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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
MARINGÁ
2018
JOÃO PEDRO DE LIMA MIYAZAKI
MARINGÁ
2018
JOÃO PEDRO DE LIMA MIYAZAKI
Aprovada em ____/_____/_______
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Prof. Dr. José Aparecido Canova – Universidade Estadual de Maringá
_____________________________________________________
Profa. Dra. Aline Lisot – Universidade Estadual de Maringá
_____________________________________________________
Profa. Msc. Marisa Nagano – Universidade Estadual de Maringá
AGRADECIMENTOS
As argamassas são amplamente utilizadas na construção civil, sendo que sua principal
utilização é no revestimento de tetos e paredes. Devido principalmente à falta de padronização
de processos e de projetos de revestimentos argamassados, ocorrem inúmeras patologias, um
desses problemas é o descolamento de argamassa, que ocorre principalmente devido à falta de
aderência entre argamassa e base. Por outro lado, a argamassa mista de cal e cimento é a
principal argamassa utilizada nos revestimentos, pois, a cal tende a melhorar propriedades da
argamassa, como sua trabalhabilidade. No entanto, para que a cal possa ser usada em obra, a
mesma precisa passar pelos processos de extinção e maturação, estes processos requerem tempo
e espaço, podendo ser um problema na obra. Devido a este fato, muitos pesquisadores procuram
novos produtos que possam substituir a cal. Um desses produtos é o resinato de sódio, que é
um aditivo plastificante e foi utilizado nesse trabalho em substituição à cal. Neste contexto, o
objetivo desta pesquisa é comparar a resistência de aderência à tração entre argamassas mistas
de cal e cimento no traço 1:1,5:7,5 em volume, e argamassas à base de resinato de sódio, para
estas foram utilizados os traços 1:4; 1:4,5; 1:5; 1:5,5; 1:6; 1:6.5; 1:7 e 1:7:5 em volume. O
ensaio foi feito em um muro externo, com base feita de blocos cerâmicos e aplicação prévia de
chapisco para melhorar a aderência. A partir dos resultados obtidos, em relação a cal, percebeu-
se que a mesma tem grande influência na extensão da aderência, pois nas argamassas sem cal
ocorreu uma maior dificuldade na adesão inicial da argamassa, isso ocorreu, pois, a cal aumenta
o contato entre cimento e o substrato. Além disso, é possível confirmar que o teor de cimento é
essencial na aderência do revestimento, pois no traço 1:4, que possui a maior quantidade de
cimento obteve os maiores resultados de resistência de aderência à tração. Além disso, nos
traços em que a quantidade de cimento diminui notou-se que a resistência também diminuiu.
Em relação aos resultados de resistência de aderência à tração apenas os traços de referência,
1:7 e 1:7,5 não atingiram o valor mínimo para revestimentos externos, no entanto, podem ser
utilizados para revestimentos internos.
The mortars have been widely used in civil construction, with their main use in wall and ceiling
claddings. Due mainly to the lack of standardization of mortar coatings processes and designs,
several pathologies occur, one of these problems is the detachment of mortar, which happens
mainly on account of the lack of adhesion between mortar and base. On other hand, the mixed
mortar of lime and cement is the main used on coatings, since lime tends to improve properties
of the mortar, as its workability. However, in order to use lime on the construction site, it needs
to go through the processes of extinction and maturation, which require time and space, and
that may be a problem. On account of this fact many researchers look for new products to
replace lime, one of these products is sodium resinate, which is a plasticizer additive and was
used on this thesis to replace lime. In this context, the objective of this research is to compare
the tensile adhesion strength between lime and cement mixed mortars with the mix of 1: 1,5:
7,5 by volume, and mortars based on sodium resinate with the mixes of 1:4; 1: 4.5; 1: 5; 1: 5.5;
1: 6; 1: 6.5; 1:7 and 1:7,5 by volume. The test was done in an external wall, with a base made
of ceramic blocks and previous application of roughcast to improve adhesion. From the
obtained results, in relation to lime, it was observed that it has great influence on the extent of
adhesion, because in the non-lime mortars there was a greater difficulty in the initial adhesion
of the mortar, this occurred because, the lime increases the contact between cement and
substrate. Besides that, it is possible to confirm that the amount of cement is essential in the
cladding adhesion, since the mix 1:4, which has the largest amount of cement obtained the
greatest result of traction adhesion resistance, and, in addition, in the mixes which the amount
of cement decreased the resistance also decreased. Regarding the traction adhesion strength
results, only the reference mixes and the mixes of 1: 7 and 1:7,5 did not reach the minimum
value for external coating, however, they can be used in internal coating.
1 INTRODUÇÃO.............................................................................. 13
1.1 JUSTIFICATIVA............................................................................ 15
1.2 OBJETIVOS.................................................................................... 15
2 REVISÃO DE LITERATURA..................................................... 16
2.1 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS ARGAMASSAS........... 16
2.2 MATERIAIS CONSTITUINTES DA ARGAMASSA................... 18
2.2.1 Aglomerantes.................................................................................. 18
2.2.1.1 Cal.................................................................................................... 18
2.2.1.2 Cimento Portland............................................................................ 20
2.2.2 Agregado miúdo: areia.................................................................. 21
2.2.3 Aditivos........................................................................................... 23
2.3 CAMADAS E FUNÇÕES DAS ARGAMASSAS DE
REVESTIMENTO...........................................................................24
2.4 PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS...................................... 25
2.4.1 Trabalhabilidade............................................................................ 26
2.4.2 Retração.......................................................................................... 26
2.4.3 Retenção de água........................................................................... 27
2.4.4 Resistência mecânica..................................................................... 27
2.4.5 Capacidade de absorver deformações..........................................28
2.5 PROPRIEDADES DO SUBSTRATO.............................................28
2.6 ADERÊNCIA NAS ARGAMASSAS............................................. 29
2.6.1 Definições de aderência................................................................. 30
2.6.2 Mecanismo de aderência entre argamassa e substrato.............. 33
2.6.3 Estágios da aderência na argamassa............................................ 34
2.6.4 Fatores intervenientes na aderência............................................. 35
2.6.4.1 Influência da argamassa................................................................... 37
2.6.4.2 Influência do substrato..................................................................... 38
2.6.4.3 Influência dos processos executivos................................................ 40
2.6.5 Patologias em argamassas devido à falta de aderência.............. 42
3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICOS.................................. 46
3.1 METODOLOGIA............................................................................ 46
3.2 MATERIAIS UTILIZADOS ..........................................................46
3.3 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS..................................... 46
3.4 PREPARAÇÃO DA ARGAMASSA.............................................. 47
3.5 ENSAIO DE DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE
ADERÊNCIA...................................................................................48
3.5.1 Descrição do ensaio de resistência de aderência à tração.......... 48
3.5.1.1 Materiais utilizados no ensaio..........................................................48
3.5.1.2 Execução do ensaio.......................................................................... 49
3.5.1.3 Apresentação dos resultados............................................................ 51
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................... 53
4.1 RESULTADOS DA CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS... 53
4.1.1 Caracterização do agregado miúdo..............................................53
4.1.2 Caracterização dos aglomerantes................................................. 54
4.2 PREPARO E LANÇAMENTO DA ARGAMASSA...................... 54
4.3 RESULTADOS DO ENSAIO DE RESISTÊNCIA DE
ADERÊNCIA À TRAÇÃO.............................................................56
5 CONCLUSÕES.............................................................................. 66
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 68
APÊNDICE A PLANILHA DE RESULTADOS.................................................. 71
A.1 RESULTADOS DO ENSAIO DE ADERÊNCIA À TRAÇÃO
PARA O TRAÇO DE REFERÊNCIA.............................................72
A.2 RESULTADOS DO ENSAIO DE ADERÊNCIA À TRAÇÃO
PARA O TRAÇO 1:4......................................................................73
A.3 RESULTADOS DO ENSAIO DE ADERÊNCIA À TRAÇÃO
PARA O TRAÇO 1:4,5....................................................................74
A.4 RESULTADOS DO ENSAIO DE ADERÊNCIA À TRAÇÃO
PARA O TRAÇO 1:5.......................................................................75
A.5 RESULTADOS DO ENSAIO DE ADERÊNCIA À TRAÇÃO
PARA O TRAÇO 1:5,5....................................................................76
A.6 RESULTADOS DO ENSAIO DE ADERÊNCIA À TRAÇÃO
PARA O TRAÇO 1:6........................................................................77
A.7 RESULTADOS DO ENSAIO DE ADERÊNCIA À TRAÇÃO
PARA O TRAÇO 1:6,5......................................................................78
A.8 RESULTADOS DO ENSAIO DE ADERÊNCIA À TRAÇÃO
PARA O TRAÇO 1:7..........................................................................79
A.9 RESULTADOS DO ENSAIO DE ADERÊNCIA À TRAÇÃO
PARA O TRAÇO 1:7,5.......................................................................80
13
1. INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
1.2 OBJETIVOS
2 REVISÃO DE LITERATURA
Nos tópicos seguintes foi feita a revisão de literatura, abordando aspectos relativos as
argamassas de um modo geral, e depois aprofundando o assunto de aderência em argamassas.
Além dessas argamassas descritas pela norma ABNT NBR 13281/2001, Carasek
(2010), ainda classifica as argamassas em mais três tipos. A primeira é a argamassa para
revestimento de placas, podendo ser usada para pisos e contrapisos, a segunda para
revestimentos cerâmicos, para o assentamento e o rejuntamento de peças, e por último as
argamassas usadas para recuperação de estruturas.
Carasek (2010) classifica as argamassas segundo variados critérios como mostram o
Quadro 2.1.
Este tópico abordará sobre as principais características dos materiais que constituem as
argamassas. Estes materiais são os aglomerantes, o agregado miúdo e os aditivos.
2.2.1 Aglomerantes
2.2.1.1 Cal
Bauer (2008) define a cal virgem (cal viva) como um aglomerante que é produto da
calcinação de rochas calcárias. A calcinação pode ser feita conchas, corais, esqueletos animais
além das rochas calcárias.
A calcinação de acordo com Breitenbach (2013) é uma reação química resultante da
decomposição do carbonato de cálcio (CaCO3) em temperaturas de até 900 C° resultando em
gás carbônico (C02) e óxido de cálcio (CaO), este produto é chamado comumente de cal virgem.
Essa reação é mostrada na Equação 2.1
A cal extinta é a utilizada nas argamassas, por fim, a cal passa por uma reação química,
que é a sua carbonatação, ou seja, endurecimento. Breitenbach (2013) afirma que esse
endurecimento ocorre depois da aplicação da argamassa em obra, quando o hidróxido de cálcio
entra em contato com dióxido de carbono que está presente na atmosfera, resultante na
formação do carbonato de cálcio e liberação de água. A Equação 2.3 mostra essa reação.
Outro processo que também é feito na cal antes da mistura da argamassa, é a sua
maturação. Canova (2002) afirma que a maturação da cal deve ser feita tanto para a cal virgem
quanto para a hidratada. Esse processo consiste basicamente em deixar a cal em contato com
areia e água ou só com água por no mínimo 16 horas.
A cal é usada nas argamassas como um aglomerante. Guimarães (1998) afirma que a
principal função da cal na argamassa é de ligar os componentes das argamassas, ou seja, a cal,
juntamente com a água e os agregados, forma uma pasta que penetra nas reentrâncias e vazios
dos elementos construtivos, cimentando o mesmo.
Segundo Coelho, Jalali e Torgal (2009) devido a elevada finura e leveza dos grãos da
cal, a mesma melhora a qualidade das argamassas, melhorando principalmente a fluidez, coesão
e retenção de água das argamassas. Os mesmos autores afirmam que a cal reduz o atrito entre
os grãos de areia, resultando numa melhor plasticidade, trabalhabilidade e produtividade. Além
disso, a cal faz com que a argamassa no estado fresco tenha maior retenção de água, impedindo
que grande parte da água de amassamento chegue ao suporte, e melhora a capacidade de
compressão e aderência das argamassas.
Canova (2002) cita vários autores afirmando que a cal permite a argamassa a ter maior
capacidade de absorver deformações. Sendo que o aumento da cal na argamassa, irá aumentar
a capacidade de deformação da argamassa e reduzir seu módulo de deformação.
Segundo Guimarães (1997), a cal melhora a qualidade das argamassas, os principais
benefícios de acordo com o mesmo autor são: devido ao alto ponto de fusão da cal, a mesma
auxilia na resistência ao fogo das paredes, a cal reduz a quantidade de eflorescências que podem
prejudicar as argamassas, a cal proporciona uma maior resistência à penetração de água. Além
disso, a cal melhora a retenção de água nas argamassas e sua trabalhabilidade e plasticidade.
21
Fiorito (1994) afirma que “as argamassas de cal são utilizadas para emboço e reboco,
pela sua plasticidade, condições favoráveis de endurecimento, elasticidade e porque
proporcionam acabamento esmerado, plano e regular. Encontram também aplicação no
assentamento de alvenarias de vedação”.
Bauer (2008) define o Cimento Portland como sendo um produto obtido pela
pulverização do clínquer, este é constituído de essencialmente silicatos hidráulicos, com uma
proporção de cálcio natural, podendo conter adições de substâncias que facilitem seu emprego
e melhorem seu desempenho. Os principais constituintes do Cimento Portland são a cal, a sílica
e o óxido de ferro, constituindo cerca de 96% do cimento. Outro constituinte é a magnésia
podendo ter uma percentagem máxima de 6%.
Segundo Guimarães (1997, p. 189),
[...] O cimento Portland tem ação de aglomerante desenvolvida pela reação de seus
constituintes com a água, resultado em neo – formados hidratados. Segundo Le
Chatelier, a reação fundamental que se apresenta para a “pega” é a transformação do
silicato básico de cálcio em silicato hidratado e hidróxido de cálcio. O processo
prossegue com uma série de outras reações de dissolução, precipitações dos
componentes do cimento.
O boletim técnico da associação Brasileira de Cimento Portland (2002) enfatiza a
versatilidade do mercado brasileiro de cimento, dispondo de 8 tipos de cimentos, que atendem
aos mais variados tipos de obras. Esses cimentos se diferenciam pela proporção de clínquer e
sulfato de cálcio, materiais carbonáticos e de adições, tais como escória, polozanas e calcários.
Diferem-se também por diferentes propriedades, como uma resistência inicial maior ou cimento
de cor branca. A Tabela 2.1 apresenta os tipos de cimentos Portland.
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Silva (2006) afirma que os principais cimentos usados para argamassas são: cimento
Portland CP II - Z e o CP II -F. Sendo que cimento usado neste trabalho foi CP II – Z, este tem
aplicações para obras correntes de engenharia.
Fiorito (1994) acredita que os principais usos das argamassas de cimento são em
alvenarias de alicerce devido à resistência exigida por essas alvenarias e pela condição
favorável de endurecimento do cimento. Além disso, argamassas de cimentos são utilizadas na
produção do chapisco devido à necessidade de resistência a curto prazo. Por fim, o mesmo autor
afirma que as argamassas de cimento são necessárias em revestimentos onde condições de
impermeabilidade são necessárias, como em reservatórios.
Em relação as argamassas mistas, Fiorito (1994) afirma:
[...] As argamassas de cimento são as mais resistentes, porém de mais difícil
trabalhabilidade. Adiciona-se cal para torna-las mais plásticas e facilitar o
acabamento. Tais argamassas mistas de cimento e cal são utilizadas nas alvenarias
estruturais ou não, de tijolos ou blocos, nos contrapisos, no assentamento de
revestimentos cerâmicos em pisos ou paredes pelo método convencional, no preparo
de pares e pisos para receberem revestimentos cerâmicos aplicados com argamassa
colante, e, especialmente, nos emboços de forros e paredes.
A norma ABNT NBR 7200/1998 define os agregados miúdos como agregados cujos
grãos passam pela peneira com abertura de malha de 4,75mm e ficam retidos na peneira de
abertura de malha de 150 µm, em ensaio realizado de acordo com a norma ABNT NBR NM
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248/2003, com peneiras definidas pela ABNT ABNT NM ISO 3310-1. As peneiras descritas
pela norma estão contidas na Tabela 2.2.
De acordo com Bauer (2008) as principais funções dos agregados miúdos são a de
prover ao aglomerante um enchimento de custo baixo, prover a pasta de cimento resista à
esforços mecânicos, desgaste e percolação de intempéries, e por fim reduzir as variações de
volume resultantes no processo de pega e endurecimento.
De acordo com Angelim et al (2003, apud BREITENBACH,2013) a distribuição
granulométrica da areia influencia no desempenho da argamassa, interferindo tanto no estado
fresco como no revestimento acabado. Neste último a distribuição granulométrica é
determinante na fissuração, rugosidade, na permeabilidade e na resistência de aderência. A areia
é caracterizada pelo seu módulo de finura, e esse resultado é dependente da constituição
granulométrica da areia.
A norma ABNT NBR 7211/2005 define os limites da composição granulométrica da
areia, esses limites são mostrados na Tabela 2.3.
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Ainda de acordo com a norma ANBT NBR 7211/2005, o módulo de finura é definido
como a soma das percentagens retida e acumulada em massa, na série normal de peneiras,
dividido por 100. A partir desse valor, é possível determinar se a areia é fina, média ou grossa.
2.2.3 Aditivos
Bauer (2008) define os aditivos como elementos que não são indispensáveis às
argamassas, mas que podem ser inseridos na mistura da argamassa, sendo que sua utilização
deve melhorar características da argamassa. O mesmo autor propõe a classificação dos aditivos
de acordo com sua função. Os aditivos usados para melhorar a trabalhabilidade da argamassa
são os plastificadores redutores, os incorporadores de ar e os dispersantes. Os aditivos usados
para melhorar a resistência mecânica são os aditivos plastificantes. São usados para reduzir ou
aumentar o tempo de pega da argamassa os aditivos retardadores e aceleradores.
De acordo com a ABNT NBR 11768/2011 os aditivos são definidos como produtos que
são adicionados em pequenas quantidades a argamassas ou concretos de cimento Portland, e
que modificam algumas de suas propriedades, no sentido de melhor adequá-las a determinadas
condições. Ainda segundo a mesma norma, os aditivos são classificados em:
Aditivo redutor de água/Plastificante: Aditivo que sem modificar a consistência do
concreto no estado fresco, permite uma elevada redução da quantidade de água,
aumentando consideravelmente a fluidez e o abatimento do concreto, podendo produzir
esses dois efeitos simultaneamente;
25
John et al. (1994), para avaliar o desempenho das argamassas com aditivo em
substituição à cal, prepararam argamassas de revestimento, aplicadas sobre alvenaria de bloco
de concreto, empregando cales de acordo com os requisitos da ABNT NBR-7175/92, nos traços
1:2:9 e 1:1:6. Nas argamassas feitas com cimento e aditivos, a cal hidratada foi substituída pela
quantidade de aditivo indicada pelo fabricante. As conclusões destes autores foram as seguintes:
A substituição de cal hidratada por aditivos, na maioria das vezes, reduz a
resistência de aderência;
As argamassas aditivadas demostraram desempenho inferior às com cal
hidratada com mesma proporção de cimento e areia, na resistência à abrasão;
As argamassas aditivadas apresentaram menor retração hidráulica e módulo de
elasticidade mais baixo.
26
De acordo com Baía e Sabbatini (2001), o revestimento tem como principais funções
proteger a alvenaria e estrutura contra ações de agentes agressivos. Além disso, tem a função
de contribuir para a vedação do edifício, ajudando no isolamento térmico, acústico, segurança
ao fogo, na estanqueidade à água. E por fim, regularizar a superfície dos elementos de vedação
e servir como base para acabamentos decorativos, possuindo também função estética.
Carasek (2010), afirma que para que a argamassa consiga desempenhar suas funções, as
seguintes propriedades são essenciais: trabalhabilidade, retração, aderência, retenção de água,
resistência mecânica e capacidade de absorver deformações. A aderência será detalhada no
tópico 2.6
2.4.1 Trabalhabilidade
das propriedades mais importantes no estado fresco, visto que indica convenientemente sua
utilização.
De acordo com Cascudo et all (2005, apud SILVA, 2006), a trabalhabilidade é difícil de
se mensurar ou quantificar, pois ela não depende somente das características intrínsecas da
argamassa, mas também da habilidade do pedreiro que está executando o serviço, além das
técnicas de aplicação.
Carasek (2010) afirma que a trabalhabilidade é uma propriedade complexa que é
dependente de outras propriedades como: consistência, plasticidade, retenção de água, adesão
inicial e densidade de massa.
2.4.2 Retração
De acordo com Freitas (2010, apud SANTOS, 2011), a retenção de água corresponde à
propriedade que confere a argamassa a capacidade de não alterar sua trabalhabilidade,
29
mantendo-se aplicável por um período de tempo quando a argamassa perde água, seja por
evaporação, sucção do substrato ou reações de hidratação. Ainda de acordo com o mesmo autor,
o aumento da retenção de água pode ser conseguido pelo aumento do teor dos materiais
constituintes com elevada área específica, como é o caso da cal, ou o emprego de aditivos que
impedem a perda de água
Carasek (2010) afirma que essa propriedade tem grande importância quando a
argamassa é aplicada em substrato que possuem elevada capacidade de absorção de água ou
com condições climáticas desfavoráveis.
Baía e Sabbatini (2001, p. 17) afirmam que “a rápida perda de água compromete a
aderência, a capacidade absorver deformações, a resistência mecânica, e com isso, a
durabilidade e a estanqueidade do revestimento e da vedação ficam comprometidas”.
Nesse tópico, será discutida a relevância do estudo da aderência nas argamassas, bem
como suas definições, o ensaio normatizado pela ABNT para medição da aderência, como
ocorre o mecanismo de ligação entre a argamassa e seu substrato, discutir sobre os aspectos que
possam influenciar na aderência, e por fim, analisar as patologias causadas pela falta de
aderência.
Iopi (1995) em seu trabalho cita vários autores que concordam que a aderência é uma
propriedade fundamental para que as argamassas de revestimento cumpram suas funções.
A norma ABNT NBR 13528/2010 define a aderência como uma propriedade do
conjunto argamassa/substrato de resistir a esforços atuantes na interface argamassa/substrato.
Sendo que a quantificação desse valor é dada por um valor de resistência.
Carasek (2010) afirma que a aderência é utilizada para descrever a resistência do
revestimento além de ser uma extensão do contato entre argamassa e base. A mesma autora
enfatiza que a aderência é um sistema composto por base e argamassa, sendo de extrema
importância especificar qual o tipo de substrato utilizado.
Segundo Antunes (2005) a resistência de aderência é a junção de efeitos da entrada da
argamassa nos poros do substrato utilizado, e a partir da maneira que ocorre a ligação base e
argamassa verificarem a resistência dessa força.
Gonçalves (2004) divide a aderência mecânica em três fatores de grande importância:
32
Tabela 2.4: Limites de resistência de aderência à tração para emboço e camada única de
argamassa
Local Acabamento Ra (MPa)
Pintura ou base para reboco ≥0,20
Interna
Cerâmica ou laminado ≥0,30
Parede
Pintura ou base para reboco ≥0,30
Externa
Cerâmica ≥0,30
Tetos ≥0,20
Fonte: ABNT NB6 13749 (1996)
A aderência depende da quantidade de água que penetra nos poros da base como explica
Scartezini (2002), e que em geral, a quantidade de água nas argamassas é maior que a
quantidade necessária para a hidratação do cimento, sendo que o fator que determina a
quantidade de água é a trabalhabilidade, que é definida como a facilidade do manuseio da
argamassa.
Antunes (2005) resume os principais fatores que possam interferir nas propriedades da
argamassa em:
Argamassa: comportamento reológico, granulometria, materiais constituintes,
proporção de aglomerantes, aditivos;
Base: porosidade, capilaridade/sucção, teor de umidade e textura superficial;
Processo: fatores relacionados a energia de impacto, tratamento superficial e
condições de cura;
38
A Figura 2.5 resume os fatores que possam modificar a aderência nas argamassas.
Scartezini (2002) em seu trabalho afirma que a resistência de aderência possui grande
variabilidade nos resultados, em seu trabalho cerca de 1440 corpos de provas foram arrancados
para o ensaio de resistência de aderência à tração, e houve um coeficiente de variação de 39%.
Além disso, o mesmo autor conclui em seu trabalho que grande parte da variabilidade da
aderência ocorre devida:
Fator humano: podem ocorrer grandes mudanças devido a mudança no pedreiro
que se executa, quanto a mudanças no lugar de execução do revestimento pelo
mesmo pedreiro;
O tempo de espera para sarrafeamento;
O tipo de substrato, cada substrato possui características diferente de porosidade e
rugosidade;
O tipo de preparo do substrato, com objetivo de aumentar a rugosidade do
substrato, melhorando o travamento, e por consequência a aderência;
O tipo de argamassa utilizado.
Nos próximos tópicos serão analisados e os fatores que possam alterar a aderência nas
argamassas, começando pelos tipos de argamassas e seus materiais constituintes, depois
39
explicando a influência que os substratos possuem sobre a aderência, e por fim, exemplificando
como a execução também afeta os resultados de aderência.
Segundo diversos autores citados por Antunes (2005), a base precisa absorver a água
que provém da argamassa para que a união dessas duas seja formada. Devido a isso a capacidade
de sucção e área de contato entre base e argamassa são importantes para a aderência.
Segundo Campos (2014), o tipo de substrato tem grande importância na aderência do
revestimento, pois diferentes substratos possuem diferentes propriedades e características.
Sendo que as principais propriedades do substrato que influem na aderência são sua porosidade,
sucção de água e capilaridade. Selmo (1998, apud CAMPOS 2014) afirma que a sucção de água
e a porosidade estão intimamente conectadas, pois, a porosidade determina a quantidade total
de água que pode ser absorvida, e que o tamanho dos poros determina a velocidade dessa
entrada de água, por isso à escolha do tipo de base é importante na aderência da argamassa.
Segundo Antunes (2005), geralmente nas construções é feito um preparo da base antes
do lançamento da argamassa no substrato para melhorar a aderência. Os preparos mais
utilizados são a aplicação de chapisco e o umedecimento com água. Segundo o autor o chapisco
aparenta ser a melhor forma de preparo, pois altera a sucção de água e a textura superficial da
base.
No trabalho de Scartezini (2002) em que foi feito o ensaio de resistência de aderência à
tração em mais de 1000 corpos de prova, foram utilizados dois tipos de substrato (blocos
cerâmicos e de concreto), e quatros tipos de preparação de base (sem preparação, preparo com
chapisco, com solução de cal e umedecido). Nos blocos de concreto não houve uma
variabilidade grande considerando todos os tipos de tratamento, sendo que essa variabilidade
foi menor do que comparado aos blocos cerâmicos. Também é perceptível que os blocos de
concreto possuem valores de resistência de aderência à tração bem superior aos blocos
cerâmicos, sendo que para os primeiros, a resistência de aderência à tração em seus primeiros
dias em muitos casos já supera o valor mínimo requisitado pela norma.
A diferença na resistência de aderência à tração em blocos cerâmicos e de concreto
ocorre devido a estrutura superficial bem distinta entre os dois elementos como relata Scartezini
(2002). A vista microscópica entre os dois elementos deixa esse fato bem claro, a Figura 2.6
mostra a vista da superfície do bloco cerâmico.
41
Analisando as Figuras 2.6 e 2.7 é notável que os blocos de concreto possuem maior
rugosidade superficial e textura do que os blocos cerâmicos, portanto possuem maior área para
o travamento entre argamassa e base.
Em relação ao preparo de base, Scartezini (2002) conclui a partir de seus ensaios nos
blocos cerâmicos que o preparo com solução de cal obteve os melhores resultados na resistência
de aderência à tração, superando até mesmo o preparo com chapisco. O chapisco aumenta a
resistência de aderência por aumentar a rugosidade superficial. A cal melhora as condições de
ancoragem da argamassa. Também percebeu o preparo umedecido não melhora os resultados
obtidos quando comparado ao revestimento sem preparo de base. O mesmo autor notou que os
blocos de concreto não necessitam de preparo de base, pois esses blocos já possuem uma
42
Helene (1992, apud SEGAT, 2005) define a patologia das construções como “o ramo
da engenharia que estuda os sintomas, os mecanismos de ocorrência, as causas e as origens das
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doenças ou defeitos que ocorrem nas construções, ou seja, é o estudo das partes que compõem
o diagnóstico do problema”.
Baía e Sabbatini (2001) definem que o problema patológico acontece quando o
desempenho do produto fica abaixo do desempenho desejado. Os principais problemas
patológicos em argamassas são a formação de manchas de umidade, descolamento da
argamassa, desplacamento de placas cerâmicas e formação de fissuras e trincas. Segat (2005)
cita o estudo sobre patologias em argamassas de Dal Molin (1998) em que o mesmo analisou
cerca de 1600 manifestações patológicas, sendo que cerca de 66% dessas patologias eram
relativas à fissuração, cerca de 18% devido a problemas com a umidade, e 9% devido aos
descolamentos.
Sabbatini (1986, apud SILVA, 2006) classifica as origens das patologias em argamassas
em:
Aderência insuficiente;
Inadequada capacidade de acomodação plástica;
Deficiência na resistência mecânica.
A aderência insuficiente em argamasssa é a principal causa dos descolamentos de e
desplacamentos de cerâmicas. O descolamento de acordo com Antunes é definido como:
[...] um problema causado pelo incremento da deficiência na aderência das ligações
entre as camadas que constituem o sistema de revestimento. O mesmo ocorre ao longo
do tempo e não está associado necessariamente à queda imediata do revestimento ou
das placas cerâmicas. Inicia-se com a ruptura na interface entre camadas e com a
formação de bolsões que se propagam tornando o sistema de revestimento instável
estruturalmente.
Na Figura 2.8, é possível perceber o descolamento entre placas cerâmicas e argamassa.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 METODOLOGIA
Para a produção da argamassa foram utilizados os seguintes materiais: cal virgem tipo
CV-C (cal virgem), marca Cal Cem, areia natural do rio, cimento Portland comum classe 32
(CP II Z – 32) da marca Votoran. Por fim, o aditivo plastificante à base de resinato de sódio
usado nesse trabalho foi o Vedalit. De acordo com o catálogo deste produto, o Vedalit é um
aditivo concentrado que proporciona ótima trabalhabilidade para argamassas e rebocos. É um
produto líquido solúvel em água, facilitando o seu uso, sendo que sua utilização melhora a
aderência e coesão, diminui as fissuras e exsudação. O produto tem densidade de 1,03 g/cm³, e
o seu consumo em relação ao cimento é de 100ml de Vedalit para cada 50kg de cimento.
𝑉𝑎∗𝜌𝑎
1= (3.1)
𝑉𝑐∗𝜌𝑐
Onde:
Va: Proporção de areia no traço da argamassa, em volume aparentnte (m³)
Vc: Proporçao de cal virgem no traço da argamassa, em volume aparente (m³)
ρa: Massa específica da areia (kg/m³)
ρc: Massa específica da cal (kg/m³)
A argamassa foi produzida numa betoneira basculante de eixo inclinado com capacidade
de 50 litros. O tempo de mistura foi de 5 minutos conforme especificação da antiga ABNT NBR
7200/1998. A argamassa preparada foi colocada em um recipiente metálico. O recipiente
contendo a argamassa ficou tampado em laboratório para evitar a perda da água por evaporação,
e deixado em repouso por um período de sete dias, para maturação e hidratação da cal, tempo
especificado pela ABNT NBR 7200/1998. Após este período, a argamassa foi misturada
novamente em betoneira, adicionando o cimento compondo o traço 1:1,5:7,5 em volume, este
é o traço que foi utilizado no trabalho de Ceciliano (2017) para a argamassa mista de cal e
cimento, trabalho que também houve a comparação entre argamassas mistas de cal e cimento
e argamassas à base de resinato de sódio. Para a transformação do traço em volume para o traço
em massa, será utilizada a Equação 3.2
𝑉𝑐∗𝜌𝑐 𝑉𝑎∗𝜌𝑎
1= = (3.2)
𝑉𝑐𝑖𝑚∗𝜌𝑐𝑖𝑚 𝑉𝑐𝑖𝑚∗𝜌𝑐𝑖𝑚
Onde:
Va: Proporção de areia no traço da argamassa, em volume aparentnte (m³)
Vc: Proporçao de cal virgem no traço da argamassa, em volume aparente (m³)
49
Neste tópico será abordado como será realizado o ensaio de resistência de aderência à
tração, seguindo as diretrizes da norma ABNT NBR 13528/2010.
50
O ensaio foi realizado 28 dias após o lançamento de cada argamassa ao substrato para
avaliar a resistência de aderência à tração. A norma exige que antes da aplicação da argamassa
seja feita uma limpeza no substrato para a eliminação de agentes contaminantes que possam
interferir nos ensaios de aderência.
Para cada uma das argamassas, o ensaio deve ser composto por 12 corpos de prova de
mesmas características. Como foram propostos 9 traços, foram produzidos 108 corpos de prova.
A distribuição dos corpos de prova no muro deve ser feita de forma aleatória,
contemplando arrancamento em juntas e blocos. Os pontos de arrancamento devem estar
espaçados entre si, além das quinas e cantos uma distância de 50 mm. A Figura 3.1 mostra
como deve ocorrer a distribuição dos corpos de prova.
51
Após a execução do corte, foi realizado a colagem das pastilhas, para isso a superfície
do corpo de prova deve ser limpa. Posteriormente a cola foi aplicada sobre a pastilha com
espátula e colada no revestimento. A pastilha deve ser colada totalmente centrada no corpo de
prova, a fim de evitar esforços excêntricos. A pastilha deve ser pressionada sobre o revestimento
de modo que a cola se espalha por todo o corpo de prova, sendo que o excesso de cola deve ser
removido com a espátula. A norma recomenda que a espessura da cola não deva ser superior a
5mm. Por fim, deve-se aguardar o tempo definido pelo fabricante para a secagem da cola.
Por fim, é feito o arrancamento da argamassa com o equipamento de tração, para isso é
essencial verificar se o equipamento está calibrado. O equipamento de tração utilizado tem
52
carga máxima de 1500 Kgf, e sua aplicação de carga é feita de forma manual. A Figura 3.3
mostra o equipamento utilizado.
Fonte: O autor
F
Ra (3.1)
A
Em que:
Ra: Resistência de aderência à tração expressa em Megapascals (MPa);
F: Força de ruptura, expressa em Newtons (N);
A: Área do corpo de prova, expressa em metros quadrados (mm²).
Como citado na revisão bibliográfica, existe uma grande variabilidade dos resultados do
ensaio de resistência de aderência à tração, e o valor médio da resistência nem sempre pode
condizer com a realidade dos resultados. Devido a isso, neste trabalho também foi calculado o
coeficiente de variação (CV) de cada argamassa. O CV é calculado pela Equação 3.2.
𝜎
𝐶𝑉(%) = 𝑅.𝑀é𝑑 ∗ 100 (3.2)
Em que:
CV: Coeficiente de variação em porcentagem;
Rméd.: Resistência média de aderência à tração em Megapascals (MPa);
σ: Desvio padrão, medido em Megapascals (MPa).
Para esse cálculo é necessário possuir o valor do desvio padrão (σ) que é dado pela
Equação 3.3.
2 1
𝜎 = √(𝑛 ∑(𝑅𝑖 − 𝑅𝑚é𝑑)²) (3.3)
Em que:
Rméd.: Resistência média de aderência à tração em Megapascals (MPa);
σ: Desvio padrão, medido em Megapascals (MPa);
Ri: Resistência de aderência à tração em um corpo de prova em Megapascals (MPa);
n: Número de corpos de provas.
54
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para o agregado miúdo, que é a areia lavada de rio, foram realizados os seguintes
ensaios: massa unitária de acordo com a norma ABNT NBR – NM 45/2006, massa específica
real seguindo as diretrizes do método do picnômetro, e a composição granulométrica da areia
segundo a ABNT NBR 248/2003. A Tabela 4.1 mostra os resultados obtidos nos ensaios.
Fonte: O autor
Resultados
Ensaio Norma/Método
Cal Cimento
Massa Unitária (g/cm³) NBR 45/2006 0,968 1,45
Massa específica real
NBR NM 23/1998 3,100
(g/cm³) 3,085
Finura (% retida) NBR 9289/2000 0,3/9,3 -
Fonte: O autor
A Partir das Equações 3.2 e 3.3, e das massas especificas dos materiais calculados no
tópico 4.1, se determinou a quantidade de cada material nos noves traços. A Tabela 4.3 mostra
essas quantidades. Logo, para a argamassa simples de areia e cal, tem-se que o traço em massa
é 1:8,42. Para a argamassa de referência, o traço em massa ficou em 1:1:8,43 na relação
cimento/cal/areia.
56
Para a argamassa de traço 1:4, foi inicialmente proposto uma quantia inicial de 50kg de
areia para o preparo da argamassa. Nos traços seguintes a quantidade de areia foi diminuindo,
devido ao fato que parte da argamassa sobrava e era descartada. Não foi utilizada uma relação
água/cimento fixa, a quantidade de água foi determinada no momento da produção da
argamassa, a água foi sendo adicionada até que a argamassa ganhasse plasticidade e
trabalhabilidade para o lançamento da mesma no muro.
Foram produzidos nove traços de argamassa. O primeiro denominado de traço de
referência refere-se à argamassa mista de cal e cimento. Nos outros traços, a cal foi substituída
pelo aditivo plastificante à base de resinato de sódio para melhorar a trabalhabilidade da
argamassa. O muro foi divido em 9 quadros de aproximadamente 1 m². Para facilitar a divisão
dos quadros e o lançamento da argamassa, foi feito o taliscamento do muro, processo que
consiste na fixação de cacos cerâmicos com argamassa e com a mesma espessura que o
revestimento. As taliscas foram posicionadas para separar os diferentes traços de argamassa. A
espessura do revestimento foi definida em torno de 3 cm.
O muro cerâmico foi previamente chapiscado no traço 1:3 de cimento e areia em volume
por funcionários da UEM para regularizar a base e melhorar sua aderência.
Após o preparo das argamassas, as mesmas foram lançadas no muro que se encontra no
pátio do laboratório de materiais de construção, a forma de lançamento foi feita seguindo as
diretrizes da norma ABNT NBR 7200/1998. A aplicação da argamassa ocorreu de forma
manual com a utilização de uma colher de pedreiro. Após a aplicação da argamassa por toda a
área delimitada do traço, se esperou por volta de 40 minutos para que a argamassa ganhasse
uma melhor adesão ao muro para executar o sarrafeamento. Este processo consiste no
aplainamento da superfície revestida, utilizando uma régua de alumínio apoiada nas taliscas,
57
descrevendo um movimento de vaivém de baixo pra cima. Terminado essa etapa, foi feito o
desempeno, que consiste na movimentação circula de uma desempenadeira de madeira sobre o
revestimento imprimindo pressão sobre o muro.
Um dos problemas esperados nas argamassas à base de resinato de sódio era a falta de
trabalhabilidade da argamassa, pois no trabalho de Ceciliano (2017), em que também foi
realizado alguns ensaios em argamassas à base de resinato de sódio, e que nos ensaios de índice
de consistência e retenção de água, notou-se que as argamassas possuíam baixa retenção de
água, com perdas visíveis na mesa de retenção. Estes fatos foram confirmados no momento do
preparo da argamassa, pois as argamassas à base de resinato de sódio precisaram de uma
quantidade superior de água em comparação à argamassa mista de cal e cimento.
Além disso, nas argamassas à base de resinato de sódio, ocorreu uma dificuldade do
lançamento da mesma no muro comparado a argamassa de cal, se notou uma maior dificuldade
da argamassa em se aderir ao muro, sendo necessário lançar a argamassa em duas camadas
diferentes, e, além disso, era necessário sempre pressionar a argamassa contra o muro com o
auxílio da colher de pedreiro para que a argamassa não caísse. Portanto, a maior dificuldade da
adesão inicial das argamassas sem cal no muro, ocorreu devido à falta da extensão de aderência
que a cal proporciona, ou seja, a cal aumenta o contato entre cimento e a base, melhorando sua
aderência.
Cada traço foi produzido em um dia, e para o ensaio de resistência de aderência à tração,
aguardou-se 28 para a realização do ensaio.
A Figura 4.2 mostra a argamassa de referência e a com traço 1:4. Pela imagem é possível
perceber as taliscas nas partes superior e inferior que delimitam os dois quadros com os dois
tipos de argamassa. No lado direito da imagem, temos a argamassa de referência, e no lado
esquerdo da foto a argamassa com traço 1:4.
58
Figura 4.2: Muro com quadros das argamassas de referência e com traço 1:4
Fonte: O autor
Fonte: O autor
A Figura 4.4 mostra a colagem das pastilhas no furo do traço 1:5, nesta imagem também
é possível perceber a localização dos corpos prova.
Fonte: a Autor
60
Corpo de prova
Carga (Kgf) Tensão(MPa)
n° d1 (mm) d2(mm) dm(mm) A(mm²)
1 50,42 50,45 50,44 1997,81 185 0,91
2 50,00 50,00 50,00 1963,49 166 0,83
3 50,38 50,40 50,39 1994,24 129 0,63
4 50,22 50,19 50,21 1979,63 149 0,74
5 50,30 50,30 50,30 1987,13 82 0,40
6 50,31 50,32 50,32 1988,31 102 0,50
7 50,22 50,24 50,23 1981,60 184 0,91
8 50,25 50,25 50,25 1983,18 81 0,40
9 50,31 50,30 50,31 1987,52 187 0,92
10 50,28 50,30 50,29 1986,34 49 0,24
11 50,00 50,00 50,00 1963,49 171 0,85
12 50,00 50,00 50,00 1963,49 112 0,56
TensãoMédia(Mpa) 0,66
CV. (%) 35,69
Fonte: O autor
A partir da Tabela 4.5 foi feito um gráfico de barras comparando a resistência média de
aderência à tração com o valor mínimo exigido pela norma ABNT NBR 13528/2010 para
revestimentos externos. Este gráfico está representado na Figura 4.5
0.60
0.50
Resistência (MPa)
0.40
Rméd.
(Mpa)
Rext (MPa)
0.30
0.20
0.10
Tipo de Argamassa
Pela Figura 4.5 é possível observar que apenas as argamassas de referência e de traço
1:7 e 1:7,5 não atingiram o valor mínimo de resistência de aderência à tração para revestimentos
externos, no entanto ficaram com valores bem próximos ao mínimo exigido. Também é possível
notar que as argamassas de traço 1:4; 1:4,5 e 1:5 apresentaram elevados resultados de
resistência, valores bem superiores ao mínimo exigido por norma, principalmente o traço de
1:4, que possui a maior quantidade de cimento e apresentou valor médio de 0,66 MPa. A partir
da figura 4.2 também é possível confirmar que o teor de cimento tem elevada importância na
aderência, pois, nos traços à base de resinato de sódio, a resistência de aderência à tração
diminui conforme a quantidade de cimento também diminui.
A Figura 4.6 mostra uma comparação entre os resultados médios de resistência e os seus
valores máximos e mínimos para cada traço.
Figura 4.6: Comparação entre resistência média, mínima e máxima de cada traço
0.80 0.74
0.68
0.70 0.66
Resistência (MPa)
0.60 0.57
0.53
0.50 0.48 0.47 0.46
0.40 0.42
0.39
0.40 0.36
0.32 0.30
0.30 0.26 0.28 0.26
0.24 0.24 0.22
0.19
0.20 0.14 0.15 0.14
0.12 0.13
0.10
0.00
Tipo de Argamassa
Fonte: O autor
Ao se analisar a tabela 4.5 e a figura 4.6 é possível perceber o alto coeficiente de variação
das argamassas, chegando até 45% na argamassa de traço 1:6,5, e devido a este alto coeficiente,
nota-se que praticamente todos os traços possuem valores que destoam significantemente da
média, tanto valores bem superiores, como valores bem abaixo. Até na argamassa de traço 1:4,
63
que é a mais resistente, em um dos corpos de prova a resistência ficou abaixo da mínima
requerida por norma. Essa alta variação é ocasionada principalmente no processo de lançamento
na argamassa ao muro. Nas etapas de lançamento da argamassa, foi perceptível que nos locais
mais baixos do muro havia dificuldade maior em lançar a argamassa, e com isso, a energia de
impacto necessária para a adesão da argamassa ao muro era mais baixa, e por consequência a
resistência tinha menores valores. O trabalho de Gonçalves (2004) confirma essa hipótese,
ressaltando a importância da ergonomia do trabalhador na aderência, enfatizando que ao lançar
a argamassas em locais superiores ou inferiores, o pedreiro não consegue impor a mesma força
comparado a regiões próximas a seu tórax. Além disso, nos locais em que a argamassa era mais
pressionada pela colher de pedreiro, ocorreu um aumento da adesão, logo, os resultados mais
altos de aderência provavelmente ocorreram em locais que tiveram maior energia de impacto
no lançamento e também nos locais onde ocorreu bastante pressão na argamassa pela colher de
pedreiro.
Foram feitos doze corpos de prova para traço de argamassa, e devido ao alto coeficiente
de variação apresentado, a média nem sempre pode representar significativamente os resultados
obtidos. Logo, a Figura 4.7 mostras graficamente a porcentagem de corpos de provas de traço
que obtiveram resistência de aderência à tração maior que a mínima requerida por norma para
revestimentos externos.
80 75 75
70
58
60
50 50 50
50
40
30
20
10
0
TIpo de Argamassa
Fonte: O autor
64
A partir da Figura 4.7 percebe-se que do apesar traço 1:6,5 possuir resistência de
aderência à tração de 0,3 MPa, apenas metade de seus corpos de prova obtiveram valores
superiores ao mínimo de resistência exigida. A partir do exposto até o momento, para este traço
é necessária total atenção no momento de lançamento e sarrafeamento da argamassa no
substrato, tentando manter uma homogeneidade de energia de impacto e sempre pressionando
a argamassa contra o muro com o intuito de aumentar a adesão entre argamassa e base. Nas
argamassas de traço 1:7 e 1:7,5, além de não conseguirem a resistência mínima para ambientes
externos, apenas metade de seus corpos de prova obtiveram resultados acima do mínimo, logo
essas argamassas não devem ser usadas em revestimento externos, porém podem ser usadas em
internos.
A partir do trabalho de Ceciliano (2017), em que também foi utilizado resinato de sódio
em substituição à cal, é possível comparar os resultados de resistência à compressão aos
resultados de resistência de aderência à tração. A Tabela 4.6 mostra estes resultados.
formas de ruptura, conforme mostra a Tabela 2.2. A Figura 4.8 mostra os tipos de ruptura para
o traço 1:4,5.
Fonte: O autor
Na figura 4.8 é notável que a maioria dos corpos de prova sofreu ruptura na argamassa
ou no chapisco, três corpos de prova se romperam na interface cola-pastilha, podendo ser
resultado de uma má colagem.
Na Figura 4.9 é possível observar o muro com o traço 1:5 após o arrancamento, e
também observar os tipos de ruptura que ocorreram. Neste traço, a maioria das rupturas ocorreu
no chapisco ou na base.
Fonte: O autor
A Figura 4.10 mostra as porcentagens das formas de ruptura que ocorreram nos 108
corpos de prova analisados.
66
5.9% 10,42%
8.0%
11.9%
Substrato
Substrato/Chapisco
Chapisco
9.9% Chapisco/Argamassa
Argamassa
Arg/cola
Cola/past.
8.9%
52.6%
Fonte: O autor
Pela Figura 4.10, podemos perceber que praticamente metade dos corpos de prova se
rompeu pela argamassa. Além disso, apenas 6% se romperam pela interface cola/pastilha, essa
forma de ruptura se caracteriza por uma falha na colagem das pastilhas. Na interface
argamassa/cola ocorreu cerca de 8% de rupturas, nesta interface deve existir uma atenção
especial, pois essa ruptura significa que a camada superficial é a porção mais fraca do
revestimento, e se os valores forem muitos baixos indicam aderência insuficiente, com
possibilidade de pulverulência. No entanto, os corpos de prova que tiveram ruptura na interface
argamassa/cola possuíram valores de resistência acima do mínimo exigido.
No trabalho de Malagoni e Scartezini (2013) foram analisados ensaios de resistência de
aderência à tração realizadas por diversas empresas de Goiânia. A partir destes ensaios, as
porcentagens de rupturas que ocorreram nos arrancamentos estão ilustrados na Figura 4.11.
67
A partir da Figura 4.11 é possível perceber que aproximadamente 40% das rupturas
ocorreram na argamassa, valor parecido com o resultado obtido nos ensaios realizado neste
trabalho. No entanto, no trabalho de Malagoni e Scartezini (2013), cerca de 48% das rupturas
ocorrem na interface chapisco argamassa, resultado que diferem significantemente nos
resultados obtidos no presente trabalho, em que esse tipo de ruptura ocorreu um cerca de 9%
dos corpos de prova.
Além dos tipos de ruptura citados acima, é possível dividir as formas de rupturas em
apenas dois tipos. A ruptura pode ser do tipo coesiva, que ocorre no interior de algum elemento
do revestimento, neste caso, a argamassa, o chapisco ou a base. A ruptura também pode ser tipo
adesiva, esta ocorre na interface de dois elementos, neste a ruptura ocorreu nas interfaces entre
cola/pastilha, argamassa/cola, chapisco/argamassa e substrato/chapisco. A Figura 4.12 mostra
as percentagens obtidas nos ensaios de cada uma dessas rupturas.
68
5%
27%
Ruptura adesiva
Ruptura coesiva
Falha Colagem
68%
Fonte: O Autor
Pela Figura 4.12 percebe-se que aproximadamente 68% das rupturas ocorreram de
forma coesiva, isto é, a ruptura ocorreu no interior da argamassa ou base e o valor encontrado
e o valor real de resistência de aderência do revestimento, portanto os valores só serão
preocupantes se forem baixos. A ruptura adesiva ocorreu em cerca de 27% dos corpos de prova,
ocorrendo na interface de dois produtos, e nesta ruptura os valores de resistência devem ser
elevados, pois nas interfaces existem uma grande chance de patologias.
69
5 CONCLUSÕES
Em relação à análise dos resultados obtidos, pode-se inferir que a quantidade de cimento
é essencial para a resistência de aderência à tração das argamassas, ou seja, quanto maior for a
quantidade de cimento maior será o valor de resistência obtido. Esse resultado já era esperado
devido as pesquisas feitas na revisão bibliográfica, confirmando a hipótese que a etringita, que
é um dos produtos da hidratação do cimento é o principal responsável pelo travamento da
argamassa nos poros do substrato, e por consequência, da aderência.
Em relação a cal, percebeu-se que a mesma possui grande influência na extensão da
aderência nas argamassa, pois a mesma consegue melhorar a área de contato entre o cimento e
a base, e consequentemente, melhorar a aderência. No traço com cal, notou-se uma maior
facilidade da argamassa em aderir ao muro em comparação com as argamassas à base de
resinato de sódio, sendo que para estas, foi necessário fazer o lançamento da argamassa em duas
camadas, e além disso, com o auxilio da colher de pedreiro era sempre necessário pressionar a
argamassa contra o muro para melhorar a adesão. Portanto, nas argamassas sem cal, a extensão
da aderência é menor devido à falta de cal, e o lançamento da argamassa deve ser feito com um
cuidado maior, e sempre observando se a argamassa está bem aderida ao muro.
Nos ensaios de resistência de aderência à tração, notou-se uma grande variação nos
resultados, hipótese confirmada pelos altos valores de coeficiente de variação obtidos, tendo
um valor médio de aproximadamente 35%. Notou-se que um dos principais motivos que levam
à grande variação na aderência ocorre na etapa de lançamento da argamassa ao muro. No
momento do lançamento, percebeu-se que nos pontos mais baixos do muro, ocorreu uma
dificuldade no lançamento da argamassa, e essa dificuldade implicou em menores energias de
impacto da argamassa no muro comparadas a outros pontos. Sendo, que quanto maior for essa
energia, maior será o travamento entre argamassa e base, e consequentemente maior a
aderência. Outro fator que deve ser levado em conta para melhorar a adesão durante o
lançamento da argamassa, consiste em sempre que possível pressionar a argamassa contra o
muro com a colher de pedreiro, para melhorar a adesão. Além disso, a grande variabilidade dos
resultados de resistência de aderência à tração pode ser diminuída pela padronização do
processo de lançamento da argamassa ao muro, buscando manter a maior homogeneidade
possível, principalmente na energia de impacto, sendo que uma maneira de homogeneizar a
energia de impacto seria através do uso de argamassa projetada.
No que concerne aos valores de resistência obtidas aos traços analisados, apenas os
traços de referência, 1:7 e 1:7,5 não atingiram o valor mínimo requerido pela norma ABNT
70
NBR 13528 para revestimentos externos, sendo que este valor corresponde a 0,30 MPa. No
entanto, esses traços apresentarem valores médios próximos ao mínimo exigido, porém, devido
aos altos valores de coeficiente de variação, o valor médio pode não representar corretamente
a resistência do traço, para isso, deve-se analisar a porcentagens de corpos de provas que
tiveram valores superiores a 0,30 MPa. Nos ensaios realizados, nos traços de 1:7 1:7,5 apenas
50% dos corpos de prova obtiveram valores superiores ao mínimo exigido, e na argamassa de
referência, cerca de 60% dos corpos de prova tiveram resistência superiores a mínima. Logo,
esses três não devem ser usados em revestimentos externos, porém podem ser utilizados em
revestimentos internos. Os demais traços obtiveram resultados altos de resistência média, e a
maior parte dos seus CPs foram aprovados pelos limites da norma. O traço 1:4 obteve a maior
resistência média de aderência à tração, que foi de 0,66 MPa.
71
REFERÊNCIAS
BAUER, L.A.F. Materiais de construção 1. 5 Ed. Rio de Janeiro: Ed. LCT – Livros técnicos
e científicos S.A., v.1, 2008
JOHN, V.; CINCOTTO, M. A.; GUIMARÃES, J. E. P.; RAGO, F. Cal x aditivos orgânicos.
Téchne. São Paulo, no 11, 1994 (julho/agosto), p. 25 - 28.