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Visão geral

Apresentação da disciplina:
Vamos estudar a abordagem da perspectiva cultural e a perspectiva
da inclusão social e educacional. A diversidade humana, a pluralidade
humana e educação intercultural, com vistas à educação voltada
para o desenvolvimento humano.
Objetivo da Disciplina
Compreender a diversidade humana como problemática da docência.
Entender a reflexão sobre a diferença como necessidade da prática
docente.
Identificar as relações entre a prática docente e as questões raciais,
de gênero e das necessidades especiais.
Conteúdo Programático:
-Diversidade Humana e a prática docente
-Diversidade humana
-Diversidade humana e prática docente: a escola e as diferenças
-Questão racial
-Questão de gênero
-Questão dos indivíduos especiais
Metodologia:
Os conteúdos programáticos ofertados nessa disciplina serão
desenvolvidos por meio das Tele-Aulas de forma expositiva e
interativa (chat – tira dúvidas em tempo real), Aula Atividade por
Chat para aprofundamento e reflexão e Web Aulas que estarão
disponíveis no Ambiente Colaborar, compostas de conteúdos de
aprofundamento, reflexão e atividades de aplicação dos conteúdos e
avaliação. Serão também realizadas atividades de acompanhamento
tutorial, participação em Fórum, atividades práticas e estudos
independentes (auto estudo) além do Material do Impresso por
disciplina.
Habilidades e competências:
• Propor procedimentos teórico-metodológicos adequados,
identificando diferentes procedimentos de avaliação;
• Discutir concepções acerca do planejamento de ensino,
identificando seus níveis e etapas;
• Conceituar avaliação da aprendizagem, compreendendo sua
natureza e especificidade;

• Identificar o projeto político-pedagógico como elemento


articulador do trabalho coletivo
Avaliação Prevista:
• Sistema de avaliação da disciplina compreende em assistir a
tele-aula, participação no fórum, produção de texto/trabalho
noportfólio, realização de duas avaliações virtuais, uma
avaliação presencial embasada em todo o material didático,
tele-aula e webaula da disciplina.

Educação e Diversidade: relações étnico-


raciais

Preconceito e inclusão

Nesta unidade você terá a oportunidade de trabalhar com o conceito


de representações simbólicas através de um exemplo visual, retirado
do mundo da publicidade. As mesmas representações que circulam
na sociedade, revelam-se nas escolas. O objetivo é treinar seu olhar
para perceber essas representações. Além disso, você percorrerá
uma reflexão a respeito da inclusão nas escolas.

A Diferença: o que a gente vê?

Seja bem vindo à nossa disciplina. Minha intenção é possibilitar a


você conceitos e idéias que permitam uma leitura do mundo. Mas
uma leitura em particular. O objetivo é que você seja capaz de ver a
diversidade humana. Mais do que isto, desejo que você veja como a
diversidade humana é importante e benéfica para a nossa espécie.

Você já deve ter percebido que cada profissão tem uma forma de ver
o mundo. Os médicos não enxergam as coisas da mesma maneira
que um padre, por exemplo. Para compreender isto é só pensar no
seguinte exemplo: imagine um acidente de trânsito. Para o bombeiro
um acidente representa uma vítima a ser socorrida, para a
seguradora significa um pagamento a ser feito, para o funileiro talvez
represente mais serviço.

Você, futuro pedagogo e pedagoga, deve treinar o seu "olhar"


pedagógico. Como uma das funções do educador é garantir o acesso
de todos à cidadania plena, saber descobrir o significado das
múltiplas representações sociais te auxiliará na intervenção
educativa.

UM POUCO SOBRE MIM

Sou um curitibano que mora em Londrina desde 1987. Graduei-me


em Administração de Empresas na Universidade Estadual de
Londrina, onde também concluí o curso de História. Como ninguém
pode ficar sem estudar nos dias de hoje, fiz Especialização em
Filosofia, Mestrado e Doutorado em História. Leciono há 11 anos.
Trabalho com educação básica e superior. Já trabalhei em diversas
escolas e já lecionei várias disciplinas.

Vamos aos estudos!!

Observe a seguinte imagem:


Esta imagem faz parte de uma campanha da empresa Benetton, uma
indústria de roupas, famosa pelas polêmicas imagens que utiliza em
suas campanhas publicitárias.

A intenção do publicitário é clara. Ele nos quer fazer pensar sobre o


preconceito. Ele imaginou que a primeira ideia que nos viria à mente
era que o homem branco seria o policial e o negro o bandido, mesmo
que não exista, na foto, qualquer indício desse fato. Mas como o
publicitário acredita que grande parte das pessoas são
preconceituosas, ele faz uma provocação.

E é bem possível que esta seja, realmente, a primeira reação de


muita gente, mesmo que neguem. O que faz uma pessoa ver um
policial ou um bandido na figura são as representações que
possuímos.

1. O que são representações?


Representações são estruturas mentais que nos permitem ler o
mundo. Vamos dar um exemplo: você está andando pela rua e ouve
uma sirene. Você começa a procurar de onde vem o som. Você vê,
então, uma ambulância passar. Você pensa que alguém deve estar
muito doente ou machucado e está indo para o hospital.

O som da ambulância é uma representação. Concretamente é apenas


um som emitido por um aparelho cuja função é somente esta. Mas
você interpreta o som: é uma ambulância, logo alguém está sendo
socorrido.

Nós, seres humanos, somos seres simbólicos. Assim, nada é apenas o


que é. Na cultura, tudo ganha um sentido. Por isso, na figura, o
homem branco e o homem negro não são apenas isso, eles
representam algo. Caso contrário, a imagem não tem sentido algum.

2. O que as diferenças representam

Devemos estar cientes, portanto, que os preconceitos são frutos


dessas representações sociais. Nós, seres humanos, é que damos
importância a determinados aspectos e não a outros. A cor da pele,
por exemplo, nos interessa. Mas ninguém é discriminado pelo tipo de
lóbulo que tem na orelha.

Um exemplo para ilustrar: logo após os atentados de 11 de


setembro, houve um verdadeiro pânico nos Estados Unidos. Era o
momento propício aos preconceitos. Pessoas com medo tendem a ser
menos racionais. Muitos indianos que moram nos Estados Unidos
foram agredidos porque usavam turbantes. No imaginário popular,
pessoas que usam turbante são muçulmanas e inimigas. Então, o
turbante representava algo para aqueles norte-americanos, não era
simplesmente um pedaço de tecido na cabeça.

3. Na escola
É quase impossível não fazer um juízo de valor de nossos alunos. É
da "natureza humana" fazer isso. Mas o professor deve esforçar-se
por garantir dentro de si, uma mentalidade aberta, capaz de
reconhecer quais as representações equivocadas que possui e
trabalhar para mudá-las.

Nas conversas de professores é comum ouvirmos expressões como


essas: "aquele aluno gordinho", "o aluno é tão bonito, pena que é
burro", "não que eu tenha algo contra, mas olha só a cor". Coisas
como essas não deveriam sair da boca de educadores, mas,
infelizmente, os professores também têm as suas representações.

O pedagogo deverá promover a inclusão verdadeira das diferenças,


inclusive entre os professores, não permitindo que o preconceito
continue a ser transmitido

WEB-AULA 2

A inclusão inclui?

Palavras transformam-se em modismos e aparecem na boca de


todos. A palavra do momento na educação brasileira é o verbo incluir.
Fala-se que a escola pública no Brasil sempre foi praticante da
exclusão e que o atual governo (seja qual for) está corrigindo esta
injustiça (isto para aqueles que acreditam na boa vontade dos
governos...). E estratégia para esta tal inclusão são bem conhecidas:
criação de ciclos, a não reprovação, o abandono das notas, as
correções de fluxo, entre outras.

Para sustentar a necessidade destas medidas, seus defensores


apresentam estatísticas nas quais o país aparece com péssimos
indicadores nesta área: muita reprovação, muito analfabetismo. E
afirmam que tal situação está mudando, afirmação na qual muitos
professores acreditam, pois gostariam, no íntimo de suas almas, que
fosse verdade.

Mas, o que significa inclusão? Incluir os alunos aonde? Se for certo


que a educação no Brasil sempre foi deficiente e, em geral, as
políticas educacionais não estão resolvendo o problema e, muito
provavelmente, estão contribuindo para agravá-lo. Isto porque o
diagnóstico errado não foi pensado através de uma filosofia liberal,
mas um liberalismo mesclado de tradições patrimonialistas
incorporadas à cultura nacional há séculos, capaz de seduzir até
aqueles que se dizem antiliberais.

Dessa forma, muitos acreditam que inclusão resume-se em colocar


crianças e jovens dentro de uma sala de aula. Feito isso, tudo está
resolvido: pode-se dormir tranquilo, o Brasil está salvo. Uma vinheta
da Rede Globo sobre a educação demonstra bem isto: uma senhora
encontra um menino pedindo esmola, ela pega o garoto com a
sombrinha e joga-o dentro de uma escola. Magicamente, o menino
surge uniformizado dentro de uma sala de aula. Esta é a visão que se
tem da inclusão, "jogam-se" os excluídos na sala de aula e espera-se
que tudo esteja resolvido.

A inclusão no mercado de trabalho em geral: não necessário nos


preocuparmos muito. Se incluir significar somente preparar o aluno
para que ele "ganhe a vida", sem se importar como, então a escola
não tem muita importância. Os homens e mulheres vivem no mundo
há milhões de anos sem escola e continuaram vivendo, seja lá qual
for a educação que recebam. É claro que, mesmo assim, a escola é
reprodutora de mão-de-obra. Entretanto, bastará acrescentar um
pouco de informática e pronto, já estaremos preparando nossos
alunos da escola pública para enfrentar o novo milênio... Não é
preciso dizer que não concordamos com esta ideia.
Porém, se eu penso em inclusão, como capacitar os alunos a
competirem no mercado de trabalho por bons empregos e bons
salários, em especial os novos empregos da sociedade da informação,
nossos alunos não estão sendo incluídos. O aluno da escola pública
que não reprovou, mesmo não sabendo que passou somente porque
compareceu a 75% das aulas (aulas, que aulas?), que participou do
milagre da correção de fluxo, este não está preparado para competir
em um ambiente sem paternalismo.

Nosso aluno sai da escola sem condições de interpretar um texto,


sem saber realizar as operações matemáticas elementares e sem a
disciplina necessária, porque, na escola, podia fazer o que queria,
sem consequências. Ou seja, o mundo que a escola está mostrando
para seus alunos não existe. Esta ideia é importante, a escola deve,
sem dúvida, proporcionar a transformação da realidade, mas não
deve perder os vínculos com ela, se o fizer, não cumpre seu dever.

A ideia de inclusão a que mais agrada é muito mais ampla que


mercado de trabalho, envolve a cidadania. Inclusão contempla,
certamente, a possibilidade de o aluno competir por um bom
emprego e salário, que favoreça a mobilidade social e que dê
esperanças aos alunos. Mas não é somente isto. Incluir significa
fornecer aos indivíduos as condições de serem livres, de serem
cidadãos reais. Cidadão capaz de ler uma notícia no jornal sobre os
conflitos no Oriente Médio e saber onde fica esta região, as causas e
as consequências do conflito. Cidadão capaz de analisar a situação
política atual a partir dos conceitos e fatos aprendidos em História e
Sociologia. Cidadão capaz de entender a explicação do médico porque
sabe onde ficam os órgãos do corpo e suas funções, e que pode
questionar o médico porque aprendeu química. Cidadão capaz de
apreciar um bom livro ou uma obra de arte porque aprendeu a ler.
Neste caso, a escola pública não está incluindo. Não incluía antes
nem o faz agora. Na verdade, somente agrava-se a exclusão, pois,
ter o certificado de conclusão do Ensino Médio pode ser bom para as
estatísticas do governo e sua propaganda eleitoral mas, para o
indivíduo real, de nada serve se não representar conhecimento
verdadeiro.

Se apenas considerássemos o número de alunos na escola, já


teríamos resolvido o problema. Mas a escola pública na qual estão
todos estes jovens brasileiros é aquela que não se reprova, a qual
não é preciso saber para avançar, porque para os governantes tanto
faz: o aluno é apenas um número em seus gráficos e, quanto menos
tempo ficar na escola, menos gasto representará e melhores índices
surgirão.

As verdadeiras causas da reprovação não aparecem nos discursos


oficiais. É como se as criança já nascesse na escola, não tivesse pai e
mãe, não pertencesse a uma classe e como se a escola não fosse
uma escola real, de paredes e de professores. A linguagem empolada
utilizada nos documentos oficiais e reproduzida nas escolas (em
especial nas avaliações) contribui para dar ares de seriedade e
autoridade a conceitos e ideias discutíveis.

Se realmente pretendessem resolver o problema da educação no


Brasil, o problema da reprovação, do analfabetismo, da avaliação, os
governantes deveriam investir no professor (isto quer dizer salário
mesmo, não se vive só de esperança) e investir na estrutura: menos
alunos em sala, menos alunos por professor, menor carga horária de
trabalho. Já seria um grande passo.

Agora, imaginem que a educação é uma corrida de Fórmula 1.


Deram-nos um fusquinha e, como não estamos conseguindo vencer,
os teóricos e técnicos na educação resolveram alterar a estratégia da
corrida, afirmando que nós, professores, é que não sabemos dirigir
direito... . E tem professor que acredita nisto... . Isto ocorre porque
os técnicos e teóricos da educação não enxergam o fusquinha e fica
mais fácil e barato culpar o motorista, ou seja, o professor, do que
comprar um carro novo. Aqueles alunos diferentes, de culturas
diferentes, não estão sendo incluídos em coisa alguma.

WEB-AULA 1

Educação e Diversidade: relações étnico-


raciais

Inclusão da diferença: entre a teoria e a prática

Nesta unidade você poderá ler a respeito de casos de inclusão de


alunos com necessidades especiais. Poderemos ponderar se a
realidade da inclusão desses cidadãos está sendo efetiva ou, como diz
o título do artigo, é apenas uma inclusão improvisada. Também terá
a oportunidade de pensar sobre a importância da comunicação na
construção de uma escola onde o comportamento respeitoso permita
a existência da diferença.

Necessidades Especiais: escolas nada


especiais

No primeiro ano que lecionei, havia um aluno cadeirante, ensino


médio. A escola havia sido inaugurada naquele ano, 1998, salas,
banheiros, tudo novinho. Mas a escola não foi projetada para alunos
com necessidades especiais. Na porta das salas, um pequeno degrau
dificultava a movimentação da cadeira de roda. Para ir ao banheiro,
um colega sempre o acompanhava para ajudá-lo: o banheiro também
não era apropriado. Você pode imaginar o constrangimento de um
adolescente que precisa da ajuda de um amigo para levá-lo ao
banheiro? Mas a escola não foi construída pensando nele, e a escola
nem é tão antiga assim. Infelizmente, até hoje, esta escola
permanece do mesmo jeito.

Entre o discurso da inclusão e a prática há um enorme abismo.


Mesmo os alunos com dificuldade de aprendizagem não têm
atendimento adequado. As escolas não têm, em seus quadros,
vpessoas capazes de atender as diversas necessidades. Parece que o
problema não é apenas naquela escola onde lecionei por dez anos...

Leia o texto a seguir:

"Inclusão improvisada, alunos com deficiência abandonados.


Crianças portadoras de necessidades especiais não têm
atenção adequada."

Flávia Martins Y Miguel

No plano das ideias, dos discursos de gestores e, principalmente no


papel, a inclusão dos alunos com deficiência no sistema público de
ensino é uma política impecável. Na prática, porém, o modelo de
educação especial inclusiva desenhado com régua e compasso pelo
Ministério da Educação, (MEC) em 2003, apresenta obstáculos
enormes, que passam pelo despreparo dos professores, falta de
acessibilidade nas escolas e nenhum projeto pedagógico específico. O
resultado dessas distorções pode ser facilmente identificado dentro
das salas de aula. Como é o caso da pequena Jordânia Sarafim, 12,
que nasceu com paralisia cerebral e está matriculada em uma escola
pública no bairro Novo Progresso, em Contagem, região
metropolitana de Belo Horizonte. A mãe, Maria Solidade Silva, se viu
obrigada a assistir às aulas ao lado da filha para tentar driblar a falta
de atenção dada à aprendizagem da criança. "Eles nos obrigam a
colocar as crianças na escola regular, mas os professores não sabem
educar, não têm os cursos para isso. Eu fico muito desmotivada.

Não quero que ela fique largada. Eu quero que ela aprenda. A minha
menina é uma gracinha, ela tem potencial", desabafou Maria. Na sala
ao lado de Jordânia, um garotinho com má formação física e
deficiência visual estava sentado em cima de uma almofada, a poucos
centímetros da lousa, copiando as palavras. A professora contou que
o pequeno de 11 anos, com estatura de uma criança de 6, chegou de
casa chorando naquele dia. O motivo: ele não sabia ler. "Temos
alunos que precisam de um trabalho diferenciado. Não temos
orientação nenhuma de como tratar as várias deficiências que temos
nessa escola. Ninguém aqui nunca teve preparo para isso", disse
Gorete Foscolo, supervisora da escola municipal. É na boa vontade
dos profissionais e na sorte que a política de inclusão tenta se
equilibrar, enquanto as ações dos gestores não se mostram eficazes.
Em Contagem, são 1.400 alunos com deficiências variadas na rede
pública, de um total de 81 mil estudantes. No entanto, a Secretaria
Municipal de Educação e Cultura não soube informar quantos dos
mais de 4.200 professores do município foram capacitados para
trabalhar com a educação especial. O secretário da pasta, Lindomar
Diamantino Segundo, admitiu que a inclusão está longe do ideal. De
acordo com ele, o tema é um desafio para a sociedade.

"A escola brasileira, na sua história, não foi pensada para incluir. Mas
já fizemos investimentos na formação dos professores, com vários
cursos de inclusão. A nossa obrigação é sempre melhorar", disse. O
garoto Luiz Felipe Wenceslau, 7, portador de paralisa cerebral, contou
com o privilégio de ter passado pelas mãos de uma psicopedagoga,
em uma escola pública no bairro Inconfidentes, em Contagem, no
ano passado. Mesmo assim, a mãe teve que batalhar pela presença
de um auxiliar em sala de aula para cuidar do filho. "Sem estagiário,
a professora tinha que deixar as 25 crianças para trocar a fralda dele.
E ainda tive sorte porque ela tinha experiência na área", disse a
comerciante Deyse Wenceslau. A professora do menino, Maria
Eugênia Aleixo, relembrou com carinho da experiência de ensinar o
aluno especial. Porém, disse que são poucos os colegas que
conseguem sucesso. "Luiz Felipe foi um privilégio. Mas ainda acho
que a lei no papel é uma coisa e no cotidiano da escola, o que se vê
são alunos matando o tempo. Tudo é tratado como formalidade para
matar o tempo."

Censo Escolar

Mudanças. Em 2004, passaram a ser coletados os dados sobre a série


ou o ciclo escolar dos alunos atendidos pela educação especial,
possibilitando a criação de indicadores sobre a qualidade da educação
no país.
Web-aula 2

Diferença e escola

A sociedade é heterogênea, formada por pessoas com interesses e


identidades diferentes. Diferenças físicas, psicológicas, sociais e
culturais. Apesar desse fato, só muito recentemente, começamos a
percebê-lo como um problema. Em geral, estávamos acomodados.

A sociedade (ou seja, nós) padroniza a beleza, o comportamento, a


inteligência. Como grande parte da população não consegue
enquadrar-se nesses padrões, surge o preconceito e a discriminação.

O preconceito não é racional, sua origem está nas emoções. Mas


podemos racionalizar, ou melhor, podemos inventar razões para ele.
Nesse processo de construção de estereótipos, criamos rótulos:
gordo, balofo, magricela, feio, bonito, aleijado, etc.

Esse sentimento nasce da nossa admiração por nós mesmos.


Amamos o nosso jeito de ser, adoramos nossa maneira de pensar.
Por isso rejeitamos aqueles que são diferentes.

Mas, não basta reconhecer que existe diversidade. Devemos


promover a interação das diferenças, enriquecendo a sociedade. Esse
processo exige comunicação. Comunicar implica participação, pois é
tornar comum alguma coisa. Para que a comunicação seja efetiva,
deve-se respeitar a diversidade.

A questão não é fazer com que as pessoas pensem ou se comportem


exatamente iguais, mas que consigam respeitar o jeito do "outro". A
comunicação tem essa função, tornar conhecido esse "outro",
procurando diminuir o desconhecimento, que é fonte de boa parte do
preconceito.

A escola deve se tornar a escola da diversidade, da inclusão e da


valorização do "eu" e do "nós". A escola (ou seja, nós) deve
promover o respeito nos relacionamentos sociais, para que a
diversidade humana seja respeitada e valorizada.

Fala-se muito que o direito a ser diferente é uma questão de


cidadania. Aliás, palavra mais utilizada do que compreendida.
Cidadania é o direito de participar da cidade, ser cidadão.

A escola é que tem o dever de capacitar o indivíduo para que ele se


torne um cidadão. Na antiguidade, acreditava-se que poucos tinham
o direito de cidadania. Hoje, pensamos que TODOS devem ter esse
direito. Assim, todos os seres humanos, independente de suas
características, têm direito de "participar da cidade", ou seja, ser
cidadão.

Todos nós conhecemos o discurso de que todos os homens são iguais


em direitos e deveres. No cotidiano, porém, a liberdade e a igualdade
somente são garantidas através do exercício diário de auto-
conhecimento e tolerância.

Diante da grande diversidade humana, emerge, muitas vezes


escondido, o preconceito. Esse é o maior desafio daquele que quer
ser livre. Pois, ao expor a própria diversidade, é também fazer valer o
direito do outro de ser autêntico. Ter o direito de ser diferente e dar
ao outro o direito de sê-lo igualmente.

Uma escola que se preocupa com essa questão garante esses


direitos. Cria um ambiente saudável, que favorece a compreensão
entre os indivíduos e que constrói um espaço de respeito entre as
pessoas.
É preciso compreender que frequentar a escola é expandir as
possibilidades de contato, possibilitando a consciência do
pertencimento a uma realidade maior. Isso significa fornecer aos
alunos, todos os alunos, um processo de socialização mais amplo do
que aquele que o individuo já vivenciava no ambiente doméstico.

O desenvolvimento físico e intelectual dos alunos acontece


paralelamente ao desenvolvimento social. A aprendizagem é
resultado da articulação de diversas práticas e conhecimentos que
devem ser trabalhados na escola, para proporcionar o máximo de
sabedoria às crianças.

Apesar do consenso teórico em torno da diversidade, tratar desse


assunto é como revirar um baú antigo, pois traz à tona sentimentos
empoeirados como racismo, preconceito e egoísmo.

O crescimento acelerado dos meios de comunicação de massa coloca


à disposição da população uma grande quantidade de informação.
Mas, pouca reflexão se faz a partir dessas informações. Na escola,
isso não é diferente. O estudante é bombardeado com informações a
todo o momento.

A dificuldade de se lidar com essa questão na escola é que existe


pouco espaço para a interação dos alunos as informações que lhes
são oferecidas. A falta de reflexão e troca de conhecimentos sobre as
informações despejadas nos alunos cria, ainda, mais conflitos no
ambiente escolar.

Os estudantes deveriam exercitar o pensamento crítico, comunicar-se


e interagir com os dados apresentados. Caso contrário, a
unilateralidade de pensamentos favorece o preconceito e
desfavorece a diversidade.
Um bom exemplo é o bullying. É um problema que sempre existiu,
mas tem aparecido na mídia recentemente. O bullying é o termo
inglês que caracteriza os atos de intimidação, atormentação e
escárnio ocorridos na escola. É comum encontrarmos nas escolas a
"brincadeira" dos alunos com o colega que tem alguma coisa de
diferente. Os apelidos, a provocação, o desprezo, são exemplos de
bullying.

Essa prática é constituída por pequenos atos como: apelidos,


chacotas sobre aparência, jeito de falar, se vestir, ou qualquer outro
aspecto que dissocie uma criança da outra. Existem casos que se
chega a agressões físicas entre os estudantes. Quando não
identificado, o bullying pode tomar dimensões de difícil controle.

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