria, sobre a dificuldade encontrada
pelos docentes em inovar seu trabalho pedagógico, mesmo quando diante de condições
favoráveis e estimulados por um clima institucional favorável, é confirmada pelo entrevistado
Diretor, que relata a falta de domínio das TICs de alguns professores, apesar do alto nível de
apoio e investimento encontrado na política pedagógica de sua escola. A escola em questão,
segundo o entrevistado, conta com dois laboratórios de informática, utiliza recursos como site
da escola, blogs, chats e comunicação por e-mail com professores, pais e alunos, incluindo em
seu projeto pedagógico o uso de Mídias tais como vídeo, DVD, internet, jornais e revistas.
Em resposta ao problema de pesquisa colocado neste trabalho, ou seja, as
possibilidades de uso dos recursos tecnológicos da TV digital para a inovação da prática
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exibição propriamente dita e desenvolva um trabalho de pós-exibição com seus alunos, dando
continuidade ao assunto abordado.
51
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste trabalho era identificar como os professores poderão inovar suas
práticas pedagógicas com os recursos da TVD. Assim, com as questões aqui levantadas
buscou-se estimular a reflexão sobre o potencial educativo disponibilizado com a TV Digital e
a busca de maiores informações sobre o Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre
(SBTVD-T), para melhor entender as suas possibilidades para a EAD.
O desenvolvimento do estudo evidenciou os problemas e obstáculos enfrentados pelos
professores na apropriação de novas tecnologias. Pode-se pensar que este tema já foi debatido
a exaustão. No entanto, apesar das inúmeras pesquisas realizadas, dos artigos e livros
publicados a este respeito ainda hoje se percebe que muito pouco se avançou em direção a um
efetivo uso de Mídias na Educação.
Foi evidenciada a resistência de professores ao uso de novas tecnologias e pouco
crédito ao valor agregado à inovação de práticas pedagógicas. Revelou-se neste trabalho que a
superação destes obstáculos depende de uma maior divulgação dos programas existentes, da
capacitação, da definição de políticas públicas que garantam o acesso as TICs.
A pesquisa revelou que com a TVD abrem-se possibilidades de acesso a recursos até
então apenas disponibilizados através da internet. A nova mídia possibilitará o acesso aos
recursos computacionais, como armazenamento e envio de dados, uso de e-mail, ampliando
os recursos de interação existentes hoje. Entretanto, o efetivo acesso interativo não acontecerá
de imediato, com o início das transmissões digitais em 02 de dezembro de 2007. Mesmo
assim, não deixa de ter valor a melhoria da qualidade de som e imagem que garantirão as
comunidades periféricas o uso de programas educativos.
O resultado alcançado com a pesquisa demonstrou que, para os professores inovarem
sua prática pedagógica com os recursos da TVD, além da garantia da oferta dos recursos
interativos, será necessário uma maior divulgação, que envolva a sensibilização para o uso por
meio de programas de capacitação. Considerando que esta é uma área de conhecimento ainda
não consolidada, a preparação destes professores para atuarem com a nova tecnologia, deve
iniciar com a divulgação de informações que despertem seu interesse. A partir desta nova
realidade, entende-se como essencial a formação de professores, que irão conduzir o processo
de aprendizagem, tendo em vista a emergente forma de pensar e construir introduzida com a
tecnologia digital. Esta capacitação não pode envolver apenas aspectos técnicos do uso. Para
que ocorra a construção de um saber crítico e participativo, conforme explicitado no problema
de pesquisa deste trabalho será necessário a educação para o meio, para o entendimento da
52
REFERÊNCIAS
AFONSO, C. A; SOARES, L. F. G. Desenvolvimento humano e a apropriação das TICs. In:
Comitê Gestor da Internet no Brasil(CGI. br). Pesquisa sobre o uso das tecnologias da
informação e da comunicação 2005. São Paulo, 2006, pp. 27-30.
ALONSO, K. M. Multimídia, organização do trabalho docente e política de formação de
professores. In: MARTINS, O. B.; POLAK, Y. N. de S.. (Org.). Fundamentos e políticas de
educação e seus reflexos na educação a distância. Curitiba/Brasília: UFPR/MEC/SEED,
2000, v. 1, p. 27-60.
CASTRO, C.; BARBOSA FILHO, A. Mídias Digitais: um espaço a ser construído. In:
CASTRO, C. As transformações no cenário midiático brasileiro, 2005. Disponível em:
<http://www.fenaj.org.br/arquivos/livro_seminario_revisado.pdf>. Acesso em: 28/08/2007
MELO, J. M. Prefácio In: BARBOSA Filho, A.; CASTRO, C.; TOME, T. Mídias Digitais:
convergência tecnológica e inclusão social. 1.ed. São Paulo: Paulinas,2005. p.225-255.
RICHARDSON, R. Pesquisa Social: métodos e técnicas. São Paulo: Ed. Atlas, 3a Ed. 1999.
APÊNDICE A
Roteiro Entrevista 1
(Professor)
Nome:
Local de trabalho:
1- Você possui alguma experiência com uso de Mídias como apoio a aprendizagem?
2.2 Em caso negativo, descreva sua percepção sobre o uso de mídias na educação –
aspectos motivadores e desmotivadores:
4- Você já leu ou conhece algo sobre TV Digital? A partir dos decretos 4901 e 5820 há
uma previsão de disponibilização da TV Digital para a oferta de programas
educativos, destinados, entre outros, ao aprimoramento da educação a distância e
capacitação de professores. Qual sua opinião a respeito?
Exemplos:
a. Conteúdos Educativos
b. Jogos e Games
c. Vídeos
d. Agenda Escolar
e. Textos de apoio
f. Planos de Aulas
g. Simulações de Experimentos
h.Participar de programas de debate, como numa videoconferência
i. Veiculação de conteúdos gerados pelos alunos.
6- A partir de sua experiência com outras mídias, como você poderia ressignificar seu
fazer pedagógico utilizando os serviços/recursos encontrados num sistema de TV
digital?
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APÊNDICE B
Roteiro Entrevista 2
(Diretor)
Nome:
Local de trabalho:
2.2 Em caso negativo, descreva sua percepção sobre o uso de mídias na educação –
aspectos motivadores e desmotivadores:
4- Você já leu ou conhece algo sobre TV Digital? A partir dos decretos 4901 e 5820 há
uma previsão de disponibilização da TV Digital para a oferta de programas
educativos, destinados, entre outros, ao aprimoramento da educação a distância e
capacitação de professores. Qual sua opinião a respeito?
Exemplos:
a. Conteúdos Educativos
b. Jogos e Games
c. Vídeos
d. Agenda Escolar
e. Textos de apoio
f. Planos de Aulas
g. Simulações de Experimentos
h.Participar de programas de debate, como numa videoconferência
i. Veiculação de conteúdos gerados pelos alunos.
6- A partir de sua experiência com outras mídias, como você analisaria a inclusão da TV
Digital no projeto da escola? Que ações poderiam ser incluídas na política de gestão
escolar para sensibilizar os professores e ajudá-los a incorporá-la à seu fazer
pedagógico?
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APÊNDICE C
Roteiro Entrevista 3
(Gestor)
Nome:
Local de trabalho:
sua opinião poderiam ser implementadas no sentido de desmistificar o uso da TVD, para que
seja alcançado o objetivo de formação da grande rede de EAD, proposto pelo Decreto 4901?
(Estas decisões não estariam colocando as facilidades do canal de retorno longe do alcance
exatamente daqueles que mais se beneficiariam com seus recursos, devido à capilaridade do
meio? A interatividade foi sempre colocada como o diferencial em relação aos demais
padrões. Se houver a restrição da interatividade, ou seja, apenas interatividade local, os
programas de EAD não seriam meras reproduções do que já existe na TV Analógica, apenas
com maior qualidade de imagem? )
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APÊNDICE D
Roteiro Entrevista 4
(Pesquisador)
Nome:
Local de trabalho:
opinião quais motivos podem ser apontados como causa deste preconceito? Que ações, em
sua opinião poderiam ser implementadas no sentido de desmistificar o uso da TVD, para que
seja alcançado o objetivo de formação da grande rede de EAD, proposto pelo Decreto 4901?
(Estas decisões não estariam colocando as facilidades do canal de retorno longe do alcance
exatamente daqueles que mais se beneficiariam com seus recursos, devido à capilaridade do
meio? A interatividade foi sempre colocada como o diferencial em relação aos demais
padrões. Se houver a restrição da interatividade, ou seja, apenas interatividade local, os
programas de EAD não seriam meras reproduções do que já existe na TV Analógica, apenas
com maior qualidade de imagem? )
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ANEXO A
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68
69
ANEXO B
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71
ANEXO C
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73