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SUZANO PAPEL E CELULOSE S.A.

RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL – RIMA DA


ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO FLORESTAL
DA SUZANO, NO ESTADO DO PIAUÍ

RELATÓRIO FINAL
SPC0908 R00

CURITIBA / PR
ABRIL / 2009

 
CONTEÚDO

Pág.

1 – INTRODUÇÃO.....................................................................................1.1

2 - INFORMAÇÕES GERAIS DO EMPREENDIMENTO ................... .....2.1

2.1 - O EMPREENDEDOR ........................................................ .....2.1

2.2 – EMPRESA RESPONSÁVEL PELOS ESTUDOS


AMBIENTAIS .................................................................. .....2.1

2.3 – O EMPREENDIMENTO ................................................... .....2.2

2.3.1 – Histórico................................................................... .....2.2

2.3.2 – O que é? .................................................................. .....2.2

2.3.3 – Onde está Localizado? ................................................ .....2.3

2.3.4 – Como será Implantado?.............................................. .....2.4

2.3.5 – O Porquê de Sua Implantação ..................................... .....2.5

2.3.5.1 - Técnicas.............................................................. .....2.5

2.3.5.2 - Locacionais.......................................................... .....2.5

2.3.5.3 – Socioeconômicas ................................................. .....2.6

2.3.5.4 – Ambientais ......................................................... .....2.7

2.3.6 – Quando o Empreendimento será Implementado?............ ...2.12

2.3.6.1 – Plantio Florestal ................................................... ...2.12

2.3.7 – Quais os Investimentos Necessários para a


Implantação do Projeto? ............................................... ...2.12

2.3.8 – Foram Consideradas Alternativas ao Projeto?................. ...2.13

2.3.8.1 – Alternativas Locacionais........................................ ...2.13

2.3.8.2 – Alternativas Econômicas ....................................... ...2.16

2.3.9 – O Projeto é Compatível com os Planos e Programas


Governamentais?......................................................... ...2.17

i
2.3.10 – Legislação Ambiental Referente ao Licenciamento
do Projeto .................................................................. ...2.18

3 – SÍNTESE DO DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DAS ÁREAS DE


INFLUÊNCIA ........................................................................ .....3.1

3.1 – ÁREAS DE INFLUÊNCIA ................................................ .....3.1

3.1.1 – Definição.................................................................. .....3.1

3.1.2 – Áreas de Influência do Empreendimento ....................... .....3.1

3.1.2.1 – Área Diretamente Afetada (ADA) ........................... .....3.1

3.1.2.2 – Área de Influência Direta (AID) ............................. .....3.2

3.1.2.3 – Área de Influência Indireta (AII) ............................ .....3.2

3.2 – CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL .................................... .....3.4

3.2.1 – Meio Físico................................................................ .....3.5

3.2.1.1 – Clima................................................................. .....3.5

3.2.1.2 – Geologia............................................................. .....3.8

3.2.1.3 – Geomorfologia .................................................... ...3.11

3.2.1.4 – Águas Superficiais ............................................... ...3.15

3.2.1.4.1 – Hidrografia ................................................... ...3.15

3.2.1.4.2 – Disponibilidade e Demanda ............................. ...3.19

3.2.1.4.3 – Analise de Qualidade...................................... ...3.23

3.2.1.5 – Águas Subterrâneas............................................. ...3.29

3.2.1.5.1 – Áreas de Recarga e Disponibilidade .................. ...3.32

3.2.1.5.2 – Risco de Contaminação .................................. ...3.35

3.2.1.6 – Solos ................................................................. ...3.37

3.2.1.7 – Aptidão Agrícola das Terras................................... ...3.48

3.2.2 – Meio Biótico .............................................................. 3.55

3.2.2.1 – Vegetação .......................................................... ...3.55

ii
3.2.2.2.1 – Ictiofauna ..................................................... ...3.68

3.2.2.2.2 – Herpetofauna ................................................ ...3.71

3.2.2.2.3– Avifauna........................................................ ...3.71

3.2.2.2.4– Mastofauna .................................................... ...3.74

3.2.2.2 – Unidades de Conservação ..................................... ...3.76

3.2.3 – Meio Socioeconômico-Cultural ..................................... ...3.78

3.2.3.1 – Demografia e Dinâmica Populacional ...................... ...3.79

3.2.3.2 – Uso e Ocupação do Solo ....................................... ...3.82

3.2.3.3 – Infra-Estrutura .................................................... ...3.85

3.2.3.3.1 – Transportes .................................................. ...3.85

3.2.3.3.2 – Energia ........................................................ ...3.87

3.2.3.3.3 – Comunicação................................................. ...3.88

3.2.3.3.4 – Educação ...................................................... ...3.89

3.2.3.3.5 – Saúde .......................................................... ...3.92

3.2.3.3.6 – Saneamento ................................................. ...3.94

3.2.3.4 – Desenvolvimento Humano..................................... ...3.96

3.2.3.5 – Desenvolvimento Econômico ................................. ...3.99

3.2.3.5.1 – Economia Familiar.......................................... ...3.99

3.2.3.5.2 – População e Renda......................................... ...3.99

3.2.3.5.3 – Emprego....................................................... .3.102

3.2.3.5.4 – Arrecadação dos Municípios ............................. .3.103

3.2.3.5.5 – Produto Interno Bruto, PIB Per Capita, Índice


de Gini e Incidência de Pobreza........................... .3.103

3.2.3.5.6 – Principais Atividades Produtivas ....................... .3.107

3.2.3.6 – Aspectos Culturais ............................................... .3.109

3.2.3.7 – Conflitos e Tensões Sociais.................................... .3.110

iii
3.2.3.8 – Percepção das Comunidades Sobre o Projeto
Florestal a ser Implantado no Estado do Piauí ............ .3.112

4 – OS IMPACTOS AMBIENTAIS E AS MEDIDAS MITIGADORAS


RECOMENDADAS ................................................................. .... 4.1

4.1 - METODOLOGIA ............................................................. .... 4.1

4.2 – RESULTADOS DA ANÁLISE AMBIENTAL ........................ .... 4.3

4.3 - BALANÇO AMBIENTAL................................................... ...4.15

5 – PROGRAMAS AMBIENTAIS.................................................. .....5.1

6 – PROGNÓSTICO DA QUALIDADE AMBIENTAL FUTURA .......... .... 6.1

6.1 – SEM O EMPREENDIMENTO ............................................ .... 6.1

6.1.1 – Meio Físico................................................................ .... 6.1

6.1.1.1 – Ar ..................................................................... .... 6.1

6.1.1.2 – Recursos Hídricos ................................................ .... 6.1

6.1.1.3 - Solo ................................................................... .... 6.2

6.1.2 – Meio Biótico .............................................................. .... 6.2

6.1.2.1 – Flora.................................................................. .... 6.2

6.1.2.2 – Fauna ................................................................ .... 6.3

6.1.3 – Meio Socioeconômico ................................................. .... 6.3

6.2 – COM O EMPREENDIMENTO ........................................... .... 6.7

6.2.1 – Meio Físico................................................................ .... 6.7

6.2.3.1 – Ar ..................................................................... .... 6.7

6.2.3.2 – Águas ................................................................ .... 6.8

6.2.3.3 - Solo ................................................................... .... 6.8

6.2.2 – Meio Biótico .............................................................. .... 6.9

6.2.2.1 – Flora.................................................................. .... 6.9

6.2.2.2 – Fauna ................................................................ ...6.10

iv
6.2.3 – Meio Socioeconômico ................................................. .. 6.10

7 – CONCLUSÕES...................................................................... .... 7.1

7.1 – O PROJETO ................................................................... .... 7.1

7.2 - CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL ..................................... .... 7.1

7.4 – COMENTÁRIOS FINAIS ................................................. .... 7.2

8 – EQUIPE TÉCNICA ................................................................ .... 8.1

v
LISTA DE TABELAS
Pág.

Tabela 2.01 - Fases, Subfases e Principais Atividades do Projeto.......... .....2.4

Tabela 2.02 – Comparação entre o Consumo de Água do


Eucalipto e outras Culturas ........................................ .....2.8

Tabela 2.03 – Quantidade de Macronutrientes Retirada por


Diferentes Culturas ................................................... .....2.9

Tabela 2.04 - Perdas de Solo sob Diferentes Formas de Cobertura


Vegetal ................................................................... ...2.10

Tabela 2.05 - Programa de Plantio................................................. ...2.12

Tabela 2.06 – Características da Região de Teresina ........................ ...2.14

Tabela 3.01 – Área das Sub-Bacias Principais da Região


Hidrográfica do Parnaíba (1.000 Km2) ......................... ...3.15

Tabela 3.02 – Divisão das Sub-Bacias Principais do Rio Parnaíba ....... ...3.15

Tabela 3.03 – Demandas de Recursos Hídricos por Sub-bacia


da Região Hidrográfica do Parnaíba ............................. ...3.21

Tabela 3.04 – Critério de Avaliação para Análise da Demanda ........... ...3.22

Tabela 3.05 – Balanço entre a Disponibilidade e Demanda ................ ...3.22

Tabela 3.06 – Pontos de Coleta de Água ........................................ ...3.23

Tabela 3.07 – Padrão de Qualidade de Águas Doces Superficiais


(CONAMA 357/05) .................................................... ...3.26

Tabela 3.08 – Resultados de Análises Físico-Químicas em


Amostras de Água, Período Seco................................. ...3.27

Tabela 3.09 – Resultados de Análises Físico-Químicas em


Amostras de Água, Período Seco................................. ...3.27

Tabela 3.10 – Resultados de Análises Físico-Químicas em


Amostras de Água, Período Seco................................. ...3.28

Tabela 3.11 – Área de Recarga dos Aqüíferos (Km2) ........................ ...3.32

Tabela 3.12 – Reserva Explotável nos Aquíferos da Região


Hidrográfica do Parnaíba............................................ ...3.34
vi
Tabela 3.13 – Classificação dos Tipos de Solos Identificados na
Região do Empreendimento........................................ ...3.37

Tabela 3.14 – Legenda de Identificação das Unidades de


Mapeamento ............................................................ ...3.47

Tabela 3.15 – Unidade de Mapeamento e as Classes de Aptidão


Agrícola das Terras ................................................... ...3.52

Tabela 3.16 – Área de Ocorrência das Unidades de Aptidão


Agrícola das Terras no Raio de abrangência do
Empreendimento ...................................................... ...3.54

Tabela 3.17 – Espécies de Peixes de Escamas mais Comuns


Encontradas na Bacia do rio Parnaíba .......................... ...3.70

Tabela 3.18 – Peixes de Couro Encontrados com Freqüência nas


Pescarias ................................................................. ...3.70

Tabela 3.19 - Peixes em Vias de Extinção Devido à Sobrepesca e


Pesca Predatória ....................................................... ...3.70

Tabela 3.20 – População Total e sua Respectiva Distribuição


Percentual, por Sexo e Situação do Domicílio,
Segundo os Municípios de Influência Indireta, 2000 ....... ...3.80

Tabela 3.21 – População Total e sua Respectiva Distribuição


Percentual, por Sexo e Situação do Domicílio,
Segundo os Municípios Propícios, 2000 ........................ ...3.81

Tabela 3.22 – Classificação Fundiária dos Municípios Propícios ........... ...3.84

Tabela 3.23 – Logística de Acesso aos Municípios............................. ...3.87

Tabela 3.24 – Número de Matrículas e Escolas nos Municípios de


Influência Indireta .................................................... ...3.90

Tabela 3.25 – Número de Matrículas e Escolas nos Municípios


Propícios.................................................................. ...3.91

Tabela 3.26 – Forma de Abastecimento de Água nos Municípios


de Influência Indireta, 2000 ....................................... ...3.94

Tabela 3.27 - Forma de Abastecimento de Água nos Municípios


Propícios, 2000......................................................... ...3.95

Tabela 3.28 – Desenvolvimento Humano nos Municípios da Área de


Influência Indireta entre 1991 e 2000.......................... ...3.97

vii
Tabela 3.29 - Desenvolvimento Humano nos Municípios Propícios
entre 1991 e 2000.................................................... ...3.98

Tabela 3.30 – População em Idade Economicamente Ativa e Não


Ativa dos Municípios de Influencia Indireta ................... .3.100

Tabela 3.31 – População em Idade Economicamente Ativa e Não


Ativa dos Municípios Propícios .................................... .3.101

Tabela 3.32 – Produto Interno Bruto (PIB) dos Municípios, 2006........ .3.104

Tabela 3.34 – Índice de Gini e Incidência de Pobreza dos


Municípios de Influência Indireta................................. .3.105

Tabela 3.35 –Índice de Gini e Incidência de Pobreza dos


Municípios Propícios .................................................. .3.106

Tabela 3.36 – Relação dos Assentamentos Estaduais nas Áreas de


Influência Indireta .................................................... .3.110

Tabela 3.37 – Relação dos Assentamentos Estaduais nas Áreas dos


Municípios Propícios .................................................. ...3.11

Tabela 4.01 – Ações e Atividades do Empreendimento durante a


Implantação e Operação..................................................4.3

Tabela 4.02 – Atividades, Aspectos, Impactos e Medidas para o


Fator Ambiental Ar.................................................... .....4.4

Tabela 4.03 – Atividades, Aspectos, Impactos e Medidas para o


Fator Ambiental Água................................................ .....4.5

Tabela 4.04 – Atividades, Aspectos, Impactos e Medidas para o


Fator Ambiental Solo / Subsolo................................... .....4.6

Tabela 4.05 – Atividades, Aspectos, Impactos e Medidas para o


Fator Ambiental Vegetação ........................................ .....4.7

Tabela 4.06 – Atividades, Aspectos, Impactos e Medidas para o


Fator Ambiental Fauna .............................................. .....4.8

Tabela 4.07 – Atividades, Aspectos, Impactos e Medidas para a


Estrutura Fundiária ................................................... ...4.10

Tabela 4.08 – Atividades, Aspectos, Impactos e Medidas para os


Aspectos Sociais....................................................... ...4.11

Tabela 4.09 – Atividades, Aspectos, Impactos e Medidas para a


Economia Regional ................................................... ...4.12
viii
Tabela 4.10 – Atividades, Aspectos, Impactos e Medidas para o
Patrimônio Arqueológico e Cultural .............................. ...4.13

Tabela 4.11 – Atividades, Aspectos, Impactos e Medidas para a


Infra Estrutura ......................................................... ...4.14

Tabela 4.12 – Balanço da Avaliação Quantitativa ............................. ...4.17

Tabela 4.13 - Síntese do Balanço da Avaliação Quantitativa .............. ...4.18

Tabela 5.01 – Programas Ambientais Vinculados Diretamente com


o Empreendimento.................................................... .....5.3

Tabela 5.02 – Programas Ambientais Indiretos ................................ ...5.10

Tabela 6.01 – Indicadores do Setor de Florestas Plantadas................ ...6.12

ix
LISTA DE FIGURAS
Pág.

Figura 2.01. Área de Abrangência do Projeto Florestal da Suzano ...... .....2.3

Figura 2.02 – Número de Empregos Gerados (Diretos, Indiretos


e a partir do Efeito-Renda), por Setor, para cada
R$ 10 milhões Investidos ............................................ .....2.6

Figura 2.03 – Quantidade de Água (mm) Necessária Durante


um Ano ou Ciclo da Cultura ......................................... .....2.8

Figura 2.04 – Comparativo do Retorno entre a Cultura de


Eucalipto e a de Bovinos ............................................. ...2.16

Figura 3.01 – Área de Influência Indireta (AII) Relativa à


Socioeconomia .......................................................... .....3.3

Figura 3.02 – Áreas de Influência Indireta (AII) dos Meios Físico


e Biótico ................................................................... .....3.4

Figura 3.03– Delimitações dos Regimes Pluviométricos, Área do


Semi-Árido e dos Fatores Provocadores de Chuva........... .....3.6

Figura 3.04 – Balanço Hídrico, Precipitação Climatológica,


Evapotranspiração Potencial e Evaporação Real.
Latitude 06°00`. Capacidade de Campo: 100 mm. ......... .....3.7

Figura 3.05 – Províncias Estruturais Brasileiras ............................... .....3.9

Figura 3.06 – Coluna Geológica da Bacia Sedimentar do Parnaíba ...... ...3.10

Figura 3.07 – Geologia da Área de Estudo ...................................... ...3.11

Figura 3.08 – Geomorfologia do Estado do Piauí .............................. ...3.13

Figura 3.09 – Geossistemas do Estado do Piauí ............................... ...3.14

Figura 3.10 – Hidrografia da Área de Estudo ................................... ...3.18

Figura 3.11 – Distribuição Mensal da Vazão Média ........................... ...3.19

Figura 3.12 – Distribuição Mensal da Vazão Máxima......................... ...3.20

Figura 3.13 – Distribuição Mensal da Vazão Mínima ......................... ...3.20

Figura 3.14 – Hidrogeologia da Área de Estudo ............................... ...3.29

x
Figura 3.15 – Modelo Representativo da Drenagem Vertical
Ascendente entre os Aqüíferos e o Rio Gurguéia ............. ...3.33

Figura 3.16 – Solos da Área de Estudo ........................................... ...3.48

Figura 3.17 – Vegetação da Área de Estudo .................................... ...3.56

Figura 3.18 – Unidades de Conservação na Área de Estudo ............... ...3.77

Figura 3.19 – Mapa das Rodovias Federais do Piauí .......................... ...3.86

Figura 4.01 - Relação Causa / Efeito Utilizada na Avaliação


Ambiental.......................................................................4.1

Figura 6.01 - Níveis de Agregação de Valor à Madeira ...................... ...6.13

xi
LISTA DE FOTOS
Pág.

Foto 3.01 – Locais de Coleta de Água ............................................ ...3.24

Foto 3.02 – Perfil dos Principais Grandes Grupos de Argissolos


Identificados ............................................................. ...3.39

Foto 3.03 – Perfil dos Principais Grandes Grupos de Latossolos


Identificados ............................................................. ...3.40

Foto 3.04 – Perfil dos Principais Grandes Grupos de Plintossolos


Identificados ............................................................. ...3.41

Foto 3.05 – Área de Ocorrência de Plintossolo Pétrico ...................... ...3.42

Foto 3.06 – Paisagem e Pefil de Grandes Grupos de Neossolos


Litólicos .................................................................... ...3.43

Foto 3.07 – Paisagem e Perfil de Grandes Grupos de Neossolos


Quartzarênicos .......................................................... ...3.43

Foto 3.08 – Paisagem e Perfil de Gleissolo Háplico ........................... ...3.44

Foto 3.09 – Perfil dos Principais Grandes Grupos de Cambissolos


Identificados ............................................................. ...3.45

Foto 3.10 – Área de Canga Lateritíca Presente na Área do


Empreendimento ....................................................... ...3.46

Foto 3.11 – Formações Vegetacionais na Região do


Empreendimento ....................................................... ...3.61

Foto 3.12 – Nova Espécie de Bromélia Encontrada no Platô de


Campo Maior............................................................. ...3.62

Foto 3.13 – Exemplar de Gonçalo-Alves ......................................... ...3.67

Foto 3.14 – Espécies Protegidas por Lei e com Aproveitamento


Econômico no Estado do Piauí...................................... ...3.67

Foto 3.15 – Espécies Endêmicas da Caatinga, Registradas na Área .... ...3.72

Foto 3.16 – O Arapaçú-do-Nordeste (Xiphocolaptes falcirostris),


Espécie Ameaçada de Extinção .................................... ...3.73

xii
Foto 3.17 – Algumas Espécies Ameaçadas de Extinção Registradas
na Área e Abatidas pela Comunidade Regional ............... ...3.75

Foto 3.18 – Hospital Regional de Amarante-PI................................. ...3.92

Foto 3.19 – Hospital Estadual de Elesbão Veloso-PI.......................... ...3.94

Foto 3.20 – Roça Irrigada em Hugo Napoleão-PI.............................. .3.109

xiii
1 – APRESENTAÇÃO
1 – APRESENTAÇÃO
A STCP Engenharia de Projetos Ltda., contratada para a elaboração do
“Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA / RIMA) da Área
Destinada à Implantação do Projeto Florestal da SUZANO – PAPEL E
CELULOSE S.A”, apresenta o RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL –
RIMA, estruturado de forma a atender o estabelecido na Resolução
CONAMA 001/86, com a apresentação sintetizada e em linguagem adequada
ao público, os resultados obtidos no Estudo de Impacto Ambiental – EIA, e
em consonância com o estabelecido no Termo de Referência aprovado pela
Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí –
SEMAR/PI.

O empreendimento florestal em análise tem como objetivo suprir a demanda


da indústria de celulose a ser instalada no Estado, com uma capacidade
prevista de produção de 1,3 milhões de toneladas, para tanto, a empresa
prevê a necessidade de plantio numa área de 160.000 hectares de
reflorestamento, onde serão determinadas nestas áreas, as áreas de
Reserva Legal e de Preservação Permanente formadas por vegetação nativa,
de forma a compor um ambiente integrado a fim de possibilitar a
manutenção da fauna local, bem como o plantio efetivo do reflorestamento e
toda a infra-estrutura necessária para a instalação e manutenção do
empreendimento.

A celulose a ser produzida terá como matéria-prima madeira proveniente de


reflorestamentos com espécies pertencentes ao gênero Eucalyptus spp.,
buscando assim atender a demanda interna da empresa através de plantios
próprios.

A base florestal a ser formada para atender a indústria de celulose estará


inserida total ou parcialmente nos seguintes municípios: Agricolândia, Água
Branca, Alto Longá, Altos, Amarante, Angical do Piauí, Barro Duro,
Beneditinos, Campo Maior, Castelo do Piauí, Coivaras, Curralinhos, Demerval
Lobão, Elesbão Veloso, Hugo Napoleão, Jardim do Mulato, Jatobá do Piauí,
Lagoa do Piauí, Lagoinha do Piauí, Miguel Leão, Monsenhor Gil, Nazária,
Novo Santo Antônio, Olho d`Água do Piauí, Palmeirais, Passagem Franca do
Piauí, Prata do Piauí, Regeneração, Santa Cruz dos Milagres, Santo Antônio
dos Milagres, São Félix do Piauí, São Gonçalo do Piauí, São João da Serra,
1 – Introdução

São Miguel da Baixa Grande, São Miguel do Tapuio, São Pedro do Piauí,
Sigefredo Pacheco e Teresina.

Portanto, este é o documento elaborado pela equipe multidisciplinar da STCP


Engenharia de Projetos Ltda., a ser submetido à Secretaria de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí – SEMAR/PI, como instrumento para
o licenciamento das atividades relativas ao estabelecimento da base florestal
da SUZANO com plantios de eucalipto.

1.2 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


2 – INFORMAÇÕES GERAIS
2 - INFORMAÇÕES GERAIS DO EMPREENDIMENTO

2.1 - O Empreendedor
Empreendedor: SUZANO – PAPEL E CELULOSE S.A

CNPJ: 16.404.287/0170-40

Endereço: Avenida Nossa Senhora de Fátima, Nº1557, Jóquei, CEP 64.048-


180, Teresina/PI
Telefone: (86) 3232-6990

Gerente Executivo de Relações Institucionais: Sr. Luiz B. Cornacchioni


e-mail: lcornacchioni@suzano.com.br

Gerente de Operações Nordeste: Sr. Osni Sanchez


e-mail: osanchez@suzano.com.br

2.2 – Empresa Responsável pelos Estudos Ambientais


Empresa: STCP ENGENHARIA DE PROJETOS LTDA.

CNPJ: 81.188.542/0001-31

Endereço: Rua Euzébio da Motta, 450, Juvevê, CEP 80.530-260, Curitiba/PR

Telefone: (41) 3252-5861


Fax: (41) 3252-5871
e-mail: stcp@stcp.com.br
Visto CREA/PI: 18831

Responsável Técnico: Joésio Deoclécio Pierin Siqueira


Doutor em Política e Economia Florestal
CREA 4.057/D-PR Visto CREA/PI: 18696

2009© STCP Engenharia de Projetos Ltda.


2 - Informações Gerais

2.3 – O Empreendimento

2.3.1 – Histórico

O grupo SUZANO, considerado hoje um dos maiores conglomerados


empresariais do Brasil, foi fundado com a criação de uma empresa comercial
pelo ucraniano Leon Feffer, nascido em 1902, na cidade de Kolki, que após
sua emigração para o Brasil em 1921, passou a atuar no ramo de venda de
papéis, passando logo para a manufatura, fabricando envelopes, sacos de
papel e embalagens, montando também uma pequena tipografia.

Em razão da dependência do Brasil em relação à importação do papel, a


empresa começou a ter dificuldades em suas atividades, motivo pelo qual
em 1939 seu fundador decidiu construir uma fábrica própria. No entanto, a
nova indústria continuou dependente da importação, agora da matéria-
prima, a celulose de pinus.

Essa dependência forçou a empresa a investir no desenvolvimento da


celulose de eucalipto, que mudou os paradigmas da indústria brasileira de
papel. A SUZANO investiu também no desenvolvimento do mercado externo,
transformando-se a partir da década de 60 numa das mais importantes
empresas do Brasil.

A partir do início dos anos 90, a empresa passou por um amplo programa de
reestruturação e profissionalização, balizando suas atividades nos setores de
papel e celulose e em petroquímica. Dentro desse novo contexto, a SUZANO
definiu suas políticas socioambientais, por meio de ações efetivas, como a
criação do Instituto Ecofuturo, visando a promoção do Desenvolvimento
Sustentável.

Em 2008, a SUZANO – Papel e Celulose S.A., anunciou o plano de expansão


com a construção de duas plantas industriais nos Estados do Maranhão e
Piauí e ampliação da Unidade de Mucuri.

2.3.2 – O que é?

O empreendimento abrange o plantio de uma área de 110.000 hectares com


espécies de eucalipto para produção de celulose. Além de áreas de efetivo
plantio, o projeto inclui também as áreas destinadas à infra-estrutura
(estradas), Áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanentes (definidos
por Legislação específica) e áreas de conservação adicionais (corredores
ecológicos e outros), perfazendo um total ainda a ser definido com a
aquisição de novas áreas.

2.2 2009© STCP Engenharia de Projetos Ltda


2 – Informações Gerais

A produtividade considerada para o plantio é de 35,0 m³/ha/ano para a


produção do eucalipto, resultando em um volume de 245 m³/ha/ano ao final
de cada ciclo de 7 anos.

2.3.3 – Onde está Localizado?

A área de abrangência deste estudo ambiental está localizada dentro de um


raio / área de 120 km a partir do município de Nazária no oeste do Estado
do Piauí (figura 2.01).

Figura 2.01. Área de Abrangência do Projeto Florestal da Suzano

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 2.3


2 - Informações Gerais

2.3.4 – Como será Implantado?

As principais atividades previstas para o plantio florestal, considerando as


fases de planejamento, implantação e operação, estão relacionadas nas
tabela 2.01.

Tabela 2.01 - Fases, Subfases e Principais Atividades do Projeto


FASES SUBFASES ATIVIDADES
PLANEJAMENTO

Licenciamento
Elaboração de cronogramas preliminares
Comunicação, Negociação e Aquisição de Terras
Formação de estrutura própria, complementada com empresas
especializadas
IMPLANTAÇÃO

Infra-Estrutura Implantação de Estradas e Aceiros

Limpeza do terreno
Limpeza do Terreno Enleiramento de resíduos
Sistematização das Áreas
Combate a formigas e repasse; Calagem; Gradagem
Preparo do Solo Subsolagem / fosfatagem, Fertilização;
Conservação de estradas e aceiros

FORMAÇÃO Transporte e distribuição das mudas;


FLORESTAL Plantio/ Replantio Plantio; Replantio; Repasse a formiga; Limpeza (herbicidas,
(ano 0) capina manual e mecanizada); Adubação de cobertura e
Manutenção de Estradas e Aceiros.

Monitoramento e combate a pragas; Conservação de estradas


Manutenção
e aceiros; Capina de manutenção
(anos 1 a 12)
Adubação de Cobertura e Prevenção e Combate a incêndios

Adubação; Desbrota; Aplicação de herbicida pré-emergente;


Rotação
(anos 6 a 12) Repasse a formiga; Capina pós-emergente (manual e
herbicida)
OPERAÇÃO
Colheita
Corte; Desgalhamento, Traçamento, Descascamento e Baldeio
(ano 7 e 13)
COLHEITA E
TRANSPORTE Transporte Carregamento; Transporte até à Unidade Industrial
DA MADEIRA
Manutenção / Estradas principais, secundárias e Aceiros
Reforma da Rede
Viária Pátio de Estocagem de Madeira
Fonte: SUZANO (2009).

2.4 2009© STCP Engenharia de Projetos Ltda


2 – Informações Gerais

2.3.5 – O Porquê de Sua Implantação

O empreendimento florestal da SUZANO apresenta uma visão integrada,


entre o plantio das áreas e a futura produção de celulose

As justificativas para a implantação desse projeto estão relacionadas em


quatro dimensões: técnicas, locacionais, socioeconômicas e ambientais,
sintetizadas a seguir.

2.3.5.1 - Técnicas

O gênero Eucalyptus é um dos gêneros mais utilizados nos reflorestamentos


no Brasil, justificado principalmente pela sua alta produtividade e a série de
vantagens que esta espécie proporciona, tais como:

− Rápido crescimento, proporcionando curto período de rotação;


− Possuir elevado incremento médio anual em volume;
− Madeira com adequada qualidade tecnológica para fins industriais;
− Fácil cultivo e reprodução;
− Fácil manejo em maciços puros e mistos;
− Resistência ao ataque de pragas; e,
− Possibilidade de mais de um ciclo de corte, sem necessidade de
renovação de plantio.

Para atender a demanda de plantio anual, a SUZANO prevê instalações para


a produção de 30 milhões de mudas por ano, essa produção poderá ser
parte de viveiros próprios e parte de terceiros, sendo que a tecnologia
adotada terá como base a experiência adquirida e o resultado de 20 anos de
pesquisa da empresa Comercial e Agrícola Paineiras Ltda., subsidiária do
grupo SUZANO instalada no Maranhão.

2.3.5.2 - Locacionais

Para compor à análise de alternativas locacionais é necessário que sejam


delineados os pré-requisitos que uma possível localidade deve possuir para
suportar o projeto. Os principais pré-requisitos identificados da região ao
entorno de Teresina são:

− Disponibilidade de terras propícias ao plantio florestal;


− Maior parte da rede viária asfaltada encontra-se em boas condições,
possibilitando acesso aos portos das regiões Norte e Nordeste;

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 2.5


2 - Informações Gerais

− Facilidades de acesso à infra-estrutura rodoviária e rodoferroviária; e


− A existência de um terminal de cargas em Teresina possibilita acesso
aos portos de Itaqui (MA), Suápe (PE) e Pecém (CE);
− O Estado apresenta excedente de energia e a região é bem servida
por linhas de transmissão.

Será também observado o posicionamento das áreas de plantio em relação


ao município de Nazária, com o objetivo de otimizar o mesmo, ou seja,
abranger uma maior área plantada dentro de um menor raio de distância,
visando um menor impacto ambiental e a redução de custos. O
empreendimento prevê então, sua instalação dentro de um raio médio de
120 Km entre as áreas de plantio e Nazária.

2.3.5.3 – Socioeconômicas

A silvicultura em seu processo de produção gera recursos e serviços


englobando todos os setores da economia. Comparativamente com outros
setores industriais, o de produção de madeira e mobiliário está em 5º lugar
na geração de empregos, com um valor estimado de 805 empregos para
cada R$ 10 milhões investidos (figura 2.02).

Figura 2.02 – Número de Empregos Gerados (Diretos, Indiretos e a partir


do Efeito-Renda), por Setor, para cada R$ 10 milhões Investidos

Serv. Prestados à Empresas

Abate de Animais

Fabricação de Açucar

Fabricação de Calçados

Indústria do Café

Madeiras e Mobiliário

Comércio

Agropecuária

Artigos de Vestuário

Serv. Prestados à Familia

0 220 440 660 880 1100


Empregos Gerados/ R$ 10 milhões investidos

Fonte: ABRAF (2008) – Adaptado por STCP.

A estimativa da geração para o empreendimento da Suzano é de 2.420


empregos diretos e 9.680 indiretos.

2.6 2009© STCP Engenharia de Projetos Ltda


2 – Informações Gerais

2.3.5.4 – Ambientais

Os principais benefícios obtidos através da implantação e conservação de


plantios florestais, no que se refere às questões ambientais são:

− Melhoria da infiltração de água no solo;

− Diminuição da pressão sobre as florestas nativas;

− Preservação e Conservação de florestas nativas (APP, RL e outras


áreas de conservação);

− Corredores de fauna e conectividade entre áreas de reserva;

− Melhoria da qualidade dos solos;

− Planejamento do uso do solo, a partir de um programa de


zoneamento ambiental;

− Seqüestro de carbono (mitigação do efeito estufa); e,

− Melhoria no microclima regional.

• Água

O consumo de água por plantações de eucalipto situa-se dentro da faixa de


variação do consumo apresentado por outras espécies florestais e culturas
agrícolas. Isso ocorre em razão de um mecanismo bem desenvolvido de
controle da transpiração pelas folhas (figura 2.03 e tabela 2.02).

De acordo com as pesquisas relatadas na figura e tabela acima, o eucalipto


demanda menos quantidade de água no seu desenvolvimento, e a eficiência
do uso desse total de água, em relação a quantidade de madeira produzida
por unidade de água consumida, é maior e tem uma ligeira vantagem em
relação a algumas culturas agrícolas e outras coberturas florestais.

A floresta de eucalipto também é capaz de proporcionar outros benefícios ao


meio ambiente, como por exemplo, ao manter o solo coberto pelas plantas e
serrapilheira, é dado ao mesmo uma excelente proteção que também
aumenta a infiltração de água, resultando na regularização da vazão dos rios
ao entorno da floresta (COSTA, 1990).

Também se comporta como qualquer outra espécie florestal em relação ao


déficit anual da água no solo e à dinâmica da água subterrânea. A mesma
depende da distribuição do sistema radicular, característica que varia
conforme a espécie.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 2.7


2 - Informações Gerais

Figura 2.03 – Quantidade de Água (mm) Necessária Durante um Ano ou


Ciclo da Cultura

Min Máx

2500

2000
2000

1500 1200 1200 1200


1000
1000 800 800 800
600
600
400
500 300

0
Cana-de- Café Citrus Eucalipto Milho Feijão
açúcar

Obs.: 1 mm (milímetro) corresponde a 1 litro por metro quadrado

Fontes: Calder, et. al., 1992 e Lima, W. de P., 1993

Tabela 2.02 – Comparação entre o Consumo de Água do Eucalipto e


outras Culturas

CULTURA / COBERTURA EFICIÊNCIA NO USO DE ÁGUA

Batata 1 kg de batata / 2.000 L

Milho 1 kg de milho / 1.000 L

Cana-de-açúcar 1 kg de açúcar / 500 L

Cerrado 1 kg de madeira / 2.500 L

Eucalipto 1 kg de madeira / 350 L

Fonte: NOVAIS, et. al., 1996.

A raiz é responsável pela sustentação da árvore, em geral não ultrapassando


3 (três) metros de profundidade.

A grande maioria de espécies de eucalipto desenvolveram mecanismos


fisiológicos de adaptação a ambientes de déficit hídrico, ou seja, apresentam
mecanismos de controle quanto ao consumo de água em períodos do ano de
menor disponibilidade de água no solo. Assim como qualquer espécie de

2.8 2009© STCP Engenharia de Projetos Ltda


2 – Informações Gerais

rápido crescimento, o eucalipto durante sua fase de crescimento mais


agudo, pode muitas vezes apresentar um balanço negativo entre a água
infiltrada (chuva e irrigação) e a retirada através das raízes, porém o
equilíbrio é reposto ao longo do ciclo.
Diante do exposto acima e fazendo uma análise do ponto de vista da
hidrologia florestal, independentemente da formação florestal em questão,
deve-se ter conhecimento de como a floresta atua no balanço hídrico de
uma determinada bacia hidrográfica, comparativamente a outras coberturas
vegetais. Com isso, integrar práticas de manejo de bacias hidrográficas com
o manejo florestal, possibilitando obter os benefícios econômicos, sociais e
principalmente os ambientais desejáveis.

• Solo

Muitos resultados indicam os benefícios gerados pelas plantações de


eucalipto sobre as propriedades químicas do solo, atribuindo-os
principalmente a melhoria nas condições da matéria orgânica e da atividade
microbiológica. Entretanto tal análise deve considerar que esse tipo de
cultivo é resultado de um planejamento adequado de uso e ocupação do
solo.
As espécies do gênero Eucalyptus são provenientes da Austrália, cujos solos
são de modo geral, de baixa fertilidade, principalmente em relação ao
fósforo.
A demanda de nutrientes de plantações de espécies de eucalipto de rápido
crescimento é alta, porém da mesma ordem de grandeza daquela
apresentada por outras espécies florestais de rápido crescimento, e muito
menor do que a demanda normalmente apresentada por culturas agrícolas
(tabela 2.03).

Tabela 2.03 – Quantidade de Macronutrientes Retirada por


Diferentes Culturas
NUTRIENTES (Kg/ha.ano)
CULTURA
N P K Ca Mg
PLANTAÇÕES DE ESPÉCIES FLORESTAIS
E. saligna 21,9 5,8 19,1 95,4 8,1
E. grandis 42 1,6 15,6 76,7 5,1
E. camaldulensis 29,5 8,7 32,8 93,1 -
P. radiata 36,5 1,5 11,4 12,4 6,1
P. caribaea 21,7 1,2 10,7 7,4 2,4
Teca 81,8 29,8 135,0 118,6 53,7

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 2.9


2 - Informações Gerais

NUTRIENTES (Kg/ha.ano)
CULTURA
N P K Ca Mg
CULTURAS AGRÍCOLAS
Café 93,0 4,4 127,0 10,0 9,0
Trigo 80,0 8,0 12,0 1,0 4,0
Cenoura 267,0 42,0 835,0 199,0 32,0
Milho 127,0 26,0 37,5 1,0 11,0
Cana-de-açucar 208,0 22,0 200,0 153,0 67,0
Laranja 23,0 2,0 18,0 6,0 1,5
Fonte: LIMA (1987) – Adaptado por STCP.

É importante levar em consideração na comparação entre as culturas a sua


sazonalidade, ou seja, distúrbios em relação a preparação do solo ocorrem
de forma anual em culturas agrícolas, enquanto que na do eucalipto,
ocorrem apenas a cada 7 anos, quando ocorre a primeira reforma, ou a cada
21 anos, quando é manejado através de três rotações consecutivas de
brotações.

Em relação à perda de solo, o eucalipto quando comparada a outras culturas


o seu valor só é maior do que o de uma floresta nativa (tabela 2.04).

Tabela 2.04 - Perdas de Solo sob Diferentes Formas de Cobertura


Vegetal
COBERTURA VEGETAL KG/HA.ANO
Floresta Nativa 4
Reflorestamento 40
Pastagem 400
Café 900
Cana-de-açúcar 12.400
Soja 20.100
Algodão 24.800
Feijão 38.100
Fonte: Programa Nacional de Conservação do Solo, Prosolo (1983)

• Ar

Atualmente com a expansão industrial e da concentração da população em


grandes centros urbanos, diversas fontes de geração da poluição do ar são
geradas. Resultados indicam hoje que diversas substâncias tidas como
inócuas (como o gás carbônico e o clorofluorcarbono), são hoje considerados
uma ameaça para a biosfera.

2.10 2009© STCP Engenharia de Projetos Ltda


2 – Informações Gerais

O efeito estufa é hoje uma das grandes preocupações da humanidade,


estima-se que hoje 50% desse fenômeno é causado pelo CO2,
apresentando-se como principais fontes à queima de combustíveis fósseis
(petróleo, carvão mineral e gás natural) em indústrias, usinas termelétricas,
veículos e uso residencial. A redução da cobertura vegetal também é um
fator importante dentro desse processo, pois se trata de uma forma de
armazenagem natural de carbono.

Como forma de amenização desse efeito, apresentam-se duas alternativas,


sendo elas: redução nas emissões de gás carbônico e desenvolvimento de
sorvedouros para consumo do excesso.

Essa última baseia-se no fato que a árvore retira do meio ambiente


basicamente: carbono, hidrogênio, oxigênio, e água e sais minerais. A
fotossíntese é responsável pela transformação desses elementos em
carboidratos (monossacarídeos, oligossacarídeos, e polissacarídeos),
proteínas, lipídios, e outros componentes.

O projeto FLORAM é um dos grandes exemplos de propostas para o


estabelecimento de sorvedouros de carbono. Foi concebido e desenvolvido
pelo Instituto de Estudos Avançados da USP, baseando-se no
estabelecimento de um megareflorestamento destinado a reduzir o excesso
de CO2 do ar, conciliando o componente ambiental com o de
desenvolvimento econômico e social.

• Fauna e Flora

Outra crítica comum realizada a cultura do eucalipto é o seu possível efeito


alelopático, ou seja, que pode vir a criar condições desfavoráveis ao
crescimento de outras plantas.

Por se tratar de uma cultura de crescimento rápido, requer um esquema


cuidadoso de preparo do solo e controle de mato competição durante o seu
estágio inicial de implantação. Com o desenvolvimento do plantio, a copa
começa a permitir a penetração da luz, que permitirá o crescimento do sub-
bosque.

Em um ecossistema florestal, a quantidade e a diversidade de espécies da


fauna depende do número de nichos disponíveis no hábitat. Dessa forma,
num plantio de eucalipto que se trata de uma monocultura, é reconhecida a
menor capacidade de suporte para uma alta diversidade de fauna.

Considera-se que o eucalipto, quando comparado com extensas áreas


estabelecidas com cultivos agrícolas e pastagens, constitui-se em abrigo
mais adequado para os animais, apesar de não serem considerados
importantes como alimento para a fauna.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 2.11


2 - Informações Gerais

Com o objetivo de se conseguir uma melhoria no hábitat, a literatura cita


que para fins de conservação da fauna, é recomendado a implantação de
reflorestamento em áreas degradadas.

A monocultura do eucalipto, assim como qualquer outra, pode apresentar


uma significativa diminuição de recursos de suporte a fauna. Todavia, uma
plantação de eucalipto não se mostra totalmente desprovida de espécies da
fauna, além de que é considerável à melhoria das condições adequadas de
suporte para a reprodução da fauna.

2.3.6 – Quando o Empreendimento será Implementado?

2.3.6.1 – Plantio Florestal

A implantação do projeto florestal será realizada seguindo o cronograma


apresentado na tabela 2.05.

Tabela 2.05 - Programa de Plantio


ANO DE PLANTIO ÁREA DE PLANTIO
EFETIVO PRÓPRIO (ha)
2009 8.000
2010 27.500
2011 14.900
2012 14.900
2013 14.900
2014 14.900
2015 14.900

2.3.7 – Quais os Investimentos Necessários para a Implantação do


Projeto?

Serão necessário investimentos em terras e florestas. Os investimentos em


terras giram em torno de R$ 120 milhões de reais, e para a formação das
florestas com eucalipto, considerando implantação e manutenção da floresta,
serão desembolsados ao longo do período de 07 anos, no total, cerca de
R$ 532 milhões de reais.

2.12 2009© STCP Engenharia de Projetos Ltda


2 – Informações Gerais

2.3.8 – Foram Consideradas Alternativas ao Projeto?

Foram consideradas alternativas locacionais e econômicas, relacionadas


abaixo.

2.3.8.1 – Alternativas Locacionais

O Estado do Piauí apresenta grandes oportunidades para desenvolvimento


de agronegócios, sendo considerado uma nova fronteira agrícola no país.
Essa condição vem alterando a forma de uso e ocupação do solo. Os novos
empreendimentos agropecuários implantados nesta região foram
introduzidos de forma convencional, tomando como base o uso alternativo
do solo, que consiste na supressão da vegetação nativa e na introdução de
novas culturas agrícolas e/ou formação de pastagens para suporte da
pecuária (PDFLOR, 2008).

Na busca de novas alternativas de desenvolvimento, o Governo do Estado


iniciou em 2005 o Programa de Desenvolvimento Florestal PDFLOR, que tem
como objetivo promover o desenvolvimento setorial tomando por base o
potencial florestal identificado, a ser estabelecido a partir de florestas
plantadas, e a conseqüente transformação em bens e serviços para
alavancar o desenvolvimento no Estado, sob os princípios da
sustentabilidade econômica, base para o atendimento de critérios sociais e
ambientais.

Estudos realizados no PDFLOR permitiram identificar duas regiões com


aptidão para o plantio de florestas, Região de Teresina e Região de Uruçuí.

Consolidando um dos objetivos do PDFLOR, que é de atrair investimentos


para o desenvolvimento do Setor Florestal através da instalação de
empresas âncora, a empresa Suzano foi a primeira empresa a assinar um
protocolo de intenção para a construção de uma fábrica de celulose no Piauí.

A área de abrangência do empreendimento pretendido pela Suzano está


inserida na região de Teresina, em função da localização da unidade
industrial que será instalada depois de formada a base florestal que irá
suprir a demanda de matéria-prima. As principais características da região
de Teresina são apresentadas na tabela na Tabela 2.06.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 2.13


2 - Informações Gerais

Tabela 2.06 – Características da Região de Teresina


ITEM CARACTERÍSTICA
Número de municípios 49
Área total 4,8 milhões ha
Área com relevo adequado ao plantio de florestas 4,3 milhões ha
Área com solos adequados ao plantio de florestas 3,0 milhões ha
Precipitação média anual 1.215 mm
Temperatura média anual 26,6 ºC
Área com precipitação média anual superior a 1.000 mm 3,2 milhões ha
Área subutilizada 4,3 milhões ha
Área ocupada por propriedades com mais de 500 ha 1,8 milhões ha
Elaboração: FUPEF (PDFLOR, 2008).

Considerados os resultados do estudo relativo ao Programa Florestal do


Piauí, foram analisadas as seguintes alternativas locacionais:

− Alternativa I: Manter o empreendimento onde está prevista a sua


instalação; e,

− Alternativa II: Instalar o empreendimento na região de Uruçuí.

• Alternativa I: Manter o empreendimento onde está prevista a sua


instalação

A escolha das áreas pretendidas para a implantação do empreendimento


justifica-se com base em vários condicionantes locais que levam a considerar
tais áreas como as mais propícias:

− De acordo com os indicadores utilizados para a definição da


localização do empreendimento, potencialidade da terra para o
plantio de florestas e indicadores de infra-estrutura, os resultados
apontam a região de Teresina como a mais apta, com as
características mais adequadas para a instalação da indústria e em
relação ao potencial das terras para a base florestal;

− Em relação a áreas para o plantio de florestas, um aspecto a ser


considerado é que em grande parte da região de Teresina as áreas
são subutilizadas sob o ponto de vista econômico. A agricultura e a
pecuária de subsistência são os principais usos da terra. Grandes
áreas de florestas naturais estão degradadas pelo uso constante do
fogo para o manejo e a expansão de pastagens;

2.14 2009© STCP Engenharia de Projetos Ltda


2 – Informações Gerais

− Por não estar incluída em um único município do Piauí, possibilita


aos municípios um aumento de agentes potencialmente geradores
de renda;

− A área não tem restrições de ordem legal para seu uso com
reflorestamentos/ florestamentos baseados em espécies exóticas.

• Alternativa II: Instalar o Empreendimento na Região de Uruçuí

De acordo com os dados apresentados, a região de Uruçuí se constitui como


uma alternativa para a instalação do empreendimento, entretanto,
comparativamente, a disponibilidade de terras aptas para formação da base
florestal é menor em relação a região de Teresina, tendo como fator
limitante a menor disponibilidade de áreas com precipitação média superior
à 1.000 mm/ano.

Na análise da localização da indústria, a região de Uruçuí apresenta


características relacionada a logística que resultam em aumento de custos,
especialmente no escoamento da produção até os portos marítimos.

A base florestal deverá estar em um raio cuja distância resulte em custo


mínimo que justifique o transporte da matéria-prima e com rede viária em
condições adequadas. Nesse aspecto, a região de Uruçuí apresenta poucas
estradas pavimentadas e em condições inferiores, se comparadas com a
região de Teresina.

Se a área a ser utilizada já for destinada ao desenvolvimento de atividades


econômicas do setor primário (agricultura, pecuária e extrativismo), implica
na retirada de tal atividade do contexto econômico regional e substituí-la
pelo plantio de espécies de rápido crescimento. Nesse caso devem ocorrer os
seguintes efeitos:

− Não provoca impacto direto sobre a vegetação natural;

− Não provoca impacto direto sobre a fauna;

− Não provoca impacto direto sobre o solo e a água.

Isto porque esses impactos já ocorrem quando da utilização ou uso do solo


pelas atividades já citadas. Por outro lado, acarretaria a:

− Interferência na dinâmica da atividade em desenvolvimento na área;

− Interferência na estrutura fundiária regional.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 2.15


2 - Informações Gerais

2.3.8.2 – Alternativas Econômicas

• Pecuária (bovinocultura) X Eucalipto

A cultura a ser utilizada para a comparação com o plantio de eucalipto é a


pecuária bovina. A atividade pecuária do Piauí tem seus primeiros registros
datados no século XVII, sendo a primeira atividade econômica desenvolvida
no estado fazendo parte da tradição histórica. Os fazendeiros do São
Francisco dessa época passaram a ocupar terras para criação de gado, ao
longo do rio São Francisco.

Os recursos a serem locados na produção foram estimados em função dos


preços atuais e médios e da capacidade suporte das terras para a pecuária
bovina.

A capacidade suporte das terras é de 0,8 bois/ha, sendo que a taxa de


aproveitamento da área de 60%, resulta numa produtividade média de 5
(cinco) arrobas/hectare por ano.

A Taxa Interna de Retorno para a pecuária bovina na região (utilizando as


premissas adotadas), apresentou resultado de 3%. Este número está abaixo
da taxa mínima de atratividade adotada (6%). A figura 2.03 compara a
rentabilidade entre o plantio de eucalipto e a criação de pecuária bovina na
região de interesse.

Figura 2.04 – Comparativo do Retorno entre a Cultura de Eucalipto e a de


Bovinos

7
6,01
6

4
TIR (%)

3
3

0
Eucalipto (em pé) Pecuária (boi gordo)

Fonte: Elaboração STCP.

Cabe salientar que culturas de ciclo curto, como a de bovinos, são altamente
sensíveis a oscilações de mercado (preço de venda). Por isso, em
determinados períodos, podem apresentar uma lucratividade mais alta ou
mais baixa do que a encontrada na analise.

2.16 2009© STCP Engenharia de Projetos Ltda


2 – Informações Gerais

2.3.9 – O Projeto é Compatível com os Planos e Programas


Governamentais?

Sim, em nível Federal, no Programa de Desenvolvimento Integrado do Vale


do Parnaíba (PLANAP), com foco no planejamento estratégico para avaliação
das potencialidades florestais do Estado do Piauí.

O PLANAP está baseado no conceito de empresa Âncora, que possui efeito


multiplicador na atração de outros empreendimentos no setor florestal. O
empreendimento pretendido pela SUZANO vem de encontro ao mesmo
tempo com tal conceito, além de atender a demanda do Governo Estadual
do Piauí a medida que sua instalação produzirá efeitos diretos na economia
do Piauí.

A partir do Programa de Fomento (que prevê a implantação de 50.000


hectares de plantios fomentados) da empresa, uma interface é criada com o
PRONAF (Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar) onde o
mesmo possuí o objetivo de estimular pequenos agricultores à prática da
silvicultura.

Insere-se no Plano Nacional de Florestas, onde um dos objetivos é promover


o manejo sustentável e o uso múltiplo de florestas nativas públicas e
privadas e a expansão sustentável da base florestal plantada, estimulando o
desenvolvimento das cadeias produtivas, gerando emprego e renda e
conservando a integridade dos ecossistemas e suas funções ecológicas.

A nível estadual a implantação do projeto florestal da Suzano corrobora com


os objetivos de programas governamentais do Estado, como o Plano
Plurianual - PPA do Estado do Piauí (2008-2011). Desta forma, dos 63
programas governamentais previstos pelo PPA 2008/2011, dezoito
apresentam compatibilidade com o empreendimento referido, totalizando
recursos superiores à R$ 1,4 bilhões em quatro anos.

Em nível municipal, a implantação do projeto na região significa a


oportunidade de diversificação para o produtor rural, sendo uma forma de
integrar o pequeno produtor ao processo de desenvolvimento sustentado,
tendo em vista que prevê a implantação de fomento florestal na região, e
adicionalmente o apoio à agricultura familiar. De um lado o produtor poderá
ampliar sua produtividade agrícola através da incorporação de tecnologias
mais adequadas e conceitos de conservação do solo, de outro utilizar parte
da propriedade com a implantação de essências florestais para atender suas
necessidades e gerar renda.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 2.17


2 - Informações Gerais

2.3.10 – Legislação Ambiental Referente ao Licenciamento do Projeto

No que se refere aos aspectos legais para atender ao principio fundamental


da prevenção, este projeto, para o procedimento administrativo da
concessão da licença ambiental, está submetido e atende aos seguintes
dispositivos legais:

• Constituição Federal 1988

No que se refere ao meio ambiente cultural, art. 216, V, que trata do


patrimônio arqueológico, sítios de valor histórico, onde foram identificadas
as principais evidências, e estabelecidos os respectivos programas para
salvaguardá-los;

O projeto, no que se refere ao meio ambiente natural, além de executar o


zoneamento ambiental (art. 225, § 1º, inciso III), procede aos necessários
estudos sobre o ar, solo, flora, fauna e água, (art. 225, § 1º e seus incisos),
aos quais, através do diagnóstico ambiental, caracterização e análise dos
impactos, bem como do prognóstico com e sem o empreendimento, foram
identificadas suas relações ambientais, conseqüências, definidas as
respectivas medidas e programas visando sua mitigação e ou
potencialização, bem como a compensação;

No meio ambiente de trabalho de acordo com o art. 200, VIII, com vistas à
obtenção de uma forma adequada de colaborar com a proteção ao meio
ambiente através de geração de renda e emprego com sustentabilidade
ambiental;

E ainda no meio ambiente do desenvolvimento onde o empreendimento está


de acordo com a ordem econômica e financeira nacional e, em especial, com
os princípios gerais da atividade econômica, uma vez que a propriedade
cumpre com sua função sócio-ambiental, contribui para redução das
desigualdades regionais e sociais, cria empregos e fomenta a livre
concorrência, dentro dos limites estabelecidos pela Constituição e pelas
demais normas legais. (art. 170 e 186 da CF).

• Leis Infra-Constitucionais

i) Lei nº 6.938/81 da política nacional do meio ambiente,


principalmente no que se refere à exigência de estudos prévios de
impacto ambiental para atividades efetiva ou potencialmente
causadoras de impacto ambiental (objeto principal deste estudo) e a
sua relação com os procedimentos para o licenciamento de atividades
que possam causar danos ambientais;

ii) Leis de Crimes Ambientais

2.18 2009© STCP Engenharia de Projetos Ltda


2 – Informações Gerais

iii) Lei nº 4.771/65, o Código Florestal e a Medida Provisória 2.166/00,


em especial no que se refere às Áreas de Preservação Permanente
(art. 2º e 3º), Reserva Legal, e, em especial, conforme art. 20 e 21,
no que se refere às obrigações de manter base florestal para atender
o suprimento de matéria-prima necessária ao projeto industrial;

iv) Lei nº 5.197/67, o Código de Proteção à Fauna, especialmente no que


se refere à proibição da caça, comércio, bem como na destruição,
perseguição ou apanha de animais silvestres;

v) Lei nº 7.802/89, dos Agrotóxicos, nesse caso os aspectos relativos à


utilização de insumos químicos necessários à efetivação das
plantações previstas no projeto e suas formas de aplicação, controle
e minimização dos eventuais danos ambientais;

vi) Lei nº 9.433/97 e Decreto nº 24.643/34, respectivamente Política


Nacional de Recursos Hídricos e Código das Águas, no que se refere
à efetivação da melhoria e da manutenção da qualidade e quantidade
das águas na área de influencia direta do projeto;

vii) Outras normas como a da Lei da Ação Civil Pública (Lei nº 7.347); Lei
que trata da Política Agrícola (Lei nº 8.171/91); Lei que trata das
sanções penais e administrativas aplicáveis às condutas lesivas ao
meio ambiente (Lei nº 9.605/98), e outras, inclusive o Decreto que
regulamenta as Leis 6.902/81 e 6.938/91 (Decreto 99.274/90);

viii) As Resoluções do CONAMA, em especial, a 001/86 e 237/97 que


tratam dos estudos de impacto ambiental por atividades efetiva ou
potencialmente causadoras de impacto ambiental como instrumento
de licenciamento ambiental; 09/87 da audiência pública, e outras
relacionadas à qualidade do ar e das águas;

As normas constantes da legislação estadual, inclusive a Constituição do


Estado do Piauí, e em especial, aos procedimentos para a obtenção das
licenças ambientais necessárias ao projeto.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 2.19


3 – SÍNTESE DO DIAGNÓSTICO
AMBIENTAL DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA
3 – SÍNTESE DO DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DAS
ÁREAS DE INFLUÊNCIA

3.1 – ÁREAS DE INFLUÊNCIA

3.1.1 – Definição

A Resolução CONAMA nº 001/86, em seu Art. 5º, item III, estabelece que o
Estudo de Impacto Ambiental, além de atender à legislação, deve definir os
limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos
impactos, denominada por Áreas de Influência do Projeto.

Os limites das Áreas de Influência foram determinados considerando o


alcance dos efeitos decorrentes das ações do empreendimento sobre a
região e em especial o efeito nas bacias hidrográficas, tanto de natureza
físico-biológica, quanto socioeconômica,

No contexto do estudo proposto, a definição e espacialização das áreas de


influência foram estruturados pela equipe técnica do EIA, segundo três
situações distintas:

– Área de Influência Indireta (AII): onde os impactos se fazem


sentir de maneira secundária ou indireta e com menor intensidade,
em relação à área de influência direta.

– Área de Influência Direta (AID): onde as relações sociais,


econômicas e culturais e as características físico-biológicas sofrem
os impactos diretamente, ou seja, há uma relação direta de causa
e efeito.

– Área Diretamente Afetada (ADA), diz respeito às propriedades


onde serão feitos os plantios.
3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

3.1.2 – Áreas de Influência do Empreendimento

3.1.2.1 – Área Diretamente Afetada (ADA)

A ADA definida para esse empreendimendo corresponde a 110.000 ha que


serão destinados ao efetivo plantio florestal e a área restante corresponderá
aos outros usos como: Preservação Permanente, Reserva Legal, infra-
estrutura, corredores de fauna, áreas de conservação e áreas de
convergências de corredores de fauna.

3.1.2.2 – Área de Influência Direta (AID)

A Área de Influência Direta é delimitada pelo território em que se dão


majoritariamente as transformações ambientais primárias (ou diretas)
decorrentes do empreendimento, a serem causadas por consequências das
atividades de plantio, colheita, transporte, tratos culturais e movimentação
social. Corresponde ao espaço territorial contíguo e ampliado da ADA.

3.1.2.3 – Área de Influência Indireta (AII)

A Área de Influência Indireta (AII) é definida como a área real ou


potencialmente afetada pelos impactos indiretos da implantação e operação
do empreendimento, abrangendo os ecossistemas e o sistema sócio-
econômico que podem ser impactados pelas alterações ocorridas na área de
influência direta.

Diferentes características nos estudos socioeconômicos e do meio físico e


biótico, resultaram em diferentes critérios para o estabelecimento das áreas
de influência indireta da Socioeconomia e dos Meios Físico e Biótico, que
podem ser vistas nas Figuras 3.01 e 3.02 apresentadas a seguir.

3.2 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Figura 3.01 – Área de Influência Indireta (AII) Relativa à


Socioeconomia

Fonte: Elaboração STCP (2009)

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.3


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Figura 3.02 – Áreas de Influência Indireta (AII) dos Meios Físico e


Biótico

Fonte: Elaboração STCP (2009).

3.2 – CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL


A caracterização ambiental de uma região onde se pretende a instalação de
um empreendimento requer a realização de estudos das mais diversas
especialidades. Tais estudos foram conduzidos nas áreas de influência do

3.4 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

empreendimento, tendo ainda, como fundamentação, conhecimentos pré-


existentes sobre a região e disponíveis na literatura técnica e científica.

Para fins de melhor entendimento sobre as condições ambientais o presente


diagnóstico é subdividido segundo as três grandes áreas de conhecimento,
quais sejam:

i. Meio Físico, o qual abrange as características abióticas (não vivas) do


ambiente, tais como o relevo, solos, hidrografia e clima;

ii. Meio Biótico, abrangendo o conjunto das espécies e comunidades da


flora e da fauna regionais, e;

iii. Meio Socioeconômico e Cultural, abrangendo todas as manifestações


derivadas da ação humana na região, como seus modos de vida, base
econômica, infra-estrutura social, patrimônio cultural material e
imaterial, dentre outras.

3.2.1 – Meio Físico

3.2.1.1 – Clima

De acordo com a classificação de KÖPPEN, a maior parte do estado, e


principalmente a região de alocação do empreendimento (para os municípios
e fazendas) oscila entre AW’ (mesotermico – caracterizado por apresentar o
mês mais frio com mais de 18,0ºC e o mês mais seco com mais de 60,0
mm); AW e em menor escala o BSh (clima semi-árido).

Muitos são os fenômenos meteorológicos atuantes na região que influenciam


o comportamento climático, tais como fatores de convergência, linhas de
instabilidade e presença de massas de ar, dentre outros. A Figura 3.03
apresenta a delimitação dos regimes pluviométricos do estado e dos fatores
provocadores de chuva.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.5


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Figura 3.03– Delimitações dos Regimes Pluviométricos, Área do


Semi-Árido e dos Fatores Provocadores de Chuva

O regime de precipitação na área de influência do projeto apresenta chuvas


anuais que oscilam entre 550,0 a 1600,0 mm. O período chuvoso com os
maiores índices pluviométricos oscila entre os meses de novembro a maio,
totalizando sete (7) meses, e no período de junho a outubro são verificados
baixos índices pluviométricos, totalizando cinco (5) meses, sendo
considerados os meses secos.

Quanto à temperatura da região do empreendimento, observa-se que, do


mês de julho até o início da segunda quinzena do mês de dezembro,
ocorrem aumentos significativos nas temperaturas máxima, mínima, média,
sendo que, do final da segunda quinzena de dezembro até o mês de abril as
oscilações de temperatura sofrem reduções, devido aos fatores
provocadores de chuva na área estudada.

Os meses entre dezembro e maio são os que apresentam os mais elevados


valores de umidade relativa (chegando a mais de 80% em várias regiões),
enquanto que os meses compreendidos no período de agosto à primeira
quinzena do mês de novembro apresentam os menores valores de umidade
relativa (podendo chegar a menos de 45%).

Quanto à intesidade da insolação, os maiores valores estão compreendidos


entre os meses de maio e novembro. Os meses de dezembro a abril, a
3.6 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda
3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

intensidade da insolação sofre redução, fato explicado pelo motivo que é


justamente nessa época que ocorre o período chuvoso. A variação da
insolação anual na área estudada é de 2.601,6 a 2.688,8 horas e décimos,
respectivamente, para os municípios de Água Branca e Olho d’Água do Piauí
e Jatobá do Piauí.

Outra questão de importância na avaliação dos fenômenos físicos regionais


consiste no balanço hídrico, apresentado na Figura 3.04. Tal avaliação
consiste em uma maneira de se monitorar a variação de água no solo. Esta
variação é medida a partir de vários parâmetros relacionados: suprimento
natural de água no solo, demanda atmosférica e capacidade de água
disponível. O resultado do balanço hídrico é obtido através das
climatológicas de temperatura e das precipitações médias que ocorrem nos
municípios.

Figura 3.04 – Balanço Hídrico, Precipitação Climatológica,


Evapotranspiração Potencial e Evaporação Real. Latitude
06°00`. Capacidade de Campo: 100 mm.

Fonte: Elaboração STCP (2009)

Quanto aos ventos, a velocidade média na região do estudo (sem


considerar-se a existência de rajadas) apresenta valores mensais entre 1,4 a
2,2 metros por segundo. A velocidade máxima anual do vento alcançada
nesta área é de 2,9 metros por segundo, verificada no município de Lagoa
do Piauí. A direção de SE tem a sua freqüência de 263,2 vezes de entrada e
predomina nos meses de janeiro a maio. Já a direção de NE com freqüência
2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.7
3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

de entrada de 109,8 vezes predomina de junho a setembro com maior


intensidade. A direção de E com uma entrada de freqüência de 175,7 vezes
predomina durante o ano. Por fim, as demais entradas de freqüência variam
de mês a mês.

Pode-se concluir que os fatores provocadores de chuvas são característicos


da predominância de ventos com maior freqüência de entrada nas direções
acima estabelecidas. Vale salientar que as construções das barreiras de
vento, contra disseminação de poeiras, incêndios, etc. devem ser realizadas
levando-se em consideração a predominância da direção do vento na região.

3.2.1.2 – Geologia

Geologicamente, o Estado do Piauí divide-se em duas grandes províncias: a


Grande Bacia Sedimentar do Parnaíba, que recobre cerca de 83% da sua
área territorial; e as Rochas Cristalinas e Metamórficas, que aparecem em
estreita faixa no sudeste do Estado e cobrem cerca de 17% de sua área, na
porção sudeste do Estado.

A litologia do Piauí compreende idades que vão do Pré-Cambriano ao


Holoceno, dominada por arenitos, cascalhos, areias, argilas, argilitos,
siltitos, folhelhos e calcários, sendo estes últimos os de maior interesse
econômico. Esses materiais moldam amplas superfícies de relevo plano e
suavemente ondulado, ocorrendo testemunhos e escarpas.

Ocupando parte das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste do Brasil, em


uma área de aproximadamente 600.000 km², encontra-se instalada na
porção oriental da Plataforma Sul-Americana, a Província Estrutural do
Parnaíba (Figura 3.05). Geologicamente, quase todo o estado do Piauí e toda
a Área de Influência do projeto se encontram ocupadas por rochas
sedimentares fanerozóicas desta bacia.

3.8 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Figura 3.05 – Províncias Estruturais Brasileiras

Fonte: Petrobrás.

A coluna sedimentar da Bacia do Parnaíba pode ser dividida em cinco


seqüências deposicionais (Figura 3.06), denominado de seqüências:
siluriana, devoniana, permo-carbonífera, jurássica e cretácica, separadas por
discordâncias regionais e correlacionáveis a eventos de natureza global.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.9


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Figura 3.06 – Coluna Geológica da Bacia Sedimentar do Parnaíba

Fonte: GÓES (1990).

As unidades estratigráficas da Bacia do Parnaíba são as formadas pelos


seguintes grupos: Serra Grande, Canindé, Balsas e Mearim (Figura 3.07).
Tais estruturas apresentam idades que variam desde o Pré-Cambriano até o
Holoceno, e apresentam origens as mais diversas, principalmente derivadas
de sedimentação marinha e fluvial em períodos mais antigos até de
condições de aridez e déficit hídrico em condições mais recentes.

3.10 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Figura 3.07 – Geologia da Área de Estudo

Fonte: Elaboração STCP (2009)

3.2.1.3 – Geomorfologia

As formas de relevo na região do empreendimento compreendem,


principalmente, superfícies tabulares reelaboradas (chapadas baixas), relevo
plano com partes suavemente onduladas e altitudes variando de 150 a 300
metros; superfícies tabulares cimeiras (chapadas altas), com relevo plano,
altitudes entre 400 a 500 metros, com grandes mesas recortadas e
2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.11
3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

superfícies onduladas com relevo movimentado, encostas e prolongamentos


residuais de chapadas, desníveis e encostas mais acentuadas de vales,
elevações (serras, morros e colinas), com altitudes de 150 a 500 metros
(Jacomine et al., 1986).

A litologia do Piauí compreende idades que vão do Pré-Cambriano ao


Holoceno, dominada por arenitos, cascalhos, areias, argilas, argilitos,
siltitos, folhelhos e calcários, sendo estes últimos os de maior interesse
econômico na área da Bacia Sedimentar do Parnaíba. Esses materiais
moldam amplas superfícies de relevo plano e suavemente ondulado,
ocorrendo testemunhos e escarpas. O relevo apresenta as seguintes
tipologias:

a) Litoral - faixa litorânea correspondente à porção de material


sedimentar de influência marinha, constituída por dunas, áreas
alagadas ocupadas por mangues e os deltas dos rios Parnaíba e
Longá;

b) Cuestas - origina-se de relevo monoclinal profundamente dissecado,


presente em toda a borda da bacia do Parnaíba, com o front externo
geralmente bastante abrupto e inclinação suave, perdendo altitude em
direção ao eixo da bacia;

c) Chapadões - são relevos tabulares com feições quase horizontais, que


aparecem no reverso das cuestas;

d) Superfícies aplainadas - ocupam a porção intermediária, ou seja, entre


o vale do rio e os chapadões;

e) Superfícies de áreas aplainadas ao nível das chapadas baixas -


localizadas na região semi-árida mais intensa (sudeste do Estado),
apresentam relevos planos, suaves e ondulados;

f) Superfícies aplainadas com presença de áreas deprimidas - localizadas


na região de Campo Maior, formam, às vezes, lagoas temporárias;

g) Depressão do Parnaíba - compreende o patamar aplainado colocado


logo acima do terraço fluvial, ao longo do rio;

h) Terraços e planícies fluviais - abrangem as áreas inundáveis e os


terraços sedimentares recentes que compõem os solos férteis das
margens dos rios, principalmente o Parnaíba, Gurguéia e Canindé
(Figura 3.08).

As formas de relevo dessa bacia sedimentar apresentam uma topografia de


topos tabulares e sub-horizontais, apresentado cerca de 900 m de altitude
no limite com o Ceará, e descendo, de forma escalonada, pelo
desdobramento da cuesta em planaltos e depressões interplanálticas, para
cerca de 200 metros ao chegar no município de Teresina.

3.12 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Figura 3.08 – Geomorfologia do Estado do Piauí

PEDIPLANO CENTRAL DO
MARANHÃO

Fonte: PLANAP-CODEVASF/OEA 2005.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.13


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Figura 3.09 – Geossistemas do Estado do Piauí

BAIXADAS DE CAMPO MAIOR

TABULEIROS DO PARNAÍBA

Fonte: PLANAP-CODEVASF/OEA 2005.

3.14 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

3.2.1.4 – Águas Superficiais

3.2.1.4.1 – Hidrografia

A hidrografia da área de interesse possui como principais representantes as


bacias hidrográficas dos rios: Parnaíba, Poti e Longá. A bacia do rio Parnaíba
é a mais importante do estado do Piauí, com influências hidrográficas em
todo o seu território, dividindo-se em Alto, Médio e Baixo Parnaíba (Tabela
3.01).

Tabela 3.01 – Área das Sub-Bacias Principais da Região Hidrográfica


do Parnaíba (1.000 KM2)
SUB-BACIAS CEARÁ % MARANHÃO % PIAUÍ % LITÍGIO % TOTAL

Alto Parnaíba 0,0 0,0 49,90 15,1 101,72 30,7 0,0 0,0 151,63

Médio Parnaíba 12,12 3,7 6,17 1,9 116,73 35,2 19,65 0,6 137,00

Baixo Parnaíba 1,58 0,5 9,41 2,8 31,03 9,4 7,97 0,2 42,81

TOTAL 13,69 4,1 65,49 19,8 249,48 75,3 2,76 0,8 331,44

Fonte: Estudos Regionais (ANA, 2005).

Essas sub-bacias são ainda divididas em sete sub-bacias delimitadas


segundo o grau de importância dos seus rios principais além de suas
características ambientais, de acordo com a proposta da SRH/MMA
(apresentada na Tabela 3.02).

Tabela 3.02 – Divisão das Sub-Bacias Principais do Rio Parnaíba


SUB-BACIA SUB- ÁREA (1.000 KM2)
RIOS
PRINCIPAL BACIAS TOTAL PIAUÍ %

Parnaíba 01 Balsas 25,58 0,0 0,0

Parnaíba 02 Alto Parnaíba 59,06 37,12 11,2


Alto Parnaíba
Parnaíba 03 Gurguéia 52,32 52,14 17,7

Parnaíba 04 Itaueiras 14,73 12,46 3,8

Parnaíba 05 Piauí/Canindé 75,09 75,06 22,6


Médio
Parnaíba
Parnaíba 06 Poti/Médio Parnaíba 61,95 41,67 12,6

Baixo Parnaíba 07 Longá/Baixo


42,82 31,03 9,4
Parnaíba Parnaíba
TOTAL 331,44 249,48 75,30
Fonte: Estudos Regionais (ANA, 2005).

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.15


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

• Bacia Hidrográfica do Rio Parnaíba

Está localizada integralmente na região nordeste do Brasil, mais


precisamente nos estados do Ceará, Piauí e Maranhão, possuindo cerca de
331.440 Km² de área. Seus principais rios são: Parnaibinha, Uruçuí
Vermelho, Balsas, Uruçuí Preto, Gurguéia, Riachão, Bacuri, Canindé, Poti e
Longá.

O rio Parnaíba nasce nos contrafortes da Chapada das Mangabeiras, cerca de


700 metros de altura em relação ao nível médio mar. Sua nascente é
resultante da confluência de vários cursos d’água onde se destacam os rios
Água Quente, Curriola e Lontra. Percorre 1.344 Km somente no estado do
Piauí, possuindo mais de três mil quilômetros de rios perenes, centenas de
lagoas, contemplando assim metade da água de subsolo do Nordeste,
avaliada em dez bilhões de metros cúbicos por ano.

Possui grande relevância no papel sócio-econômico dos estados do Piauí e


Maranhão, pois possibilita o desenvolvimento de atividades de diversos
setores da economia, desde o setor primário, com a agricultura de
subsistência até as possibilidades do turismo contemplando, portanto,
serviços do setor terciário da economia. Porém, tais atividades promovem
impactos que resultam no assoreamento do rio, sendo muito freqüente a
observação de bancos de areia em seu leito.

O rio Parnaíba é navegável desde a sua foz até a cidade de Santa Filomena,
num percurso de 1.176km, onde os maiores obstáculos são constituídos por
bancos de areia e alguns afloramentos rochosos. A construção da barragem
de Boa Esperança eliminou grande parte desses obstáculos e tornou possível
a navegação a montante da barragem.

Portanto o rio Parnaíba é navegado, em corrente livre e no seu estado


natural, cerca de 350 Km a montante da barragem de Boa Esperança, entre
as cidades de Urucuí e Santa Filomena e nos 669 Km a jusante da
barragem, até sua foz.

Além disso, o rio Parnaíba é uma importante fonte de energia, gerada


principalmente na Usina de Boa Esperança, localizada no município piauiense
de Guadalupe, onde a mesma apresenta uma capacidade de gerar 237 mil
kW de energia, pertencendo hoje ao sistema CHESF de energia, tratando-se
da maior usina da companhia fora do Rio São Francisco.

O rio Parnaíba, antes de desaguar no Oceano Atlântico, forma um amplo


delta, o único em mar aberto das Américas, sendo também um dos três
maiores do mundo em extensão e beleza natural.

3.16 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

• Bacia do Hidrográfica do Rio Poti

O rio Poti é um dos principais rios do Estado do Piauí. Sua bacia é a segunda
em ordem de tamanho com 55.337 Km2, localizando-se entre as
coordenadas 4°06 e 6°56 de latitude sul, e entre 40°00 e 42°50 de
longitude a oeste de Greennwich.

Os sistemas para abastecimento de água na bacia têm sido planejados sobre


a utilização de recursos hídricos subterrâneos, extraídos dos aqüíferos
presentes através de poços. Além do uso dos recursos subterrâneos, nesta
bacia há também o aproveitamento superficial das águas, como é o caso da
barragem localizada no município de Buriti dos Montes.

No curso do rio que corta a cidade de Teresina há um problema ambiental


de descaracterização das suas condições ambientais, decorrente do despejo
de resíduos provenientes de esgotos urbanos, sendo que esta
descaracterização se evidencia anualmente nos períodos de estiagem, entre
os meses de agosto a dezembro, onde há um aumento do teor de matéria
orgânica da água.

• Bacia Hidrográfica do Rio Longá

O Longá possui uma extensão em torno de 300 Km. Nasce no município de


Alto Longá e sua foz localiza-se no município de Buriti dos Lopes, cidade a
52 Km do litoral. Sua bacia apresenta uma área de 29.574 Km2, sendo a
quarta em ordem de tamanho para o Estado do Piauí. O rio Longá torna-se
perene após sua confluência com os rios Jenipapo, pela margem direita, e
Surubim, pela esquerda, a jusante da cidade de Campo Maior, até sua foz,
no rio Parnaíba. Dentre os seus afluentes destacam-se o rio dos Matos, o rio
Corrente, o rio Piracuruca, o rio Maratoan e o rio Jenipapo.

A Figura 3.10 apresenta as bacias e sub-bacias hidrográficas presentes na


região de influência do empreendimento da SUZANO.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.17


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Figura 3.10 – Hidrografia da Área de Estudo

Fonte: Elaboração STCP (2009)

3.18 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

3.2.1.4.2 – Disponibilidade e Demanda

• Disponibilidade

Com base nos dados das estações fluviométricas sob responsabilidade da


Agência Nacional de Águas (ANA), instaladas na bacia do Parnaíba, além de
dados da CODEVASF, são apresentadas nas Figuras 3.11, 3.12 e 3.13,
respectivamente, a distribuição mensal das vazões médias, máximas e
mínimas.

Figura 3.11 – Distribuição Mensal da Vazão Média

1200

1000

800

600

400

200

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

LEGENDA
Parnaíba 01 Parnaíba 05
Parnaíba 02 Parnaíba 06
Parnaíba 03 Parnaíba 07
Parnaíba 04

Fonte: ANA, 2005.

Verifica-se, com base na figura acima, que há uma variação sazonal e uma
grande diferença entre os valores máximos e mínimos das vazões médias,
indicando forte variação, dentro do ano, no período chuvoso de fevereiro a
maio, para as sub-bacias: Parnaíba 03 (Gurguéia), Parnaíba 04 (Itaueiras),
Parnaíba 05 (Canindé/Piauí), Parnaíba 06 (Poti/Parnaíba) e Parnaíba 07
(Longá/Parnaíba).

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.19


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Figura 3.12 – Distribuição Mensal da Vazão Máxima

2000,0

1500,0

1000,0

500,0

0,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

LEGENDA
Parnaíba 01 Parnaíba 05
Parnaíba 02 Parnaíba 06
Parnaíba 03 Parnaíba 07
Parnaíba 04

Fonte: ANA, 2005.

Figura 3.13 – Distribuição Mensal da Vazão Mínima

500,0

400,0

300,0

200,0

100,0

0,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

LEGENDA
Parnaíba 01 Parnaíba 05
Parnaíba 02 Parnaíba 06
Parnaíba 03 Parnaíba 07
Parnaíba 04

Fonte: ANA, 2005.

Há uma grande variação de vazões, dentro do ano, no período chuvoso nos


meses de fevereiro a maio para as sub-bacias Parnaíba 03 (Gurguéia),

3.20 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Parnaíba 04 (Itaueiras) Parnaíba 05 (Canindé/Piauí), Parnaíba 06


(Poti/Parnaíba) e Parnaíba 07 (Longá/Parnaíba) e entre os meses de
dezembro a abril para as sub-bacias Parnaíba 01 (Balsas) e Parnaíba 02
(Alto Parnaíba).

As maiores regularidades de vazões são observadas nas sub-bacias dos rios


Parnaíba 01 (Balsas) e Parnaíba 02 (Alto Parnaíba). Nestas as diferenças
entre as vazões máximas e mínimas são reduzidas. Porém, as vazões são
mais instáveis, com uma grande diferença entre máximos e mínimos, nas
sub-bacias: Parnaíba 06 (Poti/Parnaíba) e Parnaíba 07 (Longá/Parnaíba).

• Demanda

Considerando-se a Tabela 3.03, verifica-se que as maiores demandas por


recursos hídicos estão nas sub-bacias do Parnaíba 06 (Poti/Médio Parnaíba),
onde fica a cidade de Teresina e outros centros urbanos de relevância, e do
Parnaíba 06 (Longá e Baixo Parnaíba), onde fica a cidade de Parnaíba e os
maiores projetos de irrigação.Nestas sub-bacias as maiores demandas estão
na zona urbana e no setor de irrigação, destacando-se a alta demanda para
irrigação da última sub-bacia.

Tabela 3.03 – Demandas de Recursos Hídricos por Sub-bacia da


Região Hidrográfica do Parnaíba
DEMANDA (M³/S)
ÁREA
SUB-BACIA
(KM²)
URBANA RURAL ANIMAL INDUSTRIAL IRRIGAÇÃO TOTAL

Parnaíba 01 25.590 0,187 0,038 0,140 0,013 0,927 1,305


Parnaíba 02 59.032 0,155 0,068 0,202 0,000 0,068 0,493
Parnaíba 03 52.297 0,219 0,133 0,484 0,001 0,574 1,411
Parnaíba 04 14.726 0,167 0,031 0,071 0,007 0,211 0,487
Parnaíba 05 75.193 0,608 0,283 0,659 0,036 0,941 2,527
Parnaíba 06 62.143 4,084 0,378 0,580 0,490 2,067 7,600
Parnaíba 07 42.821 1,275 0,456 0,536 0,091 4,437 6,795
TOTAL 6,695 1,387 2,673 0,638 9,225 20,617

Fonte: ANA (2005a)

Na zona de clima semi-árido destaca-se o consumo na sub-bacia 05 (rios


Canindé/Piauí, com 2,52 m3/s) que suplanta a sub-bacia 03 (rio Gurguéia,
com 1,41 m3/s) em demandas urbanas e de irrigação. Como, ao contrário do
rio Gurguéia que é perene, os rios Canindé e Piauí não apresentam esta
característica, deduz-se logo que estas demandas estão sendo supridas
pelas barragens existentes nesta sub-bacia.

As outras sub-bacias apresentam demandas reduzidas porque estão


localizadas em regiões de baixa densidade demográfica e baixo índice de
desenvolvimento. Entre estas, considera-se como exceção a sub-bacia do

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.21


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Parnaíba 01 (rio Balsas), onde há um processo de desenvolvimento que


inclui, também, a agricultura irrigada.

• Balanço

A metodologia empregada para análise da disponibilidade/demanda está


fundamentada no seguinte critério de avaliação apresentado na Tabela 3.04.

Tabela 3.04 – Critério de Avaliação para Análise da Demanda


VAZÃO DE RETIRADA /
CONDIÇÃO
DISPONIBILIDADE HÍDRICA (%)
5 Excelente

5 – 10 Confortavél

10 – 20 Preocupante

20 – 40 Crítica

> 40 Muito Crítica

Fonte: ANA (2005a)

Segundo a ANA (2005), este critério reflete a verdadeira situação da


utilização dos recursos hídricos de uma bacia hidrográfica. A Tabela 3.05
apresenta o balanço entre a disponibilidade e a demanda das sub-bacias do
rio Parnaíba.

Tabela 3.05 – Balanço entre a Disponibilidade e Demanda

SUB- DEMANDA POPULAÇÃO DISPONIBILIDADE VAZÃO DE RETIRADA/


BACIA TOTAL TOTAL TOTAL DISPONIBILIDADE
(M³/S) (CENSO 2000) (M³/S) (%)
Parnaíba 01 1,305 118,966 65,29 2,0
Parnaíba 02 0,493 130.021 150,61 0,3
Parnaíba 03 1,411 238.687 17,20 8,2
Parnaíba 04 0,487 102.862 306,06 0,2
Parnaíba 05 2,527 627.517 27,75 9,1
Parnaíba 06 7,600 1.715.876 320,20 2,4
Parnaíba 07 6,795 1.053.171 314,66 2,2
TOTAL 20,617 3.987.100 1.201.77 1,7
Fonte: ANA (2005a)

As sub-bacias de maiores disponibilidades hídricas, dentro da área do


empreendimento florestal da SUZANO, correspondem, pela ordem, aos rios
Poti/Médio Parnaíba (Parnaíba 06), Longá/Baixo Parnaíba (Parnaíba 07) e
Piauí/Canindé (Parnaíba 05).

Considerando a relação Demanda/Disponibilidade verifica-se que a sub-bacia


dos rios Piauí/Canindé (Parnaíba 05) enquadra-se no critério confortável,

3.22 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

com 9.1%, situado no intervalo de 5 a 10%. Já os rios Poti/Médio Parnaíba,


com 2.4% e Longá/Baixo Parnaíba, com 2.2% enquadram-se no critério
considerado excelente, ou seja, < 5%.

Fora da área de influência do projeto destaca-se a relação entre a demanda


e disponibilidade do rio Gurguéia (Sub-Bacia Parnaíba 03) como o maior
percentual, porém, ficando na faixa do confortável com 8.2%, situando-se
entre 5 a 10%. As sub-bacias do Parnaíba 01 e 02 (rios Balsas e Alto
Parnaíba) estão na faixa do critério de demanda/Disponibilidade considerado
excelente (<5%).

3.2.1.4.3 – Analise de Qualidade

A unidade de referência utilizada para a avaliação da qualidade de água no


referido diagnóstico é a Bacia Hidrográfica. Nesse sentido, essa avaliação foi
realizada nos rios das principais bacias e sub-bacias da área de influência do
empreendimento florestal da SUZANO, sendo elas: Bacias do Médio
Parnaíba, Poti, Berlenga, Canindé, Surubim e Jenipapo (os dois ultimos
tributários do Longá).

Os pontos pré-selecionados para coleta de amostras de água foram


determinados levando-se em consideração a distribuição espacial, a
velocidade das águas (ambientes lêntico ou lótico) e as vazões de
referências. A campanha foi realizada entre os dias 19 e 20 de fevereiro, na
estação chuvosa, em 8 (oito) pontos (Tabela 3.06). A Foto 3.01 apresenta
imagens dos locais escolhidos para a coleta.

Tabela 3.06 – Pontos de Coleta de Água


PONTO RIO COORDENADAS MUNICÍPIO HABITAT BACIA
S 05°40’22.06”
1 Poti Prata do Piauí Lótico Poti
W42º13’41.04”
S 06°15’00.86”
2 Médio Parnaíba Amarante Lótico Parnaíba
W 42°51’16.57”
S 06º17’43.19’’
3 Canindé Amarante Lótico Canindé
W 42º48’55.11’’
S 05º23’13.27’’
4 Médio Parnaíba Nazária Lótico Parnaíba
W 42º51’38.61’’
S 05º29’49.16’’
5 Poti Beneditinos Lótico Poti
W 42º27’16.91’’
S 05º51’32.40’’ Passagem Franca
6 Berlenga Lótico Poti
W 42º26’09’’ do Piauí
S 04º47’35.83’’
7 Surubim Campo Maior Lótico Longá
W 42º10’13.80’’
S 04º46’44.72’’
8 Jenipapo Campo Maior Lótico Longá
W 42º06’57.8’’
Fonte: Elaboração STCP.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.23


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Foto 3.01 – Locais de Coleta de Água

1. 2.
1 2

3. 4.
3 4

5. 6.
5 6

7. 8.
7
Legenda: (1) Rio Poti – Ponte de sob o Rio Poti/Prata do Piauí; (2) Rio Parnaíba – Margem do Rio/Amarante; (3) Rio Canindé – Ponte da BR-
8
343/Amarante; (4) Rio Parnaíba – Jusante do Riacho dos Macacos/Nazária; (5) Rio Poti – Rio Poti/Beneditino; (6) Rio Berlengas – Ponte da BR-
316/Passagem Franca do Piauí; (7) Rio Surubim/Campo Maior; (8) Riacho do Jenipapo – Ponte da BR-343/Campo Maior.

3.24 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

– Parâmetros Físico-Químicos Analisados


a) Cor: Leitura com amostra de água bruta em colorímetro
microprocessado de leitura direta, modelo Q – 406 – PQC. Fabricante:
QUIMIS Aparelhos Científicos LTDA. Metodologia: Standard Methods
18 ed. 2120 –D-APHA e coordenadas X,Y;
b) Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5): Leitura com amostra de
água bruta com determinação da DBO5, conforme Standard Methods
for the Examination of Water and Wasterwater – 1999 em Incubadora
de B.O.D., modelo 347 CD. Fabricante: QUIMUS Aparelhos Científicos
LTDA;
c) Oxigênio Dissolvido: Leitura com amostra de água bruta com
determinação pelo Método Winkler (modificado pela azida sódica);
d) Condutividade: Leitura com amostra de água bruta em Método
Condutimétrico em condutivímetro microprocessado, modelo Q - I 405
- P . Fabricante: QUIMIS Aparelhos Científicos LTDA;
e) Sólidos Totais em Suspensão (STS): Leitura com amostra de água
bruta com determinação pelo Método Gravimétrico – Águas e Efluentes
domésticos e industriais (10 a 2000 mg/L) (NBR 10664/Abr 1989);
f) Alcalinidade Total: Leitura com amostra de água bruta com
determinação pelo Método Titulométrico de Neutralização
Colorimétrica;
g) Nitrogênio Amoniacal: Leitura com amostra de água bruta com
determinação pelo Método Espectrofotométrico da Nesslerização
Simplificado, empregando o Reagente de Nessler, com leitura a 4255
nm, em espectrofotômetro modelo E 225 – D. Fabricante: CELM;
h) Nitritos: Leitura com amostra de água bruta com determinação pelo
Método Espectrofotométrico da Diazotação, empregando o Ácido
Sulfanílico e Alfanaftlamina, com leitura a 585 nm, em
espectrofotômetro modelo E 225 – D. Fabricante: CELM;
i) Nitratos: Leitura com amostra de água bruta com determinação pelo
Método Espectrofotométrico do Ácido Fenoldissulfônico, com leitura a
410 nm, em espectrofotômetro modelo E 225 – D. Fabricante: CELM;
j) Fósforo Total: Leitura com amostra de água bruta com determinação
pelo Método Espectrofotométrico do Ácido Amino Naftol Sulfônico, com
leitura a 690 nm, em espectrofotômetro modelo E 225 – D.
Fabricante: CELM;
k) Turbidez: Leitura com amostra de água bruta em Turbidímetro
microprocessado, com configuração óptica multidetectora, modelo Q –
279– PiR. Fabricante: QUIMIS Aparelhos Científicos LTDA.
Metodologia: Nefelometria;

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.25


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

l) Sulfeto: Leitura com amostra de água bruta com determinação pelo


Método Espectrofotométrico do Azul de Metileno, com leitura a 625
nm, em espectrofotômetro modelo E 225 – D. Fabricante: CELM.
– Padrões Físico-Químicos de Qualidade das Águas

Os padrões de qualidade de água para as águas naturais estabelecidos pela


resolução do CONAMA nº 357/05 são divididos em classe especial e classes
(1, 2, 3 e 4), destinados às águas doces naturais. Vale ressaltar que quanto
mais alta for a classe, menor é a qualidade da água e diversos são os seus
usos.

Os resultados obtidos dos parâmetros físico-químicos foram comparados


com os padrões de qualidade para as águas doces, contidos na resolução do
CONAMA nº 357/05 (Tabela 3.07).

Tabela 3.07 – Padrão de Qualidade de Águas Doces Superficiais


(CONAMA 357/05)
PADRÃO DO CORPO D’ÁGUA
PARÂMETRO UNIDADE CLASSES
ESPECIAL CLASSE 1 CLASSE 2 CLASSE 3 CLASSE 4
Cor Mg Pt/L - - 75,0 75,0 -
OD mg/L - ≥ 6,0 ≥ 5,0 ≥ 4,0 ≥ 2,0
pH - - 6a9 6a9 6a9 6a9
Condutividade μS - - - - -
Sólidos Totais mg/L - - - - -
Alcalinidade mg/L - - - - -
Total
N amoniacal mg/L - 3,7 3,7 13,3 -
Nitrito mg/L - 1,0 1,0 1,0 -
Nitrato mg/L - 10,0 10,0 10,0 -
Fósforo total mg/L - 0,1 0,1 0,15 -
Turbidez UNT - 40,0 100,0 100,0 -
DBO5 mg/L - < 3,0 < 5,0 < 10,0 -
Sulfeto mg/L - 0,002 0,002 0,3 -
Fonte: CONAMA,2005 , elaboração STCP (2009)

• Resultados

Considerando-se que foi seguida uma metodologia de amostragem baseada


em Avaliação Ecológica Rápida (AER), em função do tempo disponível e
espaço a ser abrangido, os resultados obtidos da qualidade das águas
representam condições locais e momentâneas, porém indicando, com
consistência e clareza, as características principais das bacias abrangidas
pelo projeto.
3.26 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda
3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Todos os resultados obtidos para as análises ambientais realizadas no raio


de influência são apresentados nas Tabelas 3.08 a 3.10.

Tabela 3.08 – Resultados de Análises Físico-Químicas em Amostras


de Água, Período Seco
COR OD COND
PONTO RIO HORA PH
( MG PT/L) (MG/L) (μS)
1 Poti 13:30 93,0 6,40 6,88 89,60
2 Médio Parnaíba 16:15 103,0 7,90 7,63 57,10
3 Canindé 16:45 129,0 8,80 6,48 82,90
4 Médio Parnaíba 18:00 101,0 8,50 7,19 57,10
5 Poti 07:30 112,0 6,40 6,97 121,10
6 Berlenga 08:30 89,0 6,70 6,68 69,60
7 Surubim 10:30 72,0 7,90 7,14 367,00
8 Jenipapo 11:00 78,0 6,30 6,86 84,50
* OD = oxigênio dissolvido; COND = Condutividade elétrica

Tabela 3.09 – Resultados de Análises Físico-Químicas em Amostras


de Água, Período Seco
ST ALC TOTAL N AMO NITRITO NITRATO
PONTO RIO
(MG/L) (MG/L) (MG/L) (MG/L) (MG/L)
1 Poti 134,40 80,0 N.I. N.I. N.I.
2 Médio Parnaíba 123,90 140,0 N.I. N.I. 0,30
3 Canindé 124,34 144,0 N.I. N.I. < 0,20
4 Médio Parnaíba 85,64 116,0 N.I. N.I. N.I.
5 Poti 181,64 110,0 N.I. N.I. N.I.
6 Berlenga 104,40 120,0 N.I. N.I. < 0,20
7 Surubim 550,50 150,0 N.I. N.I. N.I.
8 Jenipapo 126,74 80,0 N.I. N.I. < 0,20
* ST = Sólidos Totais; Alc. Total = alcalinidade total; N Amo= Nitrogênio amoniacal.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.27


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Tabela 3.10 – Resultados de Análises Físico-Químicas em Amostras


de Água, Período Seco
F TOTAL TURBIDEZ DBO5 SULFETO
PONTO RIO
(MG/L) (MG/L) (MG/L) (MG/L)
1 Poti 0,69 80,0 4,90 0,00
2 Médio Parnaíba 1,51 210,0 6,20 0,00
3 Canindé 0,69 198,0 5,80 0,00
4 Médio Parnaíba 0,47 193,0 5,40 0,00
5 Poti 0,69 85,0 4,30 0,00
6 Berlenga 0,69 82,0 4,60 0,00
7 Surubim 0,58 70,0 5,20 0,00
8 Jenipapo 0,56 65,0 6,00 0,00
* F Total = Fósforo Total; DBO5, 20ºC = Demanda Bioquímica de Oxigênio obtida após 5 dias mantida a temperatura constante de 20ºC.

Nesse tipo de análise deve ser considerado ainda que as coletas foram
realizadas no período chuvoso, onde a vazão dos rios se multiplica e a
paisagem e condições dos ambientes são alteradas consideravelmente.

Os levantamentos efetuados em campo, aliados aos resultados obtidos em


laboratório, indicam o caráter de preservação das águas. Com base nos
limites estabelecidos na Resolução CONAMA Nº357/05 para Demanda
Bioquímica de Oxigênio (DBO5), observa-se que o Rio Poti poderia ser
enquadrado como classe 2, e os demais (Parnaíba e tributários do Longá)
como de classe 3.

Já na analise dos resultados de Oxigênio Dissolvido todos os rios


apresentaram valores acima de 6,0 mg/L, fato que poderia classificá-los
como de classe 1. A presença de nitritos e nitratos na água constitui uma
etapa do processo de nitrificação, indicativo de ambientes tóxicos à
ictiofauna, assim a não identificação de Nitrogênio Amonical e de Nitritos em
todas as amostras e os baixíssimos valores apresentados de Nitratos
revelam boas condições de qualidade propicia às comunidades aquáticas.

Alguns parâmetros chamam a atenção em razão de apresentarem valores


extremamente altos como é o caso da Cor (72,0-129 mg Pt/L), Fósforo Total
(0,47 – 1,51 mg/L), Sólidos Totais (85,64 – 550,50 mg/L) e alguns de
Turbidez (principalmente nos Rios Parnaíba e Canindé, com valores entre
193,0 e 210,0 mg/L.

Essa última pode ser explicada em razão da amostragem ser efetuada no


período chuvoso, onde o carreamento de sólidos para os cursos d’água é um
fenômeno freqüente e normal.

3.28 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Considerando-se as características analisadas, os cursos d’água visitados


são áreas frágeis e merecedoras de conservação, devendo ser respeitadas
as suas respectivas Áreas de Preservação Permanente (APP).

3.2.1.5 – Águas Subterrâneas

O desenvolvimento da sedimentação da bacia hidrográfica do Piauí-


Maranhão foi condicionado pela deposição de arenitos e argilitos, que
formaram, nesta ordem, aqüíferos e aquitardes, que numa distribuição
regional formou, de baixo para cima, os aqüíferos Serra Grande, Cabeças e
Poti-Piaui. A Figura 3.14 apresenta o mapa dos aqüíferos presentes na área
de influência do empreendimento.

Figura 3.14 – Hidrogeologia da Área de Estudo

Fonte: Elaboração STCP (2009)

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.29


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

• Aqüífero Serra Grande

Ocorre na formação geológica homônima constituída por arenitos de textura


variando de média à grosseira, passando a conglomerado. Este aqüífero está
posicionado sobre o embasamento metamórfico e abaixo do aquitarde
Pimenteiras.

Nas zonas de recargas hídricas, onde afloram conglomerados cimentados,


julga-se que a porosidade dominante é composta pelo sistema de fraturas e,
subsidiariamente, a permeabilidade é controlada pela porosidade primária.

O aqüífero Serra Grande é do tipo freático nas zonas de recargas, onde os


poços perfurados apresentam-se secos ou com reduzida vazão. Esta
característica hidráulica é comum nos poços da borda da bacia sedimentar
do Piauí/Maranhão (zona de recarga), porque a água infiltrada segue o
gradiente hidráulico até ao centro da bacia. Nos casos em que há alguma
estrutura (armadilha), que possibilite o armazenamento da água, haverá
então a possibilidade de perfuração de um poço produtivo.

À medida que o aqüífero Serra Grande penetra para o interior da bacia


torna-se mais espesso e mais confinado pelo aquitarde Pimenteiras,
sobrejacente. A profundidade deste aquifero, na área do projeto, não é
conhecida. Entretanto, há no vale do rio Gurguéia o poço Violeto com uma
profundidade de 1000 metros.

Dentro da área de influência do projeto este aqüífero torna-se mais espesso


e com elevadas potencialidades à medida que há uma aproximação do rio
Parnaiba (oeste da zona de recarga). Este aqüífero não é explorado na área
do projeto devido sua profundidade ser, provavelmente, por volta de 1.000
metros. Outro fator é a disponibilidade de exploração de aqüíferos menos
profundos.

Estudos realizados por uma missão hidrogeológica alemã na região de Picos


e por outra missão italiana na região do vale do Gurguéia indicam que o
aqüífero Serra Grande possui boa permeabilidade e com condições de
apresentar elevada produtividade. O coeficiente de armazenamento
calculado indica que este aqüífero apresenta excelente capacidade de
armazenar água em seus espessos pacotes de arenito de alta porosidade.

• Aqüífero Cabeças

Está posicionado entre os aquitardes Pimenteiras (sotoposto) e Longá


(sobreposto). Apresenta reduzida cimentação entre os grânulos de seus
espessos pacotes de arenitos, fato que possibilita a formação de uma boa
permeabilidade primária, associada com a permeabilidade por
fraturamentos, especialmente nas zonas de recarga.

3.30 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Suas zonas de recarga são do tipo livre, tornando-se semi-confinado e


confinado com a aproximação do centro da bacia. A formação Cabeças
representa o aqüífero mais intensamente atingido pelas perfurações em
outras regiões da bacia como, por exemplo, o vale do rio Gurgueia, afluente
da bacia hidrográfica do rio Parnaíba.

Os valores de permeabilidade e transmissividade deste aqüífero nas regiões


estudadas, principalmente no vale do rio Gurguéia, são influenciados pela
tectônica rígida, com o aqüífero relacionando-se com rio pela drenança
ascendente vertical.

• Aqüífero Poti/Piauí

Este aqüífero está posicionado acima do aquitarde Longá e associado com a


formação Piauí. Constitui um aqüífero de fracas potencialidades, motivadas
tanto pela sua litologia de arenitos quanto pelas espessas camadas de
argilitos.

A zona de recarga deste sistema encontra-se em regiões acidentadas, após


a cidade de Campo Maior. Dos aqüíferos de caráter regional este é o menos
profundo, podendo ser alcançado por poços com uma média de 200 metros
de profundidade.

Em razão dos poucos testes realizados nesse aqüífero, são escassos os


dados disponíveis de Transmissividade (T), Permeabilidade (K) e Coeficiente
de Armazenamento (S). De qualquer modo o aqüífero Poti, como é mais
conhecido, não tem a mesma importância, em termos de potencialidades,
comparando-se com os aqüíferos Serra Grande e Cabeças.

Na grande maioria das áreas de influências este aqüífero está confinado sob
os argilitos da formação Piauí. Desta forma, este aqüífero pouco profundo
está protegido por camadas semi-impermeáveis dos argilitos da referida
formação geológica.

• Aqüífero Pedra de Fogo

Esta formação geológica aflora dentro do município de Teresina e arredores.


É constituída por silexitos, calcários e arenitos friáveis. Constitui-se em um
aqüífero local e freático sem proteções naturais. Em coletas de amostras de
poços localizado em Teresina, é constante a presença de coliformes fecais.

• Aquitardo Pimenteiras

Pelas suas características litológicas esta formação geológica é considerada


um aquitarde. Sua posição estratigráfica está sobre o aqüífero Serra Grande
e sob o aqüífero Cabeças. De constituição argilosa, com níveis de arenito,
esta formação pode produzir nas áreas de afloramentos, poços com 2 a
3.000 L/h.
2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.31
3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

• Aquitardo Longá

Esta formação geológica também é considerada um aquitarde e serve de


substrato para o aqüífero Poti e confina, pelo topo, o aqüífero Cabeças.
Poços perfurados nesta formação geológica, nas cidades de Campo Maior e
Elesbão Veloso, apresentam resultados surpreendentes: ao lado de poços
secos outros com vazões superiores a 60.000 L/h. Nestas regiões de
intrusões básicas este aquitarde torna-se um aqüífero de natureza fissural
(porosidade secundária).

3.2.1.5.1 – Áreas de Recarga e Disponibilidade

As áreas de recargas dos aqüíferos regionais (Poti/Piauí, Serra Grande e


Cabeças) no Estado do Piauí encontram-se na bacia hidrográfica do
Parnaíba, distribuídas conforme apresentado na Tabela 3.11 (ANA, 2005).

Tabela 3.11 – Área de Recarga dos Aqüíferos (Km2)


AQUIFERO
SUB-BACIAS
SERRA
POTI/PIAUÍ % CABEÇAS % %
GRANDE
Parnaíba 01 6.277 7,31 0 0,00 0 0,00
Parnaíba 02 29.101 33,91 0 0,00 0 0,00
Parnaíba 03 23.367 27,23 3.481 12,00 1.575 5,37
Parnaíba 04 3.011 3,51 0 0,00 0 0,00
Parnaíba 05 3.721 4,34 11.190 38,59 7.443 25,35
Parnaíba 06 10.589 12,34 8.203 28,29 10.589 36,07
Parnaíba 07 9.749 11,36 6.123 21,12 9.749 33,21
TOTAL 85.815 100,00 28.997 100,00 29.356 100,00
Fonte: ANA (2005)

As infiltrações são possibilitadas diretamente pela água da chuva, e


subordinadamente, ocorre pela infiltração das águas dos rios, nas áreas em
que estes são livres.

As áreas de recarga relacionadas à área de influência do de estudo estão a


leste de Teresina, iniciando-se no Estado do Ceará com o aqüífero Serra
Grande. Cidades como Sigefredo Pacheco, Cocal de Telha, Juazeiro do Piauí
e Jatobá do Piauí estão na área de recarga do aqüífero Cabeças.

No sistema Poti/Piauí estão as cidades de Cabeceiras, Coivaras, Alto Longa,


Prata do Piauí e outras.

Os fraturamentos e a porosidade primária, nas áreas de recarga, facilitam a


infiltração, conferindo a estas rochas uma elevada permeabilidade,
principalmente nos aqüíferos Serra Grande e Cabeças, nesta ordem. Isto

3.32 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

acontece, evidentemente, nas áreas onde as rochas destes aqüíferos não


têm superposição de estratos, recebendo a infiltração direta da chuva ou do
rio. Os sistemas de fraturas são comuns às áreas de arenitos silicificados
que não possuem solo. Desta forma fica implícito que não poderá ocorrer
cultivo de Eucalyptus em regiões de fraturas expostas.

Como forma de ilustrar tal fenômeno, a Figura 3.15 apresenta um modelo de


representação da drenagem em zonas de fraturamento e falhas entre os
aqüíferos e o rio Gurguéia. É possível observar que todo o fluxo da água
infiltrada vai para o centro da bacia gerando maiores pressões e,
conseqüentemente, elevação do nível potenciométrico. Nos pontos onde a
camada semi-impermeável sobrejacente é descontínua acontece um fluxo
vertical ascendente que vai de um aqüífero para outro, ou para um rio.

Figura 3.15 – Modelo Representativo da Drenagem Vertical


Ascendente entre os Aqüíferos e o Rio Gurguéia
SE
Área Projeto Piloto
Poço
NO 195
Rio Gurguéia

LEGENDA

Aluviões antigas e recentes fluxo da água


Potí-Piauí
Longá
Cabeças
Pimenteiras
Falha

Escala 1:100.000

Fonte: Aquater – Grupo Eni – Itália, 1992.

A disponibilidade hídrica subterrânea em cada sub-bacia do Parnaíba foi


estimada de acordo com a área de recarga dos aqüíferos pertencentes à
sub-bacia. Para cada sub-bacia foi calculado um valor de percentual de
recarga, de acordo com a metodologia proposta pela ANA (2005), em áreas
do aqüífero, considerando para este estudo, apenas os três maiores
aqüíferos da bacia do Parnaíba (Poti/Piauí, Cabeças e Serra Grande).

A disponibilidade hídrica subterrânea foi estimada com base nas áreas de


recarga acima e distribuída na tabela 3.12.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.33


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Tabela 3.12 – Reserva Explotável nos Aquíferos da Região


Hidrográfica do Parnaíba
ÁREA DE RESERVA (M³/S)
SISTEMA ESPESSURA PRECIPITAÇÃO
TIPO RECARGA
AQÜÍFERO MÉDIA (M) (MM/ANO) RENOVÁVEL EXPLOTÁVEL
(KM²)
Itapecuru P, L 204.979 100 1.836 1.074,0 214,8
Corda P, L, 35.266 160 1.371 46,0 9,2
C
Motuca P, L 10.717 - 1.470 15,0 3,0
Poti-Piauí P, L, 117.012 400 1.342 650,0 130,0
C
Cabeças P, L, 34.318 300 1.104 36,0 7,2
C
Serra P, L, 30.450 500 943 63,5 12,7
Grande C
Urucaia P, L 144.086 300 1.294 1.118,0 236,4
Areado
Exu P, L 6.397 - 777 3,0 0,6
Barreiras P, L, 176.532 60 1.938 1.085,0 217,0
C
* reserva explotável = 20% da reserva renovável; P: Poroso; L: Livre; C: Confinado
Fonte: ANA (2005a, p. 44).

Obtem-se então que o aqüífero Poti/Piauí tem a maior área de recarga


possibilitando, assim, uma reserva renovável de 650,0 m3/s, seguido pelo
aqüífero Cabeças com 34.318 Km2 de área e 38,0 m3/s e finalmente pelo
aqüífero Serra Grande com 30.450 Km2 e 63,6 m3/s de reserva renovável.

As espessuras médias dos aqüíferos Poti/Piauí, Cabeças e Serra Grande são,


respectivamente, de 400, 300 e 500 metros.

Os poços perfurados na bacia hidrográfica do rio Poti têm uma média de 140
e 226 metros de profundidade no aqüífero Poti/Piauí em situações de
aqüíferos livre e confinado, nesta ordem, apresentando uma vazão de 18
m3/h para o aqüífero livre e 40m3/h para o aqüífero confinado. A água é de
boa qualidade, com Resíduo Seco médio da ordem de 200 mg/l.

Para o aqüífero Cabeças, onde foram consultados 87 poços, tem-se uma


profundidade média de 109 metros para o aqüífero livre e 284 metros para o
aqüífero confinado. As vazões médias são de 12 m3/h para o aqüífero do tipo
livre e de 50m3/h para o aqüífero do tipo confinado. Este aqüífero é
separado do aqüífero Serra Grande por um aquitardo representado pela
Formação Pimenteiras. É considerado o melhor da região, em função das
suas condições de exploração mais favoráveis, acompanhando a Formação
Serra Grande ao longo da faixa de afloramentos. As características de
produtividade são as mesmas do aqüífero Serra Grande, bem como a
qualidade química das suas águas.

3.34 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

No aqüífero Serra Grande, foram pesquisados 110 poços que apresentam


uma profundidade média de 158 metros para o aqüífero livre e 172 metros
de profundidade para o aqüífero confinado. As vazões médias observadas
são de 6 m3/h, no aqüífero livre, e de 15 m3/h, para o aqüífero confinado.

Conforme consta no Plano Nacional de Recursos Hídricos, o aqüífero Serra


Grande é explorado, principalmente, sob condições de artesianismo. Sua
produtividade é muito elevada, com poços de capacidade específica superior
a 4 m³/h/m, e vazões superiores a 100 m³/h, para rebaixamento de nível
d´água de 25 m. A qualidade da água é muito boa, com Resíduo Seco médio
de 300 mg/l.

3.2.1.5.2 – Risco de Contaminação

Os aqüíferos existentes, na área de influência do Projeto Florestal, com


características regionais são: Serra Grande, Cabeças, Poti/Piauí, com posição
hidroestratigráfica variada e características hidráulica e de proteção natural
distintas. O aqüífero Pedra de Fogo ocorre aflorando na região de Teresina
sendo, assim, um aqüífero local e freático.

• Serra Grande

Este aqüífero tem risco nulo de contaminação considerando toda a área de


influência do Projeto Florestal da Suzano. Esta característica é assumida pelo
fato do mesmo ser muito profundo, alcançando 1.000 metros. Está ainda
protegido por camadas argilosas semi-impermeáveis, além de sua área de
recarga ser fora da área de estudo. A pressão predominante no aqüífero
Serra Grande confinado não permite o fluxo descendente.

• Cabeças

Este aqüífero apresenta um risco nulo de contaminação, em razão de


apresentar uma profundidade de 284 metros, em média, e em condições
artesianas protegido por uma camada semi-impermeável. Além de que, sua
exploração na área do projeto florestal é muito baixa.

Apresenta uma faixa muito pequena de sua área de recarga dentro da área
de influência do empreendimento.

• Poti/Piauí

A sua taxa de permeabilidade é considerada baixa e, portanto, apresenta


uma menor infiltração. Julga-se seu risco de contaminação baixo porque há
poucas atividades previstas em sua área recarga e, por outra, suas unidades
armazenadoras e transmissoras não são tão rasas, ficando em média, entre
140 e 226 metros de profundidade.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.35


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Em muitas áreas das fazendas destinadas ao florestamento ocorre uma


cobertura argilo-arenosa que dificulta uma infiltração rápida. Nas fazendas
localizadas em Mosenhor Gil há uma cobertura arenosa de boa
permeabilidade, fazendo com que o risco de contaminação, para estas áreas,
seja um pouco maior. Estas coberturas recentes não estão mapeadas,
existindo somente referências a determinadas formações geológicas. Nos
pontos de boa permeabilidade das áreas de recarga não há coberturas e, por
conseqüência, as rochas areníticas são aflorantes dificultando, assim, as
atividades agrícolas.

Em resumo, nas áreas mais vulneráveis das recargas aqüíferas as atividades


humanas encontram dificuldades, fazendo com que os riscos de
contaminação sejam nulos ou baixos.

As recargas dos aqüíferos Serra Grande e Cabeças não serão afetadas por
esta atividade porque as áreas de influência direta (AID) não estão nestas
zonas de recarga. Quanto às zonas de recargas do sistema Poti/Piauí a
topografia compensará os possíveis desmatamentos coincidentes com esta
recarga, não permitindo uma maior velocidade de escoamento favorecendo,
assim, á infiltração das águas pluviais.

• Pedra de Fogo

Este aqüífero é do tipo freático e local ocorrendo na cidade de Teresina e


arredores. Sua superfície freática é pouco profunda, fazendo com que
cacimbas rasas de 10 metros de profundidade tenham água. Esta
característica, associada à falta de proteção natural, faz com que a
vunerabilidade deste aqüífero seja alta e o risco de contaminação, na área
urbana de Teresina, seja elevado, em função das atividades antrópicas que
não seguem as leis regulamentadoras de efluentes domésticos e industriais.

Nas áreas de influência direta, onde serão desenvolvidas as atividades de


cultivo do Eucalyptus, este aqüífero poderá ser alcançado porque,
dependendo da topografia, o nível estático poderá estar de 3 a 10 metros.
Porém os poços rasos (Cacimbas) não são recomendados para uso e
consumo humano.

Esta formação geológica apresenta problemas geotécnicos na cidade de


Teresina e, por conta desta característica, vários problemas de
desabamentos já ocorreram. Em face desta situação foram proibidas
perfurações para água subterrânea em Teresina, principalmente na porção
entre rios. Os poços existentes, construídos dentro de projetos de eficiência
técnica, não captam água do aqüífero Pedra de Fogo.

Estes desabamentos ainda não foram estudados. As causas discutidas até o


presente estão ainda no campo das hipóteses. Sabe-se que na litologia da
Formação Pedra de Fogo, formação geológica dos desmoronamentos, há

3.36 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

níveis de calcário que ao serem atacados por águas de Ph ácido podem


sofrer dissolução. Também já foi comprovada em perfurações a existência
do denominado Arenito Saraiva. Este arenito é friável e saturado, portanto,
com características próprias para sofrer fluxo e ocupar espaços vazios
naturais ou artificiais. Entretanto, estas e outras argumentações nunca
foram testadas ficando, assim, no campo das hipóteses.

3.2.1.6 – Solos

Nos estudos ambientais, o recurso natural que se apresenta como elemento


interpretativo mais significativo é sem dúvida o solo, visto que, como
resultado da ação integrada dos demais (geologia, relevo, vegetação e
clima), expressa em seu corpo a variação combinada destes fatores que o
formaram, além de se constituir no espaço onde ocorrem os principais
fenômenos de superfície.

Segundo a EMBRAPA Solos, a classificação de solos é definida pelo Sistema


Brasileiro de Classificação de Solos – SiBCS, onde é estruturado em seis
níveis categóricos, são eles: ordens, subordens, grandes grupos, subgrupos,
o 5º e 6º nível ainda estão em fase de discussões. Atualmente um solo
poder ser corretamente classificado até o 4º nível categórico do sistema.

A seguir estão descritas as classes de solo predominantes na região, do nível


categórico ordem a subgrupos, definindo cada classe e mencionando suas
características. Para tal, foi adotado a nova nomenclatura e especificações
recomendadas pelo SiBCS da EMBRAPA (2006). A Tabela 3.13 resume os
tipos de solos identicados.

Tabela 3.13 – Classificação dos Tipos de Solos Identificados na


Região do Empreendimento
ORDEM SUBORDEM SUBGRUPO

ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distróficos espessarênicos


abrúpticos

ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distróficos espessarênicos

ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distróficos arênicos abrúpticos

Argissolo Vermelho ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distróficos arênicos


Amarelo
Argissolos
ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distróficos abrúpticos

ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distróficos plínticos

ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distróficos latossólicos

ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distróficos típicos

Argissolo Amarelo ARGISSOLOS AMARELOS Distróficos plínticos concrecionários

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.37


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

ORDEM SUBORDEM SUBGRUPO

LATOSSOLOS AMARELOS Distróficos típicos

Latossolo Amarelo LATOSSOLOS AMARELOS Distróficos petroplínticos concrecionários

LATOSSOLOS AMARELOS Distróficos petroplínticos concrecionários


Latossolos
LATOSSOLOS VERMELHO AMARELOS Distróficos petroplínticos
Latossolo Vermelho
Amarelo
LATOSSOLOS VERMELHOS AMARELOS Distróficos tipicos

Latossolo Vermelho LATOSSOLOS VERMELHOS Distróficos petroplínticos

PLINTOSSOLOS PETRICOS Litoplínticos

PLINTOSSOLOS PETRICOS Concrecionários êndicos

PLINTOSSOLOS PETRICOS Concrecionários êndicos latossólicos


Plintossolo Pétrico
PLINTOSSOLOS PETRICOS Concrecionários êndicos argissólicos

PLINTOSSOLOS PETRICOS Concrecionários êndicos gleissólicos

Plintossolos PLINTOSSOLOS PETRICOS Concrecionários e Litoplintícos êndicos

PLINTOSSOLOS ARGILÚVICOS Eutróficos petroplínticos

PLINTOSSOLOS ARGILÚVICOS Distróficos gleissólicos


Plintossolo Argilúvico
PLINTOSSOLOS ARGILÚVICOS gleissólicos

PLINTOSSOLOS ARGILÚVICOS Distróficos gleissólicos concrecionários

Plintossolo Háplico PLINTOSSOLOS HÁPLICOS Distróficos petroplínticos hidromórficos

NEOSSOLOS LITÓLICOS Distróficos substrato rochas eruptivas básicas


Neossolo Litólico
NEOSSOLOS LITÓLICOS Distróficos substrato arenitps
Neossolos
NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS ÓRTICOS
Neossolo Quartzarênico
NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS plinticos gleicos

GLEISSOLOS HAPLICOS Distróficos plínticos

Gleissolo Gleissolo Háplico GLEISSOLOS HAPLICOS Distróficos petroplínticos

GLEISSOLOS HAPLICOS Distróficos haplicos

CAMBISSOLOS HÁPLICOS Distróficos plínticos

Cambissolo Cambissolo Háplico CAMBISSOLOS HÁPLICOS Distróficos petroplínticos

CAMBISSOLOS HÁPLICOS Tb Distróficos típicos

Fonte: STCP, 2009, Marcos P. Souza, 2009.

Os Argissolos são solos constituídos por material mineral, apresentando


horizonte B textural logo abaixo do A ou E, com argila de atividade baixa ou
com argila de atividade alta conjugada com baixa saturação por bases e/ou
caráter alítico na maior parte do horizonte B. De profundidade variável, são

3.38 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

fortemente a imperfeitamente drenados, e apresentam cores avermelhadas


ou amareladas, e mais raramente, brunadas ou acinzentadas. A textura
varia de arenosa a argilosa no horizonte A e de média a muito argilosa no
horizonte Bt, sempre havendo aumento de argila daquele para este.

São forte a moderadamente ácidos, com saturação por bases alta ou baixa,
cauliníticos e com relação molecular Ki, em geral, variando de 1,0 a 3,3.

A Foto 3.02 ilustra os principais grandes grupos de Argissolos identificados.

Foto 3.02 – Perfil dos Principais Grandes Grupos de Argissolos


Identificados

A B C

Fonte: Marcos P. Souza, 2009.


Legenda: A) ARGISSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico Ti 1; B) ARGISSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico Ab 1; C) ARGISSOLO
VERMELHO AMARELO Distrófico Pl 1.

Quanto aos Latossolos, esta Ordem compreende solos constituídos por


material mineral, com horizonte B latossólico imediatamente abaixo de
qualquer um dos tipos de horizonte diagnóstico superficial, exceto hístico.
São solos em avançado estágio de intemperização, muito evoluídos, como
resultado de enérgicas transformações no material constitutivo.

São virtualmente destituídos de minerais primários ou secundários menos


resistentes ao intemperismo, e têm capacidade de troca de cátions baixa,
comportando variações desde solos predominantemente cauliníticos. São
normalmente muito profundos, sendo a espessura do solum raramente
inferior a um metro. Variam de fortemente a bem drenados, embora
ocorram solos que têm cores pálidas, de drenagem moderada ou até mesmo

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.39


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

imperfeitamente drenados, transicionais para condições com certo grau de


gleização.

Têm seqüência de horizontes A, B, C, com pouca diferenciação de


subhorizontes e transições usualmente difusas ou graduais. Em distinção às
cores mais escuras do A, o horizonte B tem aparência mais viva, com as
cores variando desde amarelas ou mesmo bruno-acinzentadas até vermelho-
escuro a cinzentadas.

Dependendo da natureza, forma e quantidade dos constituintes - mormente


dos óxidos e hidróxidos de ferro – variam segundo condicionamento de
regime hídrico e drenagem do solo, dos teores de ferro na rocha de origem e
se a hematita é herdada dela ou não.

O incremento de argila do A para o B é pouco expressivo ou inexistente e a


relação textural B/A não satisfaz os requisitos para B textural. De um modo
geral, os teores da fração argila no solum aumentam gradativamente com a
profundidade ou permanecem constantes ao longo do perfil. A cerosidade, se
presente, é pouca e fraca.

A Foto 3.03 ilustra os principais grandes grupos de Latossolos identificados.

Foto 3.03 – Perfil dos Principais Grandes Grupos de Latossolos


Identificados

A B C
Fonte: Marcos P. Souza, 2009.
Legenda: A) LATOSSOLO VERMELHO AMARELO Textura argilosa 1; B) LATOSSOLO VERMELHO AMARELO Textura média 2; C) LATOSSOLO
AMARELO DISTRÓFICO textura argilosa 3.

3.40 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Os Plintossolos compreendem solos minerais, formados sob condições de


restrição à percolação da água, sujeitos ao efeito temporário de excesso de
umidade, de maneira geral imperfeitamente ou mal drenados, que se
caracterizam fundamentalmente por apresentar expressiva plintização com
ou sem petroplintita na condição de que não satisfaçam os requisitos
estipulados para as classes dos Neossolos, Cambissolos, Luvissolos,
Argissolos, Latossolos, Planossolos ou Gleissolos.

Apesar da coloração destes solos ser bastante variável, verifica-se o


predomínio de cores pálidas com ou sem mosqueados de cores alaranjadas a
vermelhas, ou coloração variegada, acima do horizonte diagnóstico (plíntico,
concrecionário ou litoplíntico).

No caso dos solos com horizonte concrecionário, principalmente, apresenta


melhor drenagem e ocupa posições mais elevadas em relação aos primeiros.
Encontram-se normalmente em bordos de platôs e áreas ligeiramente
dissecadas de chapadas e chapadões.

As fotos 3.04 e 3.05 ilustram os principais grandes grupos de Plintossolos


identificados e áreas de ocorrência, respectivamente.

Foto 3.04 – Perfil dos Principais Grandes Grupos de Plintossolos


Identificados

Fonte: Marcos P. Souza, 2009.


Legenda: A) PLINTOSSOLO ARGILÚVICO 1; B) PLINTOSSOLO PÉTRICO CONCRECIONARIO ARGILICO 3; C) PLINTOSSOLO PÉTRICO
CONCRECIONÁRIO 4

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.41


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Foto 3.05 – Área de Ocorrência de Plintossolo Pétrico

Fonte: SOUZA, M P. (2009).

No caso dos Neossolos, estes são constituídos por material mineral ou por
material orgânico pouco espesso, que não apresentam alterações
expressivas em relação ao material originário devido à baixa intensidade de
atuação dos processos pedogenéticos e as características do próprio material
de origem, como maior resistência ao intemperismo ou composição química,
ou dos demais fatores de formação (clima, relevo ou tempo), que limitaram
a evolução dos solos.

Duas subordens de Neossolos caracterizam a área, os NEOSSOLOS


LITÓLICOS e os NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS, cada qual com dois sub-
grupos identificados (Tabela 3.14). Destaca-se na área também a presença
de NEOSSOLOS FLUVICOS Distróficos gleissólicos derivados de sedimentos
aluviais com horizonte A sobre camadas estratificadas, sem relação
pedogenética entre si e distribuição irregular do conteúdo de carbono
orgânico. Ocorrem associados a Gleissolos próximo a planície aluvial dos
Rios Parnaíba e Poti.

As Fotos 3.06 e 3.07 ilustram a paisagem e perfil de grandes grupos de


Neossolos Litólicos.

3.42 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Foto 3.06 – Paisagem e Pefil de Grandes Grupos de Neossolos


Litólicos

Fonte: SOUZA, M P. (2009).


Legenda: A) Área de ocorrência de NEOSSOLO LITÓLICO 1; B) PERFIL DE NEOSSOLO LITÓLICO 1.

Foto 3.07 – Paisagem e Perfil de Grandes Grupos de Neossolos


Quartzarênicos

A B

Fonte: SOUZA, M P. (2009).


Legenda: A) Área de ocorrência de Neossolo Quartzarênico 1; B) Perfil de Neossolo Quartzarênico 1.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.43


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Outras unidades de mapeamento, embora com área mínima mapeável na


escala de reconhecimento ou por serem consideradas inclusões na área de
estudo, assumem grande importância no contexto da unidade de produção,
tanto pelo aspecto econômico como pelo ambiental. Tais unidades
compreendem os GLEISSOLOS e os CAMBISSOLOS com suas respectivas
sub-divisões (Tabela 3.13).

Os Gleissolos compreendem solos hidromórficos constituídos por material


mineral e que apresentam horizonte glei dentro dos primeiros 150 cm da
superfície do solo, imediatamente abaixo de horizontes A ou E (com ou sem
gleização), ou de horizonte hístico com menos de 40 cm de espessura. Não
apresentam textura exclusiva de areia ou areia franca em todos os
horizontes dentro dos primeiros 150 cm da superfície do solo, ou até um
contato lítico, tampouco horizonte vértico, ou horizonte B textural com
mudança textural abrupta acima ou coincidente com horizonte glei ou
qualquer outro tipo de horizonte B diagnóstico acima do horizonte glei. O
horizonte plíntico, se presente, deve estar à profundidade superior a 200
cm. da superfície do solo.

Os solos desta classe encontram-se permanente ou periodicamente


saturados por água, salvo se artificialmente drenados. A água permanece
estagnada ou a saturação é por fluxo lateral no solo. Em qualquer
circunstância, a água do solo pode se elevar por ascensão capilar, atingindo
a superfície. A Foto 3.08 ilustra a paisagem e perfil de Gleissolo Háplico
presente na área do empreendimento.

Foto 3.08 – Paisagem e Perfil de Gleissolo Háplico

Fonte: SOUZA, M P. (2009).


Legenda: A) Paisagem; B) Perfil de Gleissolo Háplico

3.44 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Quanto aos Cambissolos, estes são constituídos por material mineral com
horizonte B incipiente subjacente a qualquer tipo de horizonte superficial,
exceto hístico com 40 cm ou mais de espessura, ou horizonte A
chernozêmico, quando o B incipiente apresentar argila de atividade alta e
saturação por bases alta. Plintita e petroplintita, horizonte glei e horizonte
vértico, se presentes, não satisfazem os requisitos para Plintossolos,
Gleissolos e Vertissolos, respectivamente. A Foto 3.09 ilustra o perfil deste
tipo de solo.

Foto 3.09 – Perfil dos Principais Grandes Grupos de Cambissolos


Identificados

A B
Fonte: SOUZA, M P. (2009).
Legenda: A) CAMBISSOLO HAPLICO Tipico 2; B) NEOSSOLO FLUVICO gleico

Por fim, outros tipos de terreno presentes na área de influência do


empreendimento constituem unidades de mapeamento especiais e não
propriamente classes de solos, incluindo-se entre elas áreas de empréstimo
e de despejo, aterros, áreas urbanizadas, escarpas rochosas e afloramento
de rochas, e como foram o caso neste estudo, as áreas de cangas lateriticas
(Foto 3.10) e as cascalheiras, representadas pelas unidades Afloramentos
Rochosos e Cangas Lateriticas.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.45


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Foto 3.10 – Área de Canga Lateritíca Presente na Área do


Empreendimento

Fonte: SOUZA, M P. (2009).

Com base em prospecções de campo, nos resultados analíticos das amostras


dos levantamentos disponíveis executados pela Embrapa e Projeto Radam,
na interpretação das imagens de satélites e mapas temáticos de relevo, as
unidades de solos foram classificadas tendo como referencia o Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos (Embrapa,2006). Posteriormente, este
critério foi adotado para avaliações mais detalhadas em locais específicos
com o objetivo de se estabelecer uma relação entre a aptidão de uso das
terras das unidades de solos e as áreas de proteção ambiental. O relevo
somente foi utilizado como elemento definidor da unidade de mapeamento
pra aqueles solos que ocorrem nas cotas mais altas, relevo ondulado e forte
ondulado, representativos e de baixa aptidão.

As unidades de mapeamento, sua legenda de identificação com a


denominação e simbologia para representação no mapa são apresentadas na
Tabela 3.14, que também mostra as áreas estimadas que ocupam no raio de
120 km².

A distribuição espacial das unidades está apresentada no mapa da Figura


3.14, que tem resolução compatível com o nível de reconhecimento, visto
que a maior parte das unidades de mapeamento são constituídas por
unidades compostas, ou seja, associações de solos.

3.46 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Tabela 3.14 – Legenda de Identificação das Unidades de


Mapeamento
ÁREA % DO
CLASSE UNIDADES DE MAPEAMENTO DE SOLOS
HECTARES TOTAL
Ass. PLINTOSSOLOS PÉTRICOS + LATOSSOLOS VERMELHOS-
FF1 438.449 11,94
AMARELOS
Ass. PLINTOSSOLOS PÉTRICOS + PLINTOSSOLOS ARGILÚVICOS
FF2 530.060 14,43
+LATOSSOLOS VERMELHOS-AMARELOS
Ass. PLINTOSSOLOS PÉTRICOS + NEOSSOLOS LITÓLICOS +
FF3 83.442 2,27
NEOSSOLOS QUARTZRÊNICOS
Ass. PLINTOSSOLOS PÉTRICOS litoplínticos + LATOSSOLOS
FF4 64.215 1,75
VERMELHOS-AMARELOS + AFLORAMENTOS DE ROCHAS

Ass. LATOSSOLOS VERMELHOS-AMARELOS + NEOSSOLOS


LVA1 249.311 6,79
QUARTZRÊNICOS órticos

Ass. LATOSSOLOS VERM-AMARELOS+ PLINTOSSOLOS PÉTRICOS


LVA2 78.739 2,14
concrecionários + NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS órticos

LVA3 LATOSSOLOS VERMELHOS-AMARELOS 32.133 0,87

Ass. LATOSSOLOS VERMELHOS-AMARELOS + NEOSSOLOS


LVA4 160.144 4,36
QUARTZRÊNICOS PLINTOSSOLOS PÉTRICOS concrecionários

PVA1 ARGISSOLOS VERMELHOS-AMARELOS 55.878 1,52

Ass. ARGISSOLOS VERMELHOS-AMARELOS plínticos +


PVA2 55.772 1,52
LATOSSOLOS VERMELHOS-AMARELOS

Ass. ARGISSOLOS VERMELHOS-AMARELOS + PLINTOSSOLOS


PVA3 169.999 4,63
PÉTRICOS concrecionários + LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS

Ass. ARGISSOLOS VERMELHOS-AMARELOS + PLINTOSSOLOS


PVA4 814.668 22,18
PÉTRICOS litoplínticos NEOSSOLOS QUARTZRÊNICOS órticos

Ass. ARGISSOLOS VERMELHOS-AMARELOS + LATOSSOLOS


PVA5 17.690 0,48
VERMELHOS-AMARELOS + NEOSSOLOS LITÓLICOS

Ass. NEOSSOLOS LITÓLICOS + NEOSSOLOS QUARTZRÊNICOS


RL1 21.821 0,59
órticos

Ass. NEOSSOLOS LITÓLICOS + LATOSSOLOS VERMELHOS-


RL3 AMARELOS + PLINTOSSOLOS PÉTRICOS litoplíntico e 16.541 0,45
concrecionários

RL4 Ass. NEOSSOLOS LITÓLICOS + CAMBISSOLOS + CHERNOSSOLOS 326.403 8,89

Ass. NEOSSOLOS QUARTZRÊNICOS órticos + LATOSSOLOS


RQo1 100.451 2,73
VERMELHOS-AMARELOS

Ass. NEOSSOLOS QUARTZRÊNICOS órticos + NEOSSOLOS


RQo2 288.197 7,85
LITÓLICOS + PLINTOSSOLOS PÉTRICOS

Ass. NEOSSOLOS QUARTZRÊNICOS órticos + LATOSSOLOS


RQo3 VERMELHO-AMARELOS + PLINTÍCOS PÉTRICOS litoplínticos e 169.554 4,62
concrecionários

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.47


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Figura 3.16 – Solos da Área de Estudo

Fonte: Elaboração STCP (2009)

3.2.1.7 – Aptidão Agrícola das Terras

A avaliação do potencial da terra torna-se um estágio essencial nos estudos


do planejamento ambiental, ao abordar o conhecimento das relações entre
os diferentes componentes do ecossistema e de seu comportamento, por
meio de diagnósticos dos fatores ambientais.

3.48 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

O conceito de "Terra" compreende todas as condições do ambiente físico, do


qual o "solo" é apenas uma delas.

A aptidão agrícola foi definida pela FAO (1976) como sendo o processo de
estimar o desempenho da terra, quando usada para propósitos específicos,
envolvendo a execução e interpretação de levantamentos e estudos das
formas de relevo, solos, vegetação, clima e outros aspectos da terra, de
modo a identificar e proceder à comparação dos tipos de usos mais
promissores.

Os princípios básicos da avaliação de terras são:

a) A aptidão da terra é avaliada e classificada com relação a tipos


específicos de uso. Diferentes usos têm diferentes requerimentos.
Dessa forma, a terra e o uso da terra são igualmente fundamentais na
avaliação da aptidão;

b) A aptidão refere-se ao uso em base sustentada e o aspecto de


degradação ambiental deve ser levado em consideração, o que não
implica que o ambiente deva ser preservado em um estado
completamente inalterado. Após a retirada da vegetação natural
presente, o manejo adotado deve manter pelo menos o mesmo nível
de estabilidade e fertilidade do solo original;

c) A avaliação envolve mais do que a comparação simples de tipos de


solos, podendo ser, por exemplo, entre agricultura e silvicultura, entre
dois ou mais diferentes sistemas de cultivo, ou entre culturas
individuais.

A avaliação de terras constitui-se numa classificação em unidades de terra,


baseada na sua capacidade de proporcionar o maior retorno para uma dada
operação por unidade de área, de trabalho ou de capital, conforme
circunstâncias, e de acordo com o nível de manejo e as condições sócio-
econômicas. A classe de aptidão agrícola das terras é resultado da limitação
mais forte de qualquer um dos fatores:

− Deficiência de fertilidade,

− Deficiência de água,

− Excesso de água ou deficiência de oxigênio,

− Suscetibilidade à erosão, e,

− Impedimentos à mecanização,

Portanto se busca avaliar o comportamento das terras, o que indica que


outros fatores além dos atributos de solo e relevo devem ser considerados,

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.49


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

principalmente as relacionadas com o clima e com as diferentes aplicações


de tecnologias.

A aptidão agrícola de cada unidade de mapeamento pode ser classificada


para cada nível de manejo. A classificação da SUPLAN/EMBRAPA está
estruturada segundo as seguintes categorias de generalização decrescente:

a) Grupos de Aptidão Agrícola

A classificação estabelece seis grupos que expressam em forma decrescente


o tipo de utilização mais intensivos das terras, ou seja, sua melhor aptidão.
Os três primeiros (1,2,3) grupos são aptos para lavouras.

O grupo 4 é indicado, basicamente, para pastagem plantada, o 5 para


silvicultura e ou pastagem natural, enquanto que o grupo 6 reúne terras
sem aptidão agrícola, que não apresentam outra alternativa, a não ser a
preservação dos recursos naturais.

b) Subgrupos de Aptidão Agrícola

Expressam a variação dentro do Grupo, com resultado da avaliação da


classe de aptidão relacionada com o nível de manejo, indicando o topo de
utilização das terras No exemplo: 1(a)bC, o algarismo, indicativo do grupo
representa a melhor classe de aptidão dos componentes do subgrupo, uma
vez que as terras pertencem a classe da aptidão boa no nível de manejo C
(grupo 1), regular no nível de manejo B (grupo 2) e restrita no nível de
manejo A (grupo 3).

c) Classes de Aptidão Agrícola

As classes expressam a aptidão das terras para um tipo de utilização


determinado, com um nível de manejo definido dentro do subgrupo de
aptidão.

Elas refletem o grau de intensidade com que as limitações afetam as terras,


sendo definidas em termos de graus, referentes aos fatores limitantes mais
significativos. As classes são assim definidas:

1) Classe Boa

Terras sem limitações significativas para a produção sustentada de um


determinado tipo de utilização, se observado as condições do manejo
considerado. Há um mínimo de restrições que não reduz a produtividade ou
beneficio expressivamente, e não aumenta os insumos acima de um nível
aceitável. Nesta classe, os diversos tipos de utilização das terras são
representados pelos símbolos:

• A, B e C – lavouras;

3.50 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

• P – Pastagem plantada;

• S – Silvicultura, e;

• N – Pastagem natural.

2) Classe Regular

Terras que representam limitações para a produção sustentada de um


determinado tipo de utilização, observando-se as condições de manejo
considerado. As limitações reduzem a produtividade ou os benefícios,
elevando a necessidade de insumos para se aumentar as vantagens globais
a serem obtidas do uso. Ainda que atrativas essas vantagens sejam
sensivelmente inferiores àquelas aferidas das terras de classe boa. Nesta
classe os diversos tipos de utilização das terras são representados pelos
seguintes símbolos:

• a, b e c – Lavouras;

• p – Pastagem plantada;

• s – Silvicultura, e;

• n – Pastagem natural.

3) Classe Restrita

Terras que possuem limitações fortes para a produção sustentada de um


tipo de utilização, nas condições de manejo considerado. Essas limitações
reduzem a produtividade ou os benefícios, ou aumentam os insumos
necessários de forma que os custos só seriam justificados marginalmente.

Nessa classe, os diversos tipos de utilização das terras são representados


pelos seguintes símbolos:

• (a), (b) e (c) – Lavoura;

• (p) – Pastagem plantada;

• (s) – Silvicultura, e;

• (n) – Pastagem natural.

4) Classe Inapta

Terras com limitações que impedem a produção sustentada do tipo de


utilização em questão. Ao contrário das demais, essa classe não é
representada por símbolos. Sua interpretação é feita, pela ausência das
letras do tipo de utilização considerada.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.51


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

As terras consideradas inaptas para lavoura têm suas possibilidades


analisadas para usos menos intensivos como pastagens plantadas,
silvicultura ou pastagem natural. No entanto, se consideradas como inaptas
para os diversos tipos de utilização tem como indicação o uso para a
preservação da flora e da fauna, recreação ou algum outro tipo de uso não
agrícola.

A Tabela 3.15 mostra as classes de solos e interpretação de cada uma das


unidades de mapeamento nas respectivas unidades de aptidão agrícola das
terras, enquanto a Tabela 3.16 apresenta as áreas que ocupam cada uma
das unidades de aptidão agrícola no raio de 120km. Foram ainda
consideradas algumas classes de solos que não se encontram no raio de
abrangência do empreendimento, mas como estão muito próximas e podem
ocorrer como inclusão nas unidades mapeadas, foram incluídas na Legenda
de Identificação, uma vez que aparecem no mapa.

Tabela 3.15 – Unidade de Mapeamento e as Classes de Aptidão


Agrícola das Terras

CLASSE UNIDADE DE MAPEAMENTO APTIDÃO

FF1 PLINTOSSOLOS PÉTRICOS + LATOSSOLOS VERMELHOS-AMARELOS 4p

PLINTOSSOLOS PÉTRICOS + PLINTOSSOLOS ARGILÚVICOS +


FF2 5(n)
LATOSSOLOS VERMELHOS-AMARELOS

PLINTOSSOLOS PÉTRICOS + NEOSSOLOS LITÓLICOS + NEOSSOLOS


FF3 5(n)
QUARTZRÊNICOS

LATOSSOLOS VERMELHOS-AMARELOS + NEOSSOLOS QUARTZRÊNICOS


LVA1 2(a)bc
órticos

LATOSSOLOS VERMELHOS-AMARELOS + NEOSSOLOS QUARTZRÊNICOS


LVA2 2(a)bc
órticos + PLINTOSSOLOS PÉTRICOS concrecionários

LVA3 LATOSSOLOS VERMELHOS-AMARELOS 2(a)bc

LATOSSOLOS VERMELHOS-AMARELOS + PLINTOSSOLOS PÉTRICOS


LVA4 3(bc)
concrecionários + NEOSSOLOS QUARTZRÊNICOS

LATOSSOLOS VERMELHOS-AMARELOS + PLINTOSSOLOS PÉTRICOS


LVA4 3(bc)
concrecionários + NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS

LATOSSOLOS VERMELHOS-AMARELOS + PLINTOSSOLOS ARGILÚVICOS


LVA5 3(bc)
E PÉTRICOS + NEOSSOLOS LITÓLICOS

M1 CHERNOSSOLOS + NEOSSOLOS LITÓLICOS distróficos 4p

PVA1 ARGISSOLOS VERMELHOS-AMARELOS 2bc

ARGISSOLOS VERMELHOS-AMARELOS plínticos + LATOSSOLOS


PVA2 2(a)bc
VERMELHOS-AMARELOS

ARGISSOLOS VERMELHOS-AMARELOS + PLINTOSSOLOS PÉTRICOS


PVA3 2(a)bc
concrecionários + LATOSSOLOS VERMELHOS-AMARELOS

3.52 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

CLASSE UNIDADE DE MAPEAMENTO APTIDÃO

ARGISSOLOS VERMELHOS-AMARELOS + NEOSSOLOS


PVA4 QUARTZARÊNICOS órticos + PLINTOSSOLOS PÉTRICOS Litoplínticos e 2(a)bc
Concrecionários

RL1 NEOSSOLOS LITÓLICOS + NEOSSOLOS QUARTZRÊNICOS órticos 5(s)

RL2 NEOSSOLOS LITÓLICOS + CAMBISSOLOS HÁPLICOS + CHERNOSSOLO 5s

NEOSSOLOS LITÓLICOS + LATOSSOLOS VERMELHOS-AMARELOS +


RL3 5(s)
PLINTOSSOLOS PÉTRICOS litoplínticos e concrecionários

RL4 NEOSSOLOS LITÓLICOS + CAMBISSOLOS + CHERNOSSOLOS 5(s)

RL5 NEOSSOLOS LITÓLICOS + AFLORAMENTOS DE ROCHAS 5(s)

NEOSSOLOS QUARTZRÊNICOS órticos + LATOSSOLOS VERMELHOS-


RQo1 5(n)
AMARELOS

NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS órticos + NEOSSOLOS LITÓLICOS +


RQo2 5s
PLINTOSSOLOS PÉTRICOS

NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS órticos + LATOSSOLOS VERMELHOS-


RQo3 5s
AMARELOS + PLINTOSSOLOS PÉTRICOS litoplínticos e concrecionários

NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS órticos + PLINTOSSOLOS PÉTRICOS


RQo4 5s
litoplínticos e concrecionários

NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS órticos + PLANOSSOLOS HÁPLICOS


RQo5 5s
sálicos

LUVISSOLOS CRÔMICOS Órticos vertissólicos + NEOSSOLOS


TC1 5n
LITÓLICOS + ARGISSOLOS VERMELHOS-AMARELOS

PLINTOSSOLOS PÉTRICOS litoplínticos e concrecionários +


FF4 5n
LATOSSOLOS VERMELHOS-AMARELOS + AFLORAMENTOS DE ROCHAS

PLINTOSSOLOS PÉTRICOS litoplínticos e concrecionários + NEOSSOLOS


FF5 5(n)
LITÓLICOS

PLINTOSSOLOS PÉTRICOS litoplínticos e concrecionários + NEOSSOLOS


FF6 4p
QUARTZARÊNICOS órticos

ARGISSOLOS VERMELHOS-AMARELOS + LATOSSOLOS VERMELHOS-


PVA5 2abc
AMARELOS + NEOSSOLOS LITÓLICOS

PLINTOSSOLOS PÉTRICOS litoplínticos e concrecionários + NEOSSOLOS


FF7 5(n)
LITÓLICOS

Fonte: STCP – Adaptado de SOUZA, M P. (2009).

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.53


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Tabela 3.16 – Área de Ocorrência das Unidades de Aptidão Agrícola


das Terras no Raio de abrangência do Empreendimento

APTIDÃO
ÁREA
AGRÍCOLA DAS DESCRIÇÃO DAS UNIDADES
(HA)
TERRAS

2abc Regulares para lavoura nos níveis de manejo A, B e C 17.690

Regulares para lavoura nos níveis de manejo B, C e restritas para


2(a)bc 790.129
nível A

Regulares para lavoura nos níveis de manejo B, C e Inaptas para


2bc 80.054
o nível A

Restritas para lavoura nos níveis de manejo B, C inaptas para o


3(bc) 297.186
nível A

4p Regulares para pastagem plantada no nível de manejo B 359.778

5s Regulares para silvicultura no nível de manejo B 632.984

5(s) Restritas para silvicultura no nível de manejo B 732.476

5n Regulares para pastagem natural no nível de manejo B 157.289

5(n) Restritas para pastagem natural no nível de manejo B 605.881

Fonte: STCP adaptado de SOUZA, M P. (2009).

3.54 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

3.2.2 – Meio Biótico

3.2.2.1 – Vegetação

A região conhecida como Meio-Norte compreende parte dos estados do Piauí


e Maranhão, sendo caracterizada por apresentar particularidades
marcadamente transicionais que a individualizam em uma feição única no
Brasil. Essa porção geográfica apresenta elevada diversidade fisionômica,
florística e estrutural da vegetação, com a presença de muitas áreas
importantes resultantes dos encraves entre vegetações diferenciadas. Entre
as principais tipologias vegetacionais encontradas na região estão: o
cerrado, caatinga, matas de carnaúba, matas de babaçu, matas secas e a
floresta estacional semidecídua. Essas tipologias vegetais fazem importantes
e intrincadas transições resultando em feições de elevada diversidade
fitofisionômica e biológica.

A matriz vegetacional é constituída por grandes extensões contínuas de


cerrado e caatinga e de áreas de transição com outros domínios
vegetacionais, que se interpenetram formando diferentes fisionomias. As
áreas de cerrado localizam-se geograficamente em diversos pontos do
Estado, concentrando a sua maior ocorrência na região sudoeste, parte do
extremo sul e através de muitos mosaicos de zonas de ecótono, nas porções
centro-leste e norte. As formações vegetais da caatinga ocorrem na faixa
leste, no centro-norte e no sudoeste do Estado, avançando até próximo à
zona costeira.

A floresta semidecídua com babaçu ocupa as encostas úmidas e as baixadas,


acompanhando os vales ribeirinhos ao longo do curso do rio Parnaíba e de
seus afluentes mais volumosos. Nas áreas de contato não existe uma
formação vegetacional que apresente uma característica predominante, e
sim uma associação de dois ou mais tipos ecológicos e complexas interações
entre os estratos arbóreos e arbustivos compondo diferentes formas
fisionômicas e apresentando muitas áreas de encraves e de tensão
ecológica.

A vegetação encontrada na região de abrangência do estudo é representada


principalmente por remanescentes de vegetação de cerrado em diferentes
estágios de conservação e regeneração, apresentando inúmeras áreas de
contato com outras tipologias vegetacionais, sobretudo com mata de
babaçu, mata de carnaúba, floresta estacional semidecídua e vegetação de
caatinga.

De modo geral, prevalecem nas áreas de influência do empreendimento


duas grandes formações vegetacionais: o cerrado, que ocorre em
distribuição mais ampla e generalizada, e a floresta estacional com babaçu.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.55


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Nas áreas de cerrado são encontradas diferentes fisionomias desde campos


cerrados, cerrado “senso stricto” até formações florestais como matas secas,
cerradão, matas de carnaúba e, em menor ocorrência, as chamadas veredas
(ver mapa na Figura 3.17).

Figura 3.17 – Vegetação da Área de Estudo

Fonte: SEMAR/PI – Adaptado por STCP (2009).

Campos Cerrados

Caracterizado por uma fisionomia onde predominam as plantas herbáceas,


com ocorrência rara de arbustos e ausência de árvores. Pode ocorrer em
3.56 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda
3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

locais com diferentes variações de umidade, fertilidade e profundidade do


solo, geralmente em solos Litólicos, Litossolos, Cambissolos ou Plintossolos
Pétricos. Quando ocorrem em áreas contíguas aos rios, e inundadas
periodicamente, também são conhecidos como Campo de Várzea, Várzea ou
Brejo.

Dependendo da profundidade do lençol freático observa-se a formação do


Campo Cerrado Seco, quando o lençol freático é profundo e do Campo
Cerrado Úmido quando este é alto. Cada subtipo apresenta flora específica.

Cerrado “senso stricto”

Árvores baixas, inclinadas, tortuosas, com ramificações irregulares e


retorcidas, e geralmente com evidências de queimadas, caracterizam o
Cerrado senso stricto. Os arbustos e subarbustos estão espalhados, com
algumas espécies apresentando órgãos subterrâneos perenes (xilopódios),
que permitem a rebrota após queima ou corte. Na época chuvosa os
estratos subarbustivos e herbáceos tornam-se exuberantes devido ao seu
rápido crescimento.

As plantas mostram adaptações às condições de seca, tais como: troncos


com casca de cortiça grossa, fendida ou sulcada, com as gemas apicais de
muitas espécies protegidas por densa pilosidade, geralmente apresentando
folhas rígidas e coriáceas.

Ocorre sobre solos em sua maioria das classes Latossolo Vermelho-Escuro,


Latossolo Vermelho-Amarelo e Latossolo-Roxo, sendo moderadamente
ácidos (pH entre 4,5 e 5,5), com carência generalizada dos nutrientes
essenciais, principalmente fósforo e nitrogênio. As taxas de alumínio
geralmente são altas. O teor de matéria orgânica varia de médio a baixo. A
fitofisionomia pode também ocorrer em Cambissolos, Areias Quartzosas,
Litossolo, Plintossolos Pétricos ou Solos Hidromórficos. Quando a vegetação
nativa de Cerrado é retirada, a área fica susceptível a problemas de erosão,
o que é mais grave sobre Areias Quartzosas.

Matas Secas

A Mata Seca constitui uma formação florestal caracterizada por variados


níveis de queda foliar durante a estação seca, também muito dependente
das condições químicas, físicas, e principalmente da profundidade do solo.
Sua ocorrência está associada a solos mais ricos em nutrientes, não estando
ligados a cursos de água.

Essa formação pode estar associada a solos desenvolvidos em rochas


básicas de alta fertilidade, em Latossolos Roxo e Vermelho-Escuro, de média
fertilidade.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.57


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

O estrato arbóreo apresenta altura média entre 15 a 25 metros. A grande


maioria das árvores é ereta, com alguns indivíduos emergentes. Na época
chuvosa as copas tocam-se fornecendo uma cobertura arbórea de 70 a 95%,
caindo para 50% na época seca. A presença de muitas plantas arbustivas é
reduzida pelo dossel fechado na época chuvosa, enquanto a diminuição da
cobertura na época seca não possibilita a presença de muitas espécies
epífitas.

Cerradão

Caracterizado pela presença de espécies que ocorrem no Cerrado Sentido


Restrito e também por espécie de mata, o Cerradão é uma formação
florestal com aspecto xeromórfico, fisionomicamente apresentando-se como
uma floresta, mas floristicamente é mais similar a um Cerrado.

Os solos do Cerradão, em sua maioria são profundos, bem drenados, de


baixa e média fertilidade, levemente ácidos, pertencentes às classes
Latossolo Vermelho-Escuro, Latossolo Vermelho-Amarelo ou Latossolo-Roxo,
ocorrendo também, em menos proporção, Cambissolo destrófico. Os
horizontes superficiais apresentam teor médio de matéria orgânica
recebendo um incremento anual de resíduos orgânicos provenientes da
deposição de folhas durante a estação seca.

Apresenta dossel contínuo e cobertura arbórea que pode oscilar de 50 a


90%. O estrato arbóreo tem altura média de 8 a 15 metros, com
luminosidade que favorecem à formação de estrato arbustivo e herbáceo
diferenciados. Apesar de ser perenifólio, muitas espécies comuns no Cerrado
mostram-se caducifólias na estação seca, o que geralmente não coincide
com as populações de Cerrado. A presença de espécies epífitas é reduzida.

Matas de Carnaúba

Formação vegetacional caracterizada pela marcante presença da palmeira


arbórea Copernicia prunifera. Nessa fitofisionomia praticamente não existem
árvores dicotiledôneas, embora essas possam ocorrer com freqüência baixa.

A Mata de Carnaúbas geralmente ocorre em terrenos bem drenados,


podendo ocorrer a formação de galerias junto às linhas de drenagem.

Veredas

A Vereda é a fitofisionomia que se caracteriza pala emergência da palmeira


arbórea Mauritia flexuosa emergente, junto a grupos de espécies arbustivo-
hebáceas. As Veredas são circundadas por Campo Limpo, geralmente úmido,
e os buritis não formam dossel como ocorrem no Buritizal. Os buritis nessa
fitofisionomia apresentam altura média de 12 a 15 metros e a cobertura
varia de 5% a 10%.
3.58 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda
3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Características de solos Hidromórficos, saturados durante a maior parte do


ano, as Veredas geralmente ocupam os vales ou áreas planas
acompanhando linhas de drenagem mal definidas, em geral sem murundus.
Também são comuns numa posição intermediária do terreno, próximas as
nascentes, ou na borda de Matas de Galeria.

Sua ocorrência está diretamente ligada ao afloramento do lençol freático,


decorrente de camadas de permeabilidades diferentes em áreas
sedimentares do Cretáceo e Triássico. Têm importante função na
manutenção da fauna do Cerrado, funcionando como local de pouso para a
avifauna, atuando como refúgio, abrigo, fonte de alimento e local de
reprodução também para a fauna terrestre e aquática.

As Veredas são formações fitogeográficas encontradas em meio à vegetação


de cerrado, normalmente associadas à presença da drenagem superficial da
água e afloramento do lençol freático (Foto 3.11A).

Possuem áreas distintas no seu entorno, os chamados campos higrófilos,


compostos por espécies altamente seletivas na ocupação dos diferentes
ambientes, de acordo com a variação da umidade. É marcante nesse
ambiente a ocorrência da palmeira buriti (Mauritia flexuosa) e freqüente a
presença de espécies endêmicas. Servem como local de refúgio e
alimentação para muitas espécies da fauna, funcionando também como
corredores ecológicos para dispersão de muitas espécies de plantas e
animais. As Veredas são obrigatoriamente áreas de preservação
permanente.

Áreas de Tensão e Transição Ecológica

É uma das mais importantes regiões presentes na área de influência do


empreendimento, sendo formado por um mosaico vegetacional, composto
por cerrado, campo cerrado, mata de carnaúba (Foto 3.11B), campos
inundáveis, apresentando elevada diversidade fisionômica e florística da
vegetação e muitas áreas de tensão ecológica.

Áreas de tensão ecológica são faixas de transição edafoclimáticas entre dois


ou mais domínios vegetacionais onde se processam determinadas condições
que privilegiam a mistura entre vegetações distintas e adjuntas.

No município de Campo Maior predomina vegetação de cerrado em


diferentes subtipos, que resultam em muitas fisionomias particulares e áreas
de ecótono. Nos locais submetidos ao alagamento temporário há a formação
de extensas matas de carnaúba em função do tipo de solo e da elevada
saturação hídrica. A carnaúba é uma espécie de importância econômica
constituindo-se o pó extraído de suas folhas um dos principais produtos de
exportação do estado do Piauí.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.59


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Essa região apresenta ecossistemas de elevada importância ecológica para


as espécies da fauna e da flora em função das particularidades e
singularidades na composição dos ambientes e pela presença de espécies
endêmicas e ameaçadas de extinção, merecendo atenção especial quanto a
aspectos de preservação e conservação.

Os conjuntos vegetacionais da área de estudo de um modo geral estão


condicionados pela existência de um período de intensas chuvas, seguido de
uma estação de estiagem, quando parte dos elementos perdem
parcialmente ou até mesmo completamente as folhas. As fisionomias
apresentam geralmente um marcante contraste entre o período chuvoso e a
estação seca. O sistema hidrográfico regional é outro fator determinante na
seleção das espécies.

Como a região compreende áreas geográficas muito extensas, as formas de


vegetação apresentam uma gama variada de características estruturais
associadas principalmente às condições ecológicas predominantes como a
forma de relevo, clima, níveis de fertilidade, profundidade e umidade do
solo. Nas zonas mais urbanizadas, principalmente no entorno da grande
Teresina e das maiores cidades, existem pressões antrópicas mais
acentuadas, ocasionando formações floristicamente mais empobrecidas e
presença de muitas espécies oportunistas, exóticas e invasoras.

Entre a cidade de Teresina e os municípios de Palmeirais e Altos existe uma


faixa fitoecológica em que predominam as condições gerais que demarcam
claramente o domínio da floresta estacional semidecídua (Foto 3.11C) com
mata de babaçu em transição com o cerrado. Esse contato resulta em
diferentes feições fisionômicas e na existência de muitas áreas de tensão
ecológica.

Nesses locais de floresta semidecídua predominam canela-de-velho


(Cenostigma sp - Caesalpiniaceae), sapucaia (Lecythis pisonis -
Lecythidaceae), pau-d’arco-amarelo (Tabebuia serratifolia - Bignoniaceae),
pau-marfim (Agonandra brasiliensis - Opiliaceae) e babaçu (Orbignia
phalerata - Arecaceae), dentre outros.

Essa faixa vegetacional apresenta diferentes padrões estruturais e florísticos,


muitas vezes, em transições bruscas ou em lento contato. Essas transições
são associadas diretamente às mudanças que se processam no meio, e
principalmente, em função do avanço antrópico causado pela expansão
urbana, resultando em fragmentos cada vez mais isolados e alterados.
Existem muitas áreas completamente descaracterizadas pela agricultura e
em função do fogo.

Nos remanescentes mais preservados são encontradas florestas estacionais


compostas por dominantes de porte elevado, copas amplas, com destaque
para a presença de alguns gêneros próprios, além da presença freqüente de
lianas, cipós e palmeiras. O babaçu é a espécie mais evidente na composição
3.60 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda
3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

da estrutura da vegetação em função do porte mais elevado, da distribuição


espacial mais agregada e da elevada dominância na ocupação dos
ambientes. O babaçu acompanha de perto os vales do rio Parnaíba e Poti
compondo muitas vezes a vegetação da mata ciliar.

Diferente de outros tipos de florestas (como por exemplo a amazônica e a


atlântica), na floresta estacional semidecídua não é comum a existência de
grandes populações de epífitas, aráceas e bromeliáceas. O solo não
apresenta elevadas concentrações de matéria orgânica na superfície e não
há a formação de dossel contínuo.

Foto 3.11 – Formações Vegetacionais na Região do Empreendimento

A B

C D
Legenda: (A) Vereda encontrada no município de Beneditinos; (B) Mata de carnaúba no município de
Campo Maior; (C) Floresta estacional semidecídua no município de Teresina; (D) Área de tensão
ecológica no município de Amarante.
Fonte: BARROS, R.M.F (2009).

Após o município de Amarante o cerrado entra em lenta transição com a


vegetação de caatinga (Foto 3.11D), ocorrendo uma mistura de elementos
dos dois biomas. Nessas áreas, são encontradas paisagens de elevada
diversidade estrutural e fisionômica, destacando-se elementos altamente
2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.61
3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

adaptados em função da irregularidade climática e a escassez de água, como


as cactáceas e bromeliáceas.

Principais Espécies Regionais

Nos estudos realizados na região do empreendimento foram amostradas 72


espécies de 30 famílias de plantas. As espécies mais representativas estão
associadas ao bioma cerrado.

Entre as espécies de distribuição mais generalizada destacam-se: pau-terra-


da-folha-pequena (Qualea parviflora - Vochysiaceae), faveira-de-bolota
(Parkia platycephala - Mimosaceae), olho-de-boi (Diospyros hispida -
Ebenaceae), babaçu (Orbignia phalerata - Arecaceae), pau-terra-folha-
grande (Qualea grandiflora - Vochysiaceae), piqui (Caryocar coriaceum -
Caryocaraceae), pau-pombo (Sclerolobium paniculatum - Caesalpiniaceae),
sambaíba (Curatella americana - Dilleniaceae), etc. Foram encontrados
ainda: o marfim (Agonandra brasiliensis - Opiliaceae), cajazeira (Spondias
monbim - Anacardiaceae), jatoba (Caesalpinia sp - Caesalpiniaceae),
jacarandá-de-sangue (Swartzia sp - Fabaceae), carnaúba (Copernicia
prunifera - Arecaceae), mangabeira (Lafoensia replicata - Lythraceae),
(Simarouba versicolor - Simaroubaceae), dentre outras.

Na parte superior da serra de Campo Maior, em ambientes de cerrado


rupestre, foi encontrado recentemente um novo gênero de bromélia que
está em processo de determinação botânica (Foto 3.12).

Foto 3.12 – Nova Espécie de Bromélia Encontrada no Platô de Campo


Maior

Fonte: BARROS, R.M.F (2009).

3.62 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Espécies de Interesse Econômico

Na área de implantação do empreendimento existem muitas essências e


produtos florestais utilizados para os mais diversos fins pelas populações
humanas regionais. Entre as principais espécies da flora identificadas
durante os trabalhos de campo, com efetiva utilização econômica pelas
comunidades tradicionais (excetuando as de uso madeireiro), destacam-se:

− Babaçu (Orbignia phalerata - Arecaceae);


− Bacuri (Platonia insignis - Clusiaceae);
− Buriti (Mauritia flexuosa - Arecaceae);
− Cajazeira (Spondias mombin - Anacardiaceae);
− Carnaúba (Copernicia prunifera - Arecaceae);
− Murici (Byrsonima sp - Malpighiaceae);
− Piqui (Caryocar coriaceum - Caryocaraceae); e,
− Pitomba (Pouteria sp – Sapotaceae).

Dessas espécies mencionadas, a carnaúba e o babaçu são as que


apresentam regionalmente o maior potencial econômico, a exploração mais
generalizada pelas comunidades extrativistas e a cadeia produtiva
consolidada.

Carnaúba (Copernicia prunifera) é o nome de uma palmeira de 10 a 20


metros de altura, que apresenta folhas longamente pecioladas e frutos
dispostos em cachos pendentes, em forma de bagas arredondadas,
esverdeados a roxo-escuro, dependendo do estágio de maturação. É
encontrada em locais de solos argilosos, úmidos e mal drenados, em
grandes comunidades. Estendem-se isoladas ou em densas associações por
todos os estados do Nordeste, principalmente Piauí e Ceará, alcançando até
o norte de Minas Gerais.

Além da cera de carnaúba apresenta numerosas e importantes aplicações


sendo considerada como árvore da vida. Os seus frutos servem de alimento
para muitos animais silvestres e de criação. As suas raízes têm princípios
medicinais, depurativos e diuréticos. Esses diferentes usos geram inúmeras
cadeias de produção, no entanto, o grande produto obtido da carnaúba é a
cera que surge do proveito das folhas, e que tem se mostrado,
historicamente, como uma atividade de grande importância econômica e
social para o estado do Piauí.

A existência do material ceroso que reveste as folhas da carnaúba,


principalmente da parte inferior, é conseqüência de uma característica

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.63


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

adaptativa da espécie, para não perder água para a atmosfera durante o


período seco.

A espécie produz uma camada de proteção que extraída de forma manual ou


mecânica, transforma-se em pó, matéria-prima básica de uma cera de
grande importância industrial. Esta cera entra na composição de inúmeros
produtos, principalmente, da microeletrônica, medicamentos, cosméticos,
alimentos e indústria química em geral.

O Brasil é o único país do mundo que produz cera de carnaúba, sendo os


estados do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte os principais produtores. No
Piauí, os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC, 2005) mostram que a cera ocupou o terceiro lugar na pauta
de faturamento das exportações do Estado no ano de 2004. Do ponto de
vista municipal, Campo Maior historicamente, apresenta-se como o maior
produtor de cera bruta.

A literatura indica que a exploração da carnaúba é uma atividade viável


economicamente e que não traz danos ambientais, tendo em vista que o
processo de exploração requer apenas a retirada das folhas que são
repostas, naturalmente, no ano seguinte.

A cera é extraída das folhas, sendo vendida para as indústrias e usinas como
matéria-prima para a fabricação de uma variedade infinita de produtos como
cosméticos, sabonetes, velas, vernizes, ceras diversas, graxas, polidores,
lubrificantes, impermeabilizantes de embalagens e isolante para materiais
elétricos. Apesar da espécie ser intensamente utilizada, com a retirada
parcial das folhas para a extração do pó, outras folhas renascem na safra
seguinte sem aparentemente causar agressão ao meio ambiente, permitindo
a total recuperação da árvore um ano depois.

As folhas são usadas para cobrir construções rústicas e para o fabrico de


artesanato, esteiras, cestos, abanos, chapéus, vassouras, redes e cordas. A
madeira da carnaúba é resistente, sendo usada na construção de edificações
rústicas, como moirões, postes, caibros, barrotes e ripas. Dessa forma, a
atividade da produção de pó e cera de carnaúba é de grande importância na
composição da dinâmica econômica, histórica e social do Piauí,
especificamente, no município de Campo Maior.

O babaçu (Orbignia phalerata) é uma imponente palmeira de 10 a 20 metros


de altura, distribuída principalmente nos estados do Maranhão e Piauí, onde
formam extensas e densas matas. A espécie apresenta grande importância
econômica para a região, especialmente para comunidades carentes.

As amêndoas constituem-se o principal produto extraído do babaçu,


apresentando valor mercantil e industrial. São extraídas manualmente em
um sistema caseiro e tradicional de subsistência, sendo praticamente o único

3.64 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

sustento de muitas comunidades em sua região de ocorrência. A extração de


sua amêndoa envolve o trabalho de muitas famílias, em especial, mulheres e
crianças.

O óleo do babaçu é empregado na fabricação de sabão, glicerina,


cosméticos, detergentes, margarinas e óleo comestível. Os resíduos servem
como ração para o gado e a casca é usada como carvão vegetal de
excelente qualidade.

Apesar da elevada importância ecológica e econômica para a região, o


babaçu continua a ser tratado como um recurso marginal, permanecendo
apenas como parte integrante dos sistemas tradicionais e de subsistência.

Além dessas espécies mencionadas, existem muitas outras com potencial


econômico e que são utilizadas e comercializadas pelas comunidades
extrativistas e as populações tradicionais, sendo difícil avaliar o que
representam em termos de rendimento financeiro e em volume
comercializado.

Particularidades ligadas às áreas de ocorrência e distribuição das espécies,


período de safra, produtividade, forma de aproveitamento, beneficiamento,
aceitação dos mercados consumidores e comercialização, apresentam
comportamentos diferenciados de uma região para outra, entretanto, não é
difícil encontrar nas pequenas feiras e mercados públicos e mesmo ao longo
das principais rodovias, produtos e subprodutos oriundos do extrativismo
vegetal sendo comercializados.

Doces, compotas, licores, frutos, sementes, raízes, cascas, medicamentos,


ungüentos, óleos vegetais, fibras, utensílios e objetos de uso doméstico e
muitos outros produtos retirados dos recursos da natureza estão presentes
na realidade de algumas comunidades e representam muitas vezes, a única
fonte de renda para muitas famílias.

A exploração de produtos florestais não madeireiros tem se mostrado uma


excelente alternativa de geração de renda para muitas comunidades do
cerrado. Além de se constituir uma importante fonte de renda, contribuem
para a conservação de ambientes naturais porque ao se tornarem fonte de
renda, essas áreas sofrem menor pressão antrópica na conversão em pasto
ou em locais de agricultura de subsistência. Os frutos do piqui e do bacuri
são bastante comercializados durante os seus períodos de safra.

O piqui (Caryocar coriaceum - Caryocaraceae), cajá (Spondias mombin -


Anacardiaceae) e o bacuri (Platonia insignis - Clusiaceae), este último com
uma área de ocorrencia extremamente restrita, concentrada entre Teresina
e Palmeirais, também são economicamente importantes.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.65


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Espécies Ameaçadas e Protegidas por Lei

De modo geral, costuma-se generalizar afirmando que uma espécie é


considerada rara ou ameaçada de extinção quando o número de indivíduos
ou a sua distribuição geográfica é restrita em relação ao táxon.

Não existem trabalhos regionais específicos no estado do Piauí sobre


populações, ocorrência e distribuição das principais espécies brasileiras
ameaçadas de extinção. Dessa forma, utilizou-se para a determinação das
espécies ameaçadas de extinção presentes ao longo das áreas de influência
do empreendimento, a nova Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira
Ameaçada de Extinção (MMA, 2008), sendo encontradas, na região, a
Aroeira, em status de “Ameaçada” e o Gonçalo-Alves, com dados deficientes
de conhecimento.

A aroeira é uma espécie melífera, decídua, heliófita, seletiva xerófita,


secundária tardia, característica de terrenos secos, rochosos, bem drenados,
principalmente em vegetação de caatinga, matas secas e encostas
subúmidas. Apresenta altura média compreendida entre 6 a 14 metros,
podendo alcançar em solos mais férteis até 20 metros de altura. A madeira
possui extrema resistência mecânica, sendo utilizada para obras externas
como postes, moirões, vigas, estacas, postes, dormentes e na construção
civil. É uma das principais espécies da medicina tradicional nordestina,
sendo a entrecasca utilizada no tratamento das infecções cutâneas,
respiratórias e urinárias.

O gonçalo-alves (Foto 3.13) é uma espécie decídua, heliófita, dióica,


pioneira, normalmente distribuída de forma solitária ou em pequenas
populações descontínuas, principalmente em vegetação de cerrado e
cerradão, onde chega a alcançar normalmente entre 8 a 12 metros. A
madeira é dura, pesada e difícil de trabalhar, apresentando grande
durabilidade em condições naturais, sendo utilizada na construção civil e
naval, marcenaria, esteios, dormentes, etc.

Essas espécies foram encontradas de forma isolada e reduzidas a pequenas


populações, normalmente em indivíduos jovens ou que não apresentam
potencial para exploração madeireira. O Gonçalo-Alves foi encontrado no
município de Elesbão Veloso (um único indivíduo com 6,70 metros) no
município de Campo Maior (um único indivíduo com 7,50 metros). As duas
regiões apresentaram vegetação de cerrado senso stricto.

De acordo com a instrução normativa da União, as espécies constantes na


Lista das espécies ameaçadas de extinção são consideradas prioritárias para
efeito de concessão de apoio financeiro a conservação pelo Governo Federal
e sua coleta será efetuada somente com autorização do órgão ambiental
competente. Nos estados do Piauí e Maranhão, a carnaúba e o babaçu (Foto
3.14) apresentam normalmente restrições ao corte devido à importância
3.66 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda
3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

econômica. A palmeira buriti é outra espécie que, devido à localização, é


imune à derrubada.

Foto 3.13 – Exemplar de Gonçalo-Alves

Fonte: BARROS, R. (2008).

Foto 3.14 – Espécies Protegidas por Lei e com Aproveitamento


Econômico no Estado do Piauí

A B

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.67


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

C D
Legenda: (A) Mata de carnaúba no município de Campo Maior; (B) Palmeira babaçu (Orbignia
phalerata - Arecaceae) em frutificação; (C) Tipos de pó extraídos da folha da carnaúba; (D) Frutos do
Babaçu.

Fonte: ALBINO, R. & BARROS, R. (2008).

3.2.2.2 – Fauna

3.2.2.2.1 – Ictiofauna

O conjunto de espécies de peixes de água doce que ocorre na bacia do rio


Parnaíba representa o resultado de processos históricos de transgressões
marinhas, expansões do clima semi-árido e reordenações nas redes de
drenagem, processos estes que determinaram a adaptação de espécies às
condições climáticas e o regime hidrológico da região. A ictiofauna hoje
existente é também resultado de processos antrópicos, como as alterações
ambientais e os programas de erradicação e introdução de espécies, que
possivelmente levaram à exclusão de elementos autóctones da fauna
original.
A ictiofauna regional inclui representantes de diferentes grupos sul-
americanos típicos, mas que, com exceção dos peixes anuais, mostra-se
bem menos diversificada quando comparada à de outros ecossistemas
brasileiros. Suas espécies distribuem-se em bacias interiores e costeiras do
nordeste brasileiro, que drenam parcialmente ou estão inteiramente
localizadas na bacia do rio Parnaíba. Por isso, não há como caracterizar uma
ictiofauna típica ou exclusiva deste sistema, já que a distribuição de muitas
espécies nos rios que cortam a bacia do rio Parnaíba estende-se para além
de seus limites, atingindo outros ecossistemas adjacentes do nordeste
brasileiro e regiões vizinhas.
Lamentavelmente, não existe documentação completa da diversidade
pretérita da ictiofauna da bacia do rio Parnaíba, de tal modo que dados
atuais revelam apenas uma parcela do que existia antes das alterações de
origem antrópica. Mesmo a fauna remanescente está mal documentada, pois

3.68 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

levantamentos adequados, catalogações e identificação para conhecimento


da composição taxonômica dos grupos de peixes representados na bacia do
rio Parnaíba são incompletos.
O rio Parnaíba, entre os estados do Maranhão e Piauí, é o segundo maior rio
da região nordeste, com 1.485 km de extensão. Sua ictiofauna é quase que
inteiramente amazônica, depauperada e com poucos endemismos. Existem
em média 90 a 100 espécies de peixes, dos quais apenas 6 a 8 atingem
grande tamanho, e cerca de 25 podem ser considerados como de
importância econômica. O rio Parnaíba não é um rio piscoso devido às suas
águas apresentarem grande quantidade de material em suspensão, assim
sendo os peixes são mais abundantes nos afluentes e lagoas marginais.

Uma vez que alguns afluentes do Parnaíba são intermitentes, as espécies


que aí habitam são mais rústicas, capazes de se adaptarem às variações
físicas e químicas das águas que ora apresentam características lênticas, ora
lóticas, influenciando no depauperamento das espécies que convivem com
abundância de alimento em uma época e de escassez em outra. Essa
capacidade adaptativa está relacionada com capacidade migratória,
reprodução precoce, rápido desenvolvimento, sobrevivência a baixos teores
de oxigênio dissolvido e a temperaturas elevadas.

De uma maneira geral, a maioria dos peixes que habitam essa área reproduz
na época das chuvas como forma de garantir a sobrevivência da espécie. A
água nova, oriunda das chuvas, ocasiona a elevação do nível dos rios,
modifica as condições físico-químicas dos mananciais aquáticos, inferindo
sobre o teor de oxigênio dissolvido, a quantidade de alimento, a
condutividade elétrica, e o teor de minerais dissolvidos, dentre outros. Essas
condições induzem os peixes a produzirem hormônios gonadotróficos que
irão interferir na maturação das gônadas, fazendo com que eles procurem
locais propícios para a desova e fecundação.

Algumas espécies procuram áreas recém inundadas e calmas para


desovarem, como por exemplo, as lagoas marginais e os remansos, por
haver ali maior concentração de alimentos e refúgio para os ovos (pedras,
vegetais, e outros substratos onde os ovos possam aderir); outras realizam
migração genética para conseguirem desovar, deslocando-se das zonas de
potamal e ritral para o crenal, onde a força da correnteza estimula a
liberação do material gonadal. Esses peixes são conhecidos como peixes de
piracema ou reofílicos. Tanto a falta de áreas para refúgio, como a existência
de barreiras que impeçam à migração, são razões suficientes para
frustrarem a reprodução, ocasionando a conseqüente queda no tamanho da
população ictíica.

Os peixes ósseos, os mais comuns e numerosos na bacia do Parnaíba, são


muito susceptíveis a qualquer variação ambiental. Desta forma, ações que
perturbem o ambiente, modificando a qualidade das águas terão

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.69


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

conseqüências sobre as populações de animais aquáticos, podendo ser


maléficas ou benéficas se bem direcionadas. Ações bem direcionadas
significam ações que respeitem as peculiaridades dos ambientes e visem o
equilíbrio sustentável.

Nas Tabelas 3.17 e 3.18 estão relacionados os peixes de escamas e de couro


mais comuns encontrados na bacia do rio Parnaíba. Já a Tabela 3.219
apresenta as espécies em vias de extinção em função da sobrepesca
regional e da pesca predatória, especialmente aquela ocorrida em períodos
de desova.

Tabela 3.17 – Espécies de Peixes de Escamas mais Comuns Encontradas na


Bacia do rio Parnaíba
NOME VULGAR NOME CIENTÍFICO
Branquinha do olhinho Psectrogaster rhomboides
Curimatá Prochilodus lacustris
Piaus Leporinus friderici e Schizodon fasciatus
Traíra Hoplias malabaricus
Arenque Pelloma castelneana
Sardinha Triportheus angulatus
Fotos: SOARES, R. (1987).

Tabela 3.18 – Peixes de Couro Encontrados com Freqüência nas Pescarias


NOME VULGAR NOME CIENTÍFICO
Surubim Pseudoplatystoma fasciatum
Mandi Dourado Pimelodus maculatus
Mandi cachorro Hassar affinis
Fotos: SOARES, R. (1987).

Tabela 3.19 - Peixes em Vias de Extinção Devido à Sobrepesca e Pesca


Predatória
NOME VULGAR NOME CIENTÍFICO
Matrinchã Ageneiosus valenciennesi
Mandubé Ageneiosus brevifilis
Bico de Pato Sorubim lima
Branquinho Brachyplatystoma vaillantii
Piratinga Brachyplatystoma filamentosum
Fotos: SOARES, R. (1987).

3.70 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

3.2.2.2.2 – Herpetofauna

Anfíbios e répteis formam um grupo proeminente em quase todas as


comunidades terrestres, sendo que atualmente são conhecidas cerca de
5.000 espécies de anfíbios e mais de 8.000 de répteis em todo o mundo. No
Brasil são atualmente conhecidas 836 espécies de anfíbios e 696 de répteis.
O país ocupa a primeira colocação na relação de países com maior riqueza
de espécies de anfíbios e a terceira colocação em relação às espécies de
répteis.

A principal ameaça à conservação dos anfíbios e répteis no Brasil é a


destruição de seus habitats, como conseqüência do desmatamento, do
avanço da fronteira agrícola, da mineração, das queimadas e do
desenvolvimento da infra-estrutura e urbanização.

O Cerrado apresenta uma fauna de répteis e anfíbios de grande diversidade,


sendo já identificadas 113 espécies de anfíbios, 107 serpentes, 47 lagartos,
15 anfisbenas, 10 quelônios e 5 jacarés, o que representa cerca de 20% das
espécies de anfíbios e 50% das espécies de répteis do Brasil. Lima (2007)
listou 52 espécies de anfíbios e 106 de répteis conhecidas até o momento
para o Estado do Piauí, sendo que deste total, 41 espécies de anfíbios e 51
de répteis, sabidamente, ocorrem dentro da área do de influência do
projeto.

Nos estudos de campo realizados, um total de 36 espécies entre anfíbios e


répteis foram amostradas nas sete áreas estudadas, sendo 19 anfíbios e 17
répteis. Os anfíbios constituem representantes da ordem dos anuros (sapos,
rãs ou jias e pererecas), enquanto os répteis consistem em 10 lagartos, seis
serpentes e um crocodiliano (jacaré).

Todas as espécies são de ampla distribuição no Nordeste brasileiro, não


tendo sido observadas espécies raras, endêmicas da região ou ameaçadas.
Porém, novos estudos na região devem ampliar esses valores,
possivelmente chegando próximos ao total estimado por Lima (2007).

3.2.2.2.3– Avifauna

Do ponto de vista do conhecimento ornitológico o Piauí é um dos estados


brasileiros menos conhecidos com relação à sua avifauna (Silva, 1995). A
região sul do estado onde está inserida a Serra Vermelha recebeu a primeira
grande expedição ornitológica em 1903, com a vinda do ornitólogo bávaro
Otmar Reiser. Desde então, algumas poucas expedições foram realizadas em
algumas porções do estado, porém sempre em caráter exploratório
expedito. Nos últimos anos a equipe do Laboratório de Zoologia da UFPI tem
inventariado algumas áreas na porção centro-norte como, por exemplo, o

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3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Parque Nacional de Sete Cidades (com 200 espécies de aves registradas) e


Fazenda Nazareth, no município de José de Freitas (com 220 espécies).

O levantamento da avifauna na área de influência do Projeto Florestal da


Suzano, realizado neste estudo, permitiu o registro de 220 espécies de aves,
distribuídas em 56 famílias, sendo 35 de Não-Passeriformes e 21 de
Passeriformes, apresentando 112 (51%) e 108 (49%) espécies,
respectivamente. As famílias que apresentaram maior número de espécies
foram: Accipitridae (11), Coumbidae (10) e Trochilidae (9) e, entre os Não-
Passeriformes; e Tyrannidae (36), Thraupidae (13) e Emberizidae (11) entre
os Passeriformes. O número de espécies registradas na área de influência do
Projeto Florestal aproxima-se do esperado para esta região biogeográfica,
que seria algo em torno de 180 a 250 espécies de aves.

Das 22 espécies de aves consideradas como endêmicas do Bioma Caatinga


(Pacheco et al., 2000), 18 já foram registradas no estado do Piauí e destas,
5 foram encontradas na área do projeto florestal (27,3% do total do Bioma)
(Foto 3.15), são elas: Picumnus pygmaeus, Thamnophilus capistratus,
Xiphocolaptes falcirostris, Paroaria dominicana e Icterus jamacaii. Além dos
endemismos, várias espécies as quais possuem grande distribuição no bioma
são tipicamente relacionadas a áreas abertas e são tipicamente associados à
Caatinga, por exemplo: Nothura boraquira, Columbina picui, Cyanocorax
cyanopogon, Cantorchilus longirostris, Compsothraupis loricata, entre
outros.

Foto 3.15 – Espécies Endêmicas da Caatinga, Registradas na Área

A B
Legenda: (A) Thamnophilus capistratus (B) Paroaria dominicana.
Fotos: SANTOS, M.D. P.

Das 30 espécies consideradas como endêmicas do Cerrado (Silva 1995;


Silva & Santos, 2005), 3 espécies (10%) estão presentes na área de estudo,
são elas: Cyanocorax cristatellus, Charitospiza eucosma e Saltator
3.72 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda
3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

atricollis. Além dos endemismos, várias espécies as quais possuem grande


distribuição no bioma são tipicamente relacionadas a áreas abertas e são
tipicamente associados aos cerrados, por exemplo: Cariama cristata,
Aratinga aurea, Lepidocolaptes angustirostris, Cypsnagra hirundinacea, entre
outros.

Esses dados demonstram claramente que a área do projeto florestal


configura-se como um ecótono envolvendo a Caatinga (leste) e Cerrado
(oeste). A presença de espécies endêmicas dos dois biomas aponta nessa
direção. Também é interessante notar que há mais espécies endêmicas da
Caatinga na região que espécies endêmicas do Cerrado, mesmo que a
vegetação de cerrado seja predominante em toda a região. Isso sugere que
as espécies de Caatinga são mais tolerantes quanto a mudança de hábitat
que as espécies de Cerrado.

• Aves Ameaçadas de Extinção

Na área de influência do projeto florestal da Suzano foi registrada uma


espécie incluída na Lista Brasileira da Fauna Ameaçada de Extinção (MMA,
2003), IUCN e BirdLife International na qual é considerada como
Globalmente Ameaçada. O Arapaçú-do-nordeste, Xiphocolaptes falcirostris, é
uma espécie tipicamente florestal e normalmente associada a florestas
semideciduais. A espécie foi capturada em rede de neblina na área da
Fazenda Zé Ferreira, fotografada e em seguida liberada (Foto 3.16). A
espécie também foi observada na área de mata ciliar do Rio Parnaíba na
Fazenda Oiticica, município de Nazária.

Foto 3.16 – O Arapaçú-do-Nordeste (Xiphocolaptes falcirostris),


Espécie Ameaçada de Extinção

Fotos: SANTOS, M.D. P.

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3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

• Aves Migratórias

Muitas espécies de aves apresentam um padrão de deslocamento em


resposta direta ou indireta a diversos fatores ambientais, como temperatura
e umidade. Obviamente estes fatores não são todos a causa direta destes
deslocamentos, entretanto interferem na disponibilidade de recursos
indispensáveis às aves, como alimento e locais para reprodução.

Dentre as espécies registradas neste trabalho destaca-se o visitante


setentrional, provenientes da América do Norte, Pandion halieatus (águia
pescadora). Essa águia foi registrada no rio Parnaíba próximo a área da
Fazenda Oiticica. Como se alimenta essencialmente de peixe é muito
dependente de áreas com água limpa e rica em pescado. Outras espécies
como os tiranídeos Tyrannus melancholicus, Tyrannus savana, Elaenia
cristata, Elaenia flavogaster, Suiriri suiriri, Phaeomyias murina e
Myiodynastes maculatus apresentam deslocamentos de suas populações
meridionais em direção às regiões mais quentes, como o norte do país,
durante o inverno meridional.

3.2.2.2.4– Mastofauna

Dentre os biomas brasileiros, o Cerrado é o que apresenta a maior


diversidade de mamíferos. Nesse bioma já foram registradas 194 espécies,
distribuídas em 30 famílias e 9 ordens, fazendo do cerrado o terceiro em
riqueza de espécies do grupo, ultrapassado apenas pela Amazônia e pela
Mata Atlântica (Oliveira et al. 2002).

Apesar do Cerrado possuir uma elevada riqueza de espécies de mamíferos,


estas se encontram ameaçadas devido a um rápido processo de degradação
ambiental, o qual reduz a oferta de habitats. Muitos dos processos e padrões
de dinâmica das espécies estão sendo perdidos antes que a ciência possa
entender o papel de suas relações para a manutenção do equilíbrio biótico
do bioma.

No Piauí já foram registradas cerca de 100 espécies de mamíferos, das quais


27 ocorrem na Caatinga e 73 no Cerrado (Fonseca et al., 1996). No entanto,
o conhecimento atual sobre a riqueza e distribuição geográfica da
mastofauna do Piauí ainda é escassa, necessitanto de levantamentos na
maior parte do seu território (Silva-Júnior, 2001).

Pelos estudos realizados foram registradas 39 espécies de mamíferos na


área de influência do empreendimento florestal da SUZANO, distribuídas em
16 famílias, sendo três de pequeno porte e 13 de médio e grande porte,
apresentando respectivamente 12 (30,8%) e 27 (69,2%) espécies. Das
espécies registradas apenas uma é considerada endêmica do bioma
Caatinga, o Mocó (Kerodon rupestris), espécie altamente adaptada as
condições de calor e de escassez de água e alimento, habitando em
3.74 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda
3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

afloramento de rochas, usando suas fendas como refúgios e ninhos (Reis et


al, 2006).

Para a mastofauna de médio e grande porte, comparado com os demais


estudos realizados no Estado, a riqueza de espécies observada na área de
influência do Projeto Florestal encontra-se equivalente a encontrada por
Zaher et al. (2001) no Parque Nacional da Serra das Confusões (25
espécies), um pouco abaixo a registrada por Zaher et al. (2002) na Estação
Ecológica de Uruçuí-Una (36 espécies) e um pouco superior à registrada por
Miranda (2005) e Lima (2007) no Parque Nacional de Sete Cidades (18
espécies). Vale ressaltar que as unidades de conservação possuem um
elevado grau de conservação, a pressão de caça é bastante reduzida, ao
contrário da maioria das áreas amostradas, onde está concentrado o maior
impacto antrópico.

• Mastofauna Ameaçada de Extinção

Das espécies registradas na área de influência do projeto florestal da


Suzano, quatro espécies de mamíferos de médio e grande porte encontram-
se na lista nacional de fauna ameaçada de extinção do IBAMA (MMA, 2003).
São elas: Alouatta ululata, Leopardus tigrinus, Leopardus pardalis, Panthera
onca e Puma concolor. Alguns inivíduos abatidos pela população foram
encontrados na região (Foto 3.17).

Foto 3.17 – Algumas Espécies Ameaçadas de Extinção Registradas


na Área e Abatidas pela Comunidade Regional

Legenda: (A) Puma concolor e (B) Leopardus tigrinus fotografados na região do município do Jardim
do Mulato, PI (Peles Encontradas com Moradores da Região de Jardim do Mulato).
Fotos: LIMA, M.G.

A espécie Alouatta ululata encontra-se listado como “criticamente


ameaçado” pela Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de
Extinção (MMA, 2003) e “ameaçado” pela lista vermelha da IUCN (IUCN,
2008). Apresenta distribuição restrita ao norte do Maranhão, Piauí e Ceará

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.75


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

(Gregorin, 2006), sendo registrada no presente trabalho na região de


Campo Maior. Como os demais taxons do gênero, essa espécie tem uma
dieta basicamente folívoro-frugívora (Langguth et al., 1987; Chivers &
Santamaría, 2004; Oliveira, em preparação), o que o torna um animal pouco
ativo, de movimentos lentos, passando mais de 70% de seu tempo em
descanso (Drubbel & Gautier 1993) favorecendo a sua caça.

Quanto aos felinos, todos se encontram listados como “vulnerável” pela Lista
Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MMA, 2003)
e apenas Leopardus tigrinus e Panthera onca estão presentes na lista
vermelha da IUCN (IUCN, 2008), sendo listados respectivamente como
“vulnerável” e “quase ameaçado”.

Por serem organismos com alta demanda energética, vivendo em áreas


relativamente grandes e em baixas densidades populacionais, tendem a ser
fortemente dependentes de ambientes de boa qualidade, sendo
intensamente impactados em áreas de fragmentação dos seus hábitats
(Marinho-Filho & Machado, 2006). Os felinos de menor porte (L. pardalis e L.
tigrinus) foram registrados na maioria das áreas amostradas, sendo os de
maior porte (P. concolor e P. onca) restritos a áreas maiores e mais
preservadas.

3.2.2.2 – Unidades de Conservação

A nível mundial um dos mecanismos mais usados para a preservação e


conservação da biodiversidade é o estabelecimento de um sistema
representativo de Unidades de Conservação, na mais diversas formas como
por exemplo parques e reservas. No Brasil, com a finalidade de melhor e
organização o sistema de unidades de conservação, foi instituído através da
Lei n° 9.985 de 18 de julho de 2.000, o de Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza – SNUC, com a finalidade de estabelecer critérios
e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de
conservação, consolidando-se de modo a ordenar as áreas protegidas, nos
níveis federal, estadual e municipal.

O Estado do Piauí abriga diversas Unidades de Conservação de diferentes


categorias, como por exemplo, APAs, Estações Ecológicas, Florestas/Parques
Nacionais e Reservas Extrativistas.

Considerando a área de influência do empreendimento em questão, duas


Unidades de Conservação são presentes, ambas possuindo como órgão
gestor o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade –
ICMBIO. Tais unidades são a Floresta Nacional de Palmares, com 170ha e
localizada no município de Altos, e a APA da Serra do Ibiapaba, com
1.592.550ha e englobando municípos do Estado do Piauí (Buriti dos Lopes,
Bom Princípio, Cocal, Piracuruca, Piripiri, Brasileira, Pedro II, Lagoa do S.

3.76 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Francisco, Conceição e Domingos Mourão) e Ceará (Chaval, Granja, Moraújo,


Tianguá e Viçosa), (Figura 3.18).

Figura 3.18 – Unidades de Conservação na Área de Estudo

Fonte: IBGE – Adaptado por STCP (2009).

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.77


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

3.2.3 – Meio Socioeconômico-Cultural

O estado do Piauí localiza-se no oeste da região nordestina do Brasil e, de


acordo com o IBGE (2007), possui 3.032.421 habitantes distribuídos em
uma área de 252.378,5 km2, representando 16,16% do Nordeste e 2,95%
do território nacional, além de contar com 223 municípios e apresentar uma
densidade demográfica de 12 hab/ km2.

O Piauí caracteriza-se pelo atraso econômico e pela pobreza da maioria da


população. Em conformidade com o Atlas de Desenvolvimento Humano do
Brasil (2000), o Índice de Desenvolvimento Humano naquele ano foi de
0,656, revelando ainda uma razoável distância em relação às condições
médias do Nordeste.

Esse contexto decorreu da histórica inserção subordinada e dependente do


Piauí na economia nacional e internacional. Todavia, essa configuração se
assemelhou às do país, haja vista o Brasil colonial caracterizar-se pela
existência da grande propriedade, relações escravistas de produção e
produção complementar à Metrópole, não obstante tais traços já explicitar
um capitalismo formal, pois o empreendimento agrícola pioneiro foi a
empresa agrícola comercial alicerçada na produção extensiva, através da
exploração da cana-de-açúcar por meio da crescente incorporação de terras
e mão-de-obra. O processo de acumulação primitiva de capital, elemento
determinante para o sentido da colonização, consistiu, então, na produção
para o mercado externo.

Por conseguinte, o processo de ocupação das terras do Piauí resultou da


necessidade de abertura de novas fazendas de gado e da ocupação
holandesa na região do São Francisco terem tornado exígua a capacidade de
expansão linear da criação extensiva, como também, ao declínio da
economia açucareira ter disponibilizado mão-de-obra para a atividade
pecuária, além das excelentes condições físicas das terras piauienses. Assim,
os povoadores pioneiros encontram, no Piauí, grande quantidade de pastos
naturais com gramíneas e leguminosas, de recursos hídricos, aliada à fartura
de alimentos facilmente coletáveis e de animais de caça que tanto
facilitavam a sobrevivência da população.

O diagnóstico socioeconômico dos municípios que compõe a área de


influencia do Projeto Florestal da SUZANO S.A. embasou-se nas
pecularidades do Estado do Piauí, por meio de sua formação histórica,
localização, aspectos físicos, relevo, vegetação, hidrografia e clima. Em
seguida, versou sobre a demografia e a dinâmica populacional objetivando
explicitar a configuração populacional dos municípios, em suas zonas urbana
e rural.

3.78 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Analisou-se também a estrutura fundiária dos municípios, resgatando a


história do Piauí no que tange às origens do uso, ocupação do mesmo e
apresentando sua conformação atual. No que se refere à infra-estrutura do
Estado e da área de influencia, abordou-se, num primeiro momento,
aspectos relacionados a transportes, energia, comunicação. Na seqüência,
ainda em infra-estrutura, são apresentados e analisados dados referentes à
educação (matrículas, docentes e escolas) saúde (indicadores de
longevidade) e saneamento (abastecimento de água e esgotamento
sanitário). Complementando o diagnóstico foram observadas as
considerações sobre infra-estrutura, os hábitos alimentares da população,
bem como os programas de transferência de renda do governo federal.

Foram feitas analises sobre desenvolvimento econômico, caracterizando a


estrutura produtiva das áreas de influencia, através da análise da população
economicamente ativa dos municípios, arrecadação de impostos, PIB e
indicadores de concentração de renda e pobreza.

Considerações a respeito das principais atividades produtivas dos municípios


foram realizadas explicitando dados relativos à produção agrícola, pecuária,
extrativismo, silvicultura, além da estrutura empresarial.

Os aspectos culturais dos municípios também foram discutidos, enfatizando


o histórico de ocupação e formação das cidades, manifestações culturais e
principais atividades de lazer da população.

3.2.3.1 – Demografia e Dinâmica Populacional

Os municípios que constituem a área de influência indireta do Projeto


Florestal possuem uma população total de 956.942 habitantes, de acordo
com IBGE (2000), na sua maioria urbana e representando 87,07% do total,
com exceção da população dos municípios de Amarante, Jardim Mulato
Lagoinha do PI, Olho D’ do PI, Alto Longa e São João da Serra, que
apresentaram população rural superior à população urbana. A população
rural participa com apenas 12,93% no total (Tabela 3.20).

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.79


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Tabela 3.20 – População Total e sua Respectiva Distribuição


Percentual, por Sexo e Situação do Domicílio, Segundo
os Municípios de Influência Indireta, 2000
POPULAÇÃO

SEXO SITUAÇÃO DO DOMICÍLIO


MICRORREGIÃO
MUNICÍPIOS
TOTAL
MASCULINO % FEMININO % URBANA % RURAL %

Médio Parnaíba
Agricolândia 5.340 2.595 48,60 2.745 51,40 3.942 73,82 1.398 26,18

Água Branca 14.517 6.957 47,92 7.560 52,08 13.075 90,07 1.442 9,93

Amarante 16.884 8.282 49,05 8.602 50,95 8.916 52,81 7.968 47,19

Angical 6.788 3.317 48,87 3.471 51,13 5.065 74,62 1.723 25,38

Barro Duro 6.787 3.374 49,71 3.413 50,29 5.029 74,10 1.758 25,90

Jardim do Mulato 3.990 2.009 50,35 1.981 49,65 1.169 29,30 2.821 70,70

Lagoinha do PI 2.231 1.088 48,77 1.143 51,23 1.033 46,30 1.198 53,70

Olho D'Água do PI 2.283 1.192 52,21 1.091 47,79 943 41,31 1.340 58,69

Regeneração 17.471 8.499 48,65 8.972 51,35 13.241 75,79 4.230 24,21

St. Ant. dos Milagres 1.876 944 50,32 932 49,68 622 33,16 1.254 66,84

São Gonçalo do PI 4.249 2.108 49,61 2.141 50,39 3.266 76,87 983 23,13

São Pedro do PI 12.510 6.201 49,57 6.309 50,43 7.103 56,78 5.407 43,22

Campo Maior

Alto Longa 12.000 6.142 51,18 5.858 48,82 5.604 46,70 6.396 53,30

Campo Maior 43.126 20.983 48,66 22.143 51,34 31.928 74,03 11.198 25,97

Novo Santo Antônio 3.155 1.624 51,47 1.531 48,53 307 9,73 2.848 90,27

São João da Serra 6.675 3.372 50,52 3.303 49,48 3.163 47,39 3.512 52,61

Teresina

Altos 39.122 19.408 49,61 19.714 50,39 26.199 66,97 12.923 33,03

Beneditinos 9.712 4.918 50,64 4.794 49,36 5.214 53,69 4.498 46,31

Curralinhos 3.641 1.914 52,57 1.727 47,43 797 21,89 2.844 78,11

Demerval Lobão 12.489 6.164 49,36 6.325 50,64 10.254 82,10 2.235 17,90

Lagoa do PI 3.488 1.810 51,89 1.678 48,11 939 26,92 2.549 73,08

Miguel Leão 1.370 708 51,68 662 48,32 749 54,67 621 45,33

Teresina 715.360 335.251 46,86 380.109 53,14 677.470 94,70 37.890 5,30

Valença do Piauí

Prata do PI 3.117 1.561 50,08 1.556 49,92 2.390 76,68 727 23,32

Sta C. dos Milagres 3.334 1.641 49,22 1.693 50,78 1.737 52,10 1.597 47,90

São Felix do PI 3.397 1.682 49,51 1.715 50,49 1.762 51,87 1.635 48,13
São M. da Baixa
2.030 1.036 51,03 994 48,97 1.247 61,43 783 38,57
Grande
TOTAL 956.942 454.780 47,52 502.162 52,48 833.164 87,07 123.778 12,93

Fonte: IBGE. Censo Demográfico, 2000.

A Tabela 3.20 revela também a predominância da população feminina em 15


(quinze) municípios que compõem a área indireta, perfazendo uma
participação de 52,48% no total da população do conjunto dos municípios
desta área. A população masculina participa com 47,52%.
3.80 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda
3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Por outro lado, a população é predominantemente de homens para o grupo


de municípios que possuem, atualmente, propriedades disponíveis, Coivaras,
Monsenhor Gil, Palmeirais e Passagem Franca. As mulheres são maioria em
Elesbão Veloso e Hugo Napoleão (Tabela 3.21).

No computo geral o número de homens (24.431) é inferior ao de mulheres


(24.439), que de certa forma acompanha a tendência do Brasil, Nordeste e
Piauí de maioria feminina da população.

Pode-se observar que a diferença entre o número de homens e mulheres


não é expressiva, denotando uma oferta potencial razoável de mão-de-obra
masculina, podendo se adequar mais a demanda para as funções produtivas
de plantação do eucalipto.

Tabela 3.21 – População Total e sua Respectiva Distribuição


Percentual, por Sexo e Situação do Domicílio, Segundo
os Municípios Propícios, 2000
POPULAÇÃO

SEXO SITUAÇÃO DO DOMICÍLIO


MUNICÍPIO
TOTAL
MASCULINO % FEMININO % URBANA % RURAL %

Coivaras 3.507 1.830 52,18 1.677 47,82 875 24,95 2.632 75,05
Elesbão Veloso 15.002 7.340 48,93 7.662 51,07 10.133 67,54 4.869 32,46
Hugo Napoleão 3.703 1.834 49,53 1.869 50,47 2.945 79,53 758 20,47
Monsenhor Gil 10.309 5.166 50,11 5.143 49,90 4.877 47,31 5.432 52,69
Palmeirais 12.154 6.140 50,52 6.014 49,48 4.381 36,05 7.773 63,95
Passagem F. do
4.195 2.121 50,56 2.074 49,44 2.314 55,16 1.881 44,84
PI
TOTAL 48.870 24.431 49,99 24.439 50,01 25.525 52,23 23.345 47,77

Fonte: IBGE. Censo Demográfico, 2000.

A taxa de crescimento populacional para o conjunto dos municípios da área


de influência indireta é de 11,57%, mas a taxa para cada município é
bastante dispara no período de 1991 a 2000. Enquanto Amarante teve sua
população acrescida em 2,15%, em Campo Maior, a taxa decresceu em
40,32%. É importante observar que a tendência uniforme de crescimento da
população urbana (21,98%) e decréscimo da população rural (29,15)
indicam o movimento migratório do campo para cidade na busca de
melhores condições de vida. É surpreendente que em 6 (seis municípios) a
taxa de queda da população rural supera os 50%.

No grupo de municípios que possuem, atualmente, áreas disponíveis, Hugo


Napoleão e Palmeirais obtiveram taxa de crescimento da população total de
1,93% e 4,82%, respectivamente, no período de 1991 a 2000. Já os
municípios de Elesbão e Monsenhor Gil, a população decresceu em 9,85% e

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.81


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

6,16%, respectivamente. Essa dinâmica foi influenciada claramente pelo


movimento da população rural, pois todos esses municípios tiveram
crescimento expressivo da população urbana, em especial Monsenhor Gil e
Palmeirais, e decréscimo da população rural, de maneira muito expressiva
os municípios de Elesbão Veloso e Monsenhor Gil. Isso é reflexo da
proximidade destes municípios da capital do Estado, Teresina.

Os dados apontaram que 3 (três) municípios (Elesbão Veloso, Monsenhor Gil


e Palmeirais) encontram-se na faixa de mais de 10.000 e menor que 15.000
habitantes e 3 (três) abaixo de 5.000 habitantes (Coivaras, Hugo Napoleão e
Passagem Franca do Piauí) em 2007. Juntos eles participaram com 1,65%
na população estadual (tabela 3.21).

Vale salientar que os municípios mais populosos são justamente os mais


próximos de Teresina, capital, caracterizando-se como cidades dormitórios,
em virtude de grande parte desse contingente populacional buscar renda e
trabalho em Teresina.

Em 2007, o Estado do Piauí atingiu 3.032.421 habitantes, segundo a


Contagem da População pelo IBGE. Deste total, 25,72% são residentes na
capital, demonstrando a concentração populacional na cidade que apresenta
maior dinâmica econômica. Os municípios de Elesbão Veloso, Monsenhor Gil
e Palmeirais encontram-se na faixa de mais de 10.000 e menor que 15.000
habitantes e 3 (três) abaixo de 5.000 habitantes (Coivaras, Hugo Napoleão e
Passagem Franca do Piauí). Juntos, estes municípios participam com 1,65%
na população estadual.

Vale salientar que os municípios mais populosos são justamente os mais


próximos de Teresina, capital, caracterizando-se como cidades dormitórios,
em virtude de grande parte desse contingente populacional buscar renda e
trabalho em Teresina.

3.2.3.2 – Uso e Ocupação do Solo

O povoamento do Piauí começou no século XVII. Historicamente o Piauí se


caracterizou pela ocupação através de grandes propriedades, com ênfase na
pecuária, extrativismo e agricultura de subsistência, o que demonstrou a
baixa densidade demográfica e reduzido dinamismo econômico. Atualmente,
em 24 (vinte e quatro) municípios, as terras dos estabelecimentos
agropecuários são preponderantemente utilizadas com lavouras temporárias.
As exceções são os municípios de São Félix do Piauí, São Miguel da Baixa
Grande e Prata do Piauí, nos quais predominam os usos das terras com
matas e florestas, lavouras permanentes e pastagens, respectivamente.
Salienta-se que se verificou um relativo equilíbrio na utilização das terras em
lavouras temporárias e permanentes, pastagens e matas e florestas nos

3.82 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

estabelecimentos agropecuários dos municípios de Campo Maior e Demerval


Lobão.

Diferentemente do uso das terras, identificou-se que as maiores áreas dos


estabelecimentos agropecuários dos municípios propícios, que possuem,
atualmente, propriedades disponíveis, são de matas e florestas, pastagens e
lavouras temporárias encontradas em 15 (quinze), 09 (nove) e 03 (três)
municípios, respectivamente. Em Coivaras predomina a utilização das terras
nas lavouras temporárias, inclusive observando-se o incremento de
estabelecimentos agropecuários em termos absolutos de 163 para 247 e da
participação estadual de 0,08 para 0,13 entre 1996 e 2006. No entanto,
identificou-se a primazia da área dos estabelecimentos agropecuários nas
pastagens, cujo acréscimo no período sob análise foi de 37,62% para
86,16%.

Em Elesbão Veloso também prevaleceu o uso nas lavouras temporárias,


tendo sido verificada a redução de 1.586 para 1.322 estabelecimentos
agropecuários entre 1996 e 2006. Quanto à área dos estabelecimentos com
lavouras temporárias estas preponderaram em 1996 com 35.116, todavia
percebeu-se uma diminuição em 2006 para 11.792, enquanto relativamente
às matas e florestas identificou-se um crescimento de 29.884 para 42.171
estabelecimentos, no período em foco. Os municípios de Hugo Napoleão,
Monsenhor Gil e Passagem Franca do Piauí apresentaram a mesma
performance de Elesbão Veloso quanto ao número e área de
estabelecimentos agropecuários.

Já em Palmeirais predomina a utilização nas lavouras temporárias, não


obstante ter-se observado a redução de 1.476 para 1.262 estabelecimentos
agropecuários entre 1996 e 2006. Contudo, as lavouras temporárias
concentraram as áreas dos estabelecimentos em 1996 com 29.418 e as
pastagens centralizaram em 2006 com 13.713 estabelecimentos
agropecuários.

Esta configuração expressou que a estrutura fundiária dos municípios da


área de influência do empreendimento florestal apresenta-se profundamente
concentrada, à semelhança da estrutura do estado do Piauí.

Constata-se, com os dados da Tabela 3.22, que em Coivaras e Monsenhor


Gil, os imóveis pertencentes ao estrato de pequena propriedade
predominam, com 48,7% e 48,6%, respectivamente. Porém, em Coivaras os
imóveis deste grupo de área ocuparam apenas 23,1% do total das 19.336,2
hectares, enquanto em Monsenhor Gil a situação foi mais aguda, na medida
em que os imóveis encontram-se em somente 6,4% do total de 42.277,6
hectares. Contrariamente, a grande propriedade contou com 4,2% e 4,0%
dos imóveis e com 33,4% e 51,8% de área em Coivaras e Monsenhor Gil,
respectivamente.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.83


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Tabela 3.22 – Classificação Fundiária dos Municípios Propícios


MUNICÍPIO E
QUANTIDADE DE
CLASSIFICAÇÃO ÁREA TOTAL (HA)
IMÓVEIS
FUNDIÁRIA
Coivaras
Minifundio 104 1.173,7
Pequena
91 5.247,6
propriedade
Média propriedade 31 6.460,9
Grande propriedade 10 6.454,0
Elesbão Veloso
Minifundio 531 15.024,2
Pequena
282 36.179,7
propriedade
Média propriedade 75 35.148,9
Grande propriedade 12 25.059,5
Hugo Napoleão
Minifundio 219 6.516,8
Pequena
51 4.850,3
propriedade
Média propriedade 3 2.090,1
Grande propriedade 3 7.423,7
Não classificada 1 0,6
Monsenhor Gil
Minifundio 143 1.815,0
Pequena
220 11.721,7
propriedade
Média propriedade 70 15.855,5
Grande propriedade 18 21.884,7
Não classificada 2 0,7
Palmeirais
Minifundio 378 13.505,4
Pequena
286 37.130,1
propriedade
Média propriedade 82 40.748,4
Grande propriedade 16 24.449,5
Passagem Franca do
Piauí
Minifundio 151 4.561,6
Pequena
100 12.495,1
propriedade
Média propriedade 29 14.994,9
Grande propriedade 4 11.226,1
Fonte: INCRA, 2007.

Igualmente, constata-se ainda que em Elesbão Veloso, Hugo Napoleão,


Palmeirais e Passagem Franca do Piauí prevalece a classificação dos imóveis
na condição de minifúndio com 59,0%, 79,1%, 49,6% e 55,1%,

3.84 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

respectivamente. Todavia, ressalta-se que as áreas correspondentes foram


extremamente reduzidas, conforme se segue: em Elesbão Veloso 13,5% de
111.412,27 hectares, em Hugo Napoleão 29,5% de 22.065,5 hectares, em
Palmeirais 11,6% de 115.833,4 hectares e em Passagem Franca do Piauí
10,5% de 43.277,7 hectares. Já relativamente ao grupo das grandes
propriedades dos municípios Elesbão Veloso, Hugo Napoleão, Palmeirais e
Passagem Franca do Piauí conformaram-se da seguinte forma: 4,2%, 1,1%,
2,1% e 1,4% dos imóveis com 22,5%, 33,6%, 21,1% e 25,9%,
respectivamente.

Esta configuração manifestou que a estrutura fundiária dos municípios que


sofrerão influência do empreendimento florestal apresentou-se
profundamente concentrada, à semelhança da estrutura do estado do Piauí.

Além do mais, a forma como atualmente a ocupação está acontecendo vem


despertando preocupação em relação à destruição da cobertura vegetal, em
virtude de queimadas e desmatamentos desordenados, o que facilita a fuga
e extinção de animais silvestres, o desaparecimento da fauna, extinção de
espécies florísticas e o surgimento de espécies vegetais invasoras, além de
promover o aumento das áreas inundáveis, assoreamento dos mananciais e
o empobrecimento dos solos.

3.2.3.3 – Infra-Estrutura

Neste item é abordada a situação da infra-estrutura dos municípios da área


de influência do Projeto Florestal, incluindo os segmentos de transportes,
energia, comunicação e os serviços básicos oferecidos à população
referentes à educação, saúde e saneamento. Fazem-se referência também
aos programas sociais oferecidos às famílias residentes nesses municípios.

3.2.3.3.1 – Transportes

O Piauí possui um sistema de transporte formado pelos segmentos


rodoviário, ferroviário e aéreo. O Estado não possui transporte marítimo,
tendo que recorrer aos portos localizados nos Estados vizinhos como o Porto
de Itaqui, no Maranhão, Porto de Pecém, no Ceará e Porto de Suape, em
Pernambuco.

A região apresenta duas rodovias federais que possibilitam o acesso aos


municípios da área de influência do Projeto florestal da empresa SUZANO, a
saber, a BR 343 e a BR 316, que apresentam bom estado de conservação,
boa sinalização horizontal e vertical. A Figura 3.19 apresenta o mapa das
rodovias federais que cortam o estado do Piauí, enquanto a Tabela 3.23
representa a logística de acesso aos municípios das áreas de influência.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.85


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Figura 3.19 – Mapa das Rodovias Federais do Piauí

Fonte: Portal do DNIT

3.86 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Tabela 3.23 – Logística de Acesso aos Municípios


CONDIÇÕES DO
MUNICÍPIOS RODOVIA
PAVIMENTO
Agricolândia, Água Branca, Altos, Amarante, Angical do
Piauí, Lagoinha do Piauí, Regeneração, Santo Antônio BR-343 Bom / Asfalto
dos Milagres, São Pedro do Piauí e São Gonçalo do Piauí.
Barro Duro, Demerval Lobão, Elesbão Veloso, Lagoa do
Piauí, Monsenhor Gil, Olho D’Água do Piauí e Passagem BR-316 Bom / Asfalto
Franca do Piauí.
Alto Longá PI-221 Bom / Asfalto
Beneditinos PI-223 Regular / Asfalto
Coivaras PI-215 Regular / Carroçal
Curralinhos PI-350 Regular / Carroçal
Hugo Napoleão PI-225 Regular/ Carroçal
Jardim do Mulato PI-335 Bom / Asfalto
Miguel Leão PI-232 Bom / Asfalto
Novo Santo Antônio e São João da Serra PI-221 Ruim / Carroçal
Palmerais PI-130 Regular / Carroçal
Prata do Piauí PI-224/354 Ruim / Carroçal
Bom / Asfalto e
Santa Cruz dos Milagres e São Felix do Piauí PI-452
Carroçal
São Miguel da Baixa Grande PI-225 Regular / Carroçal
Fonte: Elaboração STCP.

Quanto ao transporte ferroviário na área de influencia do Projeto Florestal,


este atende somente a cidade de Teresina. As interligações com o sistema
ferroviário são feitas a partir da capital do estado do Piauí, de onde partem
dois ramos em sentidos opostos, que cruzam transversalmente o vale do
Parnaíba, com destino aos portos de Itaqui (MA) e Fortaleza (CE). Na
direção leste a ferrovia liga Teresina aos portos de Fortaleza e Pecém,
passando pelos municípios de Castelo e Altos, no estado do Piauí e Crateús,
Sobral, Itapipoca e outros, no estado do Ceará. Já na direção oeste, a
ligação ferroviária de Teresina ao porto de Itaquí, cruza os municípios de
Timon, Caxias, Codó, Coroatá, Pirapemas, Cantanhede, Itapicuru Mirim e
Rosário, no estado do Maranhão. Já o transporte aéreo regular está presente
apenas na capital, Teresina. Os demais municípios das áreas de influencia
direta e indireta não possuem esse serviço.

3.2.3.3.2 – Energia

A Companhia Energética do Piauí (CEPISA) é uma sociedade de economia


mista que atua no segmento de distribuição e comercialização de energia
elétrica no Estado do Piauí, cujo controle acionário é exercido pelas Centrais
Elétricas Brasileiras – Eletrobrás, vinculada ao Ministério de Minas e Energia.
Foi criada pela Lei estadual nº 1.948 de 01/12/1959 e Decreto Federal nº
52.944 de 26/11/1963.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.87


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

A CEPISA é concessionária de distribuição de energia elétrica para todo o


Estado do Piauí, conforme a Portaria N.º 432, de 4 de novembro de 1999 –
MME e Contrato de Concessão de Distribuição Nº 04/2001 – ANEEL,
assinado em 12 de fevereiro de 2001, cujo objeto é a exploração do serviço
de distribuição de energia elétrica nas áreas de todos os municípios
piauienses, com vigência até 7 de julho de 2015. A Companhia supre todos
os 224 municípios do Estado, distribuídos numa área de concessão de 252,4
mil quilômetros quadrados.

Os resultados do Programa Luz para todos podem ser observados nos


municípios piauienses da área de influencia do Programa Florestal da
Suzano. Durante as visitas às comunidades rurais, constatou-se que a
eletrificação tem alcançado os mais distantes povoados e fazendas.

3.2.3.3.3 – Comunicação

No segmento de telefonia fixa, atuam no Piauí as operadoras Telemar e


Embratel. Assim como no Estado, na área de influencia do Projeto Florestal
da SUZANO predomina a utilização dos serviços prestados pela Telemar.
Conforme ANATEL (2008), em todos os municípios analisados há acessos
individuais de telefonia fixa junto a Operadora Telemar.

No segmento de telefonia móvel, o Piauí é atendido pelas operadoras TIM,


OI e CLARO. A operadora VIVO está em fase de instalação, todavia ainda
não iniciou suas atividades. Dentro da área de influencia da Suzano, a TIM
cobre o maior número de municípios.

Com relação à programação de Rádio e TV, Teresina conta com as emissoras


Clube (Globo), Cidade Verde (SBT), Meio Norte (BAND), Antena 10 (Record),
TV Assembléia, TV Antares (REDE BRASIL) Rede TV e Rede Vida, além de
inúmeras rádios espalhadas em todas as zonas da cidade. Os municípios da
área de influencia do Projeto Florestal situados no entorno de Teresina têm
acesso às emissoras instaladas na Capital. Já nos municípios mais afastados,
boa parte dos domicílios conta com antenas parabólicas, que proporcionam
uma vasta programação em rede nacional.

Uma forma de comunicação alternativa muito comum nos municípios são as


rádios comunitárias, geralmente bem acessíveis à comunidade. Já a internet,
paulatinamente vem chegando aos municípios, oferecendo oportunidades de
acesso a uma das principais vias de comunicação mundial..

Quanto aos jornais, Teresina concentra a edição de três jornais locais de


circulação diária, sendo possível encontrar também jornais nacionais. Na
capital circulam diariamente os jornais locais Meio Norte, O Dia e Diário do
Povo. Todas as revistas de circulação nacional podem também ser
encontradas em Teresina.

3.88 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

3.2.3.3.4 – Educação

Embora a educação seja um direito de todos, a importância desse direito,


muitas vezes, não é devidamente percebida, principalmente pelas classes
mais pobres. Não se pode negar que houve um avanço no sistema
educacional do Brasil, porém ainda existem muitas distorções. Os dados do
IBGE, coletados no Censo Demográfico de 2000, mostram que 28,64% da
população piauiense de 10 anos ou mais de idade não são alfabetizadas.
Numericamente, esse percentual representando 641.056 pessoas.

Nos municípios da área de influencia indireta do empreendimento florestal


da Suzano, o percentual da população de 10 anos ou mais alfabetizada é
superior ao conjunto do Estado, representando 81,88%. Os municípios de
Alto Longá, São João da Serra e São Miguel da Baixa Grande apresentaram
os menores percentuais de população alfabetizada, com 58,18%, 58,17% e
58,99%, respectivamente. Os índices mais elevados estão na capital,
Teresina, com 86,84% e nos municípios de Angical do Piauí (74,15%),
Campo Maior (73,30%) e Água Branca (71,56%).

Com relação aos municípios propícios, com propriedades disponíveis


atualmente, os maiores índices de alfabetização da população de 10 anos ou
mais encontram-se nos municípios de Monsenhor Gil (69,74%) e Elesbão
Veloso (63,32%), porém ainda possuem uma taxa de alfabetização inferior a
observada no Piauí (71,36%).

Entre os anos de 1991 e 2000, observa-se uma redução do percentual da


população de 15 anos ou mais analfabetas, bem como da população de 25
anos ou mais. No Piauí, o percentual de analfabetismo entre a população de
15 anos ou mais observou um declínio de 30% entre 1991 e 2000. Já para a
população de 25 anos ou mais, essa queda foi um pouco inferior: 23,96%.

A Tabela 3.24 apresenta o número de matrículas e número de escolas nos


ensinos fundamentais, médio e pré-escolar nos municípios da área de
influencia indireta. É visível a superioridade de matrículas no ensino
fundamental, seguido pelo ensino médio e pré-escolar. O número de
escolas, naturalmente, também é maior entre as que ministram o ensino
fundamental. Essas escolas são de responsabilidade dos municípios e
geralmente estão distribuídas nos povoados. Já as escolas de ensino médio,
administradas pelo poder estadual, possuem número bastante reduzido. Os
municípios de Água Branca, Amarante, Regeneração, Alto Longá, Altos e
Campo Maior possuem mais de duas escolas de ensino médio, destacando-
se os dois últimos municípios, que apresentam população bem superior aos
demais e possuem 10 e 12 escolas de nível médio, respectivamente.

As escolas de pré-escolar apresentam-se em bom número nos municípios,


exceto em Prata do Piauí e Lagoinha do Piauí, que possuem apenas 2 e 4
escolas, respectivamente.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.89


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Tabela 3.24 – Número de Matrículas e Escolas nos Municípios de


Influência Indireta

Nº MATRÍCULAS Nº ESCOLAS

MICRORREGIÃO
MUNICÍPIOS PRÉ- PRÉ-
FUNDAMENTAL MÉDIO FUNDAMENTAL MÉDIO
ESCOLAR ESCOLAR

Médio Parnaíba
Agricolândia 1.126 571 177 6 1 6
Água Branca 3.183 728 592 16 3 12
Amarante 3.337 860 629 57 4 37
Angical 1.865 430 374 16 2 13
Barro Duro 1.479 280 252 12 1 9
Jardim do Mulato 757 228 148 15 1 13
Lagoinha do PI 478 94 75 4 1 4
Olho d'Água do PI 519 123 81 8 2 6
Regeneração 3.775 720 679 32 3 24
St. Ant. dos
319 111 161 5 1 6
Milagres
São Gonçalo do PI 903 234 179 8 1 5
São Pedro do PI 3.497 531 508 25 1 17
Campo Maior
Alto Longá 2.236 601 533 44 3 29
Campo Maior 7.904 2.542 1.649 73 12 62
Novo Santo
628 93 111 17 1 11
Antônio
São João da Serra 1.484 360 170 37 1 8
Teresina
Altos 8.274 2.477 1.143 70 10 20
Beneditinos 2.200 692 388 33 2 20
Curralinhos 946 251 151 10 1 5
Demerval Lobão 2.611 580 595 25 1 21
Lagoa do PI 874 133 169 14 1 13
Miguel Leão 263 72 52 6 1 5
Teresina 122.482 64.419 23.012 393 152 304
Valença do Piauí
Prata do PI 625 159 174 6 1 2
Santa C. dos
686 217 124 13 1 5
Milagres
São Felix do PI 610 155 120 13 2 10
São M. Baixa
553 106 83 12 1 9
Grande
TOTAL 173.614 77.767 32.329 970 211 676
Fonte: IBGE, com dados do Ministério da Educação, INEP, 2007.

O município de Teresina é bem servido em relação ao número de escolas,


possuindo 393 escolas de ensino fundamental, 152 escolas de ensino médio
e 304 escolas de nível pré-escolar. Uma parte significativa desses
estabelecimentos é mantida pela iniciativa privada.
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3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Nos municípios propícios, as matrículas no ensino fundamental também


obtiveram os maiores números, seguidas pelo ensino médio e pré-escolar.
Coivaras e Passagem Franca mostram desempenho semelhante com relação
ao número de matrículas. Hugo Napoleão teve o menor número de
matrículas no ensino fundamental. No conjunto desses municípios, existiram
10.629 matrículas no ensino fundamental, 2.176 matrículas no ensino médio
e 1.980 matrículas no ensino pré-escolar (Tabela 3.25).

Tabela 3.25 – Número de Matrículas e Escolas nos Municípios


Propícios
Nº MATRÍCULAS Nº ESCOLAS
MUNICÍPIOS PRÉ- PRÉ-
FUNDAMENTAL MÉDIO FUNDAMENTAL MÉDIO
ESCOLAR ESCOLAR
Coivaras 940 187 146 17 1 15
Elesbão Veloso 2.587 479 595 45 3 37
Hugo Napoleão 807 216 129 6 1 6
Monsenhor Gil 2.164 479 371 27 2 26
Palmeirais 3.163 620 502 40 2 24
Passagem F. do
968 195 237 14 1 12
PI
TOTAL 10.629 2.176 1.980 149 10 120

Fonte: IBGE, com dados do Ministério da Educação, INEP, 2007.

Já o número de escolas apresentou superioridade no ensino fundamental em


todos os municípios, seguido pelas escolas de ensino médio e pré-escolar.
Destaca-se o maior número de escolas de ensino fundamental em Elesbão
Veloso (45) e Palmeirais (40).

Com relação à educação superior, os municípios que registraram matrículas


foram: Água Branca (77), Altos (423), Amarante (353), Campo Maior (755),
Elesbão Veloso (400), Palmeirais (110) e Teresina (37.806).

O número de docentes nos municípios de influencia indireta é de 9.307


locados no ensino fundamental; 4.263 docentes de ensino médio e 1.745
docentes de ensino pré-escolar. Altos e Campo Maior, depois de Teresina,
são os municípios que apresentam o maior número de docentes, sendo que
Lagoinha do Piauí e Santo Antônio dos Milagres apresentam o menor número
de professores.

Os municípios propícios apresentam hoje 865 docentes distribuídos em


ensino fundamental (644), médio (124) e pré-escolar (97). Em Passagem
Franca do Piauí existem apenas 3 docentes no ensino pré-escolar, enquanto
que, em Elesbão Veloso e Monsenhor Gil existem 32 docentes nesse mesmo
nível de ensino.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.91


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

3.2.3.3.5 – Saúde

A análise da situação da saúde nos municípios localizados na área de


influência do Projeto Florestal contempla os dados referentes ao número de
estabelecimentos de saúde desses municípios, bem como os indicadores de
mortalidade e expectativa de vida.

No total de municípios de influência indireta existem 432 estabelecimentos


de saúde, sendo 275 somente em Teresina, que é o único município a contar
com estabelecimento público federal. Os municípios que se destacam quanto
ao número de estabelecimentos de saúde são: Campo Maior (22), Amarante
(19) e São Pedro do Piauí (16).

Nos municípios de Curralinhos, Lagoa do Piauí e Miguel Leão na há


estabelecimentos de saúde cadastrados. O levantamento de campo efetuado
no município de Curralinhos identificou a existência de um posto de saúde
em construção e, em Miguel Leão, há um Posto de saúde denominado
Vereador Cornélio Francisco da Silva. Todos esses municípios recorrem a
Teresina, nos casos de média e alta complexidade.

Geralmente, alguns municípios possuem hospitais estaduais que se tornam


referência para os municípios de toda a microrregião a que está inserido.
Exemplo desse fato ocorre no município de Amarante (Foto 3.18), que
possui o Hospital Regional Dr. Francisco Ayres Cavalcante. O referido
hospital apresenta 41 leitos e mais 12 para urgência e emergência, além de
realizar procedimentos de pequeno e médio porte.

Foto 3.18 – Hospital Regional de Amarante-PI

Fonte: Levantamento de Campo.

3.92 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

No município de Água Branca, segundo informações coletadas no município,


o Hospital municipal atende pacientes não só do município como também de
municípios circunvizinhos.

Todos os municípios analisados contam com o Programa Saúde da Família,


que é um modelo de atendimento assistencial, reorientando o sistema de
saúde a partir da atenção básica. É formado por equipes de saúde com
vários profissionais que tem como base de trabalho as unidades de saúde.
Essas equipes atendem as famílias de uma área delimitada, que são
cadastradas e acompanhadas por profissionais dessas unidades de saúde,
incluindo o atendimento no próprio domicílio.

A capital do Estado vem apresentando avanço considerável do setor de


saúde, constituindo-se como centro de referência regional. Vários
procedimentos de alta complexidade são realizados em Teresina, dentre
eles: transplante renal e de córnea; cirurgia cardíaca; neurocirurgia
avançada; cirurgia endoscópica; cirurgia torácica. Ressalte-se que uma
parcela expressiva da oferta de serviços de saúde em Teresina é atendida
pela iniciativa privada.

Além de atender a demanda dos pacientes do próprio município e dos


municípios do Estado, Teresina ainda presta serviços a pacientes de Estados
como Maranhão, Pará, Ceará e Tocantins.

No grupo de municípios atualmente com áreas disponíveis, os dados revelam


a existência de 26 estabelecimentos de saúde, distinguidos em 3 estaduais e
23 municipais. Não há estabelecimento de saúde no município de Coivaras.
Em visita ao município identificou-se a existência de um centro de saúde
denominado “Centro de Saúde Juracy Freire”, que é a sede do Programa
Saúde da Família, além de atender pequenos casos emergenciais. Já em
Palmeirais existe apenas um Centro de saúde denominado “Centro de Saúde
Nossa Senhora da Conceição”. Quando necessitam, os moradores do
município recorrem aos serviços de saúde em Teresina.

O município de Elesbão Veloso conta com um Hospital Estadual “Norberto


Moura” (Foto 3.19) que atende casos de baixa e média complexidade.
Atende pacientes de municípios vizinhos como Passagem Franca do Piauí e
Hugo Napoleão.

Embora existam limitações na saúde pública dos municípios em análise, os


números revelaram a diminuição significativa da taxa de mortalidade infantil
tanto até um ano de idade como até cinco anos de idade. Os municípios que
apresentaram maiores taxas de declínio da taxa de mortalidade até um ano
de idade foram: Miguel Leão, Angical do Piauí, Regeneração e Prata do Piauí,
Água Branca e São Pedro do Piauí. Esses municípios apresentaram
decréscimo superior a 40%.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.93


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Foto 3.19 – Hospital Estadual de Elesbão Veloso-PI

Fonte: Pesquisa de campo.

3.2.3.3.6 – Saneamento

– Abastecimento de Água
As atividades de saneamento têm por objetivo o controle e a prevenção de
doenças, a melhoria da qualidade de vida da população, além do aumento
da produtividade do indivíduo e expansão da atividade econômica. No
computo geral dos municípios da área de influência indireta, 83,08% dos
domicílios são abastecidos através da rede geral, 9,47% por meio de poço
ou nascente (na propriedade) e 7,45% utilizam outra forma de
abastecimento de água, como por exemplo, carro pipa (Tabela 3.26).

Tabela 3.26 – Forma de Abastecimento de Água nos Municípios de


Influência Indireta, 2000
FORMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA
MICRORREGIÃO POÇO OU
MUNICÍPIOS REDE OUTRA
TOTAL % % NASCENTE % %
GERAL FORMA
*
Médio Parnaíba
Agricolândia 1.307 100,00 911 69,70 246 18,82 150 11,48
Água Branca 3.683 100,00 3.115 84,58 441 11,97 127 3,45
Amarante 4.249 100,00 3.202 75,36 537 12,64 510 12,00
Angical 1.868 100,00 1.694 90,69 93 4,98 81 4,34
Barro Duro 1.654 100,00 1.267 76,60 267 16,14 120 7,26
Jardim do Mulato 970 100,00 480 49,48 116 11,96 374 38,56
Lagoinha do PI 555 100,00 402 72,43 130 23,42 23 4,14
Olho d'Água do PI 544 100,00 380 69,85 142 26,10 22 4,04
Regeneração 4.326 100,00 2.712 62,69 552 12,76 1.062 24,55
St.. A. dos Milagres 400 100,00 310 77,50 13 3,25 77 19,25
São Gonçalo do PI 1.071 100,00 997 93,09 31 2,89 43 4,01
São Pedro do PI 3.053 100,00 1.988 65,12 502 16,44 563 18,44

3.94 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

FORMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA


MICRORREGIÃO POÇO OU
MUNICÍPIOS REDE OUTRA
TOTAL % % NASCENTE % %
GERAL FORMA
*
Campo Maior
Alto Longá 2.938 100,00 1.035 35,23 1.441 49,05 462 15,72
Campo Maior 10.601 100,00 7.794 73,52 2.233 21,06 574 5,41
Novo Santo
715 100,00 55 7,69 568 79,44 92 12,87
Antônio
São João da Serra 1.551 100,00 678 43,71 517 33,33 356 22,95
Teresina
Altos 8.813 100,00 4.057 46,03 3.683 41,79 1.073 12,18
Beneditinos 2.319 100,00 1.104 47,61 1.020 43,98 195 8,41
Curralinhos 836 100,00 270 32,30 488 58,37 78 9,33
Demerval Lobão 3.037 100,00 2.334 76,85 473 15,57 230 7,57
Lagoa do PI 762 100,00 197 25,85 405 53,15 160 21,00
Miguel Leão 319 100,00 138 43,26 131 41,07 50 15,67
Teresina 169.771 100,00 152.650 89,92 7.001 4,12 10.120 5,96
Valença do Piauí
Prata do PI 767 100,00 511 66,62 153 19,95 103 13,43
Sta. C. dos
754 100,00 433 57,43 202 26,79 119 15,78
Milagres
São Felix do PI 851 100,00 567 66,63 210 24,68 74 8,70
São M. Baixa.
503 100,00 330 65,61 17 3,38 156 31,01
Grande
TOTAL
228.217 100,00 189.611 83,08 21.612 9,47 16.994 7,45
MUNICÍPIOS
TOTAL ESTADO 44.795.101 100,00 34.859.39 77,82 6.976.877 15,58 2.958.83 6,61
Fonte: IBGE. Censo Demográfico, 2000.
* Na propriedade.

Nos municípios que atualmente possuem áreas disponíveis, o abastecimento


de água ainda apresenta deficiências, na medida em que, na totalidade,
apenas 54,98% dos domicílios são abastecidos por rede geral (Tabela 3.27).

Tabela 3.27 - Forma de Abastecimento de Água nos Municípios


Propícios, 2000
FORMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

MUNICÍPIOS POÇO OU
REDE OUTRA
TOTAL % % NASCENTE % %
GERAL FORMA
*
Coivaras 765 100,00 261 34,12 476 62,22 28 3,66
Elesbão Veloso 3.806 100,00 2.475 65,03 837 21,99 494 12,98
Hugo Napoleão 926 100,00 788 85,10 91 9,83 47 5,08
Monsenhor Gil 2.331 100,00 1.177 50,49 678 29,09 476 20,42
Palmeirais 2.977 100,00 1.352 45,41 1.207 40,54 418 14,04
Passagem F. do PI 932 100,00 400 42,92 322 34,55 210 22,53
TOTAL
11.737 100,00 6.453 54,98 3.611 30,77 1.673 14,25
MUNICÍPIOS
TOTAL ESTADO 44.795.101 100,00 34.859.393 77,82 6.976.877 15,58 2.958.831 6,61
Fonte: IBGE. Censo Demográfico, 2000.
*Na propriedade

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.95


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Dentre os sete municípios da área, destaca-se Elesbão Veloso e Hugo


Napoleão, com 65,03% e 85310% dos domicílios com abastecimento
oriundo de rede geral, respectivamente. Em Coivaras, a rede geral é
interligada a 34,12% dos domicílios, enquanto que 62,22% são abastecidos
por meio de poço ou nascentes e 3,66% utilizam outra forma de
abastecimento.

– Esgotamento Sanitário

Com relação ao esgotamento sanitário, a ausência de serviços adequados


leva os moradores a seguirem práticas rudimentares e inadequadas para o
destino de seus efluentes domésticos. A rede geral de esgotos está
praticamente presente apenas em Teresina, uma vez que excluindo os dados
da capital, o percentual restante é insignificante. Todavia, a participação
dessa forma de esgotamento abrange apenas 13,02% dos domicílios de
Teresina.

Em Lagoinha do Piauí, Olho D’Água do Piauí, São Pedro do Piauí e Prata do


Piauí, o sistema de fossas sépticas atinge menos de 1% dos domicílios. Por
outro lado, em Angical do Piauí, Barro Duro, São Gonçalo do Piauí, Campo
Maior, São Felix do Piauí e, obviamente, Teresina, apresentam índices de
cobertura superiores a 50%. Em Campo Maior, Amarante, Altos e Teresina,
ainda registrou-se domicílios que tem como destino de seus efluentes, os
rios, lagos ou mar.

No Piauí ainda é surpreendente o número de domicílios sem banheiros, que


representa 42,94%. Em Teresina, esse percentual é de apenas 12,04%. Já
em Novo Santo Antônio, o percentual é de 93,71% dos domicílios sem
banheiro. Na área de influência direta, os domicílios sem banheiro somam
59,20%, sendo que Coivaras representa o extremo máximo, com 75,42%
dos domicílios. Já em Hugo Napoleão esse percentual reduz para 19,22%.

O sistema de fossa rudimentar ainda está presente em todos os municípios,


em menor escala nos municípios de Coivaras e Passagem Franca do Piauí.

Percebe-se a necessidade de urgência na implementação de políticas de


saúde pública nesses municípios, a fim de corrigir essas distorções e garantir
uma qualidade de vida decente para a população.

3.2.3.4 – Desenvolvimento Humano

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) procura incorporar a noção de


desenvolvimento humano como um processo abrangente, de expansão do
exercício do direito de escolhas individuais em diversas áreas (econômica,
política, social ou cultural). Portanto, é um indicador que tenta captar e
sintetizar os três princípios básicos do processo de desenvolvimento
3.96 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda
3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

humano, através da combinação de três componentes básicos, sendo eles:


(i) longevidade; (ii) educação; e (iii) renda.

As variáveis para obtenção do componentes são: esperança de vida ao


nascer para indicador de longevidade; a taxa de alfabetização dos adultos e
a taxa combinada de matrícula nos ensinos fundamental, médio e superior,
reunidas num indicador único através de média ponderada, com pesos dois e
um, respectivamente para o indicador do nível educacional e a PIB per
capita ajustado ao custo de vida local para torná-lo comparável entre países,
através da metodologia conhecida como paridade do poder de compra (PPC)
para o indicador do acesso a recursos (renda). O país (estado ou município)
é classificado em três grandes categorias estabelecidas de acordo com o
PNUD, sendo elas:

0 ≤ IDH < 0,5 Baixo Desenvolvi mento Humano


0,5 ≤ IDH < 0,8 Medio Desenvolvi mento Humano
0,8 ≤ IDH ≤ 1 Alto Desenvolvi mento Humano

Na identificação do grau de desenvolvimento humano dos municípios na


área de influência indireta em estudo, apenas 2 (dois) municípios (Campo
Maior e Teresina) possuem índices superiores ao do Estado (0,656), sendo
que a maioria obteve IDH inferior.

As Tabelas 3.28 e 3.29 apresentam os IDHs de 1991 e 2000 dos municípios


das áreas de influência indireta e direta do empreendimento, bem como o
coeficiente de variação obtido no período. A explicação da variação positiva
dos municípios está na contribuição dos indicadores parciais que compõem o
IDH, especialmente o progresso na dimensão educação e o aumento da
expectativa de vida ao nascer, indicando melhorias no sistema de saúde. Por
outro lado, a falta de políticas locais e eficazes de emprego e renda no
sentido de potencializar as alternativas econômicas diferenciadas para os
municípios (estruturando uma economia local e regional) é a provável causa
do baixo desempenho nesta dimensão.

Tabela 3.28 – Desenvolvimento Humano nos Municípios da Área de


Influência Indireta entre 1991 e 2000
ÍNDICE DE ÍNDICE DE
MICRORREGIÃO DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO VARIAÇÃO
MUNICÍPIOS HUMANO MUNICIPAL, HUMANO MUNICIPAL, (%)
1991 2000
Médio Parnaíba
Agricolândia 0,540 0,622 15,19
Água Branca 0,561 0,653 16,40
Amarante 0,56 0,630 12,50
Angical do Piauí 0,565 0,648 14,69
Barro Duro 0,542 0,624 15,13

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3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

ÍNDICE DE ÍNDICE DE
MICRORREGIÃO DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO VARIAÇÃO
MUNICÍPIOS HUMANO MUNICIPAL, HUMANO MUNICIPAL, (%)
1991 2000
Jardim do Mulato 0,485 0,580 19,59
Lagoinha do Piauí 0,525 0,631 20,19
Olho D'Água do Piauí 0,487 0,582 19,51
Regeneração 0,508 0,611 20,28
Santo Ant. dos Milagres 0,472 0,565 19,70
São Gonçalo do Piauí 0,572 0,643 12,41
São Pedro do Piauí 0,545 0,634 16,33
Campo Maior
Alto Longá 0,497 0,580 16,70
Campo Maior 0,597 0,675 13,07
Novo Santo Antônio 0,411 0,509 23,84
São João da Serra 0,452 0,549 21,46
Teresina
Altos 0,539 0,618 14,66
Beneditinos 0,492 0,604 22,76
Curralinhos 0,495 0,571 15,35
Demerval Lobão 0,562 0,631 12,28
Lagoa do Piauí 0,486 0,599 23,25
Miguel Leão 0,526 0,628 19,39
Teresina 0,713 0,766 7,43
Valença do Piauí
Pra do Piauí 0,521 0,611 17,27
Santa C. dos Milagres 0,438 0,588 34,25
São Felix do Piauí 0,537 0,624 16,20
São M. da Baixa
0,463 0,574 23,97
Grande
ESTADO 0,566 0,656 15,90

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 1991-2000

Tabela 3.29 - Desenvolvimento Humano nos Municípios Propícios


entre 1991 e 2000
ÍNDICE DE ÍNDICE DE
VARIAÇÃO
MUNICÍPIO DESENVOLVIMENTO HUMANO DESENVOLVIMENTO
(%)
MUNICIPAL, 1991 HUMANO MUNICIPAL, 2000
Coivaras 0,483 0,587 21,53
Elesbão Veloso 0,514 0,601 16,93
Hugo Napoleão 0,501 0,575 14,77
Monsenhor Gil 0,547 0,622 13,71
Palmeirais 0,492 0,587 19,31
Passagem F. do PI 0,442 0,564 27,60
ESTADO 0,566 0,656 15,90

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 1991-2000

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3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

3.2.3.5 – Desenvolvimento Econômico

3.2.3.5.1 – Economia Familiar

A economia familiar é uma forma de produção que tem por base a utilização
de mão-de-obra no âmbito da própria família. Essa forma de produção tem
como preocupação principal a auto-sustentação familiar, exercida em
condições de mútua dependência e colaboração.
Nos municípios localizados na área de influência do Projeto Florestal, é
através da agricultura familiar de subsistência que as comunidades rurais
adquirem seus alimentos. Para a realização das roças são utilizadas
pequenas faixas de terras, muitas vezes, através de arrendamento. Nos
municípios de Campo Maior, Altos e Coivaras, a prática da agricultura
familiar é associada especialmente ao extrativismo da carnaúba, uma
palmeira que possui aproveitamento integral. Já nos municípios localizados
na Microrregião do Médio Parnaíba Piauiense, a agricultura familiar é
complementada com o extrativismo do babaçu e do pequi. Em Palmeirais,
por fim, a agricultura familiar é ainda complementada pela extração do
bacuri.
Pelo apresentado, a maior parte das famílias dos municípios localizados na
área de influencia do Projeto Florestal da Suzano sobrevive com o ganho
oriundo das atividades de produção e comercialização de produtos vegetais
e extrativos, além de contarem com recursos oriundos de transferências
governamentais, especialmente o Programa Bolsa Família (PBF), que
beneficia famílias em situação de pobreza (com renda mensal por pessoa de
R$ 60,01 a R$ 120,00) e extrema pobreza (com renda mensal por pessoa de
até R$ 60,00), de acordo com a Lei 10.836, de 09 de janeiro de 2004 e o
Decreto nº 5.209, de 17 de setembro de 2004.

3.2.3.5.2 – População e Renda

Em 2000, o Piauí possuía 2.843.278 habitantes. Desse total, 2.239.583


pessoas tinham 10 anos ou mais de idade, formando a chamada população
em idade ativa.
O IBGE (2008) diz que a População em Idade Ativa (PIA) é uma classificação
etária que compreende o conjunto de todas as pessoas teoricamente aptas a
exercer uma atividade econômica. No Brasil, a PIA é composta por toda
população com 10 ou mais anos de idade e subdivide-se em População
Economicamente Ativa e a População não Economicamente Ativa.
A População Economicamente Ativa (PEA) compreende o potencial de mão-
de-obra com que pode contar o setor produtivo, isto é, a população ocupada
e a população desocupada. A População Ocupada compreende as pessoas
que trabalham, incluindo: Empregados, Conta Própria, Empregadores, Não
Remunerados. A População Desocupada agrupa as pessoas que não têm

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3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

trabalho, mas estão dispostas a trabalhar, e que, para isso, tomam alguma
providência efetiva (consultando pessoas, jornais, etc.).
A População não Economicamente Ativa (PNEA) ou População
Economicamente Inativa (PEI) são as pessoas não classificadas como
ocupadas ou desocupadas, ou seja, pessoas incapacitadas para o trabalho
ou que desistiram de buscar trabalho ou não querem mesmo trabalhar.
Inclui os incapacitados, os estudantes e as pessoas que cuidam de afazeres
domésticos. Inclui também os "desalentados" - pessoas em idade ativa que
já não buscam trabalho, uma vez que já o fizeram e não obtiveram sucesso.
O IBGE considera desalentado aquele que está desempregado e há mais de
um mês não busca emprego. O conjunto de pessoas com menos de 10 anos
de idade corresponde à População em Idade Economicamente Não-Ativa
(PINA).
A partir destas conceituações procedeu-se a estimação da população em
idade ativa nos municípios influenciados pelo empreendimento florestal.
Na análise do cálculo da população em idade ativa (PIA - população com
idade igual ou superior a 10 anos), e População em Idade Economicamente
Não-Ativa (PINA - Pessoas com menos de 10 anos de idade), observa-se que
a totalidade dos municípios participa com 34,43% na PIA do estado do Piauí,
sendo que somente Teresina contribui com 25,85%. Assim, na subtração de
tal valor, a participação do restante fica reduzida para 8,58% (Tabelas 3.30
e 3.31), sinalizando a concentração de pessoas na capital em relação ao
total dos municípios piauienses. De qualquer forma, dos dados revelam o
potencial de mão-de-obra que pode ser absorvido pelo empreendimento
florestal, embora não forneça a informação do nível de qualificação desse
contingente populacional.

Tabela 3.30 – População em Idade Economicamente Ativa e Não


Ativa dos Municípios de Influencia Indireta
POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE
MICRORREGIÃO POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE
NÃO-ATIVA ( MENOS DE 10
MUNICÍPIOS ATIVA (10 ANOS OU MAIS)
ANOS)
Médio Parnaíba
Agricolândia 1.109 4.231
Água Branca 3.051 11.466
Amarante 3.501 13.383
Angical 1.372 5.416
Barro Duro 1.388 5.399
Jardim do Mulato 852 3.138
Lagoinha do PI 486 1.745
Olho D'Água do PI 515 1.768
Regeneração 3.801 13.670

3.100 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE
MICRORREGIÃO POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE
NÃO-ATIVA ( MENOS DE 10
MUNICÍPIOS ATIVA (10 ANOS OU MAIS)
ANOS)
Santo Ant. dos Milagres 442 1.434
São Gonçalo do PI 973 3.276
São Pedro do PI 2.824 9.686
Campo Maior
Alto Longá 2.411 9.589
Campo Maior 7.768 35.358
Novo Santo Antônio 635 2.520
São João da Serra 1.334 5.341
Teresina
Altos 8.313 30.809
Beneditinos 1.947 7.765
Curralinhos 827 2.814
Demerval Lobão 2.555 9.934
Lagoa do PI 766 2.722
Miguel Leão 325 1.045
Teresina 136.328 579.032
Valença do Piauí
Prata do PI 697 2.420
Santa Cruz dos Milagres 711 2.623
São Felix do PI 575 2.822
São M. da Baixa Grande 384 1.646
TOTAL MUNICÍPIOS 185.890 771.052

TOTAL ESTADO 604.695 2.239.583


Fonte: IBGE. Censo Demográfico, 2000.

Tabela 3.31 – População em Idade Economicamente Ativa e Não


Ativa dos Municípios Propícios
POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE POPULAÇÃO
MUNICÍPIOS NÃO-ATIVA ( MENOS DE 10 ECONOMICAMENTE ATIVA (10
ANOS) ANOS OU MAIS)
Coivaras 731 2.776

Elesbão Veloso 2.638 12.364

Hugo Napoleão 813 2.890

Monsenhor Gil 2.100 8.209

Palmeirais 2.796 9.358

Passagem Franca. do PI 999 3.196

TOTAL MUNICÍPIOS 10.077 38.793

TOTAL ESTADO 604.695 2.239.583


Fonte: IBGE. Censo Demográfico, 2000.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.101


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

3.2.3.5.3 – Emprego

A situação do emprego no estado do Piauí é analisada com base na Relação


Anual de Informações Sociais (RAIS), que é um registro administrativo
instituído pelo Decreto n° 76.900/75, de responsabilidade do Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE), criado com fins operacionais, fiscalizadores e
estatísticos. Sua declaração é anual e obrigatória a todos os
estabelecimentos existentes no território nacional, independentemente de
possuírem ou não empregados. Uma das principais riquezas da RAIS é a sua
cobertura, que se situa acima de 97% do universo formal, o que a faz ser
considerada um Censo anual do mercado de trabalho formal. Além da
cobertura, outra potencialidade é a sua abrangência, pois diferentemente do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que abarca
apenas o emprego celetista, a RAIS contempla todos os empregados formais
celetistas, estatutários, temporários, avulsos, entre outros (MTE, 2008).

Entretanto, é importante registrar que, a RAIS, como todo registro


Administrativo, apresenta limitações, sendo a principal delas a omissão de
declarações (MTE, 2007).

No Piauí foram gerados 298.831 empregos formais em 2007, o que


correspondente a 5.583 vínculos a mais em comparação ao ano de 2006.
Em termos relativos, esse aumento representou uma elevação de 1,90% no
estoque de 293.248 empregos existentes em 2006. Tal desempenho se
enquadrou muito abaixo da média nacional e regional (Nordeste), cuja
expansão foi de 6,98% e 6,17%, respectivamente. Em 2007, foram gerados
no país 2.452.181 empregos formais e, no Nordeste, 381.934, o melhor
resultado em números absolutos da série histórica, iniciada em 1985.

Acerca do desempenho por Unidades da Federação, as informações da RAIS


apontam o Piauí como o estado de pior desempenho absoluto e relativo
dentre todos os estados (MTE, 2007).

Tratando-se da remuneração média dos trabalhadores, constantes na RAIS,


por Unidade da Federação, evidencia o aumento real médio de 0,18% no
Piauí, tomando como referência o mês de dezembro de 2006 e o deflator
INPC. Com efeito, a remuneração média cresceu de R$ 952,86 em 2006
para R$ 954,55 em 2007. Chama a atenção o fato de que esse percentual de
incremento do rendimento laboral no mercado estadual foi inferior ao
observado para a média nacional (0,68%).

Na Área de Influência Indireta do Empreendimento, os municípios de maior


dinâmica econômica foram Altos, Campo Maior e Teresina (capital) que
apresentaram o maior número de empregos formais e muito superiores ao
restante dos municípios da área. Já os municípios de Palmeirais (238
empregos), Elesbão Veloso (233 empregos) e Monsenhor Gil (140
empregos) geraram o maior número de postos de emprego na faixa de 0,51

3.102 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

a 1,00 salário mínimo, considerando o total de 789 empregos da área em


estudo. Já na faixa de 1,01 a 2,00 salários mínimos, os municípios de
Palmeirais (152 empregos), Elesbão Veloso (145 empregos) e Monsenhor Gil
(168 empregos) também lideraram como maior número de empregados em
2007. Já os municípios com piores performances são Coivaras, Hugo
Napoleão e Passagem Franca.

É, portanto, bastante claro que o número de emprego está atrelado à


dinâmica da economia local. Os municípios com maior nível de atividade
econômica são também os que oferecem o maior número de empregos.
Comprovando esse fato, observa-se que Elesbão Veloso é o único município
que apresenta empregados na faixa salarial acima de 15,01 salários
mínimos, em reais 5.701,00 (cinco mil setecentos e um reais).

3.2.3.5.4 – Arrecadação dos Municípios

Os dados da arrecadação tributária do Piauí e municípios da área


indiretamente afetada pelo projeto florestal em 2007 indicam que as
principais receitas tributárias do Estado são os impostos, participando com
95,91% no total. Para as taxas teve-se uma pequena participação de
4,09%. Estes percentuais se elevam quando se considera o grupo dos
municípios, ficando a contribuição dos impostos em 96,69% e taxas em
3,31%.

Destaca-se entre os impostos que geraram maior montante de arrecadação


o ISSQN, IRRF trabalho e IPTU em ordem decrescente. Os três maiores
municipais em estudo na arrecadação do ISSQN, excluído a capital, são:
Campo Maior, Altos e Água Branca. Os menores foram Miguel Leão, São
Gonçalo e Santo Antônio. Este quadro se altera em relação ao montante do
IPTU, pois Alto Longá e Amarante assumiram a segunda e terceira colocação
entre os maiores, mantendo Campo Maior na situação de maior arrecadador.
Os municípios de Angical e Barro Duro apareceram na posição dos dois
menores arrecadadores. A terceira posição ficou reservada para Curralinhos.

É visível a relação direta da arrecadação de impostos com o tamanho do


município, seja em temos populacionais ou em estrutura econômica,
revelando, uma carga tributária por município bastante diferenciada.

3.2.3.5.5 – Produto Interno Bruto, PIB Per Capita, Índice de Gini e


Incidência de Pobreza

Segundo dados da Fundação CEPRO (2008) com base no IBGE, o PIB do


Piauí (preço de mercado corrente) em 2006 foi de R$ 12.790 bilhões e a
Renda Per Capita de R$ 4.213,00, apontando uma variação real do PIB
Estadual em 2006/2005 de 6,1%.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.103


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Os municípios piauienses inseridos na área indireta desse estudo, excluindo


a capital Teresina, possuem uma estrutura econômica bastante diferenciada.
O PIB do conjunto de municípios na área de influência indireta possui
magnitude muito diferenciada, com Santo Antônio dos Milagres tendo um
PIB de 3.784 mil reais e Teresina de 6.000.490 mil reais, permitindo inferir
que a instalação de um novo empreendimento nessa área terá repercussões
econômicas de crescimento das atividades nos municípios de menor PIB
(Tabela 3.32). Entre os municípios de Coivaras, Elesbão Veloso, Hugo
Napoleão, Monsenhor Gil, Palmeirais e Passagem Franca podem ser
observados dois grupos de acordo com a faixa do PIB. O grupo de maior
PIB: Elesbão Veloso, Monsenhor Gil e Palmeirais com PIB de 36.708 mil
reais, 27.896 mil reais e 31.264 mil reais, respectivamente, e o grupo de
menor PIB: Coivaras, Hugo Napoleão e Passagem Franca com PIB de 7.207
mil reais, 9.226 mil reais e 9.619 mil reais, respectivamente (Tabela 3.33).

As perspectivas da economia piauiense, dependendo da economia nacional,


são de crescimento favorecido especialmente pelo incentivo do Governo do
Estado para instalação de novos empreendimentos industriais.

Tabela 3.32 – Produto Interno Bruto (PIB) dos Municípios, 2006


PREÇO DE MERCADO CORRENTE
MUNICÍPIO PER CAPITA (REAIS)
(MIL REAIS)

Agricolândia 10.757 2.060


Água Branca 43.319 2.678
Alto Longá 25.222 2.067
Altos 107.694 2.765
Amarante 45.254 2.639
Angical do Piauí 19.089 2.624
Barro Duro 17.231 2.352
Beneditinos 19.621 2.073
Campo Maior 168.538 4.071
Curralinhos 7.692 1.828
Demerval Lobão 25.725 1.842
Jardim do Mulato 8.058 2.058
Lagoa do Piauí 15.817 3.949
Lagoinha do Piauí 5.730 2.487
Miguel Leão 6.254 4.296
Novo Santo Antônio 7.182 2.589
Olho d`Água do Piauí 4.995 -
Prata do Piauí 6.473 1.894
Regeneração 38.287 2.100
Santa Cruz dos Milagres 9.359 2.659
Santo Antônio dos Milagres 3.784 1.837
São Félix do Piauí 8.622 2.789
São João da Serra 15.311 2.789
São Gonçalo do Piauí 9.726 2.048
3.104 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda
3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

PREÇO DE MERCADO CORRENTE


MUNICÍPIO PER CAPITA (REAIS)
(MIL REAIS)

São Miguel da Baixa Grande 4.814 2.333


São Pedro do Piauí 35.419 2.675
Teresina 6.000.490 7.482
Coivaras 7.207 2.286
Elesbão Veloso 36.708 2.408
Hugo Napoleão 9.226 2.457
Monsenhor Gil 27.896 2.567
Palmeirais 31.264 2.437
Passagem Franca do Piauí 9.619 2.317
Fonte: CEPRO, 2008.

Além do PIB, para uma melhor compreensão do desenvolvimento econômico


dos municípios na área de influência do empreendimento é necessário
analisar as medidas de desigualdade e pobreza, que são fundamentais para
identificar se o crescimento econômico vem sendo realmente revertido em
benefícios para sociedade, melhorando as condições de vida da população. O
Índice de Gini (que mede o grau de desigualdade existente na distribuição
de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita) e o de Incidência da
Pobreza são usados para medir o grau de concentração de renda e o
percentual de pessoas pobres nos municípios.

Dentro da área de influência do empreendimento florestal, tais índices


apresentam baixo nível de desigualdade na distribuição da renda nos
municípios, exceto em Teresina, que obteve para o índice de Gini o valor de
0,50, revelando elevada desigualdade (Tabelas 3.34 e 3.35).

Tabela 3.34 – Índice de Gini e Incidência de Pobreza dos Municípios


de Influência Indireta
MUNICÍPIO ÍNDICE DE GINI % DE POBREZA
Agricolândia 0,32 59,73
Água Branca 0,37 55,39
Alto Longá 0,40 56,59
Altos 0,40 57,20
Amarante 0,41 51,98
Angical do Piauí 0,39 57,66
Barro Duro 0,37 56,35
Beneditinos 0,40 54,30
Campo Maior 0,45 55,27
Curralinhos 0,32 53,65
Demerval Lobão 0,38 59,84
Jardim do Mulato 0,36 54,05
Lagoa do Piauí 0,34 54,01
Lagoinha do Piauí 0,31 51,73

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.105


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

MUNICÍPIO ÍNDICE DE GINI % DE POBREZA


Miguel Leão 0,30 49,51
Novo Santo Antônio 0,34 53,76
Olho d`Água do Piauí 0,34 -
Prata do Piauí 0,36 60,20
Regeneração 0,39 62,65
Santa Cruz dos Milagres 0,34 61,53
Santo Antônio dos Milagres 0,34 49,67
São Félix do Piauí 0,38 57,23
São João da Serra 0,38 51,39
São Gonçalo do Piauí 0,36 57,35
São Miguel da Baixa Grande 0,33 47,43
São Pedro do Piauí 0,37 55,99
Teresina 0,50 47,39
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000 e Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF 2002/2003.
NOTA: A estimativa do consumo para a geração destes indicadores foi obtida utilizando o método da estimativa de pequenas áreas dos autores
Elbers, Lanjouw e Lanjouw (2002).

Tabela 3.35 –Índice de Gini e Incidência de Pobreza dos Municípios


Propícios
MUNICÍPIO ÍNDICE DE GINI % DE POBREZA

Coivaras 0,36 53,20

Elesbão Veloso 0,40 60,03

Hugo Napoleão 0,33 52,24

Monsenhor Gil 0,37 55,64

Palmeirais 0,37 52,22

Passagem Franca do Piauí 0,33 55,49


Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000 e Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF 2002/2003.
NOTA: A estimativa do consumo para a geração destes indicadores foi obtida utilizando o método da estimativa de pequenas áreas dos autores
Elbers, Lanjouw e Lanjouw (2002).

Outro fato a observar é que o índice de Gini é maior nos municípios mais
populosos e de maior PIB (Alto Longa, Altos, Beneditinos, Amarante, Campo
Maior e Elesbão Veloso), reafirmando a tendência de que quando o PIB é
maior não significa que teremos uma melhor distribuição de renda, mas que
pode ser apropriada por poucos.

Quanto ao indicador de Incidência da Pobreza, chama atenção o elevado


número de pobres em torno de 50% da população nesses grupos de
municípios da área direta e indireta. Os dados reforçam a idéia da fragilidade
econômica municipal justamente pela debilidade de uma estrutura
empresarial consistente que não vem incorporando criando oportunidades de
trabalho de forma a garantir uma elevação de renda.

3.106 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

3.2.3.5.6 – Principais Atividades Produtivas

Dos municípios que integram a área de influência indireta do


empreendimento florestal, 20 (vinte) localizam-se no Território Entre Rios
(Agricolândia, Água Branca, Amarante, Angical, Barro Duro, Jardim do
Mulato, Lagoinha do Piauí, Olho D’Água do Piauí, Regeneração, Santa Cruz
dos Milagres, São Gonçalo do Piauí, São Pedro do Piauí, Alto Longá, Altos,
Beneditinos, Curralinhos, Demerval Lobão, Lagoa do Piauí, Miguel Leão e
Teresina), no qual, de acordo com o Anuário do Piauí (2006), predomina a
agricultura familiar, com os cultivos tradicionais, recentemente o turismo de
negócio, a piscicultura, o artesanato e os setores de comércio e serviços,
especialmente educação e saúde. Salienta-se que este território apresenta
deficiências de água encanada, energia e saneamento ambiental.

Destaca-se que quatro municípios situam-se no Território Vale do Sambito,


cuja base produtiva assenta-se na agropecuária, na piscicultura, no
artesanato, nas nascentes e em pequenas agroindústrias para
beneficiamento de frutas, cana de açúcar e da mandioca, para produção de
doces, sucos, rapadura, cachaça, etc. Porém, enfatiza-se que o referido
território apresenta algumas limitações estratégicas que o impossibilita de
desenvolver-se, como saneamento básico, energia elétrica, especialmente
na zona rural, médicos insuficientes para atender a população e a
degradação dos recursos naturais.

Ademais, ressalta-se que três municípios (Campo Maior, Novo Santo Antônio
e São João da Serra) integram o Território dos Carnaubais, onde a estrutura
econômica pauta-se na extração da cera da carnaúba, na pecuária bovina,
ovina e caprina, na extração de pedras ornamentais, na cajucultura e no
turismo. Quanto aos recursos hídricos, o território conta com os rios
Jenipapo, Longá, Maratoam e Surubin, e várias lagoas que atendem às
demandas de consumo e de irrigação.

O cultivo da laranja é a cultura de maior participação dos municípios


relativamente ao Estado (33,78%). No entanto, tais valores tornam-se
insignificantes no cenário nacional, devido à baixíssima produção do Piauí.
Por outro lado, quanto à banana e à castanha de caju (também lavouras
permanentes e muito importantes para a economia do Estado), a
participação dos municípios foi de apenas 9,10% e 4,87%, respectivamente.
Esta performance revela a baixa produtividade das atividades produtivas.
Contudo, ressaltam-se as potencialidades naturais dos municípios para a
agricultura irrigada, decorrente da disponibilidade de cursos d’água perenes
e interminentes, complementados por riacho e lagoas.

Ainda dentro do contexto da estrutura produtiva do conjunto dos municípios


de influência indireta, porém agora na análise dos principais produtos da
lavoura temporária, verifica-se que a atividade econômica dos referidos
municípios se pauta na agricultura tradicional de subsistência, tendo como
2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.107
3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

principais produtos a mandioca, o milho e o arroz, com participação com


relação ao Piauí de 11,67%, 6,98% e 9,35%, respectivamente. Todavia,
salienta-se que a maior participação dos municípios de influência indireta
centrou-se no cultivo da melancia com 22,84%. Este contexto não significa
elevada produção, uma vez que o Estado apresentou reduzida produção
desta fruta. No entanto, destaca-se a grande potencialidade de incremento
produtivo da região, em função das condições naturais favoráveis.

Já em relação à base econômica do grupo de municípios que atualmente


possui áreas disponíveis, a mesma já está embasada historicamente na
produção agrícola de subsistência, praticada a partir do sistema tradicional
de roça, resultando em baixa produtividade. No contexto econômico, à
exceção da melancia (4,72%), os demais produtos não apresentam valores
significativos de produção. No entanto, há que ressaltar as potencialidades
naturais oferecidas pelos municípios para a agricultura irrigada (foto 6.3.04),
decorrente da disponibilidade de cursos d’água.

Foto 3.20 – Roça Irrigada em Hugo Napoleão-PI

Fonte: Pesquisa de campo.

Quanto à produção dos principais produtos de extração vegetal nos


municípios de influência indireta do empreendimento, prepondera a extração
da lenha com 169.366 m3. Destaca-se Campo Maior como o maior produtor
de pó de carnaúba do Piauí.

Com relação à produção da pecuária, os rebanhos mais representativos em


relação ao Piauí dos municípios de influência indireta foram galos, frangas,
frangos e pintos; galinhas e suínos com 43,58%, 15,57% e 12,53%,
respectivamente. No entanto, salienta-se a quase uniformidade na
representatividade dos demais rebanhos. Já no grupo de municípios com
áreas atualmente disponíveis, as produções mais representativas são para
rebanhos de suínos e de galinhas, com valores de 6,36% e 3,02%,
respectivamente.

3.108 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

Quanto a demais atividades econômicas, identifica-se que, em 2006, em 20


(vinte) municípios do universo sob influência do Projeto Florestal,
predominaram as unidades em atividades de comércio, reparação de
veículos automotores, objetos pessoais e domésticos, com 1.678 unidades,
totalizando 3.319 pessoas ocupadas, sendo 1.704 assalariadas. Os dados
demonstram que as economias municipais apresentam baixo dinamismo, na
medida em que constata a ausência de atividades importantes na geração
de emprego, além do pequeno número de unidades ocupacionais, de pessoal
ocupado e assalariado. Em 07 (sete) municípios preponderam as unidades
em atividades de Administração pública, defesa e seguridade social, com 97
unidades, com 68.268 pessoas ocupadas, sendo 68.261 assalariadas.
Justifica-se este cenário devido que, em Teresina, prevalecem tais
atividades, inclusive contando com 77 unidades ocupacionais e 66.799
pessoas ocupadas, representando 97,8% do total das unidades, das quais
66.792 são assalariados, o que representa também 97,8%. Esta
configuração expressou a grande participação de Teresina, relativamente ao
Estado, na geração de emprego e renda, cujos dados estão no patamar de
12,4%, 56,1% e 56,1% quanto às unidades em atividades, pessoal ocupado
e assalariado, respectivamente. Contrariamente, por outro lado, é verificada
a reduzida participação dos demais municípios que integram este estrato de
atividades.

Já a economia do conjunto dos municípios com áreas, atualmente


disponíveis para o Projeto Florestal apresenta baixo dinamismo, haja vista
que os estabelecimentos por setor de atividade centram-se 50% das
unidades em atividades de comércio, reparação de veículos automotores,
objetos pessoais e domésticos, com 171 unidades e 312 pessoas ocupadas,
sendo 150 assalariadas. Os outros 50% concentra-se na Administração
pública, defesa e seguridade social com 09 unidades e 681 trabalhadores,
sendo todos assalariados. Tal desempenho indica a fragilidade das
economias municipais, cuja conseqüência foi a reduzida atividade produtiva,
seja agropecuária e/ou indústria de transformação.

3.2.3.6 – Aspectos Culturais

As regiões de influência direta e indireta do empreendimento apresentam


diversas manifestações culturais, muitas das quais fundamentadas em
tradições e costumes que derivam desde o processo de ocupação do
território. Sobressaem as manifestações religiosas, especialmente as
festividades, especialmente aquelas relacionadas à tradição católica,
predominante na região. Outras manifestações consistem em festividades
diversas (tais como o carnaval, festas de aniversário das cidades e feiras
agropecuárias) e eventos culturais, especialmente as semanas culturais
promovidas pelas secretarias de educação e cultura de alguns municípios e
por escolas em geral.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.109


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

3.2.3.7 – Conflitos e Tensões Sociais

Nos municípios visitados, conforme as informações obtidas, não existem


conflitos em unidades fundiárias. Os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais dos
municípios são atuantes e têm promovido pacificamente a distribuição de
terras aos trabalhadores, por meio dos assentamentos. De modo geral, os
assentados trabalham as questões coletivas de forma articulada. A maioria
está integrada aos programas do Governo Federal de incentivo à agricultura
e, com esses recursos, eles vêm potencializando o uso da terra. Ademais,
conforme os líderes sindicais dos municípios, os assentados estão sendo
conscientizados para a questão ambiental, na medida em que respeitam a
reserva legal de 20% da área para conservação.

As Tabelas 3.36 e 3.37 apresentam a relação de assentamentos estaduais


na área de influência indireta e direta, respectivamente. Na área de
influência indireta encontram-se hoje assentadas 957 famílias numa área de
42,6 mil hectares, sendo que o assentamento que possuí o maior número de
famílias é denominado de Invejada, localizado no município de Alto Longá,
com cerca de 200 famílias. Nos demais municípios, a quantidade de famílias
é de 615 assentadas numa área de 39,1 mil hectares distribuídas em 22
assentamentos, sendo o maior denominado de Riacho de localizado em Hugo
Napoleão, com 78 famílias.

Tabela 3.36 – Relação dos Assentamentos Estaduais nas Áreas de


Influencia Indireta
TAMANHO DA ANO DE
MUNICÍPIO NOME DO ASSENTAMENTO FAMÍLIAS
ÁREA (ha) CRIAÇÃO
Agricolândia Estaca Zero 60 2.553,41 1983
Santa Rita 16 1.005,05 1995
Água Branca
Canela de Velho 10 421,4307 1995
Alto Longa Invejada 200 4.360,00 2001
Barrinha 56 4.376,00 1993
Prata 35 1.109,00 1993
Altos Corte do Meio 20 218,85 2007
Coité 42 170,00 2007
Espinheiro 19 173,79 2007
Flor de Maio 35 1.863,00 1996
Amarante Ponta da Várzea 12 657,00 1994
Santa Helena 08 345,00 1996
Sobradinho 12 525,5630 1993
Barro Duro Sítio do Brejo 21 1.363,22 1996
Coqueiro/Saguim 29 1.667,80 1996
Campo Maior Barrocas 30 1.003,00 2005
Lagoa Nova 33 1.483,87 2002
Curralinhos
Goiabeira 08 420,00 1993
Demerval Lobão Ôlho d’água 33 280,00 1996
Jardim do Mulato Barreiro do Mato da Serra 61 2.871,00 1996

3.110 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

TAMANHO DA ANO DE
MUNICÍPIO NOME DO ASSENTAMENTO FAMÍLIAS
ÁREA (ha) CRIAÇÃO
Regeneração Chapada dos Barreiros 16 666,00 1996
Olho D’agua da Renegada 10 682,00 1996
Baixão do Cunha / Siriema 19 840,00 1996
Regeneração Poço do Pedro 11 472,00 1996
Pitombeira/ Angical 30 1.799,00 1996
Chapada Grande 100 10.000,00 1997
Caminho Novo 10 466,00 1998
São Pedro do Piauí Mambira 08 331,00 1997
Serrinha 13 543,00 1995
TOTAL 957 42.666,00

Fonte: INTERPI (2008).

Tabela 3.37 – Relação dos Assentamentos Estaduais nas Áreas dos


Municípios Propícios
TAMANHO DA ANO DE
MUNICÍPIO NOME DO ASSENTAMENTO FAMÍLIAS
ÁREA (ha) CRIAÇÃO
Jurema 17 715,00 1996
Riacho 78 6.206,00 1996
Hugo Napoleão Tamboril 18 900,00 1996
Luciana/Marfim 72 4.886,00 1996
Jurubeba 10 404,00 1996
Bom Lugar 40 1.920,00 1995
Monsenhor Gil
Bolívia e Sítio 74 2.645,00 1997
Serra do Algodoeiro 16 735,00 1998
Prata 41 1.634,00 1995
Leandro 12 903,00 1998
Serra da Solta 53 2.922,00 1993
Ponta D’água 42 3.393,00 1993
Tranqueiras/São Joaquim 24 2.413,00
1993
Serra da Vitória 10 887,00 1996
Palmeirais
Coque I e II 11 451,2903 1996
Bandeira 4 205,6984 1996
Unha de Gato 3 155,0204 1996
Campos 2 105,1262 1996
Serra dos Picos 7 734,9600 1993
Saco 02 123,60 1995
Serra do Careta 04 416,06 1995
Áreas Públicas 75 6.401,00 1994
TOTAL 615 39.155,76

Fonte: INTERPI (2008).

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.111


3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

3.2.3.8 – Percepção das Comunidades Sobre o Projeto Florestal a ser


Implantado no Estado do Piauí

O procedimento metodológico para a captação da percepção embasou-se na


visita aos municípios para a observação das dinâmicas econômica e social,
por meio de interrogação direta e registros fotográficos. Para tanto, em
conformidade com Gil (2000) o método de investigação assentou-se na
observação simples de natureza sensorial, essencialmente ver e escutar,
centrado na observação espontânea do funcionamento da economia e das
condições sociais do município.

No geral, as informações obtidas nos municípios atualmente com áreas


disponíveis (Palmeirais, Hugo Napoleão, Coivaras, Elesbão Veloso, Passagem
Franca do Piauí, Monsenhor Gil e Nazária) reveleram algum conhecimento
das comunidades sobre o projeto florestal. A maioria das autoridades
consultadas expressou entusiasmo pela possibilidade de fortalecimento das
economias de seus respectivos municípios e geração de emprego e renda à
parte atualmente desocupada da sociedade, bem como pelo fato de que o
empreendimento deverá servir como uma forma de manter e atrair
novamente a parte da população que evadiu da região em busca de
empregos em grandes centros urbanos e em lavouras de cana de açúcar,
especialmente no Sudeste do país. Ao mesmo tempo, tais autoridades
manifestaram preocupações ambientais relacionadas à supressão da
vegetação nativa e sociais referentes à possível modificação de algumas
atividades atualmente vigentes nos municípios, tais como a pecuária, a
extração de carnaúba e de pequi, entre outros. A maioria entende que uma
empresa do porte da Suzano deverá respeitar as obrigações ambientais e
sociais derivadas de seus empreendimentos.

Quanto à comunidade em si, as percepções variaram entre entusiasmo e


receio. Percebeu-se, principalmente junto à maior parte dos moradores das
fazendas que encontram-se em negociação, grande preocupação com
relação ao que pode vir a acontecer. Informações incertas, dúvidas e um
pouco de temor permeiam o cotidiano das famílias desde que se iniciou o
processo de aquisição das propriedades. A maioria dos proprietários não
compartilha com os moradores o andamento das negociações, nem repassa
informações básicas como a delimitação da área a ser vendida. Isso faz com
que hajam bastantes especulações junto às comunidades.

As famílias praticam roças e criam animais nas áreas das fazendas e temem
que sejam impedidas de continuarem a desenvolver suas atividades. Em
geral, as famílias não pretendem sair de suas respectivas casas e esperam
que sua situação seja resolvida o mais rápido possível para que não haja
maiores transtornos.

Em grande parte dos municípios, os entrevistados informaram que ainda não


possuíam nenhum conhecimento a respeito da implantação do
3.112 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda
3 – Síntese do Diagnóstico Ambiental das Áreas de Influência

empreendimento florestal. Na capital, a população já tem conhecimento


sobre a instalação do empreendimento, uma vez que tem existido
divulgação em massa nos meios de comunicação escrito e televisionado. O
governo estadual tem manifestado amplo apoio à instalação da SUZANO no
Piauí, notadamente através da concessão de incentivos fiscais. O termo de
acordo foi assinado em Teresina em 28/07/2008, e a expectativa de início
das atividades é grande, já que a chegada da SUZANO servirá de estímulo a
novos investimentos, a diversificação da base produtiva do Piauí, aumento
das receitas estaduais e a geração de emprego e renda.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.113


4 – OS IMPACTOS AMBIENTAIS E AS MEDIDAS
MITIGADORAS RECOMENDADAS
4 – OS IMPACTOS AMBIENTAIS E AS MEDIDAS
MITIGADORAS RECOMENDADAS

4.1 - Metodologia
A implantação de um projeto, qualquer que seja sua natureza, implica em
alterações sobre o meio ambiente, algumas de caráter permanente, de tal
maneira que a avaliação das ações impactantes e o monitoramento dos
fatores envolvidos são decisivos, na maioria das vezes, para viabilizar o
projeto proposto.
A identificação e análise dos impactos ambientais, apresentadas a seguir,
têm como base a relação causa / efeito, como apresentado na Figura 4.01,
onde se observa que as ações ou atividades desenvolvidas durante as fases
de implantação e operação do empreendimento, atuarão sobre os diversos
componentes ambientais (meio ambiente), gerando impactos, os quais serão
positivos ou negativos.
Figura 4.01 - Relação Causa / Efeito Utilizada na Avaliação Ambiental

AÇÃO OU
ATIVIDADE

COMPONENTE EFEITO AMBIENTAL


AMBIENTAL (IMPACTO)

MEDIDAS
MITIGADORAS
PROGRAMAS
4 – Impactos Ambientais e as Medidas Mitigadoras Recomendadas

A avaliação de impactos decorrentes de uma determinada atividade envolve


uma análise integrada de todos os componentes que interagem. MUNN
(1975) resume como atributo desejável de um método sua capacidade de
atender às seguintes funções na avaliação de impactos ambientais:

• Identificação;

• Predição;

• Inerpretação;

• Comunicação; e,

• Monitoramento.

A metodologia de avaliação ambiental utilizada nessa análise tem como base


uma matriz de interação, onde se procura estabelecer a relação causa/efeito
das atividades previstas na operação do empreendimento com o meio
ambiente.

A realização da análise ambiental do empreendimento proposto deve


atender aos seguintes quesitos:

• Caracterização das atividades inerentes à implantação e operação do


empreendimento;

• Diagnóstico ambiental dos meios físico, biológico e socioeconômico;

• Definição dos fatores e componentes ambientais a serem avaliados;

• Elaboração de matrizes com a identificação, qualificação e


quantificação dos impactos para cada meio, fator e componente;

• Identificação e análise dos impactos ambientais;

• Definição e caracterização das medidas potencializadoras, mitigadoras


e/ou compensatórias.

Na descrição e análise dos impactos ambientais gerados, foram consideradas


as seguintes ações ou atividades a serem desenvolvidas durante a
implantação e operação do empreendimento (Tabela 4.01):

4.2 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda.


4 – Impactos Ambientais e as Medidas Mitigadoras Recomendadas

Tabela 4.01 – Ações e Atividades do Empreendimento durante a


Implantação e Operação
IMPLANTAÇÃO
Limpeza do terreno
Limpeza do Terreno Enleiramento de resíduos
Sistematização das Áreas
Infra-estrutura Implantação de Estradas e Aceiros
Combate a formigas e repasse; Gradagem
Preparo do solo Subsolagem / fosfatagem, Fertilização;
Conservação de estradas e aceiros
Transporte e distribuição das mudas;
FORMAÇÃO Plantio/ Replantio Plantio; Replantio; Repasse a formiga; Limpeza
FLORESTAL (ano 0) (herbicidas, capina manual e mecanizada); Adubação
de cobertura e Manutenção de Estradas e Aceiros

Monitoramento e combate a pragas; Conservação de


Manutenção estradas e aceiros; Capina de manutenção
(anos 1 A 12) Adubação de cobertura; Prevenção e combate a
incêndios

Adubação; Aplicação de herbicida pré-emergente;


Rotação
(anos 6 A 12) Repasse a formiga; Capina pós-emergente (manual e
herbicida)
OPERAÇÃO
Colheita (ano 7 e 13) Corte; Desgalhamento e Arraste
COLHEITA E Transporte Carregamento; Transporte até à Unidade Industrial
TRANSPORTE DA
MADEIRA Manutenção / Reforma Estradas principais, secundárias e Aceiros
da Rede Viária Pátio de Estocagem de Madeira

Fonte: Suzano (2009).

4.2 – Resultados da Análise Ambiental


Nas tabelas a seguir é apresentada a relação das atividades a serem
desenvolvidas durante a implantação e operação do empreendimento, com
os impactos a serem gerados e as respectivas medidas.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4.3


4 – Impactos Ambientais e as Medidas Mitigadoras Recomendadas

Tabela 4.02 – Atividades, Aspectos, Impactos e Medidas para o Fator Ambiental Ar


ATIVIDADES IMPACTOS MEDIDAS
AR
• Limitar a velocidade em trechos da rede viária;
• Disponibilizar e orientar o uso de EPI´s pelos funcionários;
Operação de máquinas e • Medidas gerais de minimização da emissão de material
Emissão de Gases, Partículas Sólidas e
equipamentos para construção de particulado como: umidificação e revegetação de áreas com
Fuligem
estradas. solo exposto, cobertura de caminhões e cortina vegetal;
• Implantar programa de prevenção e combate a incêndios na
área do empreendimento e imediações.
• Medidas gerais de minimização da geração de ruídos e dos
seus efeitos sobre os funcionários, que consistem na
manutenção e regulagem periódica de máquinas e
Emissão de ruídos pelas máquinas, equipamentos, além de disponibilizar e orientar o uso de
equipamentos e veículos (de passeio e Aumento dos Níveis de Ruídos EPI´s; e,
de carga)
• Limitar a velocidade em certos trechos da rede viária do
empreendimento, a fim de diminuir o afugentamento dos
animais.

Preparo do terreno (retirada da


vegetação, execução de serviços de Danos à saúde dos operários e à fotossíntese
• Umedecer as vias de acesso durante os períodos mais críticos.
terraplanagem, abertura de caminhos das plantas devido à poeira
e acessos temporários)

Crescimento da floresta Alteração no Microclima

Crescimento da floresta Seqüestro de Carbono


Fonte: STCP (2009).

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4.4


4 – Impactos Ambientais e as Medidas Mitigadoras Recomendadas

Tabela 4.03 – Atividades, Aspectos, Impactos e Medidas para o Fator Ambiental Água
ATIVIDADES IMPACTOS MEDIDAS
ÁGUA

Preparo do terreno (limpeza do • Programa de Controle de Processos Erosivos;


Assoreamento - carreamento de partículas
terreno, enleiramento, movimentação • Medidas de proteção do solo e do sistema viário, incluindo
do solo para os corpos hídricos
de solo) para plantio dentre as práticas de manejo o plantio com curvas de nível.

Preparo do terreno (limpeza do Aumento da turbidez da água, diminuição da • Programa de Controle de Processos Erosivos;
terreno, enleiramento, movimentação velocidade e vazão do rio e queda dos níveis • Medidas de proteção do solo e do sistema viário, incluindo
de solo) para plantio de iluminação dos corpos d'água dentre as práticas de manejo o plantio com curvas de nível.

Aplicação de compostos químicos para Alterações dos parâmetros químicos da água


• Programa de Monitoramento de Bacias Hidrográficas (Hydrus).
adubação e fertilização - Eutrofização

• Programa de Controle de Processos Erosivos;


Utilização de produtos contaminantes
Contaminação das águas (superficiais e • Recuperar a cobertura vegetal das áreas com superfícies
óleos, graxas, combustíveis, produtos
subterrâneas) e do solo por resíduos dos expostas;
químicos) risco de acidentes com
compostos químicos existentes nos produtos
manuseio de óleos, graxas de • Programa de Gerenciamento de Efluentes e Resíduos Sólidos;
usados na adubação e fertilização
veículos, tratores e bombas.
• Programa de Controle na Utilização de Produtos Químicos.

Crescimento da Floresta e
Aumento do Suprimento de água no solo e • Programa de Monitoramento de Microbacia Hidrográfica
conseqüente interceptação das águas
subsolo Florestada
superficiais pela cobertura vegetal

Fonte: STCP (2009).

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4.5


4 – Impactos Ambientais e as Medidas Mitigadoras Recomendadas

Tabela 4.04 – Atividades, Aspectos, Impactos e Medidas para o Fator Ambiental Solo / Subsolo
ATIVIDADES IMPACTOS MEDIDAS
SOLO / SUBSOLO
• Programa de Controle de Processo Erosivos;
Circulação de Veículos Alteração na qualidade do solo • Medidas de proteção do solo e do sistema viário, incluindo
dentre as práticas de manejo o plantio com curvas de nível.

Preparo do terreno (retirada da • Programa de Controle de Processos Erosivos;


vegetação, execução de serviços de
Processos erosivos • Medidas de proteção do solo e do sistema viário, incluindo
terraplanagem, abertura de caminhos
e acessos temporários) dentre as práticas de manejo o plantio com curvas de nível.

Preparo do terreno (retirada da


vegetação, execução de serviços de Erosão laminar e desestabilização de • Programa de proteção as áreas de encostas e APPs (Programa
terraplanagem, abertura de caminhos encostas de monitoramento e controle de processos erosivos).
e acessos temporários)

Preparo do terreno (retirada da • Programa de Educação Ambiental para a mão-de-obra direta


vegetação, execução de serviços de do empreendimento;
Geração de resíduos sólidos
terraplanagem, abertura de caminhos
e acessos temporários) • Programa de Gestão de Resíduos.

Manutenção de estradas para colheita,


transporte de equipamentos e
Alteração na qualidade do solo • Programa de Controle de óleos, graxas e outros.
eucalipto, circulação de máquinas
pesadas
Preparo do terreno (retirada da
vegetação, execução de serviços de
• Programa de Recuperação Vegetal, Plantio em mosaico,
terraplanagem, abertura de caminhos Desfiguração da paisagem
conforme o Plano Integrado de Manejo Ambiental
e acessos temporários) e instalação de
plantio

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4 – Impactos Ambientais e as Medidas Mitigadoras Recomendadas

ATIVIDADES IMPACTOS MEDIDAS


SOLO / SUBSOLO

Instalação de plantio Proteção do solo contra erosão

Fonte: STCP (2009).

Tabela 4.05 – Atividades, Aspectos, Impactos e Medidas para o Fator Ambiental Vegetação
ATIVIDADES IMPACTOS MEDIDAS
VEGETAÇÃO
• Restringir o desmatamento apenas ao necessário para garantir
a implantação e a operação do projeto,
• Programa de Revegetação de Superfícies Expostas;
Limpeza e preparo do terreno /
Fragmentação da vegetação nativa
Supressão da vegetação • Manter fragmentos de vegetação nativa;
• Utilização prioritária de áreas já degradadas para plantio;
• Inserção de áreas relevantes para conservação.
• Programa de Pesquisa em Flora;
• Restringir o desmatamento apenas ao necessário para garantir
a implantação e a operação do projeto;
Limpeza do terreno / Supressão da • Programa de Revegetação de Superfícies Expostas;
Perda de espécies
vegetação
• Manter fragmentos de vegetação nativa;
• Utilização prioritária de áreas já degradadas para plantio;
• Inserção de áreas relevantes para conservação
• Plano Integrado de Manejo Ambiental;
Limpeza do terreno / Supressão da Isolamento e Efeito de Borda na vegetação
vegetação nativa • Realizar plantio de espécies nativas de acordo com a estrutura
da vegetação local.
Manuseio, trânsito de veículos e • Programa Gerenciamento de Efluentes e Resíduos Sólidos;
maquinários. Aplicação de defensivos Contaminação por derramamento
e atividades de colheita • Programa de controle e aplicação de produtos químicos.

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4 – Impactos Ambientais e as Medidas Mitigadoras Recomendadas

ATIVIDADES IMPACTOS MEDIDAS


VEGETAÇÃO

Fertilização do solo Alteração na composição de espécies da flora • Evitar uso em excesso de agrotóxicos e fertilizantes;

Construção e manutenção de estradas Perda de número de indivíduos e aumento • Programa de Zoneamento Ambiental;
e acessos da pressão antrópica em às áreas naturais • Adotar medidas adequadas para a implantação da rede viária;
Perda de individuos e habitats devido a • Implantação de programas de prevenção e combate a
Crescimento do plantio
incêndios florestais incêndios/Construção de aceiros
Tráfego de maquinários e veículos • Manter faixas de vegetação ao longo das estradas;
Diminuição da fotossíntese/perda de
especialmente na época de colheita e
espécies mais sensíveis • Umedecimento das estradas e acessos.
transporte de produção

Emissões de gases e material • Programa de Recuperação Vegetal;


Alterações na fenologia das espécies
particulado interferindo na polinização • Programa de Pesquisa da Flora.

Aplicação de herbicida, uso exagerado • Limitar ao estritamente necessário o uso de herbicidas,


Interrupção da regeneração natural
ou derrame acidental fazendo uso de capinas manuais.
Fonte: STCP (2009).

Tabela 4.06 – Atividades, Aspectos, Impactos e Medidas para o Fator Ambiental Fauna
ATIVIDADES IMPACTOS MEDIDAS
FAUNA
• Recompor áreas naturais degradadas no entorno da área de
plantio/ampliar as áreas de reserva acima do limite
Supressão da Vegetação Nativa Redução de espécies estabelecido pela legislação vigente;
• Coibir a presença de animais domésticos nas áreas naturais e
de plantio.
• Medida preventiva de planejamento do período do ano para a
supressão (evitar período reprodutivo);
Supressão da Vegetação Nativa Extermínio de ovos, ninhos e animais
• Realização dos programas de resgate de fauna nas áreas de
plantio antes/durante da supressão da vegetação.

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4 – Impactos Ambientais e as Medidas Mitigadoras Recomendadas

ATIVIDADES IMPACTOS MEDIDAS


FAUNA
• Execução dos programas de proteção, fiscalização, manejo e
Aumento da pressão antrópica nos educação ambiental das áreas protegidas;
Supressão da Vegetação Nativa
remanescentes naturais
• Coibir a presença de animais domésticos nas áreas naturais
• Realizar fiscalização e monitoramento nos remanescentes
Aumento da pressão de caça sobre animais florestais e realizar campanhas educativas e preventivas entre
Supressão da Vegetação Nativa
de médio e grande porte os fucionários e moradores das comunidades contra a prática
da caça
Redução de espécies e de habitats, • Manutenção preventiva do maquinário;
Fragmentação da Vegetação isolamento de populações, desequilíbrio na
teia alimentar • Localizar as oficinas mecânicas distante dos corpos d'água.
• Restringir quando possível a área de supressão da vegetação
para estradas;
Derramamento acidental de óleos e • Estabelecer critérios para a supressão quando necessária,
Contaminação da comunidade biótica
graxas considerando a topografia do terreno;
• Programa de educação e conscientização ambiental de
funcionários e comunidade.
• Formação de taludes para diminuir o carreamento para os
Atropelamento, isolamento de populações, corpos d'água;
Construção e manutenção de estradas dispersão e alterações comportamentais pelo
• Programa de proteção das matas ciliares;
e acessos fluxo e ruído, facilitação de acesso para
caçadores nas áreas naturais • Normas de aplicação e planejamento e capacitação de mão de
obra.
• Estabelecer norma de circulação, principalmente para
funcionários, fornecedores e terceiros da empresa;
Mortandade de animais e desequilíbrio da • Estabelecer normas de manejo que minimizem os impactos,
Aplicação de adubos e herbicidas
teia alimentar tais como evitar estradas próximas de corpos de água, controle
de tráfego, estabelecer peso máximo de cargas e normas de
circulação.
• Recompor áreas naturais degradadas no entorno da área de
Uso de maquinário e tráfico de Atropelamento, dispersão e alterações plantio executando o Programa de Recuperação Vegetal;
caminhões para retirada da madeira comportamentais pelo fluxo e ruído
• Ampliar quando possível às áreas de reserva legal acima do

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4 – Impactos Ambientais e as Medidas Mitigadoras Recomendadas

ATIVIDADES IMPACTOS MEDIDAS


FAUNA
limite estabelecido pela legislação vigente;
• Coibir a presença de animais domésticos nas áreas naturais e
de plantio.
Fonte: STCP (2009).

Tabela 4.07 – Atividades, Aspectos, Impactos e Medidas para a Estrutura Fundiária


ATIVIDADES IMPACTOS MEDIDAS
ESTRUTURA FUNDIÁRIA

Pesquisa e Aquisição de terras na fase Influencia na Dinâmica de Valorização da


de Planejamento Terra

• Programa de comunicação e Educação Ambiental;


• Programa de Fomento;
Supressão da vegetação nas áreas de • Programa de Uso Sustentável dos Recursos Naturais;
Redução das áreas para atividade de
cerrado para a formação das áreas de
extrativismo • Programa de Aproveitamento Econômico dos Recursos Nativos
reflorestamento
(extrativismo vegetal – carnaúba)
• Apoio a Agricultura Familiar, Incentivo à criação de viveiros
comunitários.
• Programa de Fomento;
• Programa de Uso Sustentável dos Recursos Naturais;
Dinâmica de utilização do Fomento Fortalecimento dos produtores por • Programa de Aproveitamento Econômico dos Recursos Nativos
Florestal intermédio da diversificação de atividades (extrativismo vegetal – carnaúba);
• Apoio a Agricultura Familiar;
• Programa de Incentivo aos usos múltiplos do Eucalipto.

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4 – Impactos Ambientais e as Medidas Mitigadoras Recomendadas

ATIVIDADES IMPACTOS MEDIDAS


ESTRUTURA FUNDIÁRIA

Ações desenvolvidas no passado, Geração de Expectativas e Insegurança nas • Programa de Comunicação Social
implantação de novo empreendimento Comunidades

Fonte: STCP (2009).

Tabela 4.08 – Atividades, Aspectos, Impactos e Medidas para os Aspectos Sociais


ATIVIDADES IMPACTOS MEDIDAS
ASPECTOS SOCIAIS
• Programa de capacitação de mão-de-obra local para ser
Interesse de pessoas oriundas de área absorvida pelo empreendimento;
adjacentes interessadas em se fixar na Aumento do Fluxo Migratório devido à
• Desenvolver e implementar o Programa de Educação
região face a possibilidade de emprego demanda por mão-de-obra
Ambiental;
e renda
• Monitorar o fluxo migratório.
Pressão sobre o uso da terra,
Programa de capacitação de mão-de-obra local para ser
diminuição das áreas de uso comum Pressão sobre a estrutura fundiária – Êxodo
absorvida pelo empreendimento, Possibilitar o acesso aos cursos
disponíveis para a economia Rural
profissionalizantes à população de baixa renda.
extrativista
• Contratação de mão-de-obra local;
• Aplicação dos recursos da arrecadação, apoio a programas
Utilização de mão-de-obra Capacitação profissional dos funcionários sociais;
• Apoio à programas sociais voltados para educação e saúde;
• Programa de Comunicação Social.
• Treinamento de funcionários e operadores, conscientização
sobre os riscos das atividades, acompanhamento de
nutricionista na alimentação, seguir padrões na construção de
Abertura de novas oportunidades de
Pressão sobre a infra-estrutura de serviços alojamento;
trabalho
básico
• Respeitar as normas de controle de tráfego;
• Implementar programas de segurança do trabalho - PPRA,
PCMSO , e CIPA;

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4 – Impactos Ambientais e as Medidas Mitigadoras Recomendadas

ATIVIDADES IMPACTOS MEDIDAS


ASPECTOS SOCIAIS
• Utilização de EPI’s, treinamento em segurança no trabalho,
condições de atendimento ambulatorial e medicamentos
necessários ao atendimento emergencial.

• Programa de capacitação de mão-de-obra local para ser


absorvida pelo empreendimento;
Risco de acidentes envolvendo os • Programa de Comunicação e Educação ambiental;
Risco de acidentes de trabalho
trabalhadores das frentes de trabalho
• Programa de Fomento Florestal;
• Programa de uso sustentável dos recursos naturais.
Fonte: STCP (2009).

Tabela 4.09 – Atividades, Aspectos, Impactos e Medidas para a Economia Regional


ATIVIDADES IMPACTOS MEDIDAS
ECONOMIA REGIONAL
• Promover contratação de mão-de-obra local;
Supressão da vegetação e Preparo do
solo para Plantio, Construção de Geração de empregos diretos e indiretos • Desenvolver atividades de treinamento e capacitação;
estradas
• Apoiar cursos de capacitação visando atender a comunidade.
Dinamização da economia regional e
Aumento da Renda
da oferta de trabalho
A formação da base florestal para
fornecimento da matéria-prima e o
Fortalecimento, estruturação e diversificação • Priorizar aquisição de materiais preferencialmente na região;
processo de produção de carvão
do setor primário • Priorizar a contratação de mão-de-obra local.
contribuirão para diversificação da
base produtiva
Atividades previstas no planejamento, • Programa de fomento florestal;
implantação e operação do Fortalecimento, estruturação e diversificação
empreendimento envolvendo o do setor industrial • Programa de Aproveitamento Econômico dos Recursos Nativos
processo produtivo florestal (extrativismo vegetal);

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4 – Impactos Ambientais e as Medidas Mitigadoras Recomendadas

• Apoio à Agricultura Familiar.


Atividades previstas no planejamento,
implantação e operação do
Dinamização da Economia Regional /
empreendimento envolvendo o
Aumento do PIB
processo produtivo florestal.
Geração de renda e de empregos
Incidência de impostos sobre a
produção gerada pelo
Aumento na arrecadação de tributos
empreendimento, sobre os bens,
serviços e insumos

Tabela 4.10 – Atividades, Aspectos, Impactos e Medidas para o Patrimônio Arqueológico e Cultural
ATIVIDADES IMPACTOS MEDIDAS
PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO E CULTURAL

Retirada da vegetação; Limpeza do Destruição, total ou parcial, dos sítios • Programa de prospecções arqueológicas (Prospecção e plano
terreno; Gradagem; Terraplanagem; arqueológicos, descaracterização do entorno de proteção).
Processos referentes ao plantio dos sítios arqueológicos • Projeto de Educação Patrimonial
• Programa de Comunicação Social;
• Programas de Educação Ambiental e Cultural;
Retirada da vegetação; Limpeza do • Compensação em Unidades de Conservação;
Transformação da paisagem e da identidade
terreno; Gradagem; Terraplanagem;
cultural • Apoiar ações do governo em prol de políticas públicas voltadas
Processos referentes ao plantio
a preservação de áreas ambientalmente significativas e
programas que visem preservar a identidade cultural dos
povos.
Fonte: STCP (2009).

Tabela 4.11 – Atividades, Aspectos, Impactos e Medidas para a Infra Estrutura


ATIVIDADES IMPACTOS MEDIDAS
INFRA ESTRUTURA
Manutenção das estradas principais Melhoria das condições das vias internas • Proporcionar melhoria das condições de acesso;
internas utilizadas pela população • Priorizar implantação da rede viária de forma integrada ao

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4.13


4 – Impactos Ambientais e as Medidas Mitigadoras Recomendadas

sistema viário rural existente;


• Programa de Educação no Trânsito.
Pressão sobre o transporte rodoviário • Medidas gerais para controle de carregamento e trânsito de
podendo provocar danos e aumentar o Pressão sobre o transporte rodoviário veículos (controle velocidade, controle de cargas e
risco de acidentes escalonamento do transporte).
Fonte: STCP (2009).

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4 – Impactos Ambientais e as Medidas Mitigadoras Recomendadas

4.3 - Balanço Ambiental


O balanço ambiental é o resultado da análise conjunta dos impactos
ambientais, identificados pela equipe técnica responsável pelo estudo, e das
medidas, ações e programas propostos para o projeto, as quais buscam
minimizar, mitigar, compensar, prevenir ou reparar os impactos negativos
decorrentes da execução do empreendimento, bem como potencializar os
impactos positivos para o ambiente.

Após a qualificação dos impactos é efetuada a quantificação, onde são


atribuídos valores para os atributos Tipo de Impacto, Magnitude, Amplitude,
Prazo de Efeito e Horizonte de Tempo, e também para as medidas
Preventivas, Compensatórias ou Potencializadoras. Os valores para cada
atributo variam de 1 a 3, sendo o balanço a diferença entre os impactos
positivos e negativos e as medidas.

• Meio Abiótico

Como é previsto em um empreendimento florestal, os impactos negativos no


meio físico (113 pontos negativos) superam os positivos (36 pontos
positivos). Entre os impactos negativos deste meio observa-se que o
componente solo/subsolo é o que têm maior representatividade, com 55%
(42 pontos negativos), seguido pelo componente água e, por último, pelo ar.
Entre os aspectos positivos, o fator clima é mais representativo, em função
das melhorias que a floresta proporciona (tabela 4.12).

As medidas mais expressivas, propostas para o meio físico, são


comprometidas com a proteção ao solo/subsolo, principal fator impactado
pelo empreendimento, as demais referem-se a qualidade do ar e água.

• Meio Biótico

No meio biótico ocorrem impactos irreversíveis na fase de implantação da


floresta, quantitativamente os maiores efeitos são decorrentes da supressão
da vegetação, com perda de indivíduos e fragmentação, resultando em
efeito sobre a biodiversidade. Para minimizar esses efeitos, o planejamento
do uso do solo considera o zoneamento ambiental da área onde são
previstas áreas com remanescentes da cobertura natural em reserva legal,
corredores de fauna e áreas adicionais de conservação em locais relevantes.

Os impactos irreversíveis que ocorrem na fase de implantação do


empreendimento têm efeitos diretos sobre a fauna. Conforme resultado da
análise quantitativa dos impactos, o componente vegetação é responsável
por 51% do total de impactos negativos, e 49% dos impactos incidem sobre
a fauna.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4.15


4 – Impactos Ambientais e as Medidas Mitigadoras Recomendadas

Mesmo com as medidas propostas, o balanço para o meio biótico


permanecerá negativo (-80) (tabela 4.12).

De acordo com o diagnóstico ambiental da fauna, muitos dos impactos


identificados são ocasionados de forma indireta, ou seja, decorrente de
outros fatores ambientais, como, por exemplo, a relevância da qualidade da
água para a fauna aquática. Portanto, o presente EIA previu um conjunto
bastante diverso e intenso de medidas e programas que visem tanto o
controle e a minimização dos impactos, quanto o monitoramento.

A tabela 7.28 apresenta os valores dos impactos negativos incidentes sobre


o meio biótico, confrontando-os com todo o conjunto de medidas e
programas propostos. Ressalta-se que diversos programas a serem
implementados para o meio físico deverão também afetar positivamente a
biota, elevando os valores do balanço apresentado.

• Meio Socioeconômico

O resultado da análise quantitativa dos impactos para o meio


socioeconômico mostra que 55% dos impactos são positivos (tabela 4.12).
Considerando os componentes analisados, o maior efeito positivo do
empreendimento é sobre o componente economia regional (75 pontos
positivos), representado pelo reflexo na economia dos setores primário e
terciário e em função do aumento do número de empregos e do nível de
capacitação profissional com a adoção das medidas (+158).

Em relação aos impactos negativos, são observados impactos no


componente aspectos sociais (26 pontos negativos), principalmente devido
ao aumento do fluxo migratório, que poderá promover a desestruturação da
sociedade local e ao mesmo tempo contribuir para a saturação da infra-
estrutura de serviços básicos (saúde, educação), os efeitos negativos sobre
o patrimônio arqueológico e cultural (27 pontos negativos), relacionados à
ocorrência de indícios arqueológicos na área e à possibilidade de agressões
aos sítios arqueológicos, e os impactos negativos decorrentes da influência
do empreendimento na dinâmica do uso de ocupação do solo.

A análise prevê tanto a potencialização dos efeitos positivos do meio


socioeconômico como medidas e programas para minimizar os impactos
negativos. Assim, com a implantação do empreendimento o estudo indica
programas prevendo capacitação profissional, priorização da geração de
emprego e renda no local, entre outras ações que atualmente são
fundamentais para consolidar o desenvolvimento dos setores primário e
secundário nos municípios da AID.

4.16 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda.


4 – Impactos Ambientais e as Medidas Mitigadoras Recomendadas

• Síntese do Balanço dos Meios

Considerando os efeitos negativos, as atividades previstas pelo


empreendimento irão resultar em 402 pontos negativos. Como não poderia
ser diferente, o meio físico (-113 pontos) e biológico (-205 pontos)
destacam-se pelos impactos negativos originados das diversas ações a
serem desenvolvidas.

Estes impactos, conforme previsto na legislação ambiental, podem ser


minimizados ou compensados através de medidas e programas ambientais.
Neste caso, pode-se observar que, em adotando-se as medidas propostas
pela equipe multidisciplinar, é possível reduzir os efeitos negativos, no meio
físico, o valor das medidas poderá atingir 75 pontos positivos, para o
biológico 125 pontos positivos e para o socioeconômico 158 pontos
positivos, totalizando um valor positivo de 358 pontos (tabela 4.13).

Os programas propostos no estudo, por suas características, não são


direcionados a apenas um dos meios, mas em geral permeiam dois ou
mesmo os três (físico, biológico e socioeconômico). Ressalta-se que a
aplicação de programas específicos, a exemplo da recuperação de áreas
degradadas, e os monitoramentos, a exemplo do monitoramento de bacia
hidrográfica, se tornam necessários para se atestar a efetividade das
medidas indicadas.

Tabela 4.12 – Balanço da Avaliação Quantitativa


IMPACTOS
MEIO / FATOR MEDIDAS BALANÇO
POSITIVOS NEGATIVOS DIFERENÇA
FÍSICO
Ar +20 -34 -14 +19 +5
Água +8 -42 -34 +25 -9
Solo / Subsolo +12 -59 -47 +43 -4
SUBTOTAL +40 -135 -95 +87 -8
BIÓTICO
Vegetação
Fauna - -100 -100 +73 -27
SUBTOTAL - -90 -90 +63 -27
SOCIOECONÔMICO
Uso e Ocupação do
+20 -24 -4 +26 +22
solo
Aspectos Sociais +4 -27 -23 +42 +19
Infraestrutura +13 -12 +1 +17 +18
Economia Regional +81 - +81 +28 +109
Patrimônio
Arqueológico/ - -27 -27 +19 -8
Cultural

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4.17


4 – Impactos Ambientais e as Medidas Mitigadoras Recomendadas

IMPACTOS
MEIO / FATOR MEDIDAS BALANÇO
POSITIVOS NEGATIVOS DIFERENÇA
SUBTOTAL +118 -90 +28 +132 +160
TOTAL +158 -415 -257 +355 +98
Fonte: STCP (2009).

A Tabela 4.13 a seguir, apresenta a síntese final do balanço ambiental do


empreendimento, o qual resultou num total de 98 pontos positivos.

Tabela 4.13 - Síntese do Balanço da Avaliação Quantitativa


MEIO IMPACTOS MEDIDAS BALANÇO
FÍSICO -77 +75 -2
BIOLÓGICO -205 +125 -80
SOCIOECONÔMICO +22 +158 +180
TOTAL -260 +358 +98
Fonte: STCP (2009).

Através da análise síntese final, conclui-se que o empreendimento ora


proposto, apesar de apresentar-se negativo para os componentes
ambientais dos meios físico e biótico, apresenta medidas e programas que
configuram qualidade ambiental futura de acordo com o preceituado na
legislação ambiental vigente e nos aspectos técnicos que conduziram esses
estudos.

Saliente-se, ainda, a estruturação e definição do valor de compensação,


também conforme previsto no marco regulatório, que contribuirá para
configurar a adequabilidade ambiental necessária ao procedimento de
licenciamento das atividades previstas no projeto pretendido pelo
empreendedor.

4.18 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda.


5 – PROGRAMAS AMBIENTAIS
5 – PROGRAMAS AMBIENTAIS
No Estudo de Impacto Ambiental, conforme previsto na legislação, são
propostas medidas e programas, que possuem caráter preventivo,
minimizador, compensatório e potencializador, relacionados com os efeitos a
serem causados com a implementação do projeto.

Na proposição dos programas utilizou-se a análise ambiental realizada,


tendo em vista a natureza das atividades e impactos decorrentes. Também
foi considerado o resultados das oficinas participativas realizadas, tendo
como referência as propostas manifestadas por vários participantes no
sentido de solucionas problemas que ocorrem na região ou que poderão ser
causados com o empreendimento, ou no sentido de aproveitar
potencialidade apontadas e que podem contribuir para o desenvolvimento da
região.

Os Programas Ambientais tem, por definição, a organização em duas


categorias de gestão ambiental (tabelas 5.01 e 5.02), apresentadas a
seguir:

Programas Ambientais vinculados diretamente com a execução do Projeto:

− Programa de Monitoramento Climático (PMC)

− Programa de Monitoramento das Águas Superficiais (Hydrus)

− Programa de Monitoramento de Microbacia Hidrográfica Florestada

− Programa de Gerenciamento de Efluentes e de Resíduos Sólidos

− Programa de Controle na Utilização de Produtos Químicos

− Programa de Controle e Monitoramento de Processos Erosivos

− Programa de Recuperação Vegetal

− Plano Integrado de Manejo Ambiental - PLIMA

− Programa de Prevenção e Combate a Incêndios

− Programa de Salvamento Arqueológico


5 – Programas Ambientais

− Programa de Capacitação de Mão-de-Obra Local para Ser Absorvida


pelo Empreendimento

− Programa de Segurança no Trabalho

− Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA

− Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO

− Programa de Segurança nas Estradas

− Programa de Fomento Florestal

− Programa de Compensação para Unidade de Conservação (Aplicação


da Lei 9.985, art. 36 e Decreto 4.340, art. 31)

Os Programas Ambientais Indiretos são aqueles de interesse do projeto, mas


que não estão diretamente relacionados às operações de instalação e
operação do empreendimento e que podem atingir direta ou indiretamente
os meios biológico e socioeconômico, no qual o projeto está inserido.

− Programa Educação Ambiental e Cultural “Sementeira”

− Programa de Comunicação Social

− Programa de Pesquisa em Flora

− Programa de Supressão Direcionada da Vegetação e Monitoramento da


Fauna

− Programa de Aproveitamento Econômico dos Recursos Nativos


(Extrativismo Vegetal) e Apoio à Agricultura Familiar

− Programa de Uso Sustentado dos Recursos Produtivos

− Programa de Incentivo aos Usos Múltiplos do Eucalipto.

− Programa Educar e Formar

5.2 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


5 – Programas Ambientais

Tabela 5.01 – Programas Ambientais Vinculados Diretamente com o Empreendimento

PROGRAMA OBJETIVO ATIVIDADES RESPONSABILIDADE

• Monitoramento contínuo das variáveis meteorológicas (vento (direção


e velocidade); umidade relativa do ar; precipitação; radiação solar;
temperaturas: extremas (máxima/mínima), do ar e suas variabilidades
como a temperatura úmida, além dos sensores de radiação ultravioleta
Visualizar as alterações das e dióxido de carbono, para se monitorar a qualidade do ar); SUZANO PAPEL E
Programa de
características indicativas da • Desenvolvimento de modelos matemáticos capazes de refletir a CELULOSE S.A e
Monitoramento
sustentabilidade, ao longo das realidade nos elementos climáticos como evapotranspiração e Instituições de Pesquisa
Climático (PMM);
sucessivas rotações evaporação; em Clima.

• Monitoramento e acompanhamento contínuo de veranicos;


• Acompanhamento dos índices pluviométricos quando de ocorrências de
chuvas fracas a fortes em curtos intervalos de tempo.

Realizar um levantamento
periódico dos indicadores de
Programa de condição (estado atual do • Monitoramento de cursos e corpos de água da ADA do
Monitoramento de sistema), de tendência empreendimento, forma permanente, com os parâmetros indicados SUZANO PAPEL E
Bacias Hidrográficas (mudanças que ocorrem no pela Resolução CONAMA 357/05 CELULOSE S.A.
(Hydrus) sistema) e criticidade • Estimativas de vazões e consumo de água na bacia hidrográfica
(mudanças bruscas, fora das
tendências).

Avaliar a criticidade hidrológica


Programa de em microbacias hidrográficas
• Delimitar a Zona Ripária
Monitoramento de florestadas, buscando ainda
SUZANO PAPEL E
Microbacia obter indicadores hidrológicos • Avaliar as Estradas Florestais
CELULOSE S.A.
Hidrográfica para a realização do manejo
• Avaliar a Perda de Solo por Erosão Laminar
Florestada sustentável de florestas
plantadas.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 5.3


5 – Programas Ambientais

PROGRAMA OBJETIVO ATIVIDADES RESPONSABILIDADE

Identificar as fontes geradoras


Programa de
com finalidade de minimizar,
Gerenciamento de • Realizar o gerenciamento de resíduos e efluentes, seguindo os SUZANO PAPEL E
coletar estocar efluentes e
Efluentes e de procedimentos adequados CELULOSE S.A
resíduos durante as atividades
Resíduos Sólidos
do empreendimento

Envolve seguintes ações:


• Escolha dos produtos a serem utilizados (produtos químicos ou
biológicos);
Diminuir os riscos de
• Devem ser observadas as condições climáticas locais;
Programa de contaminação ao ambiente,
Controle de planejando previamente e • Realizar a armazenagem, transporte, uso (correto e seguro) de SUZANO PAPEL E
Utilização de adequadamente o produtos químicos; CELULOSE S.A
Produtos Químicos acondicionamento e uso de
• Planejar de forma antecipada o uso defensivos e fertilizantes químicos;
produtos químicos
• Revisar diariamente os equipamentos para aplicação de produtos
derivados do petróleo, produtos químicos;
• Realizar treinamento com os envolvidos na aplicação dos produtos.

Acompanhar a evolução do Vias de Acesso:


Programa de SUZANO PAPEL E
terreno frente a seu preparo e • Abaulamento transversal e valetas laterais;
Controle e CELULOSE S.A
ao plantio da floresta, evitando
Monitoramento de • Construção de sangras, dissipadores de energia e bueiros;
assim o aporte de sedimentos
Processos Erosivos
para os cursos d’água. • Proteção vegetal e de cortes (barrancos).

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5 – Programas Ambientais

PROGRAMA OBJETIVO ATIVIDADES RESPONSABILIDADE

Áreas de Plantios:
• Plantio cultivo em nível, de acordo com as classes de declividade,
Acompanhar a evolução do Manutenção do teor de matéria orgânica e de fertilidade do solo a
terreno frente a seu preparo e níveis satisfatórios;
ao plantio da floresta, evitando
• Manter o teor de fertilidade do solo;
assim o aporte de sedimentos
para os cursos d’água. • Controlar o trânsito das máquinas dentro do talhão,
• Respeitar o limite de carga por eixo e o dimensionamento correto dos
pneus.
Procedimentos em Áreas de Empréstimo e Bota-fora:
• Estruturar a retirada do material sem a formação de linhas de declive;
Acompanhar a evolução do
terreno frente a seu preparo e • A abertura de caixas de empréstimos deverá se restringir ao
ao plantio da floresta, evitando estritamente necessário, evitando-se expor o solo além do requerido;
assim o aporte de sedimentos
• Promover a drenagem do local, de modo a controlar o escoamento de
para os cursos d’água.
água sem provocar erosão;
• Recomposição das áreas de empréstimo e bota fora
• Levantar, dimensionar e isolar as áreas a serem recuperadas;
• Identificação e retirada dos fatores de degradação; Levantar a tipologia
vegetacional das áreas a serem recuperadas;
Recuperar os locais onde foram
Programa de alterados pelo empreendimento • Seleção as espécies a serem usadas;
SUZANO PAPEL E
Revegetação de devolvendo as condições
• Produzir ou comprar mudas de plantas nativas da região; CELULOSE S.A
Superfícies Expostas necessárias de regeneração de
seus ecossistemas naturais. • Nivelar em curvas de nível para repor o solo;
• Plantar espécies nativas.
• Monitorar as áreas recuperadas.

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5 – Programas Ambientais

PROGRAMA OBJETIVO ATIVIDADES RESPONSABILIDADE

Estruturar condições para • Realizar diagnóstico ambiental


Programa de readequação do uso do solo
• Definição dos aspectos operacionais
Zoneamento possibilitando a manutenção
SUZANO PAPEL E
Ambiental (Plano dos aspectos paisagísticos, da • Definição dos aspectos ambientais
CELULOSE S.A
Integrado de Manejo biodiversidade, dos recursos
• Definição dos aspectos de melhoria da qualidade ambiental
Ambiental – PLIMA) hídricos e das comunidades
inseridas nas propriedades • Definição dos aspectos sociais

• Elaborar um plano de prevenção e combate a incêndios; SUZANO PAPEL E


• Implantar torres de observação, gerenciado por pessoal técnico CELULOSE S.A com apoio
qualificado e aparelhado com equipamento específico para observação de Prefeituras.
Prevenção e combate a
Programa de e comunicação à distância (como sistema de rádio);
incêndios formando uma
Prevenção e
estrutura para diminuição de • Obter informações sobre as ocorrências de fogo;
Combate a Incêndios
tal risco.
• Realizar treinamentos operacionais, assessoramento técnico
especializado e aquisição de equipamentos adequados; e,
• Criar uma brigada de incêndios no empreendimento.

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5 – Programas Ambientais

PROGRAMA OBJETIVO ATIVIDADES RESPONSABILIDADE

• Levantamento de grupos sociais que ocupam (ou ocuparam) a região; SUZANO PAPEL E
• Criar convênio com instituição de pesquisa arqueológica para em CELULOSE S.A em
conjunto solicitar a permissão de pesquisa arqueológica ao IPHAN parceria com instituições
(conforme exige a Lei 3924/61); de pesquisa.

• Elaboração de projeto de pesquisa científica a ser apresentado ao


IPHAN, para obtenção da permissão de pesquisa acima mencionada,
nos termos da Portaria IPHAN 07/88;
• Levantamento de campo sistemático;
Realizar a prospecção,
• Coletar o material arqueológico nos sítios;
Programa de cadastramento e resgate do
Salvamento patrimônio arqueológico • Coleta de algumas amostras para determinar a cronologia de ocupação
Arqueológico existente na área diretamente da área de estudo;
afetada do empreendimento.
• Complementar o trabalho de prospecção através de coleta de
informações orais;
• Registro arqueológico da paisagem de entorno de cada sítio
arqueológico identificado;
• Documentação de todas as atividades de campo;
• Curadoria e análise, em laboratório, do material arqueológico coletado
em campo;
• Definição das atividades um programa de resgate arqueológico.

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5 – Programas Ambientais

PROGRAMA OBJETIVO ATIVIDADES RESPONSABILIDADE

• Levantar a demanda de capacitação em função das prioridades da


empresa;
• Levantar a mão-de-obra disponível na área de influência do Projeto
florestal;
• Formar parcerias com organizações governamentais e não
Programa de governamentais, para a realização do treinamento dos trabalhadores
Capacitação de em setores específicos; SUZANO PAPEL E
Inserir a comunidade local nas
Mão-de-Obra Local CELULOSE S.A com
fases de instalação e operação • Elaborar a ementa de cursos e treinamentos referentes aos cargos e
para Ser Absorvida funções criados ou com demanda; parceiros potenciais a
do empreendimento
pelo serem identificados
Empreendimento • Criar um forma de transmissão de informações para as organizações
parceiras;
• Apoiar a realização das atividades de capacitação criadas;
• Criar um cadastro de reserva de trabalhadores treinados e aptos a
desempenharem funções na implantação do Projeto florestal;
• Gerar dados para divulgação via Programa de Comunicação Social.
• Antecipar e reconhecer os riscos SUZANO PAPEL E
• Avaliar os riscos CELULOSE S.A.
Programa de Interligar-se com as demais
Prevenção de Riscos ações de proteção relativas à • Implantar medidas de controle e avaliação dos riscos
Ambientais – PPRA saúde do trabalhador
• Monitoramento da exposição dos riscos
• Registrar e divulgar os dados

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5 – Programas Ambientais

PROGRAMA OBJETIVO ATIVIDADES RESPONSABILIDADE

Realizar os seguintes exames:

• Exame Médico Admissional;

Programa de • Exame Médico Periódico;


O PCMSO visa à prevenção, ao
Controle Médico de SUZANO PAPEL E
rastreamento e ao diagnóstico • Exame Médico de Retorno ao Trabalho;
Saúde Ocupacional CELULOSE S.A.
precoce dos agravos à saúde; • Exame Médico para Mudança de Função;
– PCMSO
• Exame Médico Demissional.
• Implementar sistemas de sinalização, com placas de advertência e
limites de velocidade;

Promover a segurança dos SUZANO PAPEL E


Programa de
usuários das estradas de • Implementar sistemas de sinalização, com placas de advertência e CELULOSE S.A.,
Segurança nas
acesso às áreas de plantio de limites de velocidade; Prefeituras Municipais,
Estradas
eucalipto e entorno. DER.

Estabelecer alternativas de
abastecimento de matéria • Identificar o público alvo;
prima proporcionando geração
de emprego, aumento de • Cadastro dos interessados;
Programa de renda, qualidade de vida e SUZANO PAPEL E
• Apresentação do projeto;
Fomento Florestal inserção social, dando apoio e CELULOSE S.A.
assistência técnica aos • Assitência Técnica e treinamento;
produtores, promovendo a
diminuição da pressão sobre as • Assessoria e Monitoramento dos resultados
florestas nativas.
• Alternativa 1 – Elaboração ou Revisão do Plano de Manejo de uma
Programa de
Atender os dispositivos legais Unidade de Conservação;
Compensação para
(Resolução CONAMA 02/96, Lei SUZANO e SEMAR/PI.
Unidade de • Alternativa 2 - Criação de uma Nova Unidade de Conservação
9.985/00; Decreto 4340/02):
Conservação
• Alternativa 3 - Execução Direta pela SEMAR /PI

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5 – Programas Ambientais

Tabela 5.02 – Programas Ambientais Indiretos

PROGRAMA OBJETIVO ATIVIDADES RESPONSABILIDADE

• Estabelecer parcerias com as prefeituras, especialmente através das


Estimular a educação ambienta secretarias municipais de educação e instituições;
e as práticas ecológicas nas • Apoio à capacitação dos professores da rede pública para a educação
áreas de influência do ambiental, através de palestras ministradas por especialistas em SUZANO Papel e Celulose
Programa Educação
empreendimento, educação ambiental; S.A., Prefeituras,
Ambiental e Cultural
desenvolvendo ba comunidade Governo do Estado,
“Sementeira” • Desenvolver discussões sobre o papel da flora nativa no meio
o sentimento necessidade de ONGs
preservação, conservação e ambiente;
consciência ecológica. • Realizar palestras sobre o uso sustentável dos recursos naturais: solo,
água, vegetação, fauna e outros.
• Elaborar um plano detalhado de comunicação e relação com a
comunidade;
• Veicular informativos periódicos em meios de comunicação;
• Elaborar um calendário ilustrativo e informativo sobre todas as etapas
Etabelecer um canal de de implantação e operação do empreendimento;
comunicação com as • Elaborar um canal de comunicação como a comunidade, visando
comunidades próximas as aprimorar e direcionar o planejamento ambiental e social do
Programa de unidades de plantio, visando o empreendimento; SUZANO Papel e Celulose
Comunicação Social repasse das informações S.A.,
relevantes sobre os aspectos da • Promover visitas do interessados e comunidades do entorno às
implantação e operação do unidades de plantio;
empreendimento • Divulgar nos meios escolhidos os trabalhos e estudos que serão
desenvolvidos e de preferência publicados pela atividade florestal;
• Promover diálogos de capacitação para agentes locais;
• Fomentar a participação da comunidade local em eventos locais e
regionais que identifiquem o comprometimento do empreendimento.

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5 – Programas Ambientais

PROGRAMA OBJETIVO ATIVIDADES RESPONSABILIDADE

Aprofundar e detalhar os
estudos de vegetação na Área Promover a caracterização dendrológica e ecológica da vegetação a
Programa de partir das seguintes atividades:
Diretamente Afetada,
Pesquisa em Flora
sistematizados em:
• Definição das áreas de estudo;
− Subprograma
Levantamentos de flora e de • Coleta de amostras das espécies vegetais; SUZANO PAPEL E
Levantamento da
usos potenciais das espécies CELULOSE S.A com apoio
Flora • Coleta de frutos (carpoteca) e de madeira (xiloteca);
nativas. de Instituições de Ensino
• Análise florística e fenológica; e estudo fitossociológico. e Pesquisa.
− Subprograma
Gerar informações sobre a flora
Usos Potenciais • Análises químicas e das propriedades terapêuticas das espécies com
da região, principalmente das
das Espécies potencial para uso medicinal, do valor nutritivo das espécies com
áreas de reserva e de
Nativas potencial para uso na alimentação e das propriedades físico-
conservação no contexto do
mecânicas das espécies arbóreas.
empreendimento.

Programa de
Levantamento periódico da fauna, para avaliar os seguintes aspectos na
Supressão
1. Acompanhar e avaliar o área de estudo:
Direcionada da
comportamento da comunidade • Deslocamento dos animais;
Vegetação e
faunística em resposta a
Monitoramento de • Necessidades alimentares das espécies em questão;
prováveis impactos decorrentes
Fauna
das atividades de implantação e • Identificação dos hábitos, como pontos de nidificação e de
operação do empreendimento alimentação;
− Subprograma de
proposto;
Supressão • Vulnerabilidade das espécies frente às alterações ambientais; SUZANO PAPEL E
Direcionada CELULOSE S.A, IBAMA.,
2. Fornecer diretrizes para o • A qualidade ambiental (indicadores); e, Instituições de Pesquisa.
manejo e recuperação
− Subprograma de • Delimitar as áreas de produção orientadas pelo Plano Integrado de
ambiental da área afetada;
Resgate de Manejo Ambiental – PLIMA;
Fauna Silvestre
3. Minimizar os impactos • Cumprimento integralmente a Legislação Ambiental de proteção a
negativos causados à fauna nas fauna, em especial a Instrução Normativa Nº 146 do IBAMA, datada
− Subprograma de
áreas de implantação do de 10 de Janeiro de 2007;
Monitoramento
empreendimento
de Fauna • O tipo de deslocamento realizado.
Silvestre

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5 – Programas Ambientais

PROGRAMA OBJETIVO ATIVIDADES RESPONSABILIDADE

• Promover assistência técnica aos produtores rurais;


• Propor a adoção de técnicas agroecológicas, que enfoca menos a
aquisição de produtos químicos e ajustes tecnológicos e mais o
Promover o resgate do aproveitamento dos processos;
referencial cultural da Instituições de extensão
• Incentivar os produtores a se organizarem de forma auto-sustentável;
Programa de população através do incentivo rural, representada pelas
Aproveitamento à prática do extrativismo • Promover a educação ambiental dos produtores; Secretarias de Agricultura
Econômico dos vegetal de recursos nativos da dos Municípios (AID),
• Incentivar projetos que venham agregar renda à propriedade dos
Recursos Nativos região e proporcionar ao Sindicatos de
agricultores;
(Extrativismo pequeno produtor rural Trabalhadores Rurais e as
Vegetal) e Apoio à alternativas e apoio técnico • Auxíliar aos trabalhadores quanto ao acesso a fontes de financiamento próprias comunidades
Agricultura Familiar para incremento da produção e do Governo Federal, especialmente o Programa de Fortalecimento da envolvidas, em parceria
da renda proveniente da Agricultura Familiar – PRONAF; com a SUZANO.
atividade agrícola.
• Apoiar a comunidade na exploração dos recursos extrativos e na
agregação de valor aos produtos extraídos. Estimular os produtores
com programas e projetos tais como de criação de peixes, abelhas,
fruticultura.
Estabelecer ações voltadas ao • Apoiar a pesquisa para o conhecimento do potencial produtivo em
desenvolvimento regional, áreas de reservas naturais;
considerando a população local,
os meios de produção e os • Apoiar a formação de unidades de produção comercial e agro-
recursos naturais existentes, industrial de polpas de frutas, sucos, geléias, doces para os mercados
Programa de Uso procurando integrar políticas e regionais e outros Estados;
Sustentado dos estratégias de ação do Estado com eventual
• Apoio para formação de pequenos negócios com produtos extrativos
Recursos Produtivos programa, com as diretrizes apoio da SUZANO e
da região, através de estímulo a formação de cooperativas ou
governamentais, que dispõem Instituições de Ensino e
associação de produtores;
− Subprograma de sobre o crescimento da Pesquisa
Incentivo a economia da região, • Apoiar as ações para o aumento da escala, produtividade e qualidade
Pesquisa e Usos investimentos setoriais e dos produtos que compõem a cadeia produtiva extrativa;
da Carnaúba preservação ambiental.
• Levantar e cadastrar pesquisadores da temática da carnaúba para a
Incentivar o apoio a pequenos
formação de um grupo de pesquisa.
produtores para o aumento da
escala, produtividade e
qualidade dos produtos e
subprodutos da carnaúba.

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5 – Programas Ambientais

PROGRAMA OBJETIVO ATIVIDADES RESPONSABILIDADE

• Seleção de pessoas da comunidade que tenham aptidão para


artesanato;
Potencializar as oportunidades • Capacitação das pessoas selecionadas;
Programa de proporcionadas pelas florestas
• Organizar os artesões em Cooperativas; Instituições de Extensão
Incentivo aos Usos de eucalipto, proporcionando
Rural em parceria com a
Múltiplos do rendas alternativas para as • Disponibilizar a matéria-prima para elaboração das peças de SUZANO.
Eucalipto comunidades em suas artesanato;
vizinhanças.
• Realizar o controle de qualidade das peças produzidas;
• Orientar os artesões na disposição dos produtos no mercado.
• Diagnóstico da situação do ensino e das escolas nesses municípios,
Estender projeto de educação bem como dos pontos que deveriam ser reforçados para garantir
da Suzano, já implantado em educação de qualidade;
outras regiões onde possui
• Alinhamento com as prefeituras e secretarias de educação municipal; Suzano, ONGs e
atividades, elevando a
Programa Educar e prefeituras
qualidade do ensino e a • Implantação de programas de formação de professores e gestores
Formar
competência da gestão escolares;
educacional nos municípios dos
• Implantação de bibliotecas comunitárias e salas de leitura, com
entornos das atividades da
capacitação de promotores da leitura provenientes da comunidade;
empresa.
• Avaliação da melhoria dos indicadores educacionais regionais.

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6 – PROGNÓSTICO DA QUALIDADE AMBIENTAL FUTURA
6 – PROGNÓSTICO DA QUALIDADE AMBIENTAL
FUTURA
O prognóstico da qualidade ambiental das áreas de influência do
empreendimento pretendido pela Suzano, considera dois cenários distintos:

i. Sem a implantação do empreendimento; e,

ii. Com a implantação do empreendimento.

6.1 – SEM O EMPREENDIMENTO

6.1.1 – Meio Físico

6.1.1.1 – Ar

A qualidade do ar e as emissões de ruído deverão ser mantidas nos níveis


atuais, uma vez que não será intensificado o tráfego de caminhões e
equipamentos. O microclima também não deverá ser alterado.

Importante salientar que a qualidade do ar atual na área estudada oscila


entre ruim e péssima nos períodos em que ocorre o preparo do solo para a
agricultura, principalmente ocasionado pelos altos índices de queimadas que
ocorrem entre os meses de agosto, setembro, outubro e novembro.

A não implantação do empreendimento também acarretará na perda da


oportunidade de impactos positivos ocorrerem, como por exemplo, o
aumento nos níveis de “seqüestro de carbono”.

6.1.1.2 – Recursos Hídricos

No cenário sem a implantação do empreendimento existe uma tendência de


que se mantenham os níveis atuais de qualidade das águas, que pode ser
considerada boa, exceto nas imediações dos centros urbanos. Isso ocorrerá
em razão de que não existirão os riscos apresentados pelo manuseio e
6 – Prognóstico da Qualidade Ambiental Futura

utilização de produtos químicos e carreamento de material particulado para


os corpos d’água.

Aspecto importante a ser considerado com a não implantação do


empreendimento, é perda da oportunidade de aumento do suprimento de
água no solo, pois com a não implantação do plantio florestal,
conseqüentemente não haverá a formação de serrapilheira (que intercepta
as gotas de chuva, diminuindo a energia cinética, promovendo então uma
infiltração mais lenta e uniforme da água no solo).

6.1.1.3 - Solo

Para o meio físico, o cenário sem o empreendimento significa a não geração


de fontes potenciais de impactos sobre o ambiente decorrentes das
operações florestais sobre o solo, principalmente no que se refere a
utilização produtos químicos e maquinários que utilizem combustíveis, óleos
e graxas.

Os processos erosivos instalados deverão continuar, porém, se restringindo


às condições naturais, uma vez que não serão realizadas operações de
alteração do solo para abertura de estradas e infra-estrutura e preparo nas
áreas de plantio, e a potencial continuidade das taxas de desmatamentos
causados principalmente pela prática de agricultura de subsistência.

A não implantação do empreendimento também implica na não execução


das atividades de prevenção e combate a incêndios, permanecendo os riscos
atuais da ocorrência de impactos negativos, decorrente do uso não
controlado do fogo.

6.1.2 – Meio Biótico

6.1.2.1 – Flora

Em função da não implementação do empreendimento florestal da SUZANO,


a flora específica desta área continuará a sofrer pressão nas mesmas taxas
atuais, uma vez que a preservação dos elementos bióticos em nível regional
não tem sido prática no Estado.

Tal cenário ainda gera um quadro onde não haverá dinamização da


economia local e regional, de modo que a perda de biodiversidade e os
impactos negativos sobre a vegetação, em função do uso dos recursos sem
planejamento prévio, poderão continuar ocorrendo como já citado
anteriormente, da mesma forma se manterão os níveis de uso dos recursos

6.2 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


6 – Prognóstico da Qualidade Ambiental Futura

naturais para a coleta de produtos extrativos, em função da falta de


oportunidade de trabalho em atividades diversificadas.

Aspecto importante a considerar é que a oferta de empregos diretos e


indiretos coopera com a proteção, na medida em que são difundidas normas
de proteção e técnicas de conservação a partir de modelo adequado de uso
do solo. A não implantação significa que não serão introduzidas técnicas
adequadas de conservação e manejo do solo e também não serão
desenvolvidos os Programas de Educação Ambiental e de Fomento Florestal.

6.1.2.2 – Fauna

A não implantação do empreendimento cria um quadro em que não


ocorrerão os impactos diretos sobre as espécies da fauna, causados com a
supressão da vegetação, operações de máquinas, tráfego de veículos e
caminhões.

Dessa forma, a não implantação do empreendimento implica na manutenção


dos níveis atuais de conservação dos recursos naturais (água, ar, solo e
vegetação), de forma que também deverá manter seu estado atual de
conservação da fauna, incluindo a riqueza em biodiversidade.

De toda forma, não serão executadas as atividades propostas de pesquisa e


de monitoramento da fauna e da vegetação, o que pode contribuir à não
disponibilização, de conhecimento, como previsto no programa de pesquisa
a ser implementado com a instalação do empreendimento pretendido pela
SUZANO.

6.1.3 – Meio Socioeconômico

A SUZANO é a primeira empresa a manifestar interesse em instalar uma


fábrica de celulose no Piauí, formalizado através de um protocolo de
intenções assinado com o Governo do Estado para a instalação da indústria,
com previsão para o ano de 2014. A implantação de uma indústria de
celulose pressupõe previamente a formação de uma base florestal para
fornecimento de madeira para atender a demanda.
Nesse contexto, o cenário sem a implantação do empreendimento é a não
implementação do projeto florestal para produção de celulose e,
conseqüentemente, não instalação da fábrica de celulose no Estado. Tal
alternativa levaria a continuidade da atual situação e a persistência da
dependência econômica dos municípios em relação a repasses de recursos
governamentais.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 6.3


6 – Prognóstico da Qualidade Ambiental Futura

• População e Aspectos Sociais

O Piauí caracteriza-se pelo atraso econômico e pela pobreza da maioria da


população, inclusive em conformidade com o Atlas de Desenvolvimento
Humano do Brasil (2000), o Índice de Desenvolvimento Humano, neste ano
foi de 0,656, revelando ainda uma razoável distância em relação às
condições médias do Nordeste.

Do ponto de vista social e econômico, significaria a manutenção do status


quo, onde os referenciais de qualidade de vida, traduzidos pelo IDH (Índice
de Desenvolvimento Humano), são os menores do país, como também a não
geração de emprego e renda, o que conduzirá a uma maior pressão sobre os
recursos naturais existentes nas áreas de influência do empreendimento.

Em uma realidade, onde se observam altos índices de urbanização e


movimentos migratórios massivos em direção a capital do Estado Teresina e
municípios vizinhos, decorrentes da falta de oportunidades de trabalho
aliada à exaustão do sistema produtivo tradicional praticado na região
(roça), a não implantação do empreendimento significa a não geração de
oportunidades de trabalho e de renda para a população da região,
especialmente do meio rural e a continuidade da atual situação de êxodo
rural em busca de oportunidades nos meios urbanos.

Para os aspectos sociais foi efetuada uma análise dos indicadores de


educação, saúde e saneamento básico, a partir do diagnóstico
socioambiental da área de estudo.

No que se refere à educação, nos municípios da área de abrangência do


empreendimento, o percentual da população de 10 anos ou mais
alfabetizada é superior ao conjunto do Estado, representando 81,88%.
Entretanto, observa-se carência da população quanto a políticas
educacionais eficientes, tanto que quando se analisa a população de jovens
e adultos, 29,17% dos indivíduos com 15 anos ou mais são analfabetos
(2000), e, de 25 anos ou mais o percentual de analfabetismo aumenta para
36,69%.

O diagnóstico realizado apresentou índices do IDH (composto por


indicadores das condições de educação, longevidade - expectativa e vida e
renda) precários em termos absolutos, quando comparado com os
resultados para o Estado e o País. A grande maioria dos municípios da área
de estudo apresenta IDH inferior, apenas Campo Maior e Teresina possuem
índices superiores ao do Estado (0,656).

No que diz respeito à renda, observa-se que o IDH-MRenda oscila entre 0,44
a 0,49, índices bem abaixo do Estado, que apresenta 0,73. A falta de
políticas locais e eficazes de emprego e renda no sentido de potencializar as
alternativas econômicas diferenciadas para os municípios da área do estudo,

6.4 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


6 – Prognóstico da Qualidade Ambiental Futura

estruturando uma economia local e regional, é a provável causa do baixo


desempenho nesta dimensão.

Nesse panorama, fica evidente a necessidade de promover o


desenvolvimento através de atividades produtivas de caráter permanente
que permitam a geração de emprego e renda. Também faz-se necessário
melhorar as condições básicas dos equipamentos sociais que possibilitem
melhor qualidade de vida para a população.

• Economia Regional

O diagnóstico socioeconômico aponta que nas comunidades rurais a


economia familiar é baseada na agricultura familiar de subsistência e na
utilização de produtos extrativos como o babaçu, carnaúba, pequi, bacuri,
entre outros produtos extrativos que se constituem em uma fonte de renda
em períodos sazonais. Aliadas a estas fontes de renda algumas famílias são
beneficiadas pelo Programa Bolsa Família e recursos de previdência social.

Outro fator a ser considerado, no atual modelo de produção, refere-se às


baixas produtividades, dificuldades de comercialização, dificuldade de
mercados para produtos agrícolas, a distância em relação às fontes de
insumos, os quais implicam em dificuldades da manutenção da qualidade de
vida no meio rural. Em termos de desenvolvimento agrícola, não existe
atualmente um movimento ou ação efetiva para bloquear as condições
adversas devidas ao movimento geral do empobrecimento no campo: baixos
preços relativos do produto agrícola, exaustão dos recursos (terra, cobertura
vegetal, produtos extrativos), problemas na criação animal e defasagem
tecnológica, mesmo em produtos tradicionais como a mandioca.

Os dados de produção apresentados no diagnóstico demonstram que as


economias municipais apresentam baixo dinamismo, na medida em que
constata a ausência de atividades importantes na geração de emprego, além
do pequeno número de unidades ocupacionais, de pessoal ocupado e
assalariado.

O PIB dos municípios da área do estudo possui magnitude muito


diferenciada, com Santo Antônio dos Milagres tendo um PIB de 3.784 mil
reais e Teresina de 6.000.490 mil reais, permitindo inferir que a instalação
de um novo empreendimento nessa área terá repercussões econômicas de
crescimento das atividades nos municípios de menor PIB.

No curto prazo o Estado certamente não terá recursos para melhorar a


qualidade de vida dessa população se não houver a implementação das
políticas de desenvolvimento, que tenham como foco investir em infra-
estrutura, buscar investimentos para o setor produtivo, reduzir
desigualdades regionais e melhorar a gestão e qualidade ambiental, entre os
quais podem ser incluídos: a implementação do PDFlor Programa de
Desenvolvimento Florestal do Vale do Parnaíba no Piauí inserido no contexto
2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 6.5
6 – Prognóstico da Qualidade Ambiental Futura

do Plano de Ação para o Desenvolvimento Integrado do Vale do Parnaíba


(PLANAP), que objetiva implementar um modelo de desenvolvimento
setorial, a partir de um programa florestal de grande escala. O setor florestal
brasileiro é bastante dinâmico e tem crescido a taxas superiores a taxa da
economia nacional. Além disso, o setor, que é competitivo em nível global,
tem planos de expansão para os próximos anos, com investimentos
previstos em mais de US$14 bilhões. A disponibilidade das terras com
potencial para o desenvolvimento florestal, a localização e outros fatores
indicam que o Piauí como um Estado que pode atrair investimentos e
alavancar o desenvolvimento através do setor florestal.

Os objetivos do Programa Florestal do Piauí vão ao encontro dos objetivos


traçados pelo PNF Programa Nacional de Florestas, principalmente “apoio do
desenvolvimento das indústrias de base florestal” e ao FNE Industrial que
possibilita o crédito tanto para a implementação de florestas como de
indústrias de base florestal.

A não implantação do empreendimento florestal da Suzano significa a não


implantação da base florestal para suprir a demanda de madeira necessária
para a indústria de celulose, ou seja, não serão gerados os serviços,
empregos e renda das atividades florestais e não será possível a
implementação de uma indústria de celulose no Estado.

Sem a implementação do projeto florestal e da fábrica de celulose não


haverá o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, oriundo das
oportunidades de negócios, em parcerias produtivas que resultem na
geração de mais e melhores empregos; ou outros projetos que de forma
direta ou indireta.

• Uso e ocupação do solo

Para Monteiro (2002), historicamente o Piauí se caracterizou pela ocupação


através de grandes propriedades, com ênfase na pecuária, extrativismo e
agricultura de subsistência, o que demonstrou a baixa densidade
demográfica e reduzido dinamismo econômico.

No diagnóstico realizado, foi observado que em 24 municípios da área de


abrangência do empreendimento florestal, as terras dos estabelecimentos
agropecuários eram preponderantemente utilizadas com lavouras
temporárias. As exceções foram os municípios de São Félix do Piauí, São
Miguel da Baixa Grande e Prata do Piauí, nos quais predominam os usos das
terras com matas e florestas, lavouras permanentes e pastagens,
respectivamente.

O cenário do uso e ocupação do solo, sem a implantação do


empreendimento, tende a se manter nos níveis atuais, onde o uso do solo se
dá com atividades produtivas de subsistência, ou de baixo valor agregado.

6.6 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


6 – Prognóstico da Qualidade Ambiental Futura

• Infra-estrutura - transporte

A região apresenta duas rodovias federais que possibilitam o acesso aos


municípios da área de influência do Projeto florestal, a saber, a BR 343 e a
BR 316, que apresentam bom estado de conservação, boa sinalização
horizontal e vertical. Já as estradas estaduais e municipais, a maioria não
pavimentada, apresentam condições precárias de conservação, condição que
limita o abastecimento e a comercialização de produtos em centros maiores
e o acesso aos serviços públicos básicos, tais como saúde, educação de
qualidade e transporte.

O estado de deficiência da infra-estrutura de transporte deverá continuar na


hipótese de não implantação do empreendimento, tendo em vista a não
implantação de infra-estrutura para atendimento das operações florestais,
facilitando o acesso e o escoamento interno da produção local, como agente
facilitador da comercialização para os produtores da região.

6.2 – COM O EMPREENDIMENTO

6.2.1 – Meio Físico

6.2.3.1 – Ar

A qualidade do ar atual poderá ser alterada, no cenário com a implantação


do empreendimento, em decorrência da operação de máquinas (ruídos) e
emissão de particulados (poeiras). Contudo, esses efeitos deverão ser
prevenidos, ou ao menos minimizados na medida em que forem obedecidas
as medidas propostas.

Com a implantação do empreendimento, o crescimento dos plantios terá um


efeito positivo no balanço de carbono na atmosfera, uma vez que promoverá
a sua fixação, através da captura de CO2. Este efeito influencia,
favoravelmente, o ciclo do carbono da atmosfera através da sua fixação, por
reação fotossintética.
A implantação de florestas irá ocasionar mudanças no microclima, em função
da interação entre os fatores inerentes ao crescimento das árvores e os
parâmetros que compõem o clima em uma região.
As florestas moderam a temperatura superficial e contribuem para o
aumento da umidade do ar por meio da evapotranspiração. Além disso, o
dossel contínuo de uma floresta possui o efeito de reduzir a velocidade do
vento e as misturas de massa de ar causadas pelo movimento das brisas.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 6.7


6 – Prognóstico da Qualidade Ambiental Futura

Em agosto de 2008 foram registradas no Piauí 4.508 queimadas, ficando


atrás somente do Pará (8.940), Mato Grosso (8.445) e Maranhão (7.800),
(INPE, 2008). Com a implantação dos plantios florestais, espera-se uma
contribuição para a redução dos focos de incêndios, visto que todos os
reflorestamentos e entorno serão monitorados continuamente.
Haverá alteração no microclima na época de colheita da madeira, tendo em
vista o corte raso da floresta a cada período de 7 anos, caracterizando assim
o ciclo de alterações. O planejamento das áreas produtivas, distribuídas em
mosaico, entremeadas com áreas de reservas naturais, irá contribuir com a
minimização desse efeito.

6.2.3.2 – Águas

No cenário com a implantação do empreendimento existe um risco potencial


de perda da qualidade da água, causada pela possibilidade de carreamento
de substâncias provenientes do uso de agrotóxicos e fertilizantes para os
corpos d’água, além do lançamento de efluentes líquidos e resíduos sólidos
nos mesmos. Deve ser considerado ainda o aumento dos níveis (qualitativos
e quantitativos) dos efluentes domésticos, em decorrência das atividades
antrópicas adicionadas pela dinamização da economia local.

No médio e longo prazo o nível de qualidade da água poderá se manter, ou


atingir níveis inferiores, caso não sejam adotadas ações relativas a políticas
públicas mais eficientes e controle das ações antrópicas e atividades
operacionais geradas com o empreendimento e suas derivações, tendo como
base a legislação e os requisitos ambientais propostos neste estudo.

Já em relação ao componente quantitativo, espera-se com a implementação


do empreendimento o aumento dos níveis de armazenamento de água no
solo, contribuindo positivamente no ciclo hidrológico, em razão da formação
da floresta, que promove uma infiltração mais lenta e uniforme da água no
solo, via interceptação da água nos galhos e folhas e infiltração pelas raízes.

6.2.3.3 - Solo

Na área do empreendimento, atividades que causam remoção e


revolvimento do solo, como por exemplo, a abertura e manutenção de
estradas, preparo do terreno e as atividades de colheita e transporte da
madeira, causarão aumento dos níveis de material particulado e dos
processos erosivos em função do arraste do solo por águas correntes
(chuva), além do conseqüentemente risco de aumentos da turbidez e
assoreamento de rios. O planejamento adequado da rede viária é um
importante fator de minimização desse efeito, além da adoção das medidas
previstas no Programa de Controle e Monitoramento de Processos Erosivos.
6.8 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda
6 – Prognóstico da Qualidade Ambiental Futura

A estrutura química dos solos também poderá ser alterada, caso não sejam
adotados os procedimentos recomendados no manuseio de produtos
químicos e suas embalagens (agrotóxicos e fertilizantes), atendendo as
recomendações e normas apresentadas no Programa de Controle na
Utilização de Produtos Químicos.

A paisagem será modificada em razão da substituição da vegetação nativa


por uma cultura de porte mais elevado e uniforme.

Quanto ao prognóstico de efeito positivo da implantação do


empreendimento, o fator que merece destaque é o melhoramento dos níveis
de proteção do solo contra a erosão, pois tais mecanismos de conservação
serão obtidos através do crescimento da floresta, em função da cobertura e
da sustentação mecânica que as raízes proporcionam aos solos e formação
de serrapilheira, que mantém os níveis de umidade do solo.

As medidas propostas são direcionadas, principalmente, à conservação dos


solos e cursos hídricos. Além das medidas é proposto como ação preventiva
o monitoramento da qualidade da água, com objetivo de antecipar
alterações que possam ocorrer e aplicar medidas de contenção.

6.2.2 – Meio Biótico

6.2.2.1 – Flora

No cenário com a implantação do empreendimento, a análise do meio biótico


pressupõe a supressão da vegetação na ADA, em razão disso deverá haver a
fragmentação das áreas e a perda de indivíduos de espécies endêmicas, de
importância econômica e de uso pela população na região.

Na análise dos efeitos do empreendimento, os impactos a serem sofridos


pela flora local devem ser apontados e equacionados, para que sejam
adotadas formas de prevenção, controle e minimização. Nesse sentido,
acredita-se que, com o desenvolvimento dos programas previstos para o
meio biótico, entre os quais o programa de pesquisa da flora e o
zoneamento ambiental, deverá haver uma minimização dos efeitos já nas
fases de planejamento e implantação. O zoneamento ambiental considera o
planejamento do uso dos solo, sendo criterioso na manutenção das áreas
relevantes que apresentam importância ecológica, considerando diferentes
níveis de classificação, com objetivo de formar mosaico entre áreas
produtivas e áreas de reserva com cobertura natural e formar corredores de
fauna, além de priorizar o plantio em áreas que tiveram ação antrópica no
passado e são alteradas. Nesse sentido e atendidas as premissas do
planejamento do uso do solo para as propriedades, serão reduzidos os
impactos para a flora e fauna.
2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 6.9
6 – Prognóstico da Qualidade Ambiental Futura

Em função das diversas atividades florestais a serem executadas, visando


permitir o bom desenvolvimento da floresta plantada, a vegetação natural
não se recomporá na ADA. Desta forma, a operação do empreendimento,
nesta área, gera impactos sobre o processo de regeneração natural.

A adoção das medidas propostas no EIA contribui para melhorar o equilíbrio


ambiental na área do empreendimento, merece destaque a medida
mitigadora que trata da implantação de um criterioso Zoneamento Ambiental
(previsto no Plano Integrado de Manejo Ambiental), e no caso de impactos
irreversíveis, compensar os impactos negativos sobre a vegetação e fauna
com a adoção de outra área a ser protegida, através da medida
compensatória estabelecida na Lei nº 9.985, Art.36 e pelo Decreto nº
4.340/02 em seu artigo 316.

6.2.2.2 – Fauna

Assim como na flora, a supressão da vegetação tende a afetar o estado atual


de conservação e proteção da fauna, em razão da destruição de seus
habitats.
Indiretamente, a fauna sofre os impactos decorrentes da alteração da
qualidade ambiental sobre o seu habitat, sendo que neste caso, todos os
impactos que reduzem a qualidade ambiental do ar, do solo/subsolo, da
água e da vegetação, geram impactos indiretos e negativos. Tais impactos
podem ser minimizados, mitigados ou prevenidos, através das medidas
indicadas para manter a qualidade ambiental nos fatores e componentes
ambientais onde eles ocorrem, sendo assim passíveis de reversão.
Para reduzir os efeitos danosos sobre a fauna é fundamental a adoção das
medidas e ações indicadas no programa de supressão direcionada e
monitoramento da fauna, pois os mesmos constituem-se em importantes
atividades para avaliar a interação do empreendimento com o ambiente
como um todo, bem como para indicar a qualidade ambiental nas fases de
implantação e operação.
Para o fator ambiental fauna, da mesma forma que para a vegetação, a
maioria dos impactos ocorrerão na fase de implantação. No entanto, há que
se observar que a fase de operação também gera impactos negativos sobre
a fauna, principalmente a morte por atropelamentos e afugentamento em
razão da movimentação de máquinas e equipamentos (colheita e transporte
da madeira).

6.10 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


6 – Prognóstico da Qualidade Ambiental Futura

6.2.3 – Meio Socioeconômico

• Demografia e Dinâmica Populacional

A implantação do empreendimento na região indica a oportunidade de


diversificação de atividades para o produtor rural, portanto uma forma de
integrar o pequeno produtor ao processo de desenvolvimento sustentado,
tendo em vista que esta prevista a implantação de um Programa de Fomento
Florestal na região. Com a disponibilização de novas tecnologias advindas do
desenvolvimento regional que proporcionará o empreendimento, o produtor
poderá ampliar sua produtividade agrícola através da incorporação de
tecnologias mais adequadas e conceitos de conservação do solo, além de
utilizar parte da propriedade para a implantação de essências florestais. A
implantação de um Programa de Fomento e diversificação das atividades
rurais corrobora com os objetivos de programas governamentais do Estado,
como o PDFlor Programa de Desenvolvimento Florestal, além de outros
voltados a promover o desenvolvimento.

• Aspectos Sociais

Com o empreendimento haverá um aumento do contingente de pessoas nos


municípios da AID, atraídos por oportunidades de emprego, e como
conseqüência a ampliação da demanda por serviços básicos de educação e
saúde (infra-estrutura), e também um aquecimento do comércio local em
função da movimentação da renda, devido à maior circulação de moeda.

Porém, na medida em que o mesmo buscar alternativas para atender aos


seus funcionários, com apoio à educação, aos serviços de saúde e outros,
esta pressão deverá ser diminuída. O monitoramento da saúde dos
colaboradores será efetuado através da implantação do PPRA - Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais e PCMSO - Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional.

Haverá uma melhoria nas condições de educação, haja vista que entre as
alternativas a serem oferecidas na área social, com a implantação do
empreendimento, está o Programa de Educação Ambiental, cujo objetivo é
estimular a educação ambiental e as práticas ecológicas nas áreas de
influencia do empreendimento, aos funcionários e nas comunidades; e mais
especificamente na educação formal, estender o projeto de educação da
empresa, denominado Projeto Educar e Formar, o qual já é implantado em
outras regiões onde possui atividades, elevando a qualidade do ensino e a
competência da gestão educacional nos municípios dos entornos das
atividades da empresa.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 6.11


6 – Prognóstico da Qualidade Ambiental Futura

• Infra-estrutura

Com a implantação do empreendimento haverá melhorias na disponibilidade


de infra-estrutura de transporte local, facilitando o desenvolvimento de
atividades que possam contribuir para a melhoria da estrutura produtiva e
das condições de vida da população local.

A atividade florestal demanda a implantação de boa infra-estrutura para


suas operações, essa infra-estrutura poderá atender a população na região
da área de influência, facilitando o acesso e o escoamento interno da
produção local, como agente facilitador da comercialização.

No cenário com a implantação do empreendimento, ocorrerão melhorias nas


características da infra-estrutura local e regional, inclusive rodovias
intermunicipais ampliando as possibilidades de melhoria da qualidade de
vida, e de atendimento da população local com os serviços básicos. Nesse
contexto o empreendimento enquadra-se nas perspectivas do Plano
Plurianual - PPA do Estado do Piauí (2008-2011), na dimensão econômica -
Eixo 4 - Ampliar a Infra-Estrutura de Suporte ao Desenvolvimento.

• Economia

No ano de 2007 foram consumidos aproximadamente 155,7 milhões m³ de


toras de florestas plantadas, deste total, 32,1% referem-se ao consumo de
pinus e 67,9% de eucalipto. O segmento de papel e celulose é o principal
consumidor com participação de 29% das toras produzidas, o setor
siderúrgico 23% de carvão, 19% de madeira serrada e 5% para
compensados e painéis reconstituídos.

A tabela 6.01 apresenta os principais indicadores do setor florestal para


avaliação de sua contribuição na economia nacional, destaca-se a geração
de empregos com cerca de 1,17 milhões de empregos diretos e indiretos,
gerados pela silvicultura.

Tabela 6.01 – Indicadores do Setor de Florestas Plantadas


INDICADOR BRASIL
Florestas plantadas
. Área 5,5 milhões ha
. % do território 0,65%
Arrecadação de Tributos R$ 8.452 milhões
Valor Bruto da Produção Florestal (VBPF) R$ 49.782 milhões
Empregos gerados (diretos e indiretos) 1,17 milhões
Outros
4,3 milhões
Áreas protegidas (APP, RL, RPPN)
Fonte: ABRAF (2008) – Adaptado por STCP.

6.12 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


6 – Prognóstico da Qualidade Ambiental Futura

A geração de empregos tem como reflexo direto a melhoria da renda e da


qualidade de vida da população, através dos rendimentos ou através da
injeção de recursos na economia, bem como pela geração de impostos para
o setor público os quais, também, contribuem para o benefício social de toda
a população da região.

Outro aspecto a ser considerado é a diverisficação de produtos que podem


ser obtidos da cadeia produtiva do setor florestal. Há uma série de produtos
passíveis de serem elaborados à partir da madeira originada em florestas
plantadas. A própria matéria-prima (madeira em toras) é um produto,
porém com baixo valor agregado (Figura 6.01).

Figura 6.01 - Níveis de Agregação de Valor à Madeira

Elaboração: FUPEF.

Em um contexto regional, a madeira de reflorestamento pode suprir a


demanda para construções rurais (cercas, currais, casas, etc.), lenha para
fabricação de farinha e para cozinha, entre outros. Cabe ressaltar que na
produção de farinha de mandioca, a lenha chega a representar 10% do seu
custo de produção (Embrapa, 2003), nesse sentido, é importante que, nas
áreas produtoras de farinha, sejam efetuados programas de
reflorestamentos para garantir lenha para atender as necessidades.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 6.13


6 – Prognóstico da Qualidade Ambiental Futura

Entre as possibilidades de produtos, as análises indicam que o segmento de


papel e celulose apresenta-se como sendo o de maior potencialidade, haja
vista que são empreendimentos de grande porte, altamente capitalizados e
que garantem o consumo da produção florestal. As informações disponíveis
e anteriormente mencionadas indicam que este segmento deverá investir no
Brasil cerca de US$14 bilhões até 2012 e parte deste montante poderá ser
realizado no Piauí.

O cenário com a implantação do empreendimento em proposição insere-se


no Programa de Desenvolvimento Florestal – PDFlor desenvolvido para o
Estado do Piauí, o qual tem como objetivo desenvolver o setor florestal no
Estado, estimulando o desenvolvimento das cadeias produtivas com geração
de emprego e renda. Está alinhado também com o Plano Plurianual,
dimensão econômica, eixo 5 – Promover o Crescimento Econômico
Diversificado.

A utilização de madeira de florestas plantadas proporciona garantias de


matéria-prima, de empregos formais e permanentes e geração de impostos.
Na silvicultura a produção de madeira é realizada de forma regulada de
acordo com a demanda, toda a cadeia produtiva é vinculada a esse
planejamento, são realizadas as etapas de produção de mudas, plantio,
manutenções e colheita, em um ciclo previsto de 7 anos para a madeira
destinada à produção de celulose, os postos de trabalho são contratações
permanentes e com atribuições planejadas para atender a fase de produção
dos plantios florestais.

No estudo de impacto ambiental realizado é recomendada a contratação de


mão-de-obra local, sendo estimada a geração de 2.420 empregos diretos
nas operações florestais, e 9.680 empregos indiretos.

A operacionalização das atividades do empreendimento terá reflexos na


economia em relação à melhoria das formas de comercialização, na medida
em que será priorizada a aquisição de insumos e serviços locais, inclusive
fortalecendo o mercado local, com preços compatíveis com a realidade
econômica dos municípios. Significa criar uma cadeia de benefícios, sendo
que a renda gerada passará a circular na própria região, induzindo o
aquecimento do comércio e serviços locais.

A implantação do empreendimento deverá contribuir, através da geração de


empregos e renda, para o aumento da renda per capita na região da AID,
um diferencial na região do estudo, considerando que, atualmente, a fonte
de renda é em grande parte proveniente de aposentados e pensionistas, da
atividade informal e de programas do governo como a bolsa-família.

6.14 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


6 – Prognóstico da Qualidade Ambiental Futura

• Uso e ocupação do solo

No diagnóstico socioeconômico da área de estudo foi identificado que as


populações locais utilizam os recursos naturais para a exploração de
produtos extrativistas, frutos, madeira, sementes, utilizados como um
complemento na renda das famílias. Através do planejamento do uso do
solo, o projeto em estudo considera a manutenção de áreas de conservação,
destinadas ou não para Reserva Legal e Preservação Permanente, nas quais
é possível compatibilizar o uso dos recursos naturais com as necessidades
das comunidades. A adoção das medidas sugeridas, inclusive no programa
de educação ambiental, contribuirá para orientar a forma de uso. Outra
medida, relacionada à pesquisa do potencial relacionado ao uso sustentado
dos recursos produtivos, poderá orientar o aproveitamento do potencial
aliado ao conhecimento adquirido da população local.

De acordo com as informações locais não existem conflitos fundiários na


região do empreendimento, esse fato é principalmente em função do
incentivo a assentamentos, na área de abrangência. Hoje estão assentadas
1.572 famílias numa área de 80,8 mil hectares. Esses assentamentos
poderão ser participar do Programa de Fomento a ser desenvolvido pela
Suzano, resultando em benefício mútuo para empresa e assentados.

Além dos efeitos positivos do meio socioeconômico, com a implantação do


empreendimento serão realizadas várias medidas e programas prevendo
capacitação profissional, priorização da geração de emprego e renda no
local, programa voltado ao uso sustentado dos recursos produtivos e a
implementação de um Programa de Fomento Florestal que amplia as
possibilidades de produção de matéria-prima florestal e cria alternativa de
diversificação das atividades produtivas nas propriedades rurais.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 6.15


7 – CONCLUSÕES
7 – CONCLUSÕES

7.1 – O PROJETO

O empreendimento ora em análise para a implantação de plantios comerciais


de eucalipto visando constituir uma base florestal que atenda a demanda por
madeira para a produção de celulose;
O empreendimento obedece ao estabelecido na legislação ambiental, uma
vez que está solicitando a LP (Licença Prévia) junto ao Órgão Ambiental
competente para o seu licenciamento, a Secretaria de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos do Piauí – SEMAR/PI, atendendo à orientação da mesma,
que determinou a elaboração do EIA/RIMA como instrumento para o
licenciamento e aprovou o conteúdo do Termo de Referência (sob Nº
5452/08), documento norteador da elaboração do instrumento de
licenciamento;
O empreendimento cumpre os requisitos legais para seu licenciamento, na
medida em que atende a Constituição Federal e os preceitos estabelecidos
na Política Nacional de Meio Ambiente, nas Resoluções CONAMA, e às
normas técnicas que padronizam os limites de qualidade ambiental; e,
Ainda no tocante dos requisitos legais, porém agora no âmbito estadual, o
empreendimento pretendido pela SUZANO obedece a Constituição Estadual,
a Política Ambiental e as Leis e Decretos específicos que tratam do
licenciamento e das questões ambientais do Estado, além da Lei Orgânica
dos municípios onde está inserido.

7.2 - CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL

Foi efetuada a caracterização ambiental de todos os fatores atingidos, de


forma direta ou indireta, por atividades a serem desenvolvidas, sendo
caracterizado no meio socioeconômico, no que se refere à população, infra-
estrutura, economia regional, aspectos sociais como educação e saúde,
economia regional e aspectos arqueológicos e culturais; também foram
caracterizadas a vegetação e fauna; e no meio físico, o clima e qualidade do
ar, geologia, geomorfologia, solos e recursos hídricos.
7 – Conclusões

7.4 – COMENTÁRIOS FINAIS

O empreendimento ora analisado trará a região impactos positivos e


negativos, sendo que, segundo o balanço realizado os impactos positivos
serão superiores aos negativos. Assim, deverá ser criada uma nova
perspectiva para a região, melhorando as condições de vida da população
que sofrerá influência do empreendimento.

O Piauí é um Estado que apresenta dificuldades na dinâmica de sua


economia, capacitação de mão-de-obra, educação, estrutura fundiária,
saneamento, o que resulta num baixo valor do PIB estadual em relação ao
restante do País. Essa situação é muito dependente do planejamento de
políticas públicas efetivas, tanto no âmbito do poder estadual como federal.
Porém, com a implantação do empreendimento e a compatibilização de seus
programas propostos, com ações públicas que minimizem os pontos fracos
apontados e maximizem as potencialidades, a qualidade de vida da
população deverá ser melhorada.

Além disso, o empreendimento trará ao Estado desenvolvimento tanto de


ordem produtiva como tecnológica, atendendo ainda todas as normas de
proteção e conservação do meio ambiente. Outros fatores deverão receber
atenção especial, pois trarão a tona confrontações de interesse, como, por
exemplo, a produção agropecuária e extrativista com a produção
silvicultural. A questão fundiária no estado é outro item que deve receber
especial atenção, pois a grande disponibilidade de terras, esbarra muitas
vezes em problemas de legalização das mesmas.

O Poder Público, em conjunto com o empreendedor e em parceria com a


Sociedade Civil Organizada, deverá, de forma articulada e institucionalizada,
promover o fortalecimento do modo de vida do produtor rural, criando
condições adequadas para o uso sustentável da terra, da floresta e dos
recursos naturais, para o aumento da produtividade do solo e do uso
racional dos produtos da floresta, sem comprometer a vida das
comunidades, dos recursos hídricos, da fauna e flora da região.

A elaboração do Estudo de Impacto Ambiental atende a alguns dos princípios


que norteiam o direito do ambiente, sobretudo o Princípio da Prevenção,
considerando as medidas propostas sobre as atividades a serem
desenvolvidas (monitoramento dos recursos hídricos, fauna, flora, etc.,
prevenção de processos erosivos, entre outras); aos Princípios
Democráticos, considerando ainda os programas propostos como o Programa
de Educação Ambiental, bem como a discussão do empreendimento em
Audiências Públicas; e ao Princípio do Desenvolvimento Sustentável, tendo
em vista a busca de ações que atuem agregando a exploração racional e a
conservação dos recursos, com melhor resposta social.

7.2 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


7 – Conclusões

Nesse contexto, a conclusão da equipe multidisciplinar responsável pela


elaboração desse Estudo Ambiental é a de que, havendo consonância com as
políticas públicas atualmente vigentes e a serem implementadas, o
cumprimento dos aspectos legais relacionados às atividades propostas no
projeto, a implantação dos programas voltados à minimização e
compensação dos impactos ambientais e a aplicação do monitoramento
desses programas através dos órgãos ambientais, em conjunto com as
organizações da sociedade civil, esse empreendimento possui viabilidade
ambiental e poderá ser licenciado pela SEMAR, de acordo com as
condicionantes propostas.

Finalmente, e conforme objetivos definidos no Termo de Referência,


aprovado pela Secretaria de Meio Ambiente como forma de instrumentalizar
o processo de licenciamento do Projeto Florestal de Plantio de Eucalipto no
Piauí, as atividades desenvolvidas neste Estudo de Impacto Ambiental
permitem sugerir que os procedimentos de licenciamento em novas áreas,
dentro da Área de Influencia Indireta – AII, conforme especificado, poderão
ser realizados através de estudos complementares (Relatório Ambiental
Simplificado – RAS / Plano de Controle Ambiental – PCA) e condicionados à
realização e implantação do zoneamento ambiental conforme proposto no
PLIMA.

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 7.3


8 – EQUIPE TÉCNICA
8 - EQUIPE TÉCNICA
A equipe multidisciplinar responsável pela elaboração do Estudo de Impacto
Ambiental é apresentada a seguir.

• Coordenação Geral

Joésio Deoclécio Pierin Siqueira - Engenheiro Florestal


Doutor em Política e Economia Florestal
CREA 4.057/D-PR Visto CREA/PI 18696 CTF 183508

• Coordenação de Áreas

Coordenação do Meio Físico

Reinaldo Arcoverde Coutinho - Geólogo


CREA/RO 200-D CTF 653591

Coordenação do Meio Biótico

Ana Cláudia Zampier - Engenheira Florestal,


M.Sc em Ciências Florestais - Silvicultura
CREA 24.474/D-PR CTF 300678
8 – Equipe Técnica

Coordenação do Meio Socioeconômico

José Natanael Fontenele de Carvalho - Economista


MSc. em Desenvolvimento e Meio Ambiente
CORECON 838 CTF 2391878

• Meio Físico

Reinaldo Arcoverde Coutinho ____________________________


Geológo
Especialista em Geologia e Geomorfologia
CREA/RO 200-D CTF 653591

Raimundo Pedro Silva ____________________________


Geológo
Especialista em Recursos Hídricos e Hidrogeologia
CREA/PI 1761-D CTF 323194

Marcos Luiz de Paula Sousa ____________________________


Engenheiro Agrônomo
Especialista em Solos
CREA/PR 3.220/D CTF 186870

Diogo Pereira de Cristo ____________________________


Engenheiro Ambiental, Coordenador dos trabalhos de campo
CREA/PR 81.831/D CTF 3897111

• Meio Biótico

Marcos Pérsio Dantas Santos ____________________________


Biólogo
Dr. em Zoologia, especialista em Avifauna
CRBio 5a região 27.227/5-D CTF 289607

Romildo Ribeiro Soares ____________________________


Biólogo
Msc. em Zoologia e Bioecologia, especialista em Ictiofauna
CRBio 5a região 834/5-D CTF 297679
8.2 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda
8 – Equipe Técnica

Marcela G. Moreira Lima _________________________


Bióloga
Mestranda em Zoologia, especialista em Mastofauna
CRBio 5a região 67036/5-D CTF 1883195

Yuri Cláudio Cordeiro de Lima ____________________________


Biólogo
Mestrando em Desenvolvimento e Meio Ambiente, especialista em
Herpetofauna
CRBio 5a região 46.927/5-D CTF 2365722

Roseli Farias Melo de Barros ____________________________


Bióloga
Drª. em Taxonomia Vegetal, especialista em Botânica
CRBio 5a região 11.147/5-D CTF 490524

Rigoberto Sousa Albino ____________________________


Biólogo
Msc. em Desenvolvimento e Meio Ambiente, especialista em Fitossociologia
CRBio 5a região 27.006/5-D CTF 101355

Pieter M. Van der Meer ____________________________


Biólogo, Coordenador dos trabalhos de campo
CTF 1022105

• Meio Socioeconômico

José Natanael Fontenele de Carvalho ____________________________


Economista
Msc. Em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Especialista em Socioeconomia
CORECON 0838 CTF 2391878

Jaíra Maria Alcobaça Gomes ____________________________


Economista
Drª em Economia Aplicada, Especialista em Socioeconomia
CORECON 0287 CTF 603660

2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 8.3


8 – Equipe Técnica

Maria do Socorro Lira Monteiro ________________________________


Economista
Drª em Economia dos Recursos Naturais, Especialista em Socioeconomia
CORECON 0278 CTF 2391928

Mara Freire Rodrigues de Souza ________________________________


Advogada e Engenheira Florestal, Msc
OAB/PR 18.451/PR CTF 38276

• Sensoriamento Remoto e Mapeamento


Juliana Boschiroli Lamanna Puga ________________________________
Engenheira Cartógrafa,
CREA/PR 28.668 D CTF 610018

• Participantes das Equipes


Antonio Afonso Batista e Silva Geógrafo, equipe de Fitossociologia
Antonita Santana da Silva Aluna de Ciências Biológicas, equipe de avifauna
Bruna Iwata Téc. em Meio Ambiente, equipe de Rec. Hídricos
Guilherme Santana Lustosa Biólogo, equipe de mastofauna
Íthalo da Silva Castro Aluno de Ciências Biológicas,equipe de ictiofauna
Jayro Lopes Antunes Biológo, equipe de Herpetofauna
Laice Lima Biológa, equipe de Fitossociologia
Leonardo M. dos S. Soares Biólogo, equipe de avifauna
Marcelo de Sousa e Silva Biólogo, equipe de avifauna
Kelly Polyana P. dos Santos Aluna de Ciências Biológicas,equipe de ictiofauna
Shirliane de Araújo Sousa Aluna de Ciências Biológicas, equipe de avifauna
Marcos Geisler de Freitas Aluno de Engenharia Florestal – UFPR

8.4 2009 © STCP Engenharia de Projetos Ltda


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Todos os direitos de cópia, publicação, transmissão e/ou recuperação de
todo ou parte por qualquer meio ou para todo o propósito, exceto por
bona fide cópia pela contratante deste documento, como se expressa no
título, são reservados.

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