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capítulo 2 2.

HIDROLOGIA FISICA
ATMOSFERA

Atmosfera

A atmosfera é um conjunto de gases, vapor d'água e partículas que formam uma camada gasosa
que envolve a superfície da Terra. Sob o ponto de vista da espessura dessa camada, não existe um
limite superior para a atmosfera. Observa-se apenas uma progressiva rarefação dos gases com a
altitude. Por questão de nomenclatura, considera-se que a atmosfera terrestre possui 100 km de
espessura, mas os seus primeiros 12 ou 15 km são aqueles mais importantes para as questões
hídricas. Veja o quanto fina (1/530) é essa camada quando comparada com o raio da Terra
(6371 km).

Formada essencialmente por nitrogênio e oxigênio, essa mistura gasosa homogênea é, na


verdade, uma mistura de muitos gases: nitrogênio (N2), oxigênio (O2), argônio (A), dióxido de
carbono (CO2) e outros gases, que figuram em pequenas proporções. Além disso, há um outro
importantíssimo componente que não está homogeamente misturado na atmosfera: O vapor
d'água. Sua existência distingue o Ar seco do Ar úmido, a ser visto adiante.

Massa Molecular é a massa da molécula medida a partir da massa atômica dos elementos. A massa molecular da
água é: H2O = (2x1) + (1x16) = 16+2 = 18 g/mol e a massa molecular média do ar seco = 28,964 g/mol
GÁS % PARTE P/ MILHÃO MASSA MOLECULAR

Nitrogênio (N2) 78,1 780.840,0 28,0


Oxigênio (O2) 20,9 209.460,0 31,9
Argônio (A) 0,9 9.340,0 39,9
Dioxido-de-Carbono (CO2) 350,0 44,0
Neônio (Ne) 18,0 20,1
Helio (He) 5,2 4,0
Metano (CH4) 1,4 16,0
Criptônio (Kr) 1,0 83,8
Hidrogênio (H2) 0,5 2,0
Xenônio (Xe) 0,1 131,3
Ozônio (O3) 0,1 47,9
Típica composição do ar seco na faixa de zero a 80 km (Climatology; J.J. Hidore, J.E. Oliver)

Ela foi criada pelo escapamento de gases durante o processo de solidificação da crosta terrestre e
até hoje os cerca de 500 vulcões ativos continuam a exalar esses e outros gases que vão se
alterando com o tempo e com a exposição aos raios solares e com o movimento do planeta. Mas,
nessa visão, puramente físico-química, é difícil explicar a alta presença do percentual (20,9%) de
oxigênio na atmosfera, uma vez que esse gás não é exalado pelos vulcões na sua forma molecular.
Isso pode ser melhor entendido com a consideração de processos biológicos intervenientes.

Duas são as fontes de oxigênio atmosférico. A primeira (talvez a mais significativa no início da
formação da atmosfera) é a fotodesintegração da molécula de água pelos raios ultravioletas. Essa
energia eletromagnética rompe a estrutura da água e liberam o oxigênio atômico que formará o
oxigênio molecular. Observe que esse mecanismo é auto regulável, uma vez que com o aumento
da concentração de oxigênio, menor será a incidência de ultravioleta nas camadas mais próximas à
superfície, e assim por diante. O oxigênio molecular absorve o ultravioleta e produz o ozônio.
Tal mecanismo é dito importante no período em que a concentração de oxigênio era 0,1% da
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atual.

A partir daí, a segunda fonte de oxigenação (a fotossíntese) assume a preponderância. A


fotossíntese utiliza o gás carbônico e energia solar para produzir o oxigênio atômico, que provem
da molécula de água do vegetal (e não do dióxido-de-carbono), similarmente ao descrito para a
primeira fonte.

Assim, é importante evidenciar que essa interação com os processos biológicos permite a
reciclagem vital das substancias da natureza. O dióxido-de-carbono, fixado pela fotossíntese, dará
origem a matéria orgânica, que fornecerá energia, CO2 e H2O. O nitrogênio fixado dará origem à
amônia e, por conseguinte, as proteínas, alimento vital dos seres vivos.

Atmosfera úmida: Vapor d’água Dos componentes da atmosfera, o que apresenta maior
variação espacial e temporal é a água. Assim, quando se estuda o ar propriamente dito, contendo
vapor d'água, o problema da composição torna-se mais complicado, exatamente devido às
flutuações espaciais e temporais observadas na concentração de vapor d'água. Essa questão é
facilitada tratando-se o ar como sendo uma mistura de apenas dois componentes, o ar seco e o
vapor d'água.

3
con c ent ra ç ão de águ a n a at mo sfe r a ( em g/m )
LOCAL JANEIRO JULHO
HongKong 9 23
Atenas 6 11
LaPaz 8 5
Terra do Fogo 6 4
Manaus 20 10
desertos chega a menos que 2

Ar úmido é ar seco mais uma quantidade de vapor d'água. No entanto, o ar seco não é mais leve
que o ar úmido. Imagine uma amostra de 100 litros de ar seco (massa molecular média do ar
(Ma) de 28,964 g/mol) dos quais vamos substituir 3% por vapor d'água (massa molecular (Mv) de
18,0 g/mol). Essa mistura resultante terá uma massa molecular média aparente menor que a do
ar seco (pois Ma < Mv) e, por conseguinte, a densidade do ar úmido será sempre menor que a
do ar seco. Quanto mais úmido for o ar, menos denso ele será.

Algo como metade da massa total da atmosfera está nos primeiros 5 km de altitude. E algo
como 75% e 95% estão abaixo de 10 e de 20 km, respectivamente.

É verdadeira a afirmativa de que, para macro-regiões, a cobertura vegetal não é uma simples
consequência do clima, mas o equilíbrio climático depende de uma forte interação da atmosfera
com a vegetação. Vejamos o caso da floresta amazônica e sua interação com o clima. Observando a
distribuição de chuva anual na Amazônia, vê-se que a média dos valores é de cerca de 2200
mm/ano. Isto é: um volume precipitado
na ordem de 1013 m3/ano. Lembre que na Terra, a distribuição das chuvas ao longo do ano
apresenta sazonalidades. Enquanto que na região do hemisfério norte o
período chuvoso (com poucas exceções localizadas) é jun/jul, no
Vamos nos limitar agora na análise hemisfério sul é fev/mar. Isso, obviamente, reflete no regime dos rios.
das razões pelas quais ocorrem essas
variações e como a cobertura vegetal interage com esse clima. O fluxo de vapor na atmosfera na
região amazônica se processa, predominantemente, de este para oeste, e água precipitável tem
seu valor máximo na faixa de Belém a Manaus, decrescendo na direção noroeste e na direção
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sul deste eixo. Tomemos, por exemplo, o valor da água precipitável de Manaus em um
determinado instante do mês de março (cerca de 45 mm)... se tudo precipitasse, teríamos 45 mm
de água acumulada na superfície da região... isso reflete a enorme quantidade de água líquida e
gasosa existente a cada instante na atmosfera (~1011 ton), responsável pelo clima úmido, que por
sua vez é responsável pela pequena variação de temperatura entre o dia e a noite.

O volume anual precipitado na região amazônica é da ordem de 1013 m3/ano, enquanto que a
vazão média do rio amazonas é cerca de 170.000 m3/s, isto é, um volume de 5x1012 m3/ano...
Isto é, a diferença (5x1012 m3/ano) volta à atmosfera ou fica presa no solo, influenciando o
balanço hídrico... Estudos detalhados, análise isotópica da água precipitada, observações
meteorológicas de superfície e de satélite mostram que boa parte do vapor gerado pela evapo-
transpiração da região incorpora-se ao processo de formação de chuvas, estabelecendo assim
uma interligação entre “cobertura vegetal - clima - regime pluvial - regime fluvial”. Através de
um processo lento as forças da natureza definem os ecossistemas naturais, caracterizando o solo,
clima, vegetais e animais, atingindo um equilíbrio dinâmico e aí permanecendo até novas
catástrofes. Na análise desse equilíbrio é necessário identificar as causas/efeitos e quantificar os
fatores que o determinam.

Vapor d'água A concentração de vapor d'água na atmosfera não ultrapassa 4% em volume , e


é muito variado no tempo e no espaço, diminuindo com a altitude. No entanto, o vapor d'água é
um elemento atmosférico importantíssimo... pois é ele um dos principais reguladores da
temperatura em toda a Terra. Além de o H2O atuar como “transportador” de calor, pelo calor
latente de evaporação/condensação, ele também atua nos processos de absorção/emissão de calor
sensível pela atmosfera. Finalmente, sua existência na apropriada concentração determina o
“conforto ambiental” ao ser humano. Lembre-se que, diferentemente dos demais elementos da
atmosfera, o vapor d'água muda de estado facilmente e em condições naturais... é ele o
responsável pela origem das nuvens e das chuvas.

Nitrogênio, Oxigênio e Ozônio Embora seja o gás mais abundante na atmosfera, o


nitrogênio desempenha um papel menos relevante (em termos químicos ou energéticos) que o
oxigênio. Na alta atmosfera, o nitrogênio absorve um pouco de energia solar de pequeno
comprimento de onda (ultravioleta), passando à forma atômica.

Já o oxigênio desempenha um papel biológico essencial, pois torna possível a vida aeróbia na
Terra. A ele se deve a oxidação de compostos orgânicos, através do processo fisiológico da
respiração. Além disso, o oxigênio permite a formação de ozônio na atmosfera. Na alta
atmosfera o oxigênio molecular (O2) se dissocia quando absorve a energia eletromagnética
ultravioleta de comprimento de onda entre 1,3x10-4 e 2,0x10-4 cm. Esses
átomos de oxigênio podem se combinar para a formação de ozônio. Sob Radiação 1,3 – 2 
O2 >>> O + O
As descargas elétricas que se verificam na atmosfera também produzem
ozônio, mas a quantidade formada é insignificante quando comparada àquela devida ao processo
de recombinação fotoquímica.

A camada compreendida entre 10 e 70 km, por ser a mais rica em ozônio, é conhecida como
ozonosfera. O ozônio é instável e ao absorver ultravioleta, de
comprimento de onda entre 2,3x10-4 cm e 3,0x10-4 cm, também pode Sob Radiação 2,3 – 3 
dissociar, voltando à O2 e O. O3 >>> O2 e O

Parte do O3 gerado na alta atmosfera vem para camadas próximas à superfície e essa parcela tende
a permanecer como O3 pois há pouca radiação ultravioleta para dissocia-lo. No entanto, o ozônio
reage com hidrocarbonetos advindos da queima de combustíveis e das vegetações, reduzindo e
estabilizando a concentração de O3 próximo à superfície terrestre a níveis adequados.
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Gás Carbônico A quase totalidade de CO2 da Terra/atmosfera está dissolvido nos oceanos,
sob a forma de bicarbonato. Na atmosfera propriamente dita há baixíssima concentração de gás
carbônico. Essa concentração pode aumentar, localmente, nos grandes parques industriais e nos
centros urbanos de porte.

Baixa Atmosfera: Troposfera/Tropopausa

A troposfera, colada à superfície terrestre e por ela aquecida, é a mais importante parte da
atmosfera. Nela se concentram 3/4 da massa total da atmosfera e todo o seu vapor d'água,
abrigando todas as nuvens e os fenômenos meteorológicos ligados ao vapor d'água no ar.

O aquecimento da troposfera inferior causa correntes verticais ascendentes que provocam


transferência convectiva de calor e de vapor d'água para níveis mais elevados da troposfera.
Embora a variação típica vertical de temperatura na troposfera seja de 6,5 oC/km, as sondagens
costumam revelar outros valores, devido às variações locais, pois a troposfera é muito afetada pela
condições da superfície.

A espessura da troposfera varia com a latitude e com a época do ano. Nos pólos ela varia de 6 km
no inverno até 10 km no verão, enquanto que na tropical vão de 10 a 16 km. Acima dessas
altitudes temos a tropopausa, fazendo uma transição entre a troposfera e a estratosfera. É aí que
ocorre a transição no gradiente de temperatura com a altitude.

Alta Atmosfera: Estratosfera/ Estratopausa

A estratosfera estende-se acima da tropopausa até cerca de 50 km de altitude. Na baixa


estratosfera, o gradiente térmico é pequeno nos primeiros 20 km. Depois, a temperatura aumenta
com a altitude. Ao topo da estratosfera temos a estratopausa com uma temperatura típica de zero
graus Celsius.

Alta Atmosfera: Mesosfera

A mesosfera se estende dos 50 aos 80 km de altitude com gradiente negativo de temperatura,


tendo como temperatura típica da alta mesosfera o valor de 100 graus Celsius. Aí não há vapor
d'água e sua composição é aquela do ar seco das camadas inferiores. Apesar da alta rareação do
ar, esse é o local dos meteoritos que penetram na mesosfera sob incandescência devido ao atrito
com o ar, provocando a fusão de sua matéria e originando as conhecidas estrelas cadentes.

Alta Atmosfera: Termosfera: Ionosfera + Exosfera

Ainda mais alto temos a termosfera (acima dos 90 km). A densidade do ar é na casa dos 0,00002
g/m3. Local de muita intensa ionização, ionização essa que já se verifica acima dos 50 km. Daí o
nome de Ionosfera. A ionosfera pode absorver e refletir ondas de rádio, e por isso, tem papel
importante na rádio-comunicação. Lembre-se que esse fato é mais perceptível à noite.
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