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Origens dos termos educativos classe e curriculum 1/9

David Hamilton (*) Origens dos termos educativos "classe" e "curriculum". Revista Iberoamericana de
Educación Número 1 - Estado y Educación Enero - Abril 1993. Organización de Estados Iberoamericanos
Para la Educación, la Ciencia y la Cultura. http://www.rieoei.org/oeivirt/rie01.htm
(*) Universidad de Liverpool

A separação dos estudantes em classes se constituiu numa das inovações pedagógicas mais importantes de toda a história da edu-
cação. (Mir, Aux Sources de la Pédagogie des Jésuites, 1968) (1).

Dificilmente se poderia supervalorizar a importância desta inovação (a ideia de um "currículo") na história da educação. (Ras-
hdall, The Universities of Europe in the Middle Ages, 1936) (2)

I O discurso da escolarização se apresenta co- "dados a retomar aos Antigos" (4). Assim pois, nesta
mo um instrumento histórico, porém suas correla- perspectiva, a prática renascentista guardava conti-
ções históricas nem sempre são evidentes. Alguns nuidade com o precedente medieval: as "classes" já
termos, como Jardim da Infância e Máquina de En- existiam e o único que faltava era a etiqueta adequada
(5)
sinar (Kindergarten e teaching machine), podem ser facil- .
mente relacionados a determinados períodos da his- Esta argumentação, entretanto, apresenta
toria da educação, mas outras expressões, como uma serie de problemas. Em primeiro lugar, os re-
"classe" e “currículo", foram se universalizando, formadores renacentistas elegeram novas designa-
ocultando suas origens e sua evolução aos especialis- ções, não só por sua afeição aos autores Clássicos,
tas em educação e aos historiadores. mas também porque desejavam se distanciar das
Quando, por exemplo, os historiadores fa- práticas medievais. Em segundo lugar, em 1416 foi
zem referencia ao "currículo" da universidade medie- descoberta uma versão íntegral das Instituciones de
val, inconscientemente impõem a linguagem do pre- Quintiliano. Assim, por que esperar mais de cem
sente à escolaridade do passado; o resultado é a ex- anos para incorporar o termo classe à linguagem da
cessiva ênfase atribuída à estabilidade das práticas escolarização?. Em terceiro lugar, por que Erasmo,
educativa, e os especialistas na matéria ficam com a humanista preeminente, não tomou as expressões de
impressão de que o ensino e a aprendizagem estão Quintiliano já em suas primeiras obras sobre educa-
relativamente a salvo das turbulências das transfor- ção, De Copia (primeira edição de 1512) e De Ratio
mações históricas. Studii (primeira edição de 1511) estavam profunda-
Seriam os historiadores os únicos culpados mente influenciadas por Quintiliano, tanto no que
desta distorção? Penso que não. A comunidade edu- respeita ao conteúdo quanto aoo estilo (6) e, para
cativa, em seu conjunto, também é responsável por maior fundamentação, até o título do De Copia foi
não mostrar pontos de referencia conceituais para tirado de uma frase de Quintiliano (7).
iluminar o passado pedagógico. Em suma, os histori- O primeiro uso conhecido de "classe" - em
adores falham ao estabelecer a diferenciação crono- fonte não citada por Ariès- aparece em um informe
lógica e os especialistas em educação falham em não abreviado da Universidade de París, publicado em
fazer a diferenciação conceitual. Para sair deste ato- 1517 por Bobert Goulet, professor de teología. A
leiro é necessário situar os lugares comuns da escola- última parte do Compendium Universitatis Parisiensis de
rização mais próximos do plano de análise educativa, Goulet incluía uma serie de preceitos que, segundo
pois a escolarização não é uma referencia remota das Goulet, deveriam ser adotados por qualquer pessoa
mudanças educativas, mas sim a verdadeira trama que desejasse fundar ou reformar um colegio. Além
destas transformações. de exortar os leitores a seguir o modo de vida e de
ensino já praticado em Paris, o primeiro preceito de
II A dissertação mais completa sobre as origens Goulet descrevia o planejamento mais adequado ao
das classes na escolarização se encontra no livro Centu- colegio: "Devería contar, pelo menos, com doze classes ou
ries of Childhood (edição original de 1960) de Philipe pequenas escolas, segundo as exigencias de espaço e número de
Ariès. Este autor observou que, embora o termo estudantes" (8).
classe não apareça nos escritos medievais sobre esco- A justaposição que Goulet faz entre "classes"
larização, ele teve um uso corrente, já na Antiguidade e "escolas" manifiesta a coexistencia de usos medie-
Clássica (por exemplo, nas Instituciones de Quintiliano, vais e renascentistas do termo. No texto também se
do ano 95 d.C.) (3). Por isso Ariès sustenta que a rea- reflete o duplo significdo do termo "escola" no perí-
parição de "classe" –na descrição que Erasmo fazia, odo medieval.Tanto poderia se referir a um grupo de
em 1521, da St. Paul's School de Londres- ocorreu pessoas ou ao local onde se ministrava o ensino. Por-
porque os reformadores renascentistas eram muito tanto, que significado se deve atribuir à vinculação
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entre classe e escola pequena? Goulet se referia à idade e Em primeiro lugar, não havia presuposição que os
ao número de estudantes, ou estava dizendo que os estudantes estivessem aprendendo o mesmo assunto
novos locais de estudo (ou grupos) deveriam ser simultaneamente. Em segundo lugar, não havia ne-
menores que os utilizados anteriormente para a do- cessidade pedagógica de que todos osestudanttes
cência? Alem disso, quais eram as práticas às quais permanecessem na presença do professor durante
Goulet se referia como aprovação? Para compreen- todas as horas letivas; com a mesma facilidade podi-
der estas colocações é necessário observar mais deti- am estudar (ou memorizar) suas lições em qualquer
damente as formas adotadas pela escolarização medi- lugar. Em terceiro lugar não se esperava que os estu-
eval. dantes permanecessem na escola, uma vez que tives-
sem alcançado suas próprias metas educativas. Em
III Como já foi assinalado, a escola medieval era, síntese, a escolarização medieval era uma formação
sobretudo uma relação entre um professor particular organizacionalmente frouxa que podia abarcar com
com cada um dos estudantes de um grupo. De modo facilidade grande número de estudantes. Sua aparente
similar aos Mestres dos grêmios e corporações e seus frouxidão (por exemplo o absenteísmo ou o fato de
aprendizes, os professores admitiam estudantes de que as inscrições não correspondiam a frequência)
qualquer nível e, portanto, a organnização do ensino não signifcava fracasso da organização escolar; era
se apoiava de maneira notável sobre bases individu- mais uma resposta prefeitamente eficiente às deman-
ais. Tal individualização, por sua vez, por sua vez, das que se formulavam (10).
retroalimentava a organização geral da escolarização.

FIGURA 1 Uma aula do século dezeseis ilustra a coexistencia de clasificaçao e ins-


trução individualizada. Obseerve-se o ajudante do profesor ao fundo da sala. Fonte: Cartel de
coplas alemán, traducido al inglés y publicado en 1575. (Pliego de la Balada de Euing, nº 1, Biblioteca de
la Universidad de Glasgow, Departamento de Colecciones Especiales).

Estas práticas medievais passaram gradual- sas, o problema da propriedade fundiária dos propri-
mente por um processo de reordenação, numa se- etários que desejavam transformar suas “posses” em
quência de etapas que enfatizaram o termo “classe”. propriedades de pleno direito (11). Em comparação
O processo de inovação teve 3 focos importantes: as com as escolas catedralícias, Bolonha era um centro
Univrsidades de Bolonha e Paris, e as escolas que, no educativo muito mais mundano, quer dizer, muito
século XV, estavam associadas à Irmandade da Vida mais secular e laico. Mesmo assim o ensino oferecido
Comum, movimento devocional originado nos Pai- pelos juristas era comparável àquele dos outros gru-
ses Baixos. pos profissionais da cidade. O saber e as habilidades
Durante os séculos XII e XIII, estudantes se transmitiam aos candidatos que podiam pagar as
adultos de toda a Europa se dirigiam a Bolonha para taxas de admissão e os custos de manutenção; um
estudar com um grupo de juristas inovadores, cuja pequeno número de aprendizes talentosos ascendia à
revisão dos códigos legais resolveu, entre outras coi-
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condição de membros da confraria ou corporação grande número de estudantes e também outros pro-
dos juristas de Bolonha. fessores; todos viviam e trabalhavam ali fora do con-
Entretanto em outros aspectos os estudantes trole direto do Chanceler da Catedral (14). Até 1215
de Bolonha eram diferentes. Enquanto forasteiros estes professores “externos” haviam criado sua pró-
eram privados dos direitos civis concedidos aos cida- pria corporação e seu estatuto de autogoverno. O
dãos. Muitos eram pessoas importantes em suas ter- chanceler continuava expedindo os títulos, porém os
ras de origem, e se encontravam bem equipados do professores controlavam a admissão ao seu próprio
pondo (de vista financeiro, social e intelectual) para consórcio de professores (15).
enfrentar estas dificuldades. Assim os estudantes de Durante o século XIII as relações de poder e
Bolonha se reuniram para formar sua lprópria corpo- controle entre os professores e o Chanceler foram
ração e estabelecer e formalizar relações com as au- redefinidas por uma nova estrutura organizacional.
toridades civis. Ao mesmo tempo formalizaram os Diversos benfeitores – provavelmente gratos pelos
vínculos com os juristas. De acordo com um histori- conselhos jurídicos recebidos de administradores e
ador contemporâneo, esta última articulação configu- secretários formados na Universidade – fundaram
rou um regime estraordinariamente rigoroso de con- “colégios” “pedagogias” e “casas” (por exemplo a “Casa
trole do ensino por meio dos estudantes, envolvendo de Sorbonne”, fundada em 1257); eram residências
a nomeação de professores e as sanções monetárias estudantis (não de docentes) quenão estavam vincu-
impostas pelos estudantes em caso de ensino defici- ladas a determinada ordem religiosa, embora adotas-
ente (12). sem uma regra ou disciplina comparáveis.
Embora os estudantes controlassem a organ- Inicialmente os colégios eram pequenos. O
lização da docência, os professores retiveream o di- primeiro, fundado em 1180, albergava somente 8
reito de expedir os títulos. Inicialmente estes títulos estudantes. Porém, à medida em que passava o tem-
se limitavam a admitir os estudantes na corporação po, o caráter dos colégios modificou-se. Primeiro
local; depois, a lpartir de 1219, os professores obtive- aceitaram internos que pagavam por sua estadia. A
ram como privilégio papal o direito de conferir (com seguir começaram a ministrar ensino, não só a seus
a autorização do Arcebispo de Bolonha) licenças próprios moradores como àqueles de outras residên-
docentes que tinham validade eclesiaásticas e civil em cias. Isto trouxe a certos colégios mais recursos fi-
todos os domínios papais, isto é, em toda a cristan- nanceiros e maior influência e os seus novos clientes
dade. Armados com este privilégio – o ius ubique estavam submetidos a menos controle e disciplina do
docendi- os professores licenciados já não estavam que os estudantes pobres. Esta combinação de forte
submetidos às restrições locais sobre a posse e o autoridade básica e fraca disciplina interna é a justifi-
exercício de cargos. A intenção desta intervenção cativa para os ataques contra a autonomia colegial.
papal foi aumentar a prodoução de administradores Os críticos sustentavam que a Universidade estava
civis e eclesiásticos (13). Para aumentar sua esfera de descumprindo sua missão social e, em consequência
influência a Igreja de Roma transformou uma corpo- do clima de liberdade dos colégios, ela havia se con-
ração de professores e estudantes de Bolonha em vertido em campo de cultivo de sentimentos anti-
uma escola internacional de empresários. monárquico e antiestatal. (16).
No que toca aos professores, o ius ubique Diversos historiadores indicam que estas crí-
docendi significou o auge da atividade docente; para ticas tiveram um impacto decisivo. Com o pretexto
os estudantes proporcionou um incentivo não só de substituir a anarquia por ordem (17), a autoridade
para aprender, mas também para adqirir o prestígio do Chanceler, os professores e os colégios passaram
social derivado do fato de ser um graduado (o direito ao controle das autoridades laicas e do clero secular.
de usar o título de mestre). Sob a influência de tais Em 1446, por exemplo, a jurisdição do Parlamento
pressões políticas e sociais, as instituições educativas se estendeu a todos os casos civis dentro da Univer-
como as de Bolonha, começaram a crescer em tama- sidade, com base no princípio que só o rei e sua cor-
nho, número e autoridade. Algumas outras como a te teriam o direito de aprovar a criação de corpora-
Universidade de Paris, se organizaram de acordo ções (18). Com estas e outras intervenções semelhan-
com princípios próporios de disciplina e administra- tes (por exemplo as reformas do Cardeal
ção. d’Estouteville em 1453), a Universidade de Paris foi
destituída de seu principal privilégio e de sua inde-
IV A Universidade de Paris foi um apêndice da pendência (19). Seu estatus de universidade internacional
catedral local – uma escola diocesana, produto de um mudou para o de instituição nacional ciscunscrita (20). Esta
decreto papal do século XI, editado com a finalidade transformação não foi um simples ajuste na mesa de
de que a Igreja formasse seus próprios administrado- negociações acadêmica; foi sobretudo uma indicação
res em lugar de utilizar o pessoal secular. Durante o de que a Universidade de Paris estava saindo da orbi-
século XII certos professores importantes – princi- ta da Igreja de Roma para cair nas mãos dos interes-
palmente Pedro Abelardo (1142) – atraiam a Paris ses políticos nacionais. A autonomia local – permiti-
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da dentro de linhas demarcadas por uma autoridade (fundador da Academia Protestante de Estrasburgo
distante – foi substituída por formas de controle em 1538) (28).
hierárquico bem desenhadas para servir aos interes- A história inicial dos Brethren não é clara (29),
ses do Estado Nacional (21). porém parece que desde o século XV começaram a
A translação de autoridade que acompanhou admitir jovens em suas comunidades (30). Em alguns
estas modificações afetou também os colégios. O casos as crianças era dados aos Brethren como candi-
poder e o privilegio se concentraram nos escalões datos a uma futura promoção interna; em outros
superiores (ou seja, entre os doutores). Por outro casos os pais ou responsáveis siplesmente as entre-
lado os estudantes ficaram (supostamente) sob sul- gavam com o propósito de que recebemssem alguma
pervisão constante. Os colégios passaram á mesma educação formal. Além disso parece que as escolas
regularidade e à mesma ordem que outras instituiões dos Brethren admitiam também estudantes pobres
civis francesas (21). No final do século XV esta redis- que poderiam pagar seus gastos contribuindo no
tribuição de poder também se refletiu na divisão trabalho de cópias.
interna dos colégios em diversas cohortes estudantis. Além de ser lparte de uma unidade religoosa
Nesta época o rápido crescimento no número de o “colloquium” (por exempllo o Colloquium Zwolle),
estudantes exernos mais jovens havia modificado cada uma das casas locais ou escolas(31) dos Brethren se
totalmente os colégios – de acordo com Ariès – con- dividia em vários setores. Parece que durante o man-
vertendo-os, para todos os efeitos, em grandes esco- dato de John Cele de Zwolle, entre 1374 e 1417, los
las para externos (23). Em tais circunstâncias não se Brethren começaram a dividir suas escolas em oito
podia aplicar o controle por meio dos requisitos de grupos de graduados (32). Diz-se também que Zwolle
residência. A vigilância se exercia através de uma certa vez atraiu 1.200 estudantes (33), cifra compara-
regulamentação mais severa da freequencia e do de- vel àquelas citadas por Alkmaar (900 estudantes),
sempenho dos estudantes. Ainda segundo Ariès, Herzogenbusch (1.200 estudantes) e Deventer (2.200
estas reformas surtiram um efeito profundo na vida estudantes) (34).
universitária, transformando cada administração de Os números de Deventer – referentes ao
colégio em um sistema autoritário, e cada agrupa- mandato de Alexander Hegius entre 1483 e 1498 (35)-
mento de estudantes e professores em um estrito indicam que cada nível das escolas dos Brethren teria
governo dos alunos pelos mestres (24). em média 275 estudantes. Esta dimensão da classe
Além disso, segundo Mir, esta foi a época em parece haver perdurado até 1520, face a que em data
que se utilizou pela primeira vez o moderno sentido posterior Surm falava em 200 estudantes em cada
de classe – embora ainda não a denominação – nos nível da escola dos Brethren em Liege onde ele tra-
estatutos do Colégio de Montagiu: no programa de balho engre 1521 e 1524 (36). Entretanto há uma dife-
Montagiu de 1509 se encontra pela primeira vez em rença chocante entre estas cifras e aquelas das classes
Paris a divisão exata e clara dos estudantes em clas- de dezeseis alunos no informe de Erasmo sobre a
ses, isto é, divisões graduadas por estágios ou níveis Escola de São Paulo, em que se previa a admissão
crescentes de complexidade, de acordo com a idade e total de 153 estudantes em 1509 (37).
os conhecimentos adquiridos pelo estudante (25). Por todas estas razões creio que se deve ter
Embora o Colegio Montagiu tenha inaugurado o muita cautela antes de relacionar as classes da Escola
sistema de classes em Paris, existe outra evidência de de São Paulo com as divisões dos colégios de Paris
que, por volta de 1509 a divisão das comunidades ou com as escolas dos Brethren. Em certo sentido as
educativas amplas em cohortes relativamente peque- primitivas cohortes devem ser consideradas mais
nas já se observava nas escolas dos Brethren da La como unidades pedagógicas do que administrativas.
Vida Comum. Dentro delas as práticas pedagógicas seguiam repro-
duzindo os métodos medievais individualizados. Por
V Os Brethren se distinguiam de monges e fra- outro lado os educadores renascentistas não apenas
des por sua organização e suas origens. Em primeiro acrescentaram controles mais ajustados aos procedi-
lugar, partilhavam de uma vida comum sem fazer mentos administrativos de seus predecessores como
votos vinculantes; em segundo lugar, eram essenci- também fizeram com que os agrupamentos resultan-
almente produtos da municipalidade medieval (27). tes (escolas menores) servissem tanto às metas peda-
Também não sobreviviam pedindo esmolas, mas gógicas quanto às administrativas. Este novo estado
empregavam doações de benfeitores, honorários do de coisas, consolidado na segunda metade do século
ensino e pagamento pela cópia de livros. Os Histori- XVI, induziu Gouler e Erasmo a adotar umanva
adores da Educação têm prestado grande atenção aos linguagem da escolaridade.
Brethren por conta de sua associação a educadores
humanistas importantes. Além de Erasmo, os VI Se isto é verdade, a argumentação de Ariès
Brethren no emprego escolar de John Standonck precisa ser revista. A palavra “classe” não aparece
(Reitor de Montagiu entre 1483 e 1499) e John Sturm como substituto de “escola”mas sim em sentido restri-
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to para identificas as subdivisões no seio das escolas. da Univrsidade de Glagow, de 1633. A palavra apa-
Os pensadores renascentistas acreditavam que a rece em um atestado de graduação outorgada a um
aprendizagem em geral, e as escolas municipais em professor, redigido em formulário que, como se
particular se promoveriam com maior eficiência atra- mostra na reimpressão do século XIX, havia sido
vés de unidades pedagógicas pequenas. Estas classes promulgado “pouco depois”(41) da reforma da Uni-
se converteram em parte dos textos minucionamente versidade, realizada pelos protestantes em 1577. Seria
coreografados que, como afirmam os historiadores, se historicamente representativa a citação deste dicioná-
utilizaram nas escolas francesas do século XVI (e em rio? Se deriva do fato que o editor original do dicio-
toda a Europa) para controlar os professores e os nário James Murrau havia sido professor na Escócia?
estudantes de modo a que pudessem ensinar e De fato, o material reimpresso em outras universida-
aprender matérias difíceis em um mínimo de tempo des escocesas e do norte da Europa já mostrava um
(38)
. uso anterior do termo currículum (42) (com a única ex-
Parece que se reuniram três novas manifes- ceção dos regitros da Universidade de Leiden, de
taões sociais para impulsionar a emergência do termo 1582).
“classe”. Em primeiro lugar, surgiram novas pautas Estas questões nos fazem levantar a questão
de organização e controle como resposta a uma crise histórica com maior clareza. Por que Leiden? Por
da adminstração e do governo durante o século XV. que Glasgow? A conexão mais evidente estre estas
Em segundo lugar os administradores educadores do duas instituições é que, durante a última etapla do
Renascimento extenderam estes argumentos a uma século XVI, ambas foram influenciadas pelas ideias
cuidadosa supervisão pedagógica dos estudantes. calvinistas. Leiden foi fundada em 1575 com o pro-
Finalmente, um humanista não identificado reconhe- pósito específico de formar pregadores protestantes,
ceu que a primitiva acepção de “classe” em Quintilia- e a reorganização de Glasgow, na mesma década,
no era relativamente vaga, o que permitia a sua adap- obedecia a propósitos similares. Assim, qual poderi-
tação às novas circunstâncias. am ser as conexões entre protestantismo, calvinismo
Todos estes acontecimentos e resultados e currículum?
configuram a forma de escolaridade pós-medieval. Como no caso do termo “classe”, a resposta
Significam uma ruptura importante com o passado, e parece relacionada à propagação dos novos princí-
indicaram um vinculo mais focalizado sobre os vín- pios sobre a eficiência da escolarização, em particu-
culos entre a escolarização e o controle burocrático, lar, e com a eficiência da sociedade, em geral. Porém,
e sobre a relação engtre escolarização e estado. por que a teoria educativa calvinista adotou uma pa-
Porém, se a adoção das classes deu origem à lavra latina que significa “movimento progressivo”, ou
ideia de que toda aprendizagem em sem tempo e “percurso”? Mais especificamente, que novas aspira-
lugar (expressa no Colégio de Nimes em 1544) (39), ções educativas se procuravam ao adotar o termo
também criou problemas de articulação interna: co- “curriculum”?
mo unificar as distintas frações de uma escola para A resposta a esta última questão foi indicada
administra-las como um todo? As tentativas do sécu- pelas pelas acepções originais de “currículum”. Em
lo XVI de dar resposta a esta pergunta são a base da Leiden e Glasgow o termo currículum fazia referên-
segunda parte deste capítulo: o surgimento do termo cia ao curso multianual total que seguia cada estudan-
currículum. te, não a uma unidade pedagógica mais curta. No
VII Em comparação com o termo “classe”, pare- caso de Leiden, por exemplo, se utilizava a formula-
ce haver uma ausência de discussão a respeito das ção: havendo completado o currículo de seus estudos (43).
origens do termo “currículum”(40). Um ponto de par-
tida adequado seria o Oxford English Dictionary, que
localiza a lprimeira fonte do currículum nos registros
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Primeiro aparecimento conocido do termo "currículum", em uma versão de "Professio Re-


gia" de Peter Ramus, publicada como obra póstuma por Thomas Fregius de Basilea em
1575. (Departamento de Colecciones Especiales de la Biblioteca de la Universidad de Glas-
gow).

Assim, o termo currículum parece confirmar método esistia como uma arte intelectual agradável,
a ideia – já referida na adoção do termo classe – de não como uma ciência intencional da técnica.
que os distintos elementos de um curso educativo Em nenhuma parte se faz mais evidente a
seriam tratados de modo unitário (44). Qualquer curso distinção na dialética (o ramo da filosofia aplicada
digno deste nome deveria incorporar disciplina (no qua analisa a estrutura da linguagem). Os dialéticos
sentido de coerência estrutural) e ordem (no sentido do Renascimento tardio, ao contrario de seus prede-
de sequência interna). Portanto, falar de currículum cessores, se aproximaram da dialética por uma prers-
implica algo tanto para ser seguido como ser conclu- pectiva prática. Seus manuais dialéticos substituuiram
ído; implica sequencia, extensão, formatura estudan- as regras aparentemente inesgotáveis, por preceitos
til, a emergência do currículo aumentou o sentido de condensados e simplificados. Escreveram para uma
controle no ensino e na aprendizagem. audiência geral, não para lógicos profissionais. Por
tanto, a dialética foi recomposta para que fosse mais
VIII Dos elementos constitutivos do currículum, a fácil aos estudantes extrair e aplicar as verdades ins-
ordem e a disciplina, parece que o primeiro é o que critas nos discursos e escritos dos grandes pensado-
aparece com maior força nos debates educativos do res. As técnicas foram reduzidas a uma forma que se
século XVI (45). A vinculação das ideias sobre a or- podia comunicar com facilidade. Entre outras coisas,
dem com uma mudança na signicação do termo mé- esta reformulação da dialética – encaminhada à con-
todo parece ter sido uma conexão fundamental. Em cisão sequencial e à facilidade de comunicação – foi
épocas anteriores methodus denotava procedimentos o que deu ao método sua nova linearidade.
de investigação ou analise, mas não transmitia o sen- Nesta evolução tiveram papel destacado vá-
tido de apresentar linhas mestras que pudessem ser rios professores dialéticos; os mais recomentados são
rapidamente assimiladas e facilmente aplicadas. O Sturm, Melanchthon e Ramus. O primeiro tratamen-
to do método de Sturm apareceu em 1539, um ano
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depois de haver fundado o Gymnasium de Estras- XVII. Quando Gaspar Pfaffad reformulou a estrutu-
burg. Suas referências aos aspectos práticos do ensi- ra do argumento em seu De Studii Rameis (1597), a
no eram bastante explícitas: uma arte é uma coleção escolarização reformada (ou Educação Formal) pro-
abundante de proposições. Porem para instituir as diversas porcionou os meios com os quais o ser humano po-
artes é hecessário utilizar um caminho determinado, curto e deria alcançar sua perfeição natural (57).
direto, uma espécie de atalho. Os gregos chamam a isso método
e se pode empregar para o ensino e a comunicação (48). IX Isto é suficiente no que diz respeito ao méto-
Ao destacar a relevância da apresentação e da do, porém quanto e onde se liga com o termo currí-
comunicação (que pertencem origiariamente ao estu- culum? Aqui se pode perceber a relação com o Cal-
do da retórica) Sturm inicia a redefinição da Dialéti- vinismo. Depois da morte de Ramus em Paris, suas
ca. Neste processo também se ampliaram as frontei- ideias sobre a dialética se propagaram na Alemanha,
ras do método. A dialética deixa de aplicar-se unica- a partir do trabalho preparatório de Sturm e Melan-
mente ao estudo do discukrso escrito e falado. Em chton. A influencia das ideias de Ramus na Alema-
troca, se começa a destacar o conjunto de procedi- nha, segundo o estudioso jesulita Walter Ong, foi
mentos estandardizados com relavância para a solu- mais intensa nas zonas influenciadas pelo Calvinismo
ção de todos os progemas intelectuais (49). (59)
A partir destas áreas – a comarca do Reno e as
Esta aplicação ampliada do método se faz áreas próximas –as ideias ramistas chegaram aos de-
explícita nos escritos de Philip Melanchthon (1497- mais setores Calvinistas dos Paises Baixos.
1560), fundador do Gymnasium Luterano de Nu- Ong não tentou explicar a atração recíproca
remberg (1526). Por eexempllo, em seu Questões de entre ramismo e calvinismo, porém uma explicação
Dialética, de 1547, Melanchthon escreveu: O método plausível seria que o caráter omnicompreensino das
é um habito, isto é, uma ciência ou arte que descobre noções pedagógicas de Ramus se harmonizou facil-
e abre caminho através de lugares saturados e impe- mente com as ideias calvinistas sobre a necessidade
netráveis e estrai e ordena as coisas pertencences à geral de formas bem ordenadas de organização soci-
materia. al. Até a década de 1570 os seguidores de Calvino
Estas primeiras sugestões para realinhar a (morto em 1564) em Genebra e outros lugares esta-
dialética foram colocadas abertamente em todos os vam ocupados organizando seus próprios assuntos
escritos de Peter Ramus (1515-1572), professor da eavangélicos segundo estas linhas estruturadas. Uma
Universidade de Paris e antigo aluno de Sturm. Inici- escola bem ordenada, da mesma forma que uma igre-
almente ramus reafirmou os aslpectos sequenciais do ja bem organizada, eram consideradas essenciais para
método dialético: “O método (escreveu na edição de a manutenção das ideias Calvinistas, tal como se ha-
1569 da sua Dialética) é a disposição por meio da qual via ocorrido com as sucessivas edições da Instituições
o primeiro enunciado se situa em primeiro na ordem da Religião Cristã. Segundo Tawney, lpor exemplo,
absoluta do conhecimento; a seguinte se apreenta a uma regra de vida estava na essência do calvinismo
(60
seguir, e assim sucessivamente; há uma progressão . Ou ainda como disse Calvino em 1539, para estar
sem ruptura” (51). bem coeso, o corpo da Igreja deve estar unido pela
Em segundo lugar, Ramus destacou consien- disciplina e energia (61. Assim, desta lperplectiva, a
temente a possibilidade da generalização intelectua e ideia Ramista de método, com suas insinuações de
a ilmportãncia pedagógica do método dialético, sus- regularidade, poderia ocupar a mesma posição de
tentanto que era não apenas apropriado para as artes centralidade nas propostas educativas calvinistas que
filosóficas, mas também “para toda matéria que quei- o preceito de disciplina, que já se mantinha na prática
ramos ensinar fácil e claramente” (52). social calvinista.
As ideias de Ramus eram polemicas, princi- Estas reflexões a respeito da direção e do
palmente para os filósofos cujas práticas ele queria controle da escolaridade poderia explicar a vincula-
combater. Porém a julgar pelas 150 edições de sua ção entre o Ramismo e o Calvinismo, porém, de
Dialetica, publicadas entre 1555 e 1600 (53) não resta onde apareceu realmente a palavra currídulum? Des-
dúvida que essas ideias encontraram uma audiência graçadamente aqui o panorama é algo confuso. As
propícia e receptiva, principalmente entre os profes- descrições figuragivas da vida como carreira ou como
sores. Ao constituir um híbrido de cânones lógicos curso eram recorrentes nos Comentários de Calvino
da dialética com as regras de comunicação e apresen- (1540-1556) (63, porém as palavras latinas empregadas
tação da retórica, o método ramista trouoxe ao ensi- em consonância com este propósito (em pelo menos
no uma organização sem precedentes (54). Alem disso 6 passagens diferentes) stadium e cursos, não currícu-
se sustenta que o ensino adquiria mais força e ou lum (64).
eficácia se se formalizasse ou metodizasse desta ma- A despeito da edição final (1559) da INSTI-
neira (55). Esta relação entre ordem, eficiência e aper- TUTOS aparece nos escritos de Calvino a expressão
feiçoamento chegou a ser fundamental para a refor- "vitae currículum" (ou "vitae currículo"); ainda continuam
ma da escola em finais do século XVI e princípios do sendo muito frequentes o uso dos tesmos "vitae cursu" ou
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"vitae cursum" (65). Em nenhum lugar aparece curricu- controle civil ou presbiteriano da Universidade). Po-
lum com um significado educativo. Tampouco tem rém em 1576, apenas 6 anos antes que a palavra cur-
forma educativa em nenhum dos registros do século rículo aparecesse nos registros da Universidade, se
XVI – impressos ou manuscritos – da Academia de conseguiu um compromisso escrito que ainda estava
Genebra, fundada em 1559. Este fato, que debilita a fortemente marcado pelo Calvinismo. (70).
pretensão de Genebra de ser a fonte originária do
termo currículum, pode-se vincular ao fato de que os X Embora esta história tenha alguns fios soltos
documentos genebrinos, desde a década de 1530, (por que o termo currículo substituiu o termo cur-
apareciam primeiro em Frances e depois eram tradu- so? Por que se adotou a palavra currículo de maneira
zidos ao Latim para uso das comunidades Calvinistas independente em Leiden e em Glagow?) em linhas
no estrangeiro (66). gerais parece estar clara. O termo currículo surgiu na
Por essa razão cabe a possibilidade de que o confluência de diversos movimentos sociais e ideo-
termo educativo currículum se originasse não em lógicos. Primeiramente sob a influência das revisões
Genebra mas no discurso latino de suas congrega- de Ramus, o ensino de dialética ofereceu uma peda-
ções afiliadas no século XVI. E é nestes momentos gogia geral apllicável a todas as áreas de aprendiza-
em que Leiden e Glasgow engram nesta história. Um gem. Em segundo lugar, a revisão de Ramus a respei-
portador da ideia de currículo (senão do próprio to da organização do ensino e da aprendizagem esta-
termo) pode ser o escodêl Andrew Melville o quel va em consonância com as aspirações disciplinares
ensinou por durante cinco anos (1569-1574) na Aca- do Calvinismo. Em terceiro lugar, a inclinação Calvi-
demia de Genebra, além de experiências nas Univer- nista para o emprego figurativo da expressão "vitae
sdades de St. Andews, Poitier e Paris (onde recebeu a currículum" – a qual remonta a Cícero (morto no ano
influência de Ramus). Depois de sair de Genebra a 43 a.C.) - se ampliou até incorporar os novos mode-
pedido de seus influentes amigos escoceses, com a los ordenados e sequanciais da escola do século XVI
(71)
idade ded 29 anos, aceitou a Reitoria da Universidade .
de Glasgow, na qual assumiu a responsabilidade de Em conclusão, afirmamos neste capítulo que,
introduzir reforma de acordo com os princípios de como parte da agitação política geral do Século XVI,
Ramus. a adoção dos termos currículo e classe indicam a
Durante a época de Melville em Glasgow existência de duas visões diferentes da Reforma Pe-
(1574-1580) a Universidade empreendeu uma grande dagógica. Em primeiro lugar se deu a divisão em
reorganização a que já nos referimos. Melville parecia classes e uma maior vigilância sobre os alunos. De-
considerar o Calvinosmo em termos organizativos pois veio o refinamento dos conteúdos e métodos
relativamente estritos, de modo similar aos sucesso- pedagógicos. O resultado líquido foi, sem dúvida,
res de Calvino em Genebra (por exemplo, Theodore cumulativo. Para o bem ou para o mal, o ensino e a
Beza). Assim, a aresidência em um colégio seria obri- aprendizagem ficaram mais expostos à vigilância e ao
gatória para o Reitor; cada professor (ou regente) se controle exteriores. Além disso, os termos currículo e
dedicaria a uma área de estudo limitada (por exem- classe entraram na agenda pedagógica simultanea-
plo, Latim ou Grego); a promoção dos estudantes mente quando as escolas estavam se abrindo a um
ficaria condicionada a uma conduta e progressos setor muito mais amplo da sociedade. (72). A escolari-
satisfatórios ao longo do ano; a Universidade, por zação municipal, que estava fora da jurisdição da
sua vez, avaliaria a conclusão do curso de cada um Igreja, ganhou popularidade, coisa que foi muito
dos estudantes, emitindo um certificado no qual apa- importante para as normas Protestantes (por exem-
receria pela primiera vez a palavra currículo em plo, o Livro das Disciplinas, publicado em 1560 pe-
Glasgow. (68 ). Como já foi comentado por outro his- los seguidores de Calvino na Escócia) difundiram a
toriador da Universidade de Glagow, estas propostas convicção de que todas as crianças, independente-
não apenas significavam que o ensino seguiria um mente de seu gênero e posição social, deveriam ser
plano rígido, mas que também a vida inteira de cada evangelizadas através da escolarização. Como resul-
estudante estaria aberta à supervisão do professor (69). tado, a agenda educativa medieval foi substancial-
Em Leiden foram seguidos caminhos muito mente modificada. O resto deste trabalho se dedica-
semelhantes. Um primeiro influxo de professores rá a rever as consequências pedagógicas desta nova
imbuídos do “espítiro de Genebra” desembocou agenda. (73).
logo na controvérsia (por exemplo, a respeito do

Notas
(1) Mir, G. C. Aux sources de la Pédagogie des Jésuites: Les (2) Rashdall, H. The Universities of Europe in the Middle
Modus Parisiensis. Roma, 1968, p. 160. Ages. Vol. a. Oxford, editado por F. M. Powicke y A.
B. Emden, 1936, p. 440.
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(3) Ariès, P. Centuries of Childhood: A Social History of la Edad Media véase Murray, A, Reason and Society in
Family Life. Nueva York, 1962, p. 176 (edición espa- the Middle Ages, Oxford, 1978.
ñola en Taurus, Madrid, 1988). Entre otras cosas, (14) Véase, por ejemplo, Southern, R. W. Op. cit.,
Ariès señala que el término "clase" no figura en Ma- 1982.
rrou, H. Histoire de l'Education dans l'Antiquité. París, (15) Bernstein, A. Pierre D'Ailly and the Blanchard Af-
1948. fair: University and Chancellor of Paris at the Beginning of
(4) Ariès, P. Op. cit., 1963, p. 180. the Great Schism. Leiden, 1978, p. 6. La tensión entre
(5) Ariès sostiene que "la idea (de clases) precedió la licencia (del canciller) y la iniciativa (del maestro)
durante largo tiempo a la palabra y ya era familiar también se discute en Cobban, A. B. Op. cit., 1975,
cuando se estableció la terminología" (ibíd. p. 177). p. 82.
Para un tratamiento detallado de la etimología del (16) Véanse Verger, J. "Les universités françaises au
término "clase", véase Clouatre, D. L. "El concepto siècle: Crises et tentatives de réforme", Cahiers
de clase en la cultura francesa anterior a la revolu- d'Histoire, 21, 1976, pp. 43-66; y Rashdall, H. Op. cit.,
ción", Journal of the History of Ideas, 45, 1984, pp. 219- vol. 1, 1936, p. 515.
244. (17) Ibíd., p. 526.
(6) Collected Works of Erasmus. Vol. 24. Toronto, 1978, (18) Cobban, A. B. Op. cit., 1975, p. 95.
p. 663. (En la cuestión de los escritos erasmistas (19) Verger, J. "The University of Paris at the end of
quiero agradecer la ayuda de mi colega en Glasgow, the Hundred Years War". en J. W. Baldwin y R. A.
Betty Knott, cuya traducción de De Copia aparece en Goldthwaite (eds.) Universities in Politics: Case Estudies
las mismas series). from the Late Middle Ages and Early Modtn Period, Balti-
(7) Woodward, W. H. Desiderius Erasmus Concerning the more, 1972, p. 59.
Aim and Method of Education. Cambridge, 1904, p. 20. (20) Cobban, A. B. Op. cit., 1975, p. 95. Véanse
(8) Gouler, R. Compendium on the University of Paris. igualmente Le Goff, J. "La Conception fraçaise de
Filadelfia, 1928, pp. 100-101. (Agradezco a la Biblio- l'Université a l'époque de la Renaissance", en
teca Charles Patterson van Pelt de la Universidad de Commission Internationale pour l'Histoire des
Pennsylvania por facilitarme una fotocopia del pasaje Universités, Les Universités Européennes du XIV au
original.) XVIII Siècle: Aspects et Problemes, Ginebra, 1967, p. 95
(9) Debe señalarse, como es natural, que lo que pasa ("La reforma del Cardenal d'Estouteville, en 1453 en
por ser "aprendizaje" es históricamente contingente. París, es la última reforma universitaria de época y
En la literatura de la escolarización sería deseable la carácter medievales en Francia").
incorporación de una discusión exhaustiva de esta (21) Para un tratamiento más amplio del crecimiento
contingencia. de las formas nacionales de administración y control
(10) La escolarización medieval, o incluso la concep- véase Anderson, P. Op cit., 1979, pp. 16-59. -por
ción medieval de "escuela", requiere mucha más ejemplo: "Las monarquías absolutistas occidentales
atención. Recibe muy poco espacio, por ejemplo, en descansaban, de forma característica, en un estrato
Weijer, O. "Terminologie des Universités Naissan- bien preparado de jurisconsultos para poner en mo-
tes", Miscellanea Mediaevalia, 12, 1979, pp. 258-28. Sin vimiento su maquinaria administrativa. (...) Estos
embargo, un trabajo que reconoce el problema es el juristas-burócratas eran los celosos mantenedores del
de Southern, R. W. "The schools of Paris and the centralismo regio", p. 28-. La relación general entre
school of Chartres", en R. L. Benson y G. Constable las instituciones educativas renacentistas y la creación
(Eds.) Renaissance and Renewal in the Twelfth Century, del Estado absolutista merece un examen más por-
Oxford, 1982, pp. 113-137. Southern escribe: "Espe- menorizado. A. T. Grafton y Lisa Jardine sugieren,
ro volvel sobre los estadios y la significación de la por ejemplo, que la escolarización humanista tenía
alteración en el significado que aportó al maestro "más que ver con su adecuación como producto que
independiente y a su grupo de alumnos una gran con sus méritos intelectuales intrínsecos" y que, co-
ventaja en el siglo XII y preparó el camino para las mo "servidores potenciales del Estado", muchos y
nuevas scholae institucionales al final de la Edad dóciles jóvenes nobles fueron "un producto que los
Media" (p. 115). oligarcas y tiranos de la Italia de finales del siglo XV
(11) La relación de Bolonia con la cambiante teoría no dejarían de apreciar" (Grafton, A. T. y Jardine, L.
legal y las pautas también cambiantes de la pose- "Humanism and the school of Fuarino: A problem
sión/propiedad se trata de Anderson, P. Lineagges of of evaluation", Past and Present, 96, 1982, pp. 76-77.
the Absolutist State, Londres, 1979, 24 fols. (22) Verger, J. Op. cit., 1976, p. 61. Véase también
(12) Cobban, A. B. The Medieval Universities: Their De- Brockliss, L. W. B. The University of Paris in the Six-
velopment and Organization. Londres, 1975, p. 63. teenth and Seventeenth Centuries, tesis doctoral, Cam-
(13) Para un tratamiento general de las vinculaciones bridge, Universidad de Cambridge, 1976, p. 3 -"(En
entre la escolarización y la reforma administrativa en los colegios) la buena organización se consideraba,
sobre todo lo demás, la llave del éxito. Se rechazaban
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las ideas corporativistas tradicionales y, en cambio, el (37) Véase McDonnell, M. The Annals of St. Paul,
control final iba a estar en manos de un individuo (el edición privada, 1959, p. 32. La descripción de
Rector o Principal) que proveería lo necesario para la Erasmo aparece en una carta a Justin Jonas; Ariès
enseñanza y supervisaría las vidas de los residentes"-. fecha la carta en 1519, aunque Percy Allen (Letters of
(23) Ariès, P. Op. cit., 1926, p. 167. Erasmus, Oxford, 1922, p. 507) indica que, según la
(24) Ibíd., p. 171. evidencia implícita, es más probable que el año fuese
(25) Mir, G. C. Op. cit., 1968, p. 101. Véase igualmen- 1521. (Agradezco a Keith Hoskin, de la Universidad
te Compère, M. M. y Julia, D. "Les collèges sous de Warwick, por llamar mi atención hacia este detalle
l'ancien régimen", Histoire de l'Education, 13, 1981, p. 8 u también por las otras numerosas ayudas que me
-"(En qué momento) se convirtió la escuela medieval prestó en este capítulo).
en un colegio, en el sentido moderno de la palabra... (38) Huppert, G. Public Schools in Renaissance France.
Es seguramente la aparición de unas clases progresi- Urbana II, 1984, pp. 39, 40 y 45.
vas establecidas jerárquicamente, siguiendo el modus (39) Gaufres, M. J. Calude Baduel er la Réforme des
parisiensis, con un profesor adscrito a cada una"-. Un Etudes au XVI Siècle. País, 1880, p. 47.
tratamiento coincidente y más detallado se encuentra (40) La búsqueda de los orígenes del término
en Renaudet, A. Préreforme et Humanisme à Paris (1496- "currículum" resultó infructuosa en las obras
1517), París, 1916. siguientes: Buisson, F. Dictionnaire de Pédagogie, París,
(26) Mir, G. C. Op. cit., 1968, p. 102. 1882; Foulquie, P. Dictionnaire Pédagogique, París, 1971;
(27) Jacob, E. F. Essays on the Conciliar Epoch. Man- Monroe, P. A. Cyclopedia of Education, Nueva York,
chester, 1963, p. 121. 1911; Rein, W. Encyklopädisches Handburch der
(28) Aparte de Erasmo, Standonck y Sturm, también Pädagogik, Langensalzer, 1903; y Watson, F. The
se ha firmado que Martín Lutero asistió a una escuela Encyclopedia and Dictionary of Education, Londres, 1921.
dirigida por los Brethren de la Vida Común, en Magde- (41) Munimenta Alma Universitatus Glasguensis (Regis-
burg, cuando era un muchacho (véase Dickens, A. G. tros de la Universidad de Glasgow desde su funda-
The German Nation and Martin Luther, Londres, 1976, ción hasta 1727) Vol. 2. Glasgow, 1854, p. 10.
p. 77). (42) Entre las fuentes consultadas para hallar los
(29) Los problemas historiográficos relacionados con primeros usos del término "currículum" se incluyen
los Brethren se tratan en Post, R. R. The Modern Devo- Le Coultre, J. Op. cit., 1925; Junod, L. y Meylan, H.
tion, Leiden, 1968. L'Académie de Lausanne au XVI Siècle, Lausana, 1947;
(30) Véase, por ejemplo, Hyma, A. The Brethren of the Masebieau, L. Schola Aquitana: Programme d'Études du
Common Life, Grand Rapids, MI, 1950, p. 115. Exis- College de Guyenne au XVI Siècle, París, 1886; Mellon,
tieron también unas Sisters of the Common Life, a las P. L'Académie de Sédan, París, 1913; y Reusen E. H. J.
que se ha prestado mucha menos atención (véase "Statuts primitifs de la Faculté des Arts de Louvain",
Hyma, op. cit., cap. 3). Comptes Rendues des Séances de la Commission Royale
(31) Henkel, J. "School organizational patterns in the d'Hisoire, 9, 1867, pp.147-206.
Brethren of the Common Life", en K. A. Strand (43) Molhuysen, P. C. Bronnen tot de Geschiedenis der
(Ed.) Essays on the Nothern Renaissance, Ann Arbor, Leidsche Universiteit (1574-1871). Vol. 2. La Haya,
MI, 1968, p. 37. 1913-1924, p. 96. (Esta fuente fue localizado por
(32) Ibíd, p. 43. Maria Gibbons, con la que escribí una primera ver-
(33) Jacob, E. F. Op. cit., 1963, p. 124 (citando a sión de este capítulo para la reunión anual de la Ame-
Hyma). rican Educational Research Association en Boston, en
(34) Véase Jansen, J. L'Allemagne et la Réforme. Vol. 1, 1980). La noción de que un "currículum" se relaciona
París, 1887, p. 19. Más recientemente Geoffrey Par- con la enseñanza que tiene lugar durante más de un
ker ha sontenido -sin indicar la fuente- que la "ciudad año parece haber sobrevivido hasta el siblo XX; por
escolar" de Zwolle tenía "2.000 alumnos hacia 1500" ejemplo: "El término 'currículum' es utilizado por
(The Dutch Revolt, Harmondsworth, 1979, p. 21). La esta Comisión para designar una ordenación sistemá-
última fuente del siglo XX sobre las escuelas de los tica de materias (...) que se prolonga a lo largo de dos
Brethren parece ser Schoengen, M. Die Schule von o más años". Cardinal Principles of Secondary Education,
Zwolle: Von ihren Anfangen bis zu dem Auftreten des Washington, 1918, p. 18).
Humanismus, Friburgo, 1898. Pese a la laboriosa in- (44) En propiedad, el epígrafe de este capítulo sobre
vestigación de Schoengen, es necesario volver a ana- el "currículum" está mal colocado. En realidad el
lizar las fuentes originales. comentario de Rashdall se refiere a una "relación
(35) Véase Hyma, A. Op. cit., 1950, pp. 118-119. conpleta" de los estudiso de un maestro desde 1215.
(36) Le Coultre, J. Maturin Cordier et les Origines de la Para empeorar las cosas, los editores de Rashdall
Pédagogie Protestante dans le Pays de langue Française indican una procedencia aún más temprana de "los
(1530-1564). Neuchâtel, 1926, p. 203. programas de estudio comprenhensivos, pero defini-
dos" (The Universities ofd Europe in the Middle Ages, vol.
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1, pp. 439-440). Sin embargo, yo respondería que, (57) Ibíd., p. 149. Pese al juicio de Pfaffad, Ong ofre-
comparadas las del siglo XVI, las regulaciones del ce una valoración distinta del ramismo -que promo-
siglo XIII tenían un sentido de secuencia y final mu- cionó un "objeto de devoción pedagógico" que se
cho más débil. Apoya la noción de que el término extendió inalterado a través del "mundo intelectual
"currículum" implica coherencia Gilbert, N. en Re- occidntal" (ibíd, p. 167)-. Para una exploración de las
naissance Concept of Method, Nueva York, 1960. Gilbert vinculaciones entre Calvino, Ramus, Bacon y Come-
sugiere que el estudio de teología de Erasmo -Ratio nius véase Hamilton, D. "The pedagogical jugger-
seu Methodus Compendio Parviendi ut Veram Theologiam naut". British Journal of Educational Studies, 25, 1987,
(1520)- es un texto típicamente humanista por cuan- pp. 18-29.
to examina los cursos de instrucción "como un todo" (58) Ong, W. J. Op. cit., 1958, p. 298.
(p. 108). (59) Ibíd.
(45) Para el uso educativo del término "ordo" véase (60) Tawneym R. Religion and the Rise of Capitalism.
Mir, G. C. Op. cit., 1968, p. 160; y para el de "discipli- Harmondsworth, Penguin, 1942, p. 98.
na" véase Durig, W. "Disziplin: Einde Studie zum (61) Véase Hopfl, H. The Christian Polity of John Calvin,
Bedeutungsumfang des Wortes in derSprache der Cambridge, 1982, p. 100.
Liturgie und der Väter", Sacris Erudiri, 4, 1952, pp. (62) Ibíd., p. 104. Hopfl también sostiene que la
245-279. "primera instancia" del uso más amplio que Calvino
(46) Jardine, L. Francis Bacon: Discovery and the Art of hace de "disciplina" (fuera de las referencias a la ex-
Discourse. Cambridge, 1974, pp. 5 y 17 ("El desarrollo comunión) ocurrió en 1537 (p. 73).
de la dialéctica en el siglo XVI es esencialmente una (63) Parker, T. H. L. Calvin's New Commentaries. Lon-
evolución dentro de una tradición textual"). Véase dres, 1971, capítulo 1.
también Mahoney, M. S. "The beginnings of algebra- (64) John Calvin's Commentaries (en latín), Berlín, 1833-
ic thought in the seceteenth ceentury", en S. 1834, vol. 5, p. 320. Véase también Actas 13-25, Ac-
Gaukroger (Ed.) Descartes: Philosophy, Mathematics and tos 20-24; 1 Corintios 9.24; 2 Timoteo 4.7 y 2 Tesa-
Physics, Hassocks, Harvewter Press, 1980, p. 149. lonicenses 3.1 (Agradezco a Allan Milligan el haber-
(47) Jardine, F. Op. cit., 1974, p. 5. me mostrado esta fuente).
(48) Véase Ong, W. J. Ramus, Method and the Decay of (65) Véase BNattles, F. L. y Miller, C. A Computerised
Dialogue: From the Art of Discourse to the Art of Reason. Concordance to Institutio Christianae Religionis (1559) of
Cambridge, MA, 1958, pp. 232-233 (cita abreviada). Ioannes Calvinus, Pittsburg, PA, 1972. "Nitae currícu-
(49) Cf. Jardine, L. Op. cit., 1974, p. 26 -"(Los refor- lum (9 "currículo") aparece seis veces; "vitae cursus
madores) identificaron la dialéctica (...) con la totali- (o ""curso") aparece doce veces.
dad de la lógica (...) sobre la base de que el estudio de (66) La ceremonia de fundación de la Academia de
las técnicas de la argumentación no depende del sta- Ginebra se celebró en francés y en latín, y en el mis-
tus (...) del material al que se aplican"-. mo año se publicó una versión bilingüe de las reglas.
(50) Ong, W. J. Op. cit., 1958, p. 237 (cita abreviada). En contraste, la revisión de las reglas en 1578, según
(51) Ibíd., p. 249 (cita abreviada). parece, no apareció en latín hasta 1593 -documento
(52) Ibíd., p. 250. que, dicho sea de paso, no se localiza en el departa-
(53) Ibíd., p 296. mento de manuscritos de la Biblioteca Pública y
(54) Ibíd., p. 297. Universitaria adjunta de Ginebra. Para las fechas de
(55) Ibíd. las ceremonias y relgas ginebrinas véase Bourgeaud,
(56) Las relaciones entre el método y la eficiencia son C. Histoire de l'Université de Geneve: L'Academie de Calvin,
señaladas tanto pot Gilbert como por Ong: "El énfa- Ginebra, 1900, pp. 48,49 y 626.
sis en la rapidez y la eficiencia deja a un lado la no- (67) Durkan, J. y Kirk, I. The University of Glasgow.
ción renacentista del método. (...) La noción de que 1451-1577. Glasgow, 1977. p. 276.
el método puede proporcionar un atajo para apren- (68) Un dato indicativo de que el término "currícu-
der un arte no parece crucial para los estudiantes de lum" oidría no haberse utilizado en Glasgow hasta
medicina o para los reformadores de la educación. después de 1577 es la presencia de la frase "vitae
Sólo cuando el entrono social se hizo más consciente disciplina " (en vez de "vitae currículum") en la cons-
el tiempo, el método ser convirtió en el slogan de los titución de refundación de la universidad en ese año -
que deseaban acelerar el proceso de aprendizaje" el Novum Erectio- (ibíd., p. 433).
(Gilbert, 1960, p. 66). "Ramus vivió e un tiempo en (69) Mackie, J. D. The University of Glasgow 1451-1951.
el que no existía una palabra de uso común que ex- Glasgow, 1954, p. 76.
presara claramente lo que nosostros significamos hoy (70) Jurriaanse, M. W. The Fopunding of Leyden Universi-
como 'método', una serie de pasos ordenados que se ty. Leiden, 1965. p. 13.
siguen para producir un efecto deseado con cierta (71) El uso que hace Cicerón de la expresión "vitae
eficacia -una rutina de eficiencia-" (Ong, 1958, p. 225). Currículum" se recoge, por ejemplo, en la entrada del
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término "currículum" del Cassell's Latin Dictionary Fregius de Basel. En efecto, esta fuente proporciona
(londres, 1893). el eslabón perdido entre Ramus y Calvino y posterio-
(72) Un tratamiento amplio de la expansión de la res innovadores en la educación, especialmente Co-
escolarización en el siglo XVI se puede encontrar, menius (véanse Hamilton, D. Op. cit., 1987;
por ejemplo, en Simón, J. Educational and Society in Hooykaas, R. Humanisme, Science et Réforme: Pierre de la
Tudor England, Cambridge, 1966; y en Strauss, G. Ramée, Leiden, 1958; Moltmann, V. J. "Zur Be-
Luther's Hòuse of Learning: The Indoctrination of the Young deutung des Petrus Ramus für Philosophie und
in the German Reformation, Baltimore, MD, 1978. Para Theologie im Calvinismus", Zeitschrift für Kirchengeschi-
un valioso comentario sobre el trasfondo político y chte, 68, 1957, pp. 295-318; Beitenholz, P. G. Basle
religioso de la visión de los siglos XVI y XVII sobre and France in the Sisteenth Century: The Basle Humanists
el papel del Estado véase Oestreich, G. Neostoicism and Printers in their Contacts with Francophone Culture,
and the Early Modern State. Cambridge, 1982. Ginebra, 1971, cap. 8; y la entrada de "Discipli-
(73) Tras haber terminado este capítulo, localicé un na/discipline" en la Enciclopedia Einaudi, Turin, 1977-
uso de término "currículum" en la Professio Religia 1984. (Agradezco a Norberto Bottani la aportación
(1576), texto generalmente atribuido a Ramus, pero de la última de esta fuentes.)
publicado en realidad tras su muerte por Thomas
Incluido en el libro del autor Towards a Theory of Schooling (Londres, Falmer Press, 1989). Se traduce y reimpri-
me con el permiso del autor.

HAMILTON, David. Sobre as Origens dos termos Classe e Curriculum. Teoria & Educação. Porto Alegre:
n. 6, p. 33-52, 1992.

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