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JPL - Constitucional - Poder Executivo
JPL - Constitucional - Poder Executivo
com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
PODER
EXECUTIVO
Atualizado
até
20
de
novembro
de
2015.
Sumário:
1.
Noções
introdutórias
1.1.
Separação
de
poderes
1.2.
Formas
de
poder
executivo
(idealizadas
por
Maurice
Duverger)
1.3.
Elementos
do
poder
executivo
1.4.
Sistemas
de
governo
1.5.
Características
do
Poder
Executivo
no
Brasil
2.
Processo
eleitoral
2.1.
Eleições
2.2.
Posse
do
Presidente
e
do
vice
2.3.
Sucessão
do
Presidente
da
República
2.4.
Mandato
do
Presidente
2.4.1.
Mandato
Tampão
1.
Noções
introdutórias
1.1.
Separação
de
poderes
Os
3
pilares
do
Estado
Moderno
Constitucional
são:
• Democracia
–
Efetiva
Participação
do
povo
nas
decisões
políticas,
que
afetam
a
sociedade.
• Estado
de
direito
–
Aquele
que
tem
o
poder
governa
limitado
pela
lei.
• Separação
de
poderes
–
A
separação
de
poderes
tem
duas
projeções*:
! Projeção
VERTICAL
da
separação
de
poderes
"
É
o
FEDERALISMO,
por
meio
do
qual
se
faz
a
reestruturação
do
poder
e
repartição
das
competências
entre
as
entidades
federadas.
! Projeção
HORIZONTAL
da
separação
de
poderes
"
É
a
divisão
entre
Poderes
Executivo,
Legislativo
e
Judiciário.
1
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DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
mas
não
orgânica.
Posteriormente,
JOHN
LOCKE
propôs
a
separação
orgânica
das
funções,
mas
se
referia
apenas
aos
órgãos
Executivo
(federativo)
e
Legislativo,
olvidando
a
função
jurisdicional.
Assim,
quando
MONSTESQUIEU
propôs
a
tripartição
de
órgãos,
o
fez
aprimorando
as
idéias
de
Aristóteles
e
Locke.
Em
seu
livro
“o
espírito
das
leis”,
o
barão
afirmava
que
o
homem
que
não
encontra
limites,
por
mais
virtuoso
que
seja,
abusará
do
poder.
“Quando
na
mesma
pessoa
ou
no
mesmo
órgãos,
o
poder
legislativo
está
reunido
no
poder
executivo,
não
existe
liberdade;
porque
se
pode
temer
que
o
mesmo
monarca
ou
o
mesmo
senado
crie
leis
tirânicas
para
executá-‐las
tiranicamente”.
Montesquieu,
objetivando
limitar
o
poder,
propôs
que
cada
uma
das
funções
fosse
entregue
a
órgãos
distintos.
ARISTÓTELES
LOCKE
MONTESQUIEU
Função
Executiva
Órgão
Executivo
(federativo)
Poder
Executivo
Função
Legislativa
Órgão
Legislativo
Poder
Legislativo
Função
Jurisdicional
Poder
Judiciário
Esse
é
um
tema
muito
em
voga,
pois
se
tem
discutido
muito
o
ativismo
judicial
(o
poder
normativo
do
Judiciário)
e
a
ameaça
que
isso
representa
à
separação
de
poderes
–
possível
questão
AGU.
2
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CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
c) Executivo
dual
–
É
o
exercido
por
duas
pessoas,
porém
cada
uma
exercendo
funções
distintas
(parlamentarismo).
d) Executivo
diretorial
–
Grupo
de
pessoas,
comitê
(ex:
URSS,
Suiça).
I.
Parlamentarismo
O
sentimento
constitucional
é
um
dado
cultural
que
as
pessoas
guardam
sobre
“o
que
é
constitucional”
que
se
funda
nas
idéias
de
(i)
limitação
do
poder
(ii)
por
meio
de
um
documento
histórico
escrito
(ex:
Magna
carta);
(iii)
hierarquia
superior;
(iv)
organização
das
linhas
mestras
do
Estado
e
(v)
veiculação
dos
direitos
fundamentais.
Esse
sentimento
constitucional
nasceu
na
antiguidade,
em
razão
do
movimento
do
constitucionalismo,
que
perdura
principalmente
desde
o
séc.
XIII
até
hoje.
Desde
então
3
grandes
constitucionalismos
contribuíram
para
a
formação
do
sentimento
constitucional:
inglês,
norte-‐
americano
e
francês.
O
primeiro
documento
histórico
de
limitação
dos
poderes
do
monarca
foi
escrito
e
assinado
por
ele
próprio:
a
Magna
Carta.
3
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–
JOÃO
PAULO
LORDELO
1
Ex:
se
o
Primeiro-‐Ministro
edita
uma
medida
provisória
(instrumento
de
um
Estado
parlamentarista)
que
não
é
aprovada
pelo
Legislativo,
há
uma
desconfiança
do
Legislativo
em
relação
ao
Primeiro-‐Ministro.
4
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–
JOÃO
PAULO
LORDELO
! Se
o
Parlamento
não
fiscaliza
a
execução
do
projeto
de
governo,
pode
ser
dissolvido
pelo
Chefe
de
Estado.
! O
Primeiro
ministro
não
é
refém
do
parlamento,
pois
se
o
parlamento
derrubar
o
Primeiro
ministro
sem
fundamento,
o
Chefe
de
Estado
pode
dissolver
o
parlamento,
a
pedido
do
primeiro-‐ministro,
e
convocar
novas
eleições.
! No
presidencialismo
não
pode
o
parlamento
reduzir
o
mandato
do
chefe
do
Executivo;
no
parlamentarismo,
o
parlamento
pode
reduzir
o
mandato
daquele
que
exerce
a
função
executiva,
convocando
(antecipando)
eleições.
Muito
importante:
o
sistema
ou
regime
de
governo
não
é
uma
cláusula
pétrea.
Assim,
o
Brasil
pode
se
tornar
um
Estado
parlamentarista.
Pedro
Lenza
entende
que,
como
o
parlamentarismo
foi
rejeitado
pelo
titular
do
poder
(povo)
em
93,
somente
por
ele
poderia
ser
aprovado,
ou
seja,
por
meio
de
um
plebiscito.
Obs:
Gilmar
Mendes
entende
que
o
presidencialismo,
depois
do
plebiscito
de
1993
se
petrificou.
III.
Presidencialismo
Tem
histórico
no
presidencialismo
norte-‐americano,
cuja
constituição
data
de
1787.
Obs:
Montesquieu,
James
Madison,
Alexander
Hamilton,
John
Jay
foram
os
grandes
pensadores
que
influenciaram
o
presidencialismo.
O
presidencialismo
é
regido,
em
tese,
pela
idéia
da
MERITOCRACIA.
Os
cidadãos
determinam
a
ascensão
do
poder
por
um
modelo
meritocrata,
periódico
e
por
prazo
certo
(mandato).
O
programa
de
governo
não
é
vinculante,
mas
meramente
um
referencial.
É
no
parlamentarismo
que
o
programa
de
governo
vincula
a
atuação
do
Chefe
de
Governo.
5
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CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
No
presidencialismo,
uma
única
autoridade
desempenha
as
funções
de
chefe
de
Estado
e
chefe
de
governo
(Executivo
monocrático2).
No
Brasil,
o
Presidente
da
República
desempenha
essas
funções.
Exercício
da
função
de
chefe
de
Estado
Exercício
da
atribuição
de
chefe
de
governo
No
exercício
dessa
função,
o
Presidente
exerce
a
chefia
No
exercício
dessa
função,
o
Presidente
representa
a
superior
da
Administração
Pública.
República
nas
relações
internacionais
e,
internamente,
defende
a
unidade
nacional
(fala
pelo
pacto
Pratica
atos
de
administração
e
atos
de
natureza
política
federativo).
(estes
últimos,
quando
o
Presidente
participa
do
processo
legislativo).
2.
Processo
eleitoral
ATENÇÃO:
O
sistema
do
federalismo
é
um
sistema
de
repetição
obrigatória
para
os
Estados
e
Municípios
(princípio
extensível
implícito).
Os
poderes
executivos
estaduais
e
municipais
devem
sempre
seguir
o
modelo
federal.
2.1.
Eleições
I.
Eleição
conjunta
de
Presidente
e
vice
2
José
Afonso
da
Silva
fala
ainda
em:
a)
Executivo
colegial
(exercido
por
dois
homens
com
poderes
iguais,
como
os
cônsules
romanos);
b)
Executivo
diretorial
(grupo
de
homens
em
comitê,
como
era
na
URSS
e
é
na
Suíça).
6
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CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
O
Presidente
e
o
vice
são
eleitos
conjuntamente.
No
instante
em
que
se
vota
no
candidato
a
Presidente,
automaticamente
vota-‐se
no
vice
a
ele
registrado.
Cuida-‐se
de
novidade
trazida
pela
CF/88.
É
vedada
a
candidatura
avulsa
do
vice
presidente,
como
ocorria
até
a
CF/46.
O
TSE
tem
decisão
no
sentido
de
que
“a
nulidade
da
votação
do
prefeito
implica
a
nulidade
da
votação
do
vice-‐
prefeito”.
Pela
Constituição
de
1946,
o
cidadão
tinha
o
direito
de
votar
no
candidato
a
Presidente
de
uma
chapa
e
o
candidato
a
vice
de
um
outro
partido.
Além
disso,
o
vice
presidia
o
Senado
Federal,
tendo
direito
à
voz,
mas
não
ao
voto.
I
II.
Sistemas
eleitorais
O
Presidente
e
o
vice
são
eleitos
pelo
sistema
eleitoral
majoritário,
em
eleição
realizada
no
primeiro
domingo
de
outubro,
em
primeiro
turno,
e
no
último
domingo
de
outubro,
em
segundo
turno,
se
houver.
Vejamos
as
diferenças
entre
o
sistema
eleitoral
majoritário
e
o
proporcional.
Sistema
majoritário
Sistema
proporcional
É
adotado
nas
eleições
de
Presidente,
Governadores,
Deputados
federais,
estaduais
e
Vereadores.
Prefeitos
e
Senadores.
No
sistema
majoritário
dá-‐se
importância
aos
votos
Valoriza-‐se
o
partido
político;
dá-‐se
importância
à
ofertados
ao
candidato
registrado.
agremiação
partidária,
em
detrimento
do
candidato.
Assim,
nem
sempre
o
candidato
mais
votado
será
eleito.
Não
é
possível
votar
na
legenda.
É
possível
votar
no
candidato
ou
na
legenda
(voto
de
legenda).
Cuidado:
o
art.
106
do
Código
Eleitoral
determina
que
os
votos
em
branco
devem
entrar
na
contagem
dos
votos
válidos.
Este
artigo
não
foi
recepcionado
pela
CF/88.
Atualmente,
os
votos
em
branco
e
os
nulos
não
são
contados.
Na
eleição,
não
são
computados
os
votos
brancos
e
nulos.
Eles
se
distinguem:
O
voto
em
branco
é
a
manifestação
apolítica
do
eleito
e
não
tem
efeitos;
não
interfere
nas
eleições.
Sob
o
prisma
da
democracia
deveria
ser
permitido
o
voto
branco
como
válido
ou
admitida
a
candidatura
independente.
Quando
se
nega
essas
possibilidades,
aprisiona-‐se
o
eleitor
à
vinculação
ao
partido.
O
voto
em
branco
deveria
ter
validade
para
que
o
eleitor
pudesse
rejeitar
todos
os
candidatos.
Contudo,
no
Brasil,
ainda
que
o
eleitor
entenda
que
nenhum
dos
candidatos
velha,
seu
voto
em
branco
não
interfere
nas
eleições.
O
voto
nulo
pode
ser
dividido
em
dois
tipos:
(i)
o
anulado
por
abuso
de
poder
econômico
nas
eleições
ou
(ii)
por
manifestação
do
eleitor
de
inconformismo
(anulado
por
protesto).
Essa
diferença
é
imprescindível
para
a
aplicação
do
Código
Eleitoral,
pois
o
TSE
entende
que
o
art.
224
do
CE
só
se
aplica
aos
votos
nulos
por
abuso
de
poder.
Os
votos
nulos
por
protesto
do
eleitor
tem
os
meios
efeitos
dos
votos
em
branco:
não
interferem
nas
eleições.
Art.
224
do
CE.
Se
a
nulidade
atingir
a
mais
de
metade
dos
votos
do
país
nas
eleições
presidenciais,
do
Estado
nas
eleições
federais
e
estaduais
ou
do
município
nas
eleições
municipais,
julgar-‐se-‐ão
prejudicadas
as
demais
votações
e
o
Tribunal
marcará
dia
para
nova
eleição
dentro
do
prazo
de
20
(vinte)
a
40
(quarenta)
dias.
§
1º
Se
o
Tribunal
Regional
na
área
de
sua
competência,
deixar
de
cumprir
o
disposto
neste
artigo,
o
Procurador
Regional
levará
o
fato
ao
conhecimento
do
Procurador
Geral,
que
providenciará
junto
ao
Tribunal
Superior
para
que
seja
marcada
imediatamente
nova
eleição.
§
2º
Ocorrendo
qualquer
dos
casos
previstos
neste
capítulo
o
Ministério
Público
promoverá,
imediatamente
a
punição
dos
culpados.
Assim,
se
a
maioria
dos
votos
for
nula
por
abuso
de
poder,
devem
ser
realizadas
novas
eleições,
segundo
o
TSE.
é
compatível
o
art.
224
do
CE
com
o
art.
76,
§2º
da
CF.
Jurisprudência
do
TSE:
! A
nulidade
do
art.
244
do
CE
não
pode
ser
conhecida
de
ofício,
ainda
que
se
trate
de
matéria
de
ordem
pública
(TSE,
MS
3438)
–
essa
questão
é
muito
cobrada!
! Os
votos
dados
a
candidatos
cuja
candidatura
estava
sub
judice
(fichas
sujas)
não
se
somam
aos
votos
anulados
pelo
eleitor
em
manifestação
apolítica
para
fins
de
novas
eleições.
! Não
pode
participar,
no
novo
pleito,
o
candidato
que
deu
causa
à
nulidade
da
eleição
anterior
(não
só
o
Ficha
Suja
não
pode
se
candidatar,
mas
também
aquele
que
o
ajudou).
! No
caso
da
aplicação
do
art.
224
do
CE,
o
presidente
do
Legislativo
Municipal
é
o
único
legitimado
para
assumir
a
chefia
do
Executivo
interinamente,
até
a
realização
do
novo
pleito,
pois
a
nulidade
da
eleição
do
prefeito
gera
a
nulidade
do
vice.
Cuidado
com
o
art.
77,
§3º,
pois
a
diferença
entre
uma
eleição
e
outra
não
será
de
“até
20
dias”,
já
que
o
segundo
turno
será
no
último
domingo
de
outubro,
conforme
previsto
no
caput,
cuja
redação
foi
alterada
pela
EC
16/97.
III.
Reeleição
A
reeleição
do
presidente
foi
introduzida
pela
EC
16/97,
e
permite
a
reeleição
independentemente
de
desincompatibilização.
Somente
há
uma
reeleição
por
pessoa,
para
o
mandato
subseqüente.
Se
o
vice
houver
sucedido
o
Presidente
e
se
eleger
depois,
não
poderá
se
candidatar
para
reeleição.
8
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DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
Estão
na
linha
sucessória
do
Presidente
(sentido
genérico)
as
seguintes
autoridades:
o Vice-‐Presidente;
o Presidente
da
Câmara
(Isso
porque
a
Câmara
dos
Deputados
é
composta
pelos
representantes
do
povo,
com
maior
legitimidade
–
art.
45
da
CF);
o Presidente
do
Senado;
o Presidente
do
STF.
Atenção:
toda
a
linha
sucessória
da
Presidência
é
privativa
de
brasileiros
natos.
Muita
atenção:
só
o
vice-‐presidente
assume
nos
casos
de
vacância.
Só
ele
sucede
(assume
definitivamente);
os
demais
listados
acima
apenas
substituem,
nos
casos
de
impedimento.
! CF/46
–
5
anos
! CF/67
–
5
anos
! CF/69
–
5
anos
! CF/69
(com
a
emenda
8/77)
–
6
anos
! CF/88
–
5
anos
! CF/88
depois
da
EC
5/95
(revisão)
–
4
anos
! CF/88
depois
da
EC
16/97
–
4
anos
com
a
possibilidade
reeleição.
Mesmo
nas
eleições
indiretas,
qualquer
pessoa
poder
concorrer
no
pleito
(e
não
apenas
deputados
ou
senadores),
desde
que
atendam
às
condições
normais
de
elegibilidade
previstas
na
Constituição
e
na
legislação
eleitoral.
Nessa
linha,
Walber
de
Moura
Agra.
O
STF
assegurou
a
realização
de
eleições
indiretas
pelas
Assembléias
Legislativas
nas
ADIs
4.298
e
4.309
e
consignou
que
as
eleições
indiretas
devem
ser
ABERTAS
(precedente
da
Bahia),
pois
os
parlamentares
têm
o
dever
de
prestar
contas
–
o
voto
secreto
é
garantia
do
eleitor.
O
STF
entende
que
os
Estados
membros
podem
legislar
sobre
eleições
indiretas,
fixando
seu
procedimento,
mesmo
não
havendo
lei
federal
sobre
o
assunto,
pois
a
matéria
não
é
materialmente
eleitoral
nem
de
observância
obrigatória,
mas
sim
“político-‐administrativa,
que
demanda
típica
decisão
do
poder
geral
de
autogoverno,
inerente
à
autonomia
política
dos
entes
federados”.
Ademais,
“predefinido
seu
caráter
não
eleitoral,
não
haveria
se
falar
em
ofensa
ao
principio
da
anterioridade
da
lei
eleitoral”,
previsto
no
art.
16
da
CF
(ADI
2.709).
Destarte,
para
os
Estados
legislarem
sobre
eleições
indiretas,
basta
que
a
Constituição
Estadual
assim
preveja.
10
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DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
ATENÇÃO:
Medida
provisória
não
pode
tratar
de
direitos
políticos.
Logo,
não
poderá
ser
editada
medida
provisória
para
regular
as
eleições
indiretas.
11
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DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
XIII - pela Secretaria da Micro e Pequena Empresa. (Incluído pela Lei nº 12.792, de
2013) (Revogado pela Medida Provisória nº 696, de 2015)
o
§ 1 Integram a Presidência da República, como órgãos de assessoramento imediato ao
Presidente da República:
I - o Conselho de Governo;
II - o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social;
III - o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional;
IV - o Conselho Nacional de Política Energética;
V - o Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte;
VI - o Advogado-Geral da União;
VII - a Assessoria Especial do Presidente da República;
VIII - a Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidência da República;
VIII - a Secretaria de Imprensa e Porta-Voz da Presidência da República; (Redação
dada pela Lei nº 11.204, de 2005) (Vide Medida Provisória nº 360, de
2007). (Revogado pela Lei 11.497, de 2007)
IX - o Porta-Voz da Presidência da República. (Revogado pela Lei nº 11.204, de
2005)
X - o Conselho de Aviação Civil. (Incluído pela Medida Provisória nº 527, de 2011).
X - o Conselho de Aviação Civil. (Incluído pela Lei nº 12.462, de 2011) (Vide
Lei nº 10.678, de 23 de maio de 2003)
Função
executiva
O
Poder
Executivo
aplica
a
lei
ao
caso
concreto,
administrando
a
coisa
pública.
No
Brasil,
de
acordo
com
o
art.
76,
este
Poder
é
exercido
pelo
Presidente
da
República.
Perceba:
se
uma
única
autoridade
exerce
o
Poder
Executivo
no
Brasil
é
porque
temos
o
Executivo
monocrático.
O
Executivo
monocrático
diverge
do
parlamentarismo
(Executivo
dual),
em
que
duas
autoridades
exercem
a
função.
12
http://www.joaolordelo.com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
III
-‐ Filiação
partidária
(art.
14,
§3º)
#
No
Brasil,
a
filiação
partidária
é
uma
condição
de
elegibilidade.
São
vedadas
as
candidaturas
avulsas/independentes
no
Brasil,
o
que
é
permitido,
v.g.,
EUA
e
Portugal.
IV
-‐ Plenitude
do
exercício
dos
direitos
políticos
#
Significa
não
incorrer
em
nenhuma
das
causas
de
perda
ou
suspensão
de
direitos
políticos,
previstas
no
art.
15
da
CF.
V
-‐ Alistamento
eleitoral
VI
-‐ Domicílio
eleitoral
na
circunscrição
VII
-‐ Não
ser
inalistável
[estrangeiros
e
os
conscritos]
nem
analfabeto
Art.
14,
§
2º
-‐
Não
podem
alistar-‐se
como
eleitores
os
estrangeiros
e,
durante
o
período
do
serviço
militar
obrigatório,
os
conscritos.
3.2.
Vice-‐Presidente
I.
Condições
de
elegibilidade
A
eleição
do
vice-‐presidente
deve
atender
às
mesmas
exigências
aplicáveis
ao
Presidente.
ATENÇÃO:
A
inelegibilidade
do
candidato
à
Presidência
não
se
comunica
necessariamente
ao
candidato
à
vice.
O
vício
da
eleição
do
presidente,
contudo,
se
comunica
ao
vice.
Conforme
dispõe
o
art.
79
da
CF,
o
vice
participa
de
missões
especiais
a
mando
do
Presidente.
Ex.:
se
o
rei
da
Bélgica
casa,
vai
o
vice
representar
o
Presidente.
! Atua
como
membro
do
Conselho
de
república
e
o
Conselho
da
defesa
nacional.
! Exercer
missões
especiais
atribuídas
pelo
Presidente.
! Outras
atribuições
fixadas
em
LEI
COMPLEMENTAR
(não
caia
na
pegadinha!)
Obs:
Essa
Lei
Complementar
ainda
não
existe.
Art.
79.
Substituirá
o
Presidente,
no
caso
de
impedimento,
e
suceder-‐
lhe-‐á,
no
de
vaga,
o
Vice-‐Presidente.
13
http://www.joaolordelo.com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
Parágrafo
único.
O
Vice-‐Presidente
da
República,
além
de
outras
atribuições
que
lhe
forem
conferidas
por
LEI
COMPLEMENTAR,
auxiliará
o
Presidente,
sempre
que
por
ele
convocado
para
missões
especiais.
Não
há
óbice
constitucional
à
indicação
do
vice
ao
cargo
de
Ministro
de
Estado.
Contudo,
para
exercer
interinamente
a
presidência,
ele
deverá
licenciar
do
cargo
de
Ministro.
No
nosso
sistema
constitucional
atual,
o
vice-‐presidente
não
tem
qualquer
atribuição
de
grande
relevância.
Esse
não
foi
o
modelo
sempre
adotado:
na
Constituição
de
1891,
o
vice-‐presidente
presidia
o
legislativo,
embora
só
tivesse
voto
de
Minerva*.
DICA:
Para
MPF
e
juízes
federais
"
Gilmar
Mendes
distribui
as
atribuições
em:
• De
direção
da
administração
federal
• De
atribuições
de
relacionamento
com
o
Congresso
Nacional
e
atuação
no
processo
legislativo
• Nas
relações
internacionais
• Na
segurança
interna
e
preservação
da
ordem
institucional
e
harmonia
das
relações
federativas
• Nomeação
de
juízes
de
STF,
tribunais
superior,
bem
como
governadores
de
territórios,
PGR,
Ministros
do
TCU
e
demais
magistrados
federais
No
Brasil
há
o
presidencialismo
de
coalizão:
é
aquele
que
representa
uma
fase
intermediária
entre
o
presidencialismo
e
o
parlamentarismo.
O
presidente,
embora
formalmente
esteja
livre,
tem
que
aceitar,
politicamente,
as
exigências
dos
partidos
políticos.
Na
prática,
o
governo
é
formado
por
uma
coalizão
de
partidos
políticos,
que
influenciam
decisivamente
as
composições
ministeriais
(os
partidos
da
base
de
apoio
exigem
quotas
nos
ministérios).
O
presidente
também
exerce
função
co-‐legislativa.
O
presidente
tem
iniciativa
legislativa
geral,
sobre
qualquer
tipo
de
projeto
de
lei,
e
não
apenas
limitado
aos
projetos
de
lei
de
interesse
da
função
executiva.
O
presidente
tem
duas
funções
legislativas:
a
GERAL
e
a
PRIVATIVA
(art.
61
§1º).
§
1º
-‐
São
de
iniciativa
privativa
do
Presidente
da
República
as
leis
que:
I
-‐
fixem
ou
modifiquem
os
efetivos
das
Forças
Armadas;
II
-‐
disponham
sobre:
a)
criação
de
cargos,
funções
ou
empregos
públicos
na
administração
direta
e
autárquica
ou
aumento
de
sua
remuneração;
b)
organização
administrativa
e
judiciária,
matéria
tributária
e
orçamentária,
serviços
públicos
e
pessoal
da
administração
dos
Territórios;
c)
servidores
públicos
da
União
e
Territórios,
seu
regime
jurídico,
provimento
de
cargos,
estabilidade
e
aposentadoria;
d)
organização
do
Ministério
Público
e
da
Defensoria
Pública
da
União,
bem
como
normas
gerais
para
a
organização
do
Ministério
Público
e
da
Defensoria
Pública
dos
Estados,
do
Distrito
Federal
e
dos
Territórios;
e)
criação
e
extinção
de
Ministérios
e
órgãos
da
administração
pública,
observado
o
disposto
no
art.
84,
VI
f)
militares
das
Forças
Armadas,
seu
regime
jurídico,
provimento
de
cargos,
promoções,
estabilidade,
remuneração,
reforma
e
transferência
para
a
reserva.
CUIDADO:
o
art.
128,
§5º
diz
que
é
competência
privativa
do
presidente
a
iniciativa
legislativa
para
organização
do
MPU.
Isso
não
é
verdade!
Trata-‐se
de
iniciativa
concorrente
do
PGR
em
relação
ao
MPU*.
15
http://www.joaolordelo.com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
Art.
167,
§
3º
da
CF
-‐
A
abertura
de
crédito
extraordinário
somente
será
admitida
para
atender
a
despesas
imprevisíveis
e
urgentes,
como
as
decorrentes
de
guerra,
comoção
interna
ou
calamidade
pública,
observado
o
disposto
no
art.
62.
Obs.3:
É
possível
a
edição
de
medidas
provisórias
estaduais,
bastando
que
essa
possibilidade
esteja
prevista
também
na
Constituição
Estadual
(pois
a
edição
de
MP
não
é
norma
de
repetição
obrigatória).
Há,
inclusive,
um
dispositivo
na
CF
que
se
refere
à
medida
provisória
estadual:
art.
25,
§2º
da
CF.
Art.
25,
§
2º
-‐
Cabe
aos
Estados
explorar
diretamente,
ou
mediante
concessão,
os
serviços
locais
de
gás
canalizado,
na
forma
da
lei,
vedada
a
edição
de
medida
provisória
para
a
sua
regulamentação.(Redação
dada
pela
Emenda
Constitucional
nº
5,
de
1995)
b) Decreto
delegado
ou
autorizado
por
lei
–
Seria
uma
espécie
de
delegação
legislativa
pelo
Presidente
para
a
inovação
da
ordem
jurídica
por
meio
de
decreto.
Ele
existe
no
direito
comparado,
mas
não
no
Brasil
(onde
o
decreto
autônomo
só
pode
ter
fundamento
em
lei).
A
ADI
3232
declarou
a
inconstitucionalidade
de
uma
lei
que
criada
o
decreto
delegado
para
o
Presidente.
Não
possui
espaço
no
Brasil,
pois
o
nosso
ordenamento
jurídico
não
se
coaduna
com
as
delegações
puras
ou
incondicionadas,
de
nítido
conteúdo
renunciativo.
c) Decreto
comum
ou
de
execução
–
Emana
diretamente
da
lei
e
não
cria,
altera
ou
extingue
direitos.
Apenas
fixa
as
regras
orgânicas
e
processuais
destinadas
a
por
em
execução
os
princípios
constitucionais
estabelecidos
em
lei,
ou
para
desenvolver
os
preceitos
constantes
da
lei,
expressos
ou
implícitos,
dentro
da
órbita
por
eles
circunscrita.
16
http://www.joaolordelo.com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
**ATENÇÃO:
O
executivo
está
constitucionalmente
autorizado
(art.
84,
IV)
a
expedir
esse
tipo
de
decreto
em
relação
a
todas
as
leis,
ainda
que
não
haja
disposição
expressa
acerca
dessa
possibilidade
na
lei.
Com
base
no
art.
84,
VI,
o
Presidente
pode
extinguir
cargos
públicos
vagos
por
meio
de
decreto,
mas
não
pode
criar
cargos
nem
despesas.
Na
administração
Pública
Federal,
as
despesas
só
podem
ser
previstas
em
lei.
Na
ADI
2857,
o
STF
entendeu
que,
à
luz
do
princípio
da
simetria,
o
inciso
VI
do
art.
84
é
de
repetição
obrigatória.
Significa
que
os
governadores
também
poderão
extinguir
os
cargos
etc.
Art.
84.
Compete
privativamente
ao
Presidente
da
República:
VI
-‐
dispor,
mediante
decreto,
sobre:(Redação
dada
pela
Emenda
Constitucional
nº
32,
de
2001)
a)
organização
e
funcionamento
da
administração
federal,
quando
não
implicar
aumento
de
despesa
nem
criação
ou
extinção
de
órgãos
públicos;
(Incluída
pela
Emenda
Constitucional
nº
32,
de
2001)
b)
extinção
de
funções
ou
cargos
públicos,
quando
vagos;(Incluída
pela
Emenda
Constitucional
nº
32,
de
2001)
III.
Atribuições
do
Presidente
enquanto
Chefe
de
Estado
nas
relações
internacionais
Art.
84.
Compete
privativamente
ao
Presidente
da
República:
VII
-‐
manter
relações
com
Estados
estrangeiros
e
acreditar
seus
representantes
diplomáticos;
VIII
-‐
celebrar
tratados,
convenções
e
atos
internacionais,
sujeitos
a
referendo
do
Congresso
Nacional;
**Acreditar
os
representantes
diplomáticos
significa
credenciar
o
diplomata
a
falar
em
nome
do
Presidente.
O
diplomata
acreditado
é
o
credenciado
para
atuar
como
representante
do
Presidente
nos
foros
internacionais,
podendo
assinar
tratados
internacionais,
desde
que
obedecidos
os
limites
da
delegação.
Celebrar
tratados,
convenções
e
atos
internacionais
é
atuação
de
chefia
de
Estado.
A
Constituição
diz
que
isso
está
sujeito
à
ratificação
do
Congresso
Nacional
(concordância).
Pergunta-‐se:
A
concordância
no
Congresso
Nacional
com
o
tratado
vincula
o
Presidente
a
assinar
o
tratado
ou
acordo
internacional
ratificado?
NÃO.
É
preciso
uma
conjugação
de
vontades
entre
o
Presidente
e
o
Congresso
Nacional
para
que
o
tratado
internacional
possa
ser
internalizado
no
ordenamento
jurídico
brasileiro.
IV.
Remessa
de
mensagem
com
Plano
de
Governo
Essa
é
uma
atribuição
de
Chefe
de
Governo
de
remeter
ao
congresso
2
documentos.
Art.
84.
Compete
privativamente
ao
Presidente
da
República:
XI
-‐
remeter
mensagem
e
plano
de
governo
ao
Congresso
Nacional
por
ocasião
da
abertura
da
sessão
legislativa,
expondo
a
situação
do
País
e
solicitando
as
providências
que
julgar
necessárias;
Esse
é
um
ato
solene
que
diz
respeito
ao
Congresso
Nacional
exerce
sobre
o
Governo.
Mas
esse
não
é
um
controle
congressual
nos
moldes
do
Parlamentarismo,
mas
sim
nos
moldes
do
parlamentarismo.
Sendo
assim,
não
é
necessário
que
o
Congresso
Nacional
esteja
de
acordo
com
o
Plano
de
Governo
para
que
o
Presidente
permaneça
no
cargo.
A
ausência
de
confiança
ou
de
concordância
do
Congresso
não
é
uma
exigência
do
Presidencialismo
para
o
exercício
das
funções
de
Chefia
de
Governo.
Atenção:
O
plano
de
governo
do
Presidente
não
vincula
a
ele
próprio.
Somente
no
Parlamentarismo
o
Chefe
de
Governo
se
vincula
ao
plano
de
governo
apresentado.
XII -‐ conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
Comutação
de
penas
significa
trocar
penas
mais
graves
por
penas
mais
brandas,
menos
rigorosas.
Trata-‐se
de
um
benefício
ao
acusado
que
cumpre
pena.
O
indulto,
por
sua
vez,
é
uma
causa
de
extinção
da
punibilidade
para
crimes
menos
graves.
Trata-‐se
de
uma
medida
coletiva,
por
decreto,
que
pode
ou
não
indicar
expressamente
os
nomes
dos
beneficiários.
Difere-‐se
da
graça
(individual)
e
da
anistia
(geral,
feita
por
lei
e,
em
regra,
se
refere
a
crimes
políticos).
*No
caso
de
extradição,
não
pode
ser
concedido
o
indulto
(STF,
HC
72391)
Atenção:
Não
é
possível
a
concessão
de
indulto
a
crimes
hediondos,
tortura,
tráfico
e
terrorismo.
Cuidado:
o
art.
5º,
XLIII
da
CF
diz
que
esses
crimes
não
são
sujeitos
a
graça
e
anistia.
Ou
seja,
a
Constituição
não
vedou,
para
esses
crimes,
a
concessão
de
indulto
pelo
Chefe
do
Executivo.
A
lei
8.072/90
(dos
crimes
hediondos),
por
sua
vez,
diz
que
esses
crimes
são
insuscetíveis
de
anistia,
graça
e
indulto.
Logo,
a
lei
foi
mais
rigorosa
que
a
Constituição.
Pergunta-‐se:
A
lei
poderia
restringir
um
direito
do
réu
(de
receber
indulto)
e
uma
atribuição
do
Presidente
(de
dispor,
por
decreto,
sobre
indulto)
quando
isso
não
foi
feito
pela
Constituição?
No
HC
81.565,
o
STF
entendeu
que:
“não
pode,
em
tese,
a
lei
ordinária
restringir
o
poder
constitucional
do
Presidente
da
República
de
‘conceder
indulto
e
comutar
penas’,
opondo-‐lhe
vedações
materiais
não
decorrentes
da
Constituição.
Apesar
disso,
é
constitucional
o
art.
2º,
I
da
lei
8.072/90
porque
nele
a
menção
indulto
é
meramente
expletiva
da
proibição
de
graça
aos
condenados
por
crimes
hediondos
ditada
pelo
art.
5º,
XLIII
da
Constituição”.
VI.
Atribuições
do
Presidente
para
nomeações
Pegadinha:
Exercer
o
comando
supremo
das
Forças
Armadas
é
função
de
Chefia
de
Governo.
Contudo,
fazer
nomeações
e
promoções
não
é
ato
de
governo,
mas
ato
de
Chefia
da
Administração
Federal.
Art.
84.
Compete
privativamente
ao
Presidente
da
República:
XIII
-‐
exercer
o
comando
supremo
das
Forças
Armadas,
nomear
os
Comandantes
da
Marinha,
do
Exército
e
da
Aeronáutica,
promover
seus
oficiais-‐generais
e
nomeá-‐los
para
os
cargos
que
lhes
são
privativos;
a) Nomeações
que
são
atos
de
chefia
de
ESTADO
#
Isso
porque
esses
agentes
não
fazem
parte
da
Administração
Pública
Federal
stricto
senso,
vinculada
ao
Presidente
da
República:
! Ministros
do
STF
! Ministros
dos
Tribunais
Superiores
! PGR
18
http://www.joaolordelo.com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
! 1/3
dos
membros
do
TCU
"
**O
TCU
é
um
órgão
de
estatura
constitucional
com
independência,
que
não
está
na
estrutura
da
Administração
Federal.
A
nomeação
do
TCU
é
mecanismo
de
freios
e
contrapesos,
pois
representa
uma
interferência
do
Executivo
em
órgão
auxiliar
do
Legislativo.
O
presidente
nomeia
apenas
1/3
dos
ministros
do
TCU
(art.
73,
§2º,
I).
**
Na
ADI
2828,
o
STF
decidiu
que,
simetricamente,
os
Governadores
também
têm
a
atribuição
de
nomear
1/3
dos
membros
do
Tribunal
de
Contas
Estadual.
–
isso
deve
ser
cobrado
em
provas.
! Demais
magistrados
"
**A
súmula
627
do
STF
diz
que,
em
caso
de
mandado
de
segurança
contra
uma
nomeação
de
magistrado
com
base
no
art.
84,
em
qualquer
caso,
o
Presidente
será
considerado
autoridade
coatora,
mesmo
que
o
vício
coator
seja
anterior
à
nomeação
do
Presidente.
Ex:
se
alguém
diz
que
a
lista
feita
pelo
Tribunal
Regional
está
viciada,
ainda
assim
o
Presidente
será
a
autoridade
coatora,
se
ele
já
tiver
com
a
lista
em
mãos
(mesmo
que
não
haja
ainda
nomeado,
bastando
que
esteja
com
a
lista
em
mãos).
b) Nomeações
que
são
atos
de
Chefia
de
GOVERNO
#
São
agentes
que
se
encontram
na
estrutura
da
Administração
Pública
Federal
e,
portanto,
são
subordinados
ao
Presidente
da
República:
! Presidente
do
BACEN
e
outros
servidores
! AGU
"
Isso
porque
o
AGU
tem
status
de
Ministro
de
Estado.
! Membros
do
Conselho
da
República
"
A
convocação
do
Conselho
da
República
é
um
ato
potestativo
do
Presidente
da
República,
dependendo
de
sua
vontade
exclusiva,
não
podendo
o
convocado
se
opor
ou
deixar
de
comparecer.
Art.
84.
Compete
privativamente
ao
Presidente
da
República:
XVIII
-‐
convocar
e
presidir
o
Conselho
da
República
e
o
Conselho
de
Defesa
Nacional;
O
Presidente
da
República,
em
ato
de
Chefe
de
Governo,
deve
encaminhar
essas
propostas.
O
presidente
deve
prestar
anualmente
contas
em
até
60
dias
após
a
abertura
da
sessão
legislativa.
Essa
atuação
é
de
chefia
de
Governo,
mas
há
quem
entenda
que
se
trate
de
chefia
de
Administração
Federal.
A
prestação
de
contas
é
um
princípio
constitucional
sensível
(se
violado,
por
ensejar
a
intervenção
federal).
Costuma-‐se
questionar
nas
provas:
qual
a
data
limite
no
calendário
para
a
prestação
anual
de
contas
pelo
Presidente?
2
de
abril,
que
corresponde
a
60
dias
depois
de
2
fevereiro,
quando
inicia
a
sessão
legislativa(art.
58,
§2º
da
CF).
Se
o
Presidente
da
República
não
apresentar
as
contas,
a
Câmara
dos
Deputados
deve
cobrá-‐
las.
Ademais,
a
não
prestação
de
contas
configura
crime
de
responsabilidade
(art.2º
da
lei
1.079).
Pergunta-‐se:
A
CF
diz
que
o
Presidente
tem
a
atribuição
de
prover
cargos.
E
para
desprover
cargos
ele
também
tem
atribuição?
No
RMS
24.128,
o
STF
entende
que
dentro
da
competência
de
prover
se
inclui
a
de
desprover
o
cargo
público.
Assim,
exonerar
alguém
também
é
atribuição
do
Presidente
da
República,
implicitamente.
A
extinção
do
cargo
pode
ser
feita
por
meio
de
decreto.
Cuidado:
desprover
é
diferente
de
extinguir.
Embora
o
Presidente
possa
delegar
atribuições
constitucionais,
essa
delegação
possui
limites
materiais,
pois
só
podem
ser
delegadas
as
matérias
expressamente
consignadas
e
para
as
20
http://www.joaolordelo.com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
autoridades
definidas
no
p.
ún.
do
art.
84.
Ademais,
as
autoridades
delegadas
estarão
limitadas
pelos
limites
estabelecidos
pelo
Presidente
na
delagação.
Questão:
As
atribuições
legais
do
Presidente
da
República
podem
ser
delegadas?
O
Presidente
da
República
pode
delegar
livremente
suas
atribuições
legais.
Ex:
No
HC
101.269,
o
STF
decidiu
que
não
implica
disposição
de
competência
legal
a
delegação
pelo
Presidente
da
República
do
ato
de
expulsão
de
estrangeiro
(que
pode
ser
assinado,
v.g.,
pelo
Ministro
do
Estado
e
da
Justiça,
delegado
pelo
Presidente).
A
“república”,
prevista
no
art.
1º
da
CF,
não
deve
ser
entendida
só
como
forma
de
governo
(em
contraposição
à
monarquia),
mas
também
como
um
princípio
(daí
republicanismo).
Republicanismo
significa
honestidade
cívica
(dever
de
ser
honesto,
que
todos
têm).
Deste
republicanismo,
extraem-‐se
3
conseqüências:
1º
-‐ Todos
são
iguais
perante
a
lei;
2º
-‐ Necessidade
de
que
todos
sejam
responsabilizados
por
seus
atos
#
A
responsabilidade
ocorre
na
medida
da
parcela
do
poder
exercido.
3º
-‐ Qualquer
obstáculo
que
impeça
que
o
cidadão
seja
responsabilizado
por
atos
ilícitos
é
inconstitucional.
A
CF/88
nos
da
notícia
de
que
o
Presidente
pode
sofrer
diversas
responsabilidades:
! Responsabilidade
política
(crime
de
responsabilidade
stricto
senso);
! Responsabilidade
fiscal
! Responsabilidade
criminal
! Responsabilidade
civil
! Responsabilidade
administrativa
(improbidade)
O
tema
da
matéria
será
o
estudo
dos
crimes
de
responsabilidade
e
dos
crimes
comuns.
Crime
de
responsabilidade
é
infração
de
natureza
jurídica
político-‐administrativa
cometida
por
agentes
políticos
que
viola
gravemente
um
dever
funcional
constitucionalmente
estabelecido,
que
pode
levar
à
perda
do
cargo
(aplicam-‐se
ao
crime
de
responsabilidade
as
regras
do
direito
administrativo).
Já
o
crime
comum
é
uma
infração
de
natureza
jurídica
penal.
“Os
detentores
de
altos
cargos
públicos
poderão
praticar,
além
dos
crimes
comuns,
os
crimes
de
responsabilidade,
vale
dizer,
infrações
político-‐administrativa
(crimes,
portanto,
de
natureza
política),
submetendo-‐se
ao
processo
de
impeachment”
(Lenza).
Art.
50.
A
Câmara
dos
Deputados
e
o
Senado
Federal,
ou
qualquer
de
suas
Comissões,
poderão
convocar
Ministro
de
Estado
ou
quaisquer
titulares
de
órgãos
diretamente
subordinados
à
Presidência
da
República
para
prestarem,
pessoalmente,
informações
sobre
assunto
previamente
Ministros
de
Estados
determinado,
importando
crime
de
responsabilidade
a
ausência
sem
justificação
adequada.
§
2º
-‐
As
Mesas
da
Câmara
dos
Deputados
e
do
Senado
Federal
poderão
encaminhar
pedidos
escritos
de
informações
a
Ministros
de
Estado
ou
a
qualquer
das
pessoas
referidas
no
caput
deste
artigo,
importando
em
crime
de
responsabilidade
a
recusa,
ou
o
não
-‐
atendimento,
no
prazo
de
trinta
dias,
bem
como
a
prestação
de
informações
falsas.
22
http://www.joaolordelo.com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
Presidentes
de
Tribunais
de
Justiça
Art.
100,
§
7º
O
Presidente
do
Tribunal
competente
que,
por
ato
comissivo
ou
omissivo,
retardar
ou
que
violam
o
regime
de
tentar
frustrar
a
liquidação
regular
de
precatórios
incorrerá
em
crime
de
responsabilidade
e
responderá,
também,
perante
o
Conselho
Nacional
de
Justiça.
precatórios
Pela
violação
a
Art.
167,
§
1º
-‐
Nenhum
investimento
cuja
execução
ultrapasse
um
exercício
financeiro
poderá
ser
princípios
iniciado
sem
prévia
inclusão
no
plano
plurianual,
ou
sem
lei
que
autorize
a
inclusão,
sob
pena
de
orçamentários
crime
de
responsabilidade
ATENÇÃO:
A
lei
que
tipificará
o
crime
de
responsabilidade
deverá
ser
FEDERAL,
ainda
que
o
tipo
se
refira
à
atuação
do
Prefeito
ou
Governador:
Súmula
722
do
STF.
São
da
competência
legislativa
da
União
a
definição
dos
crimes
de
responsabilidade
e
o
estabelecimento
das
respectivas
normas
de
processo
e
julgamento.
**José
Afonso
da
Silva
é
contrário
a
essa
súmula,
pois
trata
do
crime
de
responsabilidade
como
se
tivesse
natureza
penal,
pois
é
a
matéria
penal
que
é
de
competência
legislativa
privativa
da
União.
Para
o
autor,
as
Câmaras
de
Vereadores
e
as
Assembléias
Legislativas
estaduais
deveriam
poder
legislar
sobre
crimes
de
responsabilidade.
As
leis
que
tipificam
os
crimes
de
responsabilidade
são:
a) Lei
1.079/50
"
Tipifica
os
crimes
de
responsabilidade
praticados
por:
Presidente
da
República,
Ministros
de
Estado,
Ministros
do
STF,
PGR,
Governadores
e
secretários
de
Estado.
b) Lei
7.106/06
"
Tipifica
os
crimes
de
responsabilidade
praticados
por:
Governador
do
DF
e
dos
Territórios
e
seus
respectivos
secretários.
Obs:
Muitos
pensam
que
o
governador
do
DF
responde
apenas
pelos
crimes
de
responsabilidade
da
lei
1.079,
mas
ele
também
responde
pelos
crimes
da
lei
7.106/06.
c) Decreto-‐Lei
201/67
"
Tipifica
os
crimes
de
responsabilidade
praticados
por:
Prefeitos
e
vice
e
trata
da
cassação
e
extinção
de
mandato
de
vereador.
Obs:
Cuidado
com
essa
lei,
pois
em
seu
art.
1º
ela
chama
de
crime
de
responsabilidade
tipo
criminal,
com
pena
privativa
de
liberdade.
O
verdadeiro
crime
de
responsabilidade
é
o
que
essa
lei
chama
de
infração
político
administrativa.
24
http://www.joaolordelo.com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
Pela
prática
de
crime
de
responsabilidade,
o
Presidente
será
julgado
pelo
Senado
Federal
(art.
52,
parágrafo
único).
Nesta
ocasião,
o
Senado
será
presidido
pelo
Presidente
do
STF.
Veja:
essa
previsão
consiste
em
mecanismo
de
controle
recíproco
entre
os
poderes:
freios
e
contrapesos.
O
crime
de
responsabilidade
é
infração
político-‐administrativa.
Por
isso,
não
cabe
habeas
corpus
em
seu
âmbito,
pois
não
está
ameaçada
a
liberdade
de
locomoção
do
agente.
Contudo,
será
possível
o
manejo
de
MS
(STF,
HC
70.033).
Detalhe:
o
processo
de
julgamento
do
Presidente
pela
prática
de
crime
de
responsabilidade
é
bifásico.
O
Senado
Federal
não
pode
julgar
o
Presidente
sem
que
antes
exista
a
autorização
da
Câmara
dos
Deputados.
Ou
seja:
a
Câmara
faz
um
juízo
de
admissibilidade.
Obs:
Os
Ministros
de
Estados
precisam
de
autorização
da
Câmara
dos
Deputados
apenas
se
seus
crimes
de
responsabilidade
forem
conexos
com
o
Presidente
da
República.
Se
os
Ministros
forem
processados
sozinhos,
em
crime
de
responsabilidade
autônomo,
o
processo
correrá
no
STF
e
não
perante
o
Senado,
não
sendo
necessária
a
autorização
da
Câmara
(STF,
PET
1954).
• Qualquer
cidadão
(em
sentido
estrito)
é
parte
legítima
para
denunciar
o
Presidente
pela
prática
de
crime
de
responsabilidade
(ou
o
Ministro
de
Estado,
em
crimes
conexos)3.
Essa
ação
é
conhecida
como
ação
penal
popular,
mas
isso
está
incorreto,
pois
os
crimes
de
responsabilidade
são
infrações
político-‐administrativas.
Ademais,
a
titularidade
exclusiva
da
ação
penal
pública
compete
ao
MP,
conforme
previsto
no
art.
129,
§1º
da
CF.
Obs:
existem
dois
tipos
de
cidadão:
a) Cidadão
em
sentido
genérico/amplo
#
É
todo
indivíduo
que
pode
exercer
direitos
e
contrair
obrigações.
b) Cidadão
em
sentido
restrito
#
É
o
nacional
que
exerce
direitos
políticos.
Atente:
só
o
cidadão
em
sentido
estrito
tem
legitimidade
para
denunciar
o
Presidente
na
Câmara
dos
Deputados.
III.
Condutas
que
importam
em
crime
de
responsabilidade
(art.
85)
Dispõe
o
art.
85
da
CF:
Art.
85.
São
crimes
de
responsabilidade
os
atos
do
Presidente
da
República
que
atentem
contra
a
Constituição
Federal
e,
especialmente,
contra:
I
-‐
a
existência
da
União;
II
-‐
o
livre
exercício
do
Poder
Legislativo,
do
Poder
Judiciário,
do
Ministério
Público
e
dos
Poderes
constitucionais
das
unidades
da
Federação;
III
-‐
o
exercício
dos
direitos
políticos,
individuais
e
sociais;
3
Para
que
a
Câmara
examine
esta
acusação,
é
preciso
que
alguém
(qualquer
cidadão)
apresente
denúncia
do
Presidente
e
do
Ministro
(no
caso
de
crime
conexo).
25
http://www.joaolordelo.com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
Muita
atenção:
segundo
a
maioria
doutrina
(Gilmar
Mendes,
Alexandre
de
Moraes
etc.)
o
rol
trazido
pela
Constituição
é
meramente
EXEMPLIFICATIVO.
O
próprio
parágrafo
único
do
art.
85
da
CF
dispõe
que
“esses
crimes
serão
definidos
em
lei
especial”.
Essa
lei
é
a
Lei
1.079/50
que,
segundo
o
STF,
foi
recepcionada
pela
CF/88.
A
Constituição
apenas
indica
as
situações
(se
tipificar)
e
a
lei
1.079/50
define
os
tipos
dos
crimes
de
responsabilidade.
Veja
que
a
CF
e
a
Lei
1.079
fazem
referências
a
tipos
abertos,
não
se
exigindo
a
correspondência
exata
entre
a
conduta
e
o
preceito
primário
(não
se
exige
a
tipicidade
do
direito
penal).
Isso
ocorre
porque
a
natureza
jurídica
das
infrações
é
político-‐administrativa.
IV.
Procedimento
i. O
cidadão
faz
a
denúncia
na
Câmara;
Obs:
a
denúncia
somente
poderá
ser
aceita
se
o
agente
estiver
no
exercício
do
cargo
(art.
15
da
Lei
1.079/50).
No
MS
2941,
o
STF
decidiu
que
o
presidente
da
Câmara
de
Deputados
PODE
determinar
liminarmente
(sozinho)
o
arquivamento
da
denúncia
contra
o
Presidente
da
República,
se
observar
que
esta
denúncia
não
tem
idoneidade.
Essa
decisão
está
sujeita
a
recurso
ao
Plenário.
ii. Na
Câmara,
forma-‐se
uma
comissão
especial,
que
o
apresenta
um
parecer.
Esse
parecer
será
votado
por
todos
os
Deputados.
O
STF
reconhece
o
direito
do
Presidente
ao
contraditório
e
a
ampla
defesa
durante
a
deliberação
da
Câmara
de
Deputados
acerca
da
admissibilidade
do
processo
contra
ele
(MS
2941,
21623
e
21564).
Ou
seja:
O
Presidente
poderá
arrolar
documentos,
inquirir
testemunhas,
requerer
perícia
etc.
iii. Exercido
o
contraditório
e
a
ampla
defesa,
a
Câmara
faz
um
juízo
de
admissibilidade
da
acusação.
A
decisão
da
Câmara
é
um
ato
discricionário.
Cuida-‐se
de
juízo
político
de
oportunidade
e
conveniência
(interesse
público
da
acusação)
e
não
jurídico.
Ela
poderá
rejeitar
o
processo
ainda
que
entenda
a
denúncia
juridicamente
plausível
e
os
fatos
provados,
se
entender
que
o
processamento
do
Presidente
é
desinteressante
à
União
(STF,
MS
21564).
Logo,
a
Câmara
verifica:
! Os
fundamentos
e
idoneidade
jurídica
da
acusação
! Oportunidade
e
conveniência,
à
luz
dos
interesses
da
nação
de
ter
ou
não
o
Presidente
da
República
processado
por
crime
comum
ou
de
responsabilidade,
naquele
momento.
iv. Esse
juízo
pode
trilhar
um
dos
dois
caminhos:
! Juízo
de
admissibilidade
negativo
#
A
Câmara
dos
Deputados
não
autoriza
o
julgamento
no
Senado;
! Juízo
de
admissibilidade
positivo
#
No
juízo
de
admissibilidade
positivo,
a
Câmara
autoriza
o
julgamento.
O
quorum
deste
juízo
é
de
2/3
dos
votos,
em
votação
aberta
(não
caia
na
pegadinha:
não
é
maioria
absoluta,
mas
2/3
dos
votos).
A
autorização
se
materializa
em
uma
resolução
da
Câmara
dos
Deputados.
26
http://www.joaolordelo.com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
v. Não
há
recurso
da
decisão
da
Câmara
que
nega
ou
autoriza
o
processamento
do
Presidente
(STF,
MS
26062).
Admitida
a
acusação
do
Presidente,
se
for
o
caso
de
crime
comum,
o
processo
irá
para
o
STF;
se
for
o
caso
de
crime
de
responsabilidade,
o
processo
irá
para
o
Senado.
vi. Atenção:
se
a
Câmara
autoriza,
o
Senado
está
vinculado
a
dar
início
ao
julgamento,
a
instaurar
o
processo.
CUIDADO:
A
decisão
da
Câmara
que
autoriza
o
processo
é
vinculante
para
o
Senado,
que
estará
obrigado
a
instaurar
o
processo.
Por
outro
lado,
a
decisão
da
Câmara,
em
relação
aos
crimes
comuns,
não
obriga
o
STF
a
instaurar
o
processo.
viii. No
Senado,
o
Presidente
tem
o
direito
constitucional
ao
contraditório
e
à
ampla
defesa
(poderá,
novamente,
arrolar
testemunhas,
juntar
documentos,
pedir
a
realização
de
perícias
etc).
ix. Ao
final
do
contraditório,
o
Presidente
será
julgado
pelo
Senado
Federal.
Para
que
o
Senado,
em
um
juízo
político,
possa
condenar
o
Presidente,
deverão
votar
2/3
dos
Senadores
(54
Senadores),
em
votação
aberta.
**Segundo
o
entendimento
do
STF,
não
se
aplica
o
CPP
no
julgamento
do
Presidente
pelos
crimes
de
responsabilidade.
Assim,
não
há
impedimento
nem
suspeição
de
Senador
(STF,
MS
21623).
x. Em
sendo
condenado
pela
prática
de
crime
de
responsabilidade,
o
Presidente
receberá
duas
penas,
CUMULATIVAMENTE:
! Perda
do
cargo
+
! Inabilitação
para
o
exercício
de
função
pública
por
8
anos
Art.
52.
Parágrafo
único.
Nos
casos
previstos
nos
incisos
I
e
II,
funcionará
como
Presidente
o
do
Supremo
Tribunal
Federal,
limitando-‐se
a
condenação,
que
somente
será
proferida
por
dois
terços
dos
votos
do
Senado
Federal,
à
perda
do
cargo,
com
inabilitação,
por
oito
anos,
para
o
exercício
de
função
pública,
sem
prejuízo
das
demais
sanções
judiciais
cabíveis.
27
http://www.joaolordelo.com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
Atenção:
A
pena
de
inabilitação
para
o
exercício
da
função
pública
é
AUTÔNOMA,
podendo
ser
aplicada
sozinha,
no
caso
em
que
o
agente
não
está
mais
no
cargo
(pois,
nesse
caso,
não
será
possível
aplicar
a
pena
de
perda
do
cargo).
O
fato
de
o
Presidente
ter
renunciado
ao
cargo
não
impede
a
aplicação
da
pena
de
inabilitação
para
o
exercício
de
função
pública
(STF,
MS
21689).
Assim
entendeu
o
STF,
no
caso
Collor:
entre
as
duas
penas,
não
existe
relação
de
acessório/principal.
Ambas
possuem
a
mesma
importância/valor.
CUIDADO:
Em
relação
às
autoridades
não
julgadas
pelo
Senado
nos
crimes
de
responsabilidade,
as
sanções
aplicáveis
serão
a
perda
do
cargo
e
a
inabilitação
para
o
exercício
da
função
pública
por
5
ANOS,
pois
assim
está
previsto
no
art.
2º
da
lei
1.079/50.
Ex:
Governador,
julgado
pela
Assembléia
Legislativa;
Ministro
de
Estado,
em
crime
de
responsabilidade
autônomo,
julgado
pelo
STF.
28
http://www.joaolordelo.com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
A
lei
1.079/50
diz
que
a
Constituição
do
Estado
pode
criar
outra
formatação.
Essa
norma
foi
declarada
inconstitucional
pelo
STF,
pois
ele
entende
que
o
processo
sobre
crime
de
responsabilidade
é
de
competência
legislativa
privativa
da
União
(ADI
1628)4.
Súmula
722
do
STF.
São
da
competência
legislativa
da
União
a
definição
dos
crimes
de
responsabilidade
e
o
estabelecimento
das
respectivas
normas
de
processo
e
julgamento.
Se
o
Governador
for
condenado
pelo
crime
de
responsabilidade,
sofrerá
duas
penas:
! Perda
do
cargo;
! Inabilitação
para
o
exercício
de
função
pública
por
5
ANOS
(e
não
8
anos).
A
doutrina
entende
que
o
art.
29-‐A
tem
eficácia
limitada
(não
autoaplicável),
sendo
necessário
que
a
lei
federal
tipifique
as
referidas
hipóteses,
sob
pena
de
violação
ao
princípio
constitucional
da
tipicidade
legal.
Essa
lei
deve
fixar
que
a
competência
para
julgamento
do
Prefeito
nas
situações
do
art.
29-‐A
será
necessariamente
da
Câmara
de
Vereadores,
pois
essas
infrações
não
possuem
natureza
penal,
mas
sim
de
verdadeiras
infrações
político-‐administrativas
(se
fosse
penal,
a
competência
deveria
ser
do
TJ).
Não
haverá
qualquer
participação
judiciário,
inclusive
porque
inexiste
Poder
Judiciário
municipal.
Cuidado:
o
Decreto-‐Lei
201/67
estabelece
duas
espécies
de
crime
de
responsabilidade:
Crime
de
responsabilidade
próprio
(art.
1º)
Crime
de
responsabilidade
impróprio
(art.
4º)
Infração
de
natureza
jurídica
penal.
Infração
de
natureza
jurídica
político-‐administrativa.
O
Prefeito
será
julgado
pelo
Poder
Judiciário.
O
Prefeito
será
julgado
pela
Câmara
Municipal
(art.
31,
CF).
Seu
processo
e
julgamento
é
regulado
pelo
art.
2º
O
procedimento
é
previsto
no
art.
5º
do
dec.-‐lei.
do
Dec.
201/67:
São
denunciados
pelo
MP
e
José
Afonso
da
Silva
entende
que
essa
norma
não
foi
julgados
pelo
Judiciário
independentemente
de
recepcionada
pela
Constituição,
pois
a
Lei
Orgânica
autorização.
Embora
o
dec.
fale
em
juízo
singular,
deveria
regular
esse
procedimento.
Contudo,
o
STF
aplicam-‐se
as
regras
do
processamento
de
crimes
entende
que
essa
matéria
é
de
competência
comuns
(o
prefeito
é
julgado
pelo
TJ,
TRF,
TRE).
legislativa
privativa
da
União.
Súmula
703
do
STF.
A
extinção
do
mandato
do
prefeito
não
impede
a
instauração
do
processo
pela
prática
dos
crimes
previstos
no
art.
1º
do
decreto-‐lei
201/67.
4
Ex:
a
Constituição
do
Estado
de
São
Paulo
diz
o
seguinte:
7
Desembargadores
+
7
Deputados
Estaduais
comporão
esse
tribunal
misto,
presidido
pelo
Presidente
do
TJ.
Muito
importante:
o
STF
entendeu
que
essa
previsão
é
inconstitucional.
Entende
o
Supremo
que
o
correto
é
o
número
de
5
Desembargadores
+
5
Deputados
(Previsão
da
Lei
1.079/50).
29
http://www.joaolordelo.com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
Pergunta-‐se:
que
significa
infração
penal
comum
a
que
alude
o
art.
102,
I,
“b”?
Considera-‐se
infração
penal
comum
aquela
que
não
constitui
crime
de
responsabilidade.
Estão
compreendidos
no
gênero
“infração
penal
comum”:
! Crime
comum
em
sentido
restrito;
! Crime
eleitoral;
! Crime
militar;
! Crime
doloso
contra
a
vida;
! Contravenção
penal.
30
http://www.joaolordelo.com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
Art.
86,
§
3º
-‐
Enquanto
não
sobrevier
sentença
condenatória,
nas
infrações
comuns,
o
Presidente
da
República
não
estará
sujeito
a
prisão.
ATENÇÃO:
diferentemente
do
que
ocorre
com
os
Deputados
e
Senadores,
o
Presidente
não
pode
ser
preso
em
flagrante,
mesmo
se
praticar
crime
inafiançável.
Nenhum
tipo
de
prisão
cautelar
é
aplicável
à
sua
pessoa.
ATENÇÃO:
a
Imunidade
relativa
é
só
para
ações
penais.
Não
abrange
responsabilidade
civil,
administrativa
ou
tributária.
Se
o
Presidente
tiver
devendo
ao
Fisco,
será
processado
sem
necessidade
de
autorização
da
Câmara
dos
Deputados
(STF,
Inq
672)
! O
Presidente
pode
ser
julgado
pela
prática
de
crimes
ocorridos
antes
da
posse?
NÃO.
Não
erre:
se
o
crime
foi
praticado
antes
da
posse,
não
se
trata
de
um
delito
ex
officio,
já
que
estranho
ao
exercício
da
função.
Aplica-‐se
aqui
o
art.
86,
§4º
da
CF.
O
STF
é
claro:
“se
o
fato
é
anterior
à
sua
investidura,
o
Supremo
Tribunal
não
será
originariamente
competente
para
a
ação
penal,
nem
conseqüentemente
para
o
habeas
corpus
por
falta
de
justa
causa
para
o
curso
futuro
do
processo”.
! O
Presidente
pode
ser
julgado
por
um
homicídio
praticado
contra
sua
mulher,
que
o
traía?
NÃO.
O
crime
não
foi
praticado
em
razão
do
exercício
da
função.
31
http://www.joaolordelo.com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
c) Autorização
do
recebimento
pela
Câmara
#
Oferecida
a
denúncia,
o
STF
não
pode
receber
a
denúncia
sem
que
antes
exista
a
autorização
da
Câmara
dos
Deputados.
Obs:
A
investigação
penal
e
o
oferecimento
da
denúncia
(pelo
PGR)
não
dependem
de
autorização
da
Câmara.
Contudo,
para
o
recebimento
da
denúncia
pelo
STF
será
necessário
antes
que
a
Câmara
de
Deputados
dê
autorização.
A
situação
aqui
é
parecida
com
o
que
ocorre
no
julgamento
dos
crimes
de
responsabilidade,
em
que
o
Senado
só
pode
julgar
a
causa
se
autorizado
pela
Câmara.
No
caso
de
crimes
comuns,
a
Câmara
também
faz
um
juízo
de
admissibilidade
da
acusação,
que
possui
natureza
política
(oportunidade
e
conveniência).
! Juízo
de
admissibilidade
positivo
#
Ocorre
através
de
2/3
de
seus
membros,
em
votação
aberta.
Atingida
esta
votação,
a
Câmara
autoriza
o
STF
a
se
manifestar
sobre
o
recebimento
da
denúncia
(registre-‐se
que
o
Supremo
não
é
obrigado
a
receber
a
denúncia,
ao
contrário
do
que
ocorre
com
o
Senado,
nos
crimes
de
responsabilidade).
32
http://www.joaolordelo.com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
f) Imunidades
à
prisão
processual
do
Presidente
#
O
art.
86,
§3º
do
STF
diz
que,
nas
infrações
comuns,
enquanto
não
sobrevier
sentença
condenatória,
o
Presidente
não
está
sujeito
a
prisão.
Assim,
ele
não
pode
ser
preso
em
flagrante,
preventivamente
nem
por
prisão
temporária.
33
http://www.joaolordelo.com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
3.5.5.
Crime
comum
praticado
pelo
Governador
Pela
prática
de
crime
comum,
o
Governador
é
julgado
pelo
STJ
(art.
105,
I,
“a”).
Art.
105.
Compete
ao
Superior
Tribunal
de
Justiça:
I
-‐
processar
e
julgar,
originariamente:
a)
nos
crimes
comuns,
os
Governadores
dos
Estados
e
do
Distrito
Federal,
e,
nestes
e
nos
de
responsabilidade,
os
desembargadores
dos
Tribunais
de
Justiça
dos
Estados
e
do
Distrito
Federal,
os
membros
dos
Tribunais
de
Contas
dos
Estados
e
do
Distrito
Federal,
os
dos
Tribunais
Regionais
Federais,
dos
Tribunais
Regionais
Eleitorais
e
do
Trabalho,
os
membros
dos
Conselhos
ou
Tribunais
de
Contas
dos
Municípios
e
os
do
Ministério
Público
da
União
que
oficiem
perante
tribunais;
Dentro
da
expressão
“crime
comum”,
estão
compreendidas
todas
as
infrações
penais:
! Crime
comum
em
sentido
restrito;
! Crime
eleitoral;
! Crime
militar;
! Crime
doloso
contra
a
vida;
! Contravenção
penal.
Muita
atenção:
i. O
Governador
não
tem
imunidade
contra
prisão
nem
imunidade
penal
temporária
ou
relativa,
nem
lhes
pode
ser
conferida
pela
imunidade
pelas
Constituições
Estaduais,
pois
essas
prerrogativas
são
exclusivas
do
Chefe
de
Estado.
Nesse
ponto,
portanto,
não
há
simetria.
O
Governador
responde
por
qualquer
crime,
tenha
ou
não
relação
com
o
mandato,
e
pode
sobre
prisão
em
flagrante,
temporária
ou
preventiva.
ii. Se
a
Assembléia
não
autorizar
o
processo,
a
prescrição
ficará
suspensa
(STF,
HC86015,
RE
159230,
HC
80511)
iii. Pergunta-‐se:
quem
julga
o
governador
por
crimes
eleitorais?
O
STJ,
por
se
tratar
de
crime
comum.
A
questão
sobre
a
competência
para
julgamento
de
Governador
pela
prática
de
crime
eleitoral,
há
muito
tempo,
não
é
tratada
pela
jurisprudência.
Os
julgados
mais
recentes
são
do
ano
de
1991.
O
de
dezembro
de
1991
reconheceu
a
competência
do
STJ.
O
de
julho,
por
outro
lado,
entende
pela
competência
do
TSE.
Confira:
Rp
15
/
SP.
Órgão
Julgador:
CE
-‐
CORTE
ESPECIAL
Data
do
Julgamento:
12/12/1991
PENAL.
CRIME
ELEITORAL.
REPRESENTAÇÃO
ENVOLVENDO,
COMO
BENEFICIARIO,
GOVERNADOR
DE
ESTADO.
COMPETENCIA
DO
SUPERIOR
TRIBUNAL
DE
JUSTIÇA.
ARQUIVAMENTO
DEFERIDO.
34
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DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
35
http://www.joaolordelo.com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
viii. A
Constituição
Estadual
pode
ofertar
foro
por
prerrogativa
de
função
a
outras
autoridades,
dentre
elas
o
Vice-‐Governador.
Em
São
Paulo,
v.g.,
a
competência
para
infrações
penais
comuns
é
do
TJ,
enquanto
para
os
crimes
de
responsabilidade,
do
Tribunal
Especial
(art.
74,
I
da
CESP).
Cf.
art.
125,
§1º
da
CF:
Art.
125.
Os
Estados
organizarão
sua
Justiça,
observados
os
princípios
estabelecidos
nesta
Constituição.
§
1º
-‐
A
competência
dos
tribunais
será
definida
na
Constituição
do
Estado,
sendo
a
lei
de
organização
judiciária
de
iniciativa
do
Tribunal
de
Justiça.
Por
óbvio,
a
Constituição
Estadual
não
está
autorizada
a
ofertar
foro
por
prerrogativa
de
função
ao
STJ,
mas
sempre
ao
TJ.
Deste
modo,
caso
ela
preveja
a
competência
do
STJ
para
julgar
o
Vice-‐
Governador,
será
inconstitucional.
Se
o
Vice-‐Governador
comete
crime
doloso
contra
a
vida,
a
competência
será
do
Tribunal
do
Júri,
cuja
competência
só
pode
ser
afastada
em
razão
de
foro
por
prerrogativa
de
função
previsto
na
Constituição
Federal.
Se
o
foro
por
prerrogativa
de
função
estiver
previsto
exclusivamente
na
CE
(como
é
o
caso
do
Vice-‐Governador),
prevalecerá
a
competência
do
Tribunal
do
Júri
(Súmula
721/STF).
ix. Questão
de
concurso:
o
Governador
viaja
por
15
dias.
Durante
esse
período,
o
Vice-‐Governador
pratica
crimes.
Em
razão
destes
crimes,
o
Vice
será
julgado
pelo
STJ?
Substituições
não
importam
em
modificação
da
competência,
sob
pena
de
gerar
insegurança
jurídica.
Detalhes:
! Essa
Súmula
também
se
aplica
a
deputados
estaduais;
! Se
o
prefeito
pratica
crime
eleitoral,
será
julgado
pelo
TRE;
se
pratica
crime
federal,
será
julgado
pelo
TRF.
! No
crime
de
abuso
de
autoridade,
o
Prefeito
é
julgado
perante
o
TJ.
! É
preciso
atentar
ao
critério
da
regionalidade
#
O
critério
da
regionalidade
afasta
o
critério
do
lugar
da
infração
previsto
no
art.
69,
I
do
CPP.
Logo,
o
Prefeito
do
Mato
Grosso
do
Sul,
v.g.,
só
pode
ser
julgado
pelo
TJ/MS
(crimes
estaduais);
TRF3
(crimes
federais)
ou
TRE
de
lá
(crimes
eleitorais);
! Pela
prática
de
crime
doloso
contra
a
vida,
o
Prefeito
não
será
julgado
pelo
Júri,
mas
sim
pelo
TJ,
já
que
seu
foro
por
prerrogativa
de
função
está
previsto
na
CF/88.
O
mesmo
não
ocorre
com
Vice-‐Prefeito
e
Vice-‐Governador;
! Crime
de
prefeito
em
detrimento
de
bens,
serviços
e
interesses
do
Município
#
Em
razão
do
federalismo
cooperativista
aplicado
no
Brasil,
a
União
arrecada
e
repassa
diretamente
aos
Municípios,
por
meio
dos
Fundos
de
Participação,
ou
indiretamente
por
meio
de
convênios.
A
competência
para
36
http://www.joaolordelo.com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
julgar
o
crime
praticado
pelo
Prefeito
em
detrimento
desses
recursos
será
do
TJ
ou
do
TRF
a
depender
de
a
verba
ter
sido
integrada
ou
não
ao
patrimônio
e
receitas
do
Município.
Para
o
STJ,
se
a
União
permanecer
com
o
dever
de
fiscalizar
a
aplicação
das
verbas,
a
competência
será
do
TRF.
Súmula
208/STJ.
Compete
à
Justiça
Federal
processar
a
julgar
prefeito
municipal
por
desvio
de
verba
sujeita
a
prestação
de
contas
perante
órgão
federal.
Súmula
209/STJ.
Compete
a
Justiça
Estadual
processar
e
julgar
prefeito
por
desvio
de
verba
transferida
e
incorporada
ao
patrimônio
municipal.
ATENÇÃO:
existe
uma
decisão
do
STF
em
sentido
contrário,
entendendo
que
ainda
que
remanesça
o
dever
de
o
Município
prestar
contas
perante
o
órgão
federal,
a
competência
será
da
Justiça
Estadual.
! ATENÇÃO:
Em
relação
às
ações
de
natureza
civil,
os
prefeitos
não
gozam
de
foro
por
prerrogativa
de
função.
37
http://www.joaolordelo.com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
Os
Ministros
de
Estado
são
meros
auxiliares
do
Presidente
da
República
no
exercício
do
Poder
Executivo
e
na
direção
superior
da
Administração
Federal
(arts.
76,
84,
II,
e
87
da
CF).
Eles
dirigem
Ministérios
e
são
escolhidos
pelo
Presidente,
que
os
nomeia,
podendo
ser
exonerados
a
qualquer
tempo
(não
possuem
estabilidade
–
art.
84,
I).
Os
requisitos
para
assumir
o
cargo
de
Ministro
de
Estado,
cargo
de
provimento
em
comissão,
de
acordo
com
o
art.
87
da
CF,
são:
! Ser
brasileiro,
nato
ou
naturalizado
(exceto
o
cargo
de
Ministro
de
Estado
da
Defesa,
que,
de
acordo
com
o
art.
12,
§3º
da
CF,
deve
ser
preenchido
por
brasileiro
nato);
Observe
que
os
cargos
de
ministros
não
são
necessariamente
simétricos
em
termos
de
requisitos
para
sua
investidura.
! Ter
mais
de
21
anos
de
idade
–
Essa
previsão
não
está
no
art.
14
da
CF,
pois
o
Ministro
de
Estado
não
exerce
cargo
eletivo,
mas
sim
no
art.
87.
! Estar
no
exercício
dos
direitos
políticos.
38
http://www.joaolordelo.com
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
! Tem
aprovação
do
Senado,
quando
eventualmente
previsto
em
lei
(não
é
do
Congresso
nem
da
Câmara)
–
A
Constituição
não
exige
que
necessariamente
os
Ministros
sejam
aprovados
pelo
Senado
(inclusive
porque
adotamos
o
sistema
de
Governo
Presidencialista),
mas
a
lei
pode
condicionar
a
investidura
no
cargo
de
ministro
à
prévia
aprovação
pelo
Senado.
Art.
52.
Compete
privativamente
ao
Senado
Federal:
III
-‐
aprovar
previamente,
por
voto
secreto,
após
argüição
pública,
a
escolha
de:
f)
titulares
de
outros
cargos
que
a
lei
determinar;
II.
Atribuições
Nos
termos
do
art.
87
da
CF/88,
além
de
outras
atribuições
previstas
na
CF
e
na
Lei,
compete
aos
Ministros
de
Estado:
i. Exercer
a
orientação,
coordenação
e
supervisão
dos
órgãos
e
entidades
da
administração
federal
na
área
de
sua
competência
e
referendar
os
atos
e
decretos
assinados
pelo
Presidente
da
República
#
Os
Ministros
coordenam
os
Ministérios.
A
CF
alude
ao
chamado
referendo
ministerial
dos
atos
(como
leis,
MP,
decretos
etc.)
e
decretos.
Referendo
é
a
subscrição
dos
atos
editados
pelo
Presidente
pelos
Ministros,
dentro
da
pertinência
temática
com
o
ministério
do
qual
o
Ministro
é
titular.
É
uma
concordância
que
empenha
a
responsabilidade
do
Ministro
em
conexão
com
o
Presidente.
Pergunta-‐se:
! O
referendo
ministerial
é
condição
de
validade
do
ato
do
Presidente?
NÃO.
No
presidencialismo,
o
referendo
ministerial
não
interfere
na
validade
do
ato
de
Chefe
de
Estado.
No
parlamentarismo,
por
sua
vez,
o
referendo
dos
ministros
é
condição
de
validade
de
certos
atos
de
Chefia
de
Estado
(art.
89
da
Constituição
Italiana
e
art,
58
da
Constituição
Alemã).
Pontua-‐se
que
na
doutrina
há
divergência:
o Para
MICHEL
TEMER,
se
os
atos
e
decretos
presidenciais
não
forem
referendados
pelos
Ministros
de
Estado,
serão
nulos.
o Já
JOSÉ
AFONSO
entende
que,
mesmo
sem
o
aludido
referendo,
os
atos
serão
válidos
e
terão
eficácia.
Em
caso
de
discordância,
o
máximo
que
pode
acontecer
é
a
demissão
do
ministro,
a
pedido
ou
não.
! Se
o
Presidente
da
República
edita
ato
referendado
pelo
Ministro
respectivo,
em
eventual
Mandado
de
Segurança
contra
este
ato,
o
Ministro
deverá
figurar
no
pólo
passivo?
No
MS
22.706,
o
STF
disse
que
o
Ministro
de
Estado
que
referenda
ato
presidencial
não
é
autoridade
coatora
nem
litisconsorte
passivo
necessário.
ii. Expedir
instruções
para
a
execução
das
leis,
decretos
e
regulamentos;
iii. Apresentar
ao
Presidente
da
República
relatório
anual
de
sua
gestão
no
Ministério;
iv. Praticar
os
atos
pertinentes
às
atribuições
que
lhe
forem
outorgadas
ou
delegadas
pelo
Presidente.
O
Ministro
de
Estado
será
processado
por
crimes
de
responsabilidade
conexos
aos
Presidente
da
República
perante
o
Senado
Federal.
Nesse
caso,
o
recebimento
da
denúncia
dependerá
de
autorização
da
Câmara
de
Deputados
(por
2/3).
Nos
crimes
de
responsabilidade
autônomos
praticados
sem
conexão
com
o
Presidente
da
República,
bem
como
nos
crimes
comuns,
os
Ministros
de
Estado
serão
processados
e
julgados
perante
o
STF,
nos
termos
do
art.
102,
I,
“c”
da
CF,
sem
necessidade
de
autorização
da
Câmara.
***O
STF
entende
que
no
crime
de
responsabilidade
autônomo
de
Ministro
prevalece
a
natureza
criminal.
Assim,
será
o
MP
que
irá
promover
a
ação
de
crime
de
responsabilidade
autônomo
de
Ministros,
e
não
qualquer
cidadão
(STF,
PET
1954).
IV.
Cargos
que
têm
status
de
Ministro
de
Estado
Na
ADI
3289,
o
STF
decidiu
que
a
lei
pode
conceder
a
determinados
cargos,
mesmo
previstos
na
Constituição,
o
status
de
Ministro
de
Estado.
Esses
cargos
possuem
todas
as
prerrogativas
dos
Ministros
de
Estado,
inclusive
o
foro
por
prerrogativa
de
função.
Esses
cargos
estão
previstos
na
Lei
10.683/03,
alterada
pela
lei
11.036.
Ex:
Presidente
do
BACEN,
Chefe
da
Casa
Civil,
AGU.
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XII - pela Secretaria de Aviação Civil. (Redação dada pela Lei nº 12.462, de 2011)
XIII - pela Secretaria da Micro e Pequena Empresa. (Incluído pela Lei nº 12.792, de
2013) (Revogado pela Medida Provisória nº 696, de 2015)
o
§ 1 Integram a Presidência da República, como órgãos de assessoramento imediato ao
Presidente da República:
I - o Conselho de Governo;
II - o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social;
III - o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional;
IV - o Conselho Nacional de Política Energética;
V - o Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte;
VI - o Advogado-Geral da União;
VII - a Assessoria Especial do Presidente da República;
VIII - a Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidência da República;
VIII - a Secretaria de Imprensa e Porta-Voz da Presidência da República; (Redação
dada pela Lei nº 11.204, de 2005) (Vide Medida Provisória nº 360, de
2007). (Revogado pela Lei 11.497, de 2007)
IX - o Porta-Voz da Presidência da República. (Revogado pela Lei nº 11.204, de
2005)
X - o Conselho de Aviação Civil. (Incluído pela Medida Provisória nº 527, de 2011).
X - o Conselho de Aviação Civil. (Incluído pela Lei nº 12.462, de 2011) (Vide
Lei nº 10.678, de 23 de maio de 2003)
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Obs.1:
As
normas
que
criam
o
Conselho
da
República
na
Constituição
não
são
auto-‐aplicáveis,
pois
o
§2º
do
art.
90
exigem
uma
lei
que
regulará
a
criação
desse
conselho
**.
Assim
como
no
caso
do
Conselho
da
República,
a
regulamentação
e
organização
do
Conselho
da
Defesa
também
necessita
de
lei,
pois
o
art.
91,
§2º
é
norma
não
auto-‐aplicável,
de
eficácia
limitada.
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