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Relatório
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Versa o presenteexpedientecorrespondência dirigida, pela Chefe
da AssessoriaParlamentar,substituta,do Ministério da Justiça, ao eminente
PresidentedesseEgrégioConselho,solicitandosuamanifestaçãoacercado PLS
421/2008,de autoriado SenadorAntônio Carlos Valadares (PSB/SE)-, e que
trata de alteraçõespropostasa dispositivosda Lei de ExecuçãoPenal (~igQ
ill, caput e ~); da Lei dos CrimesHediondos(artigo 2°,~; e do Código
f~ (artigo 83, incisosI, Il e Y).
Em seqüência,o eminente PresidentedesseColendo Conselho
designouo signatárioparaexamee manifestaçãosobrea matéria.
Parecer
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1. Consoantese verifica, tanto: pelo texto sugerido, quanto pela
justicativa apresentada pelo ilustre Senador proponente, tratam-se as
modificações legislativas por ele pretendidas de inovações tendentes a
dificultar a obtençãode beneflciosexecutórios,sejaa progressãode regime,
seja o livramento condicional. E inspiram-setais alterações,nitidamente,em
nova inflexão da ideologia repressivade tipo autoritário,que volta e meia se
manifesta em nosso país - não apenasno Parlamento, diga-se -, e cujo
principal e notório instrumentoé a malfadadaLei dos CrimesHedil1ndos.
. Visam, assim,tais propostas,a contornarou anularos recentes
movimentos
- no SupremoTribunal Federal,com a históricadecisãoque
considerouinconstitucionala proibição de progressãonos crimes previstosna
mencionadalei extravagante;e tambémno próprio CongressoNacional, com a
ediçãodas recentesLeis n.o 10.792/03e 11.464/07-, destinadosa anular e/ou
atenuaros maléficosefeitos sobre a execuçãopenal, acarretados
desdea
vigênciadaquelediploma,sempreapontadospela comunidadejurídica.
Por isso,já adiantandoa posiçãocontráriaàs novidadessugeridas
no projeto em tela, passoa examiná-Ias,umaa uma.
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de regimes reclusivos, dos mais para os menos severos,visando com isso, aos
poucos, a reconquistaplena da liberdade.
A não ser assim, a sanção constritiva da liberdade não passa de
mecanismo de pura retribuição, tão perversa sobre quem a recebe, quanto
inócua (ou pior ainda, contraproducente)
para a sociedade-, o que,
infelizmente, ocorre na maioria dos presídios e penitenciárias brasileiros.
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Tão descriteriosa, aliás, é a inovação pretendida que nem ao menos
se distingue a situação, como o legislador sempre fez, tradicionalmente, entre
condenadosprimários (um terço da pena) e reincidentes em crime doloso (mais
de metadeda pena). .
Preferiu-se, ao contrário, enveredarpor esdrúxulos caminhos: para
os réus reincidentes em crime dolosos proíbe-se, tout court, o livramento
condicional, como deflui da condição estabelecidapelo proponente no inciso V,
do aludido dispositivo do estatuto penal básico. Mas, estranha e
paradoxalmente, permite-se o beneficio para quem tenha sido condenado
por crime hediondo, tortura, tráfico ilícito de drogas ou terrorismo -, desde
que cumpra antes pelo menos dois terços da pena, como já ocorre hoje, mas
suprimindo a ressalva final, existente no inciso V, do arti20 83, do CÓdi20
~!!, desde a edição da Lei n.o 8.072/90, que exclui o apenado "reincidente
específico em crimes desta natureza".
Quer dizer: a vingarem tais modificações, o reincidente específico
em crime hediondo ou assemelhado,poderá obter livramento condicional, ao
cumprir dois terços da pena; mas o réu condenado por furto, por exemplo, se
for reincidente (condenado anteriormente pelo próprio furto, o que é
corriqueiro), simplesmente não poderá: gozar de tál beneficio -, excluídoque
fica por ser "reincidente em crime doloso"...
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4. Por isso,na linhado expostoacima,opino no sentidode que esse
Egrégio Conselhoque se manifestefrontalmente contrário a todas as :
propostas de alteração legislativa trazidas nestePLS 421, e bem assimque,
acatadaque sejaestarejeição,sejaa mesmalevadaàs instânciasdecisóriasdo :.I
Ministério da Justiça, visandoa orientarsuaposiçãona tramitaçãodo projeto. ~~
É o parecer, que submetoà alta apreciaçãode meus eminentes
pares.
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