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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FEIS

Campus de Ilha Solteira Faculdade de Engenharia

Análises físico-químicas da água: cor, sabor e odor,


turbidez, pH, alcalinidade, acidez e dureza

Professor: Prof. Dr. Newton Luiz Dias Filho

Disciplina: Química Tecnológica para Engenharia Civil

Alunos:

André Henrique Tamos Gomes RA: 201013921

Guilherme Ávila Gomes de Carvalho RA: 201012601

Leandro Castilho dos Santos RA: 201010831

Michel Miranda Mantovani RA: 201014031

Ilha solteira, 30 de Agosto de 2010.


SUMÁRIO

Pág.
1. Cor das Águas..................................................................................................... 3
1. 1. Definição........................................................................................................ 3
1.2. Importância nos estudos de controle de qualidade de águas......................... 3
1.3. Determinação da cor........................................................................................ 4
1.4. Remoção de cor ............................................................................................. 5
2. Sabor e odor....................................................................................................... 5
3. pH – Acidez e Alcalinidade.................................................................................. 6
3.1. Acidez.............................................................................................................. 6
3.2. Alcalinidade..................................................................................................... 9
4. Dureza da água................................................................................................... 11
5. Turbidez na água................................................................................................. 11
5.1. Definição........................................................................................................... 11
5.2. Causas da Turbidez.......................................................................................... 12
5.3. Consequências de uma alta turbidez na água ................................................ 12
5.4. A medição da Turbidez..................................................................................... 12
5.5. Remoção da Turbidez: Floculação e Decantação............................................ 13
5.6. A importância da turvação................................................................................ 13
6. Bibliografia.......................................................................................................... 13
1. Cor das Águas
1. 1. Definição

A cor de uma amostra de água está associada ao grau de redução de intensidade que a
luz sofre ao atravessá-la (e esta redução dá-se por absorção de parte da radiação
eletromagnética), devido à presença de sólidos dissolvidos, principalmente material em estado
coloidal orgânico e inorgânico. Dentre os colóides orgânicos podem-se mencionar os ácidos
húmico e fúlvico, substâncias naturais resultantes da decomposição parcial de compostos
orgânicos presentes em folhas, dentre outros substratos. Também os esgotos sanitários se
caracterizam por apresentarem predominantemente matéria em estado coloidal, além de
diversos efluentes industriais contendo taninos (efluentes de curtumes, por exemplo), anilinas
(efluentes de indústrias têxteis, indústrias de pigmentos, etc), lignina e celulose (efluentes de
indústrias de celulose e papel, da madeira, etc.).

Há também compostos inorgânicos capazes de possuir as propriedades e provocar os


efeitos de matéria em estado coloidal. Os principais são os óxidos de ferro e manganês, que
são abundantes em diversos tipos de solo. Alguns outros metais presentes em efluentes
industriais conferem-lhes cor mas, em geral, íons dissolvidos pouco ou quase nada interferem
na passagem da luz.

1.2. Importância nos estudos de controle de qualidade de águas

Com relação ao abastecimento público de água, a cor, embora seja um atributo estético
da água, não se relacionando necessariamente com problemas de contaminação, é padrão de
potabilidade (valor máximo permissível 5 uHazen pela portaria n° 36, de 1990, do Ministério da
Saúde). A presença de cor provoca repulsa psicológica pelo consumidor, pela associação com
a descarga de esgotos.

Também a Resolução n° 20 do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA, que


dispõe sobre os níveis de qualidade das águas naturais do território brasileiro, inclui a cor como
parâmetro de classificação. Esta limitação é importante, pois nas águas naturais associa-se a
problemas de estética, às dificuldades na penetração da luz e à presença de compostos
recalcitrantes (não biodegradáveis, isto é, de taxas de decomposição muito baixas) que em
geral são tóxicos aos organismos aquáticos. Embora existam técnicas mais específicas para a
identificação de substâncias tóxicas na água, a presença de cor verdadeira na água pode ser
indicadora dessa possibilidade. No entanto, a não inclusão como padrão de emissão (artigo n°
21 da resolução n° 20 do CONAMA) permite que determinadas indústrias contem com as
diluições sofridas no corpo receptor e não necessitem de tratamento adicional específico para a
remoção da cor residual de efluentes tratados por processos biológicos, por exemplo. Por outro
lado, este tratamento físico-químico em nível terciário, à base do emprego de coagulantes,
apresenta custo elevado devido ao grande consumo do produto e à grande produção de lodo a
ser desidratado e disposto em aterro. No
controle da qualidade das águas nas estações de tratamento, a cor é um parâmetro
fundamental, não só por tratar-se de padrão de potabilidade como também por ser parâmetro
operacional de controle da qualidade da água bruta, da água decantada e da água filtrada,
servindo como base para a determinação das dosagens de produtos químicos a serem
adicionados, dos graus de mistura, dos tempos de contato e de sedimentação das partículas
floculadas. Por serem parâmetros de rápida determinação, a cor e a turbidez são muito úteis
nos ensaios de floculação das águas (Jar test) e nos ensaios de sedimentação em colunas e de
filtração em leitos granulares. Para os problemas de lançamento de efluentes industriais, deverá
ser levada em consideração a necessidade de atendimento aos padrões de cor do corpo
receptor.

1.3. Determinação da cor

A cor das águas tem sido historicamente medida através de comparação visual,
empregando-se soluções padrão de cor e fonte de luz. Para estudos envolvendo necessidades
de medidas com maior grau de precisão, o método de determinação da cor por
espectrofotometria é recomendado. Para os controles rotineiros de estações de tratamento de
água e em estudos limnológicos, o uso do comparador visual é bastante razoável.
Neste, a amostra é disposta em um tubo de Nessler enquanto que em um outro adiciona-se
água destilada. Ligando-se a lâmpada do aparelho, vai-se observar uma mancha escura no
campo referente à amostra, devida à absorção de parte da radiação luminosa, enquanto que no
campo da água destilada a imagem é bastante clara. Em seguida, deverá ser pesquisada no
disco de cor qual a posição que leva à coincidência entre as manchas. O disco de cor contém
uma solução sólida de cloroplatinato de potássio (K2PtCl6) em cloreto de cobalto (CoCl2), daí o
nome de método platina-cobalto. Esta solução tem uma tonalidade esverdeada, tal como as
águas do rio europeu que era estudado quando o parâmetro foi introduzido. Assim, uma água
com cor 5, apresentará sombreamento semelhante ao produzido pela água destilada quando se
posiciona sobre ela o disco na posição 5, que contém a solução com 5 mg/L de platina. Quando
os valores da cor são muito elevados, como é o caso de efluentes industriais, devem ser
preparadas diluições prévias da amostra até reduzir a cor abaixo do alcance do disco; mas,
para este caso, o método espectrofotométrico é mais recomendado.

Deve ser observado que este método de comparação visual é de certa forma subjetivo,
dependendo da sensibilidade do operador. Além disso, as diversas águas apresentam
colorações muito diferentes da solução de cloroplatinato, dificultando a comparação. Quanto ao
resultado da cor, cinco unidades de cor ou 5 UC representa o mesmo que 5 mg/L Pt, ou 5
uHazen.

É importante fornecer o pH da amostra quando se utiliza este método para a avaliação


da cor de águas naturais, não sendo apropriado para águas contaminadas por resíduos
industriais. A cor pode ser determinada por espectrofotometria visível, quando esta propriedade
é expressa pelo comprimento de onda (λ) dominante na transmissão da luz em um
equipamento apropriado a tais medidas (espectrofotômetro). Dessa forma, cobre-se todo o
espectro luminoso e não apenas tons amarelos e marrons.

Águas naturais possuem intensidade de cor que varia entre 0 e 200 unidades pois,
acima disso, já seriam águas de brejo e pântano com elevada concentração de matéria
orgânica dissolvida. Coloração abaixo de 10 unidades quase não é perceptível. No Brasil,
aceita-se para água bruta, isto é, antes do seu tratamento e distribuição em sistemas urbanos,
valores de até 75 unidades de cor (Resolução CONAMA nº 20, de 18/06/86).

1.4. Remoção de cor

Os métodos tradicionais de remoção de cor de águas para abastecimento público e


residuárias industriais são à base de coagulação e floculação. Os tipos e as dosagens de
coagulantes, bem como os efeitos dos auxiliares de floculação (polieletrólitos), variam de
acordo com as características das águas. No tratamento de águas para abastecimento, as
dificuldades na floculação ocorrem quando a água apresenta cor elevada e turbidez baixa.
Neste caso, a falta de partículas maiores que possibilitem a ocorrência de nucleação, torna-os
pequenos e de baixa velocidade de sedimentação. Isto tem sido motivo frequente do uso da
pré-cloração das águas para abastecimento público, isto é, a aplicação de cloro na etapa de
coagulação e floculação para a oxidação de compostos coloidais e conseqüente melhora na
floculação. Devido à possibilidade de formação de trihalometanos (THMs) durante este
processo, outros processos oxidativos têm sido estudados, como por exemplo o emprego da
ozonização da água. Neste caso, a formação de aldeídos é que pode ser problemática. Os
THMs são compostos orgânicos halogenados, neste caso clorados, associados ao sério
problema de saúde pública que é o desenvolvimento do câncer no organismo humano. Estudos
de remoção de cor à base de outros agentes oxidantes ou através de radiações, também têm
sido desenvolvidos.

2. Sabor e odor
A água pura não produz sensação de odor ou sabor nos sentidos humanos. Uma das
principais fontes de odor nas águas naturais é a decomposição biológica da matéria orgânica.
No meio anaeróbio, isto é, no lodo de fundo de rios e de represas e, em situações críticas, em
toda a massa líquida, ocorre a formação do gás sulfídrico, H2S, que apresenta odor típico de
ovo podre, de mercaptanas e amônia, esta última ocorrendo também em meio aeróbio. Águas
eutrofizadas, isto é, águas em que ocorre a floração excessiva de algas devido à presença de
grandes concentrações de nutrientes liberados de compostos orgânicos biodegradados, podem
também manifestar sabor e odor. Sabe-se que certos gêneros de algas cianofíceas (algas
azuis, resistentes às condições de severa poluição) produzem compostos odoríficos, em alguns
casos até mesmo tóxicos. É, por exemplo, o problema cíclico que ocorre em São Paulo na
Represa do Guarapiranga, manancial que recebe esgotos e abastece parte da região
metropolitana. Vários episódios têm ocorrido, sendo que há alguns anos uma floração de
Anabaena provocou odor semelhante ao do BHC, sendo que a Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo-SABESP, encontrou grandes dificuldades para contornar o
problema na fase de captação, onde foram testados diversos algicidas, e na fase do tratamento
(emprego de adsorção em carvão ativado).

Outra fonte que causa problemas de sabor e odor nas águas para abastecimento
público refere-se à presença de fenóis. Esses compostos, mesmo quando presentes em
quantidades diminutas (o padrão de potabilidade no Brasil é de 0,1μg/L, a título de
recomendação), reagem com o cloro residual livre formando clorofenóis que apresentam odor
característico e intenso. Além destas fontes principais, existe ainda o gosto na água proveniente
de metais, acidez ou alcalinidade pronunciadas, cloreto (sabor salgado), etc..
Na legislação brasileira aparece apenas a designação “não objetável” para sabor e odor, o que
representa certa subjetividade. A legislação paulista é talvez rigorosa demais, condenando a
presença de qualquer tipo de odor senão o de cloro. Nos Estados Unidos é utilizada a técnica
do odor limite para quantificar o problema, que consiste em proceder-se a diluições da amostra
até que o odor não seja mais detectado. Se, por exemplo, apenas com diluições superiores a
1:5 os odores não podem mais ser percebidos, diz-se que aquela amostra de água apresenta
odor limite 5. É óbvio que é uma técnica que também envolve subjetividade e imprecisões, mas
é uma maneira de se aproximar melhor à questão, que pode ser interessante em diversos
estudos. Para uma identificação precisa das concentrações dos compostos aromáticos
presentes na água, técnicas analíticas sofisticadas como a cromatografia gasosa ou
cromatografia/espectrometria de massa podem ser necessárias.

A adsorção em carvão ativado granular ou em pó é a técnica mais empregada e


eficiente no controle de odor. Em casos particulares, como no importante problema da liberação
de H2S de processos anaeróbios, perceptível pelo olfato humano em concentrações da ordem
de apenas 1 ppb, técnicas oxidativas empregando-se cloro, peróxido de hidrogênio e
ozonização, entre outras, ou técnicas de precipitação química com sais de ferro, podem ser
testadas. Essa medida, no entanto, deverá ser bem planejada, devendo ser primeiramente
testada em menor escala para a verificação da eficiência real e para a identificação de
problemas operacionais como a descarga de oxidante residual que possa resultar em efeito
tóxico ao meio.

A inibição da proliferação de odores intervindo-se na atividade biológica tem sido


aplicada com sucesso. Muitas cidades, principalmente as de clima quente, sofrem com o
problema da exalação de maus odores pela rede coletora de esgotos. A origem desse problema
é a redução anaeróbia do sulfato para sulfeto, com conseqüente liberação do H2S. Aplicada
continuamente uma solução de nitrato de sódio, ocorre preferencialmente a redução do nitrato
em nitrogênio gasoso, inibindo-se o crescimento das bactérias redutoras de sulfato e a exalação
do gás sulfídrico.

3. pH – Acidez e Alcalinidade
3.1. Acidez

Presença de íons hidrogênio (H⁺) resultante da hidrólise ou dissociação de solutos. É a


capacidade quantitativa de a solução reagir com uma base forte. É calculada geralmente pelo
método da titulação, podendo variar de acordo com a determinação do “end-point”. “End-point”
nada mais é do que o ponto perfeito de neutralização do pH, ou “Ponto de Equvalência”.

Em ácidos simples, durante uma padronização dos reagentes, o ponto mais definido e
preciso para se determinar a acidez é o ponto de inflexão de uma curva de titulação, no qual o
valor do pH é onde a função muda de côncava para convexa, ou vice-e-versa. Devido à mistura
de reagentes nas amostras ou ao desconhecimento de parte deles, se faz necessário às vezes
o uso de outras técnicas, como os indicadores. No momento da mudança de cor da amostra, é
o valor do Ponto de Equivalência. A seguir vemos um exemplo de curva de titulação:
Figura 3.1.1 – Exemplos de curvas de titulação. Em A, titulação de um meio ácido. Em b,
titulação de um meio básico.

Um exemplo de uso de indicador é em amostras de águas superficiais. Nelas são


encontradas grandes quantidades de CO₂ dissolvido. As amostras devem nesses casos ser
coletadas cuidadosamente para minimizar a perda de gás. Em uma amostra contendo apenas
dióxido de carbono, bicarbonatos, carbonatos, etc, o pH 8.3 a 25⁰C corresponde ao ponto
perfeito para neutralizar o ácido carbônico para bicarbonato. Devido ao fato da cor da
fenolftaleína mudar perto do pH 8.3, o valor é aceitável como um “end-point” padrão para a
tirulação total da acidez, incluindo CO₂ e muitos ácidos fracos. O roxo de Metacresol também
possui um “end-point” perto do pH 8.3, e tem uma mudança de coloração mais nítida. Veja
outros indicadores e seus pH’s ótimos:

Figura 3.1.2 – Indicadores com suas respectivas mudanças de cor de acordo com o pH do meio

Algumas situações ou procedimentos podem ocasionar interferências na acidez ou na


alcalinidade da amostra. CO₂, H₂S, Amônia, ou outros compostos podem ser perdidos durante a
coleta de amostra, armazenamento ou titulação, e alguns procedimentos podem evitar essas
interferências, como titular prontamente após a coleta, evitando agitações, protegendo a
amostra da atmosfera durante a titulação, e nunca alterando demasiadamente a temperatura do
ponto de coleta. Em titulações potenciométricas (um tipo de procedimento no qual é imerso um
eletrodo para a determinação dos pontos de equivalência), óleos, sólidos suspensos,
precipitados, ou outros elementos do gênero podem cobrir o eletrodo e provocar uma resposta
mais lenta. Mas não se deve remover as interferências da amostra pois elas podem fazer parte
da análise. Deve-se, lentamente, dar pausas entre as adições de titulante para deixar o eletrodo
em equilíbrio. Ocasionalmente as incrustações devem ser removidas.

Também não se deve usar indicadores com amostras de águas turvas ou coloridas, que
podem atrapalhar na hora de determinar o “end-point”. Outra observação a se fazer é quanto à
presença ou suspeita da amostra conter íons metálicos hidrolisáveis, quando deve-se fazer um
pré-tratamento conhecido como “Hot Peroxide treatment”, grosseiramente traduzido para
“peróxido quente”, e consiste em uma espécie de “esterilização” de íons metálicos, com adição
também de H2SO4.

Portanto, indicadores por cor devem ser utilizados para titulações de rotina e controle,
na ausência de cor e turbidez, e para titulações preliminares para definir o tamanho da amostra
e a força do titulante.

O tamanho da amostra e a normalidade da base titulante varia pela infinidade de


situações de pH encontradas em águas residuais. O que se pode afirmar é para ser utilizado
um volume suficientemente grande de titulante (20 mL ou mais de uma bureta de 50 mL) para
obter uma boa precisão, e manter uma amostra suficientemente pequena para permitir a
definição dos “end-points”. Por exemplo: para amostras contendo acidez menor que 1000 mg
CaCO3/L, selecione um volume menor do que 50 mg de ácido equivalente e titule com 0.02N de
hidróxido de sódio (NaOH). Para acidez maior do que 1000 mg CaCO 3/L, use uma porção de
ácido equivalente a menos de 250 mg CaCO3 e titule com 0.1N de NaOH.

É importante ainda ressaltar os métodos de coleta. As amostras devem ser colhidas em


recipientes de polietileno ou borosilicato, e armazenadas em temperatura baixa. Os recipientes
devem ser cheios completamente e fechados firmemente. Devido às amostras estarem sujeitas
a ações microbiais, não se deve atrasar a análise (dentro de um dia preferivelmente), ou se
forem suspeitas ações microbiais, dentro de 6 horas. Evitar sempre agitação da amostra e
exposição prolongada à atmosfera.

Para iniciar a titulação, deve-se observar a presença de íons metálicos hidrolisáveis,


como já citado, e, se a resposta for positiva, deve-se fazer o “Hot peroxide treatment”. A partir
daí, pode-se escolher os procedimentos já mencionados. Pode-se usar os indicadores por cor,
checando a cor no “end-point” e atingindo aquela cor de determinado pH. Pode-se também usar
o método da curva de titulação. Primeiramente enxágua-se os eletrodos, com água destilada, e
selecione o tamanho da amostra e quantidade de titulante de acordo com a necessidade. Meça
o pH da água, e vá despejando titulante aos poucos (cerca de 0.5 mL ou menos), de modo que
cada intervalo de pH anotado seja cerca de 0.2 unidades. Continue adicionando titulante até
que o pH esteja perto de 9 unidades. Passe os valores para um gráfico (pH x mL de titulante
adicionado) e construa uma curva. Um ou mais pontos de inflexão poderão ser observados.
Outro método é a titulação potenciométrica para pH 3.7 ou 8.3. Deve-se titular até um
pré-determinado “end-point” sem anotar os pH’s intermediários. Quando o “end-point” se
aproximar, faça pequenas adições de titulante e esteja certo de que o equilíbrio foi atingido
antes de fazer a próxima adição.

Para se calcular a acidez, em mg CaCO3/L, utiliza-se a fórmula:

Acidez=
[ ( A∗B ) −( C∗D ) ]∗50000 mgCaCO 3/ L
mLde amostra

Onde:

A= mL NaOH utilizado (titulante);

B= normalidade de NaOH;

C= mL H2SO4 utilizado (no caso de “Hot peroxide treatment”);

D= normalidade do H2SO4 utilizado (também no caso de “Hot peroxide treatment”).

Se o valor for negativo, não há problemas. É equivalente a um caráter alcalino, e não


ácido.

3.2. Alcalinidade

Presença de íons hidroxilas (OH⁻) resultante da hidrólise ou dissociação de solutos. É a


capacidade quantitativa de a solução neutralizar um ácido padrão. É calculada geralmente pelo
método da titulação, podendo variar de acordo com a determinação do “end-point”. A
alcalinidade é importante em muitos casos de uso e tratamento de águas naturais e residuais.
Devido ao fato de a alcalinidade de muitas águas superficiais é primeiramente uma função de
carbonatos e bicarbonatos, isto é tomado como uma indicação de concentração destes
constituintes. O valor medido também pode incluir contribuições de boratos, fosfatos, silicatos,
ou outras bases. Alcalinidade com forte concentração de metais alcalinos terrosos é importante
para irrigação. A alcalinidade também é usada como interpretação e controle de processos de
tratamento de água e águas residuais.

Para amostras de baixa alcalinidade (menor que 20 mg CaCO3/L) usa-se uma técnica
de extrapolação baseada na proporcionalidade próxima da concentração de íons H⁺ para o
excesso de titulante além do ponto de equivalência. A quantidade de ácido padrão requerido
para reduzir o pH exatamente 0.3 unidades é medida cuidadosamente. Devido ao fato desta
mudança no pH corresponder a exatamente o dobro da concentração de íons hidrogênio, uma
simples ultrapassagem pode chegar ao ponto de equivalência.
Assim como na acidez, são utilizados na alcalinidade os indicadores por cor. A
fenolftaleína e o roxo de metacresol podem ser usados para titulação alcalina para pH 8.3. O
verde de bromocresol ou uma mistura de verde de bromocresol e vermelho de metila podem ser
usados para pH 4.5.

Interferências parecidas com as análises de acidez podem servir também para as de


alcalinidade, assim como muitos dos procedimentos já citados, como o uso de indicadores, a
construção da curva de titulação, e a escolha do tamanho da amostra. Este porém merece uma
atenção: substitui-se 0.02N ou 0.01N de H 2SO4 ou HCl pelo padrão alcalino daquele método.
Para o método de baixa alcalinidade, titule uma amostra de 200 mL com 0.02N de ácido de uma
bureta de 10 mL. Os procedimentos de coleta e armazenamento também são semelhantes aos
da acidez.

Para se determinar o “end-point”, pode-se utilizar o método do pH previamente


conhecido, onde são feitas adições de titulante até que se chegue a um equilíbrio de pH.

A alcalinidade é assim encontrada:

A∗N∗50000
Alcalinidade= mgCaCO 3/ L
mL de amostra

Onde:

A = mL de ácido padrão utilizado;

N = Normalidade deste ácido padrão.

Ou:

A∗t∗1000
Alcalinidade= mgCaCO 3/ L
mL de amostra

Onde:

t = título do ácido padrão.

Também há um método de titulação de baixa alcalinidade, no qual para amostras de


baixa alcalinidade (menor que 20 mg CaCO3/L) deve-se titular 100 a 200 mL e 0.02N de
solução de ácido padrão. Pare a titulação quando o pH variar de 4.3 a 4.7, e anote o volume e
valor exato do pH. Cuidadosamente adicione titulante para reduzir o pH exatamente 0.3
unidades de pH, e novamente anote o volume.

A alcalinidade total, por este método, é assim encontrada:


( 2 B−C )∗N∗50000
Alcalinidade= mgCaCO 3/ L
mL de amostra

Onde:

B = mL de titulante no primeiro pH anotado;

C = total de volume (mL) de titulante para decrescer 0.3 unidades de pH;

N = normalidade do ácido.

4. Dureza da água
Em depósitos subterrâneos, a água pode entrar em contato com certos materiais como o
calcário (CaCO3) ou a dolomita (CaCO3 . MgCO3).

Dessa forma, passa a existir em sua composição uma quantidade excessiva de íons
Ca e Mg2+, na forma de bicarbonatos (HCO3-), nitratos (NO3-), cloretos (Cl-) e sulfatos (SO42-) o
2+

que a torna imprópria para consumo humano. A esse tipo de água chamamos água dura ( com
teores acima de 150 mg/L), mole (com teores abaixo de 75 mg/L) ou moderada (com teores
entre 75 e 150 mg/L).

Assim, a dureza da água é medida geralmente com base na quantidade de partes por
milhão de Carbonato de Cálcio CaCO3, também representada como mg/L de Cálcio CaCO 3.
Quanto maior a quantidade de "ppm", mais "dura" será considerada a água.

Através da tabela abaixo podemos observar como é classificada a água:

Figura 4.1 – Tabela: classificações da água quanto à dureza

A dureza pode ser removida pela simples fervura da água ou pela adição de cal.

5. Turbidez na água
5.1. Definição
Turbidez é a medida da transparência de uma amostra ou corpo d´água, em termos da redução
de penetração da luz, devido à presença de matéria em suspensão ou substâncias coloidais.
Mede a “não” propagação da luz na água. É o resultado da maior ou menor presença de
substâncias coloidais ou partículas em suspensão na amostra recolhida para estudo. Ou seja,
é em termos mais simples, a dificuldade que um feixe de luz possui em atravessar certa
quantidade desta amostra d`água, conferindo a mesma uma aparência turva: quanto maior for a
dispersão da luz, maior será a turbidez, já que esses materiais refletem a luz que lhes serão
iluminadas.

5.2. Causas da Turbidez

As principais causas da turbidez da água são a presença de matérias sólidas em suspensão


(silte, argila, sílica, colóides), matéria orgânica e inorgânica finamente divididas, organismos
microscópicos e algas. A origem desses materiais pode ser o solo (quando não há mata ciliar);
a mineração (como a retirada de areia ou a exploração de argila); as indústrias; ou o esgoto
doméstico, lançado no manancial sem tratamento. O exame microscópico e observações do
manancial podem ajudar a determinar as causas da turbidez.

Há que se distinguir entre a matéria suspensa ou sedimento, que precipita rapidamente,


daquela que se precipita vagarosamente e que provoca a turbidez. A turbidez é encontrada em
quase todas as águas de superfície, em valores elevados (até 2.000 mg/l de SiO2), mas está
normalmente ausente nas águas subterrâneas.

As águas de lagos, lagoas, açudes e represas apresentam, em geral, baixa turbidez, porém
variável em função dos ventos e das ondas que, nas rasas, podem revolver os sedimentos do
fundo. Via de regra, após uma chuva forte, as águas dos mananciais de superfície ficam turvas,
graças ao carreamento dos sedimentos das margens pela enxurrada. Assim, os solos argilosos
e as águas em movimentação, ocasionam turbidez.

5.3. Consequências de uma alta turbidez na água

As partículas suspendidas absorvem calor da luz do sol, tornando as águas turvas em águas
mais quentes e reduzindo, desta maneira, a concentração de oxigênio (visto que na água o
oxigênio se dissolve melhor nas mais frias). Além dessa diminuição de oxigênio, as partículas
em suspensão dispersam a luz, decrescendo a atividade fotossintética em plantas e algas, o
que contribui a baixar a concentração de oxigênio mais ainda.

Há ainda os efeitos causados pela sedimentação das partículas no fundo de rios não profundos,
que podem encobrir ovos de peixes e larvas de insetos, impedindo um desenvolvimento
saudável da espécie.

Uma água com alta turbidez se caracteriza por ser uma água suja. É essencial eliminar a
turbidez afim de se desinfectar efetivamente a água destinada para consumo, pois além do seu
impacto ambiental, também pode acarretar danos a saúde humana já que em sua composição
estão partículas suspensas, metais, compostos orgânicos tóxicos, pesticidas, etc.

5.4. A medição da Turbidez


A medição da turbidez é feita com o auxílio de um turbidímetro ou nefelômetro, que compara o
espalhamento de um feixe de luz ao passar pela amostra pesquisada, com o de um feixe de
igual intensidade, ao passar por uma suspensão padrão.

Quanto maior a intensidade da luz espalhada maior será turbidez da amostra analisada. O
turbidímetro é o aparelho utilizado para a leitura, este aparelho é constituído de um nefelômetro,
sendo a turbidez expressa em unidades nefelométricas de turbidez (UNT), ou em mg/L de Si02
(miligramas por litro em Sílica).

5.5. Remoção da Turbidez: Floculação e Decantação

A remoção da turbidez de uma amostra de água pode ser feita através de processos físicos
(tratamentos primários para a remoção de partículas em suspensão) e processos físico-
quimícos (coagulação, floculacão seguida de decantação), de acordo com o grau da turvação
observada e com a origem dos materiais encontrados na amostra. Pode ser necessário uso de
processos especiais e modernos como a filtração com membrana e ultracentrifugação (forças
centrífugas muito fortes).

Basicamente, o utilizado para a remoção da turbidez, que nada mais é do que a limpeza da
água, são os processos de limpeza mais comumente conhecidos e utilizados em estações de
tratamento.

5.6. A importância da turvação

A importância da turvação de uma água, do ponto de vista sanitário, deve-se,


fundamentalmente, às seguintes razões:

do ponto de vista estético uma água turva é comumente considerada como poluída;

- a filtrabilidade de uma água é tanto mais difícil e cara, quanto mais turva a água for;

- a desinfecção de uma água é tanto menos eficiente quanto mais turva ela for, uma vez que se
diminui desse modo o tempo de contato do desinfetante aplicado com os microorganismos a
eliminar;

- uma água com alta turbidez a penetração da luz é diminuída, o que reduz a eficiência
fotossintética causando danos a ecossistemas;

- alguns agentes da turbidez podem afetar a viscosidade da água, as trocas gasosas


superficiais, tensão superficial, etc.

6. Bibliografia
Cor, Sabor e Odor:

http://e-geo.ineti.pt/bds/lexico_hidro/lexico.htm

http://200.144.189.36/phd/LeArc.aspx?id_arq=731
www.uac.pt/~anaseca/pdf_bioquimica/introd_espectrof.pdf

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