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DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA. O QUE EU TENHO A VER COM ISSO?

“Pensar o Dia da Consciência Negra do ponto de vista da Psicologia é pensar nos


efeitos que o racismo traz na construção da subjetividade do sujeito. Racismo, na
maioria das vezes, imprime marca negativa, que leva o sujeito a se enxergar de forma
inferiorizada. O racismo promove humilhação, que atinge o sujeito naquilo que o
constitui, sua identidade. A importância da Psicologia estar articulada, sensibilizada e
trabalhando o tema é para que ela possa estar a serviço da população, a serviço de
construir um sujeito mais pleno, mais saudável psiquicamente”, afirma Maria Lúcia.

Cabe aos psicólogos colocar a sua prática a serviço da promoção da igualdade, da


justiça e do respeito à diversidade, reconhecendo a necessidade do resgate das dívidas
históricas do Brasil na relação com os negros brasileiros.
https://site.cfp.org.br/dia-da-conscincia-negra-psicologia-pela-promoo-da-igualdade-tnico-
racial/

A história do Brasil passa irremediavelmente pela escravidão. No mês


da Coinciência Negra, é importante falar de origens, para promover
aceitação e derrubar, inclusive, os autopreconceitos.

Dia da Consciência Negra, dia 20 de novembro, faz referência ao dia


em que Zumbi dos Palmares foi capturado e morto, em 1695, pelas
expedições da coroa portuguesa, as quais lutavam para dominar o
Quilombo dos Palmares. Zumbi dos Palmares foi o último grande líder
do quilombo, local que funcionava como um abrigo para escravos
refugiados e que chegou a abrigar milhares de pessoas, tornando-se a
maior comunidade de resistência à escravidão no Brasil. A
psicóloga Patrícia Martins aproveita a data para falar da importância
da psicoterapia.
No Quilombo dos Palmares eram permitidas manifestações culturais e
religiosas distintas, diferentemente do que acontecia nas cidades, onde
as regras da coroa deveriam ser seguidas. Esse fato levou Zumbi a
ser reconhecido como o símbolo da resistência escrava, líder dos
negros e de todas as raças.

E o que isso tem a ver com psicoterapia?

Vamos lá! Pense em uma sociedade na qual apenas alguns tipos de


comportamentos e padrões são valorizados. Na época do Quilombo
dos Palmares, apenas se você nascesse branco e vindo de uma
família com posses financeiras é que teria valor na sociedade. As
demais pessoas, mesmo sendo a maioria da população, não eram
consideradas merecedoras de bons tratamentos, etc.

Hoje a situação é bastante diferente, a discriminação não existe mais


desta forma, mas ainda sofremos com vários resquícios desse período da
história do nosso país.
O mês da Consciência Nnegra propõe reflexões e conscientização
sobre o que é o negro e qual é o seu papel na história do país.
Propõe, principalmente, a valorização da cultura negra e como essa foi
e é importante em vários aspectos de nossa cultura, tanto políticos e
sociais como gastronômicos, religiosos, artísticos, etc.
É importante reconhecer quais são as nossas origens e nossa história
para compreender a atualidade e valorizar os fatores que foram
cruciais nesse processo. Desde 2011, o dia 20 de novembro foi
instituído por lei como o Dia Nacional de Zumbi (o Zumbi dos
Palmares) e da Consciência Negra, para valorizar ainda mais a
discussão sobre a nossa história e diminuir preconceitos e
autopreconceitos.

A psicoterapia e os autopreconceitos

Com relação aos autopreconceitos, a psicoterapia tem muito a


contribuir. Em nossa sociedade atual existem, por exemplo,
vários padrões de beleza que são inalcançáveis para a maioria da
população, mas mesmo assim esses padrões permanecem e ditam
várias tendências. Porém, se sempre tomarmos como premissa que
tais padrões devem ser aceitos e entendidos como regras, deixaremos
que a nossa autoestima e segurança sejam afetadas por algo externo.
Um dos principais objetivos da psicoterapia, seja ela de qual subárea
for na psicologia, é trabalhar a subjetividade humana para que a pessoa
possa se sentir segura, capaz e com autoestima suficiente para sonhar
em sempre se desenvolver e buscar felicidade. Indiferentemente de
atributos físicos, raciais, religiosos, etc.
Compreender a necessidade de ser autêntico, de criar ambientes para a
autenticidade surgir e ter reconhecimento por ser alguém importante
criará sentimentos de liberdade e de aceitação. Consequentemente,
tornará os sentimentos de autovalorização e amor próprio fortes o
suficiente como para proporcionar bem-estar.
Revisitar sua própria história, a qual é formada também pela história
de seu povo e raça, pode ser um bom recurso para você ter
autoconhecimento e aprender a si amar mais. Pensar em psicoterapia é
pensar em acabar com os autopreconceitos, assim como acontece com
as discussões trazidas pela Consciência Negra.
Diversidade gera riqueza e pode ser assim, com toda essa pluralidade
cultural, racial, étnica, religiosa!

https://br.mundopsicologos.com/artigos/mes-da-consciencia-negra-o-que-psicoterapia-
tem-a-ver-com-isso

Daniela Piroli Cabral (contato@danielapiroli.com.br)


Ontem, dia 20 de Novembro, comemorou-se mais um dia da Consciência Negra, data que
tem o principal objetivo a reflexão sobre a inserção social do negro no Brasil. A data
coincide com o aniversário de morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, e também nos
lembra que neste ano de 2018 completamos 130 anos de abolição da escravidão.
No entanto, não podemos esquecer que, antes disso, vivemos um período de mais de 300
anos de imigração forçada dos africanos para o Brasil, o que nos deixou uma forte herança
escravocrata que foi estruturante de nossa organização sócio-histórica e que até hoje tem
fortes impactos em nossa cultura, nossas instituições, nossa identidade e subjetividade.
É inegável que ainda há um longo caminho a ser trilhado no sentido do reconhecimento
desta história de opressão e submissão dos negros e de superação da condição de
“marginalidade” da população negra.
A desigualdade social ainda se faz presente nos diversos campos: da representatividade
política, da participação e do lugar social destinado ao negro, do acesso aos direitos
fundamentais tais como trabalho, saúde, educação, da vulnerabilidade, da violência física
e psicológica e do preconceito racial.
O espaço aqui é pequeno para tecer toda reflexão que a temática exige – e há abaixo, nas
referências, algumas sugestões de leitura e filmes que fazem, bem melhor que eu, este
papel de problematização.
Então, minha mensagem para vocês leitores é para que olhemos todos,
independentemente da pigmentação de pele, para o racismo que vive dentro de nós. O
racismo que foi construído e cristalizado por nossa educação excludente. O racismo que
faz com que reproduzamos discursos hegemônicos para garantir nossos “status quo”, que
acabam por legitimar inadvertidamente a violência cultural.
O racismo que nos cega para a empatia e nos tornam indiferentes e hostis ao que é
“diferente” do que aprendemos a perceber como esteticamente belo e ideologicamente
dominante e correto.
O racismo que nos impede de abrirmos mão das nossas verdades e de nos
reconhecermos e nos identificarmos como negros, negando as nossas raízes culturais e a
própria miscigenação do nosso povo.
O racismo que define quem merece viver e quem merece morrer. O racismo que insiste
em legitimar lugares e espaços de fala só para alguns e reforçar os conflitos entre
emancipação e subserviência. O racismo que “opera uma seletividade entre quem tem ou
não tem o direito a uma vida cidadã, entre quem deve ser preservado e protegido e quem
é a vida indigna, que não merece ser vivida” (p.572).
Para saber mais:

 Documentário da ONU sobre o racismo Disponível


em: https://www.youtube.com/watch?v=m6NJQyRPW7o&t=2s
 FREYRE, G. Casa Grande e Senzala.
 JESUS, M. C. Quarto de Despejo.
 ZAMORA, M.H.R.N. Desigualdade Racial, Racismo e Seus Efeitos. In: Fractal –
Revista de Psicologia, v.24, n,3, p.563-578, 2012.

https://blogs.uai.com.br/mirante/2018/11/21/dia-da-consciencia-negra-sobre-o-racismo-
e-as-relacoes-de-escravidao-modernas/

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