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Buracos Negros (4 Parte)
Buracos Negros (4 Parte)
Os Protagonistas
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A forma mais promissora de evitar que uma estrela de neutrões implodisse para formar um buraco negro, era
demonstrar que, aquando da supernova ou em processos posterior, que envolviam transformação de massa em
energia, a estrela perderia tanta massa que ou os electrões ou, no limite, os neutrões, conseguiriam suster a partir
daí a gravidade. Infelizmente, para quem alinhava por este ponto, foi demonstrado que nenhuma estrela com uma
massa superior a 20 massas solares poderia perder a quantidade de massa suficiente.
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Buracos Negros Os Protagonistas
dependentes, entre outras coisas da densidade, tinha sido feito como vimos, a partir do
trabalho progenitor de Eddington, nos anos que se seguiram à publicação dos
resultados de Schwarzschild, pelo que o trabalho de Oppenheimer se simplificava
significativamente. A figura 1, que apresentamos na página 11 sem grande explicação,
representa a curvatura do espaço-tempo no interior e nas proximidades de um estrela
estática, em três situações diferentes43 que reproduzem a implosão que estava a ser
estudada por Oppenheimer e Snyder. O diagrama mostra que quanto mais perto a
estrela se encontra do raio crítico (dado, como se sabe, pela equação de
Schwarzschild), mais extrema é a curvatura do espaço à sua volta. Contudo, essa
curvatura não chega a ficar infinitamente extrema, o que implica que as forças de maré
também não se tornam infinitas.44
Vimos que Einstein tinha chegado à conclusão, muito antes de publicar a sua
teoria da gravidade generalizada, que o tempo flui tão mais devagar quanto mais forte
for o campo gravitacional. Depois de publicar as suas equações do campo, chegou-se à
conclusão que, a relação entre o intervalo dt entre dois tique-taques de um relógio,
medidos por um observador a uma distância curta r do raio de Schwarzschild, e os
mesmos tique-taques de um relógio igual dt, medidos por um observador a uma
distância muito maior r,45 era dada por:
1
2 MG 2
dt 1 dt
rc 2
Vimos ainda que, uma consequência do atraso gravitacional dos relógios, era o
desvio gravitacional para o vermelho de uma radiação emitida por qualquer corpo com
um forte campo gravitacional. Esse desvio para o vermelho46, que se encontra
apresentado na figura 1 para três situações diferentes, é dado por:
43
Para se tornar compreensível, o diagrama apresenta apenas a curvatura de duas das três dimensões do espaço.
Na realidade, o que é curvo, é o espaço-tempo nas suas quatro dimensões.
44
Recorde-se que, de acordo com Einstein, as forças de maré são as manifestações do espaço-tempo curvo.
45
Um bom critério para distinguir o que é distância curta e distância longa é o seguinte: qualquer corpo que se
situa a uma distância do buraco negro, em que é relevante considerar efeitos relativistas, encontra-se a uma
distância curta; se, por outro lado, for suficiente considerar a Mecânica Newtoniana, então a distância em relação
ao buraco negro é longa.
46
Chamo-lhe desvio para o vermelho porque, na luz visível, o vermelho corresponde aos comprimentos de onda
mais altos, para os quais o desvio se dá efectivamente. Todavia, o desvio para o vermelho, pode ultrapassar a
radiação vermelha, entrar no infravermelho, nas ondas de rádio, e ir até infinito.
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Buracos Negros Os Protagonistas
1
2MG 2
1 1
rc 2
2GM
r ,
c2
ou seja, qualquer radiação, com um dado comprimento de onda, que fosse emitida por
uma estrela com uma circunferência de raio igual ao raio de Schwarzschild, seria
desviada de uma quantidade igual ao valor desse comprimento de onda, pelo que, para
todos os efeitos, se anulava.
Neste ponto, os dois investigadores fizeram uma pausa, porque havia vários
efeitos que eles não estavam a levar em linha de conta, e que podiam afectar de forma
decisiva os resultados finais. Quando se considera uma estrela estática, deixa-se de
fora a força centrífuga, que afecta os corpos em movimento. Vimos já que a força
centrífuga é tanto maior quanto mais pequena for a distância ao centro do movimento.
Desta forma, uma estrela em colapso, verá a força centrífuga resultante do seu
movimento de rotação aumentar, à medida que o seu tamanho diminui. A questão era
determinar de que forma esse aumento da força centrífuga afectava a implosão, e se
seria possível que, em qualquer momento, o seu efeito equilibrasse a gravidade, e a
estrela deixasse de implodir. Outro efeito que não tinha sido considerado, era o
causado pelas ondas de choque que se libertavam aquando da implosão. O mais
provável, era que essas ondas de choque carregassem grandes quantidades de energia,
proveniente de uma parte da massa da estrela. Seria essa massa libertada nas ondas de
choque suficiente para permitir que a pressão voltasse a equilibrar a gravidade? Era
necessário ainda, para construir um modelo credível das estrelas pós-estrela de
neutrões, compreender de que forma evoluía a pressão degenerativa, primeiro dos
electrões, depois dos neutrões, e finalmente o que é que lhe acontecia, quando fosse
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finalmente vencida pela gravidade. Será que continuava a exercer qualquer efeito, ou
era simplesmente anulada? Depressa compreenderam porém, que introduzir todos
estes efeitos no modelo da estrela em implosão, seria uma tarefa tão formidável, que
não tinham a menor ideia do ponto por onde lhe podiam pegar. Tão formidável na
realidade, que o problema só viria a ser resolvido com o advento dos
supercomputadores, na década de 80. Mesmo assim, como segundo a opinião dos dois,
o factor crucial era a gravidade tal como tinha sido descrita por Einstein, e essa estava
lá bem entranhada, o modelo das estrelas implosivas, e os seus pormenores tal como
começavam a vir a lume, pareceram-lhes muito plausíveis. O efeito da rotação, podia
ser importante, mas Oppenheimer acreditava, que a maioria das estrelas teria, na fase
normal da sua vida, uma rotação muito lenta, pelo que não era difícil supor que a sua
importância não seria assim tão decisiva, embora, como se disse, ele não o pudesse
provar matematicamente. A sua intuição dizia-lhe ainda, que a pressão de
degenerescência, uma vez vencida deixaria de exercer qualquer efeito mensurável,
pelo que podia ser excluída do modelo. Mesmo assim, com todas estas idealizações,47
resumindo-se o estudo às estrelas estáticas, que não radiavam, sem pressão interna e
com densidade constante, os cálculos eram extremamente difíceis. Porém, com a ajuda
de Tolman, lá conseguiram as equações que descreviam toda a implosão. Agora,
analisando as fórmulas, era possível escrutinar todos os aspectos da implosão tal como
é vista de qualquer ângulo.
Um aspecto especialmente interessante, foi o que versava a aparência que a
estrela em implosão teria para um observador em repouso, que estivesse a assistir ao
evento de um referencial exterior e suficientemente longínquo para desprezar efeitos
relativistas. A estrela, tal como é vista por este observador, começa a implosão tal
como seria de esperar: a estrela cai sobre si mesma, primeiro devagar, e depois cada
vez mais depressa. Segundo Newton, o esmagamento deveria continuar
inexoravelmente, até que a estrela, sem qualquer pressão interior é comprimida a
grande velocidade para um ponto. Mas, de acordo com as equações de Oppenheimer e
Snyder, o encolhimento cuja velocidade começava por aumentar, chega a determinado
ponto em que parece desacelerar. A desaceleração continua, à medida que a estrela se
torna mais pequena, até que, a dada altura, a implosão, vista pelo observador exterior
pára. É como se a estrela congelasse. E isto acontece precisamente quando a estrela
atinge a circunferência crítica – o raio de Schwarzschild. Independentemente do tempo
que o observador exterior espere, ele nunca será capaz de ver a estrela implodir através
do horizonte.
Será este congelamento causado por qualquer força relativista dentro da estrela?
Não. Na verdade, a estrela só parece parar para o observador exterior porque, o tempo
da estrela tal como é medido por esse observador, foi de tal forma dilatado pela
gravidade que, um intervalo de tempo, por mais pequeno que seja, tornou-se infinito.
Isso mesmo podemos constatar se, na fórmula dada acima para a dilatação
gravitacional do tempo, substituirmos r pelo raio de Schwarzschild. Obtemos:
dt 0dt dt
47
Foram, principalmente, estas idealizações, que levaram à existência da grande controvérsia, a que já fizemos
referência, em torno dos resultados.
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Este resultado, tal como foi apresentado por Oppenheimer e Snyder, não é mais
do que uma confirmação da grande descoberta feita por Schwarzschild, com o bónus
de lhe atribuir um significado físico.
Igualmente surpreendente, era o facto de que, para um observador na superfície
da estrela, a implosão dar-se-ia de forma completamente normal: começaria muito
lentamente, e depois, à medida que a estrela ficava cada vez mais pequena, a
velocidade de implosão aumentava sem hesitações. Embora visto de fora a implosão
congelasse no raio de Schwarzschild, para o observador à superfície da estrela, não
haveria qualquer efeito à passagem por esse ponto. Se o observador estivesse numa
estrela com várias massas solares, e aproximadamente o raio do Sol, entre o início da
contracção, e a passagem pelo raio de Schwarzschild, passaria cerca de uma hora, e
após essa passagem a implosão continuava até que a estrela atingia uma densidade
infinita num volume igual a zero.
Estes resultados eram impressionantes. Já há mais de 30 anos que os físicos
contactavam com a relatividade restrita, e estavam habituados à ideia de que o espaço
e o tempo eram relativos, mas nunca tinham visto tamanha distorção: de que a
implosão congela para sempre quando medida por um referencial externo e estático,
mas que continua rapidamente através do ponto de congelamento para alguém à
superfície da estrela.
Pouca gente estava preparada para aceitar tais extremos, e nem Oppenheimer
parecia nesta altura muito seguro. No artigo em que apresentava estes resultados, em
1939, evitou elegantemente qualquer discussão que o pudesse comprometer,
limitando-se tão só a apresentar fórmulas e cálculos.
Depois veio a guerra e os buracos negros foram esquecidos.
No princípio dos anos 60, Antony Hewish, de Cambridge, desenvolveu uma
técnica para distinguir fontes de rádio de ângulos muito estreitos de objectos
astronómicos maiores tais como as galáxias. Poucos anos antes, tinham sido
descobertos objectos de tipo estelar que emitiam radiação de ângulo estreito, os
quasares, e Hewish pensou que a sua técnica poderia ser útil para os localizar. Seria no
entanto necessário um tipo diferente de radiotelescópio, que fosse sensível a mudanças
bruscas de frequência (nessa época, a maioria dos radiotelescópios não tinha essa
capacidade). Em consequência, Hewish decidiu construir um e, com a ajuda de vários
alunos, cobriu um campo de dezasseis mil metros quadrados com pólos e fios. Um
desses alunos era uma candidata ao doutoramento, chamada Jocelyn Bell. Quando o
projecto foi dado finalmente por concluído, em Julho de 1967, foi-lhe atribuída a
tarefa de analisar a enorme quantidade de registos obtidos com o novo telescópio. Uma
das suas tarefas foi identificar qualquer interferência de origem humana que o
telescópio tivesse captado por acaso. Ao fim de poucas semanas, descobriu um traçado
que parecia de origem humana mas que era simultaneamente diferente. Esse sinal
aparecia mais ou menos à mesma hora todas as noites o que a levou a mencionar o
caso a Hewish. Este sugeriu-lhe que obtivesse uma gravação a alta velocidade do
traçado em questão para que se pudesse examinar em pormenor a sua estrutura; porém,
na altura em que Jocelyn ia iniciar essa experiência o sinal tinha desaparecido.
Continuou a esperar que ele surgisse durante semanas até que, um dia, desistiu e foi
assistir a uma aula a Cambridge. Quando voltou para analisar os gráficos o sinal
encontrava-se de novo lá. No dia seguinte, conseguiu obter a primeira gravação de alta
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velocidade e ficou surpreendida por descobrir que o sinal consistia numa série de
picos, uniformemente espaçados, um cada 1,33730113 segundos. Quando telefonou a
informar Hewish ele respondeu: Bem, isso resolve a questão. O sinal tem de ter
origem humana. O que ele tinha compreendido e ela não, é que era praticamente
impossível um objecto astronómico pulsar tão depressa, a não ser que fosse talvez uma
anã branca ou uma estrela de neutrões, se é que existiam estrelas deste último tipo.
A descoberta foi oficialmente anunciada em Janeiro de 1968 e espantou o
mundo astronómico. Houve até quem sugerisse que se podia tratar de uma mensagem
de seres extraterrestres. Os teóricos entraram imediatamente em acção e centraram-se
primeiro na possibilidade de que o objecto fosse uma anã branca. Mas os cálculos
mostraram rapidamente que não podia ser esse o caso, já que as anãs brancas
teoricamente pulsavam mais devagar. Por outro lado, estes objectos pulsavam com
demasiada rapidez. O nome que lhes tinham dado – pulsares - não era apropriado; elas
não poderiam ser estrelas pulsantes.
Outra possibilidade era considerar um modelo tipo farol. Talvez elas emitissem
um feixe de radiação ou talvez mesmo dois. À medida que rodassem, os feixes
varreriam a Terra tal como os feixes
de um farol varrem o mar.
Esperaríamos então observar uma
pulsação de cada vez que o feixe
atingisse a Terra. Este modelo parecia
razoável e, já que o período das
pulsações não era muito rápido o
candidato que melhor se enquadrava
nele era uma anã branca em rotação.
Mas então foi descoberto um
pulsar na nebulosa do Caranguejo,
que pulsava a um ritmo de 30
batimentos por segundo. As anãs não
podiam rodar tão depressa; ficariam
desfeitas. Isto deixava apenas como
candidatas as estrelas de neutrões em
rotação. Tommy Gold, da
Universidade de Cornell, defendia
essa hipótese havia muito tempo.
Calculou a energia libertada por uma
estrela de neutrões que rodasse 30
vezes por segundo e comparou-a com
os dados conhecidos sobre a
libertação de energia do Caranguejo.
Figura 24
Os dois números eram tão parecidos
A figura de cima representa de forma esquemática o efeito que não restavam dúvidas: o pulsar
de farol. Os cones azuis representam a zona de onde a
radiação é emitida; as linhas cinzentas fechadas são as do Caranguejo tinha de ser uma
linhas do campo magnético, e o eixo de rotação aparece a estrela de neutrões e isso significava
vermelho. que todos os pulsares teriam
possivelmente a mesma natureza.
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Figura 25
Dimensões relativas das anãs brancas, das estrelas de neutrões e dos buracos negros.
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De acordo com a lei de Hubble, para um objecto com movimento solidário com a expansão do Universo (em
que seja desprezável o seu movimento próprio), a velocidade de recessão é proporcional à sua distância a nós.
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Figura 26
Os buracos negros não têm cabelo e são sempre esféricos.
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num buraco negro, passa a ser descrito exactamente da mesma maneira que todos os
outros buracos negros.
Visto à distância, um buraco negro tem pouco de exótico exceptuando a sua
aparência misteriosa. O seu campo gravitacional é o mesmo que era antes do colapso.
Se um planeta se encontrasse em órbita de uma estrela pesada e esta colapsasse
subitamente tornando-se num buraco negro, o planeta manter-se-ia na sua órbita
habitual, desde que não fosse expulso durante a explosão quando a estrela se
transformasse em supernova. De facto, continuaria a rodar à volta dela talvez durante
biliões de anos. Porém, mais tarde, e em resultado da perda de energia devido às forças
de maré, perderia energia potencial gravitacional, aproximar-se-ia lentamente do
buraco negro e, quando passasse de um certo ponto crítico (limite de Roche), seria
desfeito pelas forças de maré e engolido pelo buraco.
Mas, se o campo gravitacional é o mesmo antes e depois do colapso para que é
todo este barulho acerca de forças gravitacionais esmagadoras? É verdade que o
campo gravitacional da estrela não muda mas é importante recordar que a estrela
original tinha milhões de quilómetros de diâmetro; por outro lado, o horizonte do
buraco negro poderá ter apenas 15 quilómetros de diâmetro. Isso significa que nos
podemos aproximar muito mais da fonte do campo e que à medida que o fazemos a
sua força aumenta.
Embora nenhuma luz seja emitida pelo buraco negro, se nos aproximássemos
dele numa nave espacial saberíamos que se encontrava ali. Sentiríamos o seu campo
gravitacional mas, mesmo independentemente disso, se nos conseguíssemos aproximar
o suficiente seríamos capazes de vê-lo através de um telescópio. De facto, o que
veríamos seria um círculo negro, com um anel luminoso em volta, causado pela
curvatura do espaço-tempo junto ao horizonte, que encurvaria toda a luz das estrelas
que se encontrassem por detrás do buraco, que se destacaria contra o fundo de estrelas;
nenhuma luz pode provir do buraco negro propriamente dito. Nessa altura, teríamos de
ser muito cautelosos; se a nossa nave espacial se aproximasse de mais dele seríamos
arrastados e não haveria maneira de nos libertarmos.
Os buracos negros que temos vindo a discutir até aqui não se encontram em
rotação, são estáticos, e correspondem à solução das equações de Einstein que foi
descoberta por Schwarzschild e trabalhada por Oppenheimer. Porém, a maioria, senão
todas as estrelas, encontram-se em rotação e, em consequência, os buracos negros a
que derem origem apresentarão também uma rotação, dado que, como vimos, essa
quantidade tem de ser conservada. Sabemos que se uma estrela se encontra em
rotação, rodará mais depressa à medida que colapsar devido ao princípio da
conservação do momento angular. Um patinador usa esse princípio para aumentar a
sua velocidade de rotação: começa com os braços estendidos e quando os puxa para o
peito começa a rodar mais depressa. No caso de uma estrela em colapso, e mesmo que
a sua rotação seja moderada como acontece com o Sol, é possível que a velocidade
tenha aumentado tanto na altura em que colapsar, que a estrela tenha sido desfeita em
mil pedaços antes de se transformar num buraco negro. Portanto, para terminar como
buraco negro a estrela tem de se ver livre de alguma da sua rotação e parece provável
que muitas o façam. Presumindo que o fazem, é razoável que a maioria das estrelas
pesadas acabe como buracos negros rotativos.
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Figura 27
Um buraco negro em rotação cria um remoinho no espaço-tempo semelhante a um
tornado.
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uma direcção perpendicular ao disco (de forma análoga ao que se passa na Terra.
Saliente-se que o campo magnético não é propriedade do buraco negro, mas sim do
disco de acreção. Partículas de energia muito elevada, em vez de cair através do
horizonte do buraco negro, acabam por ser apanhadas por essas linhas de campo sendo
ejectadas, seguindo direcções perpendiculares ao disco. Esses jactos de partículas, são
os tais jactos que foram observados logo em 1962 nos quasares, e aparecem também
em galáxias com o núcleo activo, crendo-se que existem sempre que existir um disco
de acreção.
O que é que acontece dentro do horizonte de um buraco negro? Uma vez no
interior do buraco negro, um observador não pode informar-nos daquilo que vê; é
levado para posições cada vez mais próximas do centro. Se tentasse voltar para o
horizonte de acontecimentos descobriria que ele se encontra a fugir à velocidade da luz
e, claro, que o nosso observador não pode deslocar-se tão depressa. No centro da
esfera, encontram-se os restos colapsados da estrela - a singularidade. Em trabalho
conjunto realizado entre 1965 e 1970, Roger Penrose e Stephen Hawking da
Universidade de Cambridge, mostraram que, segundo a relatividade generalizada, deve
existir uma singularidade, um ponto de densidade e curvatura do espaço-tempo
infinitas no interior de qualquer buraco negro. À medida que o observador cai em
direcção à singularidade, repara que o espaço e o tempo trocaram os seus papéis
respectivos. No exterior do horizonte de acontecimentos podemos controlar o espaço
mas não o tempo - ele decorre sempre no mesmo sentido independentemente daquilo
que fazemos. Estranhamente, no interior do horizonte de acontecimentos, podemos
controlar de alguma maneira o tempo mas de forma nenhuma o espaço;
independentemente daquilo que façamos, somos arrastados para posições cada vez
mais próximas da singularidade e, quando a atingirmos, o nosso destino será o mesmo
do da estrela - seremos esmagados até um volume zero. Numa singularidade, todas as
leis da Física que conhecemos, se revelam completamente inválidas. De facto, a
melhor teoria de que dispomos para estudar os buracos negros, deixa de ser aplicável
um pouco antes do aparecimento da verdadeira singularidade. Se tentarmos aplicá-la
para lá deste ponto de ruptura obtemos resultados absurdos tal como os físicos
obtinham no princípio deste século quando tentavam aplicar a teoria clássica (nesse
caso a de Maxwell) ao átomo. A teoria de Maxwell dizia-nos que os átomos não
podiam existir: os electrões em rodopio à volta do núcleo, irradiariam energia do
átomo e a breve trecho colapsariam sobre o núcleo. Isto significava que toda a matéria
se deveria encontrar num estado de colapso, o que obviamente não sucedia. Claro que
havia algo de errado na teoria que se estava a aplicar ou talvez ela estivesse a ser
utilizada em regiões onde não fosse aplicável. De facto, foi demonstrado em poucos
anos que ela não podia ser aplicada aos átomos; foi então empregue a teoria quântica e
tudo se explicou satisfatoriamente. Isto significa que um observador exterior está
impedido de fazer prognósticos sobre o que acontece na singularidade, mas por outro
lado, qualquer prognóstico que pudesse fazer nunca poderia ser testado porque a
singularidade está para sempre separada do nosso universo pelo horizonte dos
acontecimentos.
Se atravessarmos o horizonte de acontecimentos de um buraco negro em
rotação, descobrimos que também existe uma singularidade mas que ela é diferente da
anterior - tem a forma de um anel. Neste caso, surge também outra diferença
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seus professores e, mais tarde, disse que aprendera a maior parte do que sabia sob essa
orientação.
Agora tornara-se conhecido por ser o físico que sofria de uma forma rara de
paralisia cerebral, denominada ALS (Esclerose Lateral Amiotrófica), numa variante
ainda mais rara que, em vez de matar rapidamente, como de costume, vai bloqueando
progressivamente todos os músculos do doente, deixando-lhe apenas o cérebro intacto.
Nessa altura, estava quase paralisado das mãos e nem podia sequer escrever, pelo que,
a sua pesquisa era estritamente mental. Andava apoiado numa canadiana de quatro
apoios e dois anos mais tarde, ficaria para sempre confinado a uma cadeira de rodas
motorizada, enquanto perdia progressivamente a capacidade de se expressar
verbalmente. Finalmente em 1985 teve de ser sujeito a uma traqueostomia que o
privou da voz. Em 65, dois anos depois do diagnóstico da doença, Stephen casou com
Jane Wilde, de quem teve dois filhos: Robert e Lucy.
Um noite, em Novembro de 1970, enquanto se preparava para se deitar, o que,
dada a doença, não era uma tarefa fácil, Hawking começou a ruminar uma ideia que o
haveria de tornar famoso no mundo da Física. O problema foi levantado pela seguinte
pergunta: que quantidade de radiação gravitacional (ondas de curvatura do espaço-
tempo) conseguem dois buracos negros produzir, no momento em que chocam e se
fundem? Hawking tinha a intuição, havia algum tempo, de que o buraco negro
resultante haveria de ser maior, de alguma forma, que a soma dos dois buracos negros
originais. Mas o que é que esse facto lhe diria acerca da quantidade de radiação
gravitacional produzida? De repente, no emaranhado de fórmulas e diagramas que
flutuavam na sua mente, percebeu que o que ficava maior era a área do horizonte dos
acontecimentos: a área do horizonte do buraco resultante deve ser sempre maior que
a soma das áreas dos horizontes dos buracos originais. E depois? Depois, muita coisa
mudará, pensou Hawking enquanto a sua mente viajava pelos intrincados caminhos
das ramificações do seu Teorema do aumento da área.
Em primeiro lugar, para ter uma área maior, o buraco final deve ter uma maior
massa que a soma dos originais, pelo que nem toda a radiação resultante do choque
pode ser libertada. Mesmo assim, partindo do caso mais simples (horizonte de
Schwarzschild), como a área da superfície do horizonte é proporcional ao quadrado do
seu raio que, por sua vez, é proporcional à massa do buraco negro:
2GM
r 2
e A 4r 2
c
vem:
16G 2 2
A M ,
c4
e o que o teorema de Hawking diz, então, é que a soma dos quadrados das massas dos
buracos iniciais deve exceder o quadrado da massa do buraco final donde, com uma
pequena manipulação algébrica, se infere que a massa do buraco negro resultante, é na
realidade inferior à soma dos dois buracos negros originais. Na realidade, quando os
buracos negros chocam e se fundem, mais de 50 % das suas massas é transformado em
energia e libertado, sob a forma de ondas gravitacionais. Hawking chegou ainda à
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conclusão de que a área de um buraco negro não só aumenta quando dois buracos
negros chocam, como, na realidade não pode, sob qualquer pretexto, diminuir. O seu
teorema é um caso geral no comportamento dos buracos negros. As suas áreas nunca
podem diminuir, e isto é uma restrição importante ao que os buracos negros podem ou
não podem fazer.
Trata-se de algo que faz imediatamente lembrar a segunda lei da termodinâmica
que diz que se as coisas forem deixadas ao acaso, a entropia (desordem) de um sistema
isolado tem sempre tendência a aumentar, e que quando dois sistemas se unem, o
sistema resultante tem uma entropia superior à soma das entropias dos sistemas
originais. Esta lei tem um estatuto muito diferente da maioria das outras leis da Física,
principalmente porque se trata de uma lei probabilística: a probabilidade de a entropia
de um sistema diminuir numa reacção espontânea é, muitas vezes, de um para muitos
milhões, mas existe. Se tivermos um buraco negro à mão, por exemplo, podemos
facilmente infringir a segunda lei, se lançarmos uma grande quantidade de matéria
com muita entropia para dentro do buraco, diminuindo desta forma a entropia do
Universo exterior. Claro que a soma da entropia na parte interior do horizonte e a
entropia na parte exterior, poderá aumentar na operação, mas como nós não temos
acesso ao interior, não temos que nos preocupar com essa componente, e o resultado é
que, na parte exterior, que é o que nos interessa, a entropia diminui. Mas, como todas
as violações às regras, também esta causava algum desconforto, pelo que houve logo
alguém a tentar descobrir uma forma de determinar a entropia dentro do buraco negro.
O estudante de investigação em Princeton, Jacob Bekenstein, pegou no teorema das
áreas de Hawking, e na segunda lei da termodinâmica, e sugeriu que, já que a área do
horizonte de um buraco negro aumentava sempre, tal como a entropia, talvez essa área
fosse uma medida da entropia do buraco. À medida que fosse lançada matéria para
dentro do buraco, a sua entropia aumentava, e tal aumento manifestava-se através do
aumento da área do seu horizonte. Isto parecia salvar a segunda lei de uma excepção
nada agradável. Mas havia uma falha fatal. Se um buraco negro tem entropia, então
tem temperatura, e se tem temperatura emite radiação, o que é algo que um buraco
negro não faz por definição.
Hawking escreveria: O paradoxo manteve-se até 1974 quando eu estava a
investigar qual seria o comportamento da matéria nas imediações de um buraco negro
de acordo com a mecânica quântica. Para minha grande surpresa descobri que os
buracos negros pareciam emitir partículas continuamente. Esforcei-me muito para me
desembaraçar deste efeito embaraçoso. O que finalmente me convenceu de que se
tratava de um processo real foi o facto de a radiação emitida ter um espectro que era
precisamente térmico.
A ideia de que os buracos negros podiam criar e emitir partículas, de acordo
com o princípio da incerteza de Heisenberg, tinha sido sugerida por Zel’dovich em
Moscovo, em 1973, e resulta do facto de que Heisenberg previu uma certa incerteza na
quantidade total de energia do Universo. Durante um curto período de tempo, na
realidade quanto mais curto melhor, pode ser pedida emprestada uma quantidade de
energia ao campo (no caso dos buracos negros seria com certeza ao forte campo
gravitacional). Essa energia materializa-se em pares de partículas virtuais, como por
exemplo, as que transmitem a força gravitacional, e essas partículas começam por se
afastar, voltando a juntar-se mais adiante, e devolvendo a energia ao campo, antes de
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E
2t
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evoluem muito mais rapidamente. A maioria das estrelas pesadas vive toda a sua vida
em menos de mil milhões de anos. Portanto, aqui o tempo parece estar a nosso favor.
Seguidamente, temos de considerar o número de estrelas pesadas na nossa
galáxia. Será ele suficiente? Uma massa final de apenas três massas solares é tudo o
que é preciso para que uma estrela acabe como um buraco negro. Contudo, a maioria
das estrelas perde massa antes e durante os seus colapsos finais e, em consequência,
um buraco negro com três vezes a massa do Sol resultou provavelmente de uma estrela
que, no início, tinha uma massa consideravelmente maior do que essa, possivelmente
mais de oito massas solares. Felizmente, mesmo estas condições não são excessivas;
muitas das estrelas da nossa galáxia têm massas dessa ordem.
A nossa galáxia alberga cerca de 200 mil milhões de estrelas e tem
aproximadamente 15 a 16 mil milhões de anos de idade. Quantos buracos negros
poderá albergar? Grande número de incertezas afectam quaisquer estimativas fazendo
com que elas sejam, na melhor das hipóteses, grosseiras. Vamos presumir que, na
nossa galáxia, se forma um buraco negro a cada 100 anos. Esta estimativa baseia-se
naquilo que sabemos acerca da distribuição das estrelas e do seu ciclo de vida. A partir
desses dados podemos facilmente calcular o número total; os cálculos dão-nos várias
centenas de milhar, valor muito aproximado, está bom de ver, mas que, pelo menos,
nos faz sentir confiantes de que a busca valha a pena.
A questão seguinte é: de que estamos à procura? Já que a maioria dos buracos
negros tem um diâmetro de apenas alguns quilómetros, é pouco provável que
possamos ver um deles directamente, mesmo de encontro às estrelas de fundo. Temos,
obviamente, de recorrer a métodos indirectos. O melhor desses métodos baseia-se nos
efeitos do buraco negro sobre gás que caia para dentro dele. Já vimos que quando gás
cai em espiral para dentro do buraco negro aquece tanto que emite radiação: raios X,
por exemplo, e esses raios X devem-se poder detectar na Terra. Consideremos então
um cenário no qual sejam gerados raios X; consideremos também que estamos a lidar
com um sistema estelar duplo no qual uma das estrelas acaba por colapsar em buraco
negro. Se o gás da outra estrela for de alguma maneira puxado para dentro do buraco
negro, serão gerados raios X. Como poderá isso acontecer? Para respondermos a esta
questão temos de considerar aquilo que se chama um lobo de Roche. À volta do buraco
negro existe um conjunto de esferas imaginárias onde o campo gravitacional é o
mesmo em todos os pontos de uma esfera dada: são superfícies equipotenciais.
Quando temos um sistema binário, as esferas à volta de cada uma das duas estrelas
ficam distorcidas porque o campo gravitacional de uma das estrelas afecta o da outra.
Todavia, existirá um par particular de esferas com a forma de um oito onde a força do
campo será a mesma em todos os pontos. Esse oito é o lobo de Roche. Existe um lobo
desses para todos os sistemas duplos, inclusive para o formado pela Terra e pela Lua.
O ponto de cruzamento (o ponto onde os dois lobos se juntam) é particularmente
importante; denomina-se ponto lagrangeano (L). Se alguma matéria da estrela A
passar desse ponto será puxada para a estrela B e vice-versa.
Suponhamos agora que a estrela B se transforma num buraco negro. Isto
significa que se algum gás de A passar de L será arrastado para dentro do buraco
negro. Isto poderá acontecer de duas maneiras. Primeiro sabemos que se esperarmos
tempo suficiente a estrela A começará a expandir-se, transformando-se numa gigante
vermelha, e as suas camadas exteriores ultrapassarão L. Outra possibilidade é a que a
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Buracos Negros Os Protagonistas
estrela A seja uma grande estrela azul que tenha um vento solar muito extenso. As
partículas que constituem esse vento serão também puxadas para dentro do buraco
negro se passarem de L.
De acordo com os cálculos, todo e qualquer material que passe do ponto L cairá
em espiral em direcção ao buraco negro formando um disco de acreção (figura 28).
Portanto, os sistemas binários são os candidatos fundamentais a examinar na
nossa busca de buracos negros. Todavia, dado que estes últimos são muito pequenos,
qualquer um que se encontre nesses sistemas será invisível. Poderemos detectar um
sistema do tipo descrito? Na realidade, os astrónomos estão familiarizados com este
tipo de sistemas; eles denominam-nos binários espectroscópicos. Embora vejam
apenas uma estrela sabem que existem de facto duas por causa do comportamento das
linhas espectrais dessa estrela: as linhas deslocam-se para trás e para diante porque o
comprimento de onda da luz emitida é alterado pelo movimento da estrela (efeito
Doppler).
Figura 28
Um sistema binário constituído por uma estrela gigante vermelha e um buraco negro envolto num disco
de acreção cuja matéria provém da estrela vizinha.
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Buracos Negros Os Protagonistas
de Escorpião demonstrou-se mais tarde estar associada a uma estrela azul brilhante,
mas não existiam provas de que fizesse parte de um sistema binário. Nos anos
seguintes, foram efectuados outros voos de foguetes e descobertas novas fontes. Duas
delas, particularmente interessantes, foram encontradas respectivamente nas
constelações de Centauro e Hércules. Ambas pulsavam rapidamente e pareciam
encontrar-se num sistema binário, mas nenhuma delas parecia estar associada a um
buraco negro.
A astronomia de raios X desenvolveu-se rapidamente a partir do lançamento do
primeiro satélite de raios X, o UHURU (palavra Swahili que significa liberdade) a
partir do Quénia, em Dezembro de 1970. Em breve foi publicado o primeiro catálogo
de objectos emissores de raios X detectados pelo UHURU, e que compreendia cerca
de 100 entradas das quais 55 tinham particular interesse (a fonte de raios X era
desconhecida). Em breve a atenção geral se concentrou num objecto conhecido por
Cygni X1 que se encontrava na constelação de Cisne. Este pulsava rapidamente mas as
suas pulsações eram diferentes das dos objectos de Hércules e Centauro porque não
eram periódicas. Os tempos de pulsação mais curtos indicavam que a fonte era
pequena - do tamanho de um buraco negro. Finalmente, em 1971, o componente
óptico do sistema foi descoberto (encontrava-se bem para lá do limite da vista
desarmada). O sistema era, de facto, um binário espectroscópico com um período de
5,6 dias e o seu componente secundário (a fonte de raios X) não podia ser visto. O
componente principal era uma estrela azul gigante conhecida por HD226868 no
catálogo de Henry Draper situada a 14000 anos-luz de distância.
Quais seriam as massas dos dois componentes do sistema? Se pudéssemos
determinar o tipo espectral do componente principal poderíamos calcular a sua massa
aproximada; esta veio a revelar-se ser cerca de 22 vezes a do Sol. A partir deste
número e utilizando várias suposições demonstrou-se que a massa do componente
secundário tinha de ser cerca de oito massas solares - valor consentâneo com a
hipótese de se tratar de um buraco negro. Abreviando, estávamos em presença de uma
fonte de raios X associada a um objecto invisível e, portanto, pequeno, oito vezes mais
maciço do que o nosso Sol, estando, portanto reunidos todos os requisitos para um
buraco negro. Dado que o componente principal do sistema é uma estrela azul gigante
presume-se que é o seu vento solar e não a sua camada exterior que está a ser
aprisionada e sugada pelo buraco negro.
Cygni X1 é sem dúvida o nosso melhor candidato a buraco negro, mas não é o
único de que dispomos. Ultimamente tem despertado considerável interesse uma fonte
semelhante na constelação do Compasso que se denomina Cir X1. É um binário
espectroscópico com um período orbital de 16,6 dias. Diferentemente de Cyg X1
apresenta um intervalo nas emissões causado talvez pelo facto de a fonte de raios X ser
eclipsada pelo componente principal. As variações do sinal no tempo são tão pequenas
como as de Cyg X1 o que indica que o seu tamanho não é maior do que o deste. O
componente principal do sistema é uma estrela vermelha fraca. Alguns astrónomos
pensam que a sua cor e debilidade derivam do facto de se encontrar rodeada por uma
nuvem de poeira: a sua luz enfraquecerá à medida que atravessa essa nuvem. Existe,
no entanto, uma dificuldade de base no caso de Cir X1: a sua massa não foi
determinada e, nesse sentido, este sistema não é considerado um, candidato tão bom
como Cyg X1.
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