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TRANSCULTURAIS - TMT
Administração
O SEMITEC conta com a ajuda de 26 colaboradores-docentes, que juntos fazem a diferença no ensino
teológico e das ciências humanas na Suíça e no Brasil.
SUÍÇA
Fundador e Diretor Geral
Luis Ismael dos Santos
Tesoureiro Geral
Duarte Teixeira
Secretário Geral
Patrice Moraitïnis
Consultor Teológico
Mário Curi
BRASIL
Coordenador Geral dos Cursos Presenciais/Brasil
Rômulo Schade
Brasil
Áquila Gráfica Digital
Eduardo Pedroso
Philipe Pedroro
Joel Pedroso
Cremos na Bíblia
A Bíblia é a nossa única regra de fé e de prática. No decorrer dos séculos muitas foram as investidas dos homens contra
a Bíblia. Tentaram destrui-la, alterá-la, corrompê-la, contudo, Deus é soberano e sempre a preservou do erro – as
descobertas arqueológicas provam isso. A Bíblia é a palavra de Deus, a sua mensagem ao pecador. Por isso, ela tem o
poder de transformar vidas, de conduzir os homens à salvação (Jo 17.17; 2Tm 3.16,17; Hb 4.12; 2Pe 1.21)
Jesus Cristo é o único mediador entre nós e Deus. Somente Jesus Cristo morreu para nos salvar. Somente ele nos livrou
da condenação do pecado que pesava sobre nós. Somente ele viveu de modo perfeito e obedeceu completamente à lei de
Deus. Por isso, somente através de Jesus o homem pode obter a salvação (1Tm 2.5; Rm 8.1; Rm 5.19; Jo 14.6).
Cremos na Graça
A salvação do homem não é obtida por nada de bom que ele possa fazer, e sim pela graça de Deus. Somente Deus com
sua graça pode estender a mão ao pecador e tirá-lo de uma vida de pecado, sem sentido e sem esperança. Somente a
graça de Deus pode iluminar um coração que está em trevas e fazê-lo enxergar a misericórdia e o amor de Deus em
Jesus Cristo. Somente a graça de Deus pode dar vida aos que estão mortos (Ef 2.8; Sl 40.2; Ef 1.18; Ef 2.1).
Cremos na fé
Visto que somos salvos somente pela graça de Deus, o meio pela qual obtemos acesso a ela é a fé. Somente crendo na
eficácia do sacrifício de Cristo e vivendo pela fé em Jesus pode uma pessoa ser salva (Ef 2.8; Rm 3.21-28; Rm 5.1; Gl
3.11).
Ao contrário do que a nossa sociedade prega, o homem não é o centro do universo. Existe um ser infinitamente maior,
absolutamente soberano, que controla todo o universo de acordo com a sua vontade. Um Deus que é amor, justiça e
verdade. Um Deus que viu a miséria e a degradação do ser humano, por causa do pecado, e o amou. Amou tanto que
enviou o seu próprio filho para morrer em nosso lugar, pagando o castigo que nós merecíamos (At 4.24; Mt 10.29; 1Jo
Várias marcas registradas são citadas no conteúdo desta Apostila. Mais do que simplesmente listar esses nomes e
informar quem possui seus direitos de exploração ou ainda imprimir logotipos, o autor declara estar utilizando tais
nomes apenas para fins editoriais acadêmicos.
Declara ainda, que sua utilização tem como objetivo, exclusivamente na aplicação didática, beneficiando e divulgando a
marca do detentor, sem a intenção de infringir as regras básicas de autenticidade de sua utilização e direitos autorais.
E por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrônicos, os quais foram analisados em pesquisas de
laboratório e de literaturas já editadas, que se encontram expostas ao comércio livre editorial.
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semitec@hotmail.com.br facebook/SEMITECdeGENEBRA
Estamos contentes com esta mais recente extensão do SEMITEC até ao Brasil. A extensão só
foi possivel porque Deus mostrou o SEMITEC aos pastores do Brasil como fruto da vontade de Deus. E é
para um momento como este, que o Seminário de Teologia e Cultura da Suíça, deseja dar
ferramentas fundamentais para aqueles que amam missões, objetivando a expansão do Reino pela
pregação do evangelho para a glória de Deus.
Louvamos a Deus pela dedicação dos professores e a corroboração da 1° Igreja Presbiteriana de
Campo Grande em Cariacica-ES. Louvamos a Deus por sermos a primeira escola estrangeira, com uma
envergadura missionária, atuando em Cariacica com cursos presenciais. Sabemos que somente com
esta equipe que possuimos, e os que ainda virão, é que conseguiremos chegar aos alvos propostos
pelo nosso Grande Mestre.
Damos as boas vindas aos alunos e parceiros, e desejamos sucesso a todos nós.
“Tem coisas que Deus dá para a gente aprender, e tem outras que Ele dá, só depois que a gente já aprendeu”
DEPARTAMENTO: Missiologia
OBJETIVOS:
Levar o aluno a perceber que uma cosmovisão genuína de missões é fundamental como pano de
fundo de uma igreja missionária.
AULA 1
Desde o começo da história da igreja muitas derivações de termos têm aparecido nas traduções latinas
procedentes do vergo grego Apostolein (ex. Rm 1:1; 1 Co 9:2; Gl 1:1, etc.) significando “a arte de exercer o
apostolado, o oficio de um apóstolo, alguém enviado com ordens”.
As palavras latinas mais usadas são: Missio e Missiones. A terminologia Missio somente veio a aparecer no
século XVI quando as ordens de monges Jesuítas e Carmelitas enviaram ao novo mundo de então centenas de
missionários.
Missiologia
O termo “Missiologia” é a junção de dois vocábulos, um latino, missione e outro grego logia. Literalmente
significa “estudo ou tratado sobre missões”.
Desta forma, podemos afirmar que Missiologia é “a ciência que estuda a missão evangelizadora da Igreja,
seja nacional ou estrangeira.” Uma acepção técnica conduz ao conceito de ser “a disciplina da Teologia
Prática que se ocupa do estudo da missão integral da igreja”, segundo a ordem imperativa de Jesus
registrada no evangelho de Mateus (28:18-20) e de Marcos (16:15-18) e confirmada pelo restante das
Escrituras; e ainda, “a ciência que estuda, analisa e estabelece estratégias e formas de incentivo do trabalho
missionário”.
São três as tarefas da Missiologia, a saber, restrita: analisar, objetiva e criticamente os projetos, motivos,
estruturas, métodos, pautas de trabalho e lideranças que a igreja tem desenvolvido em cumprimento ao
mandamento de Deus; ampla: examina todos os tipos de atividades humanas, quer sejam sociais, filosóficas,
éticas, políticas ou de outro tipo qualquer, que combatem os diversos males que há no mundo, para ver se as
atividades são adequadas com os critérios e metas do reino de Deus; e, dogmática: a Missiologia ao
investigar a Missão da Igreja tem como fundamento a própria “missão de Deus” ao planejar a salvação dos
povos. Inicialmente chamando o povo de Israel para ser luz a todas as nações (Is 49:6), logo a seguir, por
meio da morte e ressurreição de Jesus, a comissão de Jesus a todos os seus discípulos para serem suas
testemunhas, geograficamente, até os confins da terra e, cronologicamente, até o fim dos tempos (Mt 28:18-
20; Hb 1:8).
Missão e Missões
A palavra “missão” procede do verbo latino mittere, isto é, “ação, tarefa, ordem, mandato” e pode significar
desde uma função ou poder que se confere a alguém para a realização de alguma atividade, até uma função
especial da qual um governo encarrega um diplomata junto a outro país.
A questão da definição e do conceito de missão tem sido amplamente discutida ao longo dos anos, e a falta de
um vocabulário comum no meio cristão tem causado embaraço na definição das atividades da igreja, ou seja,
naquilo que a igreja deve ou não fazer, o que é missão e o que não é, até que ponto a igreja pode ir ou deve
realizar obras tendo a convicção de que está cumprindo fielmente o propósito Divino.
Outros termos surgem para tornar a ação ainda mais específica, tais como: “missões transculturais”, “missões
nacionais”, “missões locais”, “missões urbanas”, “missões indígenas”, etc.
Essa definição ou delimitação da missão parte do conceito, o qual, como já dito, no decorrer dos anos, tem
vestido várias roupagens, dentre elas pode-se citar que Missão é: o envio de missionários para um designado
território; tem a ver com as atividades realizadas por tais missionários; a área geográfica aonde os
missionários realizam seus ministérios; a agência missionária responsável pela logística e pelo envio de
missionários aos seus respectivos campos; a propagação do evangelho aos povos não alcançados; o centro do
qual os missionários irradiam o evangelho; uma série de serviços religiosos com o propósito de despertar
vocações missionárias; a propagação da fé cristã; a expansão do reino de Deus; a conversão dos povos
pagãos; a plantação de novas igrejas.
Percebe-se, portanto, que o conceito de missão flutuou do genérico ao específico, do serviço à geografia, da
ação ao preparo, sendo, desse modo, definidor da ação a ser desenvolvida pelo corpo de Cristo.
Contudo, convém destacar, para melhor elucidação do tema, dois termos que devem ser considerados para a
definição do conceito, a saber, a missio Dei e a missio ecclesiae, expressões, não cunhadas, mas utilizadas
pelo missiólogo David Jacobus Bosch para distinguir a missão de Deus e a missão da igreja.
Segundo Bosch, o primeiro conceito alude a missio Dei (missão de Deus), isto é, a auto-revelação de Deus
como aquele que ama este mundo, o envolvimento de Deus no e com o mundo, a natureza e atividade
divinas, as quais abarcam a igreja e ao mundo, e das quais a igreja tem o privilégio de participar.
Igualmente, não é demais dizer que a missão se origina em Deus, ou seja, na Trindade.
Timóteo Carriker nos ajuda a compreender melhor tal afirmação ao declarar que:
“Portanto, ‘missão’ é uma categoria que pertence a Deus. A missão, antes de ter uma conotação humana
que fala da tarefa da igreja, antes de ser da igreja, é de Deus. Esta perspectiva nos guarda contra toda
atitude de auto-suficiência e independência na tarefa missionária. Se a missão é de Deus, então é dEle que a
igreja deve depender na sua participação na tarefa. Isto implica numa profunda atitude de humildade e de
Noutra quadra, as missiones ecclesiae (missões da igreja) referem-se aos empreendimentos missionários da
igreja, designando formas particulares, relacionadas com os tempos, os lugares ou necessidades específicas,
de participação na missio Dei.
Desse modo, a missão não é, pois, primeiramente uma atividade que a igreja realizada por si só, mas um
atributo divino. A missão é primária; as missões são secundárias, derivadas da primeira. Nesse toar, sua
vocação é tornar-se co-participante da própria ação de Deus no mundo. A tarefa da igreja deste Deus
missionário – como enviada – é ver, ouvir, chamar, orientar, apontar, ajudar e tornar-se solidária como parte
do testemunho daquela ação de Deus.
A missão revela o próprio mistério de Deus, pois é Ele o enviado, o conteúdo do envio e o que envia. Este
pensamento tem enormes consequências para a missio ecclesiae e o seu serviço no mundo.
A missão da igreja (missões) é reflexo da missão de Deus (missão), sendo a última mais ampla, mais
abrangente do que a primeira, porque reflete a actio Dei e a mens Dei (ação de Deus e a intenção de Deus), as
quais devem ser assumidas por Sua principal parceira, a igreja.
Assim, conclui-se dizendo que Deus tem uma missão definida por Ele próprio e revelada à humanidade pelas
Escrituras e por Seu Filho, a saber, a de reinar sobre tudo, a de resgatar o homem pecador e a de aperfeiçoar a
salvação deste homem; a igreja tem sua missão, a saber, a de glorificar a Deus, de edificação dos santos e de
proclamação do evangelho, podendo esta última ser traduzida por evangelização, a qual, em que pese sua
indispensabilidade, não exaure a missão de Deus nem a missão da igreja.
Nos evangelhos sinóticos, a mensagem pregada por Jesus é identificada como “o evangelho [boas novas] do
reino” (Mt 4.23; 9.35; 24.14; Mc 1.14-15; Lc 4.43; 8.1; 16.16). Esse reino é o “reino de Deus” ou sua
expressão sinônima “reino dos céus”, que ocorre somente em Mateus (3.2; 4.17, etc.; ver, porém, 12.28;
19.24; 21.31,43). O Evangelho de João usa poucas vezes a expressão “reino de Deus” (só em 3.3,5),
O conceito do reinado ou senhorio de Deus era familiar aos ouvintes de Jesus, estando presente no Antigo
Testamento. Desde o início, Deus deixou claro que ele era o verdadeiro rei de Israel. Quando o povo pediu
um rei humano, o Senhor manifestou o seu desagrado (1 Sm 8.5-7). A ideia de Deus como rei está presente
em todas as Escrituras Hebraicas (Dt 33.5; Jz 8.23; Is 43.15; 52.7), em especial nos Salmos (10.16; 22.28;
24.7-10; 47.2,7-8; 93.1; 97.1; 99.1,4; 103.19; 145.11-13). Algumas passagens identificam o reino de Deus
com o reino de Davi (1 Cr 17.14; 28.5; 29.11; Jr 23.5; 33.17). Esse reino será eterno e só alcançará a sua
consumação em um tempo futuro, assumindo feições escatológicas (Dn 2.44).
Além de anunciar o reino (Lc 9.11; At 1.3) e revelar os seus mistérios (Mt 13.11; Mc 4.11), Jesus incumbiu
os seus discípulos de fazerem o mesmo (Mt 10.7; 24.14; Lc 9.2,11,60); a igreja primitiva fez isso (At 8.12;
19.8; 20.25; 28.23,31; Cl 4.11).
A igreja é o conjunto daqueles que creem em Cristo e que se associam uns aos outros por causa da sua fé
comum. À luz das Escrituras, a igreja é uma realidade essencialmente corporativa, comunitária. Ela é descrita
como o corpo de Cristo, a família da fé, o povo de Deus, um rebanho, um edifício e outras figuras que
acentuam o seu caráter de comunidade e solidariedade.
Os propósitos da igreja são basicamente cinco: adoração, comunhão (koinonía), edificação, proclamação
(kérygma), serviço (diakonía). Esses propósitos apontam para três dimensões essenciais da vida da igreja: seu
relacionamento com Deus, seus relacionamentos internos e seu relacionamento com o mundo. A missão da
igreja se relaciona principalmente com os dois últimos aspectos: proclamação e serviço.
O Novo Testamento não identifica a igreja com o reino de Deus. Obviamente há uma relação entre ambos,
mas não uma coincidência plena. A igreja tem limites claros, assume formas institucionais, tem líderes
Todavia, dada à importância da igreja no propósito de Deus, ela é chamada para expressar a realidade do
reino, para ser o principal agente do reino de Deus no mundo. Para que isso aconteça, a igreja e seus
membros precisam manifestar os sinais do reino, ser instrumentos do reino na vida das pessoas, da sociedade,
do mundo. Sempre que a igreja busca em primeiro lugar a glória de Deus, fazer a vontade de Deus, viver uma
vida de humildade, amor, abnegação, altruísmo, solidariedade, etc., ela se torna agente e instrumento do
reino.
O reino pode se manifestar, e com frequência se manifesta, fora dos limites institucionais da igreja. Quando
isso ocorre, a igreja deve se regozijar com essas manifestações, apoiá-las e incentivá-las. Todavia, existem
aspectos do reino que só a igreja pode evidenciar, principalmente a proclamação do evangelho, das boas
novas do amor de Deus revelado em Cristo.
Em ordem de prioridade, a relação da igreja com o mundo está em terceiro lugar, o que não significa que seja
algo opcional, secundário. Assim como aconteceu com Israel, a igreja foi formada para realizar uma missão.
Se ela ignorar essa missão, nega a sua razão de ser e está sujeita ao juízo de Deus, como aconteceu com
Israel.
A missão primordial da igreja no que diz respeito ao mundo é a proclamação do “evangelho do reino”, assim
como fizeram Jesus e os seus discípulos.
Corretamente entendido, esse evangelho inclui muitas coisas importantes. Em primeiro lugar, esse evangelho
é um convite a indivíduos, famílias e comunidades para se reconciliarem com Deus mediante o
arrependimento e a fé em Cristo. Todavia, o evangelho é as boas novas de Deus para todos os aspectos da
vida, pessoal e coletiva. Assim sendo, a legítima proclamação do evangelho não vai se limitar ao aspecto
religioso e à dimensão individual (experiência de conversão pessoal), mas vai mostrar o senhorio de Cristo
sobre todos os aspectos da existência.
O desejo de que Deus seja adorado e sua glória conhecida entre todos os povos da terra: a glória de Deus
diz respeito a tudo o que foi revelado sobre ele: seu nome, sua santidade, seu poder, seu amor por meio de
Jesus Cristo, sua misericórdia, sua graça e sua justiça.
Entretanto, mais de três bilhões de pessoas no mundo não adoram ao verdadeiro Deus. Este pensamento é que
inspira os missionários. Eles sentem uma divina compulsão em pregar o evangelho (1 Co 9:16).
O desejo de obedecer a Deus por amor e gratidão, por meio do cumprimento da Comissão de Cristo: “Ide
fazei discípulos de todas as nações” (Mt 28:19). O amor genuíno por Deus produz obediência à sua Palavra
(Jo 14:15). A obediência cristã toma forma e o povo de Deus é ungido com o Espírito Santo a servi-lo numa
variedade de ministérios (1 Co 12:4-5; Ef 3:10).
O desejo ardente de usar os meios legítimos para salvar os perdidos e ganhar não-crentes para a fé em
Cristo: A paixão missionária pela glória de Deus é acompanhada pela paixão pelas pessoas que, por
ignorância e descrença, estão morrendo em seus pecados.
A preocupação de que as igrejas cresçam e se multipliquem e de que o reino de Cristo seja estendido: por
meio de palavras e ações que proclamem a compaixão e a justiça de Cristo a um mundo de sofrimento e
injustiça.
Para entender o significado de MISSÕES no contexto bíblico neotestamentário, é preciso partir da "Grande
Comissão", Mateus 28:19-20, dada pelo nosso Senhor Jesus Cristo aos discípulos. O convívio de Jesus com
os doze discípulos envolveu um treinamento conscientizador, em primeira instância, do plano salvífico de
Deus aos homens.
Não era intenção do Senhor prepará-los do ponto de vista político, nacionalista ou filosófico, e sim um
compartilhar sério dos princípios e natureza Divina. Na encarnação, uma identificação com os limites
humanos e terrenos; na divindade, o superar das fraquezas e a consciência da eternidade. Enquanto
seguidores de Cristo tinham a ordem para propagar a "revelação do mistério da piedade", onde Jesus
constitui o elemento identificador, remidor, mediador e salvador da humanidade sofrida por suas limitações e
fraquezas.
O caráter universal de missões foi dado pelo próprio Jesus quando disse: "... ide por todo o mundo...". Isto é,
missões não se limitam a barreiras geográficas, culturais, raciais ou linguísticas. Em Atos dos Apóstolos,
estão as primeiras investidas missionárias pós-ressurreição. Os métodos foram diversos, os ministérios
diversificados, surgiram problemas de ordem doutrinária e conflitos na parceria de trabalho, porém a igreja
nascente venceu as barreiras, pagou o preço e evangelizou.
Em Romanos 1:18, Paulo afirma algo terrível: A humanidade é indesculpável – “A ira de Deus se revela do
céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça”.
No v. 20, ele afirma que Deus se manifestou desde a criação do mundo. Deus se manifestou e continuamos
impiedosos e perversos. Somos, portanto, indesculpáveis.
Observem que a “ira de Deus” não se manifesta contra o homem, mas contra a impiedade e perversão do
homem.
A impiedade refere-se a termos rompidos com os valores de Deus, e a perversidade refere-se a termos
rompidos com os homens. Expõe um homem corrompido e criado de sua própria verdade.
O mundo hoje, após dois mil anos em que esta Palavra foi revelada, continua impiedoso, perverso, perdido e
necessitado de Deus.
ATIVIDADES EXTRA-CLASSE
AULA 2
2.1.1. Criação
Os cristãos reformados enxergam o mundo a partir de três conceitos básicos, que formam sua compreensão
da realidade. O primeiro é o conceito de criação. Com isto, queremos dizer que o mundo não se autogerou.
Ele teve um início. Ele não surgiu por acaso. E na sua origem está Deus, o Criador. O conceito de criação
implica na constatação de que existe sentido, liberdade e intencionalidade no mundo, em vez de um
determinismo cego e mecanicista, o que seria o caso se o mundo fosse o resultado da ação de forças
impessoais.
O homem recebeu de Deus a responsabilidade de manter a comunhão com o Criador em um vínculo de amor
e vida. “A comunhão deveria ser exercida no andar com Deus diariamente, conversar intimamente com Ele e
expressar amor, honra, devoção e louvor enquanto se fosse enfrentando os desafios e privilégios de cada dia”
(van Groningen, 92). Este mandato foi simbolizado pelo SÁBADO. O que era o sábado? Simplesmente o
tempo, na história do homem, em que Deus e a humanidade “não iriam dirigir a atenção para os desafios do
cosmos, e sim, cada um para o outro”. (van Groningen, 91).
Simbolizado pelo casamento, Deus determinou que o homem relacionasse consigo mesmo. Desde que foi
criado, viu Deus que não seria bom que o homem andasse sozinho. Deus criou macho e fêmea e os deu um ao
outro. Quando o homem vivia sozinho em meio à criação, experimentou solidão. Deus proveu uma
companheira idônea, carne de sua carne e osso de seus ossos. O homem foi criado para relacionar-se consigo
mesmo. Ser humanidade é ser homem em comunhão com os de sua espécie.
Deus determinou ao homem que cuidasse da criação. Este mandato é simbolizado pelo LABOR/trabalho
(Gênesis 2:15). Era responsabilidade do homem no Éden cuidar e lavrar a terra. Era sua responsabilidade
como governante real desenvolver e manter o cosmos.
2.1.2. Queda
O outro conceito basilar da cosmovisão cristã é o conceito da queda. Ele nos ensina, com base no que nos diz
o livro de Gênesis, que Deus criou os seres humanos com livre arbítrio, perfeitos, inocentes e puros e que fez
com eles um pacto. Num determinado momento, os primeiros humanos desobedeceram a Deus e quebraram
este pacto. Houve, então, uma queda daquele estado original de perfeição em que foram criados. Como
consequência, os seres humanos separaram-se de Deus e passaram a experimentar a angústia, medo, vazio.
Eles não mais conseguem ver Deus ao seu redor. Eles passaram a experimentar a morte.
Não somente se separaram de Deus – eles se separaram uns dos outros. Surge a violência, o ódio, a guerra, a
inveja, a busca pelo poder, o desejo de humilhar e oprimir o semelhante. E também se separaram da natureza,
causando a exploração desenfreada dos recursos naturais, a destruição do meio ambiente; o homem se torna o
predador mor de outras espécies.
A queda explica o caos moral, espiritual, que existe neste mundo. Ao lado deste conceito, é preciso lembrar o
amor de Deus. Apesar da desobediência, Deus não abandonou o ser humano à sua sorte: continuou
sustentando a vida, dando coisas boas a todos. É isto que ainda torna a vida suportável.
2.1.2.1. O Dilúvio
A vida do homem passou a ser delineada pela escuridão da ausência de Deus. O pecado assume a direção. O
homem corrompido deixa a vida insustentável. Deus se move outra vez em direção ao coração do homem:
julga-o com o dilúvio. Mas o Criador, em pura manifestação de sua graça, poupa alguns, simbolizando uma
nova criação (Gênesis. 8 e 9).
Gerações posteriores mais uma vez demonstram o que significa estar distante de Deus. O homem continua
sua jornada de trevas e desejos carnais. Numa tentativa desenfreada de atingir os céus, edificam uma torre
que simboliza toda a sua corrupção, arrogância e alienação. Queriam chegar à morada celestial e ser célebre
na criação. Outra vez, o julgamento de Deus entra em ação e Deus se move em direção ao coração do
homem. A humanidade é dispersa sobre a face da terra em alienação mútua.
2.1.3. Redenção
Por fim, o conceito de redenção. Deus já realizou o ato fundamental para a redenção da raça humana e do
mundo, que se encontram caídos e sujeitos a morte. Trata-se da vinda ao mundo de Jesus Cristo, o Filho de
Deus, que como nosso representante pagou a culpa do pecado na cruz, morreu e ressuscitou e está vivo e
exaltado como Senhor de todos. No futuro Deus haverá de refazer o mundo, redimir a criação e restaurar o
universo mediante Jesus Cristo. No momento ele chama a todos a que se arrependam dos pecados e creiam
em Jesus Cristo e trabalhem para reverter os efeitos da queda, até a redenção completa.
Até esta altura, Deus relacionava-se com a humanidade de forma generalizada. Quando dispersa a
humanidade (Gênesis 11), cria as nações. Cria os povos com suas línguas e culturas distintas. Neste contexto,
a graça mais uma vez se manifesta, Deus chama Abrão dentre as nações e o coloca diante delas e promete:
“Abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que ti amaldiçoarem. Por ti serão benditas todas as
famílias da terra” (Gênesis 12:3). Deus convoca Israel como nação e a envia para as nações. Johannes Brauw
observa: “...a história de Israel nada mais é do que a continuação do trato de Deus com as nações...,
portanto, a história de Israel só pode ser entendida na perspectiva do problema não resolvido da relação de
Deus com as nações” Brauw, 19). Aqui se dá o início da história da redenção.
Quem era a nação de Israel no contexto das nações que acabavam de ser criadas? Israel foi um dos primeiros
povos a reconhecerem que era apenas uma nação na história. Enquanto impérios como Egito, Babilônia,
Pérsia e outros, pensavam sobre si como o universo, Israel se encontrou como apenas mais uma nação. Deus
O desenvolvimento do relacionamento de Deus com seu povo se deu na caminhada e todos os picos da
revelação divina foram adendos na jornada.
Ninguém foi chamado para fundar uma religião. Criar um compêndio teológico ou coisa parecida. Deus
desafiou seu povo a caminhar. E enquanto caminhava, Deus se revelou a ele. Deus deu terra para o povo
trabalhar, e enquanto trabalhava, Deus se relacionou com ele e continuou a se revelar. Deus deu guerra para o
seu povo guerrear, e enquanto lutava, Deus o livrou e se revelou a ele. Deus se revelou no caminho.
Sem perder sua identidade de homem que cumpre a vontade do Pai, Jesus se apresenta ao mundo para
conhecê-lo, conviver, compartilhar e comprometer-se com ele. Ao fazer isto, o Cristo recria a humanidade
decaída, erguendo-a a posição de obediente. Restaura os mandatos pactuais e assume a postura de
reconciliador. Reconcilia o homem com Deus, consigo mesmo e com a criação.
Para fazer isto, Jesus percorreu “povos e aldeias”. Em uma vida peregrina, envolveu-se com o caminho do
homem e sua tarefa de contemplar as flores, educar filhos, estudar ciências, fazer filmes, sonhar e chorar.
Jesus envolveu-se tanto com o mundo que morreu a sua morte. Viu a vida pela ótica do sofrimento e da dor.
Chorou pelo amigo e chorou por toda uma cidade que não conseguia ver a vida que corria. Caminhou com os
discípulos angustiados na estrada de Emaús. Pediu água e dividiu o pão. Orou e curou. Expulsou demônios e
perdoou pecados. Gritou com os cambistas e se silenciou diante de ameaças. Suou sangue e venceu a morte.
Enfrentou a fome na tentação e comeu o pão de sua própria mesa com o traidor.
Jesus viveu integralmente no mundo. Deu-se a si mesmo sem reservas. Jamais esteve ocupado demais para
cumprir o propósito do Pai. Esvaziou-se de si mesmo, assumiu a missão dada pelo Pai. Reconciliou os
ATIVIDADE EXTRA-CLASSE
Leia os artigos:
1) Por Que Quatro Evangelhos? Arthur Pink
2) “Como Evangelizar o Mundo Sem Fazer Nada” Raniere Maciel Menezes
AULA 3
Para evitar mal-entendidos e eventuais reducionismos, o AT deve ser levado em consideração como um todo.
Isso significa reconhecer que o AT tem uma palavra e valor próprio e desempenha uma função determinante
em relação ao NT quando, porém, não se passa por cima de suas características e peculiaridades.
No que diz respeito à questão da “missão” se torna necessária e imprescindível uma atitude de escuta. O AT
nem sempre pode oferecer as respostas certas às nossas perguntas e satisfazer as nossas expectativas. Se por
“missão” se entende o fato de dirigir-se aos pagãos com a intenção de comunicar-lhes a verdadeira fé e de
convertê-los ao verdadeiro Deus, então, o AT é uma decepção total porque desconhece totalmente uma
missão desse tipo.
Ponto de partida: o verbo hebraico shalah: enviar/mandar. É notório que no AT não se encontra o termo
“missão”, mas a ideia está expressa claramente no verbo “enviar/mandar”. O verbo shalah ocorre 847 vezes e
geralmente exprime o fato de “enviar/mandar” um objeto ou uma pessoa para alcançar um determinado
objetivo, para cumprir uma determinada tarefa ou para cumprir uma ordem.
“Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito até hoje, enviei-vos todos os meus servos, os
profetas; cada dia os enviei, incansavelmente” (Jr 7:25).
Deus de Israel, manifesta sua solicitude constante para com seu povo “enviando” os seus servos, os profetas,
mas o povo nem sempre os aceitava: desde a saída do Egito e da constituição da Aliança o povo de Israel não
obedece à voz do seu Deus! (Cf Jr 11:7-8).
No discurso pronunciado no templo de Jerusalém, Jeremias lembra a solicitude divina de “enviar profetas”
(7:25), mas logo em seguida lembra a situação do povo: “eles não me escutaram nem prestaram ouvidos,
mas endureceram a sua cerviz e foram piores do que seus pais. Tu dirás a eles todas estas palavras, mas eles
não te escutarão” (7:26-28). A tradição bíblica realça frequentemente este desprezo da Palavra de Deus e da
missão profética: o povo não quer ouvir a mensagem de Deus pregada pelos profetas (Ez 33:31-32).
Os próprios “enviados” têm a mesma dificuldade: Moisés exige sinais para dar credibilidade à sua missão (Ex
3:11ss.), tenta rejeitá-la (Ex 4,13) ou se queixa com amargura (Ex 5:22); Jeremias coloca objeções antes de
aceitar (Jr 1,6), só Isaías se prontifica dizendo: “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8).
Em termos gerais os profetas desempenham a missão de serem portadores da Palavra de Deus numa situação
determinada, mas a partir do contexto da Aliança. Por isso quando o povo esquece a Aliança, Deus “envia” os
profetas para que o povo se lembre dos compromissos assumidos e mude o seu comportamento.
Essa mudança de perspectiva chamada de “conversão” convida a olhar para o futuro de acordo com as
promessas de Deus. O fato de Israel ser depositário das promessas de Deus se exprime através do conceito de
eleição que é uma convicção constitutiva da fé de Israel.
A salvação não é uma realidade exclusiva de Israel, mas a respeito das nações ela é uma realidade futura. Por
isso, elas virão a Jerusalém para aprenderem a Torah de Deus indicando o “retorno” à paz universal (Is 2:2-
4). As nações se voltarão para o Deus vivo (Is 45:14-17, 20-25) e participarão do seu culto (Is 60:1-16; Zac
14:16). Egito e Assíria se converterão e Israel servirá de elo de ligação (Is 19:16-25). Pondo fim à dispersão
O Servo, segundo esta perspectiva desempenha uma função de mediador (Is 42:4.6). Assim no último dia
deve existir um único povo de Deus. Se a Torah dá a Israel uma conotação exclusivista, a escatologia
profética abre as portas ao universalismo.
É bom deixar claro desde o começo que o NT não apresenta uma visão uniforme da missão, mas cada escrito
tem sua própria maneira de tratar a questão, de modo que é preciso tomar consciência de que estamos diante
de uma variedade de enfoques, de modelos e de teologias da missão. Isso nos leva a considerar sumariamente
a perspectiva de cada evangelista.
O primeiro aspecto que chama a atenção é a vocação de Paulo. O acontecimento de Damasco (At 9:22;26; Gl
1:11-17; 1Cor 9:1-2; 15:8-10) é fundamental para compreender e definir a sua missão. “Deus me enviou...
para proclamá-lo entre os gentios” (Gl 1:15s). Para expressar a sua vocação-missão Paulo se identifica com
as figuras proféticas de Jeremias e de Isaías. Na experiência a caminho de Damasco ele descobre Jesus não só
como Ressuscitado, mas como Soberano universal, que oferece a sua salvação a todos, judeus e pagãos. Esta
convicção está na origem de sua missão.
A missão de Paulo é universal. Em Rm 1:1 ele se apresenta como “servo de Jesus Cristo, apóstolo escolhido
para o Evangelho de Deus” e logo mais adiante afirma ser “devedor a gregos e a bárbaros...” (Rm 1:14); ele
coloca o Evangelho no centro de toda a sua existência e de toda a sua atividade (Rm 1:16s). Nesse sentido
ele se considera apóstolo entre judeus e gentios, mostrando que a sua missão depende totalmente da
iniciativa divina.
Segundo Paulo, a partir da Soberania divina: “não há mais distinção entre judeus e gentios, o mesmo Senhor
é o Senhor de todos...” (Rm 10:12; cf Gl 3:28; At 10:36). É este o “Evangelho” que ele anuncia em sua
atividade missionária: a graça de Deus é a fonte/fundamento da missão.
O livro dos Atos pode ser entendido como o itinerário da experiência missionária que leva a mensagem cristã
da Palestina, província periférica do império, até Roma, o seu centro.
As cartas de Paulo mostram o nascimento, a formação e o desenvolvimento das comunidades que são fruto
do anúncio evangélico.
De forma sintética assinalamos só alguns aspectos significativos que em Atos marcam o itinerário da missão:
a força da Palavra e do Espírito, o Testemunho e a abertura universal.
Quando Lucas escreve o livro dos Atos nos grandes centros urbanos do império já existem grupos ou
comunidades cristãs. Para poder reconstruir sua difusão ele realça 3 elementos importantes:
b) Ela se manifesta especialmente nos momentos cruciais da história: no início os Apóstolos recebem
solenemente a ‘missão’; no centro acontece a passagem do mundo judaico ao mundo pagão, e no fim o
desenvolvimento da missão de Paulo tem como meta Roma, o centro do império.
c) O “Programa” a ser desenvolvido é anunciado em Atos 1:8: “Mas recebereis a força do Espírito Santo
que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judéia e Samaria e até as
extremidades da terra”. Estas Palavras de Jesus antes da Ascensão serão confirmadas pelo Espírito Santo no
dia de Pentecostes, dessa forma os Apóstolos recebem a habilitação e a missão de anunciar o Evangelho a
todos os povos. Para Paulo não é diferente, pois na origem da sua missão está a iniciativa gratuita de Jesus
ressuscitado e lhe entrega a tarefa de ser “servo e testemunha” (26:16).
Também no caso da primeira missão oficial na diáspora judaica, em Antioquia fora da Palestina, a iniciativa é
do Espírito Santo que escolhe Barnabé e Paulo (13:2).
Assim Paulo e Barnabé voltando da primeira atividade missionária relatam à comunidade de Antioquia e a de
Jerusalém “tudo aquilo que Deus tinha feito com eles abrindo aos pagãos a porta da fé” (14:27; 15:12).
Lucas mostra que todos os ‘protagonistas’ da missão atuam segundo um projeto guiado pela iniciativa divina.
A difusão do cristianismo primitivo é fruto da resposta pronta e generosa dos que foram enviados por Jesus
ressuscitado, os quais atuam sob o impulso do Espírito Santo.
No NT há vários paradigmas missiológicos que dão diferentes perspectivas de missão. Por exemplo, os
primeiros quatros livros do NT não são simplesmente biografias de Jesus e sim evangelhos, histórias com
uma mensagem específica.
Do começo ao fim, o NT é um livro missionário. Ele deve sua existência ao trabalho missionário das igrejas
cristãs primitivas, tanto judia como a helenística.
Os evangelhos são recordações vivas da pregação missionária, e as Epístolas, mais do que uma forma de
apologética missionária, são instrumentos atuais e autênticos do trabalho missionário.
Os quatro Evangelhos mostram que, sob a direção do Espírito Santo, os autores estão dando sua perspectiva
sobre o evangelho e a missão. Cada “evangelho” é uma apresentação contextualizada com base na mensagem
cristã para um grupo de leitores especifico, trazendo a mensagem relevante a eles em sua situação em
particular. Não dizemos que um se contradiz ao outro sendo que são como diferentes faces de uma mesma
moeda. Quando a luz se põe em um lado, mostra um aspecto e quando se põe em outro lado se vê outro
aspecto.
ATIVIDADES EXTRA-CLASSE
1) Por que a igreja existe no mundo?
2) Por que a igreja existe como comunidade congregada?
AULA 4
A discussão sobre a missão da igreja é ampla e quase inesgotável. Quando passamos a retratá-la sob o
conceito da “missão integral” fica mais ofuscado na mente de alguns. Para muitos, missão integral não passa
de uma referência à responsabilidade social da igreja. No entanto, um tema, por si só, não pode isolar o
Qualquer conceito de missão, para ser bíblico e válido precisa ser integral em sua compreensão dos
propósitos divinos para a humanidade. Assim o sendo, perceberá que a preocupação principal da obra
missionária é realizar o propósito de Deus no mundo e a seu favor. Desta forma, a missão da igreja é o
próprio mover de Deus em direção ao coração do homem. Mover este que foi comunicado à igreja por meio
da vida de nosso Senhor Jesus Cristo que retrata toda a natureza da missão em sua oração sacerdotal e
intercessora: “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo” (João 17:18). E mais
tarde, após sua morte e ressurreição, ele mesmo transforma a oração em mandamento missionário: “Assim
como o Pai me enviou, eu também vos envio” (João 20:21). Expressando seu amor na forma de serviço, Jesus
nos oferece o modelo perfeito e envia sua igreja ao mundo para que seja uma igreja serva.
A compreensão da missão da igreja deve ser adquirida a partir da compreensão da missão do próprio Cristo.
Missão que se inicia no coração de Deus e se propaga pelo mundo dos homens. Para Pedro Arana “o Cristo-
homem veio ao mundo dos homens. Não a um mundo ideal, mas ao mundo tal e qual ele é” (Steuernagel, 84).
Esta compreensão de uma missão no mundo “tal e qual ele é” define o espaço missionário e sua natureza.
Ao enviar a sua igreja, Jesus aponta para o mundo da história. Não para um mundo espiritual, ideal,
mitológico ou mesmo para o mundo das ideias. Jesus aponta para um mundo geográfico. Para o mundo do
pecado. O mundo das pessoas como elas são. Mundo do sofrimento, da dor, da incerteza, da alegria e do
casamento. O mundo dos homens, mas também mundo de Deus, das Escrituras Sagradas. O mundo do
pecado e mundo da salvação.
A igreja não pode ser orientada a se envolver com este mundo. Ela já faz parte dele. É o seu mundo. É a sua
casa. É a sua vida. A igreja tão somente precisa optar como quer se mover neste mundo que é seu. Ela pode
estar sendo conduzida por ele. Ou ser agente condutor dele. Ela pode se deixar moldar pelo mundo. Ou pode
optar por moldar o mundo.
Assim, seguindo o modelo de Jesus, a igreja precisa ser uma igreja serva que leva o mover de Deus ao
coração do homem como seu próprio mover. Restaurar os mandatos pactuais perdidos na queda deve ser o
alvo da igreja. Nisto consiste a natureza de sua missão.
Esta é a missão integral da igreja: dar continuidade ao vínculo de amor e vida entre Deus e o homem, se
movendo no seu mundo e vivendo o mundo de Deus, levando o próprio Deus consigo na caminhada. Ao falar
da missão de Jesus não se pode pensar em imitar a Cristo em todas as suas realizações. O Filho de Deus foi
enviado ao mundo para morrer por nossos pecados, verdadeiramente não foi esta a tarefa da igreja.
Segundo, Cristo nos envia ao mundo para sermos servos. Aqui também observamos que Cristo é o modelo.
Antes de cumprir qualquer tarefa, Jesus viveu entre os homens por quem ele deveria morrer. Cristo não veio
apenas salvar o pecador. Sua tarefa não estava centrada nas coisas. Ele já tinha bem definido o que queria:
simplesmente servir. Juntando a ideia do “Filho do Homem” de Daniel com o “servo sofredor” de Isaias,
Jesus abre os horizontes para um conceito até então impensado: “pois o Filho do Homem não veio para ser
servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc.10:45). Assim, nossa missão passa pelo
mesmo crivo. Ele mesmo afirmou: “assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20:21). Nossa
missão, como a d’Ele, deve ser uma missão apontada para o serviço. Somos chamados e enviados para servir
aqueles que perecem sem a salvação.
4.1.1. Evangelizadora
Voltando à discussão inicial, a evangelização, por sua fez, não pode ser negligenciada na definição de
“missão”. Pois ela é parte essencial da missão da igreja. Evangelização (euangelizomai) comunica
literalmente “trazer ou anunciar o euangelion, as boas novas”. Apesar da palavra aparecer no Novo
Testamento para retratar notícias comuns, o seu maior emprego sempre apresenta o sentido de trazer as boas
novas cristãs. Duas verdades importantes precisam ser ditas acerca da evangelização, ela não pode ser
definida por resultados e ela não pode ser definida por métodos. Não evangeliza apenas quem conduz muitas
pessoas aos pés de Jesus através do batismo e arrolamento no rol de membros de alguma igreja. Evangelizar é
anunciar as boas novas de Jesus. Ainda que o “evangelizador” esteja esperando uma resposta daquele a quem
ele anunciou as boas novas, a resposta não tem o fim de caracterizar o seu ato. Uma resposta negativa do
ouvinte, ou mesmo o silêncio deste, não implica em negação da evangelização. Da mesma forma, evangelizar
não é aplicar um método específico para comunicar as boas novas. Evangelizar é anunciar as boas novas, não
importa de que maneira. Os meios podem definir se a ação evangelizadora terá amplo alcance ou não, mas
não a definem. A igreja pode evangelizar por meios eletrônicos, com estratégias de pequenos grupos, com os
antigos cultos de ruas, com os cultos nos lares, ou mesmo com os sermões dominicais evangelísticos que já
estão quase em desuso. Será sempre evangelização.
4.1.2. Kerigmática
Ao exercer sua missão a igreja também precisa ter uma postura kerigmática. Qual a diferença entre
evangelizadora e kerigmática? Quando uma igreja está evangelizando ela tem um objetivo específico de
anunciar as boas novas ao pecador que sofre sem visualizar a solução que Deus proveu na cruz. No entanto,
esta não é uma postura única para a igreja. Os pecadores são “sofredores” que carecem da graça de Deus, mas
também são ímpios que estão debaixo do juízo de Deus. Uma igreja é kerigmática quando ela se torna um
arauto da justiça e da integridade. A igreja não pode se abdicar de ser luz e sal do mundo. Quando uma igreja
apenas evangeliza, ela centra sua atenção nos resultados e espiritualiza sua esfera de atuação. Mas a igreja
não foi chamada para as suas fronteiras. Ela é guardiã da moral e da justiça. Se a igreja se calar, o mundo não
4.1.3. Martírica
4.1.4. Koinônica
Por fim, não pode haver missões sem que a igreja experimente o puro amor do Senhor em seu coração. Uma
igreja que ama ao Senhor acima de todas as coisas aprende a amar o reino de Deus e entende que a primeira
motivação para a tarefa missionária é a obediência amorosa ao Senhor que envia. Sem amar a Jesus, uma
igreja não pode demonstrar amor internamente, nem mesmo pelos perdidos que vagam pelo mundo. Toda
postura de comunhão na igreja, só é comunhão espiritual se brotar da comunhão que a igreja tem com Cristo.
Ou seja, se somos irmãos, o somos por estarmos ligados por laços eternos de amor divino. Sem o amor de
Deus não há comunhão. E uma igreja que não tem comunhão não pode realizar sua tarefa missionária.
Simplesmente pelo fato desta igreja não está inserida no corpo de Cristo, ou seja, é apenas um grupo reunido.
O que faz uma igreja ser igreja não é a tarefa missionária, mas o Espírito Santo que a liga a Cristo por meio
da Palavra da Cruz. Somente nesta condição a tarefa missionária não será fazia e desprovida de significado.
A igreja precisa aprender a orar. Uma igreja que não coloca suas questões sistematicamente na presença do
Senhor, jamais poderá ver suas atividades culminando no pleno crescimento. É preciso que a igreja abandone
sua postura de orar apenas pelas necessidades físicas das pessoas e faça uma opção consciente pelo modelo
de Jesus. Na oração ensinada pelo Senhor aparecem sete petições que se dividem em duas perspectivas: as
necessidades do reino de Deus e as necessidades da igreja. Três petições apontam para a responsabilidade da
Como qualquer obra que possamos fazer no reino de Deus a oração tem um lugar especial. Sem oração é
quase impossível fazer com sucesso algo de natureza espiritual.
Com a oração nós servimos a Deus e à sua obra. Através da oração, Deus serve-se de nós para a sua obra,
porque Ele só opera em resposta à oração do homem.
A oração foi o ponto de partida da missão de Jesus na terra como homem. Jesus abriu o seu ministério com
oração e jejum. A Bíblia diz: “E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome.” (Mateus
4:2).
A oração move a mão de Deus para o levantamento de obreiros para a obra missionária. “Vendo ele as
multidões, compadeceu-se delas, porque andavam desgarradas e errantes, como ovelhas que não têm pastor.
Então disse a seus discípulos: Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois,
ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.” (Mateus 9:36-38).
Em Atos 13:1-4 podemos observar que na obra missionária, a oração tem lugar em três vertentes para as
quais somos convidados a orar:
“Enquanto eles ministravam perante o Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: Separai-me a Barnabé e a
Saulo para a obra a que os tenho chamado.” (Atos 13:2).
A oração sempre teve lugar no chamado missionário. É no momento de intimidade com Deus que Ele
transmite a sua vontade e o seu plano para uma chamada missionária.
Quanto mais intimidade tiver com Deus, mais fácil poderemos ouvi-Lo chamar-nos para a obra missionária.
“Então, depois que jejuaram, oraram e lhes impuseram as mãos, os despediram.” (Atos 13:3).
Na sua palavra Jesus Cristo deu a responsabilidade à igreja de orar para que fossem enviados obreiros para a
sua seara. A omissão desta responsabilidade faz com que a seara seja cheia de obreiros que não são enviados
por Deus.
Um crente que levanta os seus olhos e vê a multidão que caminha para uma eternidade perdida, não pode
ficar quieto e não pedir a Deus em oração que Ele envie obreiros para os campos maduros.
É preciso pedir a Deus que nos encha da sua compaixão para que assim desperte em nós a oração pela obra
missionária.
“Enviados, pois, pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre” (Atos 13:4).
Deus trabalha com o homem para a transformação dos outros. “Nós não somos mais do que cooperadores
com Deus...” (1 Coríntios 3:9), quando oramos o Espírito Santo passa a operar e direcionar toda obra
missionária em todos os lugares. Deus quer salvar os perdidos e conquistar cidades e nações para Cristo
através da nossa oração e do nosso evangelismo.
Nós pedimos a Deus (em oração) a execução do seu plano na vida dos perdidos, usando-nos (pelo
evangelismo) (Atos 4:29-30). A oração abre as portas da Grande Comissão.
Muitos missionários responderam à chamada, foram enviados, mas agora precisam conquistar as almas para
Cristo que estão nas cidades e zonas rurais. Para tal necessitam diligentemente das nossas intensas orações.
O movimento missionário brasileiro vem discutindo o caráter missionário da igreja já por muito tempo.
Muitos são os eventos estruturados por todos os lados. Conferências, congressos e cultos missionários são
exemplos de como os crentes têm se mobilizado em torno do tema. No entanto, a obra missionária ainda não
tem o corpo que precisa ter para que a igreja brasileira seja reconhecida como uma igreja missionária. Sem
dúvida alguma, a igreja brasileira tem uma ação missionária ampla, mas o número proporcional de crentes
envolvidos com a ação missionária é irrelevante.
Ainda faltam alguns detalhes importantes para que a obra missionária seja realizada com impactos
significativos tanto para os povos que recebem nossos missionários quanto para a igreja que está enviando.
Lançar missionários no mundo de forma estabanada pode ter seu resultado positivo à medida que povos são
alcançados, no entanto, a igreja que envia apenas comprometida com o missionário perde o prazer da ação
missionária estratégica direcionada pelo próprio Deus.
Para que uma ação missionária significativa aconteça não precisamos necessariamente de eventos e mais
eventos. A obra missionária não há de ser uma realidade que nasça de eventos. Ela precisa brotar da busca da
igreja por Deus e por realizar a sua soberana vontade. Sem a ação de um pleno avivamento não veremos uma
igreja missionária. O que vem acontecendo, no entanto, é um crescente processo de incorporação dos grandes
eventos promocionais na própria prática missionária da igreja que os vem consagrando ao nível da ação
missionária mais pura. A igreja faz um culto de missões por mês, uma conferência missionária por ano,
levanta uma substanciosa oferta que pulveriza pelos campos afora, e já é reconhecida como uma igreja
missionária.
Missões discutem o crescimento ideal da igreja em suas esferas mais amplas. E quando falamos de
crescimento o que não se pode perder de vista é que o crescimento da igreja não é uma tarefa de
merchandising1. Não fazemos uma igreja crescer ou ampliamos suas fronteiras como quem faz uma empresa
de refrigerante ser conhecida mundialmente. O crescimento da igreja também não pode ser identificado na
sua expectativa numérica tão somente. Os escritos paulinos deixam muito claro o conteúdo do crescimento
que devemos projetar. A busca é pelo “aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para
edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho
1
(Ing.) Mercadológico
Ao pensar assim, alguns podem ser tentados a imaginar que não resta nada que nós possamos fazer. No
entanto, é puro engano. Está reservada à igreja uma tarefa de suma importância. O crescimento
proporcionado por Deus deve ser entendido como graça concedida para que nossas ações sejam levadas a
bom termo. É bíblico o pensamento que “se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a
edificam” (Sl 127:1). Nesta porção visualizamos o perfeito ajuste entre a ação humana e a divina. Quando
observamos a atitude de Neemias frente aos seus opositores mais uma vez observamos este ajuste: “Então
lhes respondi: O Deus do céu é que nos fará prosperar; e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos:
mas vós não tendes parte, nem direito, nem memorial em Jerusalém” (Ne 2:20).
O que a igreja precisa, então, para resgatar o caráter missionário em sua prática?
A ação missionária só será contundente se esta tiver por base a convicção de que o retorno do Senhor Jesus é
iminente. A igreja, então, correrá contra o tempo e estará constantemente envolvida na tarefa de salvar vidas
da perdição, focalizada na eternidade. Cada minuto contará e os crentes estarão correndo contra o relógio
eterno que demarca o GRANDE e TERRÍVEL DIA DO SENHOR.
4.3.2. Entender que a Expansão e a Edificação da Igreja são Tarefas que Devem Andar Juntas, Como
Aspectos da Mesma Ação Missionária
Aqui também temos uma importante ação. Não podemos investir em crescimento se não gastamos tempo e
disposição para edificar as vidas daqueles que estão se aproximando da igreja. Fazer a igreja crescer significa
que temos compreendido que em seguida será necessária uma ação edificadora. Este era o pensamento
Paulino: “segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e outro
edifica sobre ele” (I Co.3:10). Nesta perspectiva, a igreja precisa seguir rumos nos quais se possa observar
pelo menos a maioria dos itens abaixo:
4.3.3. Entender que a Igreja se Expande Pela Ação Soberana de Deus, Apesar de Ser Sua a
Responsabilidade de Empregar Esforços Para que Isto Aconteça
Sobre esta verdade William Carey (missionário que fundou 26 igrejas na Índia e traduziu trechos das
Escrituras para 34 línguas daquela nação) expressou:
“Nós temos certeza de que somente aqueles que foram destinados à vida eterna crerão, e que somente Deus
pode acrescentar à Igreja aqueles que serão salvos. Entretanto, vemos com admiração que Paulo, o grande
campeão das gloriosas doutrinas da graça livre e soberana, foi o mais destacado em seu zelo pessoal de
persuadir os homens a se reconciliarem com Deus”.
O apóstolo Paulo é um exemplo extraordinário de um missionário com profundas convicções de que missões,
plantação e edificação de igrejas era uma obra do próprio Deus (I Co 3:5-9; Rm 15:18-19), no entanto, ele
lutou com todas as suas forças e de forma sacrificial se deu para que igrejas fossem fundadas e edificadas na
Palavra de Cristo Jesus.
Uma igreja com estas características resgatará o caráter missionário em sua prática. Ela estará marchando no
mundo com a firme convicção de estar no centro da vontade de Deus. O seu crescimento é apenas um detalhe
que não dependerá dela, mas de Deus que o concede, pois ela entende que “missões é exatamente a atuação
de Deus neste mundo perdido, implantando o seu reino e trazendo para dentro dele aqueles que ele quis”
(Augustus Nicodemus).
ARANA, Pedro. Bases Bíblicas da Missão Integral da Igreja em A Serviço do Reino org. por STEUERNAGEL, Valdir – Belo
Horizonte/MG: Missão Editora, 1992.
BOSCH, David. J. Missão Transformadora. 2. Edição, São Leopoldo: Editora Sinodal, 2007.
BRAUW, Johannes. A Natureza Missionária da Igreja – São Paulo: ASTE, 1966.
CARRIKER, C. Timothy. Missão Integral – São Paulo: Editora SEPAL, 1992.
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MULLER, Karl. Mission Theology: An Introduction. Nettetal, Germany: Eteyler Verlag, 1987.
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Hesselgrave, David J., Plantar Igrejas – um guia para missões nacionais e transculturais - 2ª Ed, São Paulo: Vida Nova, 1995;
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Winter, R.D.; Hawthorne, S.C. Missões Transculturais: Uma perspectiva Bíblica. São Paulo: Mundo Cristão, 1987.
DEPARTAMENTO: Missiologia
OBJETIVOS:
O maior propósito deste módulo não é a teoria em si. Nosso desejo é que os seminaristas coloquem a maior
parte dos princípios aqui apresentados em prática, construindo pontes para alcançar os perdidos, onde quer
que se encontrem, levando assim adiante a pregação do reino de Deus. Ao fazê-lo, não somente o
amadurecimento do movimento missionário brasileiro e europeu se fará evidente, mas os cristãos de todo o
mundo serão agraciados com muitos motivos para celebrar a bondade de Deus..
Definindo Nações/PNA
Termo Nações: em grego, Etnia = Povos O Paquistão (um país, vários povos)
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• Países: 238
• Povos: 16 mil
• Povos Não Alcançados: 3600
• BRASIL
» 340 Povos Indígenas – 147 PINA
» 70 outros povos
• Se usássemos 10 pessoas para representar a população do mundo,
• ficaria assim:
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Budista
Total - 54 Países
Pop. AD2000 = 2,6 Bilhões
Fonte: Patrick Johnstone, Intercessão Mundial, 1993
Global Mapping International Versão em Português: SEPAL (011-523-2544) JN-007
Porcentagem de Muçulmanos
81 a 100
51 a 80
11 a 50
1 a 10
0a1
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Buda – Siddhartha Gautama pegou o hinduísmo e tirou as divindades. Pregava 4 princípios para alcançar o
Nirvana - um estado de paz, iluminação, ser deus:
1. O nosso desejo é causa do sofrimento;
2. A vida é repleta de sofrimento;
3. Se nos livrarmos dos desejos nos livraremos do sofrimento;
4. Podemos nos livrar do sofrimento seguindo o óctuplo caminho:
• conhecimento correto, aspiração correta,
• modo de falar correto, comportamento correto,
• posição correta, profissão correta,
• atitudes corretas, atitude mental correta e
• aprendizado correto
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• Religiosa Cristã
– Maior país Católico e Espírita;
– 2º maior em Testemunhas de Jeóva;
– Onde o mormonismo já cresceu 80%;
– Onde há 196 línguas e só uma Bíblia Completa e 40 NT;
– Só 25 % de evangélicos distribuídos em quase 4 mil denominações;
– 700 municípios dos 6 mil com menos de 1% de evangélicos ....
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Nossa Samaria...
• Indígena
– Em 1500 - cerca de 6 milhões de índios;
– Hoje 460 mil em 340 tribos;
– Antes 1300 línguas hoje 195;
– 147 tribos ainda não alcançadas;
• Transcultural
– Japoneses - 1,5 milhões –
só 3% evangélicos;
– Chineses – 180.000
– Koreanos – 60.000
– Arabés – 180.000 – outra fonte 12 milhões
– Em SP
• Bolivianos – 200 mil
• Paraguaios – 26 mil
• Peruanos – 20 mil
Nossa Samaria...
• Regional
– Sertão Nordestino: 15 milhões de pessoas, 3% evangélicos. Miséria + Idolatria +Perseguição;
– Amazônia: 36 mil assentamentos só 3 mil com presença evangélica;
– Sul: Secularismo + Espiritismo+Mulçumanos;
– Grandes centros urbanos e suas mazelas.
Nossa Samaria...
• Social
– Maior que 600 mil presos;
– 17 mil favelas e 53 milhões de moradores;
– 10 milhões dependentes de drogas;
– 16 milhões de alcoólatras;
– 8 milhões de surdos;
– 7 milhões de crianças trabalhando;
– 500 mil crianças na prostituição;
– 500 mil crianças com AIDS (1999)
– 200 mil crianças na fila da adoção.
• Outras Samarias
– Ciganos – 800 mil;
– Moradores de Rua;
– Religiões Orientais (hindus e esotéricos);
– Budistas 250 mil;
– Mulçumanos 1,5 milhões;
– Grupos urbanos
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Aracruz 3040
Serra 1212
Vila Velha 1010
Vitória 997
Cariacica 596
Linhares 303
Guarapari 244
Cachoeiro de Itapemirim 176
São Mateus 141
Anchieta 120
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Guarani Tupiniquim
+ 300 +2500
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POMERANOS
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Quem é o cigano?
• é um povo com vida própria, que tem seus costumes, com língua e roupas que lhe são mui peculiares;
• tem uma bandeira, um hino e uma cosmovisão de vida única;
• tem emocional e necessidades como qualquer outro ser humano;
• tem um dia no ano que os representa (24 de maio);
• tem uma vida nômade;
• não tem renda certa;
• os homens trabalham com barganha que depende do local onde estão;
• as mulheres com a leitura da mão e um pequeno grupo costurando;
• os ciganos portugueses geralmente trabalham com casacos, roupas, tapeçaria;
• e há aqueles que trabalham com baixelas...
• são marginalizados;
• não tem cesso a saúde;
• geralmente eles alugam um terreno para assentar durante um período;
CIGANOS NO ES
Quilombolas no BRASIL
cerca de 3500 comunidades ______________________________________________
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• Ma – 381 • Pi – 42
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• Ba – 380 • Rn - 21 ______________________________________________
• Mg – 145 • Pb- 34 ______________________________________________
• Pe – 104 • Al -64 ______________________________________________
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• Pa – 98 • ES - 95
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• Se – 20 ______________________________________________
Cultura e costumes: Muitos cozinham em fogão a lenha e nos quitungos fabricam farinha para consumo
próprio e pequenas vendas. Diversão e religiosidade: dança afro, dança de roda, congada (roda de congo),
capoeira Maculelê, capoeira da angola, ladainha, benzimentos, idolatria e por tradição o uso de bebidas
alcolicas é muito grande.
• ITALIANOS - Alfredo Chaves, Venda Nova do Imigrante, Afonso Cláudio, Santa Teresa, Mimoso
do Sul, Castelo, Alegre, Pancas, Muniz Freire, Marechal Floriano, Vargem Alta e Muqui
• ALEMÃES - Santa Isabel, em Domingos Martins
• POLONESES - Águia Branca
• SUIÇOS - Santa Leopoldina e Santa Maria de Jetibá
• AUSTRIACOS - Tirol, Santa Leopoldina,
• HOLANDESES e BELGAS - Santa Leopoldina
• LIBANESES E LUXENBURGUESES - Guarapari.
• Koreanos (VIX)? Sirios (GUA)? Africanos (UFES)?
Kevin D. BRADFORD - editor, Ralph D. Winter – editor, Steven C. Hawthorne – editor, Perspectivas no movimento cristão
mundial - Subtítulo: Perspectivas bíblica, histórica, cultural e estratégica no movimento de evangelização mundial, Editora Vida
Nova, ISBN: 978-85-275-0420-1
David J.BOSCH, Missão Transformadora - Subtítulo: Mudanças de Paradigma na Teologia da Missão 2ª Edição, Editora
Sinodal/CLAI.
LEITURAS RECOMENDADAS
Arturo PIEDRA, Evangelização protestante na América Latina Vol. 1 e 2 - Subtítulo: Protestantismo - América Latina - História
da Igreja, Editora Sinodal/CLAI.